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AO MEU DEUS

É lindo ver aqui registrados o sustento e a coragem vindos do


Teu Altar e do Teu Espírito. Quantas vezes, em meio a tempestades,
desprezo e fortes turbulências, fui ao Teu encontro para desistir? Mas
Tu, que me conheces e sabes como eu amo palavras e que sempre tento
procurar as melhores entre elas para justificar qualquer situação — tanto
dentro quanto fora da Tua Palavra —, perdi a vontade. Procurei por elas
no meu escasso dicionário para tentar argumentar a minha desistência
diante da TUA CRUZ, mas não consegui arranjar nada, a não ser esse
pedido: “Senhor, me perdoa. Graças a Ti, pude ver que os Teus sonhos
são mais altos do que os meus”.
Hoje, as minhas palavras de desistência terminam aqui, porque
quem supera desafios debaixo da Tua direção e comando perde todo
detalhe, palavra e argumento humanos. Apenas os Teus prevalecem.
Gratidão pelas noites de silêncio e solidão, pela Tua mão me se-
gurando dentro dos aviões, cruzando mares e oceanos, pelos livramentos
e sepulturas fechadas… Meu melhor amigo, só de falar de Ti, começo
a chorar. Lembro-me de onde me arrancastes, aonde eu cheguei e para
onde me levarás. Amigo, não tenho palavras! Obrigada por preencheres
perfeitamente a ausência que senti do meu filho e da minha parentela.
Amigo, te amo tanto! Consigo apenas dizer: NÃO DOU CONTA DE
DESISTIR, não tenho outro lugar onde buscar e encontrar um AMOR
COMO O TEU.
Muito obrigada, grazie, ganke, arigatô, thanks, dank u, dan-
kie, shukran, gamsahamnida, gracias, merci, toh-DAH, Xièxiè,
spuh-SEE-buh, ngiyabonga, ef-hah-rees-TOH, terima kasih, kop
khun, meu Pai amado, pela oportunidade!
GRATIDÃO

Gratidão ao meu Deus, meu Jesus e meu amigo Espírito Santo,


a Trindade que me salvou, curou e libertou. Obrigada, meu Jesus, por
cuidares de absolutamente tudo. Devo minha vida a Ti, Senhor. Obri-
gada por confiares em mim, mesmo sem eu merecer.
Ao meu filho, Eduardo Samuco, meu empréstimo de Jesus, por
ter demonstrado tão grandioso e generoso amor ao me dividir com tantas
tribos, nações e povos, por viver durante esses anos longe da mãe. Minha
eterna gratidão a Deus por ter cuidado de ti para mim e por mim.
Ao José Maria Samuco, pai do Eduardo, que tantas vezes, duran-
te o seu crescimento, teve de suportar as minhas ausências no cuidado
com o nosso filho. Que Deus prospere o teu caminho. Obrigada pelo
teu excelente trabalho.
Aos meus pais, irmãos, cunhados, sobrinhos e toda a minha fa-
mília natural e espiritual, aqueles que direta ou indiretamente me ajuda-
ram a escrever cada linha e capítulo deste livro. Minha eterna gratidão a
Deus pela vossa vida!
O meu eterno obrigada a Jesus pela vida dos pastores Nor-
ton e Raquel da Silva, que me acompanharam no início da minha
caminhada com o Pai. Até hoje, a vossa semente tem permanecido e
prevalecido em mim.
Que Deus abençoe a todos poderosamente!
AGRADECIMENTOS

À todos os meus intercessores, espalhados pelos quatro cantos do


mundo, desde Angola até a Austrália. Muito obrigada pelas vossas ora-
ções e por guerrearmos juntos durante todo esse tempo. Eu amo vocês!
Minha gratidão a Deus pelos vossos joelhos dobrados.
À minha secretária e pastora Lorenna de Paula, sempre atenta a
cada detalhe. Agradeço, filha de coração, pela tua fidelidade e por teu es-
poso, pastor Alessandro de Paula, meu facilitador de ideias, mantenedor
e filho de coração. Que Deus vos prospere em tudo que colocares a vossa
mão e abençoe a vossa casa e ministério.
Aos meus pastores, Marcio e Adriana, Ruben e Missionária Zé,
a minha gratidão pelas vossas orações e cuidado!
Aos meus filhos de coração, espalhados pelos quatro cantos do
mundo; quantas vezes me socorreram! Quantas outras choraram comigo
e me honraram! Que Jesus vos recompense.
Aos amados mantenedores, vocês dão testemunho de que “se
não podemos ir para as nações, ajudamos quem vai”. Muito obrigada.
Que Deus lhes retribua!
Irmãos em Cristo das igrejas dos países e continentes por onde
tenho passado, que gentilmente cederam suas casas e sua comunhão
para que eu pudesse exercer o meu ministério, que tem sido pautado no
compartilhar de uma experiência vivenciada. Pude ouvir a direção do
nosso amigo Espírito Santo para escrever estas linhas.
À todos os membros de presbitério, diaconato, irmãos anônimos
que semearam na minha vida e outros que, um dia, militaram nas fileiras
de Jesus e me ajudaram, o meu desejo é aguardar ansiosamente o vosso
retorno. Quem passou pela minha vida contribui direta ou indiretamen-
te com atitudes, posicionamentos, socorro e governo. Muito obrigada
pela sua generosa contribuição.
Amigos ministros, que nunca desistiram de combater na mesma
fileira de resgate e libertação de almas nos quatro cantos do planeta, em
especial os de Angola, Brasil, Portugal, Suíça, Inglaterra, Bélgica, Espa-
nha e França, minha eterna gratidão a Jesus pela vossa vida. Em tudo
me ajudaram. Sois exemplo para mim. Este livro é de todos! IMELA,
muito obrigada.

“E os que de ti procederem edificarão as antigas ruínas; e levantarás os fun-


damentos de geração em geração; e chamar-te-ão reparador das roturas, e
restaurador de veredas para morar.”
Isaías 58:12
PREFÁCIO

O reparador de brechas é aquele que repara, melhora, fortifi-


ca, observa, nota, percebe. Nesses dias difíceis, turbulentos, incertos,
muitos não estão posicionados nem entenderam o que Deus come-
çou a fazer desde o início da pandemia mundial que estamos enfren-
tando. Mas é para esses dias que Deus quer levantar os reparadores
de brechas!
Ele quer restaurar veredas através das nossas vidas, para que mui-
tos não se percam, para que os olhos espirituais sejam abertos, visto que
o conformismo, o comodismo e o ativismo os fecharam. Deus ama a
todos, inclusive aqueles que, sem perceber, abriram brechas com tantos
enganos, falsas profecias, evangelho deturpado, ensinamentos que não
condizem com as Sagradas Escrituras etc.
A leitura deste livro terá um efeito radical na convocação de
muitos reparadores de brechas que despertarão aqueles que estão ca-
minhando para o abismo, sorrateiramente conduzidos pelo inimigo de
nossas almas.
Meu coração está grato a Deus pela minha querida amiga Rita
Salomé. Desde 2012, quando a conheci, ela tem abençoado a minha
vida e a Igreja Cara de Leão - Projeto Vida Nova, no Rio de Janeiro, em
diversos lugares do Brasil, nos Estados Unidos e em Portugal.
Querido leitor, desfrute desta obra, abra seu coração e seja edi-
ficado através do “Reparador de Brechas”. Deus te abençoe muitíssimo!
Pastora Márcia Teixeira – Rio de Janeiro, Brasil

Queremos louvar a Deus pela oportunidade de poder fazer parte


dessa promessa de Deus na vida da nossa amada amiga, pastora, in-
tercessora e também ovelha, pastora Rita Salomé. Damos testemunho
diante de Deus e dos homens de sua íntegra conduta e caráter como
serva do Altíssimo, mãe e filha. Pastora, você é uma bênção. Amamos
muito a sua vida e temos convicção dos voos altos que, em Deus, você
irá alçar. É maravilhoso caminhar ao seu lado. Toda sorte de bênção so-
bre a sua vida. Nós abençoamos você, em nome de Jesus. Parabéns por
mais essa vitória, com o livro “Reparador de Brechas”.
Pastores Ruben Simão e Domingas Vilar

Mamis, que honra presenciarmos o nascimento de mais uma das


promessas de Deus! Estamos felizes em fazer parte desse processo.
Querido leitor, o encorajamos a tomar uma atitude hoje, deci-
dindo reparar as brechas existentes em sua vida. Temos um inimigo que
nos rodeia, buscando ocasião em nossas atitudes, palavras e pensamen-
tos, a fim de nos atacar e destruir.
Ao ler este livro, o Espírito Santo lhe mostrará quais são as áreas
que precisam ser reparadas, e Deus iniciará um novo tempo em sua vida.
Pastores Alessandro de Paula e Lorenna de Paula –
Goiânia, Brasil

Hoje, nos sentimos mais privilegiados do que nunca. Precisamos


de uma geração de “Ritas”, de reparadores de brechas, para fazer a diferen-
ça nas famílias e na sociedade. Uma geração de jovens e velhos, mulheres
e homens, disposta a ir contra a correnteza deste mundo e atuar como
instrumento divino, a fim de que o Senhor complete a obra iniciada.
Este livro foi escrito e forjado por experiências de reparações, pe-
los intercessores de toda a igreja, não somente para direcionar e inspirar,
mas também para compartilhar com os leitores os princípios que podem
determinar um antes e um depois em nossas vidas.
Encorajamos você a ler esta obra conversando com o Espírito de
Deus, a fim de que Ele possa ensiná-lo a aplicar essas verdades na sua
vida e na daqueles que o cercam. Se você fizer isso, nós, como obreiros
da seara, garantimos que você nunca mais será o mesmo.
Pastores Renato e Valéria Rates – Goiânia, Brasil

Hebreus 13:7 nos aconselha a sempre nos lembrarmos de nossos


pastores, seguindo seu exemplo de fé e nos atentando para a sua maneira
de viver. Com essa passagem bíblica queimando em meu coração, soma-
da à leitura das experiências poderosas descritas neste livro, recebi um
renovo extraordinário do céu.
Conhecer de perto os detalhes da caminhada da pastora Rita é
um privilégio sem igual. Perceber que os desafios não tiveram poder para
fazê-la desistir, mas que, ao contrário, fizeram com que ela se tornasse
mais íntima e dependente do Senhor nos inspira a perseverar rumo ao
propósito diariamente.
Mais que um relato pessoal de fé, creio que este livro é uma
mensagem profética do Espírito Santo para cada leitor. Abra seu coração
e prepare-se para ser impactado, restaurado e edificado!
Missionária Mara Fernandes – Goianira, Brasil
É difícil mensurar o quão relevante é, para a geração dos nos-
sos dias, falar a respeito do tema abordado na presente obra. O mun-
do espiritual precisa de verdadeiros cristãos, que entendam o poder
de reparar brechas diante dos desafios enfrentados em nossa jornada
de fé e que tenham acesso às verdades e experiências contidas em
“Reparador de Brechas”.
Não menos relevante que a obra, é a certeza de que a sua
autora, pastora Rita Salomé, presente de Deus nas nossas vidas, foi
inspirada pelo próprio Senhor para compartilhar as riquezas contidas
aqui. Temos a certeza de que Ele falará ao coração de uma multidão
através dela.
Pastores Marcelo e Ivanildes Lugarini – Goiânia, Brasil

“Reparador de brechas” é mais do que um livro, é a história de


uma vida intensa e dinâmica, completamente voltada para expressar o
amor de Jesus Cristo. As palavras saltam das páginas, e, assim, nos torna-
mos as pessoas que vivem as emoções, os dramas e as vitórias da mulher,
mãe, missionária, pastora e adoradora Rita Salomé. É um privilégio e
uma distinta honra fazer parte desta caminhada tão linda.
Leia o livro, viva as histórias e seja inspirado e desafiado a seguir
o exemplo dela.
Pastores Sidmar e Abdna
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................19

TE CHAMEI, FILHA MINHA .............................................21


TE CHAMEI, FILHA MINHA ........................................ 23
DA MINHA MANEIRA OU
DA MANEIRA DE DEUS .............................................. 41
A FORÇA DE UMA CHAMADA ...................................51
QUEM VOCÊ É DEIXA MARCAS ................................69

REPARADOR DE BRECHAS ..........................................89


O PODER DA ESCOLHA E DA DECISÃO ..................91
O FOGO QUE REVELA A AUTENTICIDADE ............97
A BELEZA EM MEIO À PROVA ................................ 107
A VIVÊNCIA NO MINISTÉRIO
EM TEMPO REAL ....................................................... 125

CONCLUSÃO ................................................................ 135


TESTEMUNHOS DA VIVÊNCIA
DO MINISTÉRIO EM ALGUNS PAÍSES .....................137

BIBLIOGRAFIA INDICADA ......................................... 157


INTRODUÇÃO

A
mado leitor, esta obra nasceu no coração de Deus, que
me encorajou a escrevê-la. Não foi uma tarefa fácil, por
inúmeros fatores, que vão desde a permanência num lugar
adequado até os inúmeros ataques e pressões para desistir, fora algumas
memórias já apagadas.
Enquanto escrevo, creio ser este o primeiro de muitos livros,
porque acredito que também seja um dos sonhos de Deus para a minha
vida que eu deixe um legado geracional da minha passagem nesta terra
enquanto filha e serva do Senhor.
Os capítulos desta obra o levarão a conhecer um pouco mais
da minha história e da transformação que Deus fez na minha vida e no
ministério Reparador de Brechas, o qual Ele me atribuiu.
Através deste material, caro leitor, você poderá fazer um belo passeio
e desfrutar de abordagens que me demandaram horas e até dias escavando
o altar de Deus para trazer o melhor. Aqui, descrevo fatos que poderão o
ajudar a enfrentar os anseios do “dia seguinte” em Deus, na perspectiva de
que o amanhã trará algo a mais do Senhor, de modo que você viva sempre
atento à porta da esperança de Oseias 2:15–20. Minha oração é para que,
nesse passeio, o Espírito Santo, meu maior e grande amigo, possa lhe dar
entendimento, já que o encorajamento e a ordem vieram d’Ele.

19
REPARADOR DE BRECHAS

Toda vez que o Eterno nos pede algo que ultrapassa o nosso ser,
entramos num processo de gerar que só Ele sabe e conhece. Durante a
escrita, senti-me como uma mulher grávida, gerando nEle cada página;
uns dias, com sorriso; outros, com dores; e outros, ainda, querendo de-
sistir. Contudo, em Cristo, nós não só podemos todas as coisas como
somos mais que vencedores.
O final de alguns ciclos e novos começos ocorreram, por isso
agora você segura em suas mãos este livro. O meu maior prazer em obe-
decer a essa ordem de Deus reside no fato de experimentar o que estou
usufruindo agora: sentada numa mesa, escrevo justamente no Brasil,
país que amo tanto.
Que Deus abençoe a sua leitura.
Rita Salomé

20
TE CHAMEI, FILHA
MINHA
TE CHAMEI, FILHA
MINHA

N
asci de novo no ano de 1994, de modo que estou comple-
tando 26 anos de convertida. Esperei tanto tempo para sen-
tir a alegria que muitos usufruíam quando testemunhavam
publicamente dizendo que eram cristãos há 25 anos ou mais… Ouvir
isso me deixava na expectativa de também chegar a essa idade espiritual.
Como no mundo natural, quando estamos com 10 anos, desejamos che-
gar aos 15; olhamos para os 15 e começamos a desejar os 18; quando
estes chegam, começamos a olhar para os 25. Nesse tempo, desejamos
dar uma parada impossível, mas, como nada para e tudo segue, quando
chegamos aos 35, reparamos que não desejamos mais os 40, os 50 etc.
Portanto, 26 anos depois, escrevo um livro sobre reparar bre-
chas, algo que Deus me comissionou a desenvolver não só na minha
vida, mas também na de outras pessoas. Brechas vão surgindo aqui e ali,
de longe ou de perto. Tantas vezes, se aproximam de nós tão sem querer
que, quando nos damos conta, repetimos erros e atitudes.
A experiência em relação ao novo nascimento no espiritual, para
mim, é como receber todos os dias orientações de Deus para superar de-
safios e lutas. É gratificante saber que alguém cuida de nós e renova Suas
misericórdias num grau elevadíssimo de amor, para não sermos tragados
pelo nosso inimigo.

23
REPARADOR DE BRECHAS

A cada ano que passa, eu gero em Deus expectativas de cresci-


mento e amadurecimento em minha vida. Nossos sonhos devem ser
vistos à luz daquilo que o Senhor quer ou tem para nós. Se não for desse
jeito, criamos alguns resultados que nos trarão desgastes, dissabores e
aborrecimentos, além de ampliar as brechas que desejamos fechar.
Nasci em Angola, em 20 de novembro de 1967, num bairro de
Luanda, Marçal, onde vivi parte da minha infância. Meus pais, embora
não tivessem grandes posses, trabalharam muito para que eu e meus ir-
mãos pudéssemos estudar e ter uma vida bastante equilibrada. Cresci em
meio a alguma dificuldade que quase não era sentida porque meus pais e
a minha irmã mais velha sempre tentavam nos dar o melhor.
Graças a Deus, não tive uma infância terrível, mesmo com a
guerra em Angola, que durou mais de 30 anos. Em meio ao caos, fui
sempre muito alegre e aprendi tudo desde muito cedo: falar, andar…
Esses já eram sinais de que Deus estava no controle de tudo e desenhan-
do a minha vida. Vivi até os meus 18 anos em Luanda, depois ganhei
uma bolsa como estudante para Portugal.
Foi lá que passei grande parte da minha juventude e a fase adulta
de modo muito rebelde. Longe dos meus pais, vivi ao sabor das lidas
infernais e sem controle. Em 1994, na cidade de Aveiro, encontrei o
meu Jesus e nunca mais O larguei. Fui chamada por Ele várias vezes e
O recusei em todas, até que eu mesma fui procurá-Lo diante de imensa
dor, tristeza e muito opróbrio.
O Senhor nos chama sempre com amor, mas a nossa aceita-
ção vai do amor até a dor. Eu reconheci Jesus como meu Senhor e
Salvador imersa em um enorme oceano de tristeza, rejeição e despre-
zo. Em Salmos 139:1–17, Deus nos mostra o quanto o Seu amor e
cuidado são grandiosos em nossas vidas. Ele conhece tudo em nós;
antes de falarmos, Ele já sabe o que iremos dizer. Nosso Deus nos
conhece antes de tudo!

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RITA SALOMÉ

Quando me converti, comecei a caminhar com várias pessoas


que me acompanharam naquele tempo. Deixo aqui a minha gratidão
a Jesus pela vida de todos que me ajudaram a encontrar o Caminho.
Alguns foram como sacerdotes; outros, como profetas e levitas; e
outros, ainda, como samaritanos, mas cada um, de forma especial,
me ajudou nessa longa jornada. Essas pessoas foram estrategicamente
colocadas por Deus ao meu lado para desenvolver o caráter de Cristo
em mim.
Minha gratidão eterna a Jesus pela vida dos pastores Norton e
Raquel da Silva, que me acompanharam e me ensinaram tanto que até
hoje eu consigo me lembrar de seus ensinamentos e aplicá-los, de forma
a gerar grandes frutos tanto na minha quanto na vida de outras pessoas.
Ainda me lembro desta fala do pastor Norton: “Irmã Rita, não precisa
pedir nada, Deus é soberano, Ele sabe do que tu precisas. Ora, que Deus
te responderá.”
Uma criança precisa ser ensinada, e, até aprender, dá algum tra-
balho. No crescimento espiritual, ocorre da mesma forma — crescemos
sendo corrigidos por Deus na postura, nos comportamentos, propósitos
e princípios. Embora tenha sido muito difícil, Ele tinha um propósito, e
ainda bem que não desistiu de mim!
Eu vinha de uma vida desregrada. Sozinha, longe de casa, sem
os meus pais e quase sem familiares por perto, eu era libertina e desobe-
diente. O único que podia dar um jeito em mim era Deus.
Quando comecei a ter consciência disso e do que Ele queria
de mim, foi ainda mais difícil, porque minha luta agora era com Ele,
Seus princípios, palavra e propósitos. Com as devidas provas em Deus,
comecei meu processo de crescimento, que, no início, foi bastante
turbulento. Até o término deste livro, posso afirmar que ele ainda não
foi finalizado, pois se trata de um processo contínuo que perdurará até
que eu parta ou que Jesus volte. Ainda assim, já venci várias etapas e

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REPARADOR DE BRECHAS

muitos obstáculos. Foram inúmeros desafios que originaram grandes


marcas e cicatrizes.
Querido, Deus jamais encontrará em nós algo digno de Seu
amor. Ele nos ama porque é bondoso e misericordioso. A minha vida
e o meu propósito são o Seu amor. Meu prazer é adorá-Lo e viver para
Ele e por Ele.
Situações que vivi são fruto daquilo que hoje entendo ser a pre-
paração para o meu encontro com Jesus. Uma delas foi uma ocasião em
que fui visitada pelo espírito de suicídio na véspera de conhecer a Cristo.
Era uma época muito difícil, um período de vale de lágrimas e
aflições. Eu estava grávida e numa situação muito séria. Era uma terrí-
vel turbulência! Eu havia permitido que esse espírito maligno entrasse
na minha vida num tempo de ignorância. Hoje, tenho maior entendi-
mento do que passei. Não darei mais detalhes disso em respeito ao meu
filho, porque entendo que a exposição de alguns fatos não produzirá
crescimento e nem acrescentará nada, afinal só daria ênfase ao inimigo
das nossas almas.
Jesus me livrou dessa primeira situação indo ao meu encontro
como o único Salvador e Senhor da minha vida. Eu aceitei-O, Ele pas-
sou a viver em mim, e eu agarrei essa chance com todas as minhas forças.
Cristo é a única esperança de sair de uma vida de solidão, trevas, rebe-
lião, morte e prostituição.
Paula foi a mulher que Deus usou para me mostrar o caminho
até Jesus. Ela era uma amiga da Igreja Batista em Aveiro e frequentáva-
mos a mesma Universidade, apesar de estarmos em anos diferentes. Ela
viu a minha situação e se ofereceu para fazer uma visita a minha casa. Na
época, eu estava muito mal e não dava a atenção devida a minha residên-
cia, mas quando ela manifestou o desejo de me visitar, limpei tudo. Ela
não iria sozinha; iria levar uma amiga missionária inglesa, Gina, e um
amigo de nome Jesus. Foi tudo surreal!

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RITA SALOMÉ

Elas chegaram à minha casa, e eu fiquei esperando o amigo de


quem ela tanto havia falado. A certa altura, perguntei onde estava o seu
amigo, porque eu imaginava que ele tivesse ficado preso no trânsito ou
que tivesse acontecido alguma coisa. A resposta delas me deixou de boca
aberta. Uma delas disse que Jesus já estava na minha casa, mas Ele não
havia tocado a porta, então como tinha entrado? Eu fiquei me pergun-
tando aonde eu tinha chegado: “Elas fazem rezas estranhas e me dizem
que o amigo chegou sem eu tê-lo visto e sem que tenha batido à porta?”.
Aquela missionária orou por mim e disse que eu podia ver Jesus,
que Ele já havia chegado. Naquela mesma tarde, Gina, vendo a minha
cara de dúvida, sugeriu que eu pedisse a Deus qualquer coisa que eu
quisesse. Na mesma madrugada, fiz três pedidos dentro do meu coração:
que o meu parto fosse cesárea; que o meu filho fosse a cópia física do pai,
mas com o meu caráter; e que eu não ficasse tantos dias no hospital nos
dias seguintes ao nascimento do meu filho.
Uns dias depois, a missionária me ligou: “Recebi a ligação
de uma amiga de Londres que me disse que eu havia visitado uma
mulher grávida e que havia tentado suicídio, mas que Jesus a tinha
salvado e que essa mesma mulher havia feito três pedidos ao meu
Deus. Ela enumerou todos eles e, no final, disse: ‘Diga a essa mulher
que o meu Deus vai atender’”.
Foi de enorme espanto a minha conversa, que terminou com a
seguinte expressão, reveladora da minha ignorância: “Que Deus é esse
que conta tudo a pessoas distantes que eu nem conheço?”. Aquilo deu
um nó na minha mente, porque eu não conhecia nada da Palavra e nem
sabia o que era profecia. O interessante é que fui batizada com o Espírito
Santo alguns dias depois, e só passados nove meses desci às águas.
Depois de toda essa situação, devo dizer que o primeiro dom
a me ser atribuído por Deus foi o de profetizar. Realmente, quando
Ele entra em nós, descobrimos que existe um estilo de vida diferente

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REPARADOR DE BRECHAS

do que levamos: bem melhor, mais saudável, muito vitorioso e bem


mais seguro.
Se olharmos para uma paisagem em frente ao mar, imaginamos
que a linha do horizonte é o final daquela vista. Mas, se caminharmos
até a suposta linha, nos damos conta de que a paisagem continua, por-
que se tratava apenas de uma linha fictícia a qual nossos olhos alcan-
çavam. Isso nos lembra do quanto somos limitados em nossa visão a
respeito das coisas da vida. Jamais poderemos saber o que seremos em
Jesus se não crermos ou aceitarmos o desafio de irmos para mais longe
do que enxergamos e bem mais fundo em Deus, na esperança de que
existe muito dEle para conhecer.
Em cada horizonte que se avizinha, existe um caminhar para
alcançá-Lo. Essa linha que aguça nossa vista e imaginação só pode ser
atingida se nos dirigirmos a ela. O interessante é que quando chegamos
ao suposto ponto ou linha imaginária, percebemos que a paisagem con-
tinua! O mais importante não é atingir a linha, mas vencer as etapas
e prosseguir até a alcançarmos. Saber disso torna a linha do horizonte
curiosa e apetecível.
Quando chegamos ao suposto ponto, percebemos que existe ou-
tra linha se formando mais a frente e que, portanto, não se trata do pon-
to final que pensávamos. Quantas linhas do horizonte enxergaremos até
que atinjamos os vários alvos que temos em Deus? Milhares de pessoas
dependem dos nossos caminhar, testemunho e velocidade. Devemos co-
locar Jesus sempre em primeiro lugar nessa grande conquista!
Costumo me manter pensando e gerando expectativas em Deus
de como será a próxima etapa e o próximo desafio. O crescimento com e
em Jesus continua sendo um esforço diário. As mesmas aflições se repe-
tem até hoje quando algo está para nascer na minha vida.
Você não pode imaginar a perseverança que precisei ter para es-
crever estas linhas. Só Deus para me ajudar, porque foi muita luta para

28
RITA SALOMÉ

impedir! O mais importante, contudo, não é a luta ou a intensidade


dela, mas saber que Jesus está comigo em qualquer lugar e situação.
NEle, sou mais que vencedora.
Nessa busca pela linha do horizonte, encontramos uma grande
multidão de testemunhas e corremos nossa maratona:

“Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande
nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de
perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta;
Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe
estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à
destra do trono de Deus.”
(Hebreus 12:1–2)

A maneira que vivemos se define como uma maratona na qual


teremos de tomar decisões e definir de qual lado estamos. Vários alvos e
etapas precisam ser ultrapassados e obstáculos devem ser vencidos, mas
tudo depende do que escolhemos.
Há 26 anos, escolhi vencer, abandonar velhas práticas e uma
vida de mentira, prostituições e sonhos egoístas de grande destruição
que mais pareciam pesadelos sem fim. Hoje, sei que tomei a decisão
certa de fazer de Jesus o maior alvo da minha vida. Se não fosse Ele,
talvez eu nem estivesse aqui. A jornada com Cristo é constituída
pela entrega, compromisso, fidelidade, obediência, submissão, zelo
e muito amor.
Quando entrei nessa maratona, minha vida era preenchida pelos
cuidados com meu único filho biológico — o tesouro que Deus me
emprestou para criar — e o meu trabalho secular e na igreja. Era muito
difícil naquele tempo. Cristo me resgatou no final de um casamento
frustrado e muito complicado.

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REPARADOR DE BRECHAS

Éramos muito jovens quando nos casamos, cheios de sonhos es-


tranhos e individualistas, de modo que a convivência foi se tornando
impossível. Nosso matrimônio não deu certo, mas como pai do meu
filho igual pode até haver, mas melhor, não; ele é um excelente pai e um
bom homem. Que Deus continue cuidando da sua vida e saúde! Inevi-
tavelmente, nos separaríamos, porque tínhamos objetivos e propósitos
muito divergentes, além de não conhecermos a Deus.
Novamente, por respeito ao meu filho, pormenores não serão
mencionados, visto que não interessam mais, porque já houve perdão
verdadeiro. Até Jesus jogou tais acontecimentos no oceano do esqueci-
mento, colocando uma grande placa: “Proibido pescar”.
Tudo que foi escrito aqui tem a ver com as marcas, sinais e ci-
catrizes que formam um reparador de brechas, conforme Isaías 58:12:
“E os que de ti procederem edificarão as antigas ruínas; e levantarás os fun-
damentos de geração em geração; e chamar-te-ão reparador das roturas, e
restaurador de veredas para morar; […]”. Esta é a base da chamada que
exerço há quase 20 anos.
Sozinha, com um bebê nos braços e sem nenhuma esperan-
ça, me vi numa situação muito penosa e degradante. Eu trabalhava
numa espécie de padaria em Aveiro, e a minha alimentação era quase
sempre a mesma, se resumindo ao que era fornecido pelo estabeleci-
mento. Com isso, fiquei doente do fígado e passava mal quase todos
os dias. Uma noite, eu já não aguentava mais de tanta dor. Como eu
morava perto do hospital, resolvi ir até lá, mas não tinha ninguém
para deixar o meu filho.
Ele devia ter quatro ou cinco meses e dormia tranquilo no ber-
cinho. Era uma noite fria, então embrulhei-o, deixei-o bem quentinho
e fiz uma oração: “Jesus, eu sei que o Senhor cuidará do meu filho e
nada acontecerá, mas eu preciso ir até o hospital, senão vou morrer aqui
sozinha, sem a ajuda de ninguém”. Fui por volta das três da madrugada,

30
RITA SALOMÉ

com o frio cortando o meu rosto, lágrimas escorrendo pela minha face
e com tantas tonturas que se alguém me visse diria que eu tinha saído
de algum bar e estava alcoolizada. As tonturas eram em decorrência de
um fígado que já estava farto de filtrar todo dia a mesma comida com
excesso de gordura.
Cheguei ao hospital 20 minutos depois e fui atendida rapida-
mente. O médico que me socorreu pediu alguns exames. Quando os
resultados chegaram, ele perguntou se eu não tinha acompanhante, por-
que teria que ficar alguns dias em observação. Eu só conseguia pensar
no meu tesouro, que estava em casa com Jesus. Preocupada e agitada, o
médico me perguntou o que estava acontecendo. Pedi que se aproximas-
se para que eu pudesse falar sem ninguém escutar.
Contei-lhe toda a verdade sobre o meu filho e implorei para que
não chamasse os serviços sociais do hospital, senão eu perderia a guarda
do meu único tesouro. Ele ficou pensativo, e eu clamava a Deus no meu
íntimo. Por fim, o médico me autorizou a ir, me fazendo assinar um ter-
mo de responsabilidade, e me passou a receita. Fui correndo para casa,
chorando, enquanto a chuvinha fria caía sobre mim.
Abri a porta e corri para ver o meu filho. Lá estava ele, tranqui-
lo, dormindo do mesmo jeito que eu o havia deixado — o meu Jesus
o havia vigiado para mim. Cristo entrou na minha vida quando eu já
estava desistindo de tudo. Ele foi o meu alento e consolo. Tratou-me, e
eu sobrevivi como uma águia solitária.
Deus me escondeu debaixo das Suas asas. Aprendi a ganhar per-
dendo, a subir, descendo. O poder do Senhor foi sendo maior do que
tudo, e, na minha fraqueza, Ele me aperfeiçoou.
Eu era uma jovem cheia de sonhos que, no início, eram estranhos,
individualistas e egoístas, mas o meu Senhor me fez conhecer o plano que
tinha para mim. Não mudei, apenas, mas fui completamente transforma-
da. Mesmo dentro da igreja, eu era uma pessoa de difícil trato, provocava

31
REPARADOR DE BRECHAS

os irmãos e dava sempre minha opinião fora do contexto. Na maioria das


vezes, eu estava sozinha e vivia meus dias de olho no futuro: “Como será o
meu amanhã?”. Eu me questionava se o amanhã chegaria para mim. Nessa
época, o Eterno começou a me treinar no modo de tratar as pessoas que
entravam e saíam da minha vida, em termos de comunhão e intimidade.
Durante o período de confirmação da minha identidade, algu-
mas pessoas se tornavam amigas; outras, conhecidas; e outras, ainda,
apenas irmãos da igreja. Tenho consciência de que minha vida, para
várias pessoas ao longo desses 26 anos, também tem causado impactos
tanto positivos quanto negativos.
Quantas vezes forem necessárias, devemos ir ao Trono para analisar
a nossa vida e o que ela tem causado às pessoas ao longo da nossa cami-
nhada. Devemos ser sinceros e corajosos para fazermos essa visita diante de
Deus, não para pedir nada, mas para nos autoavaliar em termos de conduta,
comportamentos e atitudes diante das pessoas e dEle. Tenho feito isso com
frequência e inúmeras vezes tenho chorado nessa autoavaliação, sempre ten-
do como base a misericórdia e a graça do Senhor, nosso Deus.
Pessoas passam pela nossa vida por dois motivos essenciais: para
serem parte do nosso tratamento com Deus ou resposta a situações em
que devemos ser transformados. Quantas vezes já pronunciamos a frase
“quando aquele irmão fala, contribui para o que de pior eu tenho”, cla-
mando para que o Senhor afaste essas pessoas de nós? No entanto, temos
que ter sempre um Hamã, uma Penina e um Judas na nossa vida.
Hamã, para sabermos que somos chamados para jejuar e que so-
mos parte da resposta de um problema ou de um povo. Penina, para que
o ministério possa ser gerado e nascer; ela nos faz chorar pelo fruto, ge-
rando milagres proféticos que temos de deixar para a nossa descendên-
cia. Judas, para nos atentarmos ao fato de que sempre teremos alguém
junto de nós com duas caras e personalidades, o qual se aproxima para
nos fazer buscar o discernimento diante do altar de Deus.

32
RITA SALOMÉ

Assim como também deixamos marcas na vida dos outros, algo


que aprendi é que nunca renunciamos e doamos a nossa vida a Deus
com o objetivo de destruirmos vida e ministério alheios.
Lembro-me de uma pracinha com um lindo jardim em Avei-
ro, cidade de Portugal onde me converti a Cristo. Essa pracinha era
cercada de jardim e bancos, onde as famílias costumavam brincar com
seus filhos. Era um lugar lindo e calmo. Saíamos do centro da cidade e
entrávamos nesse lugar que mais parecia um refúgio do céu. À noite,
eu tinha o hábito de me encontrar ali com uma companheira de oração
que marcou o início da minha caminhada com Cristo, a “Lili”. Ela era
uma guerreira! Creio que ainda é, mas perdi o contato com ela devido a
tantas mudanças de país e muitas viagens.
Era muito bom ficarmos com nossos filhos naquele espaço. Eles
brincavam e nós vigiávamos, mas, com a doce presença de Jesus, faláva-
mos da Palavra, de sonhos e de revelações que Deus nos dava. Era tão
maravilhoso e gratificante! Crescemos muito juntas. Alguns sonhos e
revelações se cumpriram em minha vida anos depois.
Aprendi tantas coisas, principalmente sobre o que era a pro-
fecia e a chamada de profeta. Partilhávamos experiências que nos
edificavam mutuamente. Era um tempo perfeito. Eu podia ter ficado
por lá e já estaria ganhando, mas o Senhor tinha planos, e eu queria
cumprir a Sua vontade.
Como existe um tempo para todas as coisas, conforme nos indi-
ca Eclesiastes 3:1–11, logo somos confirmados para a etapa que vivemos.
Damo-nos conta disso com o amadurecimento. Existe uma confirmação
para cada degrau que acessamos em Deus.
Ao longo da maratona, sempre há um tempo de visitação do
Eterno que traz um nível de dificuldade que exige bastante perseverança
e tem uma conotação de prova, mas ocorre dentro de um ambiente de
paz. Que incrível é Deus nos provando para confirmar nossa identidade.

33
REPARADOR DE BRECHAS

O nosso Rei passou por isso: “[...] eis que se lhe abriram os
céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E
eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem
me comprazo.” (Mateus 3:16–17) Observe as etapas pelas quais Jesus
passou.

Primeira testemunha da confirmação:


O Pai
O Próprio Deus Pai foi quem enviou Jesus Cristo como Salvador
do mundo. Nosso Senhor disse aos Seus ouvintes em João 5:37: “E o
Pai, que me enviou, ele mesmo testificou de mim. Vós nunca ouvistes a sua
voz, nem vistes o seu parecer.” O selo de aprovação do Pai não foi dado às
ocultas. Deus fez questão de confirmar a liderança de Jesus publicamen-
te, logo depois de Ele ter sido batizado por João.

Segunda testemunha: João Batista


João batizou Jesus e viu o Espírito descer como uma pomba (Jo
5:33–34). A “voz que clama no deserto” também confirmou as creden-
ciais de Jesus quando O encontrou perto de Betânia. Vendo que Jesus se
aproximava disse:

“‘Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!’. É este a favor de


quem eu disse: após mim vem um varão que tem a primazia, porque já
existia antes de mim, por isso, Eu não o conhecia; mas, para que ele fosse
manifestado a Israel, é que vim batizando em água.”
(Jo 1:29–31)

João Batista foi apenas um precursor. Ele tinha total cons-


ciência do seu ministério excepcional — confirmar ao mundo a iden-
tidade de Jesus Cristo.

34
RITA SALOMÉ

Terceira testemunha: O próprio Cristo


Pode, a princípio, parecer estranho que Jesus tenha usado a Si
mesmo como testemunha de Seu ministério, mas, depois de ter se re-
ferido ao Pai e a João Batista, ele acrescentou: “Mas eu tenho maior tes-
temunho do que o de João” (Jo 5:36). Em outra ocasião, declarou: “Eu
e o Pai somos um” (Jo 10:30). As pessoas que escutaram entenderam
perfeitamente o que ele dizia, por isso tentaram apedrejá-lo: “pois sendo
tu homem, te fazes Deus a ti mesmo” (v. 33). Mais tarde, ele disse que, se
as pessoas O tivessem visto, teriam visto o Pai também (Jo 14:7).
Cristo não só alegou ter uma relação singular com Deus, mas
tudo em sua vida demonstrava isso. Sem truques nem malabarismos,
sem prometer tornar seus seguidores ricos ou poderosos, Ele provou cla-
ramente que era Filho do Altíssimo e um grande líder exemplar que
devia ser seguido.

Quarta testemunha: o Espírito Santo


O Espírito Santo abençoou Jesus na ocasião do seu batismo, quan-
do desceu sobre Ele e permaneceu nEle — “E João testificou, dizendo: Eu vi
o Espírito descer do céu como pomba, e repousar sobre ele. E eu não o conhecia,
mas o que me mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que
vires descer o Espírito, e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito
Santo. E eu vi, e tenho testificado que este é o Filho de Deus.” (Jo 1:32–34)
Embora talvez não possamos entender completamente o que
aconteceu, devido ao simbolismo da linguagem, é certo que ele nos diz
que o Espírito de Deus confirmava o ministério e a liderança de Jesus.
A presença do Espírito Santo deu a Jesus autoridade para falar e realizar
milagres (Mt 7:22,29; Mc 1:22,27; Lc 4:36: “E veio espanto sobre todos, e
falavam uns com os outros, dizendo: Que palavra é esta, que até aos espíritos
imundos manda com autoridade e poder, e eles saem?”).

35
REPARADOR DE BRECHAS

Quinta testemunha: as Escrituras


O Antigo Testamento confirma o ministério de Jesus. Profetas
anunciaram Sua vinda, Seu ministério e morte. Isaías, em especial, des-
creveu Seu nascimento (Is 9:6); Seu sofrimento (53:4–10); Seu desem-
penho de servo (42:1–4); e chegou até mesmo a predizer que alguém
viria antes dEle para anunciar Sua vinda (40:3). Jesus disse aos líderes
judeus que o contestavam: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter
nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim. Contudo não
quereis vir a mim para terdes vida” (Jo 5:39–40).

Sexta testemunha: Milagres


O ministério de Jesus se auto confirmou através dos milagres
que realizou. O Evangelho de João se refere a eles como “sinais”. Embora
João cite menor número de milagres do que os outros evangelistas, os
que ele menciona dão testemunho do poder e dos propósitos de Jesus.
Mas Cristo não realizou esses sinais como ato de exibição. Ninguém que
fosse um mero exibicionista realizaria alguns de Seus mais impressionan-
tes milagres longe das vistas da multidão, recomendando tantas vezes
aos que haviam sido curados que nada dissessem aos outros. A cura do
homem no tanque de Betesda (Jo 5) ou do cego de nascença (Jo 9), por
exemplo, parece ter sido presenciada por apenas um pequeno grupo de
pessoas. Esse fato confirma Suas palavras: “Eu não aceito glória que vem
dos homens” (Jo 5:41).

Sétima testemunha: Os discípulos


Os discípulos acompanharam Jesus durante todo Seu ministério
terreno. Viram o que Ele fazia, ouviram Seus ensinamentos e creram
nEle. Quando os líderes religiosos começaram a perseguir o Senhor e
Ele alertou para as dificuldades que Seus seguidores teriam de enfrentar,
muitos dos Seus prováveis discípulos se afastaram — mas nem todos.

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RITA SALOMÉ

Dos que ficaram com Jesus, foi Pedro quem disse: “Tu tens as palavras
da vida eterna” (Jo 6:68). Pedro não estava dizendo apenas que Jesus co-
nhecia as leis e preceitos ou a maneira correta de viver, mas que Ele era o
doador da vida eterna. E o apóstolo João termina seu evangelho dizendo
que ele dá testemunho — isto é, confirmação — da vida e do ministério
de Jesus (Jo 21:24: “Este é o discípulo que testifica destas coisas e as escreveu;
e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.”).

O nosso Salvador passou por isso, e todos nós passamos tam-


bém, tantas vezes que não nos apercebemos e misturamos tudo. En-
quanto pensamos que é só mais uma prova, já é a fase da confirmação
que exige a convicção de quem somos e do que fomos chamados. Não
é na profundidade que Ele confirma nossa identidade, isso se faz na su-
perfície, a vista de todos. Em meu processo de provação para aprovação,
comecei o meu trabalho dentro de uma igreja como secretária e descobri
muito rapidamente o verdadeiro sentido da revelação da arca de Noé.
Estamos todos dentro da arca. Somos diferentes, de várias partes
e personalidades, caráteres e estilos, comportamentos e atitudes, pensa-
mentos e jeitos, mas todos estão dentro da arca — a Igreja. Temos de
conviver com os vários cheiros que nos incomodam, assim como o nosso
incomoda os outros (embora pensemos que não). Sentimo-nos tantas
vezes com vontade de gritar porque alguém passou do limite, mas, sem
demora, também passamos da linha. Assim, Deus forja o nosso caráter
de servos e filhos, nos preparando para a Sua chamada.
Na igreja onde eu congregava, sempre recebíamos visitas de
pregadores e missionários de várias partes do mundo. Eu era visitada
pelo Espírito Santo com profecias que eu cria serem impossíveis de se
realizarem. Eram sempre coisas muito grandes! Àquela altura, éramos
apenas eu e meu filho, nossa casinha simples, com algum conforto.
Nada poderia indicar que eu sairia dali para viajar o mundo todo,

37
REPARADOR DE BRECHAS

como agora faço. Apesar de morar na Europa, naquele tempo era pou-
co provável que eu visitasse outros países, devido à nossa condição
econômica. Por inúmeras vezes, toda ajuda era muito bem-vinda para
que suportássemos até o final do mês.
Não raro, nos esquecemos do que nos afirma Marcos 9:23: “Se
tu podes crer, tudo é possível ao que crê.” Para Gideão, era impossível der-
rotar os midianitas, mas para Deus isso fazia parte do processo que tor-
naria esse homem um juiz e marcaria a época de libertação de um povo.
Nossos sonhos e alvos só serão vitoriosos se estiverem alinhados com
Deus. Gideão até tentou apresentar um plano com os seus homens, mas
o Senhor não dá Sua glória a outro.
Quando profetas vinham falar comigo, eu até tentava fazer
algo do meu jeito, mas, na maioria das vezes, eu fracassava e deixava
Deus fazer; só então dava certo. Quantos erros cometemos e por
quantas derrotas passamos até entender o agir de Deus em cada si-
tuação? Muitos! Mas a minha persistência em viver o dia seguinte e
o meu olhar na linha do horizonte me ajudaram a caminhar debaixo
das mãos de Deus e diante dos homens, até que fui chamada para a
minha primeira missão…
Foi uma viagem de experimentação ao Brasil e um dos momen-
tos mais incríveis da minha vida! Viajar com os meus pastores era o auge!
Naquela época, tudo em que se colocava o nome “Rita” era sinal de pro-
va dura para conseguir alguma coisa, então imagine o filme que foi para
conseguirmos a passagem de avião! (risos). Hoje, mais madura, entendo
o agir do Senhor e a escola de lapidação pela qual passei, de modo que as
lembranças trazem apenas sorrisos. Um fogo refinador fazia (e ainda faz)
parte da estrutura necessária para ser um reparador de brechas. Assim foi
desde o dia da minha conversão.
Fui treinada para entrar nas casas e igrejas calada e sair muda,
reparar o que fosse preciso e sair tentando sempre deixar a porta aberta

38
RITA SALOMÉ

para outra visita. Em vários lugares, a minha renúncia deixou alguma


cicatriz, mas Deus tem um propósito em tudo.
Hoje, quando entro nos lugares, sempre me certifico de que
entro para sair, não para ficar para sempre. É um pouco complicado,
porque o apego muitas vezes gera um sentimento de posse. Por causa
dele, costumo ser incompreendida e rejeitada, de modo que o amor ex-
pressado no início da nossa chegada vira uma confusão de sentimentos
na saída.
Desde o início, foi fácil aprender a lidar com tudo, desde a es-
cassez até a abundância, mas os piores sentimentos enfrentados nessa
jornada são a solidão e o desprezo.
Na minha primeira viagem para o Brasil como cristã, fui em um
grupo grande com pessoas de vários países — Angola, Portugal, Brasil,
Israel e Estados Unidos. Falava-se inglês, português e hebraico; era mui-
to interessante. Nesse tempo, Deus preparou o caminho para uma mis-
são urbana muito longa. Quando voltei do Brasil, eu já era uma pessoa
completamente diferente.
Dentro do avião, no percurso de ida, o pastor olhou para mim
e as outras duas irmãs que nos acompanhavam e disse: “O pastor local
pediu alguém para pregar que estivesse fora do grupo de pregadores ofi-
ciais, e escolhi tu, irmã Rita. Veja lá! Não diga nenhum disparate que
envergonhe o nome do Senhor Jesus e a igreja em Portugal”. Meu cora-
ção ficou pequenino naquele avião! Respirei fundo e senti um misto de
emoções: choro, alegria, agitação e preocupação.
Chegamos ao Rio de Janeiro, e eu só pensava na pregação.
Fomos muito ministrados! Na ocasião, uma pastora americana foi
usada pelo Senhor para ajustar o meu ministério. Logo depois, fui
pregar ainda nesse estado e também no Espírito Santo. Foi uma mis-
são linda! Sem saber, eu havia experimentado o que seria normal na
minha vida hoje.

39
REPARADOR DE BRECHAS

Aprendi muito em quase todas as áreas! Tive tantos empregos,


mas todos foram estratégicos. Eu questionava a Deus o porquê de traba-
lhar em vários lugares com funções tão diferentes e sem repetição, mas
tudo havia sido milimetricamente pensado por Ele. Hoje, mais madura,
é que compreendo isso. Eu terminei a faculdade e fui logo trabalhar para
uma padaria, enquanto aguardava o meu estágio. Quando ele finalmen-
te foi liberado, renunciei a esse emprego e fui fazer a vontade de Deus.
Comecei fazendo faxina e fui até auxiliar de educação, algo que
não tinha nada a ver com a minha formação, mas que era o início do
meu aprendizado com o Senhor. Tudo aconteceu para que eu pudesse
me movimentar na missão e aprender a Palavra.

40
DA MINHA MANEIRA
OU DA MANEIRA DE
DEUS

Q uantas vezes precisamos nos questionar se queremos as coisas


do nosso jeito ou do jeito de Deus? É o nosso posicionamen-
to que nos levará até a resposta. Todas as vezes em que eu
quis fazer do meu jeito, foi um desastre!

“Quem é como o sábio? E quem sabe a interpretação das coisas? A sabedo-


ria do homem faz brilhar o seu rosto, e a dureza do seu rosto se muda. Eu
digo: Observa o mandamento do rei, e isso em consideração ao juramento
que fizeste a Deus. Não te apresses a sair da presença dele, nem persistas
em alguma coisa má, porque ele faz tudo o que quer. Porque a palavra do
rei tem poder; e quem lhe dirá: Que fazes? Quem guardar o mandamento
não experimentará nenhum mal; e o coração do sábio discernirá o tempo
e o juízo. Porque para todo o propósito há seu tempo e juízo; porquanto a
miséria do homem pesa sobre ele.”
(Eclesiastes 8:1–6)

O Reino do qual fazemos parte tem seu próprio modo de agir.


Não raro, ficamos em situações de grande desonra, desprezo e desrespei-
to. Se não agirmos conforme o Reino que representamos, poderemos ter
dificuldades de perdoar, ficando mergulhados em um mar de amargura.

41
REPARADOR DE BRECHAS

Saiba que a vingança pertence ao Senhor e que toda desonra Ele trans-
forma em dupla honra.
Quantas vezes temos vontade de fluir no nosso achismo ou
de levar a nossa alma para o deserto árido das acusações e das suma-
rizações de problemas? Depois, nos lembramos de que não se trata
mais da nossa vontade, mas da do Pai. Assim, entregamos tudo nas
mãos do Rei dos reis.
Quando temos uma identidade para além da identificação — fala-
remos disso adiante —, nos tornamos representantes do Reino do perdão,
da cruz e do sangue. Essas marcas definem a morte e a ressurreição de Cristo
Jesus. Eu represento o Reino da vontade dEle, não mais da minha!
Quantas vezes dizemos que representamos o Céu, mas nossas
atitudes e posicionamentos não confirmam essa declaração? Sentimos,
ainda inveja, vingança, dificuldade de perdoar, justiça própria… Dese-
jamos e participamos de ataques pelas costas dominados por Amaleque
(Dt 25:17–19) e agimos de muitos outros modos errados. Eu desejo ir
para o céu, mas, se tiver atitudes semelhantes a essas, o caminho pelo
qual estou prosseguindo não terá seu fim com o Rei dos reis, mas no
mais profundo abismo. Tudo isso é sintoma de quem já perdeu o pri-
meiro amor, o temor e a identidade.
Temos vivido um tempo muito complicado. Estamos experi-
mentando sinais da volta do Senhor Jesus, passando por um período
de tristeza, dor, separação. Será que estamos realmente entendendo o
que Deus quer? Quero falar agora sobre uma das coisas que mais nos
desviam do Caminho: a perda da identidade.
Para entendermos melhor, a identidade é um conjunto de ca-
racterísticas que distinguem uma pessoa ou coisa, e por meio do qual é
possível individualizá-la. A identificação é a assimilação de um aspecto,
caraterística ou atributo de uma pessoa ou coisa que permite reconhecê-
-la. Na identidade, somos reconhecidos pelo nome que recebemos, por

42
RITA SALOMÉ

nossas digitais e pelo nosso sangue. Na identificação, somos reconheci-


dos por nossos modos de comportamento e posicionamento.
Um exemplo: eu sou da Igreja Jesus Voltará — essa é uma identi-
ficação. Eu nasci de novo, reconheço Jesus como meu Senhor e Salvador
e tenho o DNA espiritual dEle — essa é minha identidade.
Podemos perder o contato com a nossa identidade por fracassar-
mos em testemunhar para as pessoas quem realmente somos, de modo
que acabamos usando a nossa identificação como uma capa para es-
conder que temos agido da nossa maneira, e não da maneira de Deus.
Para prosseguir em crescer, devemos rever onde temos falhado na nossa
identidade, muito mais do que na nossa identificação. Se apenas apre-
sentarmos marcas e sinais, eles morrerão e serão enterrados com o barro,
mas a nossa identidade trará frutos que farão com que o Senhor escreva
um memorial a nosso respeito que atravessará gerações.
Um exemplo: se perdermos ou esquecermos a nossa documen-
tação, fracassaremos em provar quem somos diante de qualquer órgão
administrativo/eclesiástico ou até diante de alguma situação que nos
exige a prova da identidade. Marcas e sinais da nossa identificação não
conseguirão provar o nosso nome, nosso local de nascimento etc. Assim
é também quando estamos em Cristo! Tendo a Sua identidade em nossa
vida, poderemos com muita tranquilidade testemunhar sobre aquEle
que representamos e, consequentemente, faremos parte de algum grupo
de identificação. Não seremos capazes de expulsar demônios nem ajudar
pessoas apenas dizendo onde congregamos. Se somos de Jesus, por que
fazemos coisas que Ele nunca faria?
Quem tem sua identidade firmada em Cristo representa o Céu,
portanto nossa bandeira tem dois grandes pilares: o sangue e o perdão.
Nossas marcas mostram o que temos dentro do nosso coração.
Quando Jesus dá testemunho de nós, é porque nós damos tes-
temunho da Sua presença em nossa vida, na qual deve haver marcas

43
REPARADOR DE BRECHAS

claras da cruz. Se tivermos apenas a identificação, faremos somente o


que sentirmos no coração, o que nem sempre corresponde com a leitura
real do que se vive.
Exija de você mesmo antes de exigir de outro. Rasgue a sua
alma antes de tentar rasgar a do próximo. Tenho feito isso ao longo
desses anos, e agi desse modo principalmente nos momentos em que
eu não aguentava mais desprezo, abandono e solidão por parte das
pessoas as quais fomos enviados para socorrer. Devo reconhecer que,
em certos pontos, era até por alguma permissividade minha ou fruto
da minha imaturidade.
O maior refúgio que temos é o altar! É lá que rasgo o meu
coração, porque a minha intimidade com Deus vai permitir que a
minha identidade nEle seja fortalecida. Com a chegada da maturi-
dade, tenho sido atalaia nas coisas do Reino, mas também em minha
própria vida e ministério.
Toda palavra liberada por Deus a meu respeito, seja através da
sua Palavra ou de Seus profetas, me sinaliza que haverá o tempo em que
me deslocarei até o vale de Jaboque ou ao deserto, lugares de confirma-
ção da identidade. Se Jesus passou por isso, por que não passaríamos
também? Muitos desistem exatamente nessa parte! Por não esperarem a
confirmação de sua identidade em relação ao seu posicionamento quan-
to à palavra liberada, acabam criticando e atingindo quem foi usado
para falar sem saber da existência desse tempo de provação.
O tempo que vivemos, apesar de difícil, é também muito
profético. A profecia gerada tem sido verdadeira e oportuna, mas não
rompe porque falta altar de oração. É nele que assumimos o DNA
que falará da nossa identidade em Cristo para buscarmos as coisas
que só Ele dá.
Estamos dentro da igreja, mas nos esquecemos de que ainda
assim precisamos fazer escolhas. Usamos um espelho que nos faz en-

44
RITA SALOMÉ

xergar apenas um lado, aquele que nos favorece, não o que serve para
sermos transformados. Vivemos dentro de um jardim fechado, de
modo que não permitimos que a terra seja trabalhada por Deus para
produzir essa transformação.
Não desejamos sair do nosso conforto para não sermos confron-
tados, então acabamos por servir a Deus não tanto pela identidade do
sangue, mas pela identificação daquilo que representa a igreja de Cristo.
Quando somos aperfeiçoados em nossa identidade nEle, passamos a agir
da maneira de Deus e usufruir não apenas de uma mudança, mas de
uma verdadeira transformação.
Em João 14:12, a Bíblia descreve que faríamos obras maio-
res que as de Jesus. Geralmente, muitos querem fazer a obra com
tijolo, não com pedra. Quando é feita com tijolos, os muros serão
construídos com uma adaptação das velhas práticas que eram fortes
na natureza caída. No entanto, quando deixamos Deus fazer com
pedra, somos alinhados, esculpidos e moldados segundo aquilo que
Ele quer e sabe que precisamos.
Em Gênesis 38:1–19, encontramos a história da decadência de
Judá, o quarto filho de Israel, o qual:

• Afastou-se da família
• Usufruiu de jugo desigual (mulher cananeia)
• Caiu em um processo de defraudação (enganado pela nora)
• Prostituiu-se (ficou viúvo e se enlaçou na prostituição)

Judá perdeu sua identidade quando tudo isso aconteceu. Ele co-
nhecia o agir do Deus do pai dele, mas negociou o inegociável — a sua
identidade: o selo, que dizia quem ele era; o lenço ou cordão, que sim-
bolizava quem ele representava; e o cajado, que equivale ao ministério.
Ele foi roubado, assim como tantos de nós somos hoje.

45
REPARADOR DE BRECHAS

Faça uma autoanálise, avaliando como está a sua vida diante de


Cristo. Enquanto eu tentei agir do meu modo, não obtive quase ne-
nhum resultado, meu testemunho não glorificava o Rei dos reis. Ao
longo dos anos, contudo, aprendi que todas as coisas têm o seu início
em Deus, de modo que o meio e o fim também devem estar nEle.
Por morar sempre em países diferentes, quantas atitudes e po-
sicionamentos em relação à minha vida tomei do meu modo? Quanto
arrependimento! Inúmeras orações realizadas, graças a Deus, não foram
atendidas porque pediam mudança, mas sem transformação. Chega
um tempo da nossa vida que não só reconhecemos nosso modo de agir
como também nos policiamos para não voltar a fazer da nossa maneira,
mas sim do jeito de Deus.
Aprendi a perguntar ao Senhor se Ele me acompanharia nas
ações que eu me propunha a realizar. Devido à impulsividade, com
frequência eu não esperava a resposta. Saiba que quanto mais agimos
dentro do nosso pensar, mais erros cometemos e mais devagar as
coisas se desenvolvem.
Você quer viver do modo de Deus ou do seu modo? Escolha o
modo e a maneira de Deus! Quantas vezes eu passei da linha tentando
fazer as coisas do meu jeito, quando o Senhor não estava aprovando. Um
dia, fui trabalhar numa igreja linda e maravilhosa num belo país, mas a
todo o momento eu lidava com um governo jezabélico que daria pro-
blemas para mim. Certa feita, Ele me chamou e disse que o meu tempo
ali havia terminado. Eu não dei ouvidos, mas ainda assim Ele preparou a
minha saída daquele lugar. Eu quis ajudar mais do que devia, não sei se
por zelo ou por querer fazer do meu jeito, então acabei me machucando
e quase entreguei o meu ministério. Minha vida ficou insustentável! Per-
di todas as minhas economias e saí da cidade com “uma mão na frente e
outra atrás”, ferida, arrebentada e frustrada. É terrível quando nos aco-
modamos fazendo do nosso jeito. O preço é altíssimo.

46
RITA SALOMÉ

Preciso admitir que essa situação era cômoda, apesar de eu estar


sofrendo com algum desgaste por causa das viagens e sobrecarregada
por levar tanto fardo dos outros. Acabei me esquecendo de que todas as
coisas devem sempre ser levadas até a cruz e deixadas lá. Eu agi, depois
de certo tempo, dentro desse desgaste. Foi um preço muito alto, mas
não era para ser desse jeito, por isso aprendi a duras penas que, quando o
tempo termina num lugar, devemos nos certificar de que Deus colocou
o ponto final. Quando saímos de uma circunstância sem que o tempo
tenha se findado, podem ocorrer desequilíbrios e condenações muito
grandes. Tudo deve ser feito de acordo com a vontade do Pai, por isso é
de suma importância a intimidade com Ele.
Isso aconteceu porque eu quis fazer do meu modo, mas Deus
não hesitou em indicar-me o caminho de Jeremias 18:2: “desce a casa do
oleiro porque ali falarei contigo”.
A partir do momento em que agimos da nossa própria maneira,
provocamos uma rachadura que vai se tornando um rombo. Sabemos
que Deus não tem uma supercola, pois Ele quebra mesmo e arrebenta
com tudo, afinal somos obra de Suas mãos. Ele já tinha me dado a or-
dem de saída, e eu passei a linha! Preste atenção em Jeremias 18:10: “Se
fizer o mal diante dos meus olhos, não dando ouvidos à minha voz […]”.
Que ousadia foi essa de eu não me atentar às palavras do Oleiro e achar
que tinha depósito suficiente para que Ele continuasse me chamando
e eu continuasse fingindo não ser comigo? Com temor é que escrevo
isso aqui, porque podem pensar que, em nossa renúncia, não há alguns
deslizes. Nós passamos da linha não só pela desobediência, mas também
quando queremos fazer mais do que Ele nos pediu, nos tornando auto-
máticos, não filhos obedientes.
Com misericórdia, Ele voltou a me alertar que eu deveria sair
de onde estava, que meu tempo havia terminado e que o que Ele ha-
via me mandado fazer já estava feito; “Quer eles te ouçam ou não, o

47
REPARADOR DE BRECHAS

seu tempo acabou”. Até agora, nunca saí de um país para o qual fui
chamada para reparar brechas antes de terminar a missão e ter esse
tempo confirmado pelo Senhor.
Uma das maiores provas e conflitos que vivi foi quando morei
na Irlanda do Sul. Eu achava aquele lugar muito desafiador para um re-
parador de brechas. Deus conversava comigo quase todos os dias sempre
que eu saía para caminhar. Na maioria das vezes, isso ocorria debaixo
de chuva, porque lá chove muito quase toda hora. Mas como eu sabia
que Deus falava comigo durante a caminhada, eu saía todos os dias, de
domingo a domingo.
Eu tinha uma vida até boa, simpática, agradável e diferente. Fa-
zia alguns anos que eu praticamente não tinha uma casa, e nesse lugar
pude recuperar rotinas básicas, como cozinhar, limpar, dormir, trocar os
móveis de lugar, mudar as cores da decoração, falar com as panelas na
hora de cozinhar, orar alto, dançar para Jesus, ter um lugar secreto… Es-
sas coisas enchiam o meu coração de muita alegria! Eu ajudava na igreja
e era muito bom! Tudo parecia feito para a minha medida.
Porém, um dia eu acordei diferente, muito desconfiada com o
que estava no meu coração. Para eu permanecer na Irlanda no tempo
em que lá estive, Deus usou profetas para confirmar. Na hora em que
comecei a sentir que o desligamento se aproximava, Ele voltou a usar
Seus profetas para confirmar meu tempo de saída. Eu amo Jesus porque
Ele jamais nos deixa sem resposta!
A experiência de descer à casa do Oleiro sempre vem à nossa men-
te quando estamos diante de uma decisão já com o veredito do Senhor.
Observei toda a situação. Mesmo estando acomodada nesse país de forma
simples, era gostoso poder abrir a porta de casa, tirar o sapato e colocar
o chinelo, cantar na ducha… Então, me lembrei do preço que paguei no
passado quando quis fazer da minha maneira e dei um passo em direção
aos pastores para comunicar que o meu tempo havia acabado.

48
RITA SALOMÉ

Foi uma decisão muito difícil. Quem me conhece sabe que eu amo
desafios, e aquele país era uma bênção nesse sentido. Foi preciso ter cora-
gem, porque era tudo ideal, mas ainda não havia chegado o tempo de me
estabelecer de vez, e a Irlanda não era a nação em que eu devia fixar a minha
residência. Ainda assim, registro aqui a minha gratidão a Deus pela vida dos
pastores locais Cristiano e Kauane, que me fizeram o convite e me honraram
num tempo que foi até curto, mas muito bom. A Irlanda se tornou a con-
firmação da prova que eu passei quando desci à casa do Oleiro por causa de
uma obediência tardia — que, no final, é desobediência!
Acabei saindo de lá com a seguinte experiência: no dia do meu em-
barque, nos demos conta de que o meu voo tinha sido cancelado. Na ver-
dade, ele não existia, já que era um voo sazonal que justamente naquele dia
não estava operando. Ainda no aeroporto, a pastora conseguiu resolver a
mudança da viagem para dois dias depois, de modo que voltamos para casa.
Eu me lembro de ter questionado a Deus sobre a situação, e o si-
lêncio veio como resposta. Com paz no coração, recebi a ligação da pastora
amada do ministério, que dizia: “Consegui resolver a sua passagem, e a se-
nhora precisa embarcar nesse voo, senão não embarca mais. Será o último,
porque a Irlanda vai fechar por conta da pandemia da Covid-19”.
Agradeci a Deus pela resposta e pela confirmação da minha saída
— “último voo”. Louvei a Ele e chorei de alegria porque eu não estava
saindo nem antes e nem depois do tempo exato! A chave para não fazer
da nossa maneira, mas do modo de Deus, sem dúvida, é a obediência
com a submissão a Ele acima de qualquer coisa. O Senhor conhece o
nosso passado, o presente e o futuro; Ele sabe de todas as coisas.
Se Ele o mandou fazer algo, faça. Mandou sentar? Não procure
a cadeira ou o banco, apenas sente. Mandou obedecer? Apenas obedeça,
sem questionar! Quando agimos do nosso jeito, pagamos um preço com
sabor de vinagre, que é bastante amargo. Eu resolvi escolher sempre a
maneira de Deus!

49
A FORÇA DE UMA
CHAMADA

N
a época em que havia escravidão nos Estados Unidos, certo
homem chegou a uma rua movimentada onde estava ocor-
rendo um leilão de escravos. Parou por uns instantes na
periferia do grupo e ficou assistindo à cena. Viu cada escravo ser levado
a um palanque, com braços e pernas amarrados por cordas, como se fos-
sem animais. Exibidos perante a multidão ruidosa, eles eram leiloados
um a um. Alguns dos presentes examinavam a “mercadoria”, pegando
nas mulheres de forma desrespeitosa, e estudando os braços musculosos
dos homens. Depois aquele homem se pôs a estudar atentamente os
outros escravos que, ali perto, aguardavam sua vez de serem negociados.
Seus olhos se detiveram sobre uma jovem que se achava mais ao fundo.
A moça tinha no olhar uma expressão de medo; parecia apavo-
rada. O homem pensou um pouco, e em seguida saiu. Regressou daí a
alguns minutos, exatamente quando o leiloeiro começava a pedir lances
para a jovem que ele observara antes. Assim que o leiloeiro solicitou
lances para a jovem, aquele senhor ofereceu o dobro de todos os outros
preços pagos naquele dia. Por alguns instantes, reinou profundo silêncio
no local.
Em seguida, o leiloeiro bateu o martelo e disse: “Vendida para
o cavalheiro.” O homem dirigiu-se ao palanque, abrindo caminho entre

51
REPARADOR DE BRECHAS

a multidão. Parou ao pé da escadinha e ficou aguardando a moça que


descia para ser entregue a seu novo dono. O oficial entregou-lhe a ponta
da corda a que a escrava se achava amarrada, e ele a pegou sem dizer
palavra. Até então a jovem mantivera os olhos baixos. Mas de repente,
ergueu a cabeça e cuspiu-lhe no rosto. Sem dizer nada, o homem pegou
um lenço e limpou-o. A seguir, sorriu para a jovem e disse-lhe: – Siga-
-me. Relutante, ela se pôs a acompanhá-lo, saindo do meio da multidão,
ele encaminhou-se para a mesa onde eram ultimados os aspectos legais
da transação. Sempre que um escravo era liberto, recebia um documento
denominado “carta de alforria”.
O homem pagou o preço da compra da escrava e assinou os pa-
péis necessários. Assim que o negócio foi concluído, ele se virou para a
jovem e estendeu-lhe os documentos. Grandemente admirada, ela fitou-
-o sem saber o que pensar. Em seu olhar, estampava-se uma indagação:
“O que o senhor está fazendo?” E o homem respondeu à per-
gunta que ela fazia com os olhos.
— Tome, disse ele; pegue esses documentos. Eu a comprei para
libertá-la. E enquanto você estiver de posse desses papéis, ninguém po-
derá escravizá-la. A moça olhava-o diretamente no rosto. O que estava
acontecendo? Houve um profundo silêncio. Afinal, falando lentamente
a jovem indagou:
— O senhor me comprou para libertar-me? O senhor me com-
prou para libertar-me?
E ficou repetindo e repetindo a frase. Por fim, a verdade come-
çou a penetrar em sua mente
— O senhor me comprou para libertar-me?
Seria possível que um desconhecido lhe estivesse concedendo
liberdade e que nunca mais ela viesse a ser escrava de homem? Assim que
a moça compreendeu o significado dos documentos que tinha em mãos,
pôs-se a chorar e caiu de joelhos aos pés do cavalheiro.

52
RITA SALOMÉ

Em meio a lágrimas de alegria e gratidão, disse:


— O senhor me comprou para libertar-me?... De hoje em dian-
te, irei servi-lo para sempre.
Assim é a nossa vida. Todos nós nos achávamos escravizados pelo
pecado antes de encontrar Jesus e por Ele fomos comprados apenas pelo
prazer de sermos amados por Ele. Mas quando o Senhor Jesus derramou
seu sangue na cruz do Calvário, estava pagando o preço de nossa liber-
tação. É a esse fato que a Bíblia chama de redenção.

“No qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segun-
do a riqueza da sua graça.”
(Efésios 1:7)

Era a isso que Paulo se referia quando afirmou: “Porque fostes com-
prados por preço, agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo.” (1 Co 6:20)
A morte de Jesus não foi um acidente. Ele verteu seu sangue
deliberadamente. Tomou a decisão consciente de morrer em nosso
lugar, derramando seu precioso sangue em nosso favor. Ele afirmou
o seguinte a respeito de si mesmo: “Tal como o Filho do homem, que
não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por
muitos.” (Mt 20:28)
Para que Cristo nos redimiu? “Para que o corpo do pecado seja
destruído, e não sirvamos o pecado como escravos” (Rm 6.6) E essa é a razão
pela qual podemos estar “mortos para o pecado, mas vivos para Deus em
Cristo Jesus” (Rm 6:11).
Portanto, vamos alegrar-nos não somente pelos erros de que
fomos remidos, mas também pela vida para que fomos remidos. Fo-
mos libertos da escravidão ao pecado e a Satanás. E fomos remidos
para viver libertos do pecado e para ter uma nova vida em Cristo (2
Co 3:17–18).

53
REPARADOR DE BRECHAS

Quem já foi remido pelo sangue de Jesus pode dizer o seguinte:

“Estou crucificado com Cristo, logo já não sou eu quem vive, mas Cristo
vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no filho de
Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.”
(Gálatas 2:19–20)

O chamado missionário na minha vida


O maior e melhor convite que recebi de alguém foi a cha-
mada de Deus para servi-Lo no campo missionário. Senti-me muito
honrada, e meu único pensamento era relacionado à minha capacita-
ção para tal desafio. Lembro-me de Gideão, quando Deus o chamou.
Sempre reduzimos ao pó o que somos, mas que bom que Ele nos vê
de outra maneira. O nosso amor a Deus não é um assunto insigni-
ficante a ser desprezado, na verdade somos atraídos por Ele, e nos
tornamos aquilo que amamos.
Amar a Deus como eu amo faz com que brotem em mim sonhos
impossíveis de acontecer sem a intervenção divina, a começar pelo nasci-
mento do meu filho, até a minha chamada como missionária e, depois,
como pastora e reparadora de brechas. A cada viagem em aviões, trens,
comboios, barcos e carros, em cada lugar em que estou, tudo é feito com
base num amor incondicional e na gratidão que sinto pela Cruz.
Nesta chamada, a maior dificuldade que tive, logo no início, foi
deixar o tesouro que Deus me emprestou — o meu filho Eduardo —
para trás. Talvez eu tenha sentido um pouco do que o nosso patriarca
Abraão sentiu a caminho do monte Moriá com o seu Isaque.
Em Aveiro, na hora da minha saída para a Suíça, foi dificílimo.
Eu congregava numa igreja que recebia a visita de muitos pastores ame-
ricanos, espanhóis, brasileiros, ingleses, sul-africanos e de outros países.
Em sua maioria, eles eram profetas. Quando visitavam a nossa cidade,

54
RITA SALOMÉ

era sempre ocasião para um grande culto, de modo que havia muito
trabalho. Apesar disso, era recompensador!
Um desses pastores influenciou muito a minha vida como mis-
sionária, o pastor Bob Barker. Nem sei se ele já foi recolhido pelo Se-
nhor, pois perdi o contato. Ele era inglês, e olhar para os seus olhos
azuis, que eram muito penetrantes, era até complicado, pois parecia que
rasgavam a nossa alma totalmente.
Um dia, ele chegou à nossa igreja, e eu tinha gerado muita ex-
pectativa, já que o meu pastor era seu amigo. Em meu coração, eu pen-
sava que, por ser amigo do meu pastor, um homem muito exigente na
Palavra, ele só poderia dizer coisas interessantes de Deus. Eu o ouvia
pregar com a ajuda do tradutor e minha cabeça não parava, olhando
para ele e para seu intérprete. Como meu filho era pequeno e podia
incomodar, eu estava sentada lá atrás, observando e guardando tudo no
meu coração. Lá, eu me enchia da presença de Deus e pedia para que o
Senhor falasse comigo. Ao mesmo tempo, eu pensava: “Ah, sou uma re-
les pecadora, esquisita, rejeitada e desprezada. Quem vai falar comigo?”,
tamanha era minha ignorância. No mesmo instante, o meu pensamento
vagava novamente e eu pensava que Deus tinha mais coisas para fazer do
que me ouvir e atender.
Em dado momento, esse homem profetizou para mim algo sur-
real em relação ao meu filho e à minha chamada: “Estou te separando
para as nações. Te levarei aos quatro cantos do mundo para pregar, res-
taurar a minha igreja. Em muitos lugares, te farei crescer e amadurecer
de tal maneira que muitos olharão para ti como exemplo a seguir”. Meu
coração batia forte, meu corpo tremia, e eu pensava: “Eu? Não é engano,
não? Nem consigo pagar as minhas despesas, como posso dar conta de
viajar? E ainda ir aos quatro cantos? Ah, Deus, só o Senhor poderá rea-
lizar isso”. Naquele momento, me senti como Gideão, quando o anjo se
dirigiu a ele, a menor de todos.

55
REPARADOR DE BRECHAS

Depois desse pastor, veio outro, que ja está com o Senhor, o


Dave Duell, pastor sênior da Faith Ministries Network de Denver, Co-
lorado. A palavra que Deus deu a esse Seu servo para a minha vida se
cumpre até hoje!
Naquele dia 24 de agosto de 2001, na conferência “Uma Odis-
seia na Graça de Deus”, em Aveiro, eu era secretária da igreja e estava
liderando a parte de administração do evento. Esse pastor liderava a
delegação dos EUA para pregar. Foi algo tremendo!
Eu estava atrás do computador e da impressora gerindo tudo
sem me aperceber do que iria acontecer em poucos minutos. Aquele
general do exército do Senhor entrou na sala com uns seis pastores, entre
homens e mulheres. Continuei fazendo o meu trabalho, imprimindo
fotos, papel etc. Ele se aproximou, olhou para mim e sorriu. Eu baixei
os olhos e, no meu coração, pensei: “Uau! Que homem diferente é este?
Que presença! Meu Jesus! Nunca vi e nem senti isso antes.”
Continuei com os olhos fitos no chão, até que meu pastor disse,
em inglês, que eu era a secretária da igreja e que eu fazia quase tudo ali.
Ele respondeu que Deus já havia falado de mim para ele. Naquela época,
meu inglês era fraco, hoje entendo muito mais. Eu orava para perder a
timidez no falar, mas tinha a comodidade de ter alguém do nosso lado
para traduzir.
O início da conferência se deu naquela noite, e quem trouxe a
palavra foi o pastor Dennis Capra, também da Faith Ministries Net-
work. Quando Deus tem planos para conversar conosco, caro leitor, não
adianta correr, porque Ele nos busca onde estivermos.
Eu estava sentada longe do púlpito e atrás do computador. Como
sou baixinha, só se via o meu couro cabeludo entrelaçado. Quando ele
pegou no microfone e disse: “A irmã que está atrás do computador”, eu
me coloquei de pé com uma rapidez enorme! Pensei: “Jesus, sou eu!”
Ele começou assim: “Deus diz: Tu dás e Eu dou, Eu sou teu Pai e tu és

56
RITA SALOMÉ

minha filha, então está na família nos doarmos. Tu não és uma que diz
‘não’ quando as pessoas perguntam se podes fazer algo porque estás a
aumentar a tua capacidade de receber e de dar. Deus diz ‘Maior, maior!
Abre o teu coração para poder receber coisas maiores’. Deus vai começar
a usar os seus dons administrativos e habilidades e vai fazer com que eles
aumentem para que prepares coisas muito grandes. Ele vai fazer com
que tu te vejas como uma pessoa próspera, alguém que está preparado
e posicionado para o aumento. Já não vais pensar em um ministério
pequenino. Estás preparada para isso? Então receba, em nome de Jesus.”
Resolvi escrever essa trajetória profética para que você, caro lei-
tor, saiba que em Deus existe um caminho e um processo. Nada começa
assim, do nada. Passaram-se mais de 20 anos e estou vivendo tudo isso.
A conferência normalmente durava três dias, com muita minis-
tração, ensino da Palavra e revelação profética. A confirmação da palavra
profética dada pelo pastor Dennis Capra veio do pregador da noite de
domingo, dia 26 de agosto, que foi exatamente do pastor Dave Duell.
Eu estava no meu local de voluntariado, servindo com amor e
vigiando o meu filho lindo. De repente, aquele servo de Deus estava
parado na minha frente. Olhei para ele, mas, através dos óculos, quase
não consegui ver nada, pois as lentes estavam embaçadas de tanto que
minha respiração estava ofegante. Ele começou a falar: “Sempre que te
vejo a palavra que recebo é ‘general’, um general com mais autoridade.
Jesus está a colocar em ti cada vez mais autoridade. Na primeira vez que
te vi, vi um general de grandes patentes, que significa autoridade em
Cristo. Foi Deus que te deu e vai aumentar cada vez mais. Todos os que
andarem contigo se tornarão como tu, administradores. Deus te chama
para liderar. Ele te deu favor divino para isso, e as pessoas no teu cami-
nho vão notar isso e vão te respeitar.”
Eu ainda pensei que os pastores Dennis e Dave haviam com-
binado, mas este esteve ausente na sexta-feira, por causa do cansaço da

57
REPARADOR DE BRECHAS

viagem, e soube depois que aquele havia falado a mesma coisa para mim.
Tenho vivido tudo desde então, nos mínimos detalhes. Hoje, viajo para
muitos países, de modo que tenho acumulado muita experiência e pas-
sado para outros tudo o que tenho sido ensinada por Deus.
Algo queima dentro de mim quando chega o tempo de mudar
de lugar, de país e de continente. Para os que ficam, a situação é bem
diferente. A despedida pode ser um “até logo” ou um “até nunca mais”.
Só Deus sabe como somos atingidos por uma carga emocional muito
grande, principalmente quando criamos vínculos fortes com as pessoas
que encontramos e com as quais trabalhamos.
Não raro, nós, missionários, somos incompreendidos, escuta-
mos piadas, chocarrices, mas precisamos a todo tempo manter o foco
em Deus, pois é com Ele que devemos estar conectados para concluir-
mos o mais rápido possível nossa tarefa.
Para mim, a missão se torna mais complicada na hora da saída
do que na entrada. A situação é delicada porque já aprendemos a conhe-
cer as pessoas, então sabemos mais ou menos como elas vão reagir.
A dificuldade com o celular pode ser muito grande! Chegamos
a um lugar e ficamos bem à vontade, as pessoas nos presenteiam com
um número da cidade para facilitar a comunicação. Quase todos os
que de alguma forma estarão envolvidos com o nosso trabalho devem
ter esse contato, mas aqueles que não estarão tão envolvidos assim
devem ser filtrados, o que exige bastante maturidade e discernimento.
Nesse proceder, somos mal interpretados muitas vezes, porque na saí-
da devemos apagar o número e desconectar o celular, de forma a não
criarmos tanto vínculo para não colocar em perigo o trabalho realiza-
do. No capítulo referente à vivência no ministério, estarei dando mais
detalhes interessantes.
Em Isaías 58:12, lemos: “E os que de ti procederem edificarão as
antigas ruínas; e levantarás os fundamentos de geração em geração; e cha-

58
RITA SALOMÉ

mar-te-ão reparador das brechas, e restaurador de veredas para morar.” Este


foi o texto que recebi quando foi me dado o ministério missionário.
Ser um reparador de brechas é muito diferente de ser um
pregador itinerante. O reparador de brechas tem como missão ali-
nhar propósitos que são definidos pelo pastor local conforme a visão
espiritual que recebeu de Deus. Difere também no tempo e no agir
para mudar as circunstâncias.
Normalmente, o itinerante tem um tempo bastante curto, res-
trito a uma agenda de pregações. O reparador também cumpre agen-
das, mas traz um grande valor ao ministério local porque, para além
do tempo de permanência, também auxilia no crescimento de algumas
estruturas da igreja. A intenção do reparador de brechas é auxiliar a
estrutura ministerial junto ao corpo de obreiros, para que a harmonia
entre o pastor e o ministério possa gerar um ambiente de serviço que
proporcione o desenvolvimento da visão para a manifestação da Glória
de Deus.
As atividades de ensino tem o objetivo de atingir o comportamen-
to de todos os obreiros que servem no ministério, ajudando-os a praticar a
visão, facilitando o trabalho para o crescimento orgânico da igreja.

A minha origem: João 3:8


Em 1994, quando aceitei a Jesus como meu único e eterno
Salvador, como a maioria das pessoas, me acheguei muito desgastada
pela má convivência com o mundo, mas Ele me lavou, me limpou e
me libertou para ser esse vaso que sou hoje. Nunca tive mérito ne-
nhum nisso, apenas estou aqui para responder ao chamado de Isaías
6:8: “Senhor, eis-me aqui, envia-me a mim.” Desde então, sou guiada
por João 3:8: “O vento sopra onde quer. Você o escuta, mas não pode
dizer de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todos os nas-
cidos do Espírito.”

59
REPARADOR DE BRECHAS

Não tenho por usurpação ser igual a Deus, quero apenas cum-
prir o chamado dEle na minha vida, me submetendo e sendo fiel em
todo o tempo, até a minha recolha para o céu ou a volta do Senhor Jesus.
Jamais pensei em servi-Lo numa vida de renúncia tão grande como a
que vivo. No máximo, eu pensava em trabalhar dentro de uma igreja,
mas viajar? De modo algum! Isso era o que eu pensava...
Eu e minha irmã mais velha, que ajudou os meus pais na nossa
criação e que sempre teve um carinho muito grande por todos os ir-
mãos, somos muito amigas. Num dos anos em que viajei até Angola,
numa conversa com alguns parentes, quando alguém perguntou o por-
quê de eu estar sempre em viagem, ela fez questão de testemunhar que,
para além de ser missionária e viver para Deus, desde muito nova eu
tinha um sonho de dar a volta ao mundo e conhecer países. Eu nem me
lembrava mais disso!
Deus é lindo! Depois de muitos e contínuos ajustes, o que faço
hoje é viajar para onde é solicitado um “Reparador de Brechas”, a fim
de ajudar na obra, tanto a que já está erguida quanto a que está em fase
de crescimento.

O chamado: Isaías 58:12


O que é um reparador de brechas? Não é um pregador itine-
rante, como falei antes. É um ministro devidamente preparado para
ajudar a restaurar áreas dentro da igreja, para suprir necessidades em
termos de conhecimento e praticidade de departamentos onde exis-
tem dificuldades de crescimento, desenvolvimento e integração. Na
sua forma de ação, o reparador não interfere de maneira nenhuma na
visão dada por Deus ao pastor local para a igreja a qual é chamado
para ajudar.
O Senhor me chamou e tem me treinado ao longo de quase 20
anos para exercer essa chamada. Passei por vários processos de aprendi-

60
RITA SALOMÉ

zado e sou frequentadora da casa do Oleiro de Jeremias 18. Para conse-


guirmos ajudar, passamos por uma escola do Senhor que inclui Bíblia,
busca de dons e uma vida de intimidade e submissão à autoridade de
Deus e à autoridade eclesiástica que nos foi dada por Ele. Uma caraterís-
tica interessante desse ministério é que o reparador costuma encontrar
nas igrejas situações que já superou em Deus, de modo que, por isso, é
capacitado para auxiliar.
O ministério Reparador de Brechas acabou virando uma es-
cola que já nasceu no coração de Deus e que a cada dia ganha forma
e uma grande proporção. Vários cursos são ministrados nas áreas de
libertação, intercessão, com os obreiros e ministros de louvor, acon-
selhamento, estrutura de oração, trabalho com mulheres, restauração
e administração, tudo relacionado com a praticidade e sempre den-
tro da Palavra de Deus.
O Reparador de Brechas, enquanto ministério pessoal, nasceu
em Portugal, na Conselho da Amadora, freguesia de Alfornelos, num
dia de caminhada. Quase no final da tarde, passei por um campo muito
verde e observei que nele havia ovelhas e um cachorro que ajudava a
guardá-las, mas não consegui ver o pastor daqueles animais.
Observando o cenário, o Senhor começou a ministrar ao meu
coração sobre aquela imagem. Ele dizia: “Filha, observe tudo, pare de ca-
minhar”. De repente, uma das ovelhas se destacou como líder e puxava
todas as outras para a estrada, onde passavam muitos carros. Na sequên-
cia, vi um cachorro preto lindo correndo atrás da ovelha que liderava e
percebi que ele tentava retirar a ovelha do comando para dirigir o grupo
para fora do perigo que era a estrada. Foi então que avistei um homem
de estatura baixa que estava de costas para as ovelhas e de frente para um
carro, dando informações ao motorista. Pela posição em que se encon-
trava, ele não conseguia ver o movimento das ovelhas, mas o cachorro as
observava e interviu.

61
REPARADOR DE BRECHAS

Foi a primeira vez que Deus me explicou os motivos por que in-
sistia comigo para cuidar e ensinar obreiros. Eu havia tido um bom trei-
namento com os meus primeiros pastores logo após a minha conversão,
então sempre fui preparada para preparar outros. Acredito que quando
somos chamados por Deus para executar uma tarefa para o Reino, de-
vemos fazer discípulos, pois essa é a nossa comissão. Como sempre fui
orientada nesse sentido, acabei concordando e aceitando o desafio de
Deus para ser uma reparadora de brechas, sem me esquecer das minhas,
vigiando e lutando sempre para fechá-las.
Ainda observando o cenário, vi que o pastor seguia dando in-
formações sem se importar com as ovelhas, mas, na verdade, ele ha-
via treinado aquele cão para ajudar a guardá-las e livrá-las. O Senhor
voltou a falar comigo, dizendo: “Observaste como deve funcionar
um corpo de obreiros? Apesar de ter um pastor que os dirige, quando
ele estiver ocupado, os obreiros podem ajudar a dirigir as ovelhas,
levando-as para fora do perigo. É isso que deves ensinar a todos os
obreiros. Eles devem ser treinados na obediência, na submissão e
no compromisso.” Percebi, com isso, que nunca havia aceitado essa
missão antes porque não a entendia, até que Ele foi me esclarecendo
e trazendo entendimento sobre todo tipo de prova que eu havia pas-
sado até que chegasse o dia de instruir outros. O primeiro curso que
Deus me deu foi o de obreiros.

A estrutura: Salmos 90:12, Isaías 11:2 e


Mateus 6:34

“Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos cora-


ções sábios.”
(Salmos 90:12)

62
RITA SALOMÉ

“E repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de enten-


dimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de
temor do Senhor.”
(Isaías 11:2)

“Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã
cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.”
(Mateus 6:34)

Essas três palavras me auxiliam muito na caminhada, são im-


portantes para a determinação de novos começos. Temos sete dias da
semana. Quando eles passam, findando um ciclo, outro novo recomeça.
O que foi fechado não deve ser renovado.
Precisamos aprender a desfrutar do tempo gerando as coisas
novas que Ele tem para nós. Não é para, a cada semana, repetirmos
tudo de novo, mas iniciarmos um novo ciclo com o novo de Deus para
a nossa vida. Precisamos pedir que Ele nos ensine a contar os nossos
dias a fim de que tenhamos vitória e sejamos dependentes exclusiva-
mente dEle. Se pedimos para ser ensinados, temos de gastar tempo de
intimidade com Ele!
O contar dos dias faz com que fechemos as portas do limite
humano, de modo que bem à nossa frente se abrem as do ilimitado
domínio de Deus! Na vida de missão e viagens, torna-se de suma impor-
tância a dependência total do Senhor no exercício da nossa fé em relação
a Isaías 11:2. Para cada dia, existe a manifestação criativa do Espírito
de Deus. No domingo, primeiro dia da semana, temos o Espírito do
Senhor; na segunda-feira, temos o Espírito de Sabedoria; na terça-feira,
o de Entendimento; na quarta-feira, o de Conselho; na quinta-feira, o
de Fortaleza; na sexta-feira, o de Conhecimento; e no sábado, o Espírito
de Temor do Senhor.

63
REPARADOR DE BRECHAS

Sempre que faço o meu devocional, tento observar essa escritura


que, junto com a armadura de Efésios 6, constrói meu altar de oração.
Tenho aprendido a observar o tempo e os ciclos.
Como lemos em Mateus 6:34, não devemos ter preocupação
excessiva com o dia de amanhã, que pertence a Deus — conhecedor do
nosso futuro! Devemos viver um dia de cada vez, e basta a cada dia o seu
mal. Na missão, isso é fundamental para obter resultados em todas as
tarefas que fomos chamados a executar.
Se formos para a missão pensando primeiro em resultados e con-
quistas, sem analisarmos o que a Palavra diz, entraremos num desgaste
que em nada nos trará recompensas ou vitórias.
É muito difícil estar em países cujas igrejas têm uma conduta
afastada da Palavra de Deus e do ambiente em que estão inseridas. Ao
nos atentarmos para os tempos e ciclos e a sua contagem, percebemos o
quanto é preciso trazer alinhamento entre o que corremos para fazer e o
que é realmente a vontade de Deus.
Diariamente, devemos pedir a presença do Espírito do Senhor e
nos obrigarmos a contar nossos dias, a fim de que encontremos corações
sábios e sejamos vitoriosos em tudo que fazemos. Assim, adquirimos a
disciplina que nos levará a um posicionamento de soldados, e o Coman-
dante do exército nos conduzirá a grandes vitórias.

A capacitação: Êxodo 35:30–35

“Depois disse Moisés aos filhos de Israel: Eis que o Senhor tem chama-
do por nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá.
E o Espírito de Deus o encheu de sabedoria, entendimento, ciência e
em todo o lavor; E para criar invenções, para trabalhar em ouro, e em
prata, e em cobre; E em lapidar de pedras para engastar, e em entalhar
madeira, e para trabalhar em toda a obra esmerada. Também lhe dis-

64
RITA SALOMÉ

pôs o coração para ensinar a outros; a ele e a Aoliabe, o filho de Aisa-


maque, da tribo de Dã. Encheu-os de sabedoria do coração, para fazer
toda a obra de mestre, até a mais engenhosa, e a do gravador, em azul,
e em púrpura, em carmesim, e em linho fino, e do tecelão; fazendo toda
a obra, e criando invenções.”

Um dia, eu estava correndo com os meus afazeres e pensando


em como eu devia escrever este livro. Fui sentindo certo desespero,
porque eu gostava e gosto das palavras, mas nunca tinha escrito um
livro; o máximo que eu escrevia era uma pregação com 15 páginas,
nunca havia passado disso. Eu ficava apavorada quando me diziam
que eu tinha de escrever os ensinamentos que Deus me dava, para
que várias pessoas e gerações estudassem. Eu sentia vontade de sair
correndo e sumir! Contudo, depois de tantas vezes ler esse capítulo
e o livro de Êxodo, percebi a descrição de uma palavra que fala do
poder criativo de Deus.
Comecei a orar e a lembrar ao Senhor sobre Bezalel e Aolia-
be, sobre como Ele havia lhes dado o poder para fazer e criar artesana-
tos para o tabernáculo. Desde então, nunca mais fiquei sem escrever!
Mesmo para trabalhos manuais e tarefas dentro das igrejas que exigem
maestria, eu faço a minha petição baseada nessa palavra. Pouco depois,
consigo fazer o que me é pedido. Portanto, a capacitação vem de Deus e
deve estar de acordo com as Escrituras.
Se não fosse essa dependência do Senhor em tudo, eu jamais
conseguiria ajudar de forma tão maravilhosa nem responder cultural-
mente a tanta variedade de povos, tribos e nações. Só o Deus que conhe-
ce e criou cada um de nós sabe como nos instruir.
Quando chegamos à Itália, por exemplo, tivemos de aprender
que os italianos amam comer separadamente, de modo que os alimentos
são servidos em pratos diferentes. Quando vou ao Brasil, tenho de saber

65
REPARADOR DE BRECHAS

que se pode misturar tudo no mesmo prato, sem nenhum problema. Se


eu viajar para alguns países da África, comer no mesmo recipiente e com
as mãos é educado. Na Europa, comer com as mãos é deselegante e an-
ti-higiênico. É o Pai quem nos ajuda, nos fazendo conhecer e aprender a
agir sem escandalizar ninguém.

A comissão

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.”


(Mateus 11:28)

“Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto,
se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim.”
(João 15:4)

“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.”


(Marcos 16:15)

Esses três pontos são a grande comissão de um vaso de barro que


serve para guardar o tesouro, de acordo com 2 Coríntios 4:7: “Temos,
porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de
Deus, e não de nós.”
Quem quer fazer a obra do Eterno precisa desses três processos
— o vinde, o estar (ou permanecer) e o ide.
Quando chegamos a Jesus, entramos na estrutura do “vinde”, isto
é, estamos a ser chamados e lavados. A seguir, iniciamos o processo de “estar
ou permanecer” onde somos moldados, aprovados e vestidos para a obra.
Depois, geramos o fruto do “ide”, onde seremos ungidos, mas também per-
seguidos. Ao chegar a essa última estrutura, já teremos a nossa identidade
formada e um destino profético que passará pela porta da esperança.

66
RITA SALOMÉ

Ao reparador de brechas, esse processo se torna vivo diante de


qualquer testemunho, convivência, trabalho, visita etc. Não basta que ele
seja um vaso de barro, é preciso ter profundidade, porque na superficiali-
dade existe um derramar de azeite que não cumpre o desígnio para o qual
foi destinado por existir uma discrepância entre o recipiente e o conteúdo.

O Propósito: Lucas 10:2

“E dizia-lhes: Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos;


rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara.”
(Lucas 10:2)

Uma mulher de Deus, minha amiga e intercessora, certa vez me


enviou esta letra, que recebeu enquanto orava por mim no seu altar secreto.

“Menina dos olhos de Deus


Seu amor por mim ultrapassa as barreiras das minhas fraquezas
Seu amor por mim me perdoa e traz um novo recomeço
Pois antes que eu tivesse vida
Tu já me geravas em tuas entranhas
E me chamava pelo meu nome... RITA!!!

Em oração, ouvi essa canção sobre você, pastora, em 20/11/2020, à noite.”

O que está escrito me define, e essa mensagem ainda veio no dia


do meu aniversário! Foi um presente e tanto! É dessa maneira que eu me
sinto diante do meu Senhor.
Ser convidada por Deus para fazer missão é uma honra que será
registrada no memorial que está sendo escrito por Ele a meu respei-
to. Certamente, passará para a minha geração futura. Apesar de tantas

67
REPARADOR DE BRECHAS

tempestades, tormentas, perseguições, acusações, calúnias e difamações,


nunca desisti, ainda que fosse desprezada, incompreendida e rejeitada
por quem eu tinha sido enviada, meu amor por Jesus me faz prosseguir!
Amo Jesus acima de qualquer coisa. É um grande prazer ser-
vir-Lo até que eu seja por Ele recolhida! Participar dessa grande seara
garante a escritura do meu nome na palma da mão de Deus. Sinais desa-
parecem com a morte do homem, mas, antes de ele ser enterrado, essas
marcas produzem linhas que dão origem ao seu memorial diante dEle.
Existe uma tinta usada na caneta de Deus que se chama honra. Esta
levará o Senhor a escrever um testemunho no seu memorial.
Tantas vezes, achamos desnecessário honrar pessoas, mas tudo
que fazemos deve ser feito não só com amor, mas também com honra,
a qual é transferida como uma semente para gerar frutos aos nossos
descendentes.

“Jesus lhes deu esta resposta: ‘Eu lhes digo verdadeiramente que o Filho não
pode fazer nada de si mesmo; só pode fazer o que vê o Pai fazer, porque o
que o Pai faz o Filho também faz.’”
(João 5:19)

Eu dou honra e recebo honra, meus filhos receberão honra por-


que eu semeei honra. Repito: Deus, por causa da honra, escreverá o meu
memorial, que atravessará gerações. A seara é grande! Participar dela é
fazer o que Jesus viu o Pai fazer — amar o homem de tal maneira e se
entregar para o resgate de muitos. Eu e você precisamos amar ao ponto
de dar tudo para Ele sem esperar nada em troca.

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QUEM VOCÊ É DEIXA
MARCAS

Q uase sempre, recebo feedbacks depois da minha passagem


pelos vários países para onde sou enviada. As marcas que dei-
xamos nesses lugares devem fazer com que as portas perma-
neçam abertas. Talvez, seja este o maior desafio: trabalhar com o nosso
testemunho de tal maneira que as pessoas possam ver a presença do
Senhor Jesus a todo o momento.
Quando geramos vidas, tanto no natural como no espiritual,
nos tornamos responsáveis pelo impacto do nosso testemunho e do nos-
so posicionamento nas pessoas. Então, é muito importante identificar
falhas de comportamentos e atitudes que poderão não só nos afastar de
Deus, como ainda influenciar negativamente quem está à nossa volta,
incluindo nossos familiares.
O nível de renúncia é grande e deve ser observado sempre. Apesar
do trabalho que faço estar frequentemente relacionado com o espiritual, ele
produz resultados também no natural. Por essa razão, influenciam não só o
lugar onde realizo o trabalho, mas se prolongam de tal forma que deverão
permanecer escritos não só em quem passa pela transformação, mas tam-
bém como um testemunho que serve de herança para as futuras gerações.
Antes de continuar, vamos ler algumas passagens que nos ajuda-
rão a ter um melhor entendimento.

69
REPARADOR DE BRECHAS

“Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece.”
(Eclesiastes 1:4)

“Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis


tudo o que quiserdes, e vos será feito.”
(João 15:7)

“Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para
que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto
em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda.”
(João 15:16)

“Desde agora ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas


do Senhor Jesus.”
(Gálatas 6:17)

Existem três tipos de marcas que podemos deixar na nossa gera-


ção. Ou não deixamos marca nenhuma, agindo apenas como observa-
dores, de modo que jamais seremos lembrados; ou deixamos marcas ne-
gativas e somos meros participantes; ou deixamos marcas positivas com
o testemunho de Jesus na nossa vida, sendo lembrados como pessoas de
compromisso, envolvidas e convictas em Cristo.
Que marcas você quer deixar para a sua geração? Como que-
remos ser lembrados? Essas são perguntas que devemos fazer para nós
mesmos, inclusive para podermos ver ou não o peso e a importância
das nossas atitudes e posicionamentos maduros ou imaturos diante das
situações que vivemos.
Analisemos mais profundamente as marcas que podem surgir na
nossa vida. Podemos ser lembrados como:

70
RITA SALOMÉ

Observadores
Normalmente, quem observa está sempre do lado de fora das
situações. Essa pessoa também paga para ver se vai dar certo ou não.
Temos, na Bíblia, a história da restauração dos muros de Jerusa-
lém. Havia um trio que causou muitos problemas a Neemias: Samba-
late, o horonita; Tobias, o amonita, e Gesém, o árabe (Ne 2:19). Todos
nós conhecemos quem se assemelha a esses três homens — são pessoas
que só querem ver o circo pegar fogo, mas não fazem nada para apagar o
incêndio. Colocam peso, mas não renunciam. Estabelecem regras, mas
não as cumprem.
O observador é distinguido por três características:

A) Ele é ciumento e pretensioso

“Lhes desagradou extremamente que alguém viesse a procurar o bem dos


filhos de Israel.”
(Neemias 2:10)

B) Ele é crítico, zombador e caluniador

“O que ouvindo Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo Amonita, e Ge-


sém, o árabe, zombaram de nós, e desprezaram-nos, e disseram: Que é isto
que fazeis? Quereis rebelar-vos contra o rei?”
(Neemias 2:19)

Quem fica do lado de fora de qualquer tipo de luta só critica e


zomba dos que estão na batalha.

71
REPARADOR DE BRECHAS

C) Ele é sarcástico

“E estava com ele Tobias, o Amonita, e disse: Ainda que edifiquem, contu-
do, vindo uma raposa, derrubará facilmente o seu muro de pedra.”
(Neemias 4:3)

Ele tenta, de todas as maneiras, abater a nossa fé, nos distraindo


do real foco de Deus sobre o que estamos fazendo.

Participantes
Esse é o que faz de conta que está, mas não está; é o caso típico
de Ananias e Safira (At 5). O casal estava na igreja, acompanhava a vida
de seus irmãos, mas não tinha envolvimento ou compromisso.
Lucas menciona o fato de Barnabé ter vendido o seu cam-
po e ter depositado o valor da venda aos pés dos apóstolos. Então,
Ananias e Safira resolveram, de comum acordo, imitá-lo, mas sem
compromisso.
A pessoa que somente participa também pode ser reconhecida
por três características:

A) Fogo de palha
É apenas entusiasmo e mais nada. Pedro era assim, no começo
de seu apostolado.

“Mas Pedro, respondendo, disse-lhe: Ainda que todos se escandalizem em


ti, eu nunca me escandalizarei.”
(Mateus 26:33)

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RITA SALOMÉ

“Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Dizem-lhe eles: Também nós vamos conti-
go. Foram, e subiram logo para o barco, e naquela noite nada apanharam.”
(João 21:3)

Na mesma hora em que canta, levanta as mãos e bate palmas, faz


oração com voz trêmula e cheia de piedade, também é capaz de dizer:
“Não dá mais! Vou pescar.”

B) Religiosidade maquinada
Costuma-se dizer, na sabedoria popular, que “quem vê cara não
vê coração”. O crente participante não vai além de uma religiosidade
maquinada; é a religião da marca, do status, da grife, dos modismos; que
quer púlpito, mas sem ter altar etc.
No grande sermão de Jesus, Ele proclamou:

“Nem tudo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas
aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão
naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu
nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas mara-
vilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de
mim, vós que praticais a iniquidade.”
(Mateus 7:21–23)

C) Sem fidelidade
Para Tiago (2:17): “Assim também a fé, se não tiver as obras, é
morta em si mesma.”
Não basta estar participando, tem de ser envolvido e comprome-
tido. Quem participa não tem raiz de pertencimento, usufrui apenas da
identificação, mas sem identidade.

73
REPARADOR DE BRECHAS

“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Toda a vara em


mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que
dê mais fruto”.
(João 15:1–2)

Davi viu o observador e o participante. Quando os soldados do


Deus vivo tinham de enfrentar Golias, seus irmãos e o próprio exército
tinham essas características. Simea, Eliabe e Abinadabe observavam e par-
ticipavam, mas não eram comprometidos e convictos. Eles eram soldados,
tinham uniformes e armas, mas lhes faltava o principal: a convicção da
guerra. Assim, acabaram amedrontados por uma criatura (Golias), se es-
quecendo de que, quem havia permitido a existência do gigante era exata-
mente o único Deus que eles representavam como Seu povo aqui na Terra.
Quantas vezes isso se repete em nossas vidas? Permitimos que
essas duas marcas alcancem as nossas atitudes enquanto representantes
do Reino porque não aplicamos o que está escrito em Romanos 12:1–2:

“Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos


corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto ra-
cional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados
pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a
boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.”

Isso faz com que a nossa satisfação seja apenas na identificação


baseada naquilo que somos, não numa identidade direcionada pelo que
vivemos e representamos.

Convictos, Comprometidos e Envolvidos


Esses estão por dentro de tudo e pagam o preço por suas convic-
ções; renunciam, sem fazer reciclagem.

74
RITA SALOMÉ

Normalmente, queremos ser vasos do Senhor, mas não quere-


mos ser quebrados. Davi saiu do pasto para o palácio, e Nabucodonosor
saiu do palácio para o pasto. O nosso caminho e nossas atitudes definem
nossas escolhas. Humildade, submissão e obediência a Deus produzem
reis, a soberba gera loucura. Analise sua marca!
Até quando continuaremos escolhendo Barrabás? Fazemos isso
por enfrentar dificuldades, como o urso, leão e Golias? Costumo pregar
que o urso pesa quase 750 quilos; o leão, 250; e Golias, 150. A maior
luta enfrentamos no início da caminhada, mas ela é parte de um treina-
mento. Não devemos desistir diante dos obstáculos que surgem! O urso
era bem mais pesado que o leão, e Golias bem mais alto! Tão alto que
seria quase impossível falhar! Nossa essência não está em quem somos
fisicamente, mas na nossa convicção. Aquilo que cremos levantará sobre
nós a mão da vitória ou da derrota.
Simea, Eliabe e Abinadabe, irmãos de Davi, eram soldados
do exército do povo escolhido, mas não tinham a convicção de quem
Deus era.
Quantas vezes damos desculpas pela nossa falta de atitude, di-
zendo que nos faltam oportunidades? Veja como Deus agiu e transfor-
mou situações porque havia pessoas com confiança e convicção!

1) Para um tempo como este (Rainha Ester)


“[…] quem sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino?”
(Es 4:14b). O decreto de morte virou festa.

2) Entra e fecha a porta (Viúva)

“Então entra, e fecha a porta sobre ti, e sobre teus filhos, e deita o azeite em
todas aquelas vasilhas, e põe à parte a que estiver cheia. Partiu, pois, dele,

75
REPARADOR DE BRECHAS

e fechou a porta sobre si e sobre seus filhos; e eles lhe traziam as vasilhas, e
ela as enchia.”
(2 Reis 4:4–5)

3) Vai tudo bem (Mulher rica sunamita)

“Agora, pois, corre-lhe ao encontro e dize-lhe: Vai bem contigo? Vai bem
com teu marido? Vai bem com teu filho? E ela disse: Vai bem.”
(2 Reis 4:26)

Destacamos três marcas numa pessoa convicta e comprometida


com Jesus:

A) É convicta
Ester era assim. Suas fortes convicções não a deixaram fugir do
seu compromisso. Sua vida era mais do que um corpo físico que atraíra
Assuero; Ester era uma vocação, um dom de Deus, um carisma que o
Senhor usaria para livramento de Seu povo.
Quem tem convicção não olha para trás, não foge de suas obri-
gações: “E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para
trás, é apto para o reino de Deus.” (Lc 9:62)

B) Não faz reivindicações para si


O seu negócio é satisfazer aquele que a chamou. Como está es-
crito em 2 Timóteo 2:4: “Ninguém que milita se embaraça com negócios
desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra.”
Este era o compromisso de Ester: salvar o seu povo do exter-
mínio programado por Hamã, não usufruir dos prazeres e favores da
corte persa.

76
RITA SALOMÉ

“Vai, ajunta a todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim,
e não comais nem bebais por três dias, nem de dia nem de noite, e eu e as
minhas servas também assim jejuaremos. E assim irei ter com o rei, ainda
que não seja segundo a lei; e se perecer, pereci.”
(Ester 4:16)

Paulo, em Atos 20:24, se posiciona como Ester: “Mas de nada


faço questão, nem tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra
com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para
dar testemunho do evangelho da graça de Deus”.

C) É altruísta
É alguém que pensa no bem-estar de outros, não no seu,
como lemos anteriormente em Ester 4:16 e, agora, em João 11:11:
“Assim falou; e depois disse-lhes: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou
despertá-lo do sono.”
O comprometimento de Jesus com o Pai visava salvar Suas ove-
lhas, não a própria vida.
Jeremias se expressou assim: “Esquadrinhemos os nossos caminhos,
provemo-lo e voltemos para o Senhor.” (Lm 3:40)
Quando progredimos na trajetória que estabelecemos para nós mes-
mos, não nos preocupamos tanto com as interrogações da vida, mas quando
atingimos o alvo e ainda não estamos satisfeitos, os questionamentos come-
çam a surgir. Muitas vezes, não nos sentimos realizados e perguntamos:

• Quem sou eu?


• Por que existo?
• Isso é tudo o que existe?
• Se sou bem-sucedido, por que me sinto mal?

77
REPARADOR DE BRECHAS

Se não atingimos nosso alvo, nossa lista se torna mais longa


ainda:
• Por que eu, Deus?
• Se me amas, onde estás quando preciso de Ti?
• Por que não me abençoas?
• Como isso pode acontecer comigo?

Depois de tudo analisado, descobrimos que o maior defeito do


homem é não saber examinar a sua vida. O crente deve buscar a Deus de
forma a decidir qual atitude tomar diante das circunstâncias. Você será
um observador, um envolvido ou um participante?
Em Gálatas 6:17 está escrito: “Desde agora ninguém me inquiete;
porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus”. Aqui, Paulo fala das
suas marcas, e nós, seguindo o seu exemplo, podemos deixar algumas
delas também.

1ª Marca: Seja radical em Deus, não


negocie sua unção! (Nm 22–24)
Ser radical em Deus pode ser confundido com extremismo ou
radicalismo, mas é simplesmente viver dependente dEle em tudo, fazen-
do do seu relacionamento com o Senhor o tempo mais precioso e útil da
sua vida, sem quebrar princípios e valorizando a Palavra.
Não negociar a unção é outra marca de quem é radical em Deus.
Como podemos negociar algo que não é nosso? Isso é roubo! A unção é
do Pai e está ligada à cruz, autoridade, fidelidade, obediência e submis-
são. Negociar isso significa renunciar valores e princípios que norteiam
o caráter e um bom nome, então não valerá o esforço. Bom é viver e
morrer com a esperança firme em Deus.

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RITA SALOMÉ

2ª Marca: Rompa com a história que


pode impedir a sua chamada!
(2 Rs 21:24; 2 Cr 33:25)
Quantas vezes nos tornamos acomodados com as situações
porque não queremos romper com vivências que, de bênçãos, vira-
ram pedras de tropeço? Ou por causa do que as pessoas poderão pen-
sar? Fazemos vista grossa para certas coisas e, assim, só impedimos o
agir de Deus.
Como eu tenho vencido nessa área! Eu ficava muito acabada
quando trabalhava com algumas pessoas e elas saíam da minha vida. Eu
procurava meus erros e falhas sem perceber que era o tempo de Deus.
À medida que fui crescendo, passei a discernir que tudo era plano do
Senhor para me fazer crescer. Hoje, sou bem resolvida com isso.
Nas passagens referenciadas neste tópico, você pode ler a história
do rei Josias, um dos bons reis de Judá. Diferentemente de seu pai e avô,
ele prezou pelo culto ao verdadeiro Deus. O cronista escreveu que no
oitavo ano de seu reinado, ou seja, quando tinha 16 anos de idade, o
rei “começou a buscar o Deus de Davi, seu pai” (2 Cr 34:3). O avô e o pai
do rei Josias tinham sido reis muito ruins, que se dedicaram ao pecado e
à idolatria, mas Josias foi diferente.
Ele poderia ter seguido a referência familiar, mas decidiu romper
com esse legado e escolheu o rei Davi como seu descendente e referên-
cia. Portanto, desde jovem dedicou-se a servir a Deus e decidiu liderar
seu povo pautado na obediência a Ele (2 Rs 22:1–2).

3ª Marca: Siga a visão, não a vista! (Gn 13)


Esta marca é muito importante, porque quando seguimos a vis-
ta, normalmente nos enganamos ou somos enganados. Esteja atento.
Não se iluda com o que vê hoje, porque amanhã a mesma imagem, com
a mesma origem, mudará e resultará numa grande desilusão.

79
REPARADOR DE BRECHAS

Agora, colocando o foco na visão, é importante gerar expec-


tativas nas coisas que Deus tem não só a nosso respeito, mas também
em relação a sonhos e ministério. Obtemos confiança quando nossa
visão está fundamentada na Palavra, assim viveremos o agir de Deus
em sua plenitude.
Em Gênesis 13, vemos a escolha de Ló. Os pastores de Abrão
se envolveram em uma discussão com os pastores de Ló porque eles ha-
viam prosperado muito e a terra já não comportava todo o gado. Abrão
apazigua tudo dando a primazia da escolha ao sobrinho. Por causa do
que via, este escolheu as campinas do Jordão, que eram verdes e mara-
vilhosas, mas que carregavam um decreto de morte e destruição. Abrão
simplesmente seguiu o seu caminho porque já sabia que o importante
da escolha era a presença de Deus.
Se o Senhor for conosco, mesmo no deserto, seremos livres e
viveremos bem, porque a nossa visão estará focada nEle, não no que
vemos. Ló acabou destruído porque focou no que sua vista observava,
não na visão que Deus havia dado para aquele momento.

4ª Marca: Submissão com obediência!


Quantos de nós somos obedientes, mas insubmissos, ou submis-
sos, mas desobedientes?

“Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por
vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com ale-
gria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros.”
(Hebreus 13:17)

A obediência e a submissão em Genesaré fazem com que Pedro,


através da palavra liberada por Jesus, se submeta de tal forma que o
trabalho fracassado de uma noite se tornou um milagre tão grande que

80
RITA SALOMÉ

gerou frutos e originou a promessa de que Pedro deveria se preparar para


ser pescador de homens.

“E aconteceu que, apertando-o a multidão, para ouvir a palavra de Deus,


estava ele junto ao lago de Genesaré; E viu estar dois barcos junto à praia
do lago; e os pescadores, havendo descido deles, estavam lavando as redes. E,
entrando num dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um
pouco da terra; e, assentando-se, ensinava do barco a multidão. E, quando
acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao mar alto, e lançai as vossas redes
para pescar. E, respondendo Simão, disse-lhe: Mestre, havendo trabalhado
toda a noite, nada apanhamos; mas, sobre a tua palavra, lançarei a rede. E,
fazendo assim, colheram uma grande quantidade de peixes, e rompia-se-lhes
a rede. E fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco, para
que os fossem ajudar. E foram, e encheram ambos os barcos, de maneira tal
que quase iam a pique. E vendo isto Simão Pedro, prostrou-se aos pés de Je-
sus, dizendo: Senhor, ausenta-te de mim, que sou um homem pecador. Pois
que o espanto se apoderara dele, e de todos os que com ele estavam, por causa
da pesca de peixe que haviam feito. E, de igual modo, também de Tiago e
João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. E disse Jesus a Si-
mão: Não temas; de agora em diante serás pescador de homens. E, levando os
barcos para terra, deixaram tudo, e o seguiram.”
(Lucas 5:1–11)

Eu trabalho, na maioria das vezes, com grupos de obreiros, e o que


mais se vê é a obediência sem submissão, principalmente com relação à
autoridade delegada pelo pastor presidente. Essa é uma das áreas que mais
custa reparar por causa dos muitos achismos. Quantas vezes eu vejo a pes-
soa até obedecendo forçadamente, mas, em seguida, tendo atitudes que de-
monstram que foi uma obediência em partes, sem submissão.

81
REPARADOR DE BRECHAS

5ª Marca: Quebre vínculos com o pecado


escondido — idolatria, alma atribulada,
morte espiritual e prostituição
Devemos fazer a nossa parte. Quem tirou as ataduras de Lázaro?
“E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu rosto
envolto num lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o, e deixai-o ir.” (Jo 11:44)
Com a graça libertadora de Jesus, podemos confiar que Deus
faz a Sua parte e que somos fortalecidos para fazer a nossa. Precisa-
mos desistir de ter pecados não confessados e de esperar que a graça
de Deus nos livre sem que façamos alguma coisa para desatar essas
ataduras. Qualquer um dos pecados citados no título deste tópico e
mesmo outros devem ser quebrados. Precisamos de um verdadeiro
arrependimento.
O pecado escondido funciona igual a um barco com um bu-
raco no casco do lado da casa das máquinas. Ainda que as máquinas
alcancem grande velocidade, o buraco continua permitindo a entrada
de água, fazendo com que, num tempo determinado, a velocidade das
máquinas não seja suficiente para trabalhar. É melhor consertar e di-
minuir a velocidade para reajustá-las do que acelerar e ir para o fundo.
Precisamos quebrar vínculos malignos para ter acesso a lugares altos em
Deus, de intimidade, oração, revelação, profecia, pregação etc.
Tantas vezes já profetizaram para mim que eu tinha segredos
com Deus, e é verdade! Ter segredos com Ele é um privilégio e uma
exclusividade que qualquer um pode ter, basta que faça dEle o primeiro
e único na sua vida, colocando-O acima de tudo. Decididamente, não
vivo sem Ele!
Com todos os meus erros, a Sua fidelidade e cuidado me
constrangem. Como não segui-Lo? Como não amá-Lo? Não tenho
palavras para descrever nossos segredos de intimidade. Assim como
você, caro(a) leitor(a) casado(a), não expõe sua intimidade para nin-

82
RITA SALOMÉ

guém, a não ser para o seu cônjuge, assim sou eu e todos os que se
dedicam a buscá-Lo!

6ª Marca: Seja produtivo no reino como


Abraão, José, Samuel, Davi e Paulo
Algo me chama a atenção nesses homens: todos eles estão vin-
culados ao mesmo propósito de amar a Deus acima de qualquer coisa e
servi-Lo. Essa é a marca que mais se evidencia na minha vida enquanto
reparadora de brechas; cometemos erros e falhamos, mas o meu foco
está ligado ao propósito de servir e amar a Deus acima de qualquer coisa.
Esses homens deixaram grandes legados que se tornaram estra-
tégias. Quando seguidas e desenvolvidas debaixo da ação do Espírito
Santo de Deus, produzem grandes resultados e inúmeras conquistas.
Destacamos, abaixo, marcas na vida desses homens de Deus.

A) Abraão, pai da fé
Foi justificado por Deus pela fé, que resultou em obediência e
provas de amor. Sua jornada, relatada em Gênesis, começou quando o
Senhor lhe disse “saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de
seu pai, e vá para a terra que Eu lhe mostrarei” (Gn 12:1). Nesse momen-
to o profeta tinha 75 anos e se chamava Abrão. Ele creu, e isso lhe foi
imputado como justiça (Gn 15:6). Pela fé, Abrão deixou a terra da sua
parentela e confiou em Deus.
De Harã, Abrão partiu com toda sua família à terra de Canaã. No
caminho ao Egito enfrentou fome e perigo de morte, mas depois pôde se es-
tabelecer na planície de Hebrom. O Senhor mudou seu nome para Abraão,
que significa “pai de muitos”, e lhe prometeu que seus descendentes seriam
incontáveis como as estrelas. Por meio dele, seriam abençoadas todas as na-
ções da Terra. Por meio de sua descendência viria o Messias, Jesus Cristo.

83
REPARADOR DE BRECHAS

B) José, o sonhador
José foi o décimo primeiro filho de Jacó, mas o primeiro filho de
Jacó com a sua esposa favorita, Raquel. A história de José é encontrada em
Gênesis 37–50. Após o anúncio de seu nascimento, a próxima vez que le-
mos sobre José é como um jovem de dezessete anos retornando de pastorear
o rebanho com seus meios-irmãos para dar a Jacó um relatório ruim deles.
Também nos é dito que Jacó “amava mais a José que a todos os seus filhos,
porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica talar de mangas compridas”
(Gn 37:3). Os irmãos de José sabiam que seu pai amava a José mais do que
a eles, o que fez com que o odiassem (Gn 37:4). Para piorar as coisas, José
começou a relatar seus sonhos à família — visões proféticas que mostravam
José, um dia, governando sobre eles (Gn 37:5–11).
A animosidade em relação a José chegou ao cume quando seus
irmãos planejaram matá-lo no deserto. Rubén, o mais velho, se opôs ao
assassinato e sugeriu que jogassem José em uma cisterna, pois planejava
voltar e resgatar o menino. Entretanto, na ausência de Rubén, alguns
mercadores passaram e Judá sugeriu vender José à escravidão; os irmãos
realizaram a tarefa antes que Rubén pudesse resgatá-lo. Os meninos pe-
garam o manto de José e, depois de mergulhar o manto no sangue de
cabra, enganaram o pai para que pensasse que seu filho favorito fora
morto por feras (Gn 37:18–35).
A maior marca de José, que fez com que ele cumprisse o pro-
pósito de Deus, foi o perdão. O plano divino envolvia sua venda como
escravo, mas seu propósito era não deixar morrer o povo que tinha como
herança a terra.

C) Samuel, o milagre que virou profeta (1 Sm 1:20–24)


Samuel nasceu de um ventre de milagre. Ele veio para estabe-
lecer uma estrutura profética e sacerdotal que tinha sido destruída pela
estrutura de desonra do sacerdote Eli e de seus filhos.

84
RITA SALOMÉ

O testemunho de Samuel é um dos mais fortes do Velho Tes-


tamento. Ele cresceu com Deus, e sua fidelidade e integridade geraram
frutos que trouxeram grande alinhamento a reis. Saiba, leitor, que a nos-
sa vida pode estar a ser estabelecida como exemplo para alguém que não
acredita em mais nada e cuja estrutura familiar e espiritual já se encontra
destruída ou inexistente.

D) Davi, o rei que foi tirado de trás das malhadas


Nome de origem hebraica (Dawidh) significa “o amado, que-
rido, preferido”. Davi é o mais conhecido dentre todos os reis bíblicos
e foi o segundo rei do reino unido de Israel. Foi sucessor de Saul, após
a rejeição deste por Deus (1 Sm 13:13–14). Conquistou Jerusalém e a
tornou na capital religiosa de Israel, levou para lá a Arca da aliança (2
Sm 6) e organizou os serviços de adoração. Ajuntou e preparou materiais
para a construção do templo do Senhor.
Antes de se tornar rei, o jovem Davi, foi pastor de ovelhas,
músico, poeta, escudeiro e um grande guerreiro. Lutou contra urso
e leão para defender suas ovelhas (1 Sm 17:34–35), mas ficou gran-
demente conhecido por vencer o gigante Golias, sendo ainda ado-
lescente, com apenas uma pedra e sua funda (1 Sm 17:45–50). Davi
foi um excelente guerreiro, vencendo inúmeras batalhas à frente do
povo de Deus.
Dos muitos dons que possuía, como músico e poeta Davi
compôs inúmeras orações (2 Sm 2:18–29), salmos, hinos de louvor
e súplica, sendo por isso considerado um dos mais famosos salmis-
tas da Bíblia. Todos os feitos de Davi revelavam o seu amor, obe-
diência e dependência ao Senhor Deus. Foi considerado por Deus
como um homem segundo o seu coração, cumpridor da sua vontade
(At 13:22). Apesar de ter vacilado no caso com Bate-Seba (2 Sm 11),
Davi se arrependeu das suas falhas e buscou perdão e salvação do Se-

85
REPARADOR DE BRECHAS

nhor (Sl 51). Da descendência de Davi veio Cristo Jesus, o Salvador


do mundo (Jo 7:42).

E) Paulo, de perseguidor a perseguido e


marcado por e para Jesus
Paulo, o apóstolo dos gentios (não judeus), foi uma das perso-
nalidades mais influentes do cristianismo do primeiro século. Podemos
dizer que até os dias de hoje ele é uma figura muito importante do cris-
tianismo, porque foi responsável por escrever boa parte no Novo Testa-
mento. Ele era um perseguidor do cristianismo, ele perseguia a igreja,
indo de casa em casa, arrastava homens e mulheres e os lançava na prisão
(At 8:3; At 9:1–2), Paulo também consentiu com o apedrejamento e
martírio de Estevão (At 7:58). Para o louvor e para a glória do nome
de Jesus, no caminho da cidade de Damascos, Paulo foi alcançado pelo
Senhor Jesus (Atos 9:3–19), foi chamado para o ministério apostólico,
como Paulo mesmo se define como aquele que nasceu fora do tempo e
menor dos apóstolos (1 Co 15:7–9). O ministério de Paulo e suas cartas
influenciam a Igreja até os dias de hoje.

Todos eles têm marcas relevantes que servem de exemplo de


conduta e posicionamento. Como esses homens, precisamos crer sem
recuar. Eles foram livres e venceram todas as dificuldades e provas no
Senhor porque confiaram.

7ª Marca: “Eu faço aquilo que vejo meu


Pai fazer”; custe o que custar,
seja fiel até o final (Jo 5:19–20)
Dizemos que somos do Reino, mas tantas vezes fazemos coisas
que não pertencem ao Reino que representamos… Penso que a maior
crise que nós, cristãos, estamos enfrentando é a santidade sem santifica-

86
RITA SALOMÉ

ção. Temos negociado nossos valores a custa de coisas que aparentemen-


te são benéficas para o crescimento espiritual, mas que não passam de
estratégias de distração e atraso.
Por causa da imaturidade, copiamos alguns modismos que só
nos distanciam da intimidade com o Senhor e nos levam a comporta-
mentos infrutíferos; ficamos perdidos dentro da nossa “razão”. Semea-
mos coisas e posicionamentos que não expressam a vontade de Deus,
mas, como queremos a imagem da vitrine, desde que dê plateia e aplau-
sos, imitamos quem tem uma imagem que parece exemplar, mas que, a
fundo, apresenta uma nudez total em relação a testemunho, vivência e
compromisso real com as coisas do Reino.
Precisamos analisar friamente se tudo o que temos feito seria
realizado por Jesus. Se não temos o “sim” de Cristo e da palavra de
Deus, por que prosseguir? Por que nos desgastar, quando podemos
entrar no altar secreto e simplesmente pedir para que a vontade dEle
se cumpra em nós?
Desejo ser lembrada pela convicção do chamado e por ter
aceitado o convite de Jesus para servi-Lo, mas também pela renúncia
que fiz por amor a Ele. Não é fácil, mas a vida que escolhi não foi
pensando apenas num legado de herança natural que qualquer um
pode deixar, independentemente de conhecer a Deus ou não. O que
mais importa para mim é deixar para as gerações que iniciei com o
meu filho uma herança geracional, de modo que serei lembrada pela
renúncia de colocar Jesus no primeiro lugar da minha vida. Quero
deixar para elas princípios de fidelidade e confiança em Deus. Tudo
começa nEle e deve terminar nEle.

87
REPARADOR DE
BRECHAS
O PODER DA
ESCOLHA E DA
DECISÃO

M
aior que esse poder é reconhecer as situações em que
nos encontramos e que direcionam as nossas atitu-
des diante das circunstâncias. No tempo em que vi-
vemos, precisamos discernir em que ponto estamos e qual é a nossa
responsabilidade sobre nossas decisões e escolhas, senão podemos
nos perder do propósito.
Analisemos a palavra de Lucas 15.

A ovelha (versículos 3–7)

“E ele lhes propôs esta parábola, dizendo: Que homem dentre vós, ten-
do cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa
e nove, e vai após a perdida até que venha a achá-la? E achando-a, a
põe sobre os seus ombros, jubiloso; E, chegando a casa, convoca os ami-
gos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a mi-
nha ovelha perdida. Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um
pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que
não necessitam de arrependimento.”

91
REPARADOR DE BRECHAS

A dracma (versículos 8–10)

“Ou qual a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma dracma, não
acende a candeia, e varre a casa, e busca com diligência até a achar? E
achando-a, convoca as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo,
porque já achei a dracma perdida. Assim vos digo que há alegria diante
dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.”

O filho (versículos 11–14)

“E disse: Um certo homem tinha dois filhos; E o mais moço deles disse ao
pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a
fazenda. E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu
para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolu-
tamente. E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande
fome, e começou a padecer necessidades.”

Três situações servem de alerta dentro da igreja, por isso vale a


pena abordar. Elas se relacionam com as escolhas que fazemos, e o resul-
tado delas pode ser o distanciamento do Pai.
Este é um tempo de despertamento, portanto é oportuno escre-
ver sobre Lucas 15. Como reparadora de brechas, é crucial falar de esco-
lhas e decisões. Estas são as três circunstâncias descritas nesse evangelho:

1) A ovelha que se perde junto do Pai


2) A dracma que se perde dentro da casa do Pai
3) O filho que escolhe se afastar do Pai

Em Lucas 23:33, lemos: “E, quando chegaram ao lugar chama-


do a Caveira, ali o crucificaram, e aos malfeitores, um à direita e outro

92
RITA SALOMÉ

à esquerda”. Assim, vemos o poder de escolha e a responsabilidade do


livre-arbítrio. Cristo estava presente, sabiam quem era Ele, mas houve a
liberdade na escolha — o malfeitor da direita se dirigiu a Jesus sabendo e
reconhecendo quem Ele era, já o da esquerda, para além de não escolher
o caminho do Reino dos céus, ainda blasfemou contra Cristo.
Dentro da casa do Pai, a todo o momento passamos por isso.
O fato de Jesus estar presente não quer dizer que não tenhamos de
fazer escolhas.

“E um dos malfeitores que estavam pendurados blasfemava dele, dizendo:


Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo, e a nós. Respondendo, porém, o ou-
tro, repreendia-o, dizendo: Tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma
condenação? E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os
nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez. E disse a Jesus: Senhor,
lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. E disse-lhe Jesus: Em ver-
dade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.”
(Lucas 23:39-43)

1) A ovelha se perde junto ao Pai


Quantos posicionamentos e atitudes nos fazem crer que ainda
estamos juntos das 99 ovelhas? Depois de ler e analisar o que está escrito
aqui, faça uma busca para saber qual foi a última vez que você viu Jesus.
O “psiu” é um dos sons que desviam a nossa atenção da voz do
Pai e nos leva para longe com tamanha rapidez que não percebemos!
Antes, íamos com as demais ovelhas para a casa do Pai, salmo-
diávamos juntos, orávamos e jejuávamos. Quando, de repente, ouvimos
uma voz diferente, um “psiu” que nos seduziu e começou a nos direcio-
nar a ficar em casa, arranjar compromisso em dia de culto, a nos levar a
ter atitudes que nos fazem quebrar princípios; outros perdidos também
se juntam, e aí começam as conversas: “Tanto culto, tantas idas à igre-

93
REPARADOR DE BRECHAS

ja… Eu acho exagero! Assisto on-line e vai tudo bem, é a mesma coisa.
Quando não posso, vejo a gravação”. Tudo vai parecendo normal, mas já
não estamos mais no caminho do céu. Pegamos um desvio que nos tirará
da porta estreita e nos conduzirá à larga.
Por causa disso, já não conseguimos ouvir mais o Pai, a Palavra;
já não usamos mais os nossos ouvidos (ouvir o Espírito), passamos a
usar as orelhas (escutar o mundo); não usamos mais nossa visão, mas os
olhos; nem o nosso ventre, mas a barriga; e até a nossa mente é esqueci-
da, de modo que passamos a usar a nossa cabeça. Assim, abandonamos
o Espírito e passamos a andar apenas na nossa própria vontade, na von-
tade do mundo.
No lugar em que nos distraímos, logo se levanta uma fortaleza
para nos impedir de encontrar o caminho de volta ao Pai. Entretanto,
o céu se move para buscar a ovelha que se perdeu! O Senhor cria uma
estrada através da oração, intercessão, jejum, aconselhamento e louvor,
trazendo à memória o percurso de volta em pleno caos da perdição, fa-
zendo com que o que se perdeu seja estabelecido novamente.

2) A dracma perdida – Se perde dentro


da casa do Pai
Se nos perdemos pela distração, isso já é algo terrível, mas imagi-
ne perder o que o Pai nos confiou dentro da casa dEle? Muitos são cha-
mados, mas poucos são escolhidos. Todos nós somos chamados para ser
frutíferos, mas são escolhidos os que seriamente desejam a submissão,
o compromisso, a obediência, constância, salvação, cura e libertação.
Já viu tudo isso ser entregue em nossas mãos e simplesmente se perder?
A dracma não é colocada nos pés, mas está nas mãos. A Pala-
vra não descreve um homem possuindo dez dracmas, mas uma mulher,
tipificando a Igreja, e as moedas, os ministérios e dons que Deus nos
concede. As mãos simbolizam o recebimento da parte de Deus, são o

94
RITA SALOMÉ

lugar físico e visível do que se aceita com o coração e que se declara com
a boca.
Depois de perdida a dracma, é necessário acender a candeia para
procurá-la, o que nos leva ao seguinte:
Quando perdemos o que Deus nos confiou, precisamos da luz
de Jesus e necessitamos varrer, isto é, limpar toda a sujidade, para en-
contrarmos o que já havia se perdido. O único que pode fazer isso é o
Senhor. Com a Sua luz, Ele vai nos limpando de todo o pecado que deu
origem à perda da dracma.
Talvez, você já tenha largado ou está pensando em largar a
dracma — que está associada ao seu ministério ou chamada — por
causa do cansaço e do desgaste, mas largue tudo o que está fazendo
agora, ore e peça perdão a Deus por ter deixado essa moeda cair. Que
Ele restitua tudo o que foi deixado por conta dessa perda! Depois,
chame suas amigas e conte a novidade! “Achei a minha dracma”, a
mulher declarou, e você pode fazer o mesmo, reencontrando a sua
responsabilidade com as almas que Jesus confiou a você. Ore: “Hoje,
me arrependo de tudo, e não só confio em Jesus, como também es-
colho servi-Lo e fazer a Sua vontade.”

3) O filho pródigo escolhe se afastar do Pai


Esse filho escolheu se afastar do Pai, pediu a sua herança e foi
viver dissolutamente. Esta palavra se refere a quem queria experimentar
de tudo, sem regras. Quantos de nós, reparadores ou líderes, atendemos
diariamente a mães e pais que chegam tristes e desesperados porque seus
filhos, criados no Evangelho, resolveram viver longe da casa do Pai em
libertinagem e até mesmo desregradamente?
Com frequência, escutamos relatos de jovens dizendo: “Nasci
em um lar cristão, sempre vivi dentro da igreja, mas agora é tempo de
experimentar um pouco do mundo”. Dependendo da profundidade

95
REPARADOR DE BRECHAS

desse mergulho, o retorno é até pior que o do filho pródigo. As cir-


cunstâncias podem ser terríveis! Saiba, portanto, que, se não consegue
suportar algumas coisas, é melhor fugir!
Deus é o início, o meio e o final de tudo; todas as coisas são e
foram feitas por Ele e para Ele. Somos enganados quando pensamos que
sem Ele é melhor.
O filho pródigo provou o que não convinha e fez o que não lhe
era lícito. Saiba, contudo, que o Senhor está com a mão estendida para
perdoar você e começar seu processo de restituição.
Se você se distraiu com o mundo, se descuidou e se perdeu den-
tro de casa ou resolveu se afastar do Pai, volte! Se está lendo estas palavras
e sente que é para o seu coração, agora é o seu momento, não adie mais!
Não existe pular etapas. Saiu? Retorne. Caiu? Levante-se. Afas-
tou-se? Volte! Este é o tempo dessas escolhas! Igreja, por favor, crie um
caminho para que essas pessoas sejam bem recebidas. Não as use como
exemplo e nem deixe que se sentem no último banco da igreja, porque
na última vez que você as viu sentadas ali, elas desapareceram por muito
tempo. Encoraje-as, abrace-as e ajude-as a trocar as vestes.
O cair é do homem, mas o levantar é de Deus. Um dia, preci-
samos da mão de alguém, enviado por Jesus, para nos ajudar a levantar.
Não devemos abrir a porta para aqueles que voltaram saírem de novo,
porque poderemos prestar contas disso diante de Deus.

96
O FOGO QUE REVELA
A AUTENTICIDADE

O
fogo que revela a autenticidade começou, em minha vida,
logo no início da minha conversão, quando precisei ser ali-
nhada pelo Senhor para perceber o tanto de ajustes que pre-
cisava por causa do meu caráter e personalidade.
Depois de um tempo congregando, soube que meu pastor pre-
cisava de uma secretária que o ajudasse a resolver situações diárias tanto
na igreja como em seu ministério pastoral.
Em uma noite de culto normal, havia três fileiras vazias onde eu
estava, e a ocupação das pessoas se iniciava na quarta delas. Ninguém havia
se sentado à frente, e como eu estava com uma criança, procurava sempre os
lugares mais distantes para não perturbar. Excepcionalmente, o pastor pediu
que os irmãos se sentassem mais próximos ao púlpito e me chamou, junto
com o meu filho. Só eu fui e me sentei na segunda fileira.
O pastor terminou de pregar e, como era de hábito, foi fazer os
anúncios. Há três semanas, ele perguntava se alguém ali poderia traba-
lhar na secretaria. Eu ficava calada, e Deus falava com ele que a pessoa
que procurava estava dentro da igreja. Ele insistia com Deus e teimava
dizendo que não estava, porque nunca respondiam ao seu pedido.
No fim desse culto, ele voltou a falar de novo, e eu pensava:
“Deus me livre! Tanta fofoca e hipocrisia aqui. Vou é ficar caladinha”.

97
REPARADOR DE BRECHAS

Contudo, depois de repetir o anúncio, ele se virou para olhar para o


lado da sala contrário ao que eu me encontrava — lá estava cheio desde
a primeira fila até a última.
Enquanto ele procurava quem estivesse de mão levantada, eu
observava a cena. De repente, meu braço se levantou sozinho! Fiquei
na luta para abaixá-lo e não consegui de jeito nenhum! Só depois que o
pastor olhou para mim foi que eu fiz isso. Ele começou a falar: “Há três
semanas eu pergunto, você escuta e não faz nada! Foi preciso eu pedir
a Deus para me mostrar?” Eu, assustada, fiquei tentando entender, mas
aceitei, não tinha jeito — eu era a única que tinha me disponibilizado,
ainda que involuntariamente.
Comecei na secretaria da igreja num local alugado e trabalhava
lá quando podia. Foi aí que começou o fogo na minha vida. Diaria-
mente, havia novidades, desde queixas contra mim até os erros que eu
cometia ao transcrever as músicas para o Datashow.
Foi um tempo difícil demais, durante o qual todas as minhas
idealizações de que era legal trabalhar numa igreja foram se distan-
ciando. Agora, estou em condições de dizer que o saco do treino do
pugilista dentro de uma igreja se chama, de um lado, esposa do pas-
tor, e do outro, secretária.
Mesmo quando não havia nenhum caso forte para lidar, logo algum
era criado e dava “pano para manga”… Ambiente de arca de Noé mesmo.
Tudo caía na minha conta: irmãos que achavam a música alta; sonhando
cada vez que dormiam e crendo serem sonhos “de Deus”; querendo saber
por que eu me vestia de forma estranha; outros que achavam que tinham
sempre razão… Apesar de tudo isso, foi um lugar de muitos desafios e cres-
cimento, pois todas as provas pelas quais passei serviram para extrair o orgu-
lho dos meus poros e colocar a essência de Jesus em mim.
Outro fogo que passei foi quando recebi meu irmão mais novo
de Angola para morar comigo. Foi um tempo de muita alegria e gozo!

98
RITA SALOMÉ

Acolhi-o enquanto era um adolescente. Nossa amizade era linda! Meu


filho se espelhava nele por ele ser um jogador exímio de basquetebol,
herança que meu primogênito herdou.
Ele estava na igreja, era líder de jovens, fazia um trabalho lin-
do de evangelista, amava almas e vivia sempre atrás de alguém para
falar de Jesus. Conviver com ele foi uma das experiências mais fortes
da minha vida.
Eu o amava como um filho. De repente, o Senhor começou a
sinalizar que o tempo dele na Terra seria curto. Quando chegavam pro-
fetas na igreja, eles se dirigiam a mim e falavam de um longo caminho.
Quando chegava a vez dele, era só assim: “Grande evangelista, homem
de Deus”… Um dia, ele me perguntou: “Mana, por que Deus não fala
mais para mim? Será que Ele não me ama?” Eu respondi: “Que nada,
menino! Teu ministério é tão grande que está escondido nEle por causa
da inveja”, ainda não sabendo que cedo iríamos nos separar.
O verão de agosto de 2000 foi dificílimo! Tínhamos uma ca-
chorra pequena que começou a ter convulsões. Ele correu para so-
corrê-la, mas, como a amava muito, pedi que a levasse ao veterinário.
Ele demorou muito para voltar, de modo que fiquei preocupada.
Quando finalmente chegou, olhei para seu rosto e já senti alguma
coisa estranha. Ele perdeu as forças e deixou a cachorra cair no chão.
Segurei-o pelo braço e levei-o para dentro, enquanto ele gemia com
uma febre altíssima.
Desesperada, liguei para a mãe dele, já que ele era meu irmão
por parte de pai, e contei o ocorrido. Alertei-a de que o estava levando
para o hospital porque a situação não estava legal.
Chamei uma amiga, o colocamos no carro e fomos com ele
já desmaiado. Aquele meu irmão nunca tinha tido nem mesmo uma
gripe, por isso fiquei em estado de choque! Por fim, aguardamos o
diagnóstico.

99
REPARADOR DE BRECHAS

Primeiro, foi dito que era malária e que tinham dado um remé-
dio para a febre, mas ela não baixava. No meu coração, eu me lamentava
muito, sem entender o que realmente estava acontecendo. Poucos mi-
nutos depois, a mãe dele chegou, nos chamaram de novo e nos disseram
que iriam mandá-lo para o Hospital Universitário de Coimbra, um dos
melhores da Europa.
Fomos acompanhados pelo corpo de bombeiros até lá. A partir
desse episódio, o Senhor sempre me dizia: “Filha, prepara o seu cora-
ção”. Chegamos ao hospital depois de uma hora de viagem. Com urgên-
cia, os médicos chamaram a mãe dele, e veio a bomba: não era malária,
era uma leucemia mieloblástica aguda.
Várias pessoas da igreja estavam conosco ali. Perdi o sentido de
tudo e comecei a gritar, desesperada: “Deus, me escuta, ele só tem 21
anos! Por favor, cure ele, para podermos testemunhar”.
Ele ficou internado por 21 dias. Nesse tempo, fizemos tudo o
que podíamos. Três dias antes de ele ser recolhido pelo Senhor, tive um
sonho com seu funeral. Eu não aceitava isso de jeito nenhum!
Quando ia visitá-lo no hospital, ele avisava a todo mundo que eu
estava chegando e que não queria que eu o visse sem cabelo, então não
o deixava cair, mesmo com a quimioterapia. Certa vez, fui vê-lo com a
“Lili”, e ela lhe disse: “Evaldo, melhora logo, para eu cozinhar tudo de
que gostas”. Ele olhou nos olhos dela e respondeu: “Para onde eu vou,
não poderei mais comer a tua comida”. Ela começou a chorar e se afas-
tou dele. Naquele mesmo dia, meu irmão foi colocado em isolamento
por causa da imunidade.
Passados os 21 dias, num sábado, eu estava em Coimbra en-
saiando com o ministério de louvor para o aniversário de casamento dos
nossos pastores, quando ele me ligou do quarto do hospital: “Mana, eu
tô te ligando para te dizer que eu não aguento mais”. Eu comecei a gri-
tar para ele tocar a campainha e chamar o médico, mas ele disse: “Não,

100
RITA SALOMÉ

mana, não dá mais. Estou indo”. Atirei o meu celular no chão e comecei
a gritar! Todo mundo me abraçou e começou a clamar.
Neste momento, um missionário norte-americano estava em
casa e Deus o mandou ir ao hospital porque o meu irmão queria vê-lo
antes de partir. Eles eram muito amigos. Quando chegou lá, meu irmão,
que já estava ligado ao respirador, se levantou e se arrastou até o vidro
do quarto, tocou sua mão ali, despediu-se do nosso amigo em lágrimas,
voltou para a cama, sorriu e fechou os olhos.
A amiga que tinha me levado para o ensaio me perguntou
se eu queria ir até o hospital, mas eu disse que não porque sempre
o colocavam no oxigênio. De regresso a casa, ainda na estrada, meu
outro irmão ligou para o celular da minha amiga dizendo que Evaldo
havia sido recolhido. Pedi para que ela parasse o carro imediatamen-
te, porque não conseguia respirar. Eu gritava tanto que os carros iam
parando um atrás do outro para tentar me ajudar. Não havia consolo
possível para aquela dor!
Quando chegamos à casa da mãe dele, o desespero tomou conta
de todos. O pior era encarar o meu pai e o meu irmão mais novo que
tinham vindo da África para doar a medula óssea. O sonho que Deus
tinha me dado se cumpriu.
Havia quase 500 pessoas no cemitério em Aveiro para o funeral.
No meu sonho, era o nosso pastor a fazer o funeral, depois o padre da
escola onde ele estudava também se juntava ao cortejo. Como ele viveu
evangelizando, todos que ali estavam tinham o ouvido falar sobre Jesus.
A médica e uma das enfermeiras foram o seu prêmio no dia em que a
carruagem do Senhor passou para buscá-lo.
Depois desse tristíssimo acontecimento, começou um burburi-
nho na igreja de que eu era culpada pela morte do meu irmão porque,
segundo eles, eu o deixava passar fome. Sofri tantas acusações! Na rua, as
pessoas trocavam de calçada para não me cumprimentar, porque criam

101
REPARADOR DE BRECHAS

que eu é que devia ter morrido, não meu irmão, uma pessoa tão boa.
Cansada de tudo isso, cheguei à igreja um dia e pedi ao pastor que con-
cordasse comigo em oração. Era tanta gente falando que eu era a culpa-
da, que achei melhor orar, já que eu havia lido na Palavra que Deus se
vingava por causa de sangue inocente derramado.
Houve uma pessoa que mencionou que havia sonhado e recebido
uma revelação de Deus relacionada a mim, dizendo que eu era culpada. Era
tanta acusação, que resolvi falar com o pastor para buscar uma solução.
Orei com o pastor para que, se eu tivesse o sangue inocente do
meu irmão nas mãos, que naquela noite mesmo Ele me buscasse, assim
as pessoas podiam ficar contentes com a vingança. O pastor me pergun-
tou “mas que coisa é esta?”, mas acabou concordando com o “amém”.
Cheguei em casa, tomei banho, banhei meu filho e me vesti com
uma roupa limpa e elegante para ser enterrada. Esperei toda a noite até o
amanhecer e nada! Levantei-me e fui para a igreja. Lá, o pastor pergun-
tou: “Não morreu? Ah, meu Deus, é cada uma!” Até ali, eu não tinha
entendido de onde havia partido aquele sonho e a dita revelação de que
eu estava sendo acusada.
Meu espanto foi descobrir que foi uma pessoa íntima, que fre-
quentava a minha casa, me acompanhava para a igreja, comia junto e
com quem eu estava sempre em comunhão que havia tido o sonho e a
revelação supostamente de Deus e os espalhou para todos os irmãos.
Quando eu estava trabalhando na igreja, me apareceu uma irmã aos
prantos e confessou que também tinha propagado aquele veneno. Ela
havia ido até a mãe do meu irmão para contar que era eu a culpada!
Graças a Deus, a mãe dele entendeu a situação e mandou todos se acal-
marem porque o falecimento dele não tinha nada a ver comigo.
Quantas vezes eu chorava diante de Deus e virava noites por
causa não só da morte, mas também das acusações de algumas irmãs.
Aprendi, contudo, a perseverar.

102
RITA SALOMÉ

Antes de partir, meu irmão deixou um caderno escrito com tudo


que Deus havia mostrado para Ele, algo tremendo! Ele deixou até a
homenagem que queria fazer aos pastores na ocasião do aniversário de
casamento deles.
Não foi fácil prosseguir sem ele, meu companheiro de oração, e com
o meu filho apresentando traços fortes no coração, comportamentos que in-
dicavam muita saudade e até questionamentos sobre o porquê seu tio havia
partido assim, de repente. Ele sofreu muito com a ausência do meu amado
irmão. Foi preciso ter muita força, fé e confiança em Deus para prosseguir.
Esse processo começou com a partida do meu irmão e terminou quando
consegui perdoar todas as acusações que foram feitas contra mim.
Cresci e amadureci dentro da igreja até ser chamada para a mis-
são e começar a trabalhar para reparar brechas. Portugal foi o país da
minha capacitação e treinamento, do fogo que revelou a autenticidade
do chamado de Deus na minha vida, onde se iniciou o grande caminho
em que permaneço até hoje. Creio que seguirei nele até a hora que o
Senhor me recolher.
Outra experiência forte foi a subida ao “monte Moriá”. Um dia,
todos aqueles que amam a Deus acima de tudo terão que fazer essa su-
bida. Assim como foi com Abraão, também será com aquele que decidir
entregar tudo nas mãos de Deus e passar por esse fogo que arde sem se
ver e que nos motiva a não desistir, apesar das circunstâncias.
Fui chamada para a missão muito cedo, depois de cinco anos
de conversão, em abril de 2004. Eu poderia falar de muitas coisas e dos
muitos trabalhos em que Deus me usou, mas o que marcou foi a minha
saída para o primeiro país com residência missionária. Ainda hoje, guar-
do no meu coração as palavras do meu filho: “Mãe, não te esqueças que
eu estou aqui e que sou teu filho, assim como eu jamais me esquecerei
que és a minha mãe. Lembra-te, a minha mãe não chora.” Foi muito
difícil mesmo!

103
REPARADOR DE BRECHAS

É preciso amar a Deus acima de qualquer coisa para fazer isso.


Volto sempre a Portugal para ensinar, ministrar e ajudar amigos amados,
e essa nação tem sido um marco muito grande na minha trajetória.
O fogo que revela a autenticidade está ligado à confirmação da
nossa identidade em Cristo e àquilo que cremos nEle.
Observemos o caso de Daniel na cova dos leões. Até ali, ele tinha
dado provas de que era um homem temente a Deus, mas ninguém havia
ainda confirmado a sua identidade como tal. Não basta só dizer “eu sou
de Jesus” ou ter uma identificação de pertencimento da igreja da qual é
membro, é preciso ter identidade nEle.
Daniel é um exemplo de confirmação de identidade. Identifica-
ção ele já tinha — era judeu e, como tal, Deus abençoava tudo o que
passava pelas suas mãos. No entanto, era necessário que fosse confir-
mada a sua identidade: “Então estes homens disseram: Nunca acharemos
ocasião alguma contra este Daniel, se não a acharmos contra ele na lei do
seu Deus.” (Dn 6:5) Essa foi a pequena chama que se acendeu para que
a autenticidade desse personagem fosse confirmada.
Em Daniel 6:16, lemos: “Então o rei ordenou que trouxessem a Da-
niel, e lançaram-no na cova dos leões. E, falando o rei, disse a Daniel: O teu
Deus, a quem tu continuamente serves, ele te livrará.” Esta última fala do rei
a Daniel ativa a fé de entrada para o processo: “O teu Deus, a quem tu con-
tinuamente serves, ele te livrará.” Ele entrou na cova sabendo que Deus o
tiraria de lá! O Criador deu uma ordem a sua criação para que Daniel não
fosse tocado. Pela manhã, o rei foi ver se ele tinha sobrevivido, e a resposta
foi sua identidade confirmada: “Então Daniel falou ao rei: Ó rei, vive para
sempre!” (Dn 6:21) Podemos até dizer que servimos a Deus, mas nossa
identidade de servos só aparecerá quando passarmos pelo fogo.

104
RITA SALOMÉ

Recentemente, meus colegas de curso da universidade criaram


um grupo de WhatsApp e me acharam. Eu ainda estava na Irlanda, e foi
hilário explicar a minha profissão, mas foi gratificante. “Rita, trabalhas
em quê e onde?”, enchi a minha boca de amor e respondi: “Sou pastora
missionária e a minha área de trabalho é o mundo, os quatro cantos da
Terra. Para onde Deus mandar, eu vou.” Logo me perguntaram: “O
que fazes?” Falei: “Eu ajudo pessoas em todas as áreas em que tenham
dificuldades!”
De repente, vim para o Brasil e eles estranharam: “Mas ainda há
dias estavas na Irlanda. Em plena pandemia, como vais para o Brasil?
Que coragem!” Respondi: “Vou com Deus!” A minha maior alegria é
ser livre para falar da minha vida com Jesus! Sou feliz naquilo que faço
e busco cada vez mais fazer a Sua vontade, porque nela eu me realizo!
Este foi o capítulo mais desafiador. Algumas das muitas lem-
branças do “fogo que revela a autenticidade” me fizeram percorrer um
corredor que estava guardado nas minhas memórias. Divido tudo isso
com você para que possa entender em Deus que tudo tem um processo
com início, meio e fim. Todas as coisas cooperam para o bem daqueles
que amam a Deus. Minha gratidão a Ele por todos esses processos e
pelos que ainda vou passar até o dia do fim, ou da minha história, ou da
vinda do Senhor Jesus.

105
A BELEZA EM MEIO À
PROVA

A
beleza na prova acompanha um reparador de brechas.
Quando chegamos a algum lugar ou igreja, sabemos que
as circunstâncias jamais darão o parecer final de como tudo
vai terminar depois da reparação. Por essa razão, nossa absoluta confian-
ça vai para quem nos direcionou até aquele lugar e que também nos fará
sair de lá — Deus.
Não quero escrever sobre beleza física, apenas, nas próximas li-
nhas, mas quero me referir à beleza em meio à prova, que define as vitó-
rias que já foram estabelecidas através da cruz de Cristo.

“Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegrará no meu


Deus; porque me vestiu de roupas de salvação, cobriu-me com o manto
de justiça, como um noivo se adorna com turbante sacerdotal, e como a
noiva que se enfeita com as suas joias.”
(Isaías 61:10)

Com frequência, estabelecemos metas na nossa vida para al-


cançarmos objetivos que, aos nossos olhos, exigem posicionamen-
tos que nos custarão esforços. Como estamos focados, não paramos
até atingi-los.

107
REPARADOR DE BRECHAS

Estamos vivendo um tempo de luta, turbulência, dia mau e


tempestade forte; nosso Rei está nos permitindo passar por essas situa-
ções para nos fazer subir de nível nEle e alcançar as promessas que já
nos foram atribuídas.
No início de 2020, escutamos profecias que foram taxadas
de falsas devido às circunstâncias de um ano tão atípico. Observe o
detalhe: no ano duplo 1010, não existíamos no físico, apenas no co-
ração de Deus. Em 3030, muitos já não existirão na Terra, e aqueles
que escolherem o céu estarão diante do Pai, caso o nosso Rei Jesus
não volte antes.
Aprouve ao Senhor estarmos vivos em 2020 e 2021, os quais
estão sendo muito duros e difíceis, mas em que também podemos re-
velar a beleza do Pai durante a prova. O tempo é profético, a profecia
é verdadeira, mas a manifestação dela exige que testemunhemos em
quem temos crido e mostremos ao mundo a razão da nossa fé, que nos
faz resistir e persistir diante das dificuldades.
A beleza na prova resume-se ao nosso agir diante das situações
que são permitidas por Deus, mas que servirão para a confirmação da
nossa identidade e submissão da nossa identificação. Essas atribuições
serão amadurecidas no tempo e na forma como somos e com que cuida-
mos do plano e do chamado divino para nós.
Qual beleza as pessoas, neste momento, poderão ou podem ver
em nossa vida?
As linhas que se seguem foram escritas em detalhes para as lei-
toras e falam sobre como tempos de turbulência nos trazem limites que
devem ser monitorados pela força do nosso testemunho. Faremos uma
análise mais detalhada, com exemplos femininos, para haver um melhor
entendimento do que não pode fazer parte de nós ou que atrapalha a
nossa beleza.

108
RITA SALOMÉ

1. Eva (“E chamou Adão o nome de sua mulher Eva; por-


quanto era a mãe de todos os viventes.” Gn. 3:20)
Apesar de ter sido geradora de vidas, de ter nascido da costela de
Adão e de ser a mãe da humanidade, Eva conversou com a serpente e se-
guiu os seus conselhos. Não podemos ter na nossa vida esse tipo de com-
portamento, que acabará por destruir a beleza do nosso testemunho.
Eva conversou com a mentira, falsidade, duplicidade de perso-
nalidade, com a falta de postura, a desobediência e, no final, caiu numa
armadilha que a levou para o campo escorregadio da “meia verdade”.
Tudo começa com a contaminação. Depois, passa para o acordo, a defe-
sa e, por fim, estamos amando o pecado. Para edificarmos nosso bezerro
de ouro, é um passo! Tome cuidado!

2. A mulher de Ló (“Lembrai-vos da mulher de Ló.” Lc 17:32)


Que beleza tem a mulher de Ló? Ela foi vítima de desobediência.
Ló se separou do seu tio Abraão por causa de uma briga entre os pas-
tores de ovelhas. Por causa da concupiscência dos olhos, Ló escolheu as
campinas verdes sem consultar a Deus. Ele se mudou para Sodoma e,
no início, era um homem respeitado, até se sentava no lugar de honra
na porta da cidade.
Não encontramos relatos mais específicos da mulher de Ló, a
não ser que toda a sua família recebeu a ordem de não olhar para trás.
Por desobedecer, ela virou uma estátua de sal. Ló até tentou salvar os
seus, mas seus futuros genros não acreditaram nele.
Estes são pontos interessantes a se ponderar em situações de ris-
co iminente:

• Teus familiares não vão acreditar em você


• Há poder na intercessão

109
REPARADOR DE BRECHAS

A oração do seu tio Abraão fez com que Deus enviasse ajuda.

• Se Deus lhe der uma ordem, obedeça sem demora


Ló teve de ser carregado para obedecer. A ordem era clara: “Não
olhem para trás”, mas sua esposa morreu e ele e suas filhas testemunha-
ram o preço da desobediência.
Devemos nos submeter à autoridade do pastor, marido, chefe,
líder etc., ao invés de termos sempre argumento para tudo. Quantas
vezes queremos ter razão quando a melhor saída é sermos felizes? Deus
conhece o nosso passado, presente e futuro e sempre nos pedirá para fa-
zer coisas que nos deixarão desconfortáveis, mas que produzirão pedras
na nossa coroa. Que tipo de beleza as pessoas têm visto na nossa vida?

3. Dalila (Jz 13–16)


Essa mulher usou sua beleza como instrumento de sedução, ven-
deu um homem por dinheiro e aceitou favor para trair. Sansão foi um
homem com voto de nazireu que acabou seduzido por Dalila, que se
aproveitou de sua beleza para levar avante seus intentos. Quantas mu-
lheres não fazem como ela — seduzem e levam homens a estabelecerem
alianças erradas? Que beleza podemos ver nisso?
Graças a Deus, a raiz de Sansão voltou a crescer e Ele atendeu ao
seu último pedido: “Então Sansão clamou ao SENHOR, e disse: Senhor
DEUS, peço-te que te lembres de mim, e fortalece-me agora só esta vez, ó
Deus, para que de uma vez me vingue dos filisteus, pelos meus dois olhos.”
(Jz 16:28) Foi tal a vingança que ele matou mais filisteus em sua morte
que em toda a sua vida.

4. Miriã
Essa personagem bíblica foi julgada por ciúmes! Irmã de Moi-
sés e Arão, foi agente de restauração para salvar a vida do libertador de

110
RITA SALOMÉ

Israel. Quando foi dada a ordem do Faraó para que matassem todas as
crianças do sexo masculino, ela acompanhou seu irmão no cesto que foi
colocado no rio Nilo. Depois que o povo passou pelo mar Vermelho,
ela dançou e cantou alegre na presença do Senhor, celebrando a vitória
sobre os egípcios.
Em Números 12:2–3, lemos: “E disseram: Porventura falou o Se-
nhor somente por Moisés? Não falou também por nós? E o Senhor o ouviu.
E era o homem Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia
sobre a terra.” Aqui, vemos Miriã inflamando Arão por conta de ciúme.
Por causa disso, ela ficou leprosa e foi colocada fora do arraial.
Miriã serve de exemplo para nós, quando olhamos para a lide-
rança e sentimos um ciúme bravo, nos esquecendo de que Deus nos
escuta. Ele só responderá ao coração correto, não ao bajulador, murmu-
rador e desrespeitador.

5. Diná

“E saiu Diná, filha de Lia, que esta dera a Jacó, para ver as filhas da
terra. E Siquém, filho de Hamor, heveu, príncipe daquela terra, viu-a, e
tomou-a, e deitou-se com ela, e humilhou-a.”
(Gênesis 34:1–2)

Filha do patriarca Israel (Jacó), era a única mulher dentre 12 irmãos.


Por que Diná é um exemplo que não traz beleza? É o que vamos ver.
Ela e sua família viajaram para Pada-Arã, pois seu pai havia com-
prado algumas terras do Rei Hamor. Diná resolveu, sozinha, ir visitar a
cidade de Siquém. O filho do Rei Hamor se interessou por ela e deson-
rou-a. Ela queria visitar as lojas de uma cidade, cujos rei e sua família
podiam desejar o que quisessem, porque eram donos de tudo. Ter ido
sozinha a um lugar como esse a colocou em perigo.

111
REPARADOR DE BRECHAS

Não raro, vemos algumas pessoas sendo atraídas para o desco-


nhecido, o que não resulta em fé, mas em curiosidade e estultícia, que
conduzem à queda. Não há nenhuma beleza nisso! Por causa do que
ocorreu a ela, seus irmãos derramaram um banho de sangue naquela
terra. Poderia ter sido diferente se ela tivesse ido acompanhada.

Eu poderia dar outros exemplos bíblicos aqui, mas acredito que


os já abordados nos conduzirão a um entendimento do que não deve-
mos seguir nem imitar.

A beleza na prova é sustentada


por 7 pilares

1. Confiança em Deus

“Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio


entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as
tuas veredas.”
(Provérbios 3:5–6)

Se a nossa confiança não for depositada em Deus, jamais veremos


beleza em meio à prova nem ultrapassaremos o que estamos vivendo. A con-
fiança produz fé, e a fé nos dá acesso ao propósito que Deus tem para nós.
Estamos sendo testados neste tempo de uma maneira terrível,
mas podemos observar algo interessante: amamos Deus, cremos que
Ele existe e que é o nosso Salvador e Senhor, mas não confiamos nEle.
Costumamos tomar a frente de todas as coisas porque não sabemos
levar nossa alma ao lugar de descanso. Não confiamos em Deus o sufi-
ciente para que tudo fique nas mãos dEle. Só Ele pode decidir e finali-
zar essa crise mundial que estamos atravessando.

112
RITA SALOMÉ

Infelizmente, é comum que nos comportemos deste modo:


acreditamos em Deus para a salvação, mas não para milagres. Acre-
ditamos em Deus para a salvação, mas nosso relacionamento com Ele
é deficiente, de modo que não O convidamos para as nossas decisões;
O chamamos de Senhor e Salvador, mas não Lhe damos liberdade de
dirigir nossa vida. Acreditamos em Deus para a salvação, mas não no
amor às almas, apenas às pessoas.
Quantas vezes usamos a cruz para, supostamente, trazer pessoas
para Jesus, mas queremos transformá-las à nossa imagem? Se amarmos
apenas as pessoas, elas terão um destino ligado ao “prazo de validade”
que passarão por nossas jornadas. Depois de um tempo, quando já não
satisfazem as nossas metas, simplesmente serão descartadas.
Em minha vida e ministério, passei por isso inúmeras vezes.
É terrível o desgaste provocado. Um dia, resolvi perguntar a Deus em
meu altar secreto sobre esse assunto. Lamentavelmente, alguns usu-
fruem toda a nossa ajuda, mas, depois, simplesmente nos descartam.
A beleza na prova entra em ação com o perdão e com a cura das feridas
que causam em nós com esse tipo de comportamento.
Agora, quando amamos almas, elas terão sempre um destino
profético. Jesus morreu por todos de braços abertos! Nosso trabalhar
deve ser sempre para que as pessoas escolham o caminho do céu, inde-
pendentemente do que possam ou não fazer por nós.
Não defraude o aprendizado da Palavra. Gostamos de encurtar
o caminho da cruz, com isso acrescentamos modismos que nos fazem
perder nosso tempo de intimidade com o Aba Pai.
A renúncia e a transformação são pilares do Evangelho, por-
tanto devemos adaptar nossas vidas aos ensinos de Cristo. É crucial
que sejamos transformados, renunciemos, obedeçamos; não podemos
ignorar esses desafios que a jornada cristã nos impõe. É fácil só querer
o milagre, a bênção, mas não devemos agir assim.

113
REPARADOR DE BRECHAS

A beleza na prova revela que a nossa confiança em Deus resulta


numa entrega e num amor total. Se olharmos para Ele, saberemos que
aquEle que começou a boa obra vai guardar o nosso depósito até o
grande dia. Vivamos, então, nosso propósito.

2. Obediência à Palavra
Este segundo pilar é um dos mais difíceis de cumprir. Obe-
decer quando tudo nos é favorável é mais fácil, porém quando tudo
vai contra o que pensamos ou queremos, é complicado ver beleza na
obediência.
Em Gênesis 6:8, a Palavra diz que “Noé porém achou graça aos
olhos do Senhor”. O Senhor tinha pedido a Noé para construir uma
arca, avisando que inundaria toda a Terra! Construir uma arca num
lugar perto do mar ou de um rio seria uma coisa, mas num lugar seco,
onde nunca tinha havido chuva, exigia uma obediência cega.
O patriarca Abrãao, depois de ter esperado tanto tempo pelo
filho da promessa com sua esposa Sara, ouviu que deveria entregar Isa-
que como sacrifício. Ele foi até o Monte Moriá sem saber da existência
de um cordeiro substitutivo. Esse pai da fé creu, justamente pela fé,
que Deus iria resolver a situação e que ele não desceria do monte de
mãos vazias.
A beleza na prova nos leva a não resistir a Deus, mas a nos sub-
meter, resistindo ao diabo — o mais interessado na nossa desobediên-
cia. Jamais devemos nos esquecer de que obedecemos a um Rei que
tem Seu propósito; que, para viver, é preciso morrer; que, para subir, é
necessário descer; e que, para receber, é preciso dar primeiro. Prossiga
em amar a Deus em obediência e submissão, assim você experimentará
vitórias que jamais viu ou ouviu.

114
RITA SALOMÉ

3. Vida e disciplina em oração


A palavra de Deus, em João 15:7, diz: “Se vós estiverdes em mim,
e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos
será feito.” Como vamos pedir tudo a Ele se o nosso relacionamento é
esporádico? Só podemos pedir alguma coisa a alguém quando temos
intimidade com a pessoa.
A intimidade com Deus nos leva a uma vida de oração que nos
conduz ao Seu coração, de forma que podemos atingir lugares altos
de revelação, de pregação, de Palavra, construindo um altar secreto e
contínuo em Deus.
De Gênesis a Apocalipse, a Bíblia está repleta de passagens his-
tóricas sobre a importância de orar e vigiar. Quem tem um estilo de vida
de oração tem seus ouvidos atentos e será capaz de:

• Usar suas faculdades espirituais para discernir os movimentos


de Deus e a presença, as ordens e a voz do Espírito Santo;
• Acessar a vontade, os planos e os propósitos de Deus;
• Discernir as obras das trevas e neutralizá-las;
• Compreender e interpretar sonhos e visões;
• Fortalecer as fronteiras defensivas de oração.

Acreditar é o alicerce da fé. A liberdade no orar gera certezas na


identidade. Enquanto passamos horas vigiando e orando, os que estão à
altura do ofício de generais de oração desenvolvem essas habilidades, que
são de extrema importância em qualquer situação e, principalmente, para
o dia mau.

4. Perseverança
Quem persevera não é aquele que apenas muda, mas sim que
segue rumo à transformação.

115
REPARADOR DE BRECHAS

O livro de Rute conta a história de três mulheres: Noemi, Rute e


Orfa. Estas últimas eram moabitas e se casaram com dois homens judeus
da mesma família, filhos de Noemi. As duas estavam na mesma situação,
mas tiveram um final diferente. Uma foi mudada, a outra não só mudou
como também foi transformada.
Ambas passaram do estado de solteira para o de casada e, depois,
para o de viúva. Ao longo do tempo, elas habitaram com aquela família,
aprenderam muitas coisas sobre os judeus — principalmente os de Be-
lém de Judá —, e foram se desenvolvendo naquele ambiente. Primeiro,
morreu o pai da família, ou seja, o sogro dessas duas mulheres. Dez anos
depois, morreram os dois filhos dele, seus esposos.
A situação havia se complicado para noras e sogra. Sem meios
para permanecer em Moabe, Noemi resolveu voltar para sua terra de
origem, declarando que já não tinha como sustentar as noras e que não
tinha outros filhos. Nesse momento, Orfa decide voltar para a casa do
seu pai, ao passo que Rute escolhe seguir a sogra.
Nesse livro, encontramos a maior declaração de uma aliança en-
tre duas mulheres, nora e sogra: “Disse, porém, Rute: Não me instes para
que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores irei
eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu
Deus é o meu Deus.” (Rt 1:16)
Particularmente, amo essa história, porque Rute resolve não só
acompanhar a sogra, como também gera expectativas de fé na sua nova
trajetória para a terra de Belém. Essa perseverança fez com que ela, mes-
mo sendo estrangeira, fosse incluída na genealogia de Jesus por ser mãe
de Obede, pai de Jessé, pai de Davi.
Se Rute não tivesse perseverado, não teria ido com a sogra nem
teria sido redimida por Boaz. Precisamos perseverar em Deus para viver as
promessas. Quem sabe a nossa vitória não está no virar da próxima esquina?

116
RITA SALOMÉ

5. Escolhas
Nossas escolhas podem servir para duas coisas: ou serão fruto
de informação e produzirão conhecimento ou serão fruto de medita-
ção e trarão conhecimento e também crescimento, os quais produzirão
transformação em nossas vidas.

“Então Mardoqueu mandou que respondessem a Ester: Não imagines no


teu íntimo que, por estares na casa do rei, escaparás só tu entre todos os
judeus. Porque, se de todo te calares neste tempo, socorro e livramento de
outra parte sairá para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e
quem sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino? Então disse
Ester que tornassem a dizer a Mardoqueu: Vai, ajunta a todos os judeus
que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e não comais nem bebais por
três dias, nem de dia nem de noite, e eu e as minhas servas também assim
jejuaremos. E assim irei ter com o rei, ainda que não seja segundo a lei;
e se perecer, pereci. Então Mardoqueu foi, e fez conforme a tudo quanto
Ester lhe ordenou.”
(Ester 4:13–17)

Nesse texto, vemos as escolhas que Ester tinha: ou ela lutaria


pelo povo para que o decreto de Hamã não se cumprisse ou simples-
mente se comportaria como rainha. A escolha de Ester pela primeira
opção fez com que um decreto de morte fosse revogado e se transfor-
masse em festa.
Ela podia escolher não entrar na presença do rei porque sabia
que, segundo as leis persas, quem fizesse isso sem permissão nem agen-
damento enfrentaria a pena de morte. No entanto, como ela conhecia
Deus, pediu que todos fizessem um jejum em seu favor e, com ousadia,
enfrentou a situação. O rei acabou por levantar o cetro, Ester pôde
fazer sua petição e iniciou o processo de livramento do povo judeu.

117
REPARADOR DE BRECHAS

As escolhas que fazemos resultarão em vitória ou em morte.


Saber esperar a vontade de Deus fará com que o final de nossas decisões
seja a nossa grande conquista!

6. Manifestação da vontade de Deus


Quantas vezes queremos a manifestação da vontade de Deus
em cima daquilo que já decidimos sem sequer questionarmos o que
Ele queria? Desejamos a aprovação divina para sonhos que, para nós,
são “o máximo”, mas que, para o Autor da vida, não passam de pesade-
los que nos farão sofrer, trazendo frustrações e derrotas. O pior é que
muitas vezes esses desejos começam como sonhos dados e revelados
por Deus, mas terminam como anseios profundos do nosso coração e
armadilhas do inimigo.

“Quem é como o sábio? E quem sabe a interpretação das coisas? A sabedo-


ria do homem faz brilhar o seu rosto, e a dureza do seu rosto se muda. Eu
digo: Observa o mandamento do rei, e isso em consideração ao juramento
que fizeste a Deus. Não te apresses a sair da presença dele, nem persistas
em alguma coisa má, porque ele faz tudo o que quer. Porque a palavra do
rei tem poder; e quem lhe dirá: Que fazes? Quem guardar o mandamento
não experimentará nenhum mal; e o coração do sábio discernirá o tempo
e o juízo. Porque para todo o propósito há seu tempo e juízo; porquanto a
miséria do homem pesa sobre ele.”
(Eclesiastes 8:1–6)

Essa passagem bíblica fala sobre o fazer do nosso modo ou do


modo de Deus. Fazendo a vontade dEle, seguiremos Seu modo de rea-
lizar no Reino. Precisamos, ainda, praticar as disciplinas espirituais,
como jejum, oração e leitura bíblica, a fim de sustentarmos nossa inti-
midade com Ele e acessar lugares altos com o Rei dos reis.

118
RITA SALOMÉ

Devemos, também, trazer todos os dízimos e ofertas para a casa


do tesouro. Lembremo-nos da submissão, obediência e fidelidade a Deus,
jamais nos esquecendo da autoridade imposta por Ele e representada na
obra da cruz. Todas essas coisas são belezas na vida que apontam para a
manifestação da vontade de Deus em nós. Se fizermos do Senhor o nosso
primeiro recurso, jamais andaremos fora da Sua vontade.

7. Viva a promessa
Para viver a promessa, precisamos ter intimidade com o Autor
que garante essa promessa. Não basta só ouvir falar dEle, precisamos
conhecê-Lo e prosseguir em conhecê-Lo.

“Não rejeiteis, pois, a vossa confiança, que tem grande e avultado galar-
dão. Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a
vontade de Deus, possais alcançar a promessa.”
(Hebreus 10:35–36)

Este último ponto sobre vivermos a promessa engloba todos os


outros por completo, afinal não é possível vivê-la sem confiar, perseve-
rar e aprender a conhecer a vontade de Deus.
No trecho em destaque, o escritor de Hebreus começa falando
sobre a confiança e a recompensa. Se não tivermos confiança nEle, não
poderemos almejar a recompensa; se não perseverarmos em fazer a Sua
vontade, não conseguiremos alcançar a promessa.
Traga ao seu coração e mente o que lhe dá esperança. Nosso
foco é a cruz. Ao confiarmos, somos recompensados. José, uma das
personalidades bíblicas que eu amo, teve todos os motivos para desistir,
mas confiou em Deus em tudo. Sua recompensa com base na promessa
o transformou, de um homem escravo, no primeiro-ministro do Faraó.

119
REPARADOR DE BRECHAS

Acontecimento que relata o que é a beleza em meio à prova:


Gravação do DVD Casa do Oleiro em Goiânia (10/02/2021)
O que relato agora ocorreu em plena pandemia, em fase de de-
cretos governamentais de fechamento. Tudo começou com um convite
para reparar algumas brechas no louvor da Casa do Oleiro Adoração.
Fui dar algumas aulas, e surgiu a oportunidade da gravação e a possibi-
lidade de liderar o grupo de intercessão para o evento.
Comecei a me preparar e chamei o time que me ajudou: pas-
tores Alessandro e Lorenna de Paula, Marcelo Lugarini e Henrique
César e Missionária Mara. Apresentamo-nos diante do altar do Senhor
com um grupo de intercessores, com Jovens Conectados e obreiros que
trabalhavam na Assembleia de Deus Campinas em Goiânia no culto da
Quinta da Vitória, e os participantes da Casa do Oleiro. Foi um grupo
grande tanto de louvor como de suporte.
Nosso primeiro passo foi nos humilhar diante do Senhor
durante 24 horas de oração, arrependimento, consagração e busca,
para que Ele fosse benevolente conosco, já que era Sua a obra e a
glória seria, também, totalmente dEle. Fizemos esse momento de
humilhação na sede da Assembleia de Deus Campinas em Goiânia e
fomos agraciados com as Palavras pregadas por alguns pastores que
estiveram conosco durante as 24 horas, enquanto lutávamos para
conquistar essa vitória em plena pandemia — a beleza em meio ao
caos e em tempos de turbulência.
Todos nós fomos restaurados e equipados para a luta. O resul-
tado, no dia do evento, foi glorioso! Deus operou, o DVD foi gravado
e pudemos ver os frutos com a presença confirmada do Espírito Santo.
O ambiente estava perfeito! Até alguns incrédulos que ali estavam tra-
balhando puderam admirar e sentir a Sua presença.
Para viver a promessa, precisamos gerar, na intimidade com
o Espírito Santo, a estrutura da nossa fé; viver na expectativa de que

120
RITA SALOMÉ

somos peregrinos, que esperamos a Sua volta e que, juntos, nos senta-
remos à mesa do Cordeiro.

Estrutura da beleza em meio à prova

“Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te es-
pantes; porque o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que andares.”
(Josué 1:9)

1. Não to mandei eu?


Obediência
Submissão
Convicção

2. Esforça-te
Bíblia
Jejum
Oração

3. Bom ânimo
Esperança
Perseverança
Confiança

4. Não Temas
Ousadia
Coragem
Proteção

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REPARADOR DE BRECHAS

5. Não te espantes
Distração
Moleza
Parar

6. Porque o Senhor é contigo


Cobertura
Apoio
Cuidado

7. Por onde quer que andares


Certeza
Vitória
Acima das circunstâncias

Em meio à prova, a beleza é achada quando amadurecemos e


temos a certeza de que o Senhor sempre se fará presente porque Seu
grande e profundo amor por nós nos dá essa confiança extrema. Use essa
estrutura em unidade com a armadura de Efésios 6:13–18:

“Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no


dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estai, pois, firmes, tendo
cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça; E
calçados os pés na preparação do evangelho da paz; Tomando sobretudo
o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do
maligno. Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito,
que é a palavra de Deus; Orando em todo o tempo com toda a oração e
súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica
por todos os santos.”

122
RITA SALOMÉ

Ao se vestir com essa armadura, não se esqueça de pedir ao seu


Escudeiro (Espírito Santo) para ajustá-la ao seu corpo, personalidade e
caráter, a fim de que não haja nenhuma brecha sobre esse uniforme do
céu na Terra. Depois, resista na fé e submeta-se a Deus, e Ele tudo fará.

123
A VIVÊNCIA NO
MINISTÉRIO EM
TEMPO REAL

Metodista Internacional Church


(Luana Kammer Rodrigues)

E
spero, através deste, relatar e expressar em detalhes tudo
aquilo que a Metodista Internacional Church vivenciou du-
rante o tempo em que a Pastora Rita Salomé esteve servindo
em nosso meio. Desejo contribuir com meu relato pessoal, da família
e dos membros de nossa comunidade de fé que foram tremendamente
impactados pelo Senhor através da vida e ministério dela. Que o Espíri-
to Santo testifique e ajude a descrever de forma precisa e detalhada tudo
aquilo que vivenciamos nesses dias.
É certo que nossa comunidade recebeu um presente da parte
de Deus. Nosso bispo Anderson Rodrigues e a pastora Paula Picolli
possuem uma longeva e bela amizade com a pastora Rita Salomé, que,
amorosamente, mesmo com todas as dificuldades e limitações, se dis-
ponibilizou com a permissão e direção de Deus a estar conosco durante
dois abençoados meses.
E que honra a nós foi concedida em poder servir a igreja local no
trabalho direto e indireto, auxiliando a Pastora Rita em todo o processo.
Fomos abençoados e impactados com sua vida e ministério, agraciados
com inúmeras ministrações, cursos e gabinetes. Ao mesmo tempo, nossa

125
REPARADOR DE BRECHAS

família teve o privilégio de hospedá-la, o que tornou possível a conhecer


com mais intimidade nos bastidores, de modo que atestamos o quão ela
é encantadora, simples, humilde e única. Vivemos momentos singula-
res, preciosos, de comunhão e prática.
Diante de tantas virtudes, a que mais se destaca é sua dependên-
cia e entrega total ao Senhor, em tudo e para todos. Ela tem tamanha
intimidade com Deus, a ponto de o Espírito Santo a direcionar em pe-
quenas coisas da rotina e do dia, tais como a roupa a vestir e até o tipo
de tecido que fica melhor para o forro de um de seus casacos africanos.
É nítido que de Deus vem seu sustento em todas as áreas. Nada é feito
sem a direção e aprovação dEle. A pastora Rita é uma profetisa, mulher
de Deus, de oração e consagra uma vida de altar secreto.
O Ministério a ela confiado, Reparador de Brechas, é exercido
em tempo integral, com muito trabalho, renúncia, lágrima e dores, mas
ao mesmo tempo com gratidão, obediência e amor a Deus acima de
tudo. O fruto disso é o amor pelas almas.
Servir a Deus não é fácil. Quando tratamos de brechas, aber-
turas, rachaduras, nossos lixos, pecados, personalidades, assim como o
Reparador de Brechas, vemos nitidamente a necessidade da atuação e
direção total do Senhor. Afinal, cada estrutura é diferente, e a abertura
que cada pessoa dá é distinta. Tal ministério só pode ser exercido com
uma vida no altar do Senhor, no secreto, em oração, revelação e conhe-
cimento da Palavra. O Senhor é quem conduz, direciona e revela tudo
aquilo que precisa ser restaurado e a forma com a qual deve ser condu-
zido o tratamento.
Chegar a tal nível em Deus requer muita dedicação. Noites em
claro de clamor e oração e uma busca incansável por sabedoria e conhe-
cimento das Escrituras. Uma necessidade de percepção, discernimento
espiritual e ouvidos sempre atentos ao direcionamento e ao falar do Se-
nhor. Vemos isso de forma muito clara na vida e no trabalho da pastora

126
RITA SALOMÉ

Rita Salomé. Prova disso são seus frutos — pessoas transformadas, ar-
rependidas de seus pecados, direcionadas e restauradas para a glória de
Deus. Abaixo, temos um breve relato daquilo que aconteceu em nosso
meio nesses dias.

Gabinetes: Inúmeros atendimentos para vários tipos de pessoas


e personalidades, que envolviam problemas no casamento, filhos, vida fi-
nanceira, falta de identidade, perdão, traumas, feridas do passado, vícios
e tantos outros. Foram realizadas breves entrevistas e um mapeamento
de cada um desses irmãos, a fim de obter um direcionamento preciso
da parte de Deus. Vimos várias vidas transformadas, alinhadas, libertas
e curadas, segundo o propósito de Deus para cada uma. A pastora Rita
sempre se manteve alegre e disposta a empenhar seu melhor para Deus.
Sua motivação e dedicação era o amor ao Senhor e o amor por almas.

Capacitação para Intercessores: A ministração para os interces-


sores gerou frutos eternos. O ministério era composto por líderes sem-
pre dispostos, homens e mulheres de oração, comprometidos e seden-
tos, mas que necessitavam de um direcionamento e um alinhamento.
Deus usou a vida da pastora Rita, mostrando as necessidades, correções
e ajustes para um serviço pleno e abençoado. Ela capacitou novos inter-
cessores, que se levantaram como pilares na comunidade. Foi ensinado
acerca de várias armas poderosas de oração e amor e a importância da
armadura específica para cada batalha. Vidas foram marcadas e seguirão
sendo para a glória de Deus.

Capacitação de líderes: Líderes, consagrados, facilitadores


de pequenos grupos, professores de ministério infantil, adolescentes,
entre outros, se reuniram para aprender e ser ministrados por Deus.
Foram algumas ministrações com o objetivo de alinhar e unir a lide-

127
REPARADOR DE BRECHAS

rança local da igreja. Deus, em Seu infinito amor, graça e misericór-


dia, usou sua serva Rita, reparando brechas e exortando a liderança
em amor, a fim de que se tornassem obreiros aprovados diante do
Senhor, irrepreensíveis e frutíferos.

Ministração para o Louvor: O ministério de louvor aprendeu


sobre a diferença entre se apresentar e atrair a glória de Deus, a necessi-
dade de uma vida com Ele e a seriedade de servir no altar. Que momen-
to precioso o Senhor preparou para o ministério! Temos colhido frutos
dessa ministração, e é notável a presença do Senhor durante o louvor,
quase que palpável.

Ministração para Mulheres: O ministério de mulheres e todas


aquelas que estavam presentes na ministração que aconteceu em uma
sexta-feira chuvosa e de muito frio foram, de fato, tremendamente im-
pactados e abençoados. Que dia memorável! As mulheres não queriam
partir para suas casas. A palavra do Senhor veio ao encontro dos cora-
ções, e os testemunhos pessoais da pastora edificaram e transformaram
muitas vidas, para a glória de Deus.

Ministração para Adolescentes: O Encontro dos Teens e Juniores


foi muito impactante! Foi um dia marcante para todos os envolvidos, desde
os adolescentes — que foram bastante participativos e colaboraram com
perguntas e colocações —, até os pais, que testemunharam a transformação
de seus filhos, por meio de atitudes positivas, no mesmo dia. A Palavra que
o Senhor colocou no coração da pastora e a forma como ela passou foi real-
mente muito sábia; gerou confronto, transformação e frutos.

24 horas de oração: Este foi um marco na vida de todos os


líderes e consagrados que participaram desse momento, assim como

128
RITA SALOMÉ

também foi para toda a igreja, que presenciou grande transformação


e posicionamento dos envolvidos. O tema que o Senhor direcionou
a pastora Rita para essas 24 horas de oração foi alinhamento e posi-
cionamento. Tremendo o que o Senhor fez! Participaram pessoas com
muitos anos de igreja e que jamais presenciaram algo naquela propor-
ção. Vidas foram transformadas, houve restauração, alinhamento, po-
sicionamento, quebrantamento, um tratar do Senhor de uma maneira
sobrenatural. Houve cura, libertação, batismos no Espírito Santo e
dons revelados, além de um povo que aprendeu a orar por horas, algo
que parecia impossível. Quantos testemunhos ao final das 24 horas! A
fé dos irmãos foi edificada, e ninguém queria ir embora daquele lugar,
não importava o cansaço ou o sono. A presença do Senhor e o que Ele
tinha feito deixaram o povo maravilhado.

12 horas de oração: Depois das 24 horas de oração terem sido


um verdadeiro marco, os líderes se encontravam sedentos por um mo-
mento como aquele novamente, de modo que o Senhor preparou as 12
horas de oração. O tema dado por Ele foi restauração. Foram 12 horas
com a intensidade das 24. No início, durante algumas horas, todos cla-
maram por restauração em uma só voz, restaurando altares específicos
que Deus direcionou a pastora. O mover do Senhor e Sua presença na-
quele lugar geraram transformação de vidas, libertação, posicionamen-
to, alinhamento e, sem dúvidas, confirmaram a necessidade de ter uma
vida no altar. Muitos foram os testemunhos e, mais uma vez, a fé dos
irmãos foi — e está sendo — edificada.

Mão na Massa: Pastora Rita é, de fato, uma mulher de Deus,


cheia de dons e talentos, sempre disposta a ensinar a quem estiver dis-
posto a aprender. Seus conhecimentos dados pelo Senhor são imensos
e não estão restritos às áreas espirituais. Como já mencionei aqui, sua

129
REPARADOR DE BRECHAS

intimidade com o Senhor envolve tudo em sua vida, e nós, como igreja,
pudemos presenciar isso em inúmeros momentos. Um deles foi durante
a tarde de mão na massa, onde tivemos aulas de culinária, aprendemos a
fazer enroladinhos e pão de queijo. O objetivo era levantar fundos para
abençoar um ministério necessitado na nossa igreja. Claro que o Senhor
se fez presente! O momento de comunhão, as conversas e testemunhos
dela, sempre direcionados pelo Espírito Santo, geraram corações minis-
trados pelo Senhor e vidas transformadas.
Jesus, o Mestre, em Seu ministério terreno, por diversas vezes
usou exemplos de coisas que estavam à Sua volta para explicar verdades
espirituais ao povo. Por onde passava, Ele aproveitava o cotidiano das
pessoas para ensinar-lhes e exortá-las em amor. Nesses meses vivencian-
do o ministério da pastora Rita dia após dia, pudemos perceber essa
maneira de proceder como Cristo — em tudo existe uma oportunidade
para ensinar, exortar em amor e nos fazer crescer para a glória de Deus.
Após tudo que o Senhor fez através da pastora Rita, a Metodista
Internacional Church jamais será a mesma. Para testificar, seguem abai-
xo alguns testemunhos. Toda honra e glória sejam dadas ao Senhor.

Pr. Christian Antunes Rodrigues


Fui participante disso no início de minha caminhada de ministério
pastoral. Cheio de medos, dúvidas, inseguranças, timidez, desmotivação e
cansaço, me permiti ser tratado e fui novamente resgatado por Deus, que-
brado, confrontado, restaurado e alinhado no propósito. Senti tanto a pre-
sença de Deus nesses dias! Ele segue se revelando e amando Seus filhos e os
usando de forma poderosa, assim como foi com a pastora Rita Salomé.

Diácono Emerson Siqueira


É com muito prazer que dou testemunho sobre o que Deus
fez comigo nas 24 horas de oração que tinha como tema “Reparando

130
RITA SALOMÉ

Brechas”. Foi um momento singular que transformou minha vida.


Criei muita expectativa nos dias antecedentes e fui me preparando,
falando com Deus, jejuando e orando. Como, de fato, Deus é fiel,
Ele não deixou de me surpreender e transformou minha vida da água
para o vinho. Havia várias brechas em minha vida que fui abrindo
ao longo do tempo. Uma delas era a renúncia ao meu chamado, o
pastorado.
Por ter visto meu pai viver muitas coisas como pastor, como
traições, mentiras e calúnias, tomei a decisão de abandonar o chamado.
Nessas 24 horas de reparação de brechas, coloquei tudo isso nas mãos
de Deus, que, com Sua misericórdia, estendeu Suas mãos para mim.
Fui restaurado, mudado, transformado em vinho novo, graças a Deus,
por meio desse ministério que tem sido tremendamente executado pela
pastora Rita.
Hoje, sou outra pessoa, e digo ao Senhor: “Eis-me aqui, envia-
-me a mim”. Estou pronto para atender ao chamado que Deus me con-
fiou! Minhas brechas foram reparadas, e, hoje, sigo servindo ao Pai e
trabalhando para o Seu reino.

Kadu Fernandes
Após perdas e decepções, me afastei do Evangelho por quase
três anos e não poderia imaginar que havia uma serva de Deus orando
pela minha vida do outro lado do oceano! A pastora Rita esteve por um
período na igreja em que sempre congreguei e, ao subir no púlpito e me
ver, citou meu nome. Foi impactante! Mesmo após anos, ela se lembrava
de quem eu era. Esse momento marcou o meu retorno.
Agendamos um gabinete que foi um divisor de águas! Sendo
a missionária Rita uma profetisa de Deus, revelou e tocou em temas e
áreas da minha vida tão necessárias. A partir desse dia, se iniciava um
processo de cura e restauração extraordinários.

131
REPARADOR DE BRECHAS

Eu estava há cerca de 9 anos sem sorrir de maneira espontânea, e


esse sorriso me foi restituído para a glória de Deus! Hoje, não uso mais
vestes de luto e não consigo parar de dançar e adorar ao Senhor. Sou
muito grato por Ele ter levantado Sua serva e filha Rita Salomé para
ministrar vidas com muita valentia.
Pastora, meu carinho por sua vida é e sempre será permanente.
Quero ter o prazer de seguir vendo e sabendo o que Deus tem feito
através de você!

Diaconisa Andreia Siqueira


Temos vivenciado a experiência de estar nos bastidores com a
pastora Rita e ver que ela é a mesma, independentemente do ambiente
e das circunstâncias. Eu, Andreia, sou uma pessoa muito limitada com
palavras, mas creio que o Espírito Santo vai transformar isso, em nome
de Jesus. Penso que PRIVILÉGIO é um termo limitado para definir o
sentimento que tenho de ter conhecido a pastora, de ser chamada de
amiga por uma pessoa tão íntegra e íntima de Deus.
Faltam-me palavras para expressar minha gratidão ao Pai por tê-
-la em minha vida. Todos os dias, o Espírito Santo me traz uma palavra,
um jeito ou testemunho que a pastora já deu para me dar forças, superar
momentos e me transformar. Sempre peço para que Ele me transforme
de dentro para fora.
Mesmo não tendo uma boa desenvoltura com as palavras
para expressar o que sinto, sou eternamente grata, pastora Rita! Tudo
o que você fez e está fazendo pela minha vida e pela minha família
não tem preço! Acredito que testemunhos como estes são a confir-
mação de que Deus é contigo e que seu chamado produz mudanças
na vida das pessoas. Somos testemunhas dos grandes sacrifícios que
compõem a vida da pastora, preços altos que são pagos diariamente
por nós.

132
RITA SALOMÉ

Eu te amo muito! Onde você estiver, saiba que estará sempre


em meu coração e em nossas orações. Meu pedido é que o Senhor traga
cura, consolo e alegria para você todos os dias. Que as dificuldades dimi-
nuam diante da glória de Deus, em nome de Jesus. Amém!

Joseli Maia Rodrigues


Através das ministrações da pastora Rita, Deus restaurou várias
áreas da minha vida, como perdão, oração, busca diária e família. Foi
uma experiência maravilhosa! O Ministério Reparador de Brechas da
pastora Rita Salomé é, sem dúvidas, da parte de Deus. É um divisor
de águas, um memorial de cura, alinhamento, arrependimento bíblico,
posição e restauração de identidade para todos aqueles que se permitem
ser ministrados.

133
CONCLUSÃO
TESTEMUNHOS DA
VIVÊNCIA DO MINISTÉRIO
EM ALGUNS PAÍSES

S
oberania divina é como quando alguém abre uma porta. Sim-
plesmente, de forma muito cuidadosa, a maçaneta é virada,
alguém entra e se depara com o Soberano diante de sua face.
Assim descreve o profeta. Você foi essa porta aberta, Rita, com muito
cuidado e zelo pelo espírito de Deus. Quando Ele abriu isso em você,
pude entrar e ver a glória soberana do meu Senhor e Altíssimo Deus.
Essa foi a forma como me senti!
Ytzchak Schakhaf Ben David – Kiryat Moshe, Jerusalém,
Israel

Pastora Rita Salomé, pessoa singular, simples, complexa, pro-


funda e com imenso temor a Deus. Quando a conheci, me identifiquei
de imediato com ela, adotando-a como irmã, orando, intercedendo e,
às vezes, confrontando, como só uma irmã faz. Admiro sua inteligência
e amor pelas pessoas, jamais se recusando a acessar o Reino de Deus em
prol de seu semelhante.
Profetisa Vera Canal – Goiânia, Goiás, Brasil

137
REPARADOR DE BRECHAS

Eu, Marcio Nascimento, sou pastor na Suíça. Pela infinita mi-


sericórdia de Deus, há 15 anos conheço a pastora Rita Salomé, mulher
temente ao Senhor, que tem ouvido a voz dEle e andado pelo mundo
pregando o Evangelho. Tenho certeza de que a Palavra do Senhor tem
sido eficaz no trabalho que ela executa como reparadora de brechas. Ela
esteve aqui me ajudando nessa obra, e Deus a usou de forma grandiosa
para edificar minha vida, o ministério e a igreja local. Até hoje, conta-
mos testemunhos de bênçãos e vitórias provenientes de sua vida.
Pastor Marcio Nascimento – Bellinzona, Ticino, Suíça

Sou psicóloga e sempre observo o comportamento humano. O


que mais me encanta na pastora Rita é que seu comportamento e cará-
ter são condizentes com sua postura e pregações. Tive a oportunidade
de conhecê-la em meados de 2017. Eu sempre ouvia falar muito bem
dela, que era uma mulher “usada por Deus”. Naquele tempo, insegura
sobre as pessoas, eu estava passando por alguns contratempos pessoais e
com dificuldade de me relacionar com alguns irmãos na fé. Apesar dis-
so, eu estava sedenta para ouvir a palavra de Deus e não tinha perdido
a esperança de que Ele poderia usar pessoas verdadeiras para os Seus
propósitos.
Quando a vi pela primeira vez, meus olhos brilharam, e meu
coração se alegrou, mesmo sem ouvir uma palavra sequer sair de sua
boca. Ah, que sotaque gostoso o português de Portugal tão bem falado
pelos angolanos!
Passamos vários momentos juntas em ministrações e cursos, ela lá,
e eu, de cá, observando-a, aprendendo e vendo o que Deus operava através
de sua vida. Todas as vezes que a pastora Rita vinha ao meu encontro, era
com muito carinho e respeito, e isso foi me conquistando. Ela realmente me
ensinava sobre a Palavra de Deus sem preconceitos e com amor.

138
RITA SALOMÉ

Um dos momentos mais marcantes foi quando ela me ajudou a


entender e receber os dons de Deus. Tive e tenho o privilégio de convi-
ver e fazer parte de sua vida. Hoje, somos amigas e confidentes. Ela tor-
nou minha vida espiritual com Deus muito melhor, e sou imensamente
grata por tê-la conhecido!
Alessandra Máximo – Goiânia, Goiás, Brasil

Para a glória do Pai, vou dar o testemunho que pude viver com
essa mulher de Deus. As maiores experiências que presenciei foram vi-
vidas junto dela. Por onde passamos e moramos, andamos pelas terras
fazendo a obra de Deus. Essa querida irmã, pastora Rita Salomé, é um
exemplo de fidelidade. Tive o privilégio de ver e viver com ela quando
foi chamada para a obra de Deus. Por onde ela passou, observei e desfru-
tei de muitas maravilhas celestiais. Glorifico a Deus, que levantou essa
reparadora de brechas que tem sido enviada pela Terra.
Deus a usou para me ajudar quando ela deixou tudo para cumprir
o seu chamado! Eu sempre me perguntava se valeria a pena deixar família,
filho, casa e emprego para morar dentro de uma mala, em aeroportos, es-
tações de ônibus, sair da sua pátria para reparar brechas. Não é fácil! Hoje,
ver o chamado de Ezequiel em sua vida é realmente lindo. Isso só acontece
quando a pessoa ama verdadeiramente Cristo, Sua obra e as almas perdidas.
Amiga mais chegada que irmã, verdadeira atalaia e profetisa que
sofre pelas causas de Deus, seu testemunho daria um grande livro! Deus
a encontrou como a Ezequiel (22:30) no meio de muitos:

“E busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro, e esti-


vesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruís-
se; porém a ninguém achei.”

139
REPARADOR DE BRECHAS

Agradeço a Deus, que colocou esta mulher em minha vida. Que


Ele possa abençoá-la e usá-la para a Sua glória onde for necessário.
Missionária Laudinéa Nascimento

Primeiramente, quero agradecer por estar escrevendo sobre uma


pessoa tão importante e especial para mim e para o ministério. A pas-
tora Rita representa verdadeiramente a imagem e semelhança de Jesus
— uma amiga fiel, conselheira, ouvinte e, acima de tudo, profetisa do
Senhor.
Quando a conheci, estava um pouco desacreditada de que ain-
da existiam profetas comprometidos verdadeiramente com Deus, mas
pude ver o verdadeiro significado de renúncia, compromisso e sacrifício
na vida dessa mulher. Nem ela sabe o quanto eu a admiro como serva
do Senhor, por sua maturidade e sabedoria. É algo tão sobrenatural que
nem sei descrever!
Vemo-nos muito pouco, devido às suas viagens missionárias,
mas sempre lembramos uma da outra tanto nas orações quanto nas
mensagens; assim são os amigos mais chegados que irmãos. Pastora Rita,
minha amiga, é uma honra estar fazendo parte desse projeto tão sonha-
do por você. Que Deus continue fluindo! Minha casa ama a sua vida!
Pastora Kelly Paulino – Lisboa, Portugal

Como a vida da missionária Rita nos impactou? Desde que o Se-


nhor a colocou em nosso caminho, muita coisa tem mudado, a começar
por uma aceitação do meu chamado pastoral. Através de uma palavra
profética, ela me encorajou a viver a vontade de Deus.
Em nossa vida conjugal, fomos discipulados e convidados a nos
tornar mais adultos e responsáveis um com o outro. Aprendemos, com

140
RITA SALOMÉ

ela, a depender dos cuidados e amor de Deus sobre nossa vida e casa.
Quando chegamos ao campo missionário, tínhamos vergonha de de-
pender dos outros e resistência a aceitar ajuda de outras pessoas.
Foram oito meses vivendo juntos, debaixo do mesmo teto, tro-
cando e compartilhando experiências inesquecíveis com essa mulher de
Deus. Hoje, vivemos as profecias que saíram de sua boca, que se torna-
ram realidade e que são um testemunho de uma vida de fé e dedicação
da missionária Rita Salomé, ou melhor, “mama”.
Pastores Marcio e Eliana Fernandes – Missionários na Suíça
em 2004-2005

Conheço a pastora Rita há mais de dez anos e posso dizer, com


convicção, que caminhar e conviver com ela provocou inúmeras trans-
formações marcantes em minha vida. Presenciar diariamente sua fide-
lidade a Deus não somente nos grandes detalhes, como unção, minis-
tração da Palavra e ensino, mas também nos pequenos, me inspirou a
buscar e desejar conhecer mais Jesus. Ser discipulada por ela foi e é um
grande privilégio. O que ela me ensinou de mais precioso foi a amar
a Deus intensamente e buscá-Lo diária e intimamente, pois Ele é um
Deus de perto, não de longe.
Missionária Mara Fernandes da Silva – Goianira, Goiás,
Brasil

Em 05/03/17, fui convidada para um Encontro de Mulheres em


Goiânia por uma grande amiga e pastora. Ao chegar naquele lugar, ouvi
meu nome sendo anunciado por uma angolana que era a pastora respon-
sável pela intercessão do evento. Ao saber o motivo pelo qual ela me cha-
mava, fiquei feliz, pois integraria o grupo de intercessão do local.

141
REPARADOR DE BRECHAS

Observando a pastora Rita Salomé, achei interessante como o


Senhor a usava e seu comportamento para com todos que a cercavam.
Apesar de sua autoridade no reino espiritual e de sua responsabilidade,
ela procurava ser gentil, e isso me chamou a atenção.
Procurei me aproximar para trazê-la a Santo André para um
evento com pastoras da igreja da qual eu fazia parte. Foi algo maravilho-
so e impactante para todas! Desde então, nos tornamos amigas.
Ser uma reparadora de brechas não é fácil, mas ela atua com uma
maestria celestial. Gratidão por sua vida e amizade. Oro para que todas
as recompensas do Senhor venham ao seu encontro e a sua descendência.
Pastora Maria Aparecida dos Santos – Santo André,
São Paulo, Brasil

O ministério da pastora Rita Salomé tem afetado — no melhor


significado da palavra — países e continentes, tanto no sentido de atin-
gir quanto no sentido de dedicação e afeição. Afeta vidas, afeta o reino
de Deus, afeta lugares que muitos não querem ir.
Através de seu ministério, a descendência de inúmeros indivíduos é
transformada pelo poder de Deus. Sua vida é um testemunho daquilo que
o Senhor quer para Seu povo e, mesmo não sendo fácil, como diz na Bíblia,
o fardo torna-se leve. Com seu caráter e características, ela nos mostra que
o propósito do Pai é valioso e inegociável. Seja por meio da Palavra ou pelo
simples fato de ser quem é, diante de tantos desafios, algumas decepções e
saudades, a pastora Rita Salomé segue o Caminho no caminho.
Particularmente, posso afirmar que minha casa e eu somos afe-
tadas a cada chegada sua ao Brasil. Recebê-la é ter a certeza de que jun-
tamente virão o profético, a libertação, os ensinamentos, os confrontos
para um crescimento espiritual segundo aquilo que Deus a revela em
oração, intimidade e estudo da Palavra.

142
RITA SALOMÉ

Seu ministério é uma bênção que Deus me permitiu conhecer.


Desejo que outras gerações possam ter o mesmo privilégio que a minha:
tê-la como exemplo.
Amanda da Silva Amiga – Bangu, Rio de Janeiro, Brasil

Como somos gratos a Deus pela vida da missionária Rita! Tivemos


a oportunidade de ser mentoreados por ela em um momento muito im-
portante para o nosso ministério, a gravação do DVD da Casa do Oleiro
Adoração. Estávamos precisando de alguém que nos impulsionasse a viver
no oceano da presença de Deus e a entender que vivemos para a Sua glória.
Precisávamos reparar as brechas que não estavam sendo percebidas.
A experiência das 24 horas de oração e Palavra em prol de um
objetivo foi extraordinária! Peço a Deus, todos os dias, que não deixe
escapar nada do que recebemos e aprendemos. Hoje, entendemos quais
armaduras espirituais temos que usar para as guerras que enfrentamos
em nosso ministério.
Que através desse livro você seja edificado e restaurado, como
nós fomos. Deus abençoe.
Dâmaris Roza – Líder do Ministério de Louvor Casa do
Oleiro Adoração

Olhar para a vida da pastora Rita Salomé é se inspirar no sentido


mais profundo. Ela nos inspira a entender que verdadeiramente existe
um Deus que nos chama e que garante o nosso chamado; a não desistir;
a romper os céus com orações e a acreditar que o milagre virá. Ela nos
inspira a ser corajosos e não olhar para trás, mesmo que deixemos quem
amamos — fazer a vontade daquEle que nos chamou é saber que haverá
boa recompensa para quem atende ao Seu chamado.

143
REPARADOR DE BRECHAS

Muitas vezes, encontramos forças para continuar nossa jornada


nos lembrando da pastora Rita Salomé, das experiências e dos milagres
que ela já viveu. Eu, Gisele, até tive forças para passar por uma turbu-
lência no avião.
Decidimos embarcar em uma missão, largando tudo que con-
fortavelmente tínhamos, inspirados na vida da pastora Rita Salomé. Afi-
nal, se Deus tem cuidado da vida dela em todas as áreas, também fará o
mesmo conosco. Pastora Rita, amamos a sua vida!
Frank e Gisele – Missionários na Argentina

Conheci minha querida amiga e pastora Rita Salomé há 13 anos.


Ela ainda era missionária e congregava na igreja do pastor John, um
pastor africano em Pregassona, Lugano. Eu estava vivendo uma situação
muito difícil no meu casamento. Até que num domingo de manhã, eu e
minha família fomos convidados para um churrasco na casa de um cole-
ga do meu marido. Quando chegamos, a pastora Rita já estava lá. Ao me
avistar, ela começou a falar da minha vida. Eu não entendi nada e pensei:
“Quem é esta senhora? Como ela sabe das minhas questões particula-
res?” Depois, descobri que era missionária e começamos a conversar.
Nesse dia, minha mãe estava comigo, passando um tempo aqui
na Suíça, de modo que a pastora Rita nos convidou para visitar a igreja
em que ela congregava e que tinha uma célula em Bellinzona. O culto
ocorreria na próxima quarta-feira, e aceitamos o convite.
Com minha mãe e meus filhos, fomos para o culto e aceitamos
a Jesus como Senhor e Salvador. Nunca mais saímos da igreja. Glorifico
ao nome do Senhor pela vida da minha querida pastora Rita Salomé,
muito usada por Deus, e registro aqui meu carinho, amor e respeito por
essa serva do Pai.
Claudia Stroppini – Gnosca, Suíça

144
RITA SALOMÉ

Conhecendo uma igreja que se iniciava na casa dos pastores, re-


cém-convertido, com quase nenhuma experiência de Evangelho, tive o
privilégio de conhecer a até então missionária Rita. Ao final do culto, ela
veio em minha direção, impôs suas mãos e começou a orar e profetizar
várias situações que haveriam de acontecer em breve ou durante os anos.
A mais surpreendente e inimaginável profecia foi: “Prepara o coração
desse pastor, Deus!” Terminando a oração comigo, ela se virou para a
minha namorada e disse: “Essa mulher é mulher de pastor. Dê sabedoria
a ela, Senhor!” De lá para cá, muitas coisas aconteceram! Minha namo-
rada, que nem sabia que seria minha esposa, aceitou todos os desafios
propostos e, de fato, nos tornamos pastores.
Uma amizade nasceu naquele lugar, admiração e respeito mútuo
brotaram. Ela nos adotou como filhos e a reconhecemos como uma
verdadeira mãe. Foi imprescindível o valor que ela pagou para chegar-
mos onde estamos hoje e aonde o Senhor irá nos levar. Todas as nossas
histórias não caberiam neste livro.
Em verdade, afirmo que tem sido mais que um privilégio ca-
minhar com a (agora) pastora Rita. É uma honra ser acompanhado,
aconselhado e ministrado por ela.
Eu e minha esposa estamos vivendo o que era impensável para a
nossa realidade na época, mas ela viu. Dificilmente, isso teria acontecido
sem o preço pago por ela em favor de nós. Bem sei que foram muitas
noites de joelhos dobrados em constantes intercessões pela minha casa.
Pastora Rita, saiba que sempre poderá contar com a nossa grati-
dão, admiração, orações, torcida e um profundo amor gerado em Cristo
Jesus. Falo não só em meu nome, mas no de toda a minha família, da
qual a senhora é parte permanente. Te amamos muito! Que Deus con-
tinue te abençoando!
Pastor Eduardo Moreno – Goiânia, Goiás, Brasil

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REPARADOR DE BRECHAS

Há 18 anos, conheci uma mulher muito especial que, com sua


presença em minha vida, fez muitas coisas acontecerem, tanto no âm-
bito espiritual quanto no físico. Isso ocorreu no período em que eu me
encontrava no vale da sombra da morte, sem saída. Deus usou a pastora
Rita como socorro no deserto. Ela me ajudou a levantar e caminhar,
de modo que comecei a ver o sol no fim do túnel. Ela é uma mulher
de muita fé, uma fé transmissiva; despertou um ministério adormecido
dentro de mim. É a segunda mãe que Deus me deu, cuidou de mim e
da minha filha quando mais precisamos. É mãe, amiga e irmã, avó dos
meus filhos. A pastora Rita influenciou e tem me influenciado até hoje.
Agradeço a Deus pela sua vida!
Lidia Pedro – Bellinzona, Suíça

Sou Raphael César, moro em Goiânia e tenho 30 anos de idade.


Falar do ministério da pastora Rita é uma grande honra e privilégio.
Conheci seu ministério há algum tempo, em um momento muito difícil
— minha mãe estava com Covid, depressão e síndrome do pânico. No
meio disso tudo, eu questionava a Deus o porquê dessas coisas e ansiava
por uma resposta, pois meu coração se encontrava despedaçado e cheio
de dúvidas. Eu não sonhava mais e me entreguei para a morte.
Pasme: conheci a pastora Rita através de um banner, pois ela iria
ministrar na minha igreja. Uma semana antes do culto, sonhei que ela
me dava um abraço de refrigério em meio ao caos. Naquele abraço, senti
graça, poder de Deus e unção. Acordei assustado e coloquei no meu
coração: “Preciso conhecer essa mulher”.
Passei pelo Reparador de Brechas e, agora, sou outro homem.
Voltei a sonhar, Deus curou a minha mãe, estou pregando a Palavra,
voltei a acreditar no casamento. Como eu amo esse Deus e Sua forma de
trabalhar. A pastora Rita é uma ferramenta importantíssima no Reino.

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RITA SALOMÉ

Minha amiga, continue reparando brechas por onde Deus te


mandar. Encerro com uma das palavras da pastora Rita que me marcou:
“Deus trabalha com você na profundidade, mas quando Ele confirma
a sua identidade, é na superfície, para todo mundo ver o que Ele fez
contigo”.
Raphael César – Goiânia, Brasil

Chamo-me Edith e venho da Suíça. Conheci a pastora Rita


na igreja em Chiasso, aqui no país, ainda como missionária, há 17
anos. Recordo-me do seu abraço cheio de amor e carinho por uma
pessoa até então desconhecida, como eu. Cada vez que eu ouvia que
a pastora estava vindo para a Suíça, na igreja do meu Pastor Marzio,
procurava não faltar a nenhum dos seus seminários, porque cada vez
que ela chega recebemos uma mensagem da parte do Senhor para
cada um dos membros.
O Senhor a tem usado muito! Tudo que foi profetizado sempre
se cumpriu! Sou muita grata a Deus por ela e pelos conselhos que tantas
vezes me deu a respeito de família e acerca da minha vida. Sou muito
feliz por Deus ter me permitido conhecê-la e ainda fazer parte da minha
jornada. Para mim, ela é uma irmã amiga com a qual posso contar sem-
pre que preciso, ainda que esteja em outra parte do mundo. Que Deus
te abençoe!
Edith Sansone – Bellinzona, Ticino, Suíça

Louvo a Deus pela tua vida, pastora. A senhora chegou em um


momento complicado para mim, mas o nosso Deus, através de ti, me
deu forças para perdoar as muitas mágoas que ainda existiam no meu
coração. Eu também tinha muito medo e não deixava de chorar e me
cobrar pela morte de minha querida sobrinha. Através do teu minis-

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REPARADOR DE BRECHAS

tério, Reparador de Brechas, pude deixar minha sobrinha ir em paz,


perdoar os meus irmãos e me sentir livre para adorar a Deus. Tudo que
profetizou sobre a minha filha tem se cumprido e também temos tudo
preparado para ir para Portugal, assim como profetizaste há 1 ano e 5
meses, se não estou em erro. Deus te abençoe, minha pastora, e obrigada
por tudo!
Eusonia da Costa – Luanda, Angola

A Pastora Rita esteve conosco em 2017 em um retiro de pasto-


ras. Depois disso, organizou 24 horas de oração. Em ambos os trabalhos,
tive a oportunidade de estar ao seu lado e aprender ensinamentos pro-
fundos que marcaram a minha vida. A intensidade dela nos rios do Es-
pírito me entusiasmou ao ponto de eu desejar viver isso também. Nossa
casa recebeu o impacto de sua intimidade com Deus.
Ela profetizou que passaríamos por um sacudir do Senhor na
vida dos nossos dois pilares, o maior e a menor, e mal sabia ela que a
menor estava para ser submetida a uma cirurgia na qual seu dedo indica-
dor seria amputado. Ouvir isso nos trouxe paz por saber que Deus estava
conosco. Também foi o tempo em que ela profetizou que o Pai nos daria
mais um filho (o sétimo!) e que seria um varão e profeta. Assim Deus
cumpriu no ano de 2020, quando recebemos nosso Israel.
Gratidão define o sentimento que nos visita quando pensamos
na pastora Rita Salomé, uma filha, adoradora e profetisa do Deus vivo.
Pastores Fábio Rogerio de Queiroz e Luciana S. de Queiroz

Falar sobre a importância da pastora Rita na minha vida é muito


forte, porque ela foi uma peça indispensável na construção de quem sou
hoje. Conheci-a na igreja em que me converti, e não foi amor à primeira

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RITA SALOMÉ

vista! No começo, estranhei a forma como ela era usada por Deus. Tive
medo, pois era tudo muito novo para mim. Com o tempo, porém, fui
me encantando com o modo com que ela servia ao Senhor com toda
dedicação e amor.
Além disso, me admirei com o fato de ela não ter desistido de
mim, mesmo eu não me interessando muito pelas coisas de Deus. Du-
rante toda a minha caminhada, mesmo estando “longe”, a pastora Rita
sempre esteve “perto”, orando por mim e minha família, nos aconse-
lhando e se lembrando de nos visitar quando estava em Goiânia.
Tenho a pastora Rita como uma mãe espiritual, que me ajudou
a renascer para Cristo e me lançou no ministério. Pastora Rita, eu te
amo infinitamente, e minha oração é para que Deus continue te usando
poderosamente e para que todos os sonhos que estão no coração dEle se
cumpram na sua vida!
Júlia Fernandes Azevedo Moreno – Goiânia, Brasil

Conheci a pastora Rita Salomé num tempo crucial da minha


vida, onde tudo estava estagnado. Em tempos de oração e encontros,
passei por processos de libertação, cura, amadurecimento espiritual e
físico! Aprendi a buscar ao Senhor e a guerrear através da oração e da
leitura bíblica. Muitas coisas romperam em minha trajetória, e Deus a
usou poderosamente para falar comigo! Pastora Rita, a senhora é uma
benção! Love u!
Kamila Machado Cunha – Flórida, Estados Unidos

Louvo a Deus pela pastora Rita e por Ele tê-la colocado em mi-
nha vida num momento tão difícil. Foi o Senhor quem nos apresentou.
Pastora Rita, fizeste parte do meu deserto. Tenho aprendido muito con-

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REPARADOR DE BRECHAS

tigo! Que Ele continue te elevando, alargando o teu mistério e te guarde.


Fica aqui o meu muito obrigada ao Senhor pela sua vida.
Maria Sebastião – Luanda, Angola

Estive em um congresso para mulheres em Goiânia, no dia 5


de março de 2017, com o título “Encontro de Águias”, onde conheci
a pastora Rita Salomé. Estávamos sentadas, esperando o início do con-
gresso, quando me chamou a atenção uma mulher vestida de africana
que ia de um lado para o outro, organizando, arrumando cadeiras e, ao
mesmo tempo, recepcionando e direcionando as mulheres que ali che-
gavam. Para a minha surpresa, aquela pastora africana foi chamada para
ministrar a Palavra.
Ela começou a louvar e adorar ao Senhor com dança africana de
uma maneira tão linda e contagiante que trouxe a alegria da presença, da
excelência e do amor de Deus para todos que ali estavam. Ela ministrou
com muita excelência e falou: “Se houver alguém que precise de um
conselho ou ministração pessoal, venha falar comigo após a ministração,
que iremos conversar em particular.”
Meio tímida e com certo medo, fui falar com ela: “Preciso falar,
pastora, a senhora pode me ouvir?” Ela respondeu: “Sim! Amanhã me
chame para conversarmos.” No sábado, começaram as ministrações, e
ela veio falar comigo. Eu estava de luto, pois minha filha mais nova ha-
via sido cruelmente assassinada. Ela me olhou e, sem que eu falasse uma
só palavra, falou: “Você está gerando em suas entranhas um espírito de
morte e dor, e o inimigo tem se alimentado dessa dor e desse luto. Por
causa dessa situação, foi aberta uma porta de morte para a sua família
também. Vamos orar.”
A pastora Rita orou e ministrou profeticamente um parto es-
piritual, no qual aquele espírito de morte (que estava sendo gerado e

150
RITA SALOMÉ

alimentado pelo luto e pelas memórias que eu carregava em minhas en-


tranhas, me consumindo dia após dia) fosse retirado com raiz do meu
corpo, alma e espírito.
É importante observar que o luto traz várias fases, mediante a
dor intensa da perda. Continuando… Foi sobrenatural o Espírito San-
to movendo-se através da pastora Rita para comigo! Você pode pensar:
“Um parto espiritual das entranhas? Isso é loucura!” Sim! Mas Deus usa
as coisas loucas para confundir os “sábios”. Ali, o Senhor começou um
processo de cura e libertação em minha vida.
Pastora Rita Salomé, quero te agradecer pela paciência, pelas
orações, pelo cuidado que a senhora teve comigo e com a minha família.
Shemá, pastora Rita Salomé, ouça,
Ado-nai (Hashem) te abençoe e te guarde - ‫י‬yevarechecha Adonai
veyishmerecha,
Ado-nai (Hashem) faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha mi-
sericórdia de ti,
ya’er Adonai panav eleicha vichunecha,
Ado-nai (Hashem) sobre ti levante o rosto e te dê a paz
yissa Adonai panav eleicha veyasem lecha shalom.
Maria Aparecida Simon – Santo André, São Paulo, Brasil

Deus tinha marcado um dia para me aceitar em Seus braços e me


trazer para perto, o que aconteceu através desta grande mulher de Deus,
pastora Rita Salomé. Era março de 2015, eu estava indo para a igreja e,
mediante ao apelo, algo incontrolável fez com que eu fosse até a frente
para tomar a minha decisão por Cristo.
Após esse dia, quando a pastora Rita vem à Curitiba, sempre apa-
rece em momentos proféticos decisivos da minha trajetória. Sou muito
grata pela vida dela, porque até a minha mãe veio a Cristo! Ela é uma

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REPARADOR DE BRECHAS

mulher de Deus apaixonada por almas e de muita sabedoria. Sempre nos


direciona e impulsiona à integridade. No meu espírito, vejo como se ela
estivesse desentulhando poços em nossas vidas para o cumprimento do
nosso chamado.
Patricia Maciel – Curitiba, Paraná, Brasil

A vigília Casa do Oleiro é um lugar de cura, restauração e mila-


gres. Temos milhares de testemunhos de pessoas alcançadas através da
oração, ministrações de louvor e Palavra.
Em uma casa, percebemos suas portas, janelas e escadas, mas o
que a mantém de pé não é nenhuma dessas coisas, e sim os alicerces.
Alicerces não são vistos, mas são fundamentais. Na Casa do Oleiro, não
é diferente. São os alicerces da oração que nos mantém de pé. O fato
de não serem vistos não quer dizer que sejam ignorados. Começamos
sempre pelo alicerce — com a oração.
Como prova disso, convidamos a pastora Rita Salomé, co-
nhecida internacionalmente pelo seu ministério de intercessão, para
um trabalho de imersão com toda a nossa equipe antes do lança-
mento de um grande projeto: a gravação de um DVD que envol-
veria centenas de pessoas, dentre músicos, sonoplastas, iluminação,
logística etc. Os bastidores são fundamentais para que a ministração
tenha êxito. Bastidores falam do que dá apoio, alicerces falam do que
traz sustentação. Sem a intercessão, não teríamos feito nada. Sem a
oração, não teríamos conseguido.
A pastora Rita propôs um trabalho que de imediato foi acei-
to por todos nós: uma imersão de 24 horas com Deus que aconteceu
nos meses de dezembro e janeiro. Tivemos um tempo de secreto com
o Senhor, reparando brechas até então imperceptíveis, e crescemos em
comunhão com Deus e uns com os outros. Nossa equipe se fortaleceu

152
RITA SALOMÉ

e viveu momentos incríveis! Muitos de nós estávamos feridos enquan-


to ministrávamos cura. Fomos curados, renovados e acreditamos ainda
mais na realização do sonho que Deus nos deu.
No dia 10 de fevereiro, data da gravação do nosso primeiro
DVD, havia, sim, certa ansiedade, mas também havia tranquilidade de
que os alicerces estavam firmados. A pastora Rita continuava trabalhan-
do neles. Enquanto estávamos diante das câmeras, ela estava atrás das
portas clamando a Deus em oração.
Tudo correu de forma perfeita, para a glória do nosso Deus. Já
ouvimos diversos testemunhos do que Ele fez nesse dia e temos certeza
de que ouviremos muitos mais ao longo dos anos que virão. Crendo que
esse foi o primeiro passo de uma grande jornada, continuamos contando
com o ministério da pastora Rita Salomé. Nossas vozes irão ainda mais
longe potencializadas não por microfones, mas pelos joelhos dobrados
da nossa amiga, irmã e intercessora.
Muito obrigado!
Pastor Henrique César – Líder da Vigília Casa do Oleiro e
Casa do Oleiro Adoração

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Estamos gerando em Deus o segundo livro!
Aguarde e lembre-se disso em suas orações diante
do Eterno!
BIBLIOGRAFIA
INDICADA

• A face oculta do Amor, Marcos Borges Coty


• Bíblia de Oração, Morris Cerrullo
• Bíblia King James
• Bíblia Legal, Wallace Miguel
• Bíblia Thompson
• Blog Caminho da Verdade, Pr. Edmilson Silva - Rio de Ja-
neiro, Brasil
• Debaixo das suas Asas, John Bevere
• Devocionais, Charles R. Swindoll
• Entenda a Hora Silenciosa, Dag Heward-Mills
• Forjados para a Excelência, Costa Junior
• Intimidade com o Todo Poderoso, Charles R. Swindoll
• Nós nos tornamos naquilo que amamos, A. W. Tozer
• O Espírito Santo: O Deus que vive em você, Renato Rubim
• O Estilo de Liderança de Jesus, Michael Youssef
• O poder da Escolha, Lucas 15, Pr. Fernando Soares, Rei-
no do Leão
• O Sangue, Benny Hinn
• Reputação. O que a Bíblia diz sobre… Disponível em:
http://topicosdabiblia.blogspot.com/2011/11/reputacao.html

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REPARADOR DE BRECHAS

• Sabedoria Espiritual: a estrutura do conhecimento, Daniel


Marques
• Verdadeira prontidão, que se abram os nossos olhos. Disponí-
vel em: https://estudobiblicodiversos.blogspot.com/p/blog-page_883.html.

Sites

1. https://crerepensar.com.br/licoes-de-fe-de-abraao/.
2. https://www.bibliaon.com/davi/
3. https://novabiblia.com.br/versiculos/paulo
4. http://camacarifatosefotos.com.br/religiao/68044-do-alto-o-
-que-podemos-aprender-da-vida-de-jose-do-egito
5. https://confianosenhor.com.br/2011/11/03/obediencia-e-
-submissao

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