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A Bíblia como um livro tem uma história longa e antiga. Ela é o resultado de longa experiência
religiosa do povo de Israel. É o registro de várias pessoas, em diversos lugares, em contextos
diversos. Acredita-se que tenha sido escrita ao longo de um período de 1000 anos por cerca
de 40 homens (ou mais) das mais diversas profissões, origens culturais e classes sociais.
A palavra Bíblia vem do grego bíblos ou bíblion que significa “rolo” ou “livros”.
Isto quer dizer que este livro que temos em nossas mãos não é um livro e, sim um
agrupamento de livros.
Este agrupamento de livros pode se chamar de Bíblia ou Escrituras Sagradas para nós Cristãos,
para os Judeus (que só tem em suas mãos o Antigo Testamento) ela se chama Torá ou Tanakh.
Idiomas Bíblicos
Foram utilizados três idiomas diferentes para a escrita dos diversos textos que se encontram
dentro da Bíblia. O Hebraico, Grego e o Aramaico. Sendo que este último é usada em menor
número.
Configurações da Bíblia
Essa história vai começar se complicar...
Bem antes de Jesus nascer, portanto, antes do Novo Testamento. Alguns judeus que viviam
fora de Israel, fora de sua pátria natal, resolveram traduzir os textos sagrados para o Grego
(Língua usada na maioria dos lugares), por motivos óbvios: Primeiro, eles viviam longe de
Israel e já não tinham mais contato com a língua Hebraica. Segundo, uma tradução dos textos
sagrados para uma língua universal aumentaria a possibilidade de prosélitos ( convertidos) ao
judaísmo e terceiro, havia uma disputa política entre judeus de fala hebraica e judeus de fala
grega e por esta razão os judeus da diáspora traduziram a Bíblia, ou melhor, o Antigo
Testamento para o Grego. As Bíblias agora ganham nomes diferentes: A Hebraica, de Bíblia
Hebraica e a Grega de Septuaginta (alguns dizem que foram setenta homens que fizeram a
tradução) a Bíblia dos Setenta.
A configuração da Bíblia Grega ( Septuaginta) se difere da Bíblia Hebraica nas seguintes
questões:
1- Ela tem textos traduzidos do hebraico para o grego clássico. Texto traduzidos de
passagens em Aramaico e textos Deutero- canonônicos.
2- Ela tem alguns livros a mais do que a dos Judeus de fala Hebraica. (textos Deutero-
canônicos).
Os livros acrescidos são: Tobias, Judite, 1e2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico e Baruc.
3. O Nome de sua tradução é SPTUAGINTA - A Septuaginta – LXX A Septuaginta, ou a LXX, é o
nome que leva a tradução da Bíblia Hebraica para o grego, que teve sua origem após a
tradução do Pentateuco realizada por 72 anciãos convocados por Ptolomeu Filadelfo na
cidade de Alexandria em 72 dias. Após esse momento foi traduzido o restante da Bíblia
Hebraica entre os séculos III e I a.C. A Septuaginta era o texto dos judeus da Diáspora que não
conheciam mais a
língua hebraica. A Septuaginta foi a forma primária da Bíblia para as comunidades de judeus
helenizados e, assim, foi usada pela maioria dos primeiros
Você sabia que o documento mais antigo que traz um trecho da Bíblia é um fragmento dos
Rolos do mar Morto, encontrado próximo da costa do Mar Morto em Israel escritorno de 255
a.C?
Perguntas: - Abrir para perguntas dos alunos
O CANON BÍBLICO
A noção de canonização é a mesma tanto para a Bíblia hebraica/Tanak (“Primeiro
Testamento”) quanto para o Novo Testamento. Os conceitos de kanôn e “canônico” devem,
no entanto, ser elucidados, pois a “canonização” é um fenômeno tipicamente cristão. Foi em
sua “Carta de Páscoa” do ano 367 que Atanásio impôs o termo can?n (“vara”; “regra”) para
designar os livros inspirados reconhecidos pela Igreja. Portanto, deve-se distinguir entre
“Escritura” e kanôn.
Quanto à datação limite dos textos, a delimitação rabínica, baseada no pressuposto de que a
profecia se apagou pouco depois do exílio babilônico (o livro de Daniel, considerado o último
texto sagrado, de 164 a.C., era situado pelos antigos no exílio babilônico), limitou o período da
redação.
Está claro que o antigo Israel não tinha desde o início um livro sagrado (cf. Êxodo 17.14; 24.4;
34.27-28; Números 33.2; Deuteronômio 31.9). A fixação definitiva das “Escrituras Sagradas”
aconteceu apenas nos séculos III-IV d.C., mesmo havendo desde o final do século III a.C. rolos
da Bíblia hebraica/Primeiro Testamento assegurados, mas não definitivamente fixados, como
demonstra a leitura da Torah em Neemias 8.5-8 (Esdras abriu o livro à vista de todo o povo...).
É apenas suposição apresentar o “Sínodo de Yabneh”, por volta do ano 100 d.C., como
ambiente do estabelecimento do kanôn, pois nem existia à época “sínodo” ou “concílio”
(termos cristãos) nem a definição de um kanôn constava da pauta (debateu-se os
fundamentos para a autoridade rabínica). Naquele sínodo, os “outros” livros foram recolhidos
sob a designação de Escritos (Salmos, Jó, Eclesiastes, Rute, Ester, Daniel, etc.). Essa coletânea
protofarisaica propõe novas perspectivas sobre a condição humana em relação a Deus; os
saduceus e samaritanos não a reconheceram.
Critérios de canonicidade
O texto deveria refletir a fé vivenciada, deveria ser coerente com a Torah ou com algum texto
já autorizado, a ancestralidade dos personagens ou do tema narrado e o limite cronológico.
Sem ter sido algo sistemático, contribuíram ainda para a canonização a sacralidade ritual (a
expressão hebraica kit?bê haq-q?deš traduzida por “Escrituras Sagradas” é literalmente
“Escritos do ritual do Santuário”); com a memória traditiva que afirmava os textos como
divinos, o judaísmo os integra como parte do culto.
A qualidade do texto passou a ser secundária quando vários grupos tiveram acesso ou
copiaram os rolos oficiais do Templo, dentre eles os sacerdotes dissidentes de Qumran e os
fariseus que conseguiam cópias por intermédio de sacerdotes que aderiam a eles. A
autoridade sacerdotal foi assim substituída pela erudição rabínica, que manteve a valoração
diferenciada entre as cópias da Torah/Pentateuco, dos Profetas e dos Escritos. A Torah é o
critério!
A partir do Sínodo de Laodicéia (360), os livros da Bíblia são chamados canônicos por que a
Igreja os reconhece como normativos para a fé e para a vida dos fiéis sobre a base do seu
conteúdo objetivo.
O nome apócrifo é aplicado pelos católicos a certos escritos judaicos e cristãos que tiveram a
pretensão à autoridade divina mas que, de fato, não são Escrituras inspiradas. Os apócrifos
do AT são atribuídos a vários patriarcas e profetas e refletem as idéias religiosas e morais do
mundo judaico do século II a.C. ao século I d.C. Os apócrifos do NT são de origem cristã e são
atribuídos a apóstolos; eles refletem as crenças, doutrinas e tradições de certos círculos,
tanto ortodoxos como heréticos dos primeiros séculos da Igreja.
2. A Formação do Cânon
A Igreja definiu formalmente a extensão do cânon no Concílio de Trento ( 1545- 15630 Contra-
reforma. Embora a questão seja colocada desse modo pelos católicos, não podemos prescindir
da história da formação do cânon de ambos os testamentos.
No século I d.C., os judeus tinham uma coleção de livros que eles sustentavam serem
inspirados por Deus e nos quais viam a expressão da vontade divina, uma regra de fé e de
prática. Temos o testemunho de Josefo (Contra Apião 1,8), de 4 Esdras (14,37-48) e do
Talmude. Esses livros incluem todos os nossos livros protocanônicos. Os livros eram
distribuídos entre três divisões: Lei, Profetas e Escritos. Essa divisão parece testemunhar a
crença numa cronologia dos escritos. O Pentateuco (a Lei) recebeu a sua forma final no século
V e, desde o tempo de Esdras, os judeus aceitaram e reconheceram oficialmente a coleção
como um código sagrado. A maioria dos livros que forma a segunda divisão teria sido aceita
por volta do mesmo tempo. Contudo, a coleção não pode ter sido finalmente fechada até
algum tempo depois do último dos profetas (o autor de Zc 9-14), século IV. O Eclesiástico
afirma que a lista de livros proféticos estava completa antes de 180 a.C. (Eclo 46,1-49).
Podemos dizer que a coleção profética foi fixada na primeira metade do século II a.C. O
terceiro grupo parece ter se desenvolvido em torno da coleção dos Salmos. Cinco livro (os
Megilloth = Rolos: Ct, Rt, Lm, Ecl, Est) eram lidos na liturgia das grandes festas. A obra do
Cronista (Cr, Esd e Ne) vem no fim da lista. Podemos concluir que o grupo se formou entre o
século IV e o fim do século II.
Deve ser notado que nenhuma das três coleções foi estabelecida por uma decisão oficial.
Então não surpreende o fato de serem encontradas diferentes perspectivas. Os fariseus
aceitavam as três coleções, mas os saduceus, por exemplo, consideravam apenas o
Pentateuco como canônico. Por outro lado, em Alexandria e em Qumran (essênios) se
acreditava que Deus ainda não tinha falado a sua última palavra e que uma mensagem
inspirada ainda podia ser aceita. Assim, na Diáspora (judeus dispersos), foi acertado que os
nossos livros deuterocanônicos tinham uma autoridade real e os essênios atribuíram símile
poder aos livros de sua seita.
No tempo de Cristo, havia ainda alguma incerteza sobre a canonicidade de certos livros. Foi só
depois da destruição de Jerusalém (70 d.C.) que um grupo de doutores judeus, que procurava
preservar aquilo que restava do passado, se reuniu em Jâmnia (= Yavne, a uns 45 km a oeste
de Jerusalém), por volta do ano 90 d.C., e aceitaram o cânon dos fariseus. Essa decisão talvez
tenha sido tomada por causa dos cristãos que tinham adotado a Bíblia Grega (LXX). Por isso os
nossos livros deuterocanônicos foram rejeitados. A decisão do Concílio de Jâmnia foi apenas
para os judeus. No tempo da Reforma (século XVI) os protestantes, desejando fazer traduções
diretamente do hebraico, terminaram por considerar o cânon judaico como o cânon
autêntico.
Os Evangelhos, mesmo não sendo os escritos mais antigos do NT, foram os primeiros a serem
colocados em pé de igualdade com o AT e reconhecidos como canônicos. Por volta do ano
140, Pápias, bispo de Hierápolis, na Frígia, conhece Marcos e Mateus. Justino (c. de 150) cita
os Evangelhos como autoridade. Hegésipo (c. de 180) fala da “Lei e Profetas e do Senhor”. Os
mártires de Scilla, na Numídia (180) têm como escritos sagrados, “os livros e as epístolas de
Paulo, homem justo”; somente o AT e os Evangelhos eram chamados de “Livros”, isto é,
escrituras. Os escritos dos Padres Apostólicos fornecem certa prova de que desde as primeiras
décadas do século II, as grandes igrejas possuíam um livro ou grupo de livros que eram
comumente conhecidos como “Evangelho” e a que se fazia referência como a um documento
que tinha autoridade e era universalmente conhecido.
É provável que já pelo fim do século I ou começo do século II, treze epístolas paulinas
(excluindo Hebreus) fossem conhecidas na Grécia, Ásia Menor e Itália. Todos os manuscritos e
textos das epístolas paulinas resultaram de uma coleção que se harmoniza com nosso Corpus
paulinum. É verdade que as primitivas coleções mostraram variações na ordem das epístolas,
mas o número de escritos permanecia o mesmo. Não há citação de Paulo que não seja tirada
de uma das epístolas canônicas, embora seja certo que o Apóstolo escreveu outras cartas.
Assim por volta do ano 125, havia dois grupos de escritos que possuíam a garantia apostólica e
cuja autoridade era reconhecida por todas as comunidades que os possuíam.
Sobre os outros escritos temos poucos relatos na primeira metade do século II. Clemente
conhecia Hebreus; Policarpo conhecia 1 Pedro e 1 João; Pápias conhecia 1 Pedro, 1 João e
Apocalipse. Na segunda metade do século, Atos, Apocalipse e, pelo menos, 1 João e 1 Pedro
eram considerados canônicos; eles tomaram o seu lugar ao lado dos evangelhos e das
epístolas paulinas.
Podemos notar quatro fatores que influenciaram a formação do cânon do NT: 1) os muitos
apócrifos que a Igreja rejeitou; 2) a heresia de Marcião, que tinha estabelecido o seu próprio
cânon, o qual consistia de um Lucas corrigido e das epístolas de Paulo (excluindo as pastorais e
Hebreus); 3) os heréticos montanistas, que reivindicavam revelações adicionais do Espírito
Santo; 4) a grande abundância de escritos gnósticos;
As dificuldades sobre alguns escritos podem ser justificados por alguns motivos: o fato que
alguns escritos do Novo Testamento eram em origem destinados às comunidades locais
envolvidas em problemas particulares; as dificuldades de comunicação entre as comunidades;
abusos da parte de correntes heterodoxas (o uso do Apocalipse pelos milenaristas); as
incertezas sobre a conformidade com o pensamento apostólico de alguns escritos (por
exemplo, a carta de Judas que cita o livro apócrifo de Enoch).
Admite-se geralmente que no começo do século III o cânon do NT incluía a maioria, se não
todos, dos livros canônicos. A lista mais antiga que possuímos é aquela do fragmento
muratoriano, documento descoberto na Biblioteca Ambrosiana, em Milão, em 1740; ela
registra os livros que foram aceitos em Roma por volta do ano 200. Não se faz nenhuma
menção a Hebreus, 1 e 2 Pedro, 3 João e Tiago. Os papiros de Chestes Beatty, primeira metade
do século III, contêm todos os escritos do NT, exceto as Epístolas Católicas. Pode ser notado
que Tiago, 2 Pedro, 2 e 3 João e Judas não foram aceitos imediatamente no Ocidente,
enquanto Hebreus e Apocalipse encontraram a mesma oposição no Oriente.
A origem apostólica de Hebreus, Tiago, 2 Pedro, 2 e 3 João e Apostólica foi questionada até
Erasmo (1536). Hoje, quase todos os exegetas concordam que Hebreus e 2 Pedro não foram
escritas pelos apóstolos e que o autor de Tiago não é o apóstolo do mesmo nome, ao passo
que a autenticidade de João, Apocalipse e algumas das epístolas paulinas é amplamente
questionada.
O Magistério tomará uma posição sobre o cânon, tanto do NT quanto do AT, no concílio de
Florença (1441), fornecendo o elenco dos livros bíblicos segundo o cânon longo; no concílio de
Trento (1546) que definirá, depois de qualquer discussão, o cânon de Florença.
Em que coisa a Igreja se apoia para definir o cânon dos livros sagrados? Uma primeira
resposta, que precisa uma reflexão, nos é dada pelo último concílio, segundo o qual é “a
mesma tradição que faz a Igreja conhecer o cânon dos livros sagrados” (DV 8). Porém a
tradição precisa, por sua vez, de critérios para ter certeza de qual tradição se trate: por
exemplo, se esteja em jogo a tradição apostólica, ou simplesmente uma tradição eclesiástica.
Esta é a questão dos critérios de canonicidade que foi objeto de disputas sobretudo a partir do
século XVI com Erasmo e com os protestantes. Erasmo espalhou as dúvidas dos primeiros
séculos sobre a origem apostólica de Hebreus, Tiago, Judas e Apocalipse, e de algumas
perícopes evangélicas, tais como Mc 16,9-20; Lc 22,43s; Jo 7,57-8,11. Estas seções foram
submetidas ao juízo do Concílio de Trento que, depois de ter exibido o elenco definitivo da
Bíblia, declarou: “Se alguém não aceitar como livros sagrados e canônicos estes livros, inteiros
com todas as suas partes, assim como se é costume lê-los na Igreja católica e se encontrem na
edição antiga da Vulgata latina, e desprezará as preditas tradições, seja anátema” (DS, 1501).
Não podemos negar que a fixação do cânon é um ato da Igreja, ou da Tradição, que opera na
Igreja. O concílio de Trento acrescenta para a definição do cânon dois argumentos: o uso de
ler determinados livros na Igreja e a sua presença na Vulgata latina. Na verdade esses dois
argumentos servem para dizer que se reconhecem como canônicos aqueles livros que a
tradição da igreja lê.
A tradição dos primeiros séculos deveu articular os próprios critérios de canonicidade. Eles são
três: a autoridade apostólica, enquanto livros escritos pelos apóstolos ou por seus
colaboradores diretos; A ortodoxia dos escritos, enquanto conformes à regra de fé, ou seja, à
fé transmitida pelos apóstolos e professada na Igreja apostólica; a catolicidade dos escritos,
enquanto reconhecidos por todas ou maior parte das igrejas.
Repetimos de novo a pergunta: de onde vem a certeza para a Igreja sobre os livros canônicos?
É claro que à Igreja não foi dada uma revelação especial sobre isso. Assim a resposta é: a
Igreja, querendo exprimir fielmente a mensagem de Cristo, reconheceu sempre mais
claramente a insuperável importância daqueles 27 escritos que lhe eram transmitidos desde a
idade apostólica.
Tal juízo cai no risco de se tornar um princípio seletivo que poderia conduzir a excluir alguns
livros do cânon comumente aceito. Por isso não faltaram as reações dentro do próprio mundo
protestante. O. Cullmann observou, por exemplo, que qualquer escolha dentro do cânon é
necessariamente subjetiva e arbitrária. Por isso ele propõe que a História da Salvação seja o
elemento unificante de toda a Bíblia.
Nem mesmo à Igreja católica deve escapar esta questão. Ela deve perguntar-se se ela, no
defender a definição de Trento sobre a integridade do cânon, não tem insistido demais na
idêntica autoridade de todos os escritos bíblicos. Certamente a afirmação da idêntica
canonicidade de todos os livros é válida na medida em que se assume um conceito formal de
canonicidade: todos os escritos da bíblia têm para a Igreja valor canônico e autoridade, mas
precisa prestar atenção ao problema do idêntico valor dos escritos canônicos. Em fato a Igreja
se refere de preferência a determinados textos bíblicos, como diz a Dei Verbum: “Ninguém
esqueça que, entre toda a Escritura, também do NT, os evangelhos se sobressaem” (n. 18).
O que afirmamos (católicos) não é a questão do “cânon no cânon”, pois isso poderia ser uma
nova empresa na linha de Marcião, mas precisamos reconhecer que nós hoje não temos
condições de julgar a validade dos escritos que se direcionavam a cristãos em situações muito
diversas da nossa. É lógico que alguns livros da Bíblia têm maior valor que outros (cf. DV 18,
UR 11). Mas isso não significa que se deva introduzir uma distinção no cânon bíblico, como se
houvesse livros inspirados e livros não inspirados, ou livros mais inspirados e livros menos
inspirados.
O acolhimento de todos os livros bíblicos com todos as suas partes não contradiz a exigência
de interpretar a Escritura partindo do seu centro hermenêutico, Cristo. O fato que a Igreja
permaneça fiel a todo o cânon não significa que cada particular proposição ou passo bíblico
exprima, na mesma medida, a palavra de Deus.