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APRESENTAÇÃ O DA SÉ RIE
Introduçã o
Simples, Prá tico, Bíblico
 
olteiro e solitário:

encontrando a intimidade que você anseia. 


Traduzido do original em inglês
Single and Lonely: finding the intimacy you desire

por Jayne V. Clark


Copyright ©2009 por Jayne V. Clark

Publicado por New Growth Press,


Greensboro,
NC 27404

Copyright © 2016 Editora Fiel


Primeira Ediçã o em Português: 2018

Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Editora Fiel da Missã o Evangélica
Literá ria

PROIBIDA A REPRODUÇÃ O DESTE LIVRO POR QUAISQUER


MEIOS , SEM A PERMISSÃ O ESCRITA DOS EDITORES ,
SALVO EM BREVES CITAÇÕ ES , COM INDICAÇÃ O DA FONTE .

Diretor: James Richard Denham III


Editor: Tiago J. Santos Filho
Coordenaçã o Editorial: Renata do Espírito Santo
Traduçã o: Antonivan Pereira
Revisã o: Shirley Lima 
Diagramaçã o: Wirley Correa - Layout
Capa: Wirley Correa - Layout
Ebook: Joã o Fernandes
ISBN: 978-85-8132-561-3
C593s

1. Solidã o – Aspectos religiosos – Cristianismo. 2. Solteiros – Vida religiosa. I. Título. II. Série. 
 
APRESENTAÇÃ O DA SÉ RIE
Gilson Santos
J ay Adams, teó logo e conselheiro norte-americano, nascido em
1929, foi professor de Poimênica no Seminá rio Teoló gico de
Westminster, em Filadélfia, no estado de Pensilvâ nia, Estados
Unidos. Adams é um respeitado escritor e pregador, genuinamente
evangélico e conservador. Enquanto lecionava sobre a teoria e a
prá tica do pastoreio do rebanho de Cristo, ele viu-se na necessidade
de construir uma teoria bá sica do aconselhamento pastoral.
Rememorando a sua trajetó ria, Adams nos informa que, tal como
muitos pastores, nã o foi muito o que aprendeu no seminá rio sobre a
arte de aconselhar. Desiludido com suas iniciativas de encaminhar
ovelhas para especialistas, ele buscou assumir um papel pastoral
mais assertivo e biblicamente orientado no contexto de
aconselhamento.
Em seus esforços, crendo na veracidade e eficá cia da Bíblia, Adams
estabeleceu como objetivo salvaguardar a responsabilidade moral
dos aconselhandos, entendendo que muitas abordagens
terapêuticas e poimênicas a comprometiam. Em seu elevado senso
de respeito e reverência à s Escrituras, Adams reconheceu que a
Bíblia é fonte legítima, relevante e rica para o aconselhamento. Ele
propô s que, em vez de ceder e transferir a tarefa a especialistas
embebidos em seus dogmas humanistas, os ministros do evangelho,
assim outros obreiros cristã os vocacionados por Deus para socorrer
pessoas em afliçã o, devem ser estimulados a reassumir seus
privilégios e responsabilidades. Inserido em uma tradiçã o que
tendia a valorizar fortemente as dimensõ es pú blicas do ministério
pastoral, Adams fincou posiçã o por retomar o prestígio das
dimensõ es pessoais e privativas do ministério cristã o, sobretudo o
aconselhamento. Nisto seu esforço se revelou de importâ ncia
capital. De fato, basta examinar a matriz primá ria do ministério
cristã o, que é a pró pria pessoa de Jesus Cristo, para concluir que,
diminuir a importâ ncia e lugar do ministério pessoal trata-se de
uma distorçã o grave na histó ria da igreja. Adams defende, assim,
que conselheiros cristã os qualificados, adequadamente treinados
nas Escrituras, sã o competentes para aconselhar.
Adams também assumiu com seriedade as implicaçõ es do conceito
cristã o de pecado para o aconselhamento. Em resumo, ele propõ e
que o cristianismo nã o pode contemplar uma psicopatologia que
prescinda de um entendimento bíblico dos efeitos da Queda, e da
pervasiva influência que o pecado exerce no psiquismo dos seres
humanos. Por esta razã o, a abordagem que ele propô s chamou-se
inicialmente de “Aconselhamento Noutético”. O termo noutético é
derivado de uma palavra grega, amplamente utilizada no texto
neotestamentá rio, que significa “por em mente” – formado de nous
[mente] e tithemi [por]. O uso de nouthetéo nos escritos paulinos
sempre aparece estritamente associado a uma intençã o pedagó gica.
O aconselhamento noutético seria entã o aquele que direciona,
ensina, exorta e confronta o aconselhando com os princípios
bíblicos. De acordo com a noutética, o aconselhamento se dá em
confrontaçã o com a Palavra de Deus. Visando nã o apenas uma
mudança comportamental, ele objetiva a inteira transformaçã o da
cosmovisã o, oferecendo as “lentes da Escritura” ao aconselhando.
Num momento posterior, esta abordagem passou a denominar-se
exclusivamente “Aconselhamento Bíblico”.
Sobre estas bases, em 1968 Jay Adams deu início, no Seminá rio
Teoló gico de Westminster, em Filadélfia, ao CCEF - Christian
Counseling and Education Foundation (Fundaçã o para Educaçã o e
Aconselhamento Cristã o), inaugurando um novo momento na
histó ria do aconselhamento cristã o. Adams lançou os principais
conceitos de sua teoria de aconselhamento na obra “O Conselheiro
Capaz” ( Competent to Counsel ), publicado em 1970; a metodologia
foi condensada no “Manual do Conselheiro Capaz”, publicado em
1973. No Brasil, a Editora Fiel foi pioneira na publicaçã o dessas duas
obras; a primeira ediçã o de “Conselheiro Capaz” em português foi
publicada em 1977 e o volume com a metodologia publicado
posteriormente. Adams também foi preletor em uma das primeiras
conferências da Editora Fiel no Brasil direcionada a pastores e
líderes.
O legado de Adams no CCEF foi recebido e levado adiante por novas
geraçõ es. Estas procuraram manter-se alinhadas com o nú cleo
central de sua proposta, ao mesmo tempo em que revisaram
aspectos vulnerá veis, e defrontaram-se com algumas de suas
tensõ es ou limites. Alguns destes novos líderes e conselheiros
notabilizaram-se. Estes empenharam-se por um foco mais
direcionado ao ser do que no fazer , colocando grande ênfase nas
dinâ micas do coraçã o, particularmente no problema da idolatria.
Também procuraram combinar o enfoque no pecado com uma
teologia do sofrimento. Procuram oferecer consideraçõ es ao social e
ao bioló gico, com novos enfoques para as enfermidades, inclusive
para o uso de medicamentos. É igualmente notá vel a ênfase no
aspecto relacional do aconselhamento na abordagem desses novos
líderes. Alguns estudiosos do movimento ainda apontam uma maior
abertura e espírito irênico dessas geraçõ es sucedâ neas,
particularmente em sua confrontaçã o com outras abordagens
poimênicas ou terapêuticas.
A Editora Fiel vem novamente oferecer a sua contribuiçã o ao
aconselhamento bíblico, desta vez colocando em português esta
série que enfoca vá rios temas desafiantes à presente geraçã o. A
série original em inglês já se aproxima de três dezenas de livretos.
Este que o leitor tem em suas mã os é um deles. Tais temas inserem-
se no cená rio com o qual o pastor e conselheiro cristã o defronta-se
cotidianamente. Os autores da série pretendem oferecer um
material ú til, biblicamente respaldado, simples e prá tico, que
responda à s demandas comuns nos settings , relaçõ es e sessõ es de
aconselhamento cristã o. Se este material, que representa esforços
das geraçõ es mais recentes do aconselhamento bíblico, puder ajudá -
lo em seus desafios pessoais em tais á reas, ou ainda em seu
ministério pessoal, entã o os editores podem dizer que atingiram o
seu objetivo.
Boa leitura!

Gilson Carlos de Souza Santos  é pastor da Igreja Batista da Graça,


em Sã o José dos Campos, possui bacharelado em Teologia e
graduaçã o em Psicologia, e dirige o Instituto Poimênica cujo alvo é
oferecer apoio e promoçã o à poimênica cristã .
Introduçã o
T alvez você esteja solteiro por opçã o – quer ficar sozinho por um
tempo, aproveitando a liberdade e os benefícios da vida adulta.
Talvez nã o seja sua escolha, e um divó rcio, uma morte ou um
relacionamento rompido o impeliu de volta a condiçã o de solitude.
Ou talvez a oportunidade para um relacionamento sério nunca
tenha surgido. No entanto, qualquer que seja a sua situaçã o, algumas
vezes você se sente solitá rio e anseia por companhia. É natural
desejar ter alguém com quem possa dividir sua vida e é fá cil pensar:
Se eu fosse casado ou simplesmente tivesse algum tipo de
relacionamento, não me sentiria tão solitário . Porém, uma mudança
nas circunstâ ncias resolverá mesmo seu problema com a solidã o?
Uma experiência comum
Infelizmente, casar-se nã o protegerá você da solidã o; pessoas
casadas também se sentem sozinhas. Algumas vezes, é porque o
casamento nã o é tã o bom assim. Talvez a ú nica coisa que eles
compartilham seja a mesma cama. Talvez evitar falar um com o
outro seja o ú nico ponto sobre o qual eles concordam. Qualquer que
sejam as razõ es, a realidade é que o casamento passou muito longe
dos sonhos deles. Eles sã o mais solitá rios agora do que jamais
foram.
Até mesmo parceiros que têm ó timos casamentos à s vezes se
sentem solitá rios. Um casal jovem divide seus dias entre trabalho e
aulas, estudando durante toda a noite e passando os fins de semana
servindo à igreja. Uma mã e luta quando seu marido está ausente,
viajando a trabalho, enquanto ele passa as noites em solitá rios
quartos de hotel. Um homem que trabalhou a vida inteira, para que
ele e sua esposa pudessem aproveitar a aposentadoria viajando
juntos, agora passa cada momento cuidando de sua mulher,
enquanto a mente dela se degenera com Alzheimer. Ele é
comprometido com ela, mas está só .
A lista de pessoas que experimentam solidã o continua. Pessoas
trocam de trabalho e se mudam para longe da família e dos amigos.
Os idosos passam horas sozinhos em asilos. Um alcoó latra se
descobre vivendo nas ruas. Soldados servindo em país estrangeiro
sentem falta de suas famílias. Filhos partem para a faculdade.
Prisioneiros estã o no isolamento. Pacientes estã o confinados a uma
cama. A lista inclui a pessoa que vive perto de você. Inclui você –
mas não apenas porque você é solteiro). Todos nó s, em um
momento ou outro, experimentamos a solidã o.
As circunstâ ncias variam, mas os sentimentos sã o semelhantes. Nó s
nos sentimos isolados, vulnerá veis e sozinhos. Queremos falar e ser
ouvidos. Queremos ser conhecidos e entendidos. Nã o queremos nos
sentir invisíveis. Queremos ser incluídos e receber cuidados.
Desejamos ter intimidade. Queremos estar conectados a alguém.
Uma estratégia imperfeita
Entã o, como podemos corrigir essa solidã o? Quando eu era criança,
pensava que era algo simples: faça um amigo realmente bom. Eu era
uma boa ouvinte e ainda tinha um senso de humor apropriado e a
disposiçã o para ser ú til. Meu trabalho era ouvir, fazer o amigo rir e
ajudá -lo. Seu trabalho era ser meu amigo, de modo que eu nã o seria
mais solitá ria. Contudo, finalmente eu perturbaria o equilíbrio desse
acordo pedindo que o amigo me ajudasse. Caso ele nã o pudesse
administrar isso, eu me sentia magoada. Ou talvez eu nã o
conseguisse fazê-lo ouvir-me por dez minutos quando eu já o
escutara por horas. Em ambos os casos, eu nã o ousaria dizer que
estava ferida, pois talvez ele ficasse chateado comigo. Entã o, eu
daria alguns passos de autoproteçã o, a fim de evitar ser ferida
novamente.
Você percebe a dinâ mica? Eu me esforço para que um amigo goste
de mim, mas também procuro me proteger dele. Vou em sua direçã o
porque quero que ele me aceite, mas retrocedo porque quero jogar
com segurança. Um cabo de guerra continua dentro do meu coraçã o.
Meu desejo por aceitaçã o vence em um momento; no outro, a
autoproteçã o. O resultado disso? Eu comunico um fluxo contínuo de
mensagens embaralhadas. Quando estou me autoprotegendo, fico
isolada dentro de mim mesma. Mas, entã o, temo que meu amigo
esteja: (a) perdendo a paciência comigo; (b) feliz por se livrar de
mim; (c) alheio ao fato de que me afastei. Todas essas possibilidades
sã o ruins, entã o me arrisco a ser magoada mostrando-me legal
novamente, de maneira a possibilitar que ele ainda goste de mim.
Cedo ou tarde, isso tudo demanda esforço demais e nos afastamos.
No entanto, a solidã o finalmente me pega, a memó ria enfraquece e
eu recomeço todo esse ciclo com outra pessoa.
Eu nem sempre percebi que minhas estratégias nã o somente
aumentavam minha pró pria solidã o, como também a solidã o dos
outros. Também nã o percebia o que estava acontecendo comigo por
trá s disso tudo. Em uma dimensã o bem simples, eu estava tratando
meus amigos como objetos, manipulando-os para que fizessem o
que eu queria. Quando eles me decepcionavam, eu os via como um
obstá culo para meu senso de segurança e sentimento de
pertencimento.
O remédio para a solidão
Em sua misericó rdia, Deus nã o nos deixa repetir o ciclo
eternamente. Ele abriu meus olhos para essa realidade: nã o se trata
de qual é a soluçã o para nossa solidã o, mas de quem é a soluçã o: ou
seja, Jesus Cristo, o amigo dos pecadores.
A solidã o é o resultado do pecado original do homem contra Deus
no Jardim do É den (Gn 3.1-3). A uniã o perfeita que Adã o e Eva
desfrutavam com Deus, e também um com o outro, foi destruída
quando eles escolheram desobedecer a Deus. O pecado os separou
de Deus e um do outro. Onde antes havia abertura (eles estavam nus
e nã o se envergonhavam disso), o pecado levou à necessidade de se
esconder (atrá s de folhas de figueira e á rvores). Onde antes havia
completude, o pecado causou perda. Onde antes havia aceitaçã o, o
pecado causou rejeiçã o. Onde antes havia elogio, o pecado causou
acusaçã o (“ela me levou a fazer isso”). Necessidade de se esconder,
perda, rejeiçã o e culpa. Todos os ingredientes da solidã o. A solidã o
nasceu na Queda.
É verdade que, antes de o pecado entrar no mundo, Deus declarou
que nã o era bom para o homem estar só (Gn 2.18), mas Deus estava
afirmando um fato, e nã o expressando como Adã o estava se
sentindo. No momento, Adã o estava desfrutando comunhã o perfeita
com Deus. Se Deus nã o dissesse, ele nã o teria como saber que algo
mais seria possível. Talvez Adã o tenha começado a pressentir isso
enquanto via o desfile de animais passar por ele, mas foi avaliaçã o
de Deus que nã o seria bom para o homem estar só . Isso nã o deveria
surpreender você. Afinal de contas, Deus criou o homem à sua
imagem, e ele nã o é um Deus que existe sozinho. Ele é um Deus em
três pessoas (três que sã o iguais e, ao mesmo tempo, distintas). Deus
quis que o homem desfrutasse comunhã o com ele, mas também quis
que o homem aproveitasse o tipo de comunhã o que Deus tem como
três membros da Divindade – com outros que sã o como nó s, mas
também diferentes de nó s. Por sermos feitos à imagem de Deus,
somos moldados para estar em comunhã o com ele e com outras
pessoas.
Alguns insinuam, se é que nã o declaram como uma verdade, que o
casamento é a soluçã o para a solidã o. Mas como isso se aplicaria a
uma criança, que nã o terá essa opçã o por anos? Ou a um prisioneiro
sem esperança de liberdade condicional? Ou a viú vos idosos? Essa
ideia sugere que uma categoria de pessoas está potencialmente
isenta da solidã o, enquanto o restante de nó s está empacado com
ela. Porém, isso nã o é verdade. Lembre-se: foi um casal que primeiro
experimentou a solidã o. E considere o seguinte: se o casamento é a
resposta de Deus para a solidã o, por que nã o haverá casamento no
céu? Esse é um tipo de pergunta capciosa porque, na verdade,
haverá . Só que nã o serã o indivíduos casados no céu. Será o povo de
Deus corporativamente – a Igreja, a noiva de Cristo – que,
finalmente, encontrará o noivo, Jesus Cristo, face a face (Ap 19.1-9).
A verdadeira soluçã o para a solidã o nã o se encontra no casamento,
mas em nossa uniã o com Cristo, que nos leva à uniã o uns com os
outros. Quando Deus criou Eva, também criou o casamento; no
entanto, mais que isso, ele criou comunidade. Casamento é uma
forma de comunidade, talvez a forma mais bá sica e elementar. E
comunidade requer pessoas que se unam. No casamento, isso
acontece literalmente. A comunidade, em geral, envolve a expansã o
do grupo. No casamento, isso acontece tendo filhos. Mas os planos
de Deus sã o sempre melhores e maiores que os nossos.
Quando Deus chamou Abraã o para segui-lo, disse que seus
descendentes seriam mais numerosos que os grã os de areia na praia
do mar e que todas as naçõ es da terra seriam abençoadas por meio
dele (Gn 12.1-3; 13.16). Deus sempre teve em mente uma
comunidade constituída por aqueles vindos de toda tribo, língua e
naçã o. Mas os israelitas, descendentes de Abraã o, estavam tã o
deslumbrados por serem a raça escolhida que negligenciaram essa
parte.
Ainda hoje em dia, nã o somos muito diferentes. Somos generosos
em família, mas tendemos a
pensar nela de forma limitada – como em nossa pró pria família, no
nú cleo familiar. No entanto, quando disseram a Jesus que sua mã e e
irmã os queriam falar com ele, ele retrucou: “Quem é minha mã e e
quem sã o meus irmã os? [...] Porque qualquer que fizer a vontade de
meu Pai celeste, esse é meu irmã o, irmã e mã e” (Mt 12.48-50). Jesus
estava redefinindo o significado de família. Ela ainda se baseia no
sangue – mas é no seu sangue derramado.
Quando você olha para Gênesis 2 pelas lentes da obra de Jesus na
cruz, será surpreendido. Sim, é maravilhoso que marido e mulher se
tornem uma só carne; no entanto, é mais maravilhoso ainda o fato
de os cristã os constituírem o corpo de Cristo, tã o conectados uns
com os outros que, quando uma parte sofre, todos nó s sofremos. Se
uma parte é honrada, todos nó s somos honrados. É incrível para
esposo e esposa se unirem, serem frutíferos e se multiplicarem;
porém, é ainda mais incrível que Cristo dê crescimento e multiplique
seu reino enviando pessoas imperfeitas como nó s para “ir e fazer
discípulos de todas as naçõ es” (Mt 28.19). Deve ter sido fantá stico
para Adã o e Eva estarem nus e nã o se envergonharem um diante do
outro; porém, é ainda mais fantá stico que Jesus tenha lavado nosso
pecado e que agora nos encontremos vestidos em sua justiça! Nã o
precisamos nos esconder atrá s de folhas de figueira quando nosso
pecado é exposto. Agora podemos confessar nossos pecados uns aos
outros.
Foi isso que Jesus fez por nó s. Ele foi à cruz, traído e abandonado
por seus amigos. Enquanto ele estava pendurado ali, tornando-se
sobrecarregado com nossos pecados, até seu Pai teve de se afastar
dele. Já houve um momento mais solitá rio do que esse? Adã o e Eva
se esconderam entre as á rvores por causa do seu pecado, mas Jesus
foi pendurado nu e exposto no madeiro por causa do nosso pecado.
Adã o e Eva eram culpados, e ainda tentaram se livrar da culpa. Jesus
era completamente inocente e, ainda assim, tomou nossa culpa
sobre si. Jesus foi rejeitado por seu Pai para que nó s pudéssemos ser
aceitos. Ele entregou tudo para que Deus pudesse nos dar
generosamente suas bênçã os. Por causa do amor de Jesus por seu
Pai – e do amor deles por nó s –, Jesus foi pendurado na cruz até a
morte. E, ao pagar a penalidade por nossos pecados, ele anulou os
efeitos da Queda e virou a maré da solidã o.
A solidão pode ser aliviada
Os efeitos do pecado ainda permanecem? É claro que sim. A solidã o
nã o será eliminada até chegarmos ao céu. Mas, em Jesus Cristo e por
meio de sua obra, é possível mudar. A solidã o pode ser amenizada
para nó s e por nó s. Quando tento lidar com ela por conta pró pria,
nã o entendo que preciso amar as pessoas em vez de temê-las ou
usá -las. Por meio do meu curso de aconselhamento e do livro
Quando as pessoas são grandes e Deus é pequeno , de Ed Welch, Deus
ajudou-me a identificar o que estava acontecendo em meu coraçã o e
a me arrepender.
Já cheguei lá ? Com certeza, nã o. Pergunte a qualquer pessoa que me
conhece. Mas pelo menos agora eu sei orar: “Sonda-me, ó Deus, e
conhece o meu coraçã o, prova-me e conhece os meus pensamentos;
vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho
eterno” (Sl 139.23-24).
Eu o encorajo a pedir ao Senhor que lhe mostre onde você
intensifica sua pró pria solidã o e ainda mais importante: a solidã o
dos outros. Por exemplo, alguns de nó s se consideram introvertidos
ou tímidos. Para nó s, nã o há nada mais intimidador que iniciar uma
conversa. Que grande oportunidade para sondar o coraçã o!
Pergunte a si mesmo o que o está segurando. Medo de rejeiçã o?
Medo de se constranger? Você pode se surpreender ao descobrir
que, na realidade, isso é orgulho: você nã o quer que alguém
descubra seus defeitos. Ou talvez você nã o queira ser visto
conversando com alguém “daquele jeito”. Existem muitas
possibilidades. Peça a Deus que lhe mostre.
Talvez você seja extrovertido e sociá vel. É fá cil conversar com
pessoas que você nunca viu antes. Na verdade, você fala e fala, e
ninguém mais consegue replicar. O que está havendo? Orgulho?
Gosta de impressionar as pessoas mostrando quã o inteligente e
engraçado você é? Ou talvez seja medo. Você está com medo do
silêncio, ou de ficar sozinho?. Peça a Deus que lhe mostre.
O que quer que você encontre quando Deus revelar seu coraçã o,
lembre-se de que Deus quer mudar você – e a mim – para nos fazer
mais como ele, mais como as pessoas que ele nos criou para ser.
Quando nos rendemos a ele e deixamos que trabalhe em nó s, coisas
incríveis acontecem. Primeiro, nosso relacionamento com ele se
aprofunda. Nó s nos descobrimos realmente nos relacionando com
ele, e nã o somente mencionamos nosso relacionamento com ele.
Esse tipo de mudança certamente reduz a solidã o.
Prioridades e perspectivas transformadas
Deus também transforma nossas prioridades. Em vez de egoístas,
tornamo-nos mais focados nos outros. Se o seu alvo é solucionar sua
solidã o, terminará usando as pessoas, como eu fiz. No entanto,
quando “busca em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça”
(Mt 6.33), você acabará amando as pessoas. Ao longo do caminho,
você descobrirá que já nã o é mais tã o solitá rio quanto costumava
ser. Na verdade, você pode descobrir que nã o é solitá rio de forma
alguma.
Como essa transformaçã o nas prioridades pode ser revelada em
sua vida? Ela pode significar que você percebe a solidã o dos outros –
e, em vez de esperar por um convite, você convida a família de um
pai solteiro para jantar em sua casa. Pode significar aproximar-se de
um casal idoso e ajudá -lo nas tarefas mais cansativas. Ou talvez você
pudesse dividir seus afazeres com mais alguém. Todos nó s temos
afazeres, entã o por que nã o fazer deles uma ocasiã o social?
Você pode estar pensando: Já estou muito ocupado. Não tenho
tempo para isso! Porém, quando você toma esses passos, os
relacionamentos se desenvolvem. Sua perspectiva muda e você
descobre que algumas atividades nã o parecem mais tã o importantes
quanto pareciam antes. Você também pode descobrir que benefícios
duplos frequentemente acontecem. Receber uma família para jantar
lhe dá a oportunidade de se divertir com as crianças, o que também
dá aos pais delas um descanso. Enquanto ajuda um casal idoso com
as tarefas domésticas, eles compartilham com você a sabedoria de
seus anos de vida. Enquanto divide seus encargos com alguém,
vocês terminam ajudando um ao outro com outras tarefas
rotineiras, e isso torna tudo mais fá cil e prazeroso para ambos.
Quais sã o outras maneiras de nos movermos em direçã o à s
pessoas? Vamos olhar estas três:
1. Olhe e veja
Quantas pessoas cruzam seu caminho todos os dias? Atendentes de
loja, caixas de banco, lixeiros, vizinhos, pessoas pelas quais
passamos na rua ou aquelas que se sentam atrá s de nó s na igreja
durante os cultos, semana apó s semana. Todas essas pessoas se
misturam no contexto de nossas vidas ocupadas. Nó s lhes damos um
aceno com a cabeça, mas só isso. Será que já olhamos para elas e as
vimos como pessoas que Deus colocou em nosso caminho para
amar, ainda que de uma maneira mais simples?
Deus nos vê e cuida de nó s. Lembra-se de Agar em Gênesis 16? Sara
nã o podia conceber o filho de Abrã o, entã o ela decidiu que Agar, sua
serva, daria um filho a Abrã o. Quando Agar concebeu e Ismael
nasceu, tratou Sara com desprezo. Sara reagiu mandando Agar para
o deserto. Surpreendentemente, o anjo do Senhor seguiu-a e falou
com ela. Agar ficou maravilhada! Ela disse: “Tu és Deus que vê” (Gn
16.13). Agar, uma escrava, nã o era invisível para Deus. Alguém
deveria ser “invisível” para nó s?
Em Lucas 7, Jesus estava a caminho da cidade de Naim com seus
discípulos. Uma grande multidã o os seguia. Em meio a todo esse
movimento, Jesus viu uma mulher enlutada, e seu coraçã o se
compadeceu dela. Ele parou para confortá -la e restaurou a vida ao
seu filho morto. Os Evangelhos estã o cheios de relatos de Jesus
vendo pessoas famintas, perdidas e feridas, e aproximando-se delas
para suprir suas necessidades. Como vamos ministrar a um mundo
cheio de pessoas solitá rias se primeiro nã o olharmos para vê-las?
2. Ouça
Outra coisa que podemos fazer para nos aproximar das pessoas é
ouvi-las – e ouvi-las bem. Servimos a um Deus que conhece cada
pensamento nosso. Ele conhece nossas palavras antes mesmo de
nos chegarem à língua; ainda assim, ele nos encoraja a falar com ele.
Quando fazemos isso, ele nos ouve. Por quê? Porque quer que nos
relacionemos com ele, como uma criança com seu pai. Como
sabemos que ele ouve? Porque a Escritura registra diá logos que ele
teve com pessoas – conversas que incluíam a troca de ideias entre
Deus e Abraã o, Moisés, Jó e muitos outros. O Senhor do universo nos
ouve também.
Se Deus se preocupa o bastante para nos ouvir, como nó s nã o nos
preocuparíamos o bastante para ouvir os outros? Ouça nã o somente
as palavras que dizem, mas também o que significam. Perceba o que
seu tom de voz, as expressõ es faciais e a linguagem corporal estã o
comunicando. Ouvir bem requer que tenhamos interesse genuíno
nos outros. Também requer paciência e sabedoria, as quais só vêm
pela obra do Espírito de Deus em nó s.
3. Toque
O toque pode aliviar a solidã o dos outros. Esse é um assunto
delicado porque vivemos em uma sociedade em que praticamente
tudo ganhou uma conotaçã o sexual. Até mesmo os cristã os sã o
propensos a ler todo tipo de coisas nas açõ es mais inocentes. Eu nã o
sou ingênua; sei que toques pecaminosos ocorrem inclusive dentro
da igreja. Contudo, a resposta correta nã o é evitar tocar ou ficar
paralisado pelo medo de processos judiciais. Em vez disso, a igreja
deve ser o lugar no qual tratamos uns aos outros como membros da
família, com “toda a pureza” (1Tm 5.1-2).
Jesus nã o apenas falava com as pessoas que curava; ele as tocava, e
se deixava tocar por elas também. Aqueles que sofreram abuso físico
ou emocional devem ser capazes de encontrar conforto e cura nã o
somente nas palavras que ouvem na igreja, mas também no toque
que recebem – toque que transmite nada mais, nada menos que
gentileza. Queremos ser sensíveis à s experiências das pessoas e
sá bios na forma como abordamos isso? Certamente! Porém, nã o
queremos compensar
excessivamente, nunca nos aproximando com um toque. Quando
alguém foi privado do toque ou ferido por um toque inapropriado, é
maravilhoso vê-lo responder com alegria quando é tocado
gentilmente com o amor de Cristo.
A Escritura nos diz para amar uns aos outros (Jo 13.34). Depois, na
lista do “uns aos outros”, lemos “saudai-vos uns aos outros com
ó sculo santo” (Rm 16.16). Se isso é um pouco demais para você, que
tal oferecer um aperto de mã o, um tapinha nas costas, um toque no
antebraço ou talvez um abraço? Deus nos criou com uma pele
sensível ao toque e declarou que tudo que criou é bom. Nó s, como
corpo de Cristo, podemos oferecer seu toque a pessoas solitá rias e
machucadas.
Uma comunidade em unidade com Cristo
Essas sã o sugestõ es de como, individualmente, refletir a imagem de
Cristo em um mundo solitá rio. Mas o que pode acontecer quando
pessoas, como comunidade, decidem viver sua unidade com Cristo e
umas com as outras? Por um período, pertenci a uma igreja em que
a liderança nã o queria apenas professar que Cristo era o cabeça da
igreja; eles queriam praticar isso. Eles argumentavam que Cristo nã o
conduziria alguns deles em uma direçã o e o restante em outra, da
mesma forma que nã o diríamos a uma perna para ir para a direita e
a outra, para a esquerda. Acreditavam que ele guiaria todos na
mesma direçã o, entã o concordaram em se submeter primeiro a
Cristo e, entã o, uns aos outros. Isso significou que as decisõ es
tinham de ser unâ nimes, e nã o decididas pela maioria ou pelo
consenso. E unanimidade significava que todos verdadeiramente
acreditavam e concordavam com a direçã o para a qual Deus os
estava conduzindo. Isso é unidade radical.
Uma das primeiras coisas que precisavam de mudança era a
maneira como a liderança conduzia seus encontros. Em vez de abrir
com um breve devocional e oraçã o pela congregaçã o, eles
começavam estudando a Bíblia juntos e orando por si mesmos,
intercedendo uns pelos outros. Entã o, oravam pela congregaçã o.
Muitos eram homens de negó cios bem-capacitados que sabiam
como defender seu ponto de vista e conseguir o que queriam, mas
esse era um “jogo totalmente novo”. Eles tinham de morrer para si
mesmos e para suas agendas, a fim de buscar a mente de Cristo.
Tinham de realmente ouvir uns aos outros, e nã o somente esperar
até que alguém parasse de falar, para que pudessem expressar sua
opiniã o. Deus os treinou na paciência, na humildade e na tolerâ ncia
uns com os outros. Aprenderam a apreciar os dons e as perspectivas
que Deus concedeu a cada um. Desenvolveram profunda afeiçã o e
respeito uns pelos outros. Eles começaram concordando com uma
filosofia de ministério, mas Deus entrelaçou seus coraçõ es em amor
enquanto buscavam a mente de Cristo.
Vez ou outra, havia um ou dois que pensavam que as coisas
deveriam ser de um jeito, enquanto os demais sentiam de outra
maneira. Entã o, eles oravam e esperavam até que todos tivessem
uma só opiniã o. Algumas vezes, muitos terminavam concordando
com poucos. Outras vezes, poucos afinal concordavam com muitos.
Porém, em vez de se frustrar com o processo, pensando Nós
perdemos muito tempo. Por que vocês não concordaram conosco no
começo? , a liderança reconhecia que, na verdade, a demora era a
misericó rdia de Deus para com eles, impedindo-os de ir adiante
prematuramente.
Algumas vezes, o processo era lento e doloroso. Mas algo
assombroso aconteceu! Eles nã o somente aprenderam a agir como
um; eles se tornaram um. O Espírito Santo os capacitou a viver sua
uniã o com ele em um nível que nunca tiveram antes. Seus coraçõ es
foram expostos e transformados. Eles se relacionavam uns com os
outros de novas maneiras. Você percebe o avanço? A mudança
individual no coraçã o levou à mudança dentro da liderança, a qual,
entã o, se espalhou para a pró pria congregaçã o. Deus estava dando
crescimento e fortalecimento à igreja de uma maneira que foi mais
rá pida e melhor do que qualquer outra coisa que eles pudessem ter
feito com esforço humano. E nã o parou por aí. Membros
transformados da congregaçã o chegaram à s suas vizinhanças,
tocando vidas como nunca antes. Aqueles de fora da igreja
perceberam e responderam aos convites de seus vizinhos. Outros só
apareceram na igreja por curiosidade. Com o tempo, a
transformaçã o dentro da congregaçã o resultou em uma mudança
em sua composiçã o. Homens usando ternos de grife sentavam-se
com pessoas de camiseta e jeans.
Obviamente, cada envolvido ainda era apenas um pecador salvo
pela graça de Deus. Os problemas continuavam a surgir e
precisavam ser tratados. Mas nada diminuiu a alegria de
testemunhar, em primeira mã o, uma resposta incrível à oraçã o de
Jesus em Joã o 17.20-23:
Nã o rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer
em mim por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e
como tu és, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nó s; para que
o mundo creia que tu me enviaste [...] eu neles, e tu em mim, a fim de que
sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me
enviaste e os amaste, como também amaste a mim.
Quer sejamos solteiros ou casados, experimentaremos solidã o
neste mundo caído. Mas Deus quer entrar em nossa solidã o e
transformá -la. Ele nos une a si mesmo e uns aos outros em Jesus
quando passamos a submeter nossa vida a ele; e ele nos chama a
entrar na solidã o daqueles à nossa volta. Eu anseio pelo dia em que
seremos libertados por completo da solidã o e nos veremos unidos a
ele.
Simples, Prá tico, Bíblico

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transtorno bipolar, depressã o, pais solteiros e outros, os livros da
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