Este documento classifica e resume os livros do Novo Testamento. Estes foram divididos em três blocos: 1) Livros narrativos como os Evangelhos e Atos, descrevendo a vida de Jesus e expansão da igreja entre 1-60 d.C. 2) Cartas de Paulo e outras entre 50-90 d.C. abordando temas teológicos e problemas das comunidades. 3) Cartas gerais endereçadas a vários destinatários entre 60-90 d.C.
Este documento classifica e resume os livros do Novo Testamento. Estes foram divididos em três blocos: 1) Livros narrativos como os Evangelhos e Atos, descrevendo a vida de Jesus e expansão da igreja entre 1-60 d.C. 2) Cartas de Paulo e outras entre 50-90 d.C. abordando temas teológicos e problemas das comunidades. 3) Cartas gerais endereçadas a vários destinatários entre 60-90 d.C.
Este documento classifica e resume os livros do Novo Testamento. Estes foram divididos em três blocos: 1) Livros narrativos como os Evangelhos e Atos, descrevendo a vida de Jesus e expansão da igreja entre 1-60 d.C. 2) Cartas de Paulo e outras entre 50-90 d.C. abordando temas teológicos e problemas das comunidades. 3) Cartas gerais endereçadas a vários destinatários entre 60-90 d.C.
cristãos era a Septuaginta, lida e interpretada à luz do que Jesus disse e fez. Isso significa: ao ler os textos bíblicos, eles não buscavam apenas o seu sentido literal, mas um significado mais profundo, como fazia o próprio Jesus (Eu, porém vos digo...). Através do método alegórico, herdado do judaísmo da diáspora, e do método tipológico (1 Co 10), elaborado pelas próprias comunidades, os cristãos liam os textos de tal maneira que neles encontrassem um testemunho sobre a Jesus. É por isso, por exemplo, que o Sl 22 adquiriu uma importância tão para a história da paixão(cf. Mc 15,24,29,34; Mt27,43). Mas ao lado da Septuaginta, muitos outros documentos nascidos nas próprias comunidades passaram, aos poucos, a ser utilizados para a instrução na fé cristã. • Por volta do ano 150, já havia um núcleo muito sólido de documentos usados com essa finalidade. Mas foi só por volta de 400 d.C. que as comunidades cristãs tomaram uma decisão definitiva sobre isso: dentre muitos outros documentos nascidos em seu meio, elas reconheceram 27 livros como canônicos, acrescentando-os à Sagrada Escritura e aceitando-os como norma para orientar a sua fé e conduta. Esses livros foram chamados de Novo Testamento, para diferenciá-los dos outros livros sagrados que as comunidades compartilhavam com o judaísmo, e que passaram a ser chamados de Antigo Testamento. A expressão Novo Testamento equivale à Nova Aliança (kainh/ diaqh,kh / kainê diatéke). Ela pode ser encontrada nos relatos de instituição da Santa Ceia (Lc 22.20; 1 Co 11.25) e em 2 Co 3.6. A expressão Nova Aliança remonta ao profeta Jeremias, que anuncia no exílio babilônico a expectativa de um novo tempo. Nesse tempo Deus firmará com o seu povo uma nova aliança, na qual sua vontade será conhecida por todas as pessoas, pois estará na mente e no coração delas (Jr 31.31-34). Por volta do ano 400, os livros do NT foram colocados na sequência em que hoje se encontram. Vamos em seguida tentar entender o sentido dessa ordem, classificar esses livros por grupos e oferecer uma rápida visão de seu conteúdo. Por que os livros foram postos nessa sequência? Não foi pela ordem cronológica de sua redação. Não confere, por exemplo, que Mateus tenha sido o primeiro evangelho a ser escrito ou que a carta aos Romanos tenha sido a primeira que Paulo escreveu. A sequência observa, por alto, a evolução dos fatos que se espelham nos textos e algumas questões de conteúdo. Segundo esses critérios, os livros podem ser classificados em três blocos que, juntos, refletem um período de um século. BLOCO I : LIVROS NARRATIVOS (1-60 d.C.)
No início do NT foi colocado um bloco de
cinco livros que podem ser chamados de livros narrativos, porque narram, sobretudo, histórias, embora também possam conter discursos e reflexões. • Esse bloco pode ser dividido em duas partes, cada uma delas referindo-se a um conteúdo e a um período histórico distinto. a) HISTÓRIAS SOBRE A VIDA, MORTE E RESSURREIÇÃO DE JESUS (1-30 d.C.)
As histórias sobre Jesus acontecem entre
os anos 1 e 30 e estão narradas em quatro evangelhos, redigidos a partir do ano 70: Mateus, Marcos, Lucas e João. Os evangelhos descrevem os atos de Jesus. Algumas histórias são narradas por quatro evangelistas, outras por três, outras por dois e outras por um só. Centro da pregação de Jesus era a proximidade do reino de Deus (Mc 1.15). A expressão aparece cerca de 120 vezes nos evangelhos. Esse tema domina de tal forma a pregação e a prática, que tudo o que ele ensina ou faz pode ser relacionado a essa mensagem. A plenitude desse reinado é objeto de esperança (Mt 6.10), mas ao mesmo tempo se antecipa e se concretiza na história, transformando pessoas e situações de acordo com a vontade de Deus (Mt 12.8). Reino de Deus não é um espaço geográfico, mas uma nova realidade que surge quando Deus começa a reinar sobre pessoas e situações. Por isso se trata, em verdade, do reinado de Deus. Jesus proclama a vinda desse reinado como a oferta da graça de Deus, da qual todos necessitam e da qual decorre a exigência do arrependimento. Embora todos os evangelhos queiram testemunhar o mesmo acontecimento, cada qual foi escrito para contextos específicos e transmite uma visão própria sobre a mensagem de Jesus. Mateus foi colocado na frente porque, ao destacar a continuidade entre o Antigo Testamento e Jesus, estabelece uma ponte entre os dois testamentos. Marcos e Lucas foram escritos em ambiente gentílico e destacam a importância de Jesus também para os não-judeus. João escreve um evangelho de caráter mais reflexivo, destinado a grupos de diferentes vertentes com os quais se debate. • b) HISTÓRIA DA EXPANSÃO DAS PRIMEIRAS COMUNIDADES (30-60)
O livro de Atos dos Apóstolos começa
onde os evangelhos terminaram. Atos foi escrito pelo mesmo autor de Lucas e foi concebido como uma continuação do terceiro evangelho. • O livro relata histórias sobre o nascimento e a expansão da igreja, entre os anos 30 e 60. Atos narra como, a partir da comunidade de Jerusalém, onde Jesus foi morto e ressuscitado, o evangelho se espalha por novas regiões (Judéia, Samaria, Síria, Ásia Menor, Grécia), até alcançar Roma, a capital do Império Romano. O livro ressalta a iniciativa do Espírito Santo nesse processo. Por isso também poderia ser chamado de Atos do Espírito Santo. O livro destaca, sobretudo, a contribuição de Pedro e Paulo para a expansão do evangelho, mas também de outros tantos missionários. BLOCO II: CARTAS (50-90)
O segundo bloco é formado por 21 cartas,
escritas entre os anos 50 e 90 por diferentes pessoas a diversas comunidades ou líderes comunitários. • As cartas surgem de circunstâncias concretas e respondem a problemas específicos. • Também o bloco das cartas pode ser dividido em dois grupos. a) CARTAS DE PAULO (50-60)
Paulo é um judeu da diáspora, de
formação farisaica, que se tornou cristão por volta do ano 33. • Entre 48 e 60, ele fez grandes viagens missionárias e fundou várias comunidades em várias regiões do Império Romano. • Quando essas comunidades passam por dificuldades e Paulo não pode visitá-las, eles se comunicam por cartas (1 Co 7.1; 11.34; Gl 4.20; 1 Ts 2.17-18). Conhecemos treze dessas cartas (outras se perderam – 1 Co 5.9; Cl 4.16): uma aos Romanos, duas aos Coríntios, uma aos Gálatas, uma aos Efésios, uma aos Filipenses, uma aos Colossenses, duas aos Tessalonicenses, duas a Timóteo, uma a Tito e uma a Filemom. • Quase todas as cartas foram escritas a uma comunidade específica ou a um líder comunitário. • Só a carta aos Gálatas foi escrita a várias comunidades de uma região (Gl 1.2). • Apenas duas cartas foram escritas a comunidades que Paulo não fundou: a carta aos Romanos (1.13) e aos Colossenses (1.7;2.1). As treze cartas de Paulo, escritas entre 50 e 60, podem ser divididas em três grupos:
1. Cartas Maiores: Romanos, 1 e 2 Coríntios e Gálatas
São as mais extensas e as mais importantes
teologicamente. • Em volume, elas ocupam quase a metade das cartas paulinas. • Em termos de conteúdo, elas abordam os principais temas da teologia do apóstolo: justificação por graça e fé, relação entre lei e evangelho, cruz e ressurreição, a nova vida em Cristo. Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses e Filemom
São menores em extensão e densidade
teológica. • Mas também abordam temas importantes: a unidade da igreja, o significado cósmico da obra de Cristo, a segunda vinda de Cristo, o combate a falsas doutrinas, a escravidão. • Ef, Fp,Cl e Fm são chamadas de cartas do cativeiro, pois foram escritas da prisão (Ef 3.1; 4.1; 6.20; Fp 1.9,13,17,19; Cl 4.3,18; Fm 1.9,23). 3. Cartas Pastorais: 1 e 2 Timóteo, Tito São assim chamadas porque foram destinadas a dois colaboradores de Paulo, “pastores” nas comunidades de Éfeso e Creta. • As cartas querem mostrar como se deve proceder na igreja de Deus (1 Tm 3.15) e contêm orientações sobre a organização das comunidades, a qualificação e a vida exemplar dos que exercem cargos de liderança e a necessidade de zelar pela doutrina correta do evangelho. b) Cartas gerais (60-90)
Às cartas de Paulo segue um grupo de oito
cartas gerais ou católicas(=universais): Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro, 1, 2 e 3 João e Judas. São chamadas de gerais porque não possuem um destinatário específico ou se destinam a várias comunidades ao mesmo tempo. 1 e 2 Jo fogem dessa caracterização, pois a primeira foi escrita a uma família/comunidade? (1.1) e a segunda, a Gaio (1.1). Uma observação quanto ao título que a tradição deu a essas cartas: enquanto Hebreus foi designada pelo nome dos pretensos destinatários (=pessoas de origem judaica), as demais receberam o nome dos pretensos autores (Tiago, Pedro, João e Judas). Quatro das cartas gerais são anônimas, ou seja, elas mesmas não revelam o nome de seu autor: Hb, 1, 2 e 3 Jo. • A tradição atribui a autoria das três últimas a João, por causa de sua proximidade temática com o quarto evangelho. Além de combater falsas doutrinas e falsos mestres, as cartas gerais lembram que a fé deve se tornar ativa através do amor (Tg, 1 Jo). • Algumas delas refletem sobre o tema do sofrimento, que os cristãos passam a suportar por causa de sua fé e de sua nova vida em Cristo (1 e 2 Pe). BLOCO III: LIVRO PROFÉTICO (95)
O último livro do NT é o Apocalipse.
• Trata-se de um livro profético porque, à semelhança dos profetas do AT, ele proclama o juízo e a graça de Deus sobre a história. • João, o autor do livro, anuncia a destruição do mundo dominado pelo Império Romano e a criação de um novo céu e de uma nova terra, onde não mais haverá morte, nem tristeza, nem choro nem dor (21.4). • Apocalipse foi escrito por volta de 95, quando o imperador Domiciano tinha iniciado uma perseguição mais sistemática aos cristãos, que não queriam adorá-lo e obedecê-lo como se ele fosse um Deus. • Através do livro, o autor quer animar os cristãos a perseverar na fé, na certeza de que a vitória final pertencerá a Deus.
• Comparado ao AT, o Apocalipse se
aproxima muito de Daniel, também o último livro do AT a ser escrito. Referências
KÜMMEL, Werner G. Introdução ao
Novo Testamento. p. 22-24. Autoria: Prof. Verner Hoefelmann Faculdades EST