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Teatro de bonecos1
Da antiguidade sacra à contemporaneidade
China
Documentos comprovam que por volta de 1000 a.C: na China, já existia um tipo de estátua
funerária movida por mecanismos, que davam a ela perfeita ilusão de vida, e com o passar do tempo
essas imagens funerárias passaram a ser usadas em espetáculos religiosos
Na China foram usados todos os tipos de bonecos: de vara, de fio, de luva e de sombras. O
teatro de sombras chinês tinha efeitos mágicos. As marionetes eram de um refinamento e de uma
técnica de manipulação surpreendentes. Os primeiros bonecos de vara eram manipulados
horizontalmente.
O boneco chinês tradicional é uma obra de arte que combina escultura e pintura, com
mecanismos sofisticados de movimento. Ele possui muita riqueza nas vestimentas e eram muitas
vezes bordadas a ouro.
Mas o objetivo principal do ,teatro de bonecos chinês nunca foi o de teatralizar as histórias de
seus antepassados ou heróis, mas sim de desenvolver poderes ocultos.
Os bonequeiros gozavam de prestígio que os equiparava aos magos. Eles possuíam poderes
mediúnicos.
Os bonecos eram considerados receptores dos espíritos que se serviam dele para se manifestar.
Isso levava os bonequeiros a trancá-los com o rosto coberto por um tecido, em caixas envoltas por
um papel encantado, para que não despertassem o desejo dos espíritos em reanimá-los por si
mesmos. O poder dos bonecos quando bem dominado pelo bonequeiro, podia ser benéfico. Os
bonequeiros eram frequentemente requisitados a se apresentarem em cerimônias de exorcismo, e
eram, responsáveis pela limpeza de casas ou determinados ambientes, expulsando os maus espíritos.
Índia
Por volta de 200 a.C. se desenvolveu na Índia um teatro de bonecos feito com sombras.
Segundo a lenda esse teatro teria surgido quando o primeiro bonequeiro, Ady Anat, saiu da boca do
deus Brahma.
Os espetáculos hindus começavam com uma procissão composta por titereiros, músicos e
cantores que, sob o toque de sinos e tambores, seguiam em cortejo tendo a frente à lâmpada principal
do templo mais próximo. Assim que a procissão chegava ao local das apresentações dava-se início a
uma evocação de mantras e orações. Seguia-se um ritual de ofertas aos antepassados, com flores,
incenso e comida, só então começava a apresentação. As peças eram longas e ocorriam à noite
varando a madrugada, às vezes terminando ao nascer do dia.
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As peças eram tiradas de livros religiosos como o Mahabarata. Não existiam diálogos, apenas o
narrador descrevia as ações, e às vezes também os pensamentos dos personagens. Ela era
acompanhada com instrumentos melódicos. Era um ritual, mas também um espetáculo artístico.
Os bonecos de sombra eram confeccionados em couro ou papel transparente e projetados por
uma iluminação a óleo, lamparina, candelabros ou velas que produziam um efeito tremeluzente e
dava ao espetáculo um estranho ar mágico.
Java
Em Java, uma das ilhas do arquipélago da Indonésia, por volta de 100 d.C. formou-se um
teatro sacro de bonecos de sombra fortemente influenciado pela Índia, chamado Wayanga Purma.
No início as cerimônias religiosas desse teatro realizavam-se no seio das famílias, conduzidas
pelo pai. O seu objetivo era evocar os espíritos dos antepassados. Com o tempo: passaram a ser
apresentados por sacerdotes chamados Dalang, esses sacerdotes reuniam os papéis de poeta, músico
e conselheiro. As cerimônias aconteciam do pôr-do-sol ao nascer do dia, e iniciava-se com a
entoação de mantras que evocavam os antepassados para que protegessem seus descendentes. As
histórias baseavam-se em poemas épicos do Ramayana e do Mahabarata. O espetáculo consistia em
uma parte dramática, outra musical e outra espiritual, mas também era uma diversão.
Costuma-se apresentar ao final dos espetáculos com sombras uma dança com um boneco
tridimensional de vara chamado Golek, para que a platéia refletisse sobre o sentido de que também
eram bonecos manipulados por forças invisíveis.
Esses bonecos deram origem ao Wayang Golek, o teatro de bonecos de vara hindu esculpidos
em madeira.
O Wayanga Purma é um teatro muito refinado, as suas figuras são esculpidas em, couro fino e
ornados ;com desenhos em traços mais finos ainda. Os bonecos têm articulações perfeitas.
Em Bali, outra ilha da Indonésia, também existia esse teatro de sombras.
Japão
Através de textos budistas datados do séc. VIII, tem-se notícia da existência de bonecos no
Japão.
Os japoneses foram influenciados pelo teatro de bonecos chinês. No Japão os bonecos
chamavam-se Kugutsu, uma palavra chinesa.
No séc. XI, o boneco estava ligado às cerimônias Xintoístas e até hoje é uma tradição viva em
templos dedicados ao deus Oshira. Nessas cerimônias os sacerdotes, ou um crente, recita mantras e
conta histórias enquanto segura em suas mãos dois bonecos, esses bonecos não representavam
deuses, mas estavam possuídos por seus espíritos, que podiam ser bons ou maus.
O esperdadas a ouro.
Mas o objetivo principal do ,teatro de bonecos chinês nunca foi o de teatralizar as histórias de
seus antepassados ou heróis, mas sim de desenvolver poderes ocultos.
Os bonequeiros gozavam de prestígio que os equiparava aos magos. Eles possuíam poderes
mediúnicos.
Os bonecos eram considerados receptores dos espíritos que se serviam dele para se manifestar.
Isso levava os bonequeiros a trancá-los com o rosto coberto por um tecido, em caixas envoltas por
um papel encantado, para que não despertassem o desejo dos espíritos em reanimá-los por si
mesmos. O poder dos bonecos quando bem dominado pelo bonequeiro, podia ser benéfico. Os
bonequeiros eram frequentemente requisitados a se apresentarem em cerimônias de exorcismo, e
eram, responsáveis pela limpeza de casas ou determinados ambientes, expulsando os maus espíritos.
Índia
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Por volta de 200 a.C. se desenvolveu na Índia um teatro de bonecos feito com sombras.
Segundo a lenda esse teatro teria surgido quando o primeiro bonequeiro, Ady Anat, saiu da boca do
deus Brahma.
Os espetáculos hindus começavam com uma procissão composta por titereiros, músicos e
cantores que, sob o toque de sinos e tambores, seguiam em cortejo tendo a frente à lâmpada principal
do templo mais próximo. Assim que a procissão chegava ao local das apresentações dava-se início a
uma evocação de mantras e orações. Seguia-se um ritual de ofertas aos antepassados, com flores,
incenso e comida, só então começava a apresentação. As peças eram longas e ocorriam à noite
varando a madrugada, às vezes terminando ao nascer do dia.
As peças eram tiradas de livros religiosos como o Mahabarata. Não existiam diálogos, apenas o
narrador descrevia as ações, e às vezes também os pensamentos dos personagens. Ela era
acompanhada com instrumentos melódicos. Era um ritual, mas também um espetáculo artístico.
Os bonecos de sombra eram confeccionados em couro ou papel transparente e projetados por
uma iluminação a óleo, lamparina, candelabros ou velas que produziam um efeito tremeluzente e
dava ao espetáculo um estranho ar mágico.
Java
Em Java, uma das ilhas do arquipélago da Indonésia, por volta de 100 d.C. formou-se um
teatro sacro de bonecos de sombra fortemente influenciado pela Índia, chamado Wayanga Purma.
No início as cerimônias religiosas desse teatro realizavam-se no seio das famílias, conduzidas
pelo pai. O seu objetivo era evocar os espíritos dos antepassados. Com o tempo: passaram a ser
apresentados por sacerdotes chamados Dalang, esses sacerdotes reuniam os papéis de poeta, músico
e conselheiro. As cerimônias aconteciam do pôr-do-sol ao nascer do dia, e iniciava-se com a
entoação de mantras que evocavam os antepassados para que protegessem seus descendentes. As
histórias baseavam-se em poemas épicos do Ramayana e do Mahabarata. O espetáculo consistia em
uma parte dramática, outra musical e outra espiritual, mas também era uma diversão.
Costuma-se apresentar ao final dos espetáculos com sombras uma dança com um boneco
tridimensional de vara chamado Golek, para que a platéia refletisse sobre o sentido de que também
eram bonecos manipulados por forças invisíveis.
Esses bonecos deram origem ao Wayang Golek, o teatro de bonecos de vara hindu esculpidos
em madeira.
O Wayanga Purma é um teatro muito refinado, as suas figuras são esculpidas em, couro fino
e ornados ;com desenhos em traços mais finos ainda. Os bonecos têm articulações perfeitas.
Em Bali, outra ilha da Indonésia, também existia esse teatro de sombras.
Japão
Através de textos budistas datados do séc. VIII, tem-se notícia da existência de bonecos no
Japão.
Os japoneses foram influenciados pelo teatro de bonecos chinês. No Japão os bonecos
chamavam-se Kugutsu, uma palavra chinesa.
No séc. XI, o boneco estava ligado às cerimônias Xintoístas e até hoje é uma tradição viva em
templos dedicados ao deus Oshira. Nessas cerimônias os sacerdotes, ou um crente, recita mantras e
conta histórias enquanto segura em suas mãos dois bonecos, esses bonecos não representavam
deuses, mas estavam possuídos por seus espíritos, que podiam ser bons ou maus.
O espetáculo era um recitativo de poemas ou lendas épicas com acompanhamento musical, que
no séc. XVI era apresentado por monges budistas cegos.
No final do séc. XVII o teatro de bonecos japonês atingiu um status de arte superior, devido ao
alto nível literário e artístico refletindo princípios religiosos e filosóficos do confucionismo, do
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budismo e do xintoísmo.
No início do séc. XIX a família Bunrakuken ,deu origem ao teatro BunraKu, que é até hoje um
teatro de impressionante forma plástica e visual.
No fim da era Edo, no inicio do séc. XIX, surgiram bonecos mecânicos chamados KaraKuri
que eram de três tipos: os Matsuri Karakuri, para festas populares, que são colocados em carros
alegóricos e puxados pelas ruas; os Kogyo Karakuri, que são empregados em espetáculos de
marionetes; e os Zashiki Karakuri para adornar ambientes.
Hoje a tecnologia para a construção de robôs no Japão é a mais avançada do mundo, e dizem
que suas raízes remontam aos inventores e artesãos da era Edo.
Continente Africano
Na antiguidade a magia egípcia espalhou-se pelo continente africano e Antilhas, ali o boneco
também tinha finalidade mágica, mas não se inseria em um contexto de teatro de bonecos. Nessas
regiões ele era um objeto fetichista de enorme poder.
Os bonecos fetichistas são em si mesmos inertes, é o Xamã ou mágico que por meio de rituais
apropriado faz. atuar e dirigir a força mágica que possuem.
Os fetiches de pregos tem a função de afastar os espíritos maléficos, que se manifestam sob a
forma de doenças e outros sofrimentos que não podem ser combatidos por meios comuns. Sobre o
ventre do boneco é colocada uma pequena caixa normalmente tampada por um espelho, que
contém o “Ngli-ngli”, substância que dá força ao fetiche e, onde cada prego cravado provoca uma
ação mágica dirigida no cerimonial; contra um espírito maléfico.
Outros tipos de bonecos tinham a capacidade de roubar e canalizar a energia vital da pessoa,
para através disso dominá-las e conduzi-la a todo tipo de estado ou ato, como um zumbi.
Também existiam no Camarões (África Ocidental) e em Angola (Sudoeste Africano) bonecas
que eram carregadas pelas jovens na crença que as tornariam férteis, ou ajudariam em boas colheitas.
América Central
No Haiti existe o Vodu, religião popular que é uma mistura de religião africana (trazida às
Antilhas por escravos) e elementos cristãos. As divindades do Vodu chamadas Loas, podem ser
espíritos de ancestrais ou do mundo natural. Eles se dividem em dois amplos grupos, o útil Rada e o
destrutivo Petro. Durante as cerimônias ocorre uma forma de possessão, em que o corpo da pessoa
pode ser tomado pelo Loa. A forma mais conhecida do Vodu é a utilização de pequenas formas de
madeira usados para enfeitiçar pessoas.
América do Norte
Porque o boneco perdeu, sua sacralidade? Há várias teorias sobre isso, mas a mais aceita é
simples: o desejo de poder e cobiça do ser humano.
Houve um tempo em que o boneco era o preferido pelas entidades espirituais e deuses, para se
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expressarem, pois eles não tinham “cheiro humano”, ou era preferido também pelo público que o
considerava mais misterioso e digno de representar forças misteriosas.
Mas com o passar do tempo, os sacerdotes bonequeiros perceberam que teriam mais poder se
eles mesmos canalizassem essas energias.
Eles passaram a substituir as imagens animadas por pessoas interpretando e incorporando as
entidades (nascia assim a função do ator), sendo estes os novos representantes do poder divino. Essa
manifestação egocêntrica do ser humano visava, atuar publicamente como fonte transmissora de e
adquirir benefícios com isso.
Muito se perdeu nessa transposição do boneco para o ator, pois toda obra de arte é um símbolo
e o símbolo não admite a presença ativa do homem.
O boneco no Ocidente
Enquanto no Oriente o boneco está relacionado com o ritual e o divino, no Ocidente ele
caracteriza-se por apresentar ao homem sua realidade terrena, sua relações, seu quotidiano, através
do humor e da crítica.
Na Grécia antiga (Séc. V a.C) os Mimos Dóricos ridicularizavam lendas sobre deuses e mais
tarde também os ritos cristãos: Era um teatro rude, mas de forte apelo popular. Esses espetáculos
eram conduzidos por mímicos e acrobatas que manipulavam pequenos bonecos com fios.
Parecido com os Mimos, em Roma existia as Atelanas, um tipo de teatro com personagens
como Buccus e Manducus, que satirizavam e criticavam os costumes da época. Segundo algumas
teorias as Atelanas influenciariam mais tarde a formação dos tipos da Commedia Dell’arte que por
sua vez se transformaram em personagens do teatro de bonecos.
Período Medieval
muitos países depois, passou a ser confundido com recreação infantil, mais associado à idéia de
teatrinho para crianças em idade pré-escolar.
Bibliografia
AMARAL, Ana Maria, Teatro de formas animadas. EDUSP, São Paulo, 1992.
_____ O ator e seus duplos. EDUSP, São Paulo, 2001.
ARTAUD, Antonin, O teatro e seu duplo.
Max Limonad, São Paulo, 1984.
BELTRAME, Walmor Nini, Vida e morte no teatro de animação. Secretaria de
Cultura de Porto Alegre, Porto Alegre, 2004.
BETTELHEIM, Bruno, A psicanálise dos contos de fadas. Paz e Terra, Rio de Janeiro,
1979,
CRAYG, Edward Gordon, On the art of the theatre. Theatre Arts Books, New York,
1956.
ELÍADE, Mircea, O sagrado e o profano. Martins Fontes, São Paulo, 1992.
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