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A FORMAÇÃO DA BÍBLIA AO LONGO DOS SÉCULOS

A FORMAÇÃO DA BÍBLIA AO LONGO DOS SÉCULOS E A IMPORTANTE


PARTICIPAÇÃO DA IGREJA CATÓLICA NESTE PROCESSO.

Por: Leandro Martins de Jesus(1)

INTRODUÇÃO

A História da Bíblia Sagrada é muito longa, pois abarca um período que


compreende nada menos que 15 séculos, iniciando-se no tempo anterior a
Moisés, por volta do ano 1200 a.C. (antes de Cristo), chegando até o final do
primeiro século após o nascimento de Jesus Cristo (século I d.C. – depois de
Cristo.). Observa-se que é um grande lapso de tempo e muitos foram os
acontecimentos que sucederam - se para a formação da Palavra de Deus que
temos hoje em mãos.
A palavra Bíblia, vem do latim vulgar Bíblia, que por sua vez vem do grego,
não sendo singular, mas plural de “livro” (em grego: livros). Uma vez que o
plural grego de Bíblia foi adotado em latim, sua forma gramatical tanto pode
ser um plural neutro, como um singular feminino.
A Bíblia é em síntese um conjunto de livros canônicos que concentram em si
uma certa unidade, descrevendo a Revelação Divina. Ela também é
denominada como: As Sagradas Escrituras.
A Bíblia divide-se em duas partes principais: O Velho Testamento e o Novo
Testamento. Este termo Testamento refere-se ao contexto principal dos
diversos livros da Escritura. O Antigo Testamento liga-se à idéia do pacto
entre Deus e o homem, iniciado com Noé, repetido com Abraão, renovado em
Israel, com a libertação do Egito e o simbolismo da Arca da Aliança. Já o
Novo Testamento surge da predição do profeta Jeremias (c.f. Jer 31,31-34)
que o autor da carta aos Hebreus declara realizar-se em Jesus Cristo (c.f.
Heb 8,6-13;10,15-17). O termo “Novo Testamento” foi dito por Cristo na última
ceia (c.f. Luc 22,20), e reivindicado por São Paulo como parte do seu
ministério (cf. I Cor 11,25; II Cor 3,6).
Com o passar do tempo o termo Antigo Testamento ficou designando as
Escrituras Judaicas (cf. II Cor 3,14), e o Novo Testamento, os novos escritos
(primeiros escritos apostólicos) que começavam a surgir. O termo hebraico
berith que significa aliança, foi traduzido no Velho Testamento grego,por uma
palavra grega,que possui uma dupla significação (1º - disposição, vontade ou
testamento; 2º - aliança ou pacto.) O texto da Vulgata Latina traz escrito
Novum Testamentum, de onde vem a tradução atual de Novo Testamento,
conservando-se apenas um dos sentidos da tradução grega da palavra
hebraica.
Como os Evangelhos e os outros escritos apostólicos foram sendo pouco a
pouco considerados como escritura, foi mister distingui-los pelo nome de “O
Novo Testamento”, expressão que começou a empregar-se no princípio do
terceiro século, quando Orígenes (2) fala das “Divinas Escrituras”, que são o
Velho e Novo Testamento. (História, Doutrina e Interpretação da Bíblia.(3)
São Paulo.1951, p.3)
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(1)Estudante de Pedagogia na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia -
UESB, estudioso e pesquisador sobre Teologia e História Eclesiástica. É
paroquiano da Igreja Nossa Senhora das Graças em Itapetinga-Ba, da
Diocese de Vitória da Conquista - Ba. Responsável pela formação do Grupo
Jovem Carismático Shalom.

(2)Foi um dos Pais Apostólicos da Igreja Católica. Mestre de famosa Escola


de Teologia em Alexandria (Egito) no séc. III. Nasceu em 184 e morreu em
254 d.C. em Cesaréia na Palestina, durante a perseguição do imperador
romano Décio.

(3)Livro de autor Protestante, Doutor em Teologia.


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COMO E QUEM DEFINIU QUAIS SERIAM OS LIVROS DA BÍBLIA

Quanto ao Antigo Testamento, temos três idiomas originais. A maior parte foi
escrita e chegou até nós em língua hebraica. Alguns capítulos dos livros de
Esdras e Daniel, e um versículo de Jeremias estão em aramaico, que foi o
idioma falado na Palestina depois do exílio babilônico (séc. VI a.C.). Dois
livros, o segundo dos Macabeus e a Sabedoria, foram escritos originalmente
em grego. Dos livros de Judite, Tobias, Baruc e Eclesiástico, e parte também
de Daniel e Ester, perdeu-se como no caso do Evangelho de Mateus, o texto
original hebraico ou aramaico, sendo substituído pela versão grega. Essas
diferenças lingüísticas não deixavam de exercer a sua influência sobre a
extensão do cânon dos livros sagrados. Enquanto os Judeus disseminados
no mundo greco – romano não tinham dificuldade em introduzir os livros
redigidos em grego, os judeus da palestina não queriam conformar-se com
isso. (Bíblia Sagrada.São Paulo.1982, p.8)

O Antigo Testamento nos foi legado pelos Hebreus, tínhamos no início do


Cristianismo, duas versões, uma Palestina (Cânon restrito) composta por 39
livros que foram escritos na Terra Santa, em hebraico, divididos em: A lei
(Torá), Os profetas e os Escritos (Hagiógrafa) e uma Alexandrina (Cânon
completo), composta de 46 livros, que é uma tradução grega, da versão
Palestina, feita na cidade de Alexandria entre 250 a.C e 100 a.C, através de
setenta sábios judeus (ou setenta e dois, segundo tradições), fato este que
originou o termo versão dos Setenta (LXX) ou Alexandrina. Os sete livros que
só figuram na versão dos Setenta ou Alexandrina são: Tobias, Judite,
Sabedoria, Baruc, Eclesiástico ou Sirácida, I e II Macabeus, além dos
fragmentos de Ester 10,4-16, Daniel 3,24-20; e os capítulos 13 e 14.

No ano 100 d.C. (séc. I d.C.), época em que se difundia o Novo Testamento
com os Evangelhos e as cartas dos Apóstolos que surgiam, (que os judeus
não acreditavam nem aceitavam) os Doutores da Sinagoga (rabinos judeus)
realizaram um Sínodo (Conselho de Jâmnia) na cidade de Jâmnia (ou
Jabnes), perto de Jafa, na Palestina, para definir quais seriam os livros da
Bíblia (somente o Antigo Testamento em que eles acreditavam) e definiram
como critério para isso os seguintes itens como assevera o teólogo Felipe
Aquino:

1. Deveria ter sido escrito na Terra Santa;


2. Escrito somente em hebraico, nem aramaico nem grego;
3. Escrito antes de Esdras (455-428 a.C.);
4. Sem Contradição com a Torá ou Lei de Moisés.
Esses critérios eram racionalistas mais do que religiosos, fruto do retorno do
exílio da Babilônia. Por esses critérios não foram aceitos na Bíblia Judaica da
Palestina os livros que não constam na Bíblia protestante. (Escola da Fé II –
A Sagrada Escritura. Lorena - SP. 2000, p.32)

(...) foi - se formando (...) a opinião de que depois de Esdras (séc. IV a.C.)
faltando ou sendo incerto o dom profético (cf. I Mac 4,46;14,41) nem sequer
admitiam pudessem ser escritos livros inspirados por Deus. Por isso quando
nos fins do séc. I d.C. os Doutores da Sinagoga fixaram o cânon das
sagradas escrituras, foram excluídos até os livros escritos em hebraico depois
daquela época, como o Eclesiástico. Daí resultou o cânon hebraico em que
faltam sete livros. (Bíblia Sagrada. São Paulo.1982, p.8)

A definição do Cânon Bíblico para os cristãos partiu da autoridade apostólica


da Igreja Católica (4), tanto para os livros do Velho Testamento, quanto para
os livros do Novo Testamento, como pode ser evidenciado histórica e
teologicamente. No que diz respeito ao Antigo Testamento, os Judeus nos
legaram as duas versões acima descritas (Palestina e Alexandrina ou dos
LXX), e a Igreja após dirimir suas dúvidas através da análise teológica dos
livros, juntamente com o discernimento do Espírito Santo optou pelo Cânon
completo da versão dos LXX (Alexandrina).

A palavra cânon é grega e significa literalmente uma regra ou medida, ou


varinha direita. No seu principal sentido metafórico de regra de fé aparece a
palavra cânon no Novo Testamento: “a todos quanto andarem nesta regra,
paz e misericórdia sobre eles” (cf. Gal 6,16). Parece ter sido neste sentido na
verdade muito apropriado que no quarto século a palavra cânon principiou a
ser aplicada às Escrituras, que continham a regra autorizada pela qual deve
ser moldada a vida do homem. Mas foi a Igreja(5)que guiada por Deus
formou o Cânon, determinando depois de largos debates, que livros deveriam
ter sido recebidos como sagrados e quais deveriam ser rejeitados. A Igreja,
pois é que primeiramente canonizou os livros santos, que ficaram sendo
canônicos, isto é, conforme o cânon à regra. (História, Doutrina e
Interpretação da Bíblia. São Paulo.1951, p.6)

Os protestantes após a “reforma luterana” começaram a rejeitar os sete livros


acima citados, da versão dos LXX e em meados dos séculos XIX os retiraram
de suas Bíblias, como afirma o teólogo Felipe Aquino:

Lutero, ao traduzir a Bíblia para o alemão, traduziu também os sete livros


(deuterocanônicos) na sua edição de 1534, e as Sociedades Bíblicas
protestantes, até o século XIX incluíam os sete livros nas edições da Bíblia
(Escola da Fé II – A Sagrada Escritura. Lorena - SP. 2000, p.34)

Os protestantes só admitem como livros sagrados os 39 livros do cânon


hebreu. O primeiro que negou a canonicidade dos sete deuterocanônicos foi
Carlostadio (1520), seguido de Lutero (1534) e depois Calcino (1540). (Como
a Bíblia foi escrita. A.C.I. Digital. 2004)

Historicamente se comprova que os primeiros cristãos utilizavam o Antigo


Testamento da versão dos LXX (Alexandrina), portanto com os sete livros
rejeitados pelos judeus e protestantes.

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(4)As coisas divinamente reveladas, que se encerram por escrito nas
Sagradas Escrituras e nesta se nos oferecem, foram consignadas sob influxo
do Espírito Santo. Pois a Santa Mãe Igreja, segundo a fé apostólica tem como
sagrados e canônicos os livros completos tanto do Antigo como do Novo
Testamento, com todas as suas partes, por que, escritos sob a inspiração do
Espírito Santo (cf. Jo 20,31; II Tim 3,16; II Ped 1,19-21; 3,15-16), eles tem em
Deus o seu autor e nesta sua qualidade foram confiados a Igreja. (Dei
Verbum 11).
(5)Trata-se da Igreja Católica Apostólica Romana. A primeira vez na História
que aparece o termo “Igreja Católica” foi em uma carta de Inácio de Antioquia
(†110), à comunidade de Esmirna (atual Izmir, Turquia) que dizia: “Onde está
o Cristo Jesus está a Igreja Católica” (Carta aos Esmirnenses 8,2). Inácio foi
o terceiro bispo da comunidade de Antioquia, fundada por São Pedro.
Conheceu pessoalmente São Paulo e São João (evangelista). Foi preso e
conduzido a Roma por ordem do imperador Trajano, sendo martirizado no
Coliseu, nos dentes dos leões. A caminho de Roma escreveu cartas às
comunidades de Éfeso, Magnésia, Filadélfia, Esmirna, Trales e ao bispo de
Esmirna, São Policarpo. Na Enciclopédia Compacta de Conhecimentos
Gerais (da revista “Isto é”), página 259, tópico Igreja Católica, vemos a
seguinte afirmação: “Roma foi a única Igreja ocidental fundada por um
apóstolo (São Pedro). Da Irlanda aos Cárpatos, os cristão passaram a
reconhecer o bispo de Roma como o Papa (do latim vulgar papa, “pai”) e
usavam o latim nos serviços religiosos nas leituras das escrituras e na
teologia (...).”
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Tem – se dito que a Bíblia dos Apóstolos, aquela que habitualmente citam é a
septuagentina(6), e que esta versão contém os livros apócrifos. Que eles
usavam a versão dos setenta não sofre dúvida. (História, Doutrina e
Interpretação da Bíblia. São Paulo.1951, p.15)

Os Apóstolos e Evangelistas optaram pela Bíblia completa dos Setenta


(Alexandrina), considerando canônicos os livros rejeitados em Jâmnia (ou
Jabnes). Ao escreverem o Novo Testamento usaram o Antigo Testamento, na
forma da tradução grega de Alexandria, mesmo quando esta era diferente do
texto hebraico. O texto grego, “dos Setenta” tornou-se comum entre os
cristãos; e portanto o cânon completo, incluindo os sete livros e os
fragmentos de Ester e Daniel, passou para o uso dos cristãos.(Escola da Fé II
– A Sagrada Escritura. Lorena - SP. 2000, p.32)

Quanto às dúvidas surgidas no seio da Igreja durante o processo de definição


do Cânon das sagradas escrituras, nota-se o debate teológico dos grandes
Pais Apostólicos da Igreja e a colaboração do Espírito Santo para a chegada
em um consenso.

Alguns Padres da Igreja denotam certas dúvidas nos seus escritos, por
exemplo, Atanásio(7) (373), Cirilo de Jerusalém(8) (386), Gregório
Nazianzeno(9) (389), enquanto outros mantiveram como inspirados também
os deutero-canônicos, por exemplo, Basílio(10) ( 379), Santo Agostinho (11)
(430), Leão Magno(12) (461). A partir do ano 393 diferentes concílios,
primeiro regionais e logo ecumênicos, foram fazendo precisões à lista dos
Livros “canônicos” para a Igreja. (Como a Bíblia foi escrita. A.C.I. Digital.
2004).

Outro fato importantíssimo é que nos mais antigos escritos dos santos Padres
da Igreja (Patrística) os livros rejeitados pelos protestantes
(deuterocanônicos) são citados como Sagrada Escritura. Assim, São
Clemente de Roma(13), o quarto Papa da Igreja, no ano de 95 escreveu a
Carta aos Coríntios, citando Judite, Sabedoria, fragmentos de Daniel, Tobias
e Eclesiástico; livros rejeitados pelos protestantes.Da mesma forma, o
conhecido Pastor de Hermas(14), no ano

140, faz amplo uso de Eclesiástico, e do II Macabeus; Santo Hipólito(15)


(†234), comenta o Livro de Daniel com os fragmentos deuterocanônicos
rejeitados pelos protestantes, e cita como Sagrada Escritura Sabedoria,
Baruc, Tobias, I e II Macabeus. Fica assim, muito claro, que a Sagrada
Tradição da Igreja e o Sagrado Magistério sempre confirmaram os livros
deuterocanônicos como inspirados pelo Espírito Santo. Vários Concílios
confirmaram isto, os Concílios regionais de Hipona (ano 393); Cartago II
(397), Cartago IV (419), Trulos (692). Principalmente os Concílios
ecumênicos de Florença (1442), Trento (1546) e Vaticano I (1870). (Escola da
Fé II – A Sagrada Escritura. Lorena - SP. 2000, p.33)

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(6)Forma como também é conhecida a versão dos LXX (setenta).

(7)S. Atanásio (295-373 d.C.), é considerado doutor da Igreja, nasceu em


Alexandria, tornou-se diácono e junto com o Bispo Alexandre destacou-se no
Concílio de Nicéia (325 d.C.) combatendo o arianismo que negava a
divindade de Cristo.

(8)É considerado doutor da Igreja, foi Bispo de Jerusalém, guardião da fé


professada no concílio de Nicéia (325 d.C.), é autor da obra Catequeses
Mistagógicas, esteve no concílio Ecumênico Constantinopla I (381
d.C.).Morreu em 386 d.C.

(9)É considerado Doutor da Igreja, nasceu em 329 d.C. em Naziano na


Capadócia e morreu em 389 d.C. Lutou contra o arianismo, sua doutrina
sobre a Santíssima Trindade lhe rendeu o título de teólogo, confirmado no
Concílio de Calcedônia em 481 d.C.

(10)É considerado Doutor da Igreja, nasceu em 330 d.C. e morreu em 369


d.C., foi Bispo.
(11)Foi Bispo e Doutor da Igreja, nasceu em Tagaste na Tunísia, viveu de
354 d.C. a 430 d.C. , se converteu em Milão, ouvindo as pregações do Bispo
S. Ambrósio.Tornou-se Bispo de Hipona aos 42 anos de idade, combateu o
maniqueísmo, o donatismo e o pelagianismo, heresias do seu tempo.

(12)Foi Papa (440 – 461 d.C) e Doutor da Igreja, viveu de 400 d.C. a 461 d.C.
Deixou 96 sermões e 173 cartas, participou do Concílio da Calcedônia
combatendo o monofisismo.

(13)Foi o terceiro sucessor de São Pedro, quarto Papa da Igreja (88 – 97


d.C.), nos tempos dos imperadores romanos Domiciano e Trajano (92 – 102
d.C.). Segundo S. Irineu “ele viu os apóstolos e com eles conversou, tendo
ouvido diretamente a sua pregação e ensinamento” (Contra as heresias). (cf.
Fil 4,3).

(14)Era irmão do Papa São Pio I (140 – 155 d.C.). Escreveu a obra Pastor, de
visão apocalíptica, morreu em 160 d.C.

(15)S. Hipólito de Roma (160 – 234 d.C.), foi discípulo de S. Irineu (140 – 202
d.C.), foi célebre na Igreja de Roma, sendo sua pregação ouvida por
Orígenes (184 – 254 d.C.). Escreveu contra os hereges, compôs textos
litúrgicos e a obra Tradição Apostólica, em que relata os costumes da Igreja
no século III.
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Os livros rejeitados pelos protestantes são por eles chamados de apócrifos,


os católicos não adotam este termo para tratar os referidos sete livros,
considerando-os deuterocanônicos, ou seja, aqueles livros que do século II
d.C. ao século IV d.C. a Igreja não tinha ainda ratificado a sua canonicidade e
eram motivo de estudo e discernimento do Sagrado Magistério da Igreja(16).

Chegou-se a fazer distinção entre “livros reconhecidos” (homologúmenos),


admitidos por todos (os do cânon hebraico) e “livros controversos”
(antilogúmenos), não admitidos por todos (...) os primeiros se chamam
protocanônicos e os segundos deuterocanônicos, ou seja, canônicos de
primeira e segunda época. Compreende-se que os hebreus rejeitem, em sua
totalidade o Novo Testamento, alem dos deuterocanônicos do Antigo. Os
protestantes ocupam uma posição de meio termo. No novo testamento depois
das primeiras incertezas de seus fundadores admitiram integralmente e sem
distinção o Cânon Católico. No Antigo Testamento, ao invés, seguindo o
cânon mais restrito dos hebreus, rejeitam como fora da série dos livros
sagrados, sob o nome de “apócrifos”, os que nós chamamos
deuterocanônicos. (Bíblia Sagrada. São Paulo. 1982, p.8)

Para se chegar ao Novo Testamento que temos, a Igreja Católica teve de


rejeitar diversos livros que não eram inspirados por Deus, e através de sua
autoridade apostólica(17) definir o Cânon das Escrituras.Os livros abaixo
citados são os que os católicos consideram apócrifos, ou seja, livros não
revelados pelo Espírito Santo e que muitas vezes continham heresias, a
Igreja os considera importante para o estudo, visto que alguns deles podem
conter verdades históricas.Através da quantidade de livros observa-se como
a Igreja teve de ser criteriosa, inspirada e dirigida pelo Espírito Santo, para
retirar o joio do meio do trigo. Sem a autoridade da Igreja não teríamos como
saber quais seriam os livros divinamente inspirados por Deus para a
composição da Revelação Escrita – As Sagradas Escrituras.

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(16)Advém da Sucessão Apostólica. É formado pelo Papa (sucessor de


Pedro) e Bispos (sucessor dos Apóstolos), com a missão de conservar o
“depósito da fé” (I Tim.1,10; Luc.10,26;), ensinando a verdade extraída da
Sagrada Escritura e da Sagrada Tradição Apostólica.

(17)Em sua extrema benignidade, Deus tomou providencias a fim de que


aquilo que Ele revelara para a salvação de todos os povos se conservasse
inalterado para sempre e fosse transmitido a todas as gerações (...). Mas
para que o Evangelho sempre se conservasse vivo e inalterado na Igreja, os
Apóstolos deixaram como sucessores os Bispos, a eles “transmitindo o seu
próprio encargo do Magistério” (S. Irineu in: Adv. Haer., III, 3,1). Portanto,
esta Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura de ambos os testamentos são
como o espelho em que a Igreja peregrina na terra contempla a Deus de
Quem tudo recebe, até que chegue a vê-lo face a face como é ( cf. I Jo 3,2).
(Dei Verbum, 7). O ensinamento dos Santos Padres testemunha a presença
vivificante dessa tradição, cujas riquezas se transfundem na praxe e na vida
da Igreja que crê e ora. Pela mesma Tradição torna-se conhecido à Igreja o
Cânon completo dos livros sagrados (...). E assim o Deus, que outrora falou,
mantém um permanente diálogo com a esposa de seu dileto Filho, e o
Espírito Santo, pelo qual a voz viva do evangelho ressoa na Igreja e através
da Igreja no mundo, leva os fieis à verdade toda e faz habitar neles
abundantemente a palavra de Cristo (cf. Col 3,16). (Dei Verbum, 8).
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Apócrifos referentes ao Novo Testamento rejeitados pela Igreja Católica:

1. Evangelho segundo os Hebreus (gnóstico) – Fim do Séc I d.C.


2. Proto – Evangelho de Tiago.
3. Evangelho do Pseudo Tomé.
4. O Evangelho de Pedro – Meados do Séc II d.C.
5. O Evangelho de Nicodemos.
6. O Evangelho dos Ebionitas ou dos Doze Apóstolos – Meados do Séc II
d.C.
7. Evangelho segundo os Egípcios – Meados do Séc II d.C.
8. Evangelho de André – Séc II/III d.C.
9. Evangelho de Felipe – Séc II/III d.C.
10. Evangelho de Bartolomeu – Séc II/III d.C.
11. Evangelho de Barnabé – Séc II/III d.C.
12. O drama de Pilatos.
13. A morte e assunção de Maria.
14. A Paixão de Jesus.
15. Descida de Jesus aos Infernos.
16. Declaração de José de Arimatéia.
17. História de José o garimpeiro.
18. Atos de Pedro.
19. Atos de Paulo.
20. Atos de André.
21. Atos de João.
22. Atos de Tomé.
23. Atos de Felipe.
24. Atos de Tadeu.
25. Epístola de Barnabé.
26. III Epístola aos Coríntios – Séc. II d.C.
27. Epistola aos Loadicenses – Fim do Séc. II d.C.
28. Carta dos Apóstolos – 180 d.C.
29. Correspondência entre Sêneca e São Paulo – Séc. IV d.C.
30. Apocalipse de Pedro – Meados do Séc. II d.C.
31. Apocalipse de Paulo – 380 d.C.
32. Sibila Cristã – Séc. III d.C.

Também em relação ao Antigo Testamento a Igreja Católica, rejeitou diversos


livros como apócrifos, utilizando-se mais uma vez de sua autoridade para a
delimitação do Cânon Bíblico.
Apócrifos referentes ao Antigo Testamento rejeitados pela Igreja Católica:

1. A vida de Adão e Eva.


2. I Henoque.
3. II Henoque.
4. Apocalipse de Abraão.
5. Testamento de Abraão.
6. Testamento de Isaac.
7. Testamento de Jacó.
8. Escada de Jacó.
9. José e Asenet.
10. Testamento dos Doze Patriarcas.

11. Assunção de Moisés.(18)


12. Testamento de Jô.
13. Salmos de Salomão.
14. Odes de Salomão.
15. Testamento de Salomão.
16. Apocalipse de Elias.
17. Ascensão de Isaías.
18. Paralipômenos de Jeremias.
19. Apocalipse Siríaco de Baruc.
20. Apocalipse de Sofonias.
21. Apocalipse de Esdras.
22. Apocalipse de Sedrac.
23. III Esdras.
24. IV Esdras.
25. Sibilinos.
26. Pseudo-Filemon.
27. III Macabeus.
28. IV Macabeus.
29. Salmos 151-155.
30. Oração de Manasses.
31. Carta de Aristeu.
32. As Dezoito Bênçãos.
33. Ahigar.
34. Vida dos Profetas.
35. Recabitas.

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(18)Na Epístola de S. Judas (canônica), há uma alusão deste apócrifo,
citando uma antiga tradição hebraica – A ascensão de Moisés.(cf. Judas
v.9).E uma citação do apócrifo de Henoque (cf. Judas v. 14-15).
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Relação de citações implícitas dos livros deuterocanônicos nos escritos do


Novo Testamento:

Deuterocanônico ........................... ---Protocanônico

Antigo Testamento.................. ---Novo Testamento

Sabedoria 13,1 – 9.................... ---Romanos 1,19 – 32


Sabedoria 6,1 – 4......................... ---Romanos 13,1
Sabedoria 2,13.18........................ ---Mateus 27,43
Eclesiástico 4,34.......................... ---Tiago 1,19
Eclesiástico 27,30 – 28,1-7......... ---Lucas 11,4; Mateus 6,15
Eclesiástico 31,1–11.................... ---Lucas 18,24 – 25
Eclesiástico 35,11–24 ................ ---Lucas 18,1– 8
I Macabeus 2,29 – 48................. ---Marcos 2,27
II Macabeus 6,18 – 7,42............. ---Hebreus 11,34 – 40
Tobias 12,15................................. ---Apocalipse 8,2
Tobias 12,1 – 22.......................... ---Mateus 6,1 – 18
Tobias 13,11 – 18 ....................... ---Apocalipse 21,1 – 22,1 – 5

VERSÕES DO VELHO TESTAMENTO

• Pré – Massorético e Massorético – É um trabalho que surge do fim do


primeiro século em diante, transmitindo o texto hebraico livre de corrupção. O
texto do Velho Testamento fixou-se pela tradição, e a versão massorética
trazia as variantes anotadas na margem. O hebraico era escrito sem o uso
das vogais até o século VII. Entre os séculos VII a X os doutores judeus
colocaram as vogais no texto.
• Semíticas:

1. Em primeiro lugar se coloca os Targuns, devido a utilizar linguagem que


mais se aproxima do original hebraico. Após a volta dos Judeus do cativeiro
da Babilônia, em grande parte haviam perdido o uso da própria língua, sendo-
lhes necessário não só ler ás escrituras no original como dar-lhe a verdadeira
significação. Dessa forma era feita a tradução parafraseada numa série de
targuns (interpretações) na língua caldéica ou no dialeto oriental aramaico.
Os targuns eram numerosos e os que chegaram até nos eram da era cristã.
Os mais antigos são os da Lei e dois referentes ao Pentateuco anteriores ao
sétimo século.

2. O Pentateuco Samaritano - Foi escrito num dialeto da família hebraica,


utilizando caracteres do antigo hebraico. Eusébio de Cesaréia e Cirilo de
Jerusalém fazem referencias a cópias deste manuscrito. Por muito tempo
pensou-se que tudo havia sido perdido, mas no princípio do século XVII foi
enviada uma cópia de Constantinopla a Paris. O valor dessa obra chegou a
ser superestimado, mas já não se julga superior ao texto hebraico. A cópia
samaritana é valorosa para a determinação da história das vogais hebraicas.

• Versões Gregas:

1. A septuagentina – A versão chamada dos LXX (setenta) ou Septuagentina


ou ainda Alexandrina, foi feita no Egito por judeus de Alexandria. Aristeas, um
escritor da Corte de Ptolomeu Filadelfo(19) II (285-247 a.C.) conta em uma
pseudocarta, que esta versão foi feita por setenta e dois judeus (seis de cada
tribo) mandados a Alexandria no ano de 285 a.C. por Eleazer a pedido de
Demétrio Falário, o bibliotecário do rei e completada em setenta e dois dias.
Não se pode precisar que se tenha ocorrido verdadeiramente dessa maneira
que a história nos chega. Quanto ao tempo em que se completou, não existe
prova alguma. Uma análise crítica da obra mostra que esta contém muitas
palavras greco-egípcias, e que o Pentateuco está traduzido com maior
exatidão do que os outros livros.

2. A Hexapla de Orígenes – Na primitiva Igreja Cristã(20) a versão dos LXX


era de grande estima, embora certos escritores buscassem o texto hebraico
para confirmar seu texto. No intuito de corrigi-la, Orígenes (185-254), um dos
grandes teólogos da Igreja Católica do século III, compôs a sua Hexapla ou
Versão das seis colunas (em meados de 228 d.C.). Esta versão continha
além da Versão dos LXX, as traduções gregas do Antigo Testamento feitas
por: Áquila do Ponto (130 d.C.); Teodoto de Éfeso (160 d.C.) e Símaco um
samaritano (218 d.C.). As duas colunas restantes continham o texto hebraico
e a sua tradução em caracteres gregos. Esta obra era constituída de
cinqüenta volumes e perdeu-se provavelmente no saque de Cesaréia, feito
pelos sarracenos em 653 d.C. Eusébio(21) de Cesaréia (260-339) havia
copiado a coluna formada pelo texto da versão dos LXX, com as correções ou
adições dos outros tradutores aos quais Orígenes havia recorrido. O texto
hexaplariano como é conhecido, foi publicado em Paris no ano de 1714. Os
principais códices manuscritos dos LXX são: o Vaticano (B); o Sianaítico; o
Alexandrino (A) e os fragmentos do Códice Efraimita (C). Entre as edições
impressas dos LXX, pode-se citar a Complutensiana (1517), que segue em
muitos trechos a versão hebraica massorética e a Hexapla de Orígenes; a
Aldina (1518), que apresenta muitas variantes do Códice do Vaticano (B); a
Romana ou Vaticana (1587) baseada no Códice do Vaticano (B); a Grabiana
(1707 a 1720) que foi baseada principalmente no Códice Alexandrino (A) e a
edição crítica de Cambridge (1887 – 1894).

• Antigas Versões Latinas :

1. Latina – Entre as mais antigas versões baseadas nas versões dos LXX,
temos a Latina feita na África, e muitas vezes transcritas total ou parcialmente
em várias províncias do Império Romano. Pelas diferenças que se encontram
nas cópias, alguns acreditam que houveram diversas versões, porém a
hipótese mais aceita é que se trata da revisões da mesma tradução original.
2. Ítala – A mais importante das revisões da Latina fez-se na Itália, com o fim
de corrigir os provincianismos e outros pequenos defeitos da versão africana.
Santo Agostinho refere-se a ela em seu escrito De Doctrina Cristiana II,
chamando-a de Ítala. São Jerônimo(22) a considera em geral muito boa. Em
seu texto predomina traços do Códice Alexandrino (A) e baseando-se em
citações de Tertuliano,(23) presume-se que a versão seja do final do segundo
século (Séc. II d.C.).

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(19)Rei egípcio de Alexandria no século II a.C, que se orgulhava de possuir


em sua rica biblioteca todos os “livros do mundo”.

(20)Quando se diz Primitiva Igreja Cristã ou Igreja Primitiva, entenda-se a


única Igreja Cristã existente na época: Católica Apostólica (vide nota de
rodapé nº 5). “As primeiras Igrejas surgiram como comunidades fundadas
pelos apóstolos (54 d.C.). Do núcleo fundado por Pedro em Roma, originou-
se todo o cristianismo no Ocidente, que posteriormente foi dividido em
arquidioceses, dioceses e províncias eclesiásticas, em comunhão com a Sé
Romana, a partir de 70 d.C.” (Revista: Superinteressante. Ed.181, pg.22-23).

(21)Bispo Católico de Cesaréia na Palestina. Por volta do ano 300 d.C.


escreveu a primeira História da Igreja. Nasceu na Palestina, em Cesaréia, foi
discípulo de Orígenes (184-254). Escreveu sua Crônica, A História
Eclesiástica, A preparação e a Demonstração Evangélicas. Foi perseguido
pelo imperador romano Dioclesiano.

(22)Viveu de 347 a 420 d.C, é considerado “Doutor Bíblico”. Em 379 d.C.


ordenou-se sacerdote pelo Bispo Paulino de Antioquia. De 382 a 385 d.C. foi
secretário do Papa S. Damaso, por cuja ordem vez a revisão latina da Bíblia,
conhecida como Vulgata, levando aproximadamente 34 anos para terminar.
Em S. Jerônimo destaca-se a austeridade, o temperamento forte, a erudição
e o amor à Igreja e a Sé de Pedro.

(23)Tertuliano (220d.C.) de Catargo, norte da África, era advogado em Roma


quando em 195 d.C converteu-se ao Cristianismo passando a servir à Igreja
de Catargo como catequista. Combateu as heresias do gnosticismo, mas se
desentendeu com a Igreja. É autor da frase: “o sangue dos mártires é
semente de novos cristãos.”
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3. Vulgata – Devido a diversidade de cópias e as suas imperfeições, a pedido


do Papa (de 366 a 384 d.C.) S. Dâmaso, S. Jerônimo foi incumbido da tarefa
de fazer a revisão dos textos das cópias latinas, como Orígenes havia feito a
revisão da Septuagentina. Utilizou para isso a Hexapla de Orígenes, para
corrigir todo o Velho Testamento. Quando estava prestes a terminar esta
correção, S. Jerônimo decidiu fazer uma tradução em latim, feita diretamente
do Hebraico. Consagrou o melhor do seu tempo a esta obra, completando-a
em 404 d.C. aproximadamente.

Entre os tradutores antigos da Bíblia, S. Jerônimo foi o último no tempo,


embora o primeiro no mérito: não só por se ter podido valer do trabalho dos
seus antecessores, mas sobretudo porque, pela prática constante, adquiriu
domínio tal das línguas bíblicas (hebraico, aramaico e grego) que entre os
antigos cristãos não se conhece igual. Acrescente-se um conhecimento
igualmente único da literatura exegética tanto judaica, quanto cristã. Com
bagagem de cultura literária incomum, com ótima preparação e excelentes
critérios, pôs mãos ao árduo trabalho. Começou por corrigir (em Roma em
384 a convite do Papa S. Dâmaso) os Evangelhos Latinos, auxiliado para isso
pelos melhores códices gregos. Transferindo-se depois para a Palestina
(386)... estendeu o mesmo trabalho de paciente revisão... aos livros do Antigo
Testamento; mas tendo terminado uma parte deles, sobretudo os Salmos,
que passaram depois a Vulgata, compreendeu que prestaria um serviço muito
melhor à Igreja, fazendo uma nova versão diretamente do texto hebraico. E
sem esmorecer diante das ingentes dificuldades, e sem se cansar no longo e
áspero caminho, a ela se dedicou com admirável constância pelo espaço de
uns quinze anos, de 390 a 404, até o acabamento feliz da obra. (Bíblia
Sagrada. São Paulo. 1982, p.13)

Uma reverencia supersticiosa à versão dos LXX, fez com que muitos não
aceitassem a obra de S. Jerônimo, mas a tradução foi conquistando espaço e
ganhando destaque, e no tempo de Gregório (o Grande), Papa de 690 a 604,
já tinha igual autoridade e foi dignificada com o nome de Vulgata (“versio
Vulgata”; a versão corrente).

As traduções de S. Jerônimo não encontraram imediatamente no mundo


latino a acolhida que mereciam. A propagação devida em parte às
dificuldades da época, foi lenta, mas em constante progresso, de sorte que
dois séculos depois S. Isidoro de Sevilha(24) (636) pôde escrever que ela já
estava em uso em toda a Igreja do Ocidente, e mais tarde o renascimento
carolíngio consagrou-lhe definitivamente o triunfo sobre as antigas versões
latinas. Formou-se assim entre o séc. V e IX, a versão que propriamente é
chamada Vulgata. (Bíblia Sagrada. São Paulo. 1982, p.13-14)

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(24)Viveu de 560 a 636 d.C. foi Bispo e Doutor da Igreja. Nasceu em Sevilha,
foi educado por seu irmão São Leandro, bispo de Sevilha. É chamado
também o último Padre da Igreja do Ocidente. A sua obra Etimologias,
composta de 20 volumes, é uma síntese de todo saber antigo e de seu
tempo.
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O texto da Vulgata foi composto em parte da antiga versão latina (Cinco


deuterocanônicos do Antigo Testamento: I e II Macabeus, Sabedoria,
Eclesiástico e Baruc, com a carta de Jeremias), em parte na edição revista
por S. Jerônimo (os Salmos, o Antigo e Novo Testamentos) e è também uma
nova tradução feita diretamente do hebraico (todo o Antigo Testamento
hebraico, exceto os Salmos, Tobias e Judite). S. Jerônimo estava
familiarizado com os exegetas hebraicos incorporando muitas das suas
interpretações na vulgata, mas geralmente seguia-se a versão dos LXX,
mesmo quanto o texto diferia do hebraico. Com o passar do tempo, o texto da
Vulgata perdeu um pouco de sua pureza, devido às cópias e introduções de
antigas versões, porém nobres doutores revisaram o texto reconduzindo-o à
primitiva integridade. Citamos a revisão efetuada pelo sábio Alcuíno (735 –
808 d.C.), ordenada por Carlos Magno e a de Lanfranc. Com o passar do
tempo começaram a surgir novamente, textos de valor discutíveis,
principalmente após a “reforma protestante”. Assim sendo, a Sessão IV de 08
de abril de 1546, do Concílio Ecumênico de Trento, após definir o Cânon das
Sagradas Escrituras, decretou que a Vulgata seria versão autêntica, e que
fosse impressa com a máxima correção. Os Papas desde Pio IV (1559 a
1565) até Clemente III (1592 a 1605) nomearam consecutivamente quatro
comissões para este fim, culminando na edição publicada em 1590 por Sixto
V, (Papa de 1585 a 1590), posteriormente substituída pela edição publicada
em 1592 por Clemente VIII, (Papa de 1592 a 1605), edição conhecida como
sixto – Clementina. Depois houve mais duas edições vaticanas em 1593 e
1598, as quais são a base de todas as versões posteriores até os dias atuais.
O mais importante e célebre manuscrito da vulgata é o Codex Amiatinus, do
final do sétimo século, que está em Florença, Itália, na biblioteca Laurentiana.

• Siríaca ou Versão Aramaica Ocidental:

1. A versão Peshita – Peshita significa “correta ou simples”, esta versão foi


feita diretamente do hebraico e concorda com rigor ao texto massorético. Não
se pode afirmar em que tempo e onde foi feita esta tradução, presume-se que
os cristãos da Síria, obtiveram a Escritura em sua própria língua. Pelo exame
da tradução acredita-se que os tradutores eram judeus – cristãos que
traduziram o Velho Testamento do original hebraico. Esta versão continha
todos os livros canônicos do Velho e Novo Testamentos, exceto II carta de S.
Pedro, II e III carta de S. João, a carta de S. Judas e o Apocalipse de S. João.
O texto difere de das principais classes de manuscritos.

• Diversas versões antigas:

1. A História Eclesiástica, de Eusébio de Cesaréia, coloca a versão da Etiópia


no ano de 330 d.C. O texto baseia-se totalmente na versão dos LXX e segue
as variantes do códice Alexandrino.

2. A maior parte o Velho Testamento, existe nos dialetos cópticos de Egito. A


época mais provável em que essas versões foram feitas são os séculos III ou
IV d.C. com algumas suposições que possam ser dos séculos I ou II d.C. São
baseados na versão dos LXX, seguindo as variantes do códice Alexandrino,
os tradutores são desconhecidos.

3. A versão Gótica da Bíblia, foi feita por Ulfilas, bispo dos Ostrogodos, que
esteve no Concílio de Constantinopla I (maio a junho de 381 d.C.). É uma
tradução da versão dos LXX, de considerável valor crítico, embora se restem
alguns fragmentos desta versão.

4. A versão Armênia foi feita em meados do século V d.C., baseada na


versão Siríaca, mais tarde foi revista segundo a versão dos LXX, sendo
traduzida pelo patriarca Mesrob.

5. A versão Gregoriana foi feita no século VI d.C., através de cópias da


versão Armênia.

6. A versão Eslava ou Eslavônica foi feita em meados do século IX d.C., pelos


irmãos católicos, Cirilo e Metódio de Tessalônica, missionários da Bulgária e
Moravia, que traduziram as Escrituras para a língua eslava (ou eslavônica).
Considera-se como proveniente da versão dos LXX embora alguns
testemunhos antigos indiquem que a tradução foi feita do latim.

7. As versões Árabes dos diversos livros das Escrituras, foram traduzidas da


versão dos LXX entre os séculos VIII e XII d.C, segundo diversos escritores,
porém os livros de Jó, Crônicas, Juízes, Rute, Samuel, e algumas partes de
outros livros, foram traduzidas da versão Siríaca Peshita.

A DEFINIÇÃO DO CÂNON DO NOVO TESTAMENTO

O Espírito Santo, dado a Igreja, despertou santos instintos, auxiliou o


discernimento entre o puro e o espúrio, e assim foi possível chegar a uma
gradual harmônica e por fim unânime conclusão. Havia na Igreja o que um
teólogo designou com felicidade pela expressão “inspiração da seleção”.
(História, Doutrina e Interpretação da Bíblia. São Paulo.1951, p.29)

A formação do Cânon do Novo Testamento deu-se de forma gradual, de


modo que depois do ano 400 d.C. não existiam mais dúvidas a este respeito,
graças a intervenção da Igreja Católica, que como já citamos anteriormente,
foi quem através do Espírito Santo e agindo de acordo com sua autoridade
apostólica definiu quais eram os livros canônicos.
A princípio os livros foram surgindo separadamente, em diferentes
localidades, e eram guardados cuidadosamente pelas diversas comunidades
apostólicas (paróquias) e lidos nas reuniões cristãs. Depois começaram a ser
classificados em grupos: os Evangelhos, as Cartas (Epístolas) de São Paulo,
os Atos dos Apóstolos e as Cartas Católicas (Epístolas Gerais) a estes
grupos, foi acrescentado o Apocalipse, estando por volta do final do século II
d.C. praticamente completa a coleção. Porém a autenticidade de alguns livros
ainda ficou em aberto por certo tempo.
Existiam na Igreja Primitiva (vide nota nº 5 e nº 20), muitos escritos que
diziam tratar da vida de Jesus. Segundo nos relata S. Lucas (cf. Luc 1,1-2)
muitos escritores buscavam reproduzir o primitivo Evangelho oral, visto que
os primeiros Evangelhos só foram escritos de 20 a 30 anos após a morte e
ressurreição de Jesus Cristo, estes se conservaram oralmente até serem
escritos graças a assistência do Espírito Santo, atuando na Sagrada Tradição
Apostólica da Igreja, que se desenvolvia cada vez mais, expandindo-se e
convertendo os povos ao Cristianismo. Não demorou para que os quatro
Evangelhos, fossem constituídos pela Tradição Apostólica, sendo
universalmente reconhecidos e pela Igreja. Os Evangelhos de S. Marcos e S.
Lucas foram escritos respectivamente sob a influência de S. Pedro e S.
Paulo.

Os Evangelhos de Marcos e de Lucas foram escritos por companheiros dos


apóstolos: Marcos, o convertido de Pedro (cf. I Ped 5,13), e Lucas o amigo
íntimo de Paulo (cf. At 20,5-6, etc). Papias (130), Justino (falecido em 164),
Irineu (180), e Orígenes, todos falam do Evangelho de Marcos, como
geralmente aceito, dizendo que tinha sido ditado e sancionado por Pedro.
Irineu, Tertuliano e Orígenes discorrem sobre o Evangelho de Lucas como
sendo universalmente recebidos e sancionados por Paulo. (História, Doutrina
e Interpretação da Bíblia. São Paulo.1951, p.72)

Os Pais Apostólicos da Igreja Católica (S. Clemente de Roma, S. Policarpo


de Esmirna, S. Inácio de Antioquia, Hermas) citam os Evangelhos de tal
maneira que indicam ser a autoridade dos Evangelhos inteiramente
reconhecida pela Igreja. Taciano (172 d.C.), discípulo de Justino Mártir(25),
fez a combinação dos Evangelhos numa Harmonia chamada de Diatessaron,
uma outra Harmonia foi feita por Amônio de Alexandria, professor de
Orígenes. S. Irineu que quando jovem, conheceu S. Policarpo que foi
discípulo do apóstolo S. João (evangelista), reconheceu a santa quaternidade
dos escritos, testificando a aceitação desses livros como inspirados por Deus.
S. Tertuliano da África, Atanásio de Alexandria, e Cirilo de Jerusalém
confirmam ser os quatro Evangelhos as verdadeiras narrativas evangélicas.

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(25)Nasceu em Naplusa, antiga Siquém em Israel, achou nos evangelhos “a


única filosofia proveitosa”, era filósofo e fundou uma escola em Roma.
Dedicou a sua Apologia ao imperador Romano Antonino Pio em 150 d.C.
defendendo os cristãos. Foi martirizado em Roma em 164 d.C.
aproximadamente.
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Aos Evangelhos foi acrescentado o Livro dos Atos dos Apóstolos por
consenso geral, como o segundo livro escrito por de Lucas.

As fontes dos primeiros séculos confirmam a autenticidade do Novo


Testamento. Vejamos apenas uns poucos exemplos. Evangelho de Mateus -
No ano 130 o Bispo Pápias, de Hierápolis na Frígia, região da Ásia Menor,
que foi uma das primeiras a ser evangelizada pelos Apóstolos, fala do
Evangelho de São Mateus dizendo: “Mateus, por sua parte, pôs em ordem os
dizeres na língua hebraica, e cada um depois os traduziu como pode”
(Eusébio, História da Igreja III, 39,16). Quem escreveu essas palavras foi o
bispo Eusébio de Cesaréia na Palestina, quando por volta do ano 300
escreveu a primeira história da Igreja. Ele dá o testemunho histórico de
Pápias. Note que Pápias nasceu no primeiro século, isto é, no tempo dos
próprios Apóstolos; S. João ainda era vivo. Portanto este testemunho é
inequívoco. Outro testemunho importante sobre o Evangelho de Mateus é
dado por Santo Irineu (†200), do segundo século. Ele foi discípulo do grande
bispo S. Policarpo de Esmirna, que foi discípulo de S. João evangelista. S.
Irineu na sua obra contra os hereges gnósticos, fala do Evangelho de Mateus,
dizendo: “Mateus compôs o Evangelho para os hebreus na sua língua,
enquanto Pedro e Paulo em Roma pregavam o Evangelho e fundavam a
Igreja.”(Adv. Haereses II, 1,1).
Evangelho de São Marcos - É também o Bispo de Hierápolis, Pápias (†130)
que dá o primeiro testemunho do Evangelho de Marcos, conforme escreve
Eusébio: “Marcos, intérprete de Pedro, escreveu com exatidão, mas sem
ordem, tudo aquilo que recordava das palavras e das ações do Senhor; não
tinha ouvido nem seguido o Senhor, mas, mais tarde...., Pedro. Ora, como
Pedro ensinava, adaptando-se às várias necessidades dos ouvintes, sem se
preocupar em oferecer composição ordenada das sentenças do Senhor,
Marcos não nos enganou escrevendo conforme recordava; tinha somente
esta preocupação, nada negligenciar do que tinha ouvido, e nada dizer de
falso” (Eusébio, História da Igreja, III, 39,15).
Evangelho de São Lucas - O Prólogo do Evangelho de S. Lucas, usado
comumente no século II, dava testemunho deste Evangelho, ao dizer: “Lucas
foi sírio de Antioquia, de profissão médica, discípulos dos apóstolos, mais
tarde seguiu Paulo até a confissão (martírio) deste, servindo
irrepreensivelmente o Senhor. Nunca teve esposa nem filhos; com oitenta e
quatro anos morreu na Bitínia, cheio do Espírito Santo. Já tendo sido escritos
os evangelhos de Mateus, na Bitínia, e de Marcos, na Itália, impelido pelo
Espírito Santo, redigiu este Evangelho nas regiões da Acáia, dando a saber
logo no início que os outros Evangelhos já haviam sido escritos.”
Evangelho de São João – é Santo Ireneu (†202) que dá o seu testemunho:
“Enfim, João, o discípulo do Senhor, o mesmo que reclinou sobre o seu peito,
publicou também o Evangelho quando de sua estadia em Éfeso. Ora, todos
esses homens legaram a seguinte doutrina: ... Quem não lhes dá
assentimento despreza os que tiveram parte com o Senhor, despreza o
próprio Senhor, despreza enfim o Pai; e assim se condena a si mesmo, pois
resiste e se opõe à sua salvação – e é o que fazem todos os hereges”.
(Contra as heresias) (Escola da Fé II – A Sagrada Escritura. Lorena - SP.
2000, p.40-42)

As Cartas de S. Paulo gozam também, da mesma autoridade apostólica dos


Evangelhos, treze delas tem o seu nome, geralmente eram escritas através
de alguém que a copiava para o apóstolo, sendo uma testemunha legítima
dos seus escritos, como no caso de Tércio, que redigiu a carta aos Romanos
(cf. Rom 16,22), nestes casos ele acrescentava a sua assinatura e saudação
(cf. I Cor 16,21; Col 4,18). Suas cartas eram enviadas por mensageiros
particulares (cf. Rom 16,1; Ef 6,21; Fil 2,25; Col 4,7-8). Sabemos pelos
escritos dos Católicos S. Inácio, S. Policarpo, e S. Clemente de Roma que as
Cartas de S. Paulo eram consideradas como escrituras inspiradas e lidas com
a Lei, os Profetas e os Evangelhos. Uma prova mais remota aparece na II
Carta de S. Pedro (cf. II Ped 3,15-16) onde se da às Cartas de S. Paulo, o
nome de Escrituras.
Uma carta de S. Clemente de Roma, do século I, dirigida a comunidade de
Corinto, identifica-se com o conteúdo da Carta aos Hebreus, que era admitida
pelos antigos escritores da escola Alexandrina entre os escritos inspirados do
Novo Testamento, porém sobre o autor pairava dúvidas, Eusébio de Cesaréia
acreditava que a mesma tinha sido concebida por S. Paulo, mas redigida por
outro, ou escrita por S. Paulo em hebraico ou aramaico e traduzida por um
especialista em grego. Orígenes concluiu que “os pensamentos são do
apóstolo (S. Paulo), mas quem a redigiu só Deus sabe”.
Quanto aos livros restantes referentes ao Novo Testamento, foram chamados
de antilegúmenos, ou seja, não admitidos por todos, sendo classificados
também como deuterocanônicos, visto que a sua canonicidade só foi
atestada numa época posterior aos dos outros livros do Novo Testamento
acima citados. Estes livros foram sendo introduzidos no Cânon pouco a
pouco, de modo que no princípio do século IV, toda a Igreja Católica já os
reconhecia como inspirados por Deus.
Houve dúvidas se os escritos de Tiago(26), Pedro(27) João e Judas(28)
teriam sido escritos por eles, visto que muitas composições falsas surgiam
com os nomes dos apóstolos, como pode ser observado pelo ensino
apostólico (cf. II Tess 2,1-2; I Joa 4,1).

Ao lado do grande epistolário paulino, outras sete epístolas de apóstolos


(uma de Tiago, duas de Pedro, três de João e uma de Judas) constituem
grupo à parte no cânon do Novo testamento. Desde os primeiros séculos
foram denominadas tanto em grupo como individualmente, católicas, isto é,
“universais”... Entre os latinos, foram também chamadas epístolas
“canônicas”, talvez como protesto da fé no seu caráter de livros sagrados,
que a maior parte delas foi reconhecido em era muito tardia. De fato, somente
a primeira de Pedro e a primeira de João foram, desde o princípio,
consideradas sem contestações nas Igrejas, como inspirados e, portanto,
canônicas. Todas as outras, umas mais outras menos, encontraram oposição
em diversos tempos e lugares (EUSÉBIO. Ecles., III, 25, 1-3). No Ocidente, o
grupo encontra-se já constituído em sua integridade e autoridade canônica,
no princípio do século IV (Concílio Plenário da África; Papa Inocêncio I, 405).
Nas Igrejas orientais não antes dos séculos VI e VII. (Bíblia Sagrada. São
Paulo. 1982, p.1318)

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(26)Foi o primeiro Bispo de Jerusalém depois da dispersão dos Apóstolos, é o


autor da Epístola Católica que leva o seu nome. Foi morto no Templo por
instigação do Sumo Sacerdote Anás II, sendo lançado de uma galeria e
espancado até a morte em 62 d.C.

(27)Sobre a I Pedro: O autor da epístola é sem dúvida, S. Pedro, o príncipes


dos Apóstolos, que então se encontrava em Roma e daí (cf. I Ped 5,13)
escreveu aos longínquos fiéis da Ásia, embora não tenham sido convertidos
por ele (cf. II Ped 3,2), servindo-se de Silvano (cf. I Ped 5,12), como escrivão,
e talvez como redator da epístola, notável não só pela força do pensamento,
como também por que exarada em excelente grego. Desde que se formou o
cânon escriturístico do Novo Testamento, a presente epístola foi incluída
nele. Sobre a II Pedro: Nos séculos II e III, a II Pedro era pouco conhecida, ao
menos fora do Egito, e a sua canonicidade, ou caráter sagrado, era posto em
dúvida, quando não negada. Mas no século IV passou a ser bem mais
conhecida no Ocidente e, simultaneamente, foram-se desvanecendo as
dúvidas a respeito do seu valor de livro sagrado. Entre o IV e V século
ocupou um lugar definitivo no cânon das Igrejas da Europa e da África,
enquanto que na Síria continuou a ser ignorada por mais alguns séculos. O
mesmo não se deu com o reconhecimento da sua autenticidade...S. Pedro é
verdadeiramente o seu autor. S.Jerônimo não registrava senão os fatos
quando afirmava, que no ano 392, que Pedro “escreveu duas epístolas
denominadas católicas, a segunda das quais muitos afirmam não ser de sua
autoria, por que (foi) lavrada em estilo diferente da primeira (De viris III.c.1).
Partilhando da opinião de que ambas eram genuínas, ele (S.Jerônimo)
explica as diversidades de linguagem e de estilo pelo fato de S. Pedro ter
ditado a dois tradutores ou redatores gregos diversos (Carta 120, a
Edibia,c.9)

(28)Esta curta epístola encontrava-se já no século II, segundo o testemunho


do cânon Mutratoriano, incluída no cânon escriturístico da Igreja de Roma.
Não faltou já então, e mais ainda depois, quem pusesse em duvida ou
negasse principalmente sua canonicidade como atesta S. Jerônimo (De Vir.
Ill., IV), por causa da citação do livro apócrifo de Henoque (cf. v.14-15).
Prevaleceu, porém o uso antigo e a autoridade da Igreja, segundo
testemunho do mesmo S. Jerônimo, e bem cedo as oposições cessaram no
Ocidente e mais tarde também no Oriente.
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OS PRIMEIROS CATÁLOGOS DO NOVO TESTAMENTO

Do ano 200 d.C. ao ano 400 d.C. graças aos Católicos, publicaram-se
aproximadamente quinze ou dezesseis catálogos de livros do Novo
Testamento, vejamos alguns:

• O Fragmento Muratoriano ou Cânon de Muratori – É o mais antigo


documento sobre o Cânon do Novo Testamento, escrito por volta do ano 150
d.C. Uma cópia do original, datada do século VIII, foi descoberta pelo padre
Italiano Ludovico Antônio Muratori em 1740 na Livraria Ambrosiana, em
Milão. Fala do Papa Pio I, (bispo de Roma de 143 a 155 d.C.) irmão de
Hermas, como se fosse contemporâneo. O fragmento traduzido do grego
principia por Lucas como “terceiro Evangelho”, subentendendo os outros dois
e cita todos os livros do Novo Testamento, com exceção das cartas: Hebreus,
Tiago, I e II Pedro e II e III de João. Pelo manuscrito pode-se distinguir os
livros que eram lidos publicamente na Igreja, os que algumas pessoas
queriam que fossem lidos, os desprezados e os que eram lidos
particularmente. (cf. Anexo I ).

• S. Clemente de Alexandria († 215 d.C.) – (segundo Eusébio de Cesaréia)


No princípio do século III, faz a distinção entre “o Ecvangelho” e “o Apóstolo”,
reconhece quatorze Cartas de S. Paulo, inclusive “Hebreus”, omite as Cartas
de Tiago, II Pedro e III João.

• Orígenes († 254 d.C.) – (segundo Eusébio de Cesaréia), lista do todos os


livros do Novo Testamento, exceto as Cartas de Tiago e Judas, aos quais se
refere em outra parte.

• Eusébio Panfílio – (315 d.C.) Lista do todos os livros do Novo Testamento,


relata porém que há contestação da parte de alguns a respeito das Cartas de
Tiago, Judas, II Pedro, II e III João.

• S. Atanássio († 337 d.C) - (315 d.C.) Lista do todos os livros do Novo


Testamento. Fala da obra O Pastor de Hermas, como útil, mas não como
canônico.

• S. Cirilo de Jerusalém († 386 d.C) – (315 d.C.) Lista do todos os livros do


Novo Testamento, exceto o Apocalipse de S. João, os livros contestados de
que fala Eusébio já são neste tempo geralmente aceitos.

• Concílio de Laodicéia – (364 d.C.) Lista do todos os livros do Novo


Testamento, com exceção do Apocalipse. • Epifânio de Salamis – (370 d.C.)
Lista do todos os livros do Novo Testamento.

• Gregório Nazianzeno († 389 d.C.) – (375 d.C.) Lista do todos os livros do


Novo Testamento, menos o Apocalipse.

• Anfilóquio de Icônio – (380 d.C.) Lista do todos os livros do Novo


Testamento, mas diz que a maioria exclui o Apocalipse.

• Filástrio de Bréscia – (380 d.C.) Lista do todos os livros do Novo


Testamento, menciona treze Cartas de S. Paulo e a Carta aos Hebreus,
dizendo sobre a mesma, que alguns duvidam que seja de autoria de S. Paulo,
diz também que outros negam que sejam de S. João o Evangelho e o
Apocalipse.

• Concílio de Catargo II – (397 d.C.) Foi um Concílio regional da Igreja, ao


qual S. Agostinho († 430 d.C.) assistiu, cita todos os livros do Novo
Testamento, sendo as atas deste Concílio muito importantes pelo seu
testemunho histórico.
• S. Jerônimo († 420 d.C.) – (382 d.C.) Lista do todos os livros do Novo
Testamento, diz que a Carta aos Hebreus é colocada por muitos fora dos
escritos de S. Paulo.

• Rufino de Aquiléia – (390 d.C.) Lista do todos os livros do Novo Testamento.

• S. Agostinho († 430 d.C.) – Lista do todos os livros do Novo Testamento,


refere-se à Carta aos Hebreus como sendo de S. Paulo.

• S. João Crisóstomo († 407 d.C.) – Numa sinopse que lhe atribuem, enumera
quatorze Cartas de S. Paulo, os quatro Evangelhos, os Atos dos Apóstolos e
três Epístolas Católicas, omitindo o restante dos livros.

OS MANUSCRITOS DO NOVO TESTAMENTO

Os mais antigos manuscritos dos textos do Novo Testamento eram escritos


em papiro, um material frágil, que se estragava com o manuseio e que
somente se conservava em condições excepcionais de um clima seco como o
do Egito.
Existem pedaços dos Evangelhos e Epístolas em papiro, encontrados na
grande quantidade de manuscritos do Egito. Foram encontrados fragmentos
de Evangelho S. Mateus (Mat 1,1-9.12.14-20), do Evangelho de S. João (Joa
1,23-31.33-41; 20,11-17.19-25) pelos exploradores Grenfell e Hunt em
Oxyrhynehus, a 120 milhas ao sul do Cairo, no Egito. O fragmento de Mateus
está na Biblioteca da Universidade da Pensilvânia, o de João esta no Museu
Britânico. Pelos mesmos exploradores também foram encontrados a Logia ou
Palavras de Nosso Senhor, que muito provavelmente foi copiada no ano 200
d.C.
No século IV d.C. os papiros foram substituídos pelos pergaminhos, dando
aos manuscritos uma maior durabilidade e permanência. A Conversão de
Constantino ao Cristianismo, fez com que houvesse uma cuidadosa e
brilhante produção de escritos cristãos. Os códice (“codex” palavra derivada
de Caudex, é uma tabuinha geralmente coberta de cera, na qual se escrevia
com um ponteiro de ferro, chamado stylus ) foram adotados no lugar dos
rolos, e assim pela primeira vez, as escrituras do Novo Testamento, puderam
ser convenientemente ajuntadas num único volume. Os códices eram
reunidos por um cordel, que passava por orifícios feitos no alto dos
exemplares à esquerda, ficando desse modo com forma de livro, ao contrário
das volumina ou rolos. Todos os manuscritos que tivessem esta forma eram
chamados de “códice,” como as tabuinhas eram muito usadas para fins
jurídicos, chama-se código a um sistema de leis.
Eusébio († 339 d.C.) afirma em seu livro Vida de Constantino que o
Imperador mandou fazer cinqüenta exemplares das Escrituras em
pergaminho, para as Igrejas de sua nova capital. Dois desses exemplares
talvez existam no Códice Vaticano B e no manuscrito Sinaítico.
Quando o pergaminho se tornou muito caro para o copista, as palavras eram
muitas vezes lavadas e raspadas, para se escrever outra coisa, esse tipo de
manuscrito era chamado de “codex rescriptus” ou “Palimpsesto,” do grego,
“raspado de novo”. Algumas vezes acontecia que a raspadura não era
completa, ou que a tinta do original se tornava tão estável que o velho escrito
reaparecia. Temos como exemplo o Códice Ephraemi (C), sobre o qual
falaremos a seguir.
Os manuscritos do Novo Testamento acham-se divididos em duas classes, a
Uncial (provém de “uncia”, polegada em latim), escritas em letras maiúsculas,
e a Cursiva, escritas em letras minúsculas.
Nos primeiros séculos o Novo Testamento estava dividido em três partes: os
Evangelhos, as Epístolas e os Atos dos Apóstolos e o Apocalipse. No século
III d.C. os evangelhos foram divididos em duas espécies de “capítulos”: os
maiores eram os resumos e os menores capítulos, estas divisões foram
introduzidas por primitivamente por Amônio e por isso chamadas de divisões
amonianas. No século IV d.C. já eram usadas nos Evangelhos, sendo
adaptadas por Eusébio em suas “tábuas de referência”, conhecidos de
“cânones de Eusébio”.
No ano de 459 d.C. Eutálio, diácono de Alexandria, publicou uma edição das
Cartas de S. Paulo, divididas em “capítulos”, segundo as divisões amonianas,
do mesmo modo, dividiu ele em 490 d.C. as Epístolas Católicas e os Atos dos
Apóstolos. Ele próprio afirma que pôs acentos nos manuscritos, copiados por
ele, costume que não se generalizou até o século VIII d.C.
A moderna divisão em capítulos é atribuída aos católicos cardeal Estevão
Langton (* 1228), no início do século XIII d.C. na Universidade de Paris, mais
tarde no século XVI d.C. os mesmos capítulos foram divididos em versículos
numerados por Sante Pagnine, para o Antigo Testamento (1528) e por
Roberto Estevão, para o Novo Testamento (1551).
São conhecidos aproximadamente 5.236 manuscritos(29) do texto original em
grego do Novo Testamento, sendo 266 códices unciais, 2.754 códices
cursivos, 81 papirus e 2.135 lecionários, comprovadamente autênticos pelos
mais renomados pesquisadores e especialistas do mundo.

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(29)Todos estes manuscritos, são fruto de copistas Católicos.


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OS PRINCIPAIS MANUSCRITOS UNCIAIS

São os principais códices que se conservaram, servindo para que se possa


conhecer os nomes, as datas e o valor comparativo dos principais
exemplares do texto sagrado. Segundo S. Agostinho em sua obra De doctrina
Cristiana “O primeiro cuidado de quem quer entender a Divina Escritura deve
ser o de corrigir os códices”.

• (N) Alef – Sinaíticus (Aleph 01) – Foi descoberto no convento de Sta.


Catarina, no monte Sinai em 1859, pertence ao século IV d.C. Contém o
Antigo Testamento grego e todo Novo Testamento, além das Epístolas de
Barnabé e uma parte do Pastor de Hermas. Está no Museu Britânico desde
1933.

• Alexandrinus (A02 Alexandrino) – Foi oferecido ao Rei Carlos I da Inglaterra,


por Cirilo Lucar, o Patriarca de Constantinopla em 1627. Pertence ao século
V d.C. Contém o Velho Testamento grego, e o Novo Testamento desde
Mateus 25,6 havendo algumas falhas (João 6,50 - 8,1-52; II Coríntios 4,13 –
12,1-6), contém também a Primeira Epístola de Clemente de Roma, com uma
pequena parte da segunda (uma homilia). Está no Museu Britânico.

• (B) Vaticanus (B03 Vaticano) – Foi colocado na Livraria do Vaticano em


Roma, pelo Papa Nicolau V (1447-1455). Pertence ao século IV d.C. Contém
o Velho Testamento em Grego com omissões, e o Novo Testamento até
Hebreus (Heb 9,14),contém as Epístolas Católicas mas faltam as Pastorais (I
e II Timóteo e Tito), Filemon e o Apocalipse. Uma edição foi publicada em
1857 pelo cardeal Mai, por ordem do Papa Pio IX (1846-1878).

• (C) Ephraemi (C04 Efrém rescrito) – É um palimpsesto (codex rescriptus),


resultante de terem sido diversas obras de Ephraem da Síria copiadas sobre
o texto original no século XII d.C. Felizmente a tinta do último copista era de
menor duração e qualidade que a do primeiro, foi escrito no século V d.C.
muito provavelmente no Egito. Contém fragmentos do Velho Testamento e
todos os livros do Novo Testamento com grandes omissões, à exceção da II
Tessalonicences e da II João. Está na Biblioteca Nacional de Paris.

• (D) Bezae (D05 Beza) – É um manuscrito em grego e latim, em colunas


paralelas, foi descoberto no mosteiro de S. Irineu em Lyão, e oferecido à
universidade de Cambridge, em 1581 por Teodoro Beza. Foi escrito no
princípio do século VI d.C. Contém com algumas omissões os Evangelhos e
os Atos dos Apóstolos. É notável pelos seus desvios do texto comum e pelas
edições.

• (D2) Cloromontanus (D06 Claromantano) – Foi descoberto em Clermont,


próximo de Beauvais, donde lhe deriva seu nome. Foi escrito no século VI
d.C. Está escrito em grego e latim como o códice Bezae, sendo um
suplemento deste, pois contém as Cartas de S. Paulo com omissões, e a
Carta aos Hebreus, sendo estes os únicos livros do Novo Testamento que se
encontram. Pode-se perceber no manuscrito, o trabalho de vários copistas
posteriores. Está na Biblioteca Nacional de Paris.

Esses seis códices descritos acima formam a lista dos unciais de primeira
classe. Citaremos alguns que apesar de parciais e incompletos são de grande
valor e oferecem sugestivas leituras e um bom estudo:

• Codex Basiliensis (E) – Pertence ao século VII/VIII d.C. trazido


provavelmente de Constantinopla para Basiléia pelo Cardeal J.B. Ragúsio em
1431. Contém os Evangelhos quase completos.

• Codex Regius (L) - Pertence ao século VIII d.C., está na Biblioteca Nacional
de Paris. Contém os Evangelhos com omissões, é valioso por se ver nele, a
dupla conclusão do Evangelho de Marcos.

• Codex Zacynthius – É um palimpsesto de Zanete, oferecido pelo general


Macaulay à Sociedade Bíblica de Londres em 1821, onde se encontra
guardado em sua biblioteca. Contém a maior parte do Evangelho de Lucas,
com comentários.

• Codex Augiensis - Pertence ao século IX d.C, existente no Trinity College,


Cambridge (F), vindo do mosteiro de Augia Dives (Reichenau) no Lago de
Constança. Contém a maior parte das Epístolas Paulinas, com a versão
Latina.

• Manuscrito da Biblioteca Bodleiana de Oxford (T ) - Digno de citação, por


ser um manuscritos muito antigo com data explicita ( 844 d.C.).

• Manuscrito Roma (S) – Existente na Biblioteca do Vaticano, também digno


de citação, por ser um manuscritos muito antigo com data explicita ( 949
d.C.).

OS MANUSCRITOS CURSIVOS
Com o aumento da procura por manuscritos dos textos do Novo Testamento
ao longo dos séculos, era necessário o emprego de uma forma de escrita
com letra menor e mais fácil. Dessa forma foi introduzida a “letra corrente” ou
cursiva que já era empregada nas correspondências sociais e comerciais.
Durante quase dois séculos. Usou-se o uncial e o cursivo, mas pouco a
pouco foi prevalecendo o cursivo. Foi com essa letra que nos chegaram a
maioria dos manuscritos do Novo Testamento, que começaram a ser escritos
de forma cursiva do século IX d.C. até a invenção da Imprensa no século XV
d.C. Eram empregados, o papel e o pergaminho que variavam muito na
duração e forma.

OS PAPIRUS

São antiqüíssimos testemunhos do texto original do Novo Testamento, com


alguns remontando ao ano 200 d.C. Segundo o teólogo Felipe Aquino alguns
eles estão distribuídos da seguinte forma:

Nº(30) ------CONTEÚDO ----------LOCAL ------DATA (Século)

P1.........---Evangelhos............ ---Filadélfia......... ---III


P2.......---Evangelhos............... ---Florença ......... ---VI
P3.......---Evangelhos................---Viena...........---VI-VII
P4.......---Evangelhos............... ---Paris ................ ---III
P5.......---Evangelhos............... ---Londres........... ---III
P6.......---Evangelhos............... ---Estrasburgo.... ---IV
P7.......---Atos dos Apóstolos.....---Berlim..... .......---IV

FONTE: Escola da Fé II – A Sagrada Escritura. Lorena - SP. 2000, p.38

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___________________________

(30)Sigla do Papiro (Exemplo: Papiro 1).


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OS LECIONÁRIOS
Os Lecionários são coleções dos Evangelhos e Epístolas, para a leitura nas
celebrações da Igreja Católica, desde os primórdios do cristianismo. São
escritos com especial cuidado, com caracteres grandes e claros. Não existe
testemunho mais valioso dos textos Sagrados para a mesma época em que
foram escritos nos Lecionários. Dos chamados Evangelistaria, que são lições
dos Evangelhos, existem mais de mil exemplares. Dos Praxapostoli que são
lições dos Atos dos Apóstolos e Epístolas, conhecem-se aproximadamente
três mil exemplares. Todos estes Lecionários são de grande importância para
o estudo do texto original das Sagradas Escrituras.

AS CITAÇÕES DOS PRIMEIROS CRISTÃOS

As citações dos primeiros cristãos referindo-se aos textos do Novo


Testamento,(como algumas vezes já foram utilizadas nesta pesquisa) são de
suma importância, como testemunho a respeito do Cânon Bíblico. Encontram-
se na História, diversas citações dos Católicos: Clemente de Roma († 102
d.C.), Taciano (†172 d.C.), Justino Mártir (†164 d.C.), Clemente de Alexandria
(† 215 d.C.), Orígenes († 254 d.C.), Tertuliano (†220 d.C.), Cipriano (†258
d.C.), Ambrósio (†397 d.C.) e Agostinho (†430 d.C.) entre outros.

QUADRO COMPARATIVO DE CITAÇÕES

______________________________________________________________
____________________________ Cristão..........---Evangelho ---Atos dos
Apóstolos ---Epístolas Católicas ---Epístolas Paulinas ---Apocalipse ---Total

Justino Mártir..........---268...... ---10...................... ---63......................... ---


43......................... ---3..............---...387
Irineu...................... ---1.038... ---194.................... ---23......................... ---
499....................... ---65............ --1.819
Clemente de Alexan.---1.017... ---44...................... ---207....................... ---
1.127.................... ---11............ --2.406
Orígenes................. ---9.231... ---349.................... ---399....................... ---
7.778.................... ---165......... -17.922
TOTAL GERAL........---11.554. ---597.................... ---692....................... ---
9.447.................... ---244......... -22.534
______________________________________________________________
____________________________
Adaptado de: História, Doutrina e Interpretação da Bíblia. São Paulo.1951,
p.47

A LÍNGUA DO NOVO TESTAMENTO

O Novo Testamento Inteiro foi escrito em grego; só o Evangelho de Mateus,


conforme testemunho de antigos teve uma primeira redação em aramaico, a
qual, porém se perdeu sem deixar vestígios; em lugar dela temos uma
tradução, ou melhor, uma redação grega (Bíblia Sagrada. São Paulo. 1982,
p.8)

O grego das escrituras foi escritos por helenistas, judeus que falavam grego,
mas o seu pensamento era formado segundo o original Hebraico e suam
mente estava voltada para a linguagem da Versão dos LXX das escrituras
judaicas . A língua grega é uma mistura de dialetos, cujos principais são o
dórico e o jônico.
O dialeto dórico foi o primeiro pela sua antiguidade e influência, é áspero e de
som extenso. Já o dialeto jônico que foi o segundo quanto ao tempo, era
notável pela doçura e suavidade, foi primeiramente utilizado na Ática e
posteriormente na Ásia Menor.
Com a conquista da Grécia, por Felipe da Macedônia, foram-se confundindo
os dialetos e formou-se o Helênico (“dialeto comum”) cuja base era o Ático.
Com as conquistas de Alexandre Magno e a fusão de diferentes povos,
acabaram por produzir mais modificações no dialeto, os idiomas macedônico
e alexandrino tornaram-se comum na Grécia, no Egito e no Oriente.
Em Alexandria, residiam muitos judeus e lá foi onde se fez a Versão dos LXX,
sendo judeus os escritores, o grego alexandrino que eles falavam foi
modificado a ponto de compreender pensamentos e expressões idiomáticas
hebraicas. É esta, a linguagem do Novo Testamento, helenística ou mais
propriamente grego-hebraica. Uma mistura de dialetos, modificados por
judeus de Alexandria e da Palestina. Por isso que se encontram palavras e
frases, vindos de diversas fontes, como do aramaico, do latim, do persa e do
egípcio. Existem também palavras que em sua ortografia, forma, flexão e
gênero são particulares a antigos dialetos que não se usou no helênico. E por
fim temos também palavras e expressões de sentido propriamente judaico e
cristão.
Podem se ver expressões aramaicas em S. Marcos (cf. Mac 14,36; 3,17), nos
Atos dos Apóstolos (cf. At 1,19), em S. Mateus (cf. Mat 5,22), palavras latinas
em S. Mateus (cf. 5,26; 10,29; 17,25; 18,28; 26,53; 27,27.65), S. Marcos (cf.
Mac 15,39), S. Lucas (cf. Luc 19,20), S. João (cf. Joa 2,15), nos Atos dos
Apóstolos (cf. At 19,12), frases latinas em S. Mateus (cf. Mat 12,14), S.
Marcos (cf. Mac 15,15), S. Lucas (cf. Luc 12,58), nos Atos dos Apóstolos (cf.
At 17,9), expressões pérsicas em S. Mateus (cf. Mat 2,1; 5,41; 27,32), S.
Marcos (cf. Mac 15,21), S. Lucas (cf. Luc 23,43), nos Atos dos Apóstolos (cf.
At 8,27) e expressões egípcias em S. Mateus (cf. Mat 27,50) e S. Lucas (cf.
Luc 16,19).

A INSPIRAÇÃO E A ORIGINALIDADE DO TEXTO

As coisas reveladas por Deus, que se encontram e manifestam na Sagrada


Escritura, foram escritas por inspiração do Espírito Santo. De fato a Igreja, por
fé apostólica, considera como sagrados e canônicos os livros inteiros tanto do
Antigo como do Novo Testamento, com todas as suas partes, por que tendo
sido escritos por inspiração do Espírito Santo (cf. Jo 30,31; II Tim 3,16; II Ped
1,19-21; 3,15-16), tem a Deus por autor e como tais foram confiados à própria
Igreja. Todavia para escrever os Livros sagrados, Deus escolheu homens,
que utilizou na posse de faculdades e capacidades que tinham, para que
agindo Deus neles e por meios deles, pusessem por escrito, como
verdadeiros autores, tudo aquilo e sé aquilo que Ele quisesse. (Bíblia
Sagrada. São Paulo. 1982, p.9)

A Igreja Católica, sempre afirmou que a inspiração da Bíblia, partiu de Deus,


através do Espírito Santo, agindo no autor bíblico (hagiógrafo) que utilizava
de suas faculdades para escrever. Por tanto, coexistem na escritura
elementos divinos e humanos, é um livro que expressa a revelação de Deus,
utilizando-se da maneira humana de se expressar.

A inspiração Bíblica, segundo o conceito Católico, não é uma moção


mecânica, nem um ditado como se o autor humano fosse passivo e nada de
próprio assentasse no Livro inspirado...Antes de tudo, a inspiração é uma luz
intelectual, que, ou descobre ao homem aquilo quer antes ignorava (e então
tem-se a revelação) ou com novo esplendor lhe apresenta aquilo que já
sabia...A ação inspiradora estende-se a todas as faculdades do homem, a
todas as suas ações empregadas ao escrever, até à redação completa...Dai
segue que a inspiração não suprime nem atenua a personalidade do escritor
humano, e nos vários livros da Bíblia, pode-se ver refletida a índole e o estilo
de cada autor. (Bíblia Sagrada. São Paulo. 1982, p.10)

No que diz respeito à originalidade dos escritos Bíblicos, sabemos que


nenhum autógrafo, tal qual saíram das mãos do autor bíblico, chegou até nós.
Porém a “substância do depósito da fé” foi magnificamente conservada por
Deus, mantendo a revelação divina inalterada mesmo nas cópias que nos
legaram o texto que hoje possuímos.
Ainda que em geral possamos estar certos de que possuímos
substancialmente os livros como eles foram escritos, não tendo sido
obscurecida uma promessa, não tendo sido alterada uma verdade, e ainda
pelo menos a contar do fim do primeiro século, a pureza da letra tenha sido
miraculosamente preservada, temos de contentar-nos com a posse dum
tesouro que não corresponde perfeitamente aos autógrafos sagrados. As
imperfeições da letra podem levar-nos a considerar o espírito do texto, indo
das palavras para a Palavra, que permanece inabalável e cresce em
significado através dos tempos. (História, Doutrina e Interpretação da Bíblia.
São Paulo.1951, p.28)

Segundo os mais exigentes críticos do século IX, os eruditos ingleses de


Cambridge, Brook Foss Westcott e Fenton Jhon Anthony Hort (Westcott e
Hort), que em 1881, publicaram o livro The New Testament In The Orginal
Greek – Vol I e II, contendo a teoria e o método da crítica textual, existem no
Novo Testamento, mais de 150.000 (cento e cinqüenta mil) palavras, com
mais de 250.000 (duzentos e cinqüenta mil) variantes, que são na maioria
minúcias que não atingem absolutamente o sentido. Assim sendo “sete
oitavas de todo o Novo Testamento são transmitidos sem variantes, quanto
às variantes, somente a milésima parte atinge o sentido, e só umas vinte
assumem verdadeira importância, nenhuma atinge alguma verdade de fé”.
Desta forma, conclui-se categoricamente que o texto genuíno do Novo
Testamento é assegurado na substância e em quase todas as minuciosas
particularidades.

CONCLUSÃO

Eu aprendi a venerar os livros da Escritura que chamamos canônicos. Quanto


aos outros, quando os leio não penso que seja verdadeiro o que dizem,
porque o dizem, mas por que me puderam convencer, ou pelos autores
inspirados ou por alguma razão especial, de que não se desviaram da
verdade.

Santo Agostinho († 430 d.C.)

Sem dúvidas, a participação da Igreja Católica Apostólica Romana no


processo de formação, definição e conservação do Cânon Bíblico, foi
essencial para hoje podermos dispor da Palavra de Deus – a Bíblia.
Sem a ação Divina através da Igreja, não teríamos como saber quais seriam
os livros da Bíblia e nem o texto original teria resistido incorruptível ao longo
dos séculos.
Na Sagrada Escritura, salva sempre a verdade e a santidade de Deus,
manifesta-se a admirável condescendência da eterna Sabedoria, para nos
levar a conhecer a inefável benignidade de Deus e a grande acomodação que
usou nas palavras, tomando antecipadamente cuidado da nossa natureza.

São João Crisóstomo († 407 d.C.)

Deus quis e utilizou a Igreja, para conservar intacta e transmitir ao mundo


sem erro, a sua Revelação.

ANEXO I

TRADUÇÃO DO CANON DE MURATÓRI

...aos quais esteve presente e assim o fez. O terceiro livro do Evangelho é o


de Lucas. Este Lucas, médico que depois da ascensão de Cristo foi levado
por Paulo em suas viagens, escreveu sob seu nome as coisas que ouviu,
uma vez que não chegou a conhecer o Senhor pessoalmente, e assim, à
medida que tomava conhecimento, começou sua narrativa a partir do
nascimento de João. O quarto Evangelho é o de João, um dos discípulos.
Questionado por seus condiscípulos e bispos, disse: “Andai comigo durante
três dias a partir de hoje e que cada um de nós conte aos demais aquilo que
lhe for revelado”. Naquela mesma noite foi revelado a André, um dos
apóstolos, que, de conformidade com todos, João escrevera em seu nome.
Assim, ainda que pareça que ensinem coisas distintas nestes distintos
Evangelhos, a fé dos fiéis não difere, já que o mesmo Espírito inspira para
que todos se contentem sobre o nascimento, paixão e ressurreição [de
Cristo], assim como sua permanência com os discípulos e sobre suas duas
vindas depreciada e humilde na primeira (que já ocorreu) e gloriosa, com
magnífico poder, na segunda (que ainda ocorrerá). Portanto, o que há de
estranho que João freqüentemente afirme cada coisa em suas epístolas
dizendo: “O que vimos com nossos olhos e ouvimos com nossos ouvidos e
nossas mãos tocaram, isto o escrevemos?” Com isso, professa ser
testemunha, não apenas do que viu e ouviu, mas também escritor de todas
as maravilhas do Senhor. Os Atos foram escritos em um só livro. Lucas narra
ao bom Teófilo aquilo que se sucedeu em sua presença, ainda que fale bem
por alto da paixão de Pedro e da viagem que Paulo realizou de Roma até a
Espanha. Quanto às epístolas de Paulo, por causa do lugar ou pela ocasião
em que foram escritas elas mesmas o dizem àqueles que querem entender:
em primeiro lugar, a dos Coríntios, proibindo a heresia do cisma; depois, a
dos Gálatas, que trata da circuncisão; aos Romanos escreveu mais
extensamente, demonstrando que as Escrituras têm como princípio o próprio
Cristo. Não precisamos discutir sobre cada uma delas, já que o mesmo bem-
aventurado apóstolo Paulo escreveu somente a sete igrejas, como fizera o
seu predecessor João, nesta ordem: a primeira, aos Coríntios; a segunda,
aos Efésios; a terceira, aos Filipenses; a quarta, aos Colossenses; a quinta,
aos Gálatas; a sexta, aos Tessalonicenses; e a sétima, aos Romanos. E,
ainda que escreva duas vezes aos Coríntios e aos Tessalonicenses, para sua
correção, reconhecesse que existe apenas uma Igreja difundida por toda a
terra, pois da mesma forma João, no Apocalipse, ainda que escreva a sete
igrejas, está falando para todas. Além disso, são tidas como sagradas uma
[epístola] a Filemon, uma a Tito e duas a Timóteo; ainda que sejam filhas de
um afeto e amor pessoal, servem à honra da Igreja Católica e à ordenação da
disciplina eclesiástica. Correm também uma carta aos Laodicenses e outra
aos Alexandrinos, atribuídas [falsamente] a Paulo, mas que servem para
favorecer a heresia de Marcião, e muitos outros escritos que não podem ser
recebidos pela Igreja católica porque não convém misturar o fel com o mel.
Entre os escritos católicos, se contam uma epístola de Judas e duas do
referido João, além da Sabedoria escrita por amigos de Salomão em honra
do mesmo. Quanto aos apocalipses, recebemos dois: o de João e o de
Pedro; mas, quanto a este último, alguns dos nossos não querem que seja
lido na Igreja. Recentemente, em nossos dias, Hermas escreveu em Roma “O
Pastor”, sendo que o seu irmão, Pio, ocupa a Cátedra de Bispo da Igreja de
Roma. É, então, conveniente que seja lido, ainda que não publicamente ao
povo da Igreja, nem aos Profetas cujo número já está completo , nem aos
Apóstolos por ter terminado o seu tempo. De Arsênio, Valentino e Melcíades
não recebemos absolutamente nada; estes também escreveram um novo
livro de Salmos para Marcião, juntamente com Basíledes da Ásia...

FONTE: www.cleofas.com.br. Acesso em 05/06/2002.


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ANEXO II

AS CONTRIBUIÇÕES CATÓLICAS PARA A BÍBLIA

O próprio Lutero disse: “foi um efeito do poder de Deus que o Papado


preservou, em primeiro lugar, o santo batismo; em segundo, o texto dos
Santos Evangelhos, que era costume ler no púlpito na língua vernácula de
cada nação...”.

Muitos Católicos e protestantes não percebem quanto devem a Igreja católica


por ter a Bíblia como nós temos hoje. Por exemplo, antes que Lutero fizesse
sua tradução em alemão em setembro de 1522, já havia dezessete traduções
alemãs (todas antes de 1518) já impressas, doze destas no dialeto do baixo-
alemão.

50 - 55 d.C. - O PRIMEIRO EVANGELHO FOI ESCRITO:

S. Mateus, um dos doze apóstolos de Cristo, mártir da fé, escreve o primeiro


evangelho da vida de Cristo em hebraico. Este evangelho seria seguido por
três outros evangelhos escritos em grego. O Evangelho de S. Marcos (64
d.C.), o Evangelho de S. Lucas (63 ou 64 d.C.) e o Evangelho de S. João (97
d.C.).

52 d.C. - A PRIMEIRA EPÍSTOLA FOI ESCRITA:

S. Paulo, apóstolo de Cristo, mártir da fé, escreve a primeira Epístola a uma


parte da Igreja. Esta é conhecida hoje como “Primeira aos Tessalonicenses”.
Este escrito seria seguido de 21 outras epístolas Apostólicas, sendo o último
escrito pelo Apóstolo S. João, em 69 d.C.

64 d.C. - FOI ESCRITO OS ATOS DOS APÓSTOLOS:

S. Lucas, discípulo de S. Paulo, mártir da fé, escreve “Atos dos Apóstolos”,


uma história da igreja da Páscoa até a morte de S. Paulo. Atos e o Evangelho
Segundo São Lucas, fez S. Lucas o autor da maior parte do NT, ou seja,
28%.

70 a 140 d.C. - PÁPIAS ERA BISPO DE HIERÁPOLIS:

Segundo ele o Apóstolo Marcos foi o interprete de Pedro, escreveu fielmente,


embora sem ordem, tudo o que lembrava sobre as palavras e as ações do
Senhor. Ao passo que Mateus, reuniu ordenadamente, em língua hebraica, a
vida de Jesus. O bispo Pápias afirma ter conhecido as filhas do Apóstolo
Felipe.
98-99 d.C. - O ÚLTIMO LIVRO DIVINAMENTE INSPIRADO DOS
APÓSTOLOS É FEITO:

S. João, Apóstolo de Cristo, escreve o último livro divinamente inspirado dos


Apóstolos. Isto é conhecido hoje como Apocalipse.

153-170 d.C. - O PRIMEIRO TRATADO EM “A HARMONIA DOS


EVANGELHOS”:

A mais antiga tentativa de fazer uma harmonia foi por Taciano (morreu em
172) e seu título, Diatessaron, dá abundante evidência da primitiva aceitação
na Igreja Católica de nossos quatro Evangelhos Canônicos. A próxima
Harmonia foi feita por Amônio de Alexandria, professor de Orígenes, que
apareceu em 220 d.C., mas se perdeu.

SÉCULO II/III - A PRIMEIRA ESCOLA DA BÍBLIA:

Os antigos Católicos começaram uma escola em Alexandria para a


aprendizagem dos Evangelhos e outros escritos Católicos antigos.

250 d.C. - A PRIMEIRA BÍBLIA EM IDIOMA PARALELA:

O Católico Orígenes cria a edição da Hexapla do VT, que continha o hebraico


paralelo com versões gregas.

250 d.C. - A PRIMEIRA BIBLIOTECA CATÓLICA:

O Católico Orígenes cria uma bem equipada biblioteca em Cesaréia, com a


finalidade de estudar os Evangelhos e outros escritos Católicos antigos.

250-300 d.C. - A PRIMEIRA BÍBLIA EM FORMA DE LIVRO:

Os judeus usaram o rolo de papiro, os primitivos católicos foram os primeiros


ao usar a forma de livro (códice) para Escrituras.

SÉCULO IV - O USO DA PALAVRA “BÍBLIA”:

Veio da palavra grega “biblos”, que significa o lado interno do papiro, papel-
cana de onde eram feitos os primeiros papéis, no Egito. A forma latina
“Bíblia”, escrita com uma letra maiúscula, veio a significar “O Livro dos
Livros”, “O Livro” por excelência. As Santas Escrituras foram chamadas de
Bíblia pela primeira vez por S. Crisóstomo, arcebispo Católico de
Constantinopla, no séc. IV.

SÉCULO IV - AS MAIS ANTIGAS BÍBLIAS EXISTENTES:

As duas mais antigas Bíblias existentes, que contém o Velho e a maioria


(mas não completo) do Novo Testamento, chamam-se hoje de Códice
Vaticanus (325-350 d.C.), o Códice Sinaiticus (340-350 d.C.), o Códice
Ephraemi (345 d.C.) e o Códice Alexandrinus (450), que foram copiados à
mão por monges Católicos.

340 e 373 d.C. – CONFIRMAÇÃO DO APOCALÍPSE.

Coube aos pais da Igreja, desde os Católicos Eusébio de Cesaréia e Atanásio


de Alexandria confirmarem definitivamente nos anos 340 e 373 dC. que o
Apocalipse era obra inspirada.Os concílios de Hipona e de Cartago, já
definiram os 27 livros do Novo Testamento ao concatenarem os códigos
ocidentais e orientais”.

367 d.C. - O USO DO PALAVRA “CÂNON”:

S. Atanásio, bispo Católico de Alexandria, aplica o termo cânon para o


conteúdo da Bíblia, introduzindo o verbo canonizar que significa “dar sanção
oficial a um documento escrito”

367 d.C. - O CÂNON DO NOVO TESTAMENTO:

A 39ª carta festal de S. Atanásio, bispo católico de Alexandria, enviada para


as igrejas sob sua jurisdição em 367, terminou com toda a incerteza sobre os
limites do cânon do NT. Nela, preservada em uma coleção de mensagens,
listou como canônicos os 27 livros do NT, embora os organizasse em uma
ordem diferente. Esses livros do NT, na ordem atual são os quatro
Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas, João), Atos dos Apóstolos, Romanos, 1
Coríntios, 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1
Tessalonicenses, 2 Tessalonicenses, 1 Timóteo, 2 Timóteo, Tito, Filemôn,
Hebreus, Tiago, 1 Pedro, 2 Pedro, 1 João, 2 João, 3 João, Judas e
Apocalipse.
388 d.C. - O PRIMEIRO GLOSSÁRIO DE NOMES DA BÍBLIA:

S. Jerônimo compilou o “Livro de Nomes Hebreus, ou Glossário de Nomes


Formais do Velho Testamento”. O Livro de Nomes Hebreus foi sem dúvida de
muito uso na época em que as pessoas quase não conheciam o hebraico,
embora o arranjo seja estranho com um glossário separado para cada livro da
Bíblia.

388 d.C. - O LIVRO DOS NOMES DE LUGARES HEBREUS:

S. Jerônimo compilou o “O Livro dos Nomes de Lugares Hebreus” que foram


feitos primeiro por Eusébio com adições de Jerônimo. Os nomes sob cada
letra são colocados em grupos separados na ordem dos livros das Escrituras
nas quais eles aparecem; por exemplo, na letra A temos os nomes de
Gênesis, depois Êxodo, e assim por diante. Mas não há lugar para fantasia, e
o testemunho de homens que viveram na Palestina nos séc. IV e V ainda são
de grande valor ao estudante da topografia sagrada. Quando os lugares
estão fora do conhecimento do escritor, ele usa de especulação, como
quando o autor nos fala que a Arca pode ser encontrada nas proximidades do
Ararat.

390 d.C. - A PRIMEIRA COMPILAÇÃO COMPLETA DO VELHO E NOVO


TESTAMENTO:

No Concílio de Hipona, a Igreja Católica reuniu os vários livros que


reivindicaram serem escrituras, revisou cada um e decidiu quais eram
inspirados ou não. A Igreja Católica reuniu todos os livros e Epístolas
inspirados em um volume chamado A Versão de Septuaginta do Velho
Testamento (que foi traduzida por setenta estudiosos em Alexandria, Egito
por volta de 227 a.C. e foi a versão que Cristo e os apóstolos usaram) e é a
mesma Bíblia que temos hoje. A Igreja católica deu-nos então, a Bíblia.

400 d.C. - A MAIOR PARTE DAS ESCRITURAS SAGRADAS TRADUZIDAS:

Nas línguas siríaco, cóptico, etíope, georgiano. Na região do Reno e Danúbio


(Império romano) Uma versão gótica foi traduzida pelo bispo gótico Ulfilas
(318-388), quem, depois de inventar um alfabeto, produziu uma versão das
Escrituras da septuaginta do VT e do grego.
406 d.C. - A TRADUÇÃO ARMÊNIA:

Em 406 o alfabeto Armênio foi inventado por Mesrob, que cinco anos depois
completou uma tradução do VT e NT da versão Síria em Armênio.

405 d.C. - A PRIMEIRA TRADUÇÃO DA BÍBLIA COMPLETA NA


LINGUAGEM COMUM:

A Vulgata latino, de latin editio vulgata: “versão comum”, a Bíblia ainda usada
pela Igreja Católica Romana, foi traduzida por S. Jerônimo (quem os
tradutores da versão KJV de 1611 em seu prefácio o chamaram de “o pai
mais instruído, e o melhor lingüista de sua época ou de qualquer antes dele”.
Em 382, o papa Dâmaso pediu a Jerônimo, o maior estudioso bíblico de sua
época, que produzisse uma versão latina aceitável da Bíblia das várias
traduções que eram então usadas. Sua tradução latina revisada dos
Evangelhos apareceu em 383. Usou a versão da Septuaginta grega do VT do
qual ele produziu uma nova tradução latina, um processo que ele completou
em 405. É como tradutor das Escrituras que Jerônimo é mais conhecido. Sua
Vulgata foi feita no momento certo e pelo homem certo. O latim ainda estava
vivo, apesar do Império Romano estar desaparecendo. E Jerônimo era
mestre em latim.

450-550 d.C. - O BEZAE CANTABRIGIENSIS (TAMBÉM CHAMADO


CÓDICE BEZAE):

Este é o manuscrito bilíngüe mais antigo existente, com o grego na página


esquerda, e latim à direita. O Bezae Cantabrigiensis era um texto ocidental
copiado em 450-550 e que preservou a maior parte dos quatro Evangelhos e
partes de Atos.

SÉCULO VII - A PRIMEIRA TRADUÇÃO DA BÍBLIA PARA O FRANCÊS:

As versões francesas dos Salmos e o Apocalipse, e um métrico do Livro de


Reis, apareceu já no sétimo século. Em 1223 uma tradução completa foi feita
sob o rei Católico Louis, o Piedoso. Isto foi 320 anos antes da primeira versão
francesa protestante. Até o décimo quarto século, foram produzidas muitas
histórias da Bíblia.

SÉCULO VII - A PRIMEIRA VERSÃO ALEMÃ:


A história da pesquisa Bíblica mostra que as numerosas versões parciais no
vernáculo na Alemanha já aparecem nos séculos VII e VIII. Também há
abundância dessas versões nos séculos XIII e XIV, e uma Bíblia completa no
século XV, antes da invenção da imprensa.

SÉCULO VIII - A PRIMEIRA TRADUÇÃO DA BÍBLIA EM INGLÊS:

Por Adelmo, bispo de Sherborne, e Bede. Uma tradução do século IX da


Bíblia para o inglês (no dialeto anglo-saxão) foi feita por Alfred. Uma tradução
do séc. X para inglês foi feita por Aelfric. Foi feita uma tradução em 1361 da
maior parte das Escrituras no dialeto inglês (anglo-normando). Isto foi 20
anos antes da tradução de Wycliffe em 1381.

SÉCULOS VIII e IX - O USO DA FORMA DE ESCRITA CHAMADA


“MINÚSCULA”:

Como o bloqueio do comércio oriental de papiro fez o mercado ocidental usar


o pergaminho, o fator econômico ficou potente. Para caber mais letras na
página, o copista teve de usar letras menores e apertadas. Alguns, para
preservar suas formas, colocavam algumas acima e outras abaixo linha. O
resultado foi uma forma de escrita chamada “Minúscula” pequenas letras,
com iniciais maiúsculas para ênfase. Este sistema ainda é usado hoje. Foi
uma mudança gramatical da “Maiúscula” que consistia de letras grandes
usadas pelos gregos, romanos e judeus.

SÉCULO IX - A PRIMEIRA TRADUÇÃO ESLAVA DA BÍBLIA:

Os Católicos Cirilo e Metódio pregaram o Evangelho para os eslavos na


segunda metade do nono século e S. Cirilo, tendo formado um alfabeto, fez
para eles uma versão Velho Eclesiástico Eslavo, ou Búlgaro, uma tradução
da Bíblia do grego. No fim do décimo século esta versão entrou na Rússia e
depois do décimo segundo século sofreu muitas mudanças lingüísticas e
textuais. Uma Bíblia eslava completa foi feita de um códice antigo no tempo
de Waldimir (m. 1008) foi publicada em Ostrogodo em 1581.

1170 d.C. - A PRIMEIRA BÍBLIA PARALELA EM INGLÊS:

O Psalterium Triplex de Eadwine, que continha a versão latina acompanhada


por textos anglo-normandos e anglo-saxões, se tornou a base de versões
anglo-normandas.

SÉC. XII - A PRIMEIRA DIVISÃO DE CAPÍTULOS:

Foi o arcebispo Católico britânico de Canterbury, St. Estêvão Langton


(morreu em 1228), foi o primeiro a dividir as Escrituras em capítulos: 1.163
capítulos no VT e 260 no NT.

SÉC. XIII - A PRIMEIRA TRADUÇÃO DA BÍBLIA EM ESPANHOL:

Sob o rei Alfonso V de Espanha.

1230 d.C. - A PRIMEIRA CONCORDÂNCIA:

Uma concordância da Bíblia da Vulgata latina foi compilada pelo frade


dominicano Hugo de São Cher.

1300 d.C. - A PRIMEIRA TRADUÇÃO DA BÍBLIA EM NORUEGUÊS:

A mais antiga e celebrada é a tradução de Gênesis - Reis chamada Stjórn


(“Direção”; i.e., de Deus) em norueguês antigo, em 1300. As versões suecas
do Pentateuco e de Atos sobreviveram do décimo quarto século e um
manuscrito de Josué - Juízes por Nicholaus Ragnvaldi de Vadstena de c.
1500. A versão dinamarquesa mais antiga de Gênesis - Reis deriva de 1470.

1454 d.C. - A PRIMEIRA BÍBLIA IMPRESSA:

Gutenberg causou grande excitação quando no outono daquele ano exibiu


uma amostra na feira do comércio de Frankfurt. Gutenberg rapidamente
vendeu todas as 180 cópias da Bíblia da Vulgata latina até mesmo antes da
impressão estar acabada.

1466 d.C. - A PRIMEIRA BÍBLIA IMPRESSA EM ALEMÃO:

Isto foi cinqüenta oito anos antes de Lutero fazer sua Bíblia alemã em 1524.
Nestes cinqüenta e oito anos os Católicos imprimiram 30 diferentes edições
alemãs da Bíblia.
1470 d.C. - A PRIMEIRA BÍBLIA IMPRESSA EM ESCANDINAVO:

No décimo quarto século, foram feitas versões das Epístolas dominicas e dos
Evangelhos para uso popular na Dinamarca. Grandes partes da Bíblia, se não
uma versão inteira, foi publicada em 1470.

1471 d.C. - A PRIMEIRA BÍBLIA ITALIANA:

Muitos anos antes de Lutero fazer sua Bíblia (em 1522) os Católicos já tinham
feito 20 diferentes edições italianas da Bíblia.

1475 d.C. - A PRIMEIRA BÍBLIA IMPRESSA EM HOLANDÊS:

A primeira Bíblia em holandês foi impressa por católicos na Holanda em Delft


em 1475. Algumas foram impressas por Jacob van Leisveldt em Antwerp.

1478 d.C. - A PRIMEIRA BÍBLIA IMPRESSA EM ESPANHOL:

Muitos anos antes de Lutero fazer sua Bíblia (em 1522) os Católicos já tinham
feito 2 diferentes edições espanholas da Bíblia.

1466 d.C. - A PRIMEIRA BÍBLIA IMPRESSA EM FRANCÊS:

Muitos anos antes de Lutero fazer sua Bíblia (em 1522) os Católicos já tinham
feito 26 diferentes edições francesas da Bíblia.

1516 d.C. - A PRIMEIRA IMPRESSÃO DO NOVO TESTAMENTO GREGO:

Um Católico chamado Erasmo fez a primeira impressão de seu NT grego.


Muitos anos antes de Lutero fazer sua Bíblia (em 1522) os Católicos já tinham
feito 22 diferentes edições gregas da Bíblia.

1534 d.C. - O PRIMEIRO USO DE ITÁLICOS PARA INDICAR PALAVRAS


QUE NÃO ESTAVAM NO ORIGINAL:

Um Católico chamado Munster foi o primeiro em usar itálicos para indicar


palavras que não estavam nos textos originais grego e hebraico, em sua
versão da Vulgata latina.

1548 d.C. - AS PRIMEIRAS VERSÕES CHINESAS:

Entre as traduções mais antigas uma versão é a de S. Mateus por Anger, um


Católico japonês (Goa, 1548). O jesuíta Padre de Mailla escreveu para uma
explicação dos Evangelhos para domingos e festas em 1740.

1551 d.C. - A PRIMEIRA DIVISÃO DE VERSÍCULOS:

A primeira divisão da Bíblia em versículos é vista pela primeira vez em uma


edição do NT grego publicada em Paris pelo Católico Robert Stephens.

1551 d.C. - A PRIMEIRA BÍBLIA IMPRESSA COMPLETA COM CAPÍTULOS


E VERSÍCULOS:

A primeira divisão da Bíblia em capítulos e versículos é vista pela primeira


vez em uma edição da Vulgata publicada em Paris pelo Católico Roberto
Estevão.

1561 d.C. - A PRIMEIRA BÍBLIA COMPLETA EM POLONÊS:

Foi impressa em Cracóvia em 1561, 1574, e 1577. Jacob Wujek, S.J., fez
uma nova tradução da Vulgata (Cracóvia, 1593) admirada por Clemente VIII e
que foi muito reimpressa.

1579 d.C. - A PRIMEIRA VERSÃO MEXICANA:

A primeira Bíblia conhecida no México foi uma versão dos Evangelhos e


Epístolas em 1579 por Dídaco de S. Maria, O.P., e o Livro de Provérbios por
Louis Rodríguez, O.S.F. Uma versão do NT foi feita em 1829, mas só o
Evangelho de S. Lucas foi impresso.

1836 d.C. - A PRIMEIRA TRADUÇÃO DA BÍBLIA PARA O JAPONÊS:

Uma versão do evangelho de S. João e dos Atos foi editada em katakana


(tipo quadrado) em Cingapura (1836) por Charles Gutzlaff.
FONTE: http://geocities.yahoo.com.br/jf_m2001/contribuicoescatolicas.htm.
Acesso em 07/07/2004 (Com Adaptações).

NOTAS DE RODAPÉ

1 – Nota do autor.
2 – AQUINO, Felipe. Escola da Fé I – A Sagrada Tradição. Lorena – SP:
Cléofas, 2000,p.31. ; Orígenes e a Reencarnação. Disponível em:
www.cleofas.com.br.Acesso em 14/08/2001.
3 – Nota do autor.
4 – Constituição Dogmática Dei Verbum sobre a Revelação Divina de
18/11/1965, nº 11. In:Bíblia Sagrada. 47º Ed. São Paulo: Ave Maria,1985.
5 – AQUINO, Felipe. Escola da Fé I – A Sagrada Tradição. Lorena – SP:
Cléofas, 2000,p.29. ; SILVA.Rogério Amaral. A Fundação da Igreja Católica
por Nosso Senhor Jesus Cristo.ACI Digital - Agência Católica de Imprensa na
América Latina Disponível em www.acidigital.com.br. Acesso em 16/06/2004.
6 – Nota do autor.
7 – AQUINO, Felipe. Escola da Fé I – A Sagrada Tradição. Lorena – SP:
Cléofas, 2000,p.32.
8 – Ibid., p.33.
9 – Ibid., p.33.
10 – Ibid., p.38.
11 – Ibid., p.35.
12 – Ibid., p.36.
13 – Ibid., p.29.
14 – Ibid., p.29.
15 – AQUINO, Felipe. Escola da Fé I – A Sagrada Tradição. Lorena – SP:
Cléofas, 2000,p.32
16 – AQUINO, Felipe. Escola da Fé III – A Sagrado Magistério.2ª Ed. Lorena
– SP: Cléofas, 2001,p.12-36.
17 – Constituição Dogmática Dei Verbum sobre a Revelação Divina de
18/11/1965, nº 7e 8. In:Bíblia Sagrada. 47º Ed. São Paulo: Ave Maria,1985.
18 – Nota do autor. (cf. Judas, versículo 9).
19 – SILVA, Severino Celestino. Pequena História das Traduções Bíblicas.
Disponível em www.nossosãopaulo.com.br. Acesso em 01/07/2004.
20 – Superinteressante. São Paulo: Ed. Abril, nº181, outubro.2002,p.22-23.
21– AQUINO, Felipe. Escola da Fé I – A Sagrada Tradição. Lorena – SP:
Cléofas, 2000,p.32
22 – Ibid., p.35.
23 – Ibid., p.31.
24 – Santo Isidoro de Sevilha. Disponível em
www.capeladelourdes.org.br/santos/vida. Acesso em 06/07/2004.
25 – AQUINO, Felipe. Escola da Fé I – A Sagrada Tradição. Lorena – SP:
Cléofas, 2000,p.30
26 – SARMENTO, Francisco de Jesus Maria. Minidicionário Compacto
Bíblico. 3º Ed. São Paulo: Ridiel,2001, p.312.
27 – Bíblia Sagrada. 38º Ed. São Paulo: Edições Paulinas,1982,p.1320.
28 – Ibid., p.1323.
29 – Nota do autor
30 – Nota do autor
31 – Nota do autor

OBS: todas as notas foram adaptadas pelo autor, exceto nº 4 e 23.

BIBLIOGRAFIA

ANGUS, Joseph e Green Samuel G. História Doutrina e Interpretação da


Bíblia. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista,1951.

AQUINO, Felipe. Escola da Fé I – A Sagrada Tradição. Lorena – SP: Cléofas,


2000.

________. Escola da Fé II – A Sagrada Escritura. Lorena – SP: Cléofas,


2000.

________. Escola da Fé III – O Sagrado Magistério. Lorena – SP: Cléofas,


2001.

BATTISTINI, Francisco. A Igreja do Deus Vivo – Curso Popular sobre a


Verdadeira Igreja.29ªEd. Petrópolis – RJ:Vozes,1998.

Bíblia Sagrada. 47º Ed. São Paulo: Ave Maria,1985.

Bíblia Sagrada. 38º Ed. São Paulo: Edições Paulinas,1982

SARMENTO, Francisco de Jesus Maria. Minidicionário Compacto Bíblico.


3º Ed.São Paulo: Ridiel,2001.

SILVA, Rogério Amaral. A Fundação da Igreja Católica por Nosso Senhor


Jesus Cristo.ACI Digital - Agência Católica de Imprensa na América
Latina.Disponível em: www.acidigital.com.br. Acesso em 16/06/2004.
SILVA, Severino Celestino. Pequena História das Traduções Bíblicas.
Disponível em www.nossosãopaulo.com.br. Acesso em 01/07/2004.

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