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ÍNDICE Clique em um assunto, se quiser ir direto para a página.

1. A pessoalidade do Espírito Santo.....................................03 7. O Batismo no Espírito Santo na visão Pentecostal...........19

2. A divindade do Espírito Santo...........................................06 8. Leituras pentecostais do recebimento do


Espírito em Atos...............................................................22
3. O Espírito Santo procede do Filho?
(A questão da Filioque)...................................................08 9. Visões Pentecostais sobre Línguas Estranhas.................25

4. O ministério do Espírito Santo no Antigo Testamento......10 10. Visões sobre o dom de profecia......................................28

5. O ministério do Espírito Santo no Novo Testamento........13 11. A plenitude e o enchimento do Espírito Santo................32

6. A blasfêmia contra o Espírito Santo..................................16

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1 - A PESSOALIDADE DO ESPÍRITO SANTO

O
termo pneuma (πνευμα), do grego, expressa a ideia de sopro ou respiração e de espírito. A palavra pneumo, na nossa
língua, é usada para expressar coisas que envolvem ar, como o nosso pulmão, por exemplo. Quando se pega pneumonia,
fala-se diretamente do pulmão. Ao falar do Espírito Santo (ES, doravante) no grego, a palavra é a mesma, porque o

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Espírito é conhecido como o sopro de Deus ou o Espírito do mas justamente com o ES. Ferreira e Myatt (2007, p. 676)
Senhor. A doutrina do ES é importante porque é por meio dele afirmam que
que Deus fala, age e se comunica conosco hoje, no período
do NT. Ele é a principal manifestação divina hoje, no período
da Igreja, porque é a partir do ES que Deus age e atua nas No Antigo Testamento, a revelação do Espírito de Deus como
nossas vidas agora. uma pessoa divina distinta não é tão clara quanto no Novo
Testamento. A ênfase do Antigo Testamento está na unidade
de Deus, realçando o monoteísmo, em contraste com o
Sabemos que, no AT, a glória de Deus foi muitas vezes politeísmo, que era normal nas culturas que circundavam o
manifestada por meio de nuvens que representavam a sua povo de Israel. Não obstante, o Espírito Santo está presente
glória, ou mesmo em teofanias: manifestações do próprio no Antigo Testamento fazendo sua obra distintiva na
Deus, de alguma forma, à vista das pessoas. Nos evangelhos, administração da criação e no plano da redenção.
Jesus aparece como a principal manifestação de Deus
naquele período. Porém, quando sobe aos céus, ele envia o
ES, que é a principal manifestação de Trindade para todos É por isso que o ES é entendido na teologia cristã como uma
nós (GRUDEM, 1999). pessoa divina. Não como uma força ativa, não como uma
energia, mas como uma pessoa como Cristo e o Deus-Pai.
O ES é descrito na Bíblia como possuidor de atributos que
Já falamos em módulos passados que o Pai, o Filho e o só seriam aplicáveis se ele fosse realmente uma pessoa.
ES não são a mesma pessoa se manifestando de formas Ele reprova o mundo (Jo 16.8); ele ensina (Jo 14.26; 16.13-
distintas ao longo da história, mas que eles coexistem em 15; 1 Jo 2.27); ele clama em nossos corações (Gl 4.6); ele
três pessoas e que, em cada período da história, cada um dos intercede (Rom 8.26); ele direciona (Gl 5.18; At 8.29; 10.19;
três se manifestou de forma principal. Se no AT o Deus-Pai, 13.2; 16.6-7; 20.23; Rom 8.14); ele regenera (Jo 3.6); ele é
YHWH, aparece mais, se no NT Cristo aparece e se manifesta chamado de “outro Consolador”, o que indica que é uma
fisicamente como Deus aqui, quando ele sobe, o outro pessoa como Cristo (Jo 14.16-17, 26; 16.7; cf. 1 Jo 2.1-2);
Consolador vem e atua presencialmente na vida da Igreja ele pode ser entristecido (Ef 4.30), resistido (1 Ts 5.19) e
no período atual. É claro que o Pai e o Filho se manifestam, blasfemado (Mt 12.31); podem mentir para ele (At 5.3) e

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desrespeitá-lo (Hb 10.29). Por isso que ele é Deus tanto
quanto o Deus-Pai e o Deus-Filho. Ele realiza as obras que
Deus realiza. Ele é apresentado como um objeto de fé tanto
quanto o Pai e o Filho. Ele é apresentado junto do Pai e do
Filho como o nome no qual somos batizados. O ES não é só
uma força, mas é o próprio Deus, uma pessoa divina que age
a favor da Igreja.

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2. A DIVINDADE DO ESPÍRITO SANTO

​​A
doutrina da divindade de Cristo só passa a ser
desenvolvida no NT, por mais que existam muitos
vislumbres dela no AT na figura do Messias Redentor,
como também a divindade do ES. É fato que o AT enfatiza
a unidade e a exclusividade da adoração a Deus frente à
adoração das religiões politeístas dos gentios. Porém, o ES
sempre aparece na administração e na providência do povo
de Israel. A palavra hebraica que é traduzida por espírito é
ruah. Essa palavra também pode ser traduzida como “sopro”
ou “vento”, como já vimos acerca do termo pneuma – vento,
sopro, espírito. A noção do ruah de Deus é o poder ativo
de Deus no mundo entre os homens na sua criação. Esse
Espírito seria invisível, mas evidente pelos seus resultados e
ação. A imagem é de poder e energia. Ou seja, o Espírito de
Deus deve ser entendido como o poder de Deus agindo no
seu povo. Como terceira pessoa da Trindade, o ES mostra
essa ação de Deus na vida daqueles que ele ama.

O termo espírito – ruah – também diz respeito ao espírito


dos homens, a força vital sem a qual as pessoas estão
mortas. De forma geral, o espírito no AT está relacionado
à vida e à sua manutenção e inclusive o próprio Espírito de

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Deus traz vida as indivíduos. Você pode lembrar da criação em nós. Isso evidencia que o ES é Deus.
do homem quando Deus sopra o espírito nas narinas de
Adão e Eva, dando a eles vida. O ES também atuava no Paulo reconhece que suas habilidades eram entregues a ele
AT capacitando os homens a fim de que eles cumprissem pelo ES, como uma pessoa que entregava dons. O autor de
certas atividades determinadas por Deus. No NT, vemos o ES Hebreus atribui ao ES atributos divinos (Hb 9.14). Uma vez
manifestado como uma divindade de forma muito mais clara que só Deus é eterno e o Espírito é tratado como alguém
do que no AT. Os vislumbres do AT nos ajudam a interpretar que é eterno, vemos o ES como alguém que é semelhante a
que o ES seria uma força divina, uma vez que ele é a força da Deus. Segundo Paulo (2 Tm 3.16), foi o ES que inspirou os
atuação de Deus e um ser pessoal que pairava sobre a face homens a escreverem as Escrituras. Em Isaías 6, o profeta
das águas, por exemplo, mas que capacita os homens para vê o próprio Deus. Já em João 12.37, quando o evangelista
certas atividades. Ele é a própria manifestação de Deus nas vai se referir a esse caso, diz que Isaías viu Jesus, fazendo
pessoas. uma equivalência entre o Deus-Pai e o próprio Cristo. Em
Atos 28.25, em referências ainda a Isaías 6, o que é dito é que
Já no NT, as coisas são ainda mais claras. A divindade do Isaías viu o Espírito de Deus. Portanto, o Filho, o ES e o Pai
ES pode ser encontrada no fato de que ele desce sobre o são tratados como a mesma divindade nas interpretações de
próprio Cristo no seu rito batismal (Mt 3. 13-17), como uma Isaías, além de todos os fatores de pessoalidade do ES que
manifestação de Deus sobre Jesus. Isso também pode ser evidenciam que ele é uma pessoa divina. Essas atuações do
reparado na fórmula batismal: em o nome do Pai, do Filho e ES com atividades, atributos e capacitações do próprio Deus
do ES (Mt 28.19). Esse “em o” faz referência à imersão em identificam o ES como divindade. Se o ES faz as coisas que
alguma coisa. É uma introdução. Somos então colocados Deus faz, isso evidencia o fato de que ele é Deus.
em um relacionamento com o Pai, o Filho e o ES, os três
como uma força só, como uma divindade só, com quem nos
comprometemos quando somos batizados. Em 1 Coríntios
12.4-6, lemos que o ES possui a mesma autoridade do Pai
e do Filho na distribuição de dons à igreja. Paulo refere-se à
nós como santuário de Deus quando diz que o ES habita em
nós (1 Co 6. 19). Porque o ES mora em nós, então Deus mora

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3. O ESPÍRITO SANTO PROCEDE DO FILHO?
(A QUESTÃO DA FILIOQUE)

O
credo niceno-constantinonapolitano afirma: “Cremos
no Espírito Santo, o Senhor, o Doador da vida, o que
procede do Pai e do Filho, o qual juntamente com o
Pai e o Filho é adorado e glorificado, o qual falou através dos
profetas”. A Bíblia nos informa que o Filho, assim como o
Pai, envia o Espírito Santo (ES, doravante) (Jo 15.26; 16.17).
Ele é o Espírito de Cristo a que Paulo se refere em Romanos
8.9, assim como é o Espírito que o levantou dos mortos (Rm
8.11). Ele é o Espírito do Filho (Gl. 4.6; Fp 1.19).

Já vimos que o ES é uma pessoa divina como o Filho e o


Pai. Ferreira e Myatt (2007, p. 687) afirmam que o “conceito
de processão, que não poderia ser mais misterioso, é uma
tentativa de entender a maneira com que o Espírito, como
aquele que foi enviado, é distinto das outras pessoas da
Trindade”.

Por proceder do Pai e do Filho, o ES possui uma estreita


relação possível (cf. 1 Co 2.10-11; 2 Co 3.17). Ele é o outro
Consolador que veio à Igreja para dar continuidade à obra

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de Deus. Ele não fala de si mesmo, mas falará apenas o que
ouvir e anunciará as coisas futuras (Jo 16.13).

Essa questão da procedência do ES ficou conhecida


como filioque e, durante o período medieval, causou uma
divisão entre a igreja ocidental e oriental. Ao passo que a
parte ocidental reconheceu a procedência do ES do Filho,
assim como do Pai, a parte oriental reconheceu somente
a procedência do Pai. Para a igreja oriental, o conceito de
governo único do Pai causaria a rejeição da doutrina filioque
porque o Pai seria a única fonte e a causa da divindade. As
igrejas orientais concordam que o ES procede do Pai por
meio do Filho, mas não que procede diretamente do Filho.
Por outro lado, as igrejas ocidentais defendem a doutrina
filioque. Em 589, essa doutrina foi acrescida no credo de
Constantinopla durante o Terceiro Concílio de Toledo e já
no século VIII era a posição que prevalecia por toda a igreja
ocidental.

Agostinho, durante a escolástica medieval, também afirmou


a doutrina filioque. Os Concílios de Latrão IV, em 1215, e de
Lion II, em 1274, também afirmaram a doutrina.

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4. O MINISTÉRIO DO ESPÍRITO SANTO NO
ANTIGO TESTAMENTO

​N
o Antigo Testamento, o Espírito Santo capacitava os
homens de Deus para trabalhos específicos: José foi
capacitado com habilidades de liderança e sabedoria
(Nm 27.18; Dt 34.9); Bezalel foi capacitado pelo Espírito
para construção do tabernáculo (Êx 31.3-5); Otoniel, Gideão,
Jefté e Sansão foram capacitados pelo Espírito na época
dos Juízes para libertar o povo dos povos que dominavam
Israel (Jz 3.10; 6.34; 11.29; 13.25; 14.6, 19; 15.14); Saul foi
capacitado para vencer uma batalha (1 Sm 11) pelo Espírito,
que se retirou dele, impedindo que ele reinasse (1 Sm 16.14),
e que se apossou de Davi quando ele foi ungido como rei (1
Sm 16.13). Os profetas falavam pelo poder do Espírito (Ez
2.2; Mq 3.8; Zc 7.12) e o profeta Isaías predisse que o Espírito
ungiria o Messias (Is 11.2-3; 61.1 cf. Lc 4.18).

Isso significa que o ministério do ES no AT estava


relacionado principalmente com a preparação para um
trabalho específico no Reino de Deus. O ES não tinha uma
função fundamentalmente salvífica, mas ministerial. Os
homens não recebiam o ES simplesmente porque foram

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salvos, mas o recebiam para que fizessem coisas para Deus, ainda não havia sido dado (Jo 7.39), uma vez que Jesus
de forma que o ES os deixava quando eles não eram mais ainda não havia sido glorificado, isso não implica que o ES
aprovados para o ministério designado. As orações, no AT, não tinha nenhuma atividade no AT. Essas passagens só
pedindo que Deus não retirasse de um homem o seu espírito ressaltam que essa obra agora é diferente, mais central, mais
estão relacionadas à oração que solicita que Deus não retire poderosa, mais duradoura e seu ministério atua diferente nos
dele certos ministérios e atuações. Quando Davi ora para santos do NT. O ES ainda não tinha chegado a eles da forma
que o ES não seja retirado dele, ele ora para que não deixe de como fora prometido para a Nova Aliança, principalmente
ser rei de Israel. Quando o ES deixa certos homens, ele está no livro do profeta Ezequiel (Ez 36.26, 27; 37.14). Nem o
deixando a aprovação e a capacitação de Deus para certas ES havia sido derramado de forma plena e em abundância,
atividades. Quando o ES toma conta de alguém, geralmente é como é apontado por Joel (J1 2.28-29). Nesse sentido da
para fazer alguma coisa para Deus. Nova Aliança, o ES ainda não estava trabalhando dentro do
coração dos indivíduos, mas existia, sim, um trabalho no
Isso não significa que não existia nenhuma obra do ES dentro coração nos crentes do AT, ainda que não com a mesma
das pessoas no AT. João 14.17 é um texto muito interessante intensidade, força e poder que se deu no NT. Não devemos
que aborda essa relação entre testamentos no minstério do concluir como lembram Franklin Ferreira e Alan Myatt (2007,
ES. “Ele habita convosco e estará em vós”. Fala primeiro que p. 678):
o ES já habita naquelas pessoas, mas que agora ele estará
naquelas pessoas. Exitem textos bíblicos que fazem uma Não devemos, porém, concluir que a ação do Espírito,
descrição do ES habitando de alguma forma as pessoas no na antiga aliança, é igual à sua ação na nova aliança. O
AT, ainda que essa não seja a principal linguagem acerca no batismo do Espírito Santo é um fenômeno inédito na antiga
ministério do ES. Josué é descrito como homem que tem o aliança, e a ação interior do Espírito é um dos elementos de
Espírito (Nm 27.18; Dt 34.9), assim como Ezequiel (Ez 2.2; descontinuidade entre ambas as alianças.
3.24), Daniel (Dn 4.8-9, 18; 5.11) e Miquéias (Mq 3.8). Isso
significa que, quando Jesus afirma que ES que já os habita Na nova aliança, a Lei é escrita no nosso coração e nosso
estaria neles, não existe uma ruptura radical daquilo que o coração de pedra é transformado por um coração de carne.
ES fazia antes e faz agora, por mais que haja diferenças. Isso É por isso que o testemunho do AT sempre menciona um
também siginifica que, quando João conta que o Espírito tempo vindouro, no qual a atuação do ES sempre seria mais

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profunda e duradoura, em que o ministério do ES seria mais eu, o Senhor, falei, e o fiz seus companheiros, palavra do
completo. Senhor" (Ezequiel 37.14).

Isso está relacionado, em parte, à vinda do Messias, que o O próprio AT confirma que havia uma atuação do ES na
ES habitaria e sobre o qual agiria de formas extraordinárias, antiga aliança, mas que essa atuação era inferior à que viria.
como escreveu o profeta Isaías. Joel lembra que esse ES Uma dessas promessas era o derramamento do ES sobre
chegaria a todos os povos, nações, carne, porque agora o ES todos, além do retorno à terra, a restauração das bênçãos
não estava restrito à atuação de Deus em operar ministérios sobre a terra da promessa, pleno perdão dos pecados e união
no povo de Israel. Ele está como um selo da aliança, um selo dos reinos de Israel e Judá.
da promessa da salvação no coração de qualquer povo que
tenha Jesus como seu Senhor e Salvador. Como já falamos, a principal atuação do ES no AT era a
capacitação. Isso também não implica dizer que havia perda
Sobre a plenitude do Espírito, Jeremias e Ezequiel de salvação no AT pelo fato de o ES não ter sido dado como
profetizaram: selo. A sua atuação ainda é interna porque todos os crentes
são salvos pela fé e pela atuação do ES.
Esta é a aliança que farei com a comunidade de Israel depois
daqueles dias", declara o Senhor: "Porei a minha lei no íntimo Franklin Ferreira e Alan Myatt afirmam (2007, p. 680) que:
deles e a escreverei nos seus corações. Serei o Deus deles,
e eles serão o meu povo. Ninguém mais ensinará ao seu Na antiga aliança, a obra do Espírito foi mais limitada, porque
próximo nem ao seu irmão, dizendo: ‘Conheça ao Senhor’, a sua pessoa não estava plenamente revelada. No Novo
porque todos eles me conhecerão, desde o menor até o Testamento, o Espírito será revelado como o Consolador, que
maior", diz o Senhor. "Porque eu lhes perdoarei a maldade e levará a cabo a obra inédita de chamar um povo para Deus
não me lembrarei mais dos seus pecados (Jeremias 31.33- em meio a todas as nações, tribos e povos.
34).

“Porei o meu Espírito em vocês, e vocês viverão, e eu os


estabelecerei em sua própria terra. Então vocês saberão que

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5.O MINISTÉRIO DO ESPÍRITO
SANTO NO NOVO TESTAMENTO

​​D
urante o ministério de Jesus, a obra do Espírito Santo
foi intensa. O próprio Espírito foi quem o gerou (Mt
1.18, 20). O Espírito capacitaria todo o seu ministério
(Lc 1.35) e veio sobre o seu batismo (Mt 3.16; Mc 1.10; Lc
3.22; Jo 1.32). Jesus estava na plenitude do Espírito (Lc 4.1).
Foi o Espírito que o levou ao deserto para ser tentado (Mt 4.1;
Lc 4.1-2). Por outro lado, era pelo poder do Espírito também
que ele voltou para Galileia (Lc 4.14). Era também pelo
Espírito Santo que ele expulsava demônios (Mt 12.28). Jesus
disse que precisava ir ao Pai para que o outro Consolador,
o Espírito, viesse sobre os discípulos (Jo 14.16-17), o que
viria a ocorrer no Pentecoste. O Espírito foi atuante durante
o ministério de Jesus e esse mesmo Espírito desce sobre
a Igreja em Atos 2, de acordo com a promessa do próprio
Cristo.

No Pentecoste (At 2), o Espírito é derramado como


cumprimento da profecia de Joel 2.28-29 para o
florescimento dos dons, fruto e vida do Espírito Santo na
igreja. O Espírito passa a habitar dentro do corpo do crente.

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Agora, o ES tabernacula no crente. Somos como que seu coração. Essa é uma resposta às obras da carne que são
tabernáculo. Assim, o Espírito aplica os benefícios da “a imoralidade sexual, impureza, libertinagem, idolatria e
salvação aos eleitos. Ele justifica, santifica, edifica a igreja e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissenções,
cumpre o plano de Deus na história. Ele é quem foi dado para facções e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes”
convencer o mundo do pecado, justiça e juízo (Jo 16.8-11). É (v. 19-20). Grudem (1999, p. 539) acrescenta:
ele quem converte e salva o homem. Quando Pedro confessa
que Cristo é Filho do Deus vivo (Mt 16.16), Jesus admite Outros elementos da atmosfera que o Espírito Santo pode
que isso foi dado a ele pelo Pai. Foi o Pai que revelou a transmitir são verdade (Jo 14.17; 15.26; 16.13; I Jo 5.7),
identidade do Cristo a um de seus filhos. Hoje, o Pai o faz por sabedoria (Dt 34.9; Is 11.2), conforto (At 9.31), liberdade (2
intermédio do ES, o instrumento para convencer os homens Co 3.17), justiça (Rm 14.17), esperança (Rm 15.13; cf. G15.5),
de quem Jesus é. Ele vem justamente para tirar os homens consciência de filiação ou adoção (Rm 8.15-16; G1 4.5-6) e
de sua situação de morte e trazê-los a uma situação de vida, até glória (2Co 3.8). O Espírito Santo traz também unidade
convencendo os homens do pecado. Ele transforma corações (Ef 4.3) e poder (At 1.18; I Co 2.4; 2Tm 1.7; cf. At 1.8). Todos
e traz salvação aos necessitados. esses elementos da atividade do Espírito Santo indicam os
vários aspectos de uma atmosfera em que ele dá às pessoas
Na vida do crente, é o Espírito quem regenera (Jo 3.3, 5-6). a consciência de sua presença — e, desse modo, do seu
Assim como no AT, ele é quem capacita o cristão a fazer caráter.
as obras (Jo 14.12), só que dessa vez ele também habita o
crente. Ele é quem nos permite clamar “Aba, Pai” (Rom 8.15). Quando vemos o fruto do ES, vemos a atuação do próprio
Por meio dele não vivemos mais segundo a carne (Rm 8.4), Deus. Quando faltam essas características da atuação do ES,
porque ele habita em nós (v.9, 11) e testifica que estamos entendemos que Deus não está operando naquele lugar.
verdadeiramente em Cristo (v.15-17). No Espírito, o crente Paulo relata que o Espírito confere dons à igreja para
frutifica e o seu fruto é “o amor, alegria, paz, paciência, edificação mútua. Existem 3 listas feitas por Paulo (Rom
benignidade, bondade, fidelidade, amabilidade, domínio 12.6-8; 1 Co 12.4-11; Efésios 4.11). Eles não são para o auto-
próprio” (Gl 5.22-23). Não são “frutos” do Espírito, mas engradecimento, mas para o serviço mútuo. Assim como
“fruto”, no singular. Não são coisas que se escolhe, mas não existe um crente que tenha todos os dons (1 Co 12.8-
aquilo que recebemos do ES quando ele habita no nosso 10, 29-30), não existe um crente que não possua nenhum (1

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Co 12.6-7). É curioso perceber que essas listas mencionam
dons diferentes, portanto podemos supor que não sejam
listas exaustivas.

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6. A BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO
SANTO

​​A
blasfêmia contra o Espírito Santo (ES, doravante) é um tema que pode causar muitas dúvidas porque as pessoas
possuem visões muito distintas do que seria esse pecado. Lermos variados teólogos, perceberemos que cada um deles
terá uma posição muito diferente. Vários teólogos, ao ler a passagem de Mt 12.30-32, podem chegar a pensar que a
blasfêmia se trata de um pecado específico, um ato, que, uma vez cometido, resulta na impossibilidade de perdão para sempre.
Pessoas podem, por exemplo, achar que um determinado pensamento pecaminoso seja a blasfêmia contra o ES. Mas será que é

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isso que o texto quer dizer?

Existem 3 formas de interpretação utilizadas por alguns A segunda forma por meio da qual teólogos têm interpretado
teólogos para essa passagem. A primeira é a que define a esse pecado é relacionar a blasfêmia à incredulidade. Ou
blasfêmia contra o ES como atribuir ao diabo uma obra do seja, os fariseus eram incrédulos quanto à ação do ES,
ES. Os fariseus tinham visto Jesus curar um endemoniado justamente porque não acreditavam que Cristo estava
e o acusaram de agir por meio de Belzebu para expulsar realmente realizando milagres e expulsando demônios. Logo,
demônios (Mt 12.24). Jesus então argumenta que essa se a pessoa é incrédula daquele que traz o arrependimento,
afirmação não faz sentido, porque, se assim fosse, Satanás ela nunca poderá ser salva. Se ela está incrédula acerca da
estaria contra Satanás, já que uma casa dividida contra si pessoa do ES, então a incredulidade a levaria à condenação.
mesma não pode sobreviver. Como Satanás poderia expulsar Essa visão tem como base o que Jesus diz: “todos os
os seus? Que reino das trevas é esse que está contra ele pecados dos homens serão perdoados, mas a blasfêmia
mesmo? O esperado é que Satanás deixasse o demônio contra o ES não”. Ora, não serão todos os pecados que
continuar agindo contra a vida daquela pessoa e não o serão perdoados. Os pecados perdoados são aqueles
impedir de agir. Então, Jesus conclui com uma menção pelos quais alguém se arrepende. O homem incrédulo, sem
acerca da blasfêmia contra o ES: “falar algo contra o ES” arrependimento, não tem seus pecados perdoados. Essa
(v.32). Os fariseus, ao se depararem com uma obra que era seria, portando, a blasfêmia contra o ES. Todos os pecados
do Espírito (expulsar demônios), declaram: “é de Satanás”. são perdoados, exceto a ncredulidade na obra de Jesus. A
Isso seria a blasfêmia contra o ES. Por extensão, o contrário blasfêmia contra o ES seria esta: a incredulidade na obra que
também seria considerado blasfêmia: tomar uma obra de o ES quer realizar naqueles que precisam se arrepender. Ao
Satanás e atribuí-la ao ES. Todavia, alguns argumentam que não crer naquele que é o perdoador de pecados, os homens
essa blasfêmia contra o ES não seria imperdoável quando há seriam imperdoáveis e sujeitos à condenação.
arrependimento. Enquanto uma pessoa está nesse pecado,
ela não seria perdoada. A questão é que ela necessitaria
de arrependimento e, se ela o fizer, será perdoada do Uma terceira posição, não tanto conhecida, é a de que Jesus
pecado. Seria permanecer nessa blasfêmia que seria, então, usa uma hipérbole para mostrar que o ES também é Deus.
imperdoável. O ES ainda não havia sido derramado sobre as pessoas e

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Jesus já estaria antevendo esse fato ao colocar uma ofensa
contra ES como mais grave do que uma ofensa contra o
Filho. Sendo o Filho uma pessoa divina, o ES seria tão divino
quanto o Filho. Essa é uma visão não tão famosa e nem tão
aceita na academia.

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7. O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO NA
VISÃO PENTECOSTAL

A
visão pentecostal das Escrituras certamente sofre
muitos ataques. Muitos deles são indevidos porque
provêm de uma má compreensão ou de uma
perspectiva estereotipada acerca do que a visão representa.
Por isso, é importante entender algumas de suas doutrinas
para que uma avaliação correta seja feita. Uma coisa muito
importante que precisamos aprender acerca da visão
pentecostal é o seu entendimento acerca do batismo no ES.

Antes de discutirmos o que é o batismo no ES, é melhor


avaliarmos passagens de promessas e relacionadas a esse
assunto. A teologia pentecostal entende duas passagens, em
especial, como muito importantes para o desenvolvimento
dessa doutrina: Ezequiel 36.25-27 e Joel 2.28-29. A
passagem de Ezequiel fala de uma limpeza espiritual de
todas as imundícias por meio de uma água pura. Nela
vemos que o Senhor dará um coração novo ao seu povo, um
coração de carne, e colocará nele um novo espírito. Essa
concessão do Espírito Santo fará o povo de Deus andar nos
seus estatutos e guardar os seus juízos. Essa promessa está

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relacionada ao conceito de regeneração no NT. Jesus ecoa sujeito fonte da promessa; Promessa do Espírito (2.33, 39),
a necessidade de “nascer da água e do Espírito” (Jo 3.5). na qual o Espírito é a promessa; Dom do Espírito (2.38; 10.45;
Essa regeneração proporcionada pelo ES transforma o estilo 11.17), na qual o Espírito é o dom; Dom de Deus (8.20): Deus
de vida da pessoa. Ou seja, não existe crente sem o ES. Ele como a fonte do dom; Recebendo o Espírito (8.15-20; 10.47;
habita nos crentes (Rm 8.9-14-16; 1 Co 6.19). 19.2), na qual a interpretação depende do contexto no qual
está inserido e do autor que a utilizou; Cheio do Espírito (2.4;
A profecia de Joel não fala de uma limpeza causada pelo 9.17); Batizado no Espírito Santo pode ser levado em conta
ES, mas de seu derramamento sobre toda carne. Como se acrescentarmos os Evangelhos (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16;
consequência disso, as pessoas profetizarão, terão sonhos Jo 1.33) e é o equivalente verbal da expressão substantival
e visões. Os resultados das duas profecias são diferentes. “batismo no Espírito Santo”, que não ocorre no NT.
A profecia de Ezequiel resulta em conversão, ao passo que Isso nos mostra, por várias perspectivas, o que está
a de Joel em profecias e certos dons. Isso não significa que acontecendo. O evento não pode ser descrito por meio de um
haveria duas vindas do ES, mas que devemos entender que a só termo, mas por meio de vários.
sua vinda implica dois aspectos diferentes.
É preciso analisar se o NT diferencia ser batizado no ES e
No NT, cada aspecto tem suas passagens relacionadas. ser batizado pelo ES. A Bíblia menciona batismo pelo ES
Há passagens que dizem respeito a ser batizado pelo ES, (1 Co 12.13), o qual incorpora a pessoa ao corpo de Cristo,
implicando uma incorporação (Jo 3.3-6; 14.17; Tt 3.5; 1 Co e batismo no ES (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.33; At 1.5;
6.19) e passagens que falam acerca de ser batizado no ES, 11.16), aquele que dá poder à pessoa. Esta última referência
implicando uma concessão de poder (Lc 24.29; At 1.8; 2.4). é a mais comum na experiência pentecostal. A preposição
O livro de Atos utiliza várias expressões para se referir “em” como tradução preferível reflete a ideia de que a pessoa
ao derramamento do ES. Lucas usa batizados no Espírito está imersa. Já a situação de ser batizado pelo ES deve ser
(1.5; 11.16) e aponta para o Espírito vindo, descendo sobre discutida. Em 1 Coríntios 12.13, apesar de a preposição
(1.8; 8.16; 10.44; 19.6), indicando uma imagem espacial grega no texto ser a en, o tradutor optou por traduzir como
com movimento. Lucas aborda o Espírito derramado (2.17- “pelo”. Isso acontece por causa do contexto, que influencia
18; 10.45), mesma terminologia usada em Joel 2.28-29 e as traduções. Como todo o capítulo está falando sobre a
Zacarias 12.10. Promessa do Pai (1.4), na qual “do Pai” é atividade do ES, a tradução “pelo” faz mais sentido. Ainda

20
assim, há outras opções de tradução apresentadas: obra subsequente do ES.

• Batizado pelo Espírito no corpo (visão da maioria dos • Ambas as frases dizem respeito a uma obra do ES que
pentecostais e de muitos não pentecostais) acontece em seguida à conversão.

• Batizado pelo Espírito para (propósito de) o corpo

• Batizado em (esfera de) o Espírito no corpo

• Batizado em (esfera de) o Espírito para o corpo

• Batizado (de forma carismática) no Espírito para


(propósito de) o corpo

Essa questão continua a ser debatida. Assim, as duas frases


de 1 Coríntios 12.13 podem significar as seguintes coisas:

• A primeira frase refere-se ao batismo nas águas e a


segunda, à Ceia do Senhor.

• Ambas as frases se referem à conversão e expressam o


mesmo pensamento de duas formas distintas.

• As frases referem-se à conversão, mas não ao batismo de


João Batista.

• A primeira frase refere-se à conversão e a segunda a uma

21
8. LEITURAS PENTECOSTAIS DO
RECEBIMENTO DO ESPÍRITO EM ATOS

É
preciso avaliar o que a teologia pentecostal tem a dizer
sobre uma experiência posterior à conversão na qual
haja evidências carismáticas. Para isso, analisaremos
as passagens de Atos por ser o livro que melhor registra a
história da Igreja Primitiva.

Dia de Pentecostes (At 2.1-4)

O que ocorreu nesse dia foi predito pelo profeta Joel (Jl 2.28-
29). Foi algo sem precedentes e sem repetição. Esse evento
ressalta a história de Deus na salvação. Ele também funciona
como paradigma para os posteriores eventos do derramar
do ES em Atos. Assim como a morte de Jesus coincidiu
com Páscoa, o Pentecostes coincidiu com a festa das
colheitas. Isso nos mostra como esses eventos de salvação
coincidiram com as festas dos judeus, de forma que o evento
de Pentecostes adquire um significado tipológico. Não é que
as pessoas só foram regeneradas naquele momento, mas
o evento de Pentecostes trouxe uma benção subsequente,
benção que também estaria disponível a todos os crentes
hoje.

22
Pentecostes samaritano (At 8.14-20) mãos, em nenhum lugar na Bíblia, implica salvação e o termo
“ser cheio do Espírito Santo” não é sinônimo para salvação.
Essa passagem mostra que Pedro e João oraram pelos Entre a conversão na estrada e o momento em que ele ficou
samaritanos, para que eles recebessem o ES depois de Filipe cheio do ES, houve um período de três dias. Esses fatores
ter pregado em Samaria. A teologia pentecostal acredita parecem indicar coisas diferentes.
que, enquanto Paulo usa o termo “receber o ES” como uma
experiência de salvação, Lucas utiliza-o como experiência Cornélio e sua casa (At 10.44-48)
carismática. Entretanto, Lucas não nega a obra do ES na
regeneração. Ele apenas não faz esse destaque. Assim, Cornélio era um homem que tinha abraçado o judaísmo
conclui-se que a mensagem de Filipe aos samaritanos foi ao ponto de temer a Deus. Ele veio a se converter depois
clara (At 8.5, 12), que seu ministério foi atestado pelos sinais da pregação de Pedro e, simultaneamente a isso, o ES foi
que fazia (v.6). Os samaritanos que creram foram batizados. derramado de forma especial sobre ele. A terminologia que
Filipe não os teria batizado se não tivessem passado por Lucas usou para descrever o acontecido não é utilizada
uma conversão genuína. O termo “receber a Palavra” (v.14) para descrever a experiência de salvação (10.44-45), mas é
é sinônimo de ser convertido (At 2.41; 11.1; 17.11-12). O intercambiável com “ser cheio do ES” (2.4; 9.17) e “receber o
endosso da liderança de Jerusalém foi necessário por causa Espírito” (8.15, 17, 19).
da rixa que havia com os samaritanos. As Escrituras não
ensinam que salvação vem pela imposição de mãos, mas que Homens de Éfeso (At 19.1-7)
isso seria uma experiência posterior à salvação.
O termo “discípulos”, que aparece na passagem, ocorre 30
Saulo de Tarso (At 9.17) vezes ao longo do livro de Atos e somente uma vez não se
refere ao fato de que os discípulos são de Jesus, mas de
Segundo a teologia pentecostal, seria difícil que esse Paulo (9.25). Várias conclusões podem ser tiradas acerca
momento em Damasco simbolizasse sua conversão, a da natureza desses discípulos, mas Anthony D. Palma
qual teria ocorrido na estrada para Damasco. Ananias não aponta que é mais provável que sejam cristãos de fato que
chamou Paulo ao arrependimento, mas apenas impôs suas precisassem de mais instruções. Ele também aponta que a
mãos e ordenou que ele fosse cheio do ES. A imposição de construção gramatical dos verbos “recebestes” e “crestes”

23
denota que os homens foram batizados no nome de Jesus
depois que escutaram (v.5) e o ES veio sobre eles depois que
Paulo lhes impôs as mãos (v.6)

Conclusão

Por meio desses acontecimentos é possível perceber que


Lucas não nega que o ES esteja ligado à conversão – isso
seria mais enfatizado em Paulo. Porém, não limita que a ação
do ES à conversão, mostrando também que ele concede uma
benção posterior à conversão, que em alguns dos casos está
associada à imposição de mãos.

24
9. VISÕES PENTECOSTAIS SOBRE
LÍNGUAS ESTRANHAS

​O
fenômeno das línguas estranhas (glossolalia) é
bastante vinculado ao meio evangélico e à renovação
carismática da Igreja Católica Apostólica Romana.
Muitas igrejas apegam-se fortemente a esse dom ao ponto
de afirmarem que quem não “fala em línguas” não recebeu
o Espírito Santo (ES, doravante) ou necessita receber uma
espécie de segunda benção para testificar, por meio do falar
em línguas. Esse dom de línguas representa, em muitas
comunidades, um tipo de selo do ES. Por outro lado, igrejas
que não concordam com essa posição costumam levantar
estereótipos supondo que todas as comunidades que creem
no falar em línguas também classificassem crentes em
nível A ou B, associando todos aqueles que acreditam na
atualidade do dom de línguas ou que acreditam que o dom
de línguas não diz respeito apenas a idiomas humanos, mas
também a linguagens mais espirituais dentro do mesmo
balaio, classificando todos como neopentecostais, como se
pentecostais e não pentecostais que acreditam no dom de
línguas com alguma base bíblica não existissem.

É inegável a manifestação de línguas estranhas ao longo

25
do livro de Atos. Isso aconteceu no Pentecostes (2.4), estavam presentes nessas circunstâncias. Uma determinada
antes de Pedro falar à multidão (2.14-36). Aconteceu em visão conclui que Pedro não faz nenhuma distinção do que
Cesária quando Pedro pregou aos gentios (10.45-46). foi falado em Jerusalém do que foi falado em Cesareia.
Aconteceu quando Paulo impôs mãos sobre os efésios Portanto, distinguir as línguas faladas em Jerusalém como
(19.6). Claramente, nessas passagens, houve manifestação idiomas humanos e em Cesareia como angelicais não faria
de línguas estranhas. Alguns ainda inferem que, no caso de muito sentido e não condiz com o relato bíblico.
Samaria (8.17-19), também houve manifestação de línguas
estranhas. Em três das narrativas citadas, todas as pessoas Uma segunda visão postula que todos os casos de
estavam cheias do ES e falaram em línguas. Por isso, glossolalia eram expressões emocionais, ou seja, não
muitos concluem, incluindo boa parte dos pentecostais, que cognitivas. Aqueles que esperavam o ES ficaram tão
falar em línguas estranhas era a principal evidência desse empolgados com sua vinda que ficaram frenéticos e
recebimento do batismo no ES. puramente emotivos. Porém, essa visão não se sustenta,
tendo em vista que os demais puderam ouvir sua própria
Rodman Williams (2011, p. 539), na sua Teologia Sistemática língua, cada um em seu idioma (2.6, 11). Portanto, seu
Pentecostal, argumenta que conteúdo era inteligível. E uma terceira posição afirma
que as línguas faladas eram línguas outras, no sentido de
o falar em línguas era o mesmo fenômeno em todos os casos serem idiomas existentes, mas estranhos aos que falaram,
registrados. Foi inclusive ‘o mesmo dom’ do Espírito Santo já que não os conheciam. Para Williams (2011, p. 541), a
tanto em Cesaréia quanto em Jerusalém, por isso o falar em ideia de uma língua estranha extática significa uma “êxtase
línguas deveria ter sido igualmente o mesmo fenômeno em não no sentido do irracional, mas do suprarracional”. Isso
Jerusalém, Cesaréia e em outros lugares. significa que havia um conteúdo inteligível nas línguas, mas
Ele define essas ocorrências como glossolalia, considerando- que poderia ser interpretado como embriaguez. Para ele,
as estranhas no sentido de serem “diferentes dos idiomas “as línguas faladas não eram como qualquer outra língua
que os participantes ordinariamente falavam” (p. 539). humana, mas a própria autoexpressão do Espírito Santo” (p.
541).
O ES era a fonte, aquilo que capacitava as pessoas a falarem.
Mais propriamente dito, quem falou foram as pessoas que Assim, Williams responde que, simultaneamente ao falar

26
em outras línguas, houve a tradução para as línguas Esse louvor seria um que é transcendente e que vai além das
correspondentes das outras pessoas presentes, o que seria o capacidades humanas normais, porque algo terreno jamais
fenômeno da interpretação de línguas (1 Co 12.10, 30; 14. 5, poderia captar as dimensões espirituais de Deus. Apenas
13). Dessa forma, a língua pneumática falada pelos homens o próprio Deus-ES poderia proferir palavras de tamanha
era traduzida pelo ES para que outros entendessem. magnitude que louvassem a Deus em excelência.

Resumindo, (1) é o ES que provê a linguagem para além A importância de falar em línguas seria essa comunicação
das capacidades humanas, mas é o homem que fala; (2) O com Deus. O anseio de todo cristão deve ser estar tão
conteúdo da linguagem é inteligível, não algo irracional ou conectado com Deus a ponta de louvá-lo engrandecendo-o
absurdo; (3) é algo novo e peculiar, porque a descida do ES pelo que ele é. O ES, então, capacitaria para que os crentes
veio acompanhada de um novo sinal. falassem línguas para que isso ocorra.

Quanto ao conteúdo falado, era o louvor a Deus. Atos informa


que ouviram falar as maravilhas de Deus (2.11). Williams
entende que o falar em línguas não tinha a finalidade de
comunicar o evangelho, porque logo depois da manifestação
Pedro o pregou a todos (At 2.14). Por isso, não se trata de
línguas missionárias, mas línguas de louvor a Deus por suas
obras maravilhosas. Ele também entende que Paulo chama
os crentes em Éfeso para fazerem o mesmo (5.18) quando
escreve sobre se encher do ES e falar entre si com salmos,
hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor.
O louvor flui de um coração cheio do ES. Em Cesareia, isso
parece ter ocorrido (At 10.46) quando se menciona “falando
em línguas e exaltando a Deus”. Isso, portanto, estaria em
conformidade com o Pentecostes.

27
10. VISÕES SOBRE O DOM DE PROFECIA

​G
eralmente, ao pensar-se na figura de um profeta, imagina-se uma pessoa na igreja revelando detalhes inescrupulosos
sobre a vida de alguém ou prevendo algum acontecimento do futuro. A profecia no AT, contudo, não era necessariamente
isso. O profeta tinha algumas funções manifestas no seu ministério veterotestamentário. Ele era um aplicador da Lei, um
vidente e um comunicador direto da Palavra de Deus. Primeiramente, o profeta era alguém que aplicava a Lei. Ele observava as
verdades descritas na Lei de Israel e aplicava ao povo – isso é fundamentalmente o ministério de um pregador.

28
O profeta também era alguém que trazia uma mensagem de tinham um poder sobrenatural de profetizar na hora que
Deus. Ele não estava necessariamente revelando o futuro, bem entendessem. Eles profetizavam aquilo que Deus os
mas trazendo aquilo que Deus queria revelar ao povo. Fosse dizia. Dessa forma, ir contra o que profeta dizia era ir contra
uma mensagem de juízo, de graça ou de misericórdia. o Senhor. Deus falava indubitavelmente por meio deles, de
Deus falava com seu povo através do ministério do profeta. forma que, se o profeta trouxesse uma profecia errada, ele
O profeta também era um vidente. Ele descrevia algo do deveria ser morto e tirado do povo de Israel porque uma
futuro. Deus o revelava alguma informação acerca daquilo única profecia falsa representava alguém que estava contra
que viria. Os falsos profetas, por outro lado, eram pessoas a vontade de Deus. Em várias passagens, podemos observar
que aplicavam mal a Lei, trazendo falsas mensagens de esse compromisso de não dizer nada além do que o Senhor
Deus, e que faziam, sobre o futuro, previsões mentirosas e ordenava que fosse falado (Êx 4.12; Nm 22.38; Dt 18.18; Jr
impressões do coração, nada que veio da mão e do coração 1.9; Ez 2.7).
de Deus. O ofício profético foi muito importante para o povo
de Israel, de modo que, quando Jesus encarna, ele vem Assim, o povo do AT ouvia o próprio Deus quando ouvia
justamente cumprindo também o ofício de profeta. Ele falava o profeta e era punido se o desobedecesse. O que esses
da parte de Deus ao seu povo. profetas falaram é fundamentalmente o que está escrito na
Bíblia.
Dito isso, podemos estabelecer que o profeta no AT era
fundamentalmente um mensageiro do Senhor. É dessa No NT, há a figura dos apóstolos, como aqueles que
forma que o profeta Ageu se define (Ag 1.13). Podemos seguem o ofício profético do AT. O NT menciona profetas,
ver também que o Senhor enviou o profeta Natã com uma mas equipara profetas e apóstolos quando elenca os
mensagem (2 Sm 11.25). Vemos que a Isaías foi dada uma fundamentos da igreja. Além disso, o modo como os
mensagem para o rei Ezequias (2 Rs 20.1-11). Jeremias é apóstolos eram reconhecidos no NT era muito próximo
descrito como o verdadeiro enviado do Senhor (Jr 28.9). do modo como os profetas eram reconhecidos no AT. Os
Por outro lado, profetizavam mentiras os falsos profetas, apóstolos eram esses novos mensageiros de Deus, os quais
sobre quem o Senhor diz que não os enviou (Jr 29.9). Diante falavam especificamente acerca dos mistérios de Cristo.
disso, percebe-se que os profetas não tinham autoridade O autor de Hebreus (Hb 1.1) nos lembra que Deus falou
em si mesmos, que não falavam o que queriam e nem através dos profetas no AT e agora fala através do Filho.

29
Porém, mais na frente (Hb 3.1), ele faz uma ligação entre “Portanto, sirvamos a ele com todo temor e respeito, como
os profetas do AT e Jesus como um apóstolo que traz ele mesmo nos ordenou e também os apóstolos que nos
esse ensino em algum nível de comparação com os anunciaram o evangelho e os profetas que prenunciaram a
profetas. Assim como Cristo, os apóstolos são colocados vinda do nosso Senhor”. Então, profetas e apóstolos estão
como correspondentes dos profetas. Pedro (2 Pe 3.2) cria unidos como se fizessem um só ofício, segundo os pais da
um paralelo entre os profetas e os apóstolos. Lucas (Lc Igreja.
11.49) fala que profetas, num contexto do AT, e apóstolos
foram enviados ao povo, estabelecendo assim uma Se os apóstolos eram equivalentes aos profetas, por que
comparação entre ambos. Paulo mesmo afirma que a Igreja não utilizar o mesmo termo? Por que não os chamamos de
é fundamentada na doutrina e nos ensinos dos profetas profeta? Os motivos podem ser os mais variados. Um deles
e dos apóstolos (Ef 2.20). É Por isso que Paulo poderia pode ser uma tentativa de demonstrar descontinuidade
declarar constantemente que quem não o seguisse estaria entre o antigo e o novo pacto e mostrar que havia uma nova
desobedecendo a Deus. É por isso que Pedro pode dizer que ambiência de manifestação de fé por meio da obra de Jesus
as cartas de Paulo são equivalentes ao resto da Escritura e com a sua nova aliança. Outra explicação possível pode estar
aos ensinos proféticos do AT. Paulo recebeu os ensinos de relacionada ao fato de que ser um profeta segundo a profecia
Deus e transmitiu diretamente à igreja. Ele era o aplicador de Joel (Jl 2.28-32) diz respeito a ser uma autoridade sobre
da Lei. Deus comunicava por meio deles e do corpo dos o povo de Israel. Isso não acontece no novo pacto, já que o
apóstolos aquilo que deveríamos aprender sobre a vontade cristianismo é para todos os povos. A profecia não estaria
do Senhor. mais atrelada a um ofício especial, uma vez que o ES desce
a todos os povos. O de que “quem me dera que todo o povo
Os pais apostólicos entendiam que profetas e apóstolos fosse profeta” (Nm 11.29) poderia ter se cumprido por
faziam parte de um corpo unido. Inácio de Antioquia, por meio de Joel 2, quando o ES desce sobre toda a carne e
exemplo, escreveu que “Cristo é a porta pela qual Abraão, então todos os homens podem receber profecias, visões e
Isaque e Jacó e os profetas e apóstolos da Igreja haviam revelações, como é declarado em Joel 2. Não somente o povo
anunciado”. Ele une profetas e apóstolos num corpo de Israel e uma casta especial, mas todos.
formativo do que era o cristianismo de forma geral. Policarpo
de Esmirna encorajou a igreja de Filipo desta forma: Em vez de chamarmos os apóstolos de profetas, como no

30
AT, todo o povo salvo estaria aberto a receber do dom de nada mais que aplicadores da Lei. Um pregador poderia
profecia se Deus o quisesse dar. Os apóstolos continuariam o ser chamado de profeta porque ele é alguém que está
ofício profético como autoridade sobre o povo, mas em outro aplicando a Lei para o povo, assim como um profeta fazia.
nível esse ofício profético estaria disponível a toda a igreja. Outros vão argumentar que os profetas têm profecias que
Outra explicação possível é que a palavra “profeta” foi preveem o futuro e revelam coisas ocultas da parte de
mudando de significado ao longo da história. Aquilo que o Deus, mas que ainda seriam falíveis. A ideia de profecias
termo significava no AT não é muito próximo do que profeta falíveis vem principalmente do livro “O dom de profecia”,
significaria para o mundo helênico do NT. No grego secular, de Wayne Grudem, que postula que alguém usado por Deus
há vários usos para a palavra que estão muito distantes para entregar profecias poderia tanto entregar profecias
dos usos que temos no AT. Por exemplo, um professor, verdadeiras como profecias falsas, às vezes, e que cabe à
um filósofo seriam chamados de profetas. A mudança de igreja julgar isso com cuidado. Ninguém teria autoridade
linguagem poderia ser uma mudança do uso contextual das de dizer “assim diz o Senhor”, senão por meio da Escritura.
palavras naquele tempo. Esses profetas poderiam trazer revelações, iluminações com
cuidado e humildade da parte de Deus, estando passíveis
O que isso faz com o ofício profético no NT? Os teólogos de erro, por isso evitando falar de forma cabal em nome
debatem muito acerca da questão. Isso significa, no mínimo, de Deus. Outros, em círculos mais neopentescotalizados,
que os profetas no NT não representavam exatamente a acreditam que o profeta, hoje, ainda cumpre o mesmo
mesma coisa que os profetas no AT, tanto que os profetas ministério do AT e que ele fala com autoridade perfeita e
eram julgados pela igreja, por exemplo (1 Co 14.29). Não plena da parte de Deus e aquilo que ele diz tem que ser
apenas os profetas, mas as suas profecias eram julgadas seguido cabalmente, sem questionamentos.
pela comunidade. A autoridade dos profetas parecia ser
inferior à dos apóstolos. Isso mostra que a profecia no NT
era bem diferente da profecia do AT. Os profetas tinham
autoridade bem mais limitada que os profetas do período do
AT.

Muitos teólogos argumentam que os profetas hoje são

31
11. A PLENITUDE E O ENCHIMENTO
DO ESPÍRITO SANTO

​O
ensino de uma segunda capacitação do Espírito pode levar a igreja a criar subdivisões entre os cristãos ao se afirmar
que há alguns que estão em níveis de espiritualidade maior porque possuem a atuação de certos dons e outros que
são “carnais” porque não receberam aquilo que o ES quer dar para eles. Essa perspectiva, contudo, não é ensinada pela

32
Bíblia. sentido de que ele é o conteúdo que enche a pessoa. É como
se ele fosse a água que alguém ingere. Nesse caso, esse
A única distinção que a Bíblia faz é entre cristãos e não- enchimento permite que uma pessoa execute determinadas
cristãos. Não há cristãos mais espirituais que outros. Todos ações. Ou seja, elas são capacitadas por Deus para executar
eles possuem o ES morando no seu interior. Não há como algo do qual não eram capazes antes, seja para glorificar
criar classes e níveis de crentes. Entretanto, a vida dos a Deus na morte de Estevão, seja para executar um bom
cristãos pode apresentar níveis diferentes de maturidade juízo em Atos 6, ou para proclamar as verdades de Deus em
e de plenitude da ação do Espírito de Deus. Existem Atos 2. Esse enchimento do ES levava as pessoas a agirem
cristãos que ainda estão no começo da caminhada e o de uma forma que glorificava o nome de Deus de modo
ES está no processo de tratá-los e fazê-los vencer certos específico.
comportamentos pecaminosos. Existem cristãos que, pelo
tempo em que vivem no caminho da fé e por aquilo que Então, Pedro, cheio do Espírito Santo,
aprenderam da palavra de Deus, são cheios desse ES e têm
aplicado sua verdade a mais áreas da vida do que cristãos
disse-lhes
novos. Isso não quer dizer que os cristãos estão em níveis Τότε Πέτρος πλησθεὶς πνεύματος ἁγίου
qualificáveis de espiritualidade distinta, mas que alguns εἶπεν πρὸς αὐτούς
cristãos estão mais à frente dos outros nesse progresso e Atos 4.8
crescimento graduais na fé.

Constantemente, a Bíblia fala de pessoas que foram cheias cheios do Espírito e de sabedoria
do ES (4.8; 6.3,5; 7.55; 11.24 etc.) e Paulo nos exorta a πλήρεις πνεύματος καὶ σοφίας,
sermos cheios do Espírito (Ef 5.18). Primeiramente, há uma
Atos 6.3
diferença entre o que Lucas fala por “ser cheio do Espírito”
e do que Paulo fala de “ser cheio do Espírito”. As passagens
de Atos falam sobre o ES utilizando o caso genitivo. Sempre Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo,
que esse caso aparece como uma referência a recebermos levantou os olhos para o céu e viu a
o ES, podemos que concluir que ele é aquele que enche, no
glória de Deus, e Jesus de pé, à direita de

33
Deus, ἀλλὰ πληροῦσθε ἐν πνεύματι
ὑπάρχων δὲ πλήρης πνεύματος ἁγίου ​Efésios 5.18
ἀτενίσας εἰς τὸν οὐρανὸν εἶδεν δόξαν
θεοῦ καὶ Ἰησοῦν ἑστῶτα ἐκ δεξιῶν τοῦ Se usarmos Colossenses como a carta paralela de Efésios,
perceberemos que ela afirma que somos cheios da Palavra
θεοῦ de Deus. A ideia de sermos cheios pelo ES em Efésios 5 é
Atos 7.55 que somos cheios, por ele, da Palavra. Ele nos enche com
a Escritura. Ele trabalha com a verdade da Bíblia que Deus
Ele era um homem bom, cheio do nos deu. A ideia de sermos cheios [το πληρομα] significa
completude, um enchimento completo. Esse enchimento
Espírito Santo e de fé completo da Palavra vem do quê? Efésios 4.13 nos dá
ὅτι ἦν ἀνὴρ ἀγαθὸς καὶ πλήρης a resposta: ser enchido é alcançar a unidade de fé, do
πνεύματος ἁγίου καὶ πίστεως conhecimento e chegar à maturidade. Efésios 1.23 também
nos dá a resposta: quem enche é Jesus. Efésios 3.19, da
Atos 11.24
mesma forma, nos apresenta a resposta: somos cheios
da plenitude de Deus. Ou seja, Jesus nos enche por meio
Mas quando Paulo fala em Efésios 5.18, usa outro caso da do ES da sua Palavra para alcançarmos a plenitude dessa
língua grega, o dativo. Quando ligado ao verbo principal da maturidade, o conhecimento do Senhor.
oração (deixar-se encher [πληροῦσθε]), o caso traz a ideia de
que Espírito é o instrumento por meio do qual somos cheios, Existe uma plenitude do ES que alcançamos quando somos
e não o conteúdo que nos enche. Ele é o agente pessoal ou salvos, quando somos guiados pela Palavra e amadurecemos
meio do enchimento. Ou seja, o ES tanto é o conteúdo que no caminho da fé. Não podemos criar categorias de crente A
enche, como aparece em Atos, como é o instrumento que nos e crente B, mas podemos admitir que existem crentes mais
enche de alguma outra coisa, como vemos em Efésios. maduros e menos maduros. Tudo isso é um processo de
sermos cheios e completos do ES todos os dias.
mas deixem-se encher pelo Espírito,

34
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
- ERICKSON, Millard J. Teologia Sistemática. São Paulo:
Vida Nova, 2015.

- FERREIRA, Franklin. MYATT, Alan. Teologia Sistemática:


uma análise histórica, bíblica e apologética para o
contexto atual. São Paulo: Vida Nova, 2007.

- GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática: atual e exaustiva.


São Paulo: Vida Nova, 1999. ​

- PALMA, Anthony D. O batismo no Espírito Santo e com


fogo. RJ: CPAD, 2002.

- SHELLEY, Bruce L. História do cristianismo: uma obra


completa e atual sobre a trajetória da igreja cristã desde
as origens até o século XXI / Bruce L. Shelley; tradução
Giuliana Niedhardt. — 1. ed. — Rio de Janeiro: Thomas
Nelson Brasil, 2018.

- WILLIAMS, J. Rodman. Teologia Sistemática: uma


perspectiva pentecostal. São Paulo: Editora Vida, 2011.

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