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Samian Cult Statues and Cult

Houses

O’BRIEN, J. V. The Transformation of Hera. [s.l.] Rowman & Littlefield, 1993.


Durante um antigo estágio de seu culto, Hera foi vista como Deusa da Fertilidade em
geral, antes de 600 a.c. Depois disso, transformou-se na irmã-esposa de Zeus.
Deusa da abundância e “Senhora dos Animais Selvagens”.
O rito “Tonaia” provavelmente foi entendido como um ritual que agradecia pela nova
vegetação e as bênçãos de fertilidade humana.
A deusa foi transformada de soberana protetora da ilha em uma esposa.

Como evidências para a afirmação da deusa da fertilidade: proeminência de pequenas


casas de culto em Samos, os papeis desempenhados no culto antigo por animais,
pássaros…

A tradição literária para Xoana


O nome xoanon designa a sobrevivente imagem de madeira da deusa, à qual os
sacerdotes levavam oferendas na casa do templo.
Forma antropomórfica → bretas.

Mito relacionando a xoana de Hera:


Plutarco escreve sobre um “mito absurdo” no qual Hera se escondeu por estar brava
com Zeus. Então Zeus conhece o autóctone Alalkomenes, que o ensinou a enganar
Hera enquanto fingia ter outra esposa. Depois de cair um alto e bonito carvalho, eles
esculpiram a madeira e vestiram em roupas de noiva, chamando-a de Daidale. Hera e
suas seguidoras vieram de Cithaeron, descobriram a farsa, se juntaram à procissão e
deram honra adicional à esta xoanon. O festival que celebrava esse evento, chamado
de Daidala, remete à Tonaia de Samos, porque ambos se estruturavam em volta do
desaparecimento da estátua de culto e no a reaparição da deusa em uma árvore
significativa.

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O hábito samiano de vestir as antigas estátuas de culto com roupas reais comprovam a
sacralidade da madeira.
Os antigos acreditavam que a deusa tinha sua epifania em uma árvore, quer ela fosse
um carvalho, oliveira, lugos, pereira ou qualquer uma que as circunstâncias locais
provessem.

Fontes primárias sobre a Deusa


Apesar de nenhuma estátua de culto de Hera ter sobrevivido, importantes fontes
(arqueológicas e literárias) nos ajudam a aproximar as características da mais antiga
estátua de madeira, chamada de “a deusa”.
O estudo numismático foi de grande importância para a caracterização iconográfica
da deusa Hera arcaica. Através do estudo numismático, identifica-se a similaridade
entre as deusas anatolianas: Hera de Samos, Ártemis de Éfeso e Afrodite de
Afrodísias. É possível que elas fossem variações locais da mesma deusa da fertilidade,
a qual Fleischer chamou de Efésia (já que a Ártemis de Éfeso dominou as cidades do
oeste da Ásia Menor).
É importante, também, o estudo das diferenças entre as três deusas, através de
detalhes presentes nas representações iconográficas.
As moedas provavelmente davam visões mais realistas sobre os atributos individuais
das deusas do que as próprias estátuas de culto.

Uma terceira fonte é o mal preservado selo de carimbo de uma telha imperial do
Heraião que apresenta uma imagem arcaica da deusa — provavelmente a xoanon.

🛐 The Goddess x The Goddess Behind


Por que os antigos criaram uma segunda estátua de culto se já tinham uma?
É possível que a nova estátua tenha sido criada para representar melhor o
novo papel emergente da deusa, em sua imagem pan-helênica enquanto
irmã-esposa de Zeus e deusa do casamento. Inclusive, a estátua mais
recente carrega simbolismos e acessórios de noiva.

Características iconográficas arcaicas da Deusa


1. Uma posição rígida, de pé, normalmente de frente, mas ás vezes de perfil.

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2. Vestes longas que descem até os pés, com dobras amplas especialmente acima da
cintura.

3. Braços dobrados nos cotovelos e antebraços estendidos em gesto de “bênção”.

4. Uma coroa alta que se torna mais larga no topo.

5. Um véu caindo nas costas, por debaixo da coroa.

6. Filetes atados ou nós de lã pendurados em seus pulsos. Além desses traços fixos,
algumas moedas se revelam.

7. Quatro arcos, formando um peitoral transversal ao peito, que pode ser o


‘proslêmma paralorges amphithusanon’ do Inventário — ‘decoração de peito com
borda roxa e borlas de cada lado’.

8. Faixas cruzadas estendendo-se diagonalmente sobre o corpo, abaixo do peitoral.

9. Um ornamento ao redor da coroa, que tem sido vista de várias maneiras: como
uma cobra, chifres ou uma videira.

10. Tigelas nas mãos.

As duas últimas características sugerem origem Helenística.

🛐 As irmãs anatolianas característicamente estendem os braços em gesto de


bênção, mas com nós em seus pulsos sem outros adereços em mãos.

Logo, há controvérsias e incertezas na interpretação de Hera com as tigelas em mãos.


Evidentemente, a antiga xoanon samiana não segurava objetos em suas mãos e, como
nas imagens das moedas, abria os braços em gesto de bênção e tinha nós acoplados
nos pulsos.
Ohly argumentou que elas tinham tigelas em suas mãos desde que metal phialae foram
proeminentes do Inventário de Samos, mas desde que o inventário não faz menção à
deusa segurando (ekhein) as tigelas, ele diz que é inconvincente.
O escudo representa a deusa enquanto soberana protetora da ilha.

É incerto que a simbologia do véu esteja associada a atribuição de Hera como deusa
do casamento, seu véu não é diferente dos de suas irmãs anatolianas. Caso

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representasse uma característica nupcial, teria de representar para as outras deusas
também.

O’Brien sugere que o véu samiano primitivamente representou a fertilidade


em geral, depois teria se transformado em símbolo do casamento por causa
da eventual limitação de Hera aos rituais matrimoniais.

A característica mais única e consistente de Hera na numismática é a presença de


faixas atadas em nós (knotted fillets). Entre as imagens em moedas das deusas
anatolianas, somente a de Hera sempre inclui as faixas. Logo, esses adornos
estranhos, não-gregos, devem ter sido centrais em seu culto. É possível que
simbolizem a identificação de Hera com a terra, mas seu real significado permanece
oculto.
As faixas cruzadas sobre o estômago ou útero da deusa são únicas nas imagens
numismáticas de Hera, entre as deusas anatolianas, nas quais elas envolvem o útero
ao invés dos braços.
Acadêmicos desconfiam que essas faixas, mais o nome de seu ritual, Tonaia (amarrar),
significaram que Hera pertenceu a uma tradição de “bound gods” (deuses de limites,
fronteiras…). Seu “binding” pode ter sido uma chave de seu culto primitivo.

As the fillets probably bound the goddess to her plinth, the


crossbands may have suggested the binding of the earth goddess’
womb.

Sugere uma deusa da terra, fertilidade a qual estava ligada ao seu útero materno.

“Tentativa de proteger a prosperidade da ilha e uma memória de uma deusa da terra,


envolvida por suas águas confluentes”.

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