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Ruah
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Espírito Santo,
Jesus disse que Tu és Aquele
que nos dá a conhecer todas as coisas (Jo 16, 13)
O ROSTO AMOROSO
DO ESPÍRITO SANTO
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O vento é o que actua sem ser visto, está presente sem se conseguir
agarrar, “sopra onde quer, ninguém sabe de onde vem nem para onde vai,
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mas todos escutam a sua voz” (Jo 3, 8). O profeta Elias, escondido com medo
da rainha Jezabel, é na brisa suave do vento que percebe a presença de Iahvé
(1Rs 19, 13). O profeta Ezequiel descreve a visão de um campo de ossos
ressequidos aos quais Deus envia uma brisa suave, um vento que os percorre
e revigora trazendo-os à vida (Ez 37, 1-10). “Espírito” em hebraico diz-se
“Ruah”, que significa mesmo “vento”, “aragem”. E tem também o significado
de “hálito” ou “alento” de vida. O Ruah Iahvé – Espírito de Deus – é o Hálito
que sai da boca de Deus como alento de Vida: “Deus insuflou no barro
amassado o seu Ruah – hálito, alento, respiração – e o Homem tornou-se um
Vivente! (Gn 2, 7)
Também Jesus Ressuscitado “soprou sobre os Apóstolos, dizendo-lhes:
Recebei o Espírito Santo!” (Jo 20, 22). Sim, o Espírito Santo é o Alento de Vida de
Jesus Ressuscitado.
Espírito Santo desceu na forma de uma pomba sobre ele”, símbolo da unção
messiânica confirmada por Deus, de quem se ouve a voz: “Tu és o meu filho
muito amado; em ti ponho todo o Meu agrado” (Lc 3, 22).
Por ser Amor, Deus não é uma existência estática e imutável, mas
Vida em permanente emergência e dinamismo criador. Para falar de Deus, a
bíblia não nos dá definições ou provas teóricas da Sua existência, mas conta
uma história: a história de Deus connosco. Sim, um Deus comprometido com
a história dos Homens, por Amor! Eis a grande descoberta do povo hebreu,
que lhe abriu o caminho da Revelação como fonte de Aliança e Promessas da
parte de Deus.
Este povo fez uma experiência de libertação da tirania egípcia e uma
travessia do deserto que o encaminhou para a conquista da Palestina,
desejada e amada como a “Terra Prometida”! Lendo à luz da Fé esta
experiência de libertação e caminho, começam a perceber Iahvé como Senhor
da história desde sempre. “Andando para trás”, vão chegar mesmo ao
princípio da história e começam a chamar a Iahvé não só o Deus Libertador
dos Egípcios, mas o Deus Criador de todas as coisas. A partir daqui, toda a
história pode ser lida à luz da Vontade e da Bondade de Deus, aquela
Vontade que dizia “Faça-se!”, e tudo se fazia, e aquela Bondade que olhava
para tudo o que acabara de fazer e exclamava: “Tudo é muito bom!” (Gen 1)
Ainda não existia o Universo, nem galáxias, nem astros no céu, nem a
terra com as suas coisas bonitas, e já existia uma Família de três Pessoas
perfeitas no Amor a sonhar-nos como membros dessa Família!
E a história começou…
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II
A MISSÃO HISTÓRICA
DO ESPÍRITO SANTO
1. Missão Personalizante
2. Missão Reveladora
3. Missão Divinizante
a) Acção de Encarnação
b) Acção de Assunção
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1. Missão Personalizante
princípio, como o “Papá babado” já sonha jogar à bola com o seu filhote
quando ainda lhe muda a fralda! Vai-lhe prometendo fantásticas tardes de
domingo e correrias junto ao mar e idas ao estádio ver os “derbys”. Mas o
bebé ainda não entende as palavras do Papá… Chegará a altura. O Papá
espera, enquanto o seu amor o prepara para que tudo o que sonha seja
possível…
2. Missão Reveladora
Deus porque o Espírito Santo encontrou nele estas condições, não por ser
melhor que nenhum outro (Dt 7, 7). Com efeito, “Deus não faz distinção de
pessoas nem se deixa comprar” (Dt 10, 17).
3. Missão Divinizante
O ser humano não está talhado para o cemitério, mas para a Vida
Eterna em Comunhão com Deus. O 6 está talhado a construir-se “à imagem e
semelhança” do 7 para nele ser assumido. A Vida Humana não tem fim, tem
plenitude! E a plenitude da Vida Humana é a Vida Divina.
O Espírito Santo é o vínculo de comunhão humano-divina pelo qual
somos membros da Família de Deus. Jesus de Nazaré, o Cristo, é o mediador
entre Deus e os Homens (1Tim 2, 5)
Para compreendermos melhor esta missão Divinizante do Espírito
Santo, vamos vê-la em duas acções complementares: acção de Encarnação e
acção de Assunção.
a) Acção de Encarnação
b) Acção de Assunção
Jesus disse também, falando com o Pai antes da sua morte: “Ó Pai,
como eu e Tu somos Um, que eles sejam Um em nós!” (Jo 17, 20-23). Já antes
tinha prometido aos seus: “Vou preparar-vos um lugar, para que vós vades
para onde eu vou: na Casa do meu Pai há muitas moradas…” (Jo 14, 1-4).
Na morte-ressurreição de Jesus, a sua interioridade pessoal fica liberta
das limitações espacio-temporais da história, e Jesus Ressuscitado entra em
comunhão com todos os que o precederam na vida e na morte. A morte faz
passar as pessoas para a face interior da Vida. A Boa Nova de Cristo não é a
imortalidade da interioridade humana, mas a Ressurreição dessa interioridade
em Deus, plenificada e divinizada! A interioridade humana, por ser espiritual,
é imortal desde o princípio.
Na face interior da Vida, o “património pessoal” torna-se “património
universal”: todos dão o melhor de si e todos recebem o melhor dos outros,
sem limitações de espaço e de tempo. Ao penetrar nesta Comunhão Universal
Humana, Jesus transfigura-a pela sua condição Humano-Divina. O
“património pessoal” de Jesus torna-se “património universal” e todos os que
eram Humanos renascem como Humano-Divinos nesse momento! Toda a
Humanidade que precedeu Jesus ressuscitou no momento da sua Ressurreição. A
“Hora da Glorificação” de Jesus, segundo a linguagem do evangelho de João,
foi a “Hora da Glorificação” de toda a Humanidade! (Jo 13, 1) Eis a realização
do Projecto de Deus, a “Plenitude dos Tempos” (Gal 4, 4-7)! A “sala do
banquete de Deus-Pai encheu-se” com uma multidão incontável de filhos (Mt
22, 10).
O Espírito Santo é o princípio divinizante desta Assunção, é o
animador da Festa da Comunhão de todos com Deus-Pai como filhos e com
Deus-Filho como irmãos. O ponto de encontro humano-divino que
possibilitou esta Assunção foi Jesus de Nazaré, o Cristo.
A partir da Ressurreição de Jesus, toda a Humanidade chegou à
“plenitude dos tempos”, ou seja, à etapa final da história em que o Espírito
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Jesus de Nazaré é o Dador do Espírito Santo, não porque Este seja uma
“coisa” que se dá, mas porque é através de Jesus que o Espírito se comunica e
difunde a toda a Humanidade da qual ele faz parte e com a qual faz uma
unidade. Assim, na morte-ressurreição de Jesus, o dom da filiação divina
tornou-se universal. Todos os que tiverem Coração aberto à comunhão com
os irmãos, acolhem o Espírito Santo no seu íntimo como princípio Divinizante
do que eles Humanizam.
O Espírito Santo é como que o “Sangue de Deus” a circular nas veias
espirituais da Humanidade. Por isso o Apóstolo Paulo chama a Jesus “o
Primogénito (primeiro!) de muitos irmãos” (Rom 8, 29). Outra imagem que
Paulo usa é a do Corpo: Jesus é a Cabeça e nós somos todos os seus membros.
O Espírito Santo é o Sangue deste Corpo que se chama “Cristo” (1Cor 12, 12-
13). O “Cristo Total” é Jesus em união com todos aqueles que vivem
animados pelo mesmo Espírito.
A Salvação que Deus sonhou para nós foi a Assunção da nossa Vida
na Sua Vida, a Divinização da nossa Humanização. A Nova e Eterna Aliança
inaugurada em Jesus, o Cristo, é uma Aliança de Comunhão Familiar: somo
filhos de Deus-Pai e irmãos de Deus-Filho na Consanguinidade do Espírito
Santo!
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III
ESPÍRITO SANTO
E VIDA CRISTÃ
que essa Liberdade se torne uma ocasião para os vossos apetites carnais (a
vontade contrário ao Espírito). Pelo contrário: pelo amor, fazei-vos servos uns
dos outros!” (Gal 5, 13)
Inspira-nos a Sabedoria,
ESPÍRITO SANTO,
o gosto de viver
daqueles que se deixam mergulhar por Ti na Familiaridade Divina,
para que a nossa oração aconteça
como um diálogo íntimo com as Pessoas Divinas que transfigura o nosso Coração,
e as nossas Celebrações da Fé
sejam expressões significativas do grande Dom da nossa Salvação…
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Quem não está disposto à mudança e aberto à novidade, não pode ser
fiel ao Espírito. O “Espírito Criador”, como tantas vezes as Comunidades
cristãs lhe chamam, é também o Espírito Recriador, Aquele que “faz novas
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todas as coisas!” (Ap 21, 5). Além disso, é também o Espírito da Criatividade,
o sempre novo e inovador que se manifesta presente naqueles que assumem a
ousadia de ser profetas dizendo de maneira nova o Projecto do nosso Deus,
tomando iniciativas e arriscando a novidade da Verdade em cada tempo,
lugar e situação.
A Igreja não existe para ser a “capelania do mundo”, mas para ser
“sal, luz e fermento”, testemunho na história do Sentido máximo da
existência que é a incorporação da Família Humana na Família Divina numa
Aliança eterna cujo mediador é Jesus! (1Tim 2, 5)
É altura de nos fartarmos de “pregadores de letra morta” (2Cor 3, 6),
Homens mais zelosos das suas próprias certezas do que da Palavra de Deus,
catequistas que só sabem ensinar as doutrinas que lhes ensinaram a eles e
moralismos que nem a eles próprios os ajudaram a ser felizes!
“Enquanto falava, Jesus exultou de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse:
«Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra,
porque escondeste estas coisas aos sábios e aos inteligentes
e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado.” (Lc 10, 21)
Amo-te a ponto de querer viver todos os meus dias sob o Teu impulso,
dominado pelos laços amorosos e libertadores da Tua acção.
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Oh,
Espírito de Amor e de Sabedoria
que modelou o Coração livre de todos os Profetas da história,
sonho ser teu inteiramente!
Amo-te tanto!!!