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PANORAMA HISTÓRICO
Como manifestação artística ele é muito popular em vários países do continente Asiático.
No Egito por exemplo, o teatro de sombras, cuja forma e técnica desenvolvidas tiveram
como inspiração o oriente, surgiu durante o século XII d.C. como forma para apresentar
lendas populares e eventos históricos. No século XIII os Mongóis invadiram a China e
levaram o teatro de sombras em países islâmicos como Turquia, Síria, Afeganistão que
passou a ser utilizado em caráter não religioso. A linguagem já era muito popular há mil
anos atrás na Ilha de Java, Indonésia e estudos demonstram a sua existência em países
como Tailândia, Taiwan, Grécia e no Norte Africano, principalmente na Africa
Mediterrânea. Chegou à Europa Ocidental somente no século XVIII, na Itália, quando
alguns padres católicos utilizaram como recursos para a educação religiosa, as projeções
das sombras, fazendo criação de textos e encenações. Entre 1774 e 1859, existiu em Paris
um teatro especializado em teatro de sombras chamado “Sombras Chinesas”. E
posteriormente foi considerado um dos protótipos do cinema de animação e inspiração
para a invenção das máquinas fotográficas e projetores de cinema. No continente
americano ainda não foram encontrados registros históricos que revelassem o período
exato em que a linguagem do teatro de sombras surgiu.
TEATRO DE SOMBRAS ORIENTAL
China
O teatro chinês possui cerca de 5 mil anos de idade. Impérios e dinastias vieram e se
foram durante toda a história da China. Os primórdios do teatro de sombras datam do
período de domínio do imperador Wu-ti (140-87 a.C.), um amante das artes.
Na China existe uma lenda que conta o nascimento do teatro de sombras, revelando
aspectos interessantes desta arte de silhuetas:
O Imperador Wu Ti, da dinastia dos Han, teve o desgosto de perder sua dançarina
predileta. Havia vinte anos que ele governava com sabedoria e juízo o Império Celeste e
seu reinado era dos mais gloriosos de todos os tempos. Mas Wu Ti era muito supersticioso
e acreditava na arte de mágicas. Quando certa feita sua dançarina favorita morreu, ele,
desesperado, voltou-se para o mágico da corte, exigindo que fizesse voltar à linda defunta
do “Reino das sombras”. Caso contrário seria decapitado. Ameaçado o mágico não perdeu
a cabeça... O mago usou sua imaginação e através de uma pele de peixe, cuidadosamente
preparada para torná-la macia e transparente, recortou a silhueta da dançarina, tão linda e
graciosa como ela fora. Numa varanda do palácio imperial, mandou esticar uma cortina
branca em frente a um campo aberto. Com o Imperador e a corte reunida na varanda, e à
luz do sol que se filtrava através da cortina, ele fez evoluir à sombra da dançarina, ao som
de uma flauta e todos ficaram alucinados com a semelhança.
A partir de 1966 com novas tecnologias a estética dos espetáculos foi alterada, as varas
de bambu foram trocadas por acrílico e a iluminação feita por lâmpadas fluorescentes.
Com a criação de academias especificas em 1970, aproximadamente, o ensino deixou de
ser restrito no aprendizado por tradição e hoje crianças aprendem na escola as técnicas de
silhuetas com reconhecidos professores.
Índia
A arte do teatro oriental sobrevive em Java graças às academias criadas pelo Estado e
pela ajuda dos últimos sultões. Podem ser vistas ainda hoje em vilarejos tendo o toca fitas
como substituto do trabalho de orquestra.
Turquia
A aparição do teatro de sombras turco ocorreu no século XIII após a invasão dos mongóis
na China que depois foram para a Turquia. Em Bursa, surgiu a forma mais popular do
teatro de sombras do mundo árabe, que tem como característica a critica social–política,
ele é chamado de teatro de Karagöz e realizado em feiras à noite cujo espetáculo conta
com um único manipulador que controla tudo: bonecos, texto e sonoplastia.
Na Europa é incerto o período em que o teatro de sombras foi inserido. Ele é trabalhado
mais como espetáculo do que um ritual propriamente dito, como acontece no Oriente.
Dois grupos teatrais trabalham com o teatro de sombras sob um olhar contemporâneo: Le
Phospènes (França) dirigido por Jean Pierre Lescot e Teatro Gioco Vita (Itália) dirigido
por Fabrizio Montecchi. Jean Pierre Lescot trabalha com a linguagem de sombra no teatro
contemporâneo, descobriu este gênero teatral através de um espetáculo balinês, em 1968
na cidade de Paris. Montou com a Cia. um espetáculo que trabalha a mobilidade das
silhuetas e joga com a cumplicidade da luz e transparência de tecidos destacando a
característica expressionista da imagem. Ele explora a imaterialidade e a magia que a
sombra remete, aproximando a linguagem a uma expressão relacionada a sonhos. De
acordo com o diretor teatral a sombra pode assumir várias características quando ela se
distancia ou se aproxima da tela, conseguindo vibrar, ondular, desaparecer, ser opaca,
translúcida, se deformar, ou ao contrario tornar-se nítida e contrastante; e um espetáculo
de sombras poderá promover um momento em que sentiremos emoções reais se
deixarmos de lado as nossas idéias pré-definidas diante das coisas. Aqueles que assistem
espetáculos de sombras darão significados e importâncias subjetivas às coisas e
perceberão que o ato de descobrir/redescobrir nunca será inocente.
O teatro Gioco Vita é um grupo teatral de animação que iniciou suas produções com
bonecos de vara, luvas e marionetes porém a partir de 1976 depois de um encontro com
o teatro de sombras de Jean-Pierre Lescot, num festival de Charleville-Mezières , passou
a se dedicar exclusivamente as pesquisas referentes a linguagem das sombras. Em seus
espetáculos o grupo faz a luz variar sempre, seja em relação ao espaço, seja em relação
às qualidades técnicas dos focos de luminosos. As telas ou telões de luz de projeção
passaram a ser também móveis e com dimensões sempre surpreendentes. Atenção
especial foi dada a relação corpo do ator-manipulador, o boneco/ objetos e as suas
respectivas sombras.