Você está na página 1de 16

CEFOMTA – Centro de Formação Missiologica, Teológica e Técnicas Associadas

PROMIFE – Projeto Missões de Férias


BÁSICO EM MISSIOLOGIA

PNEUMATOLOGIA – A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO


Elaboração: Profº Welliton Gomes

INTRODUÇÃO
A pessoa do Espírito Santo está presente em toda a Bíblia, de Gênesis a Apocalipse, somente
três dentre os livros no NT não fazem referência a ele: – Filemon, 2ª e 3ª João (e esses são todos
breves). Jesus Cristo é a personagem-chave em todo o plano de Deus. Isso não significa, porém, que
o Espírito Santo seja negligenciado em alguma parte da Bíblia, nem que seja tratado como uma mera
influência vaga ou uma energia imperceptível.
Ele é uma Pessoa real, dotado de inteligência, sentimento e vontade. A Bíblia trata o Espírito
Santo, tanto explicita como implicitamente, como uma Pessoa distinta. Diante disto podemos
pergunta: Quem é o Espírito Santo? A partir dessa indagação procuraremos conhece-lo melhor
através de todas as evidências encontradas nas Escrituras Sagradas.
Que Deus nos ajude para não incorrermos em uma má compreensão do seu Santo Espírito.

1. ETIMOLOGIA DO TERMO PNEUMATOLOGIA


Do grego “pneuma”, que no hebraico é “ruach” e no latim “spiritus”, o termo é traduzido por
"vento", ―sopro‖, ―fôlego‖, ―espírito‖. Então, pneuma + logia, resultou em Pneumatologia. É a
ciência que estuda a existência do Espírito Santo, sua natureza divina, seus atributos e manifestações,
seu relacionamento com Deus e com Cristo, bem como sua atuação em relação ao universo físico e
espiritual, os seres e as coisas.

2. A NATUREZA DO ESPÍRITO SANTO


Quem é o Espírito Santo? A Bíblia ensina que o Espírito Santo é uma pessoa, com todos os
atributos de uma personalidade.
Jesus nunca o chamou de ―isto‖ quando falava do Espírito Santo. Em João 14, 15 e 16, por
exemplo, Jesus falou do Espírito Santo como ―Ele‖, porque Ele não é uma força cósmica ou uma
coisa, mas uma pessoa. Na Bíblia vemos que o Espírito Santo tem intelecto, emoções e vontade.
Paulo compreende o Espírito como pessoa, pelo fato de que o Espírito é o sujeito de um grande
número de verbos que requerem um agente pessoal: o Espírito perscruta todas as coisas (1Co 2.10),
conhece a mente de Deus (1Co 2.11), ensina o conteúdo do evangelho ao crentes (1Co 2.13), habita
entre os crentes ou dentro deles (1Co 3.16; Rm 8.11; 2Tm 1.14), realiza todas as coisas (1Co 12.11),
dá vida aos que creem (2Co 3.6), clama dentro de nosso coração (Gl 4.6), guia-nos nos caminhos de
Deus (Gl 5.18; Rm 8.14), testifica com o nosso espírito (Rm 8.16), tem desejos que se opõem a carne
(Gl 5.17), ajuda-nos em nossa fraqueza (Rm 8.26), intercede por nós (Rm 8. 26,27), fortalece os
crentes (Ef 3.16), se entristece com nossa pecaminosidade (Ef 4.30). Além disso, os frutos da
habitação do Espírito em nós são os atributos pessoais de Deus (Gl 5.22,23).
Alguns textos como, por exemplo, Romanos 8.16, confirmam o Espírito como pessoa. O
Espírito que nos confere a ―adoção como filhos‖, ratificada pelo impulso que ele põe dentro de nós e
que nos leva a clamar ―Abba”, por sua vez e por essa razão torna-se, juntamente com nosso espírito,
a segunda (e necessária) testemunha da realidade de nossa filiação. Assim também, em Romanos
8.26,27, o Espírito não somente intercede por nós, o que deixa subentendido que ele ―nos conhece‖,

1
CEFOMTA – Centro de Formação Missiologica, Teológica e Técnicas Associadas
PROMIFE – Projeto Missões de Férias
BÁSICO EM MISSIOLOGIA
mas também podemos estar certos da eficácia de sua intercessão porque ―Deus conhece a mente do
Espírito‖, que, por sua vez, ora ―de acordo com [a vontade de] Deus‖. De qualquer modo, essa é a
linguagem da pessoalidade, não a de alguma influência ou poder impessoal. O termo pneuma pode
encerrar a figura do ―vento‖, mas Paulo nunca o emprega dessa forma.
Para Paulo, o Espírito é às vezes o sujeito de um verbo ou ação subentendida que em outros
textos é atribuída ora ao Pai, ora ao Filho. Por exemplo, numa sequência de textos em 1Coríntios 12,
Paulo diz que Deus (―Pai‖ está subentendido) ―produz‖ todas essas atividades em todas as pessoas
(v.6), ao passo que numa construção semelhante no v.11, o Espírito é o sujeito do mesmo verbo com
objeto semelhante, referindo-se às muitas manifestações arrolados no v.8-10. Assim também, em
Romanos 8.11, o Pai ―dá vida‖, mas em 2Coríntios 3.6, é o Espírito que dá vida; e em Romanos 8.34,
Cristo ―intercede‖ por nós, e em alguns versículos antes (8.26) a mesma ação é praticada pelo
Espírito Santo. De modo semelhante, mas agora com o Espírito como objeto do verbo, em orações
consecutivas em Gálatas 4.4-6, Paulo afirma que ―Deus enviou seu Filho‖ e ―Deus enviou o Espírito
de seu Filho‖. Tanto o paralelo quanto o fato de que as ações do Filho e do Espírito (a redenção e o
clamor [Aba]do coração do crente) são atividades pessoas, são pressupostos de que o Espírito é uma
pessoa. Essas evidências indicam claramente que, para Paulo, o Espírito não era considerado uma
―coisa‖, mas uma ―pessoa‖.
A Bíblia também ensina que o Espírito Santo é divino. Em toda a Bíblia podemos ver
claramente que o Espírito Santo é o próprio Deus. Podemos assim deduzir dos atributos que as
Escrituras lhe conferem, tais como:
 Atributos divinos lhe são aplicados - Ele é eterno (Hb 9.14), Ele é Todo poderoso (Lc
1.35), Ele é onipresente (Sl 139.7), Ele é Deus (At 5.3,4).
 Obras divinas lhe são atribuídas, como sejam: criação (Gn 1.2; Jó 33.4), regeneração
(Jo 3.5-8), ressurreição (Rm 8.11).
 É classificado junto com o Pai e o Filho (Mt 28.19; 1Co 12.4-6; 1Co 13.14).
De acordo com João, o Espírito tem tudo em comum com o Pai e o Filho (16.15), logo,
compartilha com o Pai e o Filho a identidade divina singular do único Senhor Deus de Israel. No
caso do Filho, a identidade divina do Espírito é revelada, sobretudo por meio do desempenho de
ações caracteristicamente divinas: o Espírito é soberano em sua atividade (3.8); o Espírito dá vida
(6.63), prerrogativa especificamente divina de acordo com João. O Espírito vem morar no meio do
povo de Deus (14.17; cf Lv 26.12; Is 63.11), revela o futuro (16.13) e inaugura a nova criação
(20.22; cf Gn 2.7; Ez 37.9). De acordo com João, o Espírito de Deus é Deus.
Cada uma das emoções e atitudes que alistamos são características de uma pessoa. O Espírito
Santo não é uma força impessoal, como a gravidade e o magnetismo. Ele é uma pessoa, com todos os
atributos de uma personalidade.
Vale ressaltar que designá-lo como a Terceira Pessoa da Trindade Divina não implica em
inferioridade, mas a colocação usual das três pessoas no NT tem a ver com sua sequência e função,
por exemplo: oramos ao Pai, em nome do Filho, no poder do Espírito Santo. Em termos de função o
Pai veio primeiro, depois o Filho se encarnou, morreu e ressuscitou e agora o Espírito atua nesta era
do Espírito. A sequência não prejudica a igualdade, só tem a ver com função e cronologia.
Podemos responder também a indagação inicial deste tópico através do estudo dos Nomes que
lhe foram dados e os Símbolos que ilustram as suas obras.

2
CEFOMTA – Centro de Formação Missiologica, Teológica e Técnicas Associadas
PROMIFE – Projeto Missões de Férias
BÁSICO EM MISSIOLOGIA
3.1 Os nomes do Espírito Santos - o nome traduz a natureza do ser que o carrega.
(a) Espírito de Deus (Gn 1.2) – o Espírito é o executivo da Divindade, operando tanto na esfera
física como na moral. Por intermédio do Espírito, Deus criou e preserva o universo. Por
meio do Espírito — ―o dedo de Deus‖ (Lc 11.20) — Deus opera na esfera espiritual,
convertendo os pecadores, santificando e sustentando os crentes;
(b) Espírito de Cristo (Rm 8.9), Espírito de Jesus Cristo (Fp 1.19) e Espírito de Jesus (At 16.7)
- ele é enviado em nome de Cristo (Jo 14.26). A conexão entre Cristo e o Espírito é tão
íntima, que se diz que tanto Cristo como também o Espírito habita no crente (Gl 2.20; Rm
8.9,10);
(c) Espírito do Senhor (At 8.39) – Ele procede do Senhor;
(d) O Consolador - esse é o título dado ao Espírito no evangelho de João, capítulos 14 a 17. A
palavra Consolador (―parácleto‖, no grego) significa alguém chamado para ficar ao lado de
outrem, com o propósito de ajudá-lo em qualquer eventualidade, especialmente em
processos legais e criminais. A palavra ―outro‖ no gr. ―allos‖ (Jo 14.16) significa outro da
mesma espécie e qualidade e faz distinção entre o Espírito Santo e Jesus; no entanto, coloca-
os no mesmo nível. Jesus enviou o Espírito, mas, Jesus vem espiritualmente a seus
discípulos pelo Espírito. O Espírito Santo é o sucessor de Cristo como também a sua
Presença. O Espírito Santo torna possível e real a presença contínua de Cristo na igreja. É
ele quem faz com que a pessoa de Cristo habite nos crentes de maneira que possam dizer
como Paulo: ―Cristo vive em mim‖;
(e) Espírito da Verdade - o propósito da Encarnação foi revelar o Pai; a missão do Consolador
é revelar o Filho. Ao contemplar-se um quadro a óleo, qualquer pessoa notará muita beleza
de cor e forma; mas para compreender o significado intrínseco do quadro e apreciar o seu
verdadeiro propósito precisará de um intérprete experiente. O Espírito Santo é o Intérprete
de Jesus Cristo. Ele não oferece uma nova e diferente revelação, mas abre as mentes dos
homens para verem o mais profundo significado da vida e das palavras de Cristo. Como o
Filho não falou de si mesmo, mas falou o que recebeu do Pai, assim o Espírito não fala de si
mesmo, como se fosse fonte independente de conhecimento, mas declara o que ouviu
daquela vida íntima da Divindade.
(f) Espírito Santo (Lc 1.35) – o significado da raiz do termo bíblico ―santo‖ (hb. qadôs,qodes;
gr. hagios) tem sido alvo de muita discussão. Mas há um consenso de que a raiz deste termo
traz consigo ideias tais como ―cortar‖ ou ―separar de‖, ―ser colocado à distância‖; daí o
sentido de ―ser posto à parte‖ a fim de pertencer a Deus. Empregando esta linguagem
metaforicamente especial, AT frisa a ―diversidade‖ do Ser do Espírito. A ilustração clássica
disto, o encontro devastador de Isaías com o Santo de Israel (Is 6.1-13), exemplifica o
modo a imagem espacial é empregada para comunicar a distância moral. Deus é ―sublime‖,
enquanto Isaías é humilde; ―elevado‖ e ―exaltado‖, enquanto Isaías é prostrado. A presença
de Deus (―abas de suas vestes‖) enche o templo, enquanto Isaías recua-se no canto. A
santidade de Deus é a visão da pureza de seu eterno e infinito Ser. À maneira de
comparação, Isaías se sente impuro e perdido. Ele é chamado santo, porque é o Espírito do
Santo, e porque sua obra principal é a santificação. O Espírito Santo veio para reorganizar a
natureza do homem e para opor-se a todas as suas tendências más. Essa designação
completa ocorre apenas duas vezes no AT (Sl 51.11; Is 63.10); entretanto, ela foi adotada

3
CEFOMTA – Centro de Formação Missiologica, Teológica e Técnicas Associadas
PROMIFE – Projeto Missões de Férias
BÁSICO EM MISSIOLOGIA
pelos cristãos como nome próprio completo do Espírito de Deus. Para todos os fins práticos,
essa forma passou a ser entendida como o nome ―cristão‖ do Espírito.
(g) Espírito da Promessa (Ef 1.14) - o Espírito Santo é chamado assim porque sua graça e seu
poder são umas das bênçãos principais prometidas no Antigo Testamento (Ez 36.27; Jl
2.28). A prerrogativa mais elevada de Cristo, ou o Messias, era a de conceder o Espírito, e
esta prerrogativa Jesus a reivindicou quando disse: ―Eis que sobre vós envio a promessa de
meu Pai‖ (Lc 24.49; Gl 3.14).
(h) Espírito da Graça (Hb 10.29; Zc 12.10) - o Espírito Santo dá graça ao homem para que se
arrependa, quando peleja com ele; concede o poder para santificação, perseverança e
serviço. Aquele que trata com desdém ao Espírito da graça, afasta o único que pode tocar ou
comover o coração, e assim se separa a si mesmo da misericórdia de Deus.
(i) Espírito da Vida (Rm 8.2; Ap 11.11) - um credo antigo dizia: ―creio no Espírito Santo, o
Senhor, e Doador da vida‖. O Espírito é aquela Pessoa da Divindade cujo ofício especial é a
criação e a preservação da vida natural e espiritual.
(j) Espírito de Adoção (Rm 8.15) - quando a pessoa é salva, não somente lhe é dado o nome de
filho de Deus, e adotada na família divina, mas também recebe dentro de sua alma o
conhecimento de que participa da natureza divina. Como Cristo é nossa testemunha no céu,
assim aqui na terra o Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.
(k) Senhor (2Co 3.18,19) – o Espírito da nova aliança que traz liberdade e transforma o povo
de Deus na imagem da glória do Senhor.

3.2 Os símbolos do Espírito Santos - alguém disse: “as palavras são veículos inadequados para
transmitir a verdade. Quando muito, apenas revelam a metade das profundidades do
pensamento”. Deus achou por bem ilustrar com símbolos o que de outra maneira, devido à
pobreza de linguagem humana, nunca poderíamos saber. Os seguintes símbolos são
empregados para descrever as operações do Espírito Santo:
(a) Fogo (At 2.3; Rm 12.11; 1Ts 5.19) – a presença do Espírito no dia de Pentecoste foi
confirmada visivelmente pelas línguas, como que de fogo, distribuídas entre os 120
discípulos. O Espírito Santo faz arder dentro de nós, como fogo, o desejo de servir ao
Senhor Jesus com zelo ardente e humildade. E, da mesma forma como o fogo pode ser
extinguido ou apagado as Escrituras nos adverte a não apagar o fogo do Espírito. O mesmo
fervor é subentendido na ―ousadia‖ que veio como resultado da plenitude do Espírito (At
4.31). Essa ousadia é confiança, liberdade, coragem e zelo ardente, maravilhosos e
jubilosos. Realmente, temos o direito de pedir que Deus mande esse fogo!
(b) Vento (Ez 37.7-10: Jo 3.8; At 2.2) - o vento simboliza a obra regeneradora do Espírito e é
indicativo da sua misteriosa operação independente, penetrante, vivificante e purificante;
(c) Água (Is 44.3; Ez 36.25-27; Jo 3.5; 4.14; 7.38,39) - o Espírito é a fonte da água viva, a
mais pura, e a melhor, porque ele é um verdadeiro rio de vida — inundando as nossas
almas, e limpando a poeira do pecado. O poder do Espírito opera no reino espiritual o que a
água faz na ordem material. A água purifica, refresca, sacia a sede, e torna frutífero o estéril.
Ela purifica o que está sujo e restaura a limpeza. É um símbolo adequado da graça divina
que não somente purifica a alma, mas também lhe acrescenta a beleza divina. A água é um
elemento indispensável na vida física; o Espírito Santo é um elemento indispensável na vida

4
CEFOMTA – Centro de Formação Missiologica, Teológica e Técnicas Associadas
PROMIFE – Projeto Missões de Férias
BÁSICO EM MISSIOLOGIA
espiritual. Qual é o significado da expressão “água viva”? É viva em contraste com as
águas fétidas de cisternas e brejos. É água que salta, correndo sempre da sua fonte, sempre
evidenciando vida. Se essa água for detida num reservatório, interrompida sua corrente,
separada da sua fonte, já não se pode dizer que é água viva. Os cristãos têm a “água viva”
na proporção em que estiverem em contato com a fonte divina em Cristo;
(d) Selo (Ef 1.13; 2Tm 2.19) - essa ilustração exprime os seguintes pensamentos:
1) Possessão - a impressão dum selo dá a entender uma relação com o dono do selo, e é um
sinal seguro de algo que lhe pertence. Os crentes são propriedade de Deus, e sabe-se que o
são pelo Espírito que neles habita. O seguinte costume era comum em Éfeso no tempo de
Paulo. Um negociante ia ao porto selecionar certa madeira e então a marcava com seu selo
— um sinal de reconhecimento da possessão. Mais tarde mandava seu servo com o selo, e
ele trazia a madeira que tivesse a marca correspondente.
2) A ideia de segurança também está incluída - o Espírito inspira um sentimento de
segurança e certeza no coração do crente (Rm 8.16). Ele é o penhor ou as primícias da nossa
herança celestial, uma garantia da glória vindoura.
(e) Óleo (Lv 8.12; Lc 4.18; 1Jo 2.27) - geralmente era usado como alimento, para iluminação,
lubrificação, cura, e alívio da pele. O Espírito Santo é retratado como aquele que consagrou
a Cristo com este tipo de unção especial. O Espírito Santo, de fato, é a unção de Deus em
nossas vidas, tanto para aprender como para ensinar.
(f) Pomba (Mt 3.16) - a pomba, como símbolo, significa brandura, doçura, amabilidade,
inocência, suavidade, paz, pureza e paciência. Entre os sírios é emblema dos poderes
vivificantes da natureza. Cristo falou da pomba como a encarnação da simplicidade (Mt
10.16), uma das belas características dos seus discípulos.

4. O ESPÍRITO SANTO NO ANTIGO TESTAMENTO


De acordo com Gênesis 1.2, “a terra era sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do
abismo”. Logo em seguida lemos que “o Espírito de Deus pairava sobre as águas”. Algumas
versões trazem “mover-se”, mas a palavra hebraica é “estar sobre”, assim como uma ave fica sobre
seus ovos para chocá-los e trazer nova vida ao mundo; da mesma forma o Espírito Santo pairou
sobre a criação original de Deus para encher seu vazio com as várias formas de vida, de onde
resultou o relato de Gênesis 1 e 2. Assim, desde o princípio o Espírito Santo estava ativo na criação
junto com o Pai e o Filho.
Quando Deus “formou o homem do pó da terra” (Gn 2.7), o Espírito Santo estava presente.
Podemos assim concluir indiretamente de Jó 33.4: “O Espírito de Deus me fez; e o sopro do Todo-
poderoso me dá vida”. Um jogo de palavras aqui mostra como o Espírito de Deus e a nossa
respiração estão intimamente relacionados. Em hebraico tanto ―Espírito‖ como ―sopro‖ são a mesma
palavra.
O Salmo 104.30 nos leva um passo adiante na compreensão do papel do Espírito na criação. O
Espírito não só colaborou na formação da terra e do primeiro ser humano, mas ele é sempre o
Criador da vida. “Envias (Deus) o teu Espírito, eles são criados, e assim renovas a face da terra”.
Quem são “eles” que o Espírito cria? Todo o salmo o explica, mas nos versículos 18-26 vemos que
estão incluídos cabras selvagens e coelhos do mato (18, BLH), animais selvagens como leõezinhos
(20 e 21), o homem (23) e tudo o que vive sobre a terra ou no mar (24 e 25).

5
CEFOMTA – Centro de Formação Missiologica, Teológica e Técnicas Associadas
PROMIFE – Projeto Missões de Férias
BÁSICO EM MISSIOLOGIA
O Espírito Santo agiu nas pessoas antes do dilúvio (Gn 6.3), depois, de tempos em tempos,
tomou posse de diversas pessoas para libertar o povo de Deus. Por exemplo, somente no livro de
Juízes, Ele veio sobre Otniel (3.10), Gideão (6.34), Jefté (11.29) e Sansão (13.25).
Há no AT três expressões principais para a atuação do Espírito Santo nas pessoas:
a) Ele vinha sobre alguém (2Cr 24.20);
b) Ele repousava sobre alguém (Nm 11.25);
c) Ele enchia alguém (Êx 31.3).
O Espírito não só usou juízes e profetas para libertar Israel, mas também reis. Estes eram
ungidos com óleo, símbolo de que eles estavam sendo revestidos com o poder do Espírito Santo,
como podemos ver na unção de Davi por Samuel, em 1 Samuel 16.13: “...daquele dia em diante o
Espírito do Senhor se apossou de Davi”.
No livro de Juízes geralmente o Espírito se retirava depois da pessoa escolhida concluir a sua
obra. Em 1 Samuel 16.14, ao tratar de Saul, vemos que o Espírito podia retirar-se também quando a
pessoa desobedecia. No caso de Davi, vemos até em suas orações como ele se preocupava com a
retirada do Espírito Santo (Sl 51.11).
Em resumo, vimos que o Espírito Santo estava agindo antes do mundo começar. Depois ele
renovava e alimentava sua criação. Estava ativo em todo o AT, tanto na natureza como no meio do
seu povo, guiando-o e libertando-o através de juízes, profetas, reis e outras pessoas. E falou daquele
dia em que viria o Ungido.

5. O ESPÍRITO SANTO NO NOVO TESTAMENTO


Durante o período abrangido pelos quatro evangelhos a atuação do Espírito estava centralizada
na pessoa de Jesus Cristo. O homem-Deus foi concebido (Lc 1.35), batizado (Jo 1.32,33), guiado (Lc
4.1), ungido (Lc 4.18) e revestido com poder (Mt 12.27,28). Ofereceu a si mesmo como expiação
pelo pecado (Hb 9.14), foi ressuscitado (Rm 8.11) e deu mandamentos por intermédio do Espírito
(At 1.2). O Espírito Santo é descrito como o agente na milagrosa concepção de Jesus. Jesus esteve
relacionado com o Espírito de Deus desde o primeiro momento da sua existência humana.
Em Atos, Lucas relata a ascensão de Jesus ao céu (At 1.9-11) e relata a descida do Espírito
Santo à terra (At 2.1-4). A chegada dEle cumpria a promessa que Cristo fez (Jo 16.7), também
testemunhou que a justiça de Deus havia sido feita e, iniciara-se, então, a era do Espírito Santo, a
qual não podia começar antes que Cristo fosse glorificado.
Pentecostes era celebrada no início da colheita; em Números 28.26 é chamada de ―dia das
primícias (primeiros frutos)‖. E é verdade que no dia de Pentecostes, quando veio o Espírito Santo,
no NT, foi um dia de ―primeiros frutos‖ – o início da colheita de Deus neste mundo, que será
completada na segunda vinda. Pentecostes no NT marcou o início da presente era do Espírito Santo.
Os crentes estão sob sua direção assim como os discípulos eram guiados por Jesus. Jesus ainda
exerce seu senhorio sobre nós do céu, mas como Ele não pode estar conosco fisicamente, Ele
transmite suas instruções através do Espírito Santo, que faz Cristo ser uma realidade em nós.
Desde o Pentecostes o Espírito Santo é o elo entre a primeira e segunda vinda de Jesus. Ele
aplica a obra de Jesus Cristo aos homens da nossa época.
Resumindo em poucas palavras, a atuação do Espírito Santo entre os homens nos três períodos
da história humana pode ser definida com três palavras: ―sobre‖, ―com‖ e ―em‖. No AT ele veio
sobre algumas pessoas à sua escolha, permanecendo por um tempo determinado (Jz 14.19). Os

6
CEFOMTA – Centro de Formação Missiologica, Teológica e Técnicas Associadas
PROMIFE – Projeto Missões de Férias
BÁSICO EM MISSIOLOGIA
evangelhos mostram como ele mora com os discípulos, na pessoa de Cristo (Jo 14.17). Em Atos em
diante, a Bíblia diz que ele está no povo de Deus (1Co 6.10).

6. O ESPÍRITO SANTO NO MUNDO


O Espírito Santo veio ao mundo para convencê-lo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.7-11).
A Bíblia ensina, todos nós sabemos de experiência própria, que “... todos pecaram e destituídos
estão da glória de Deus” (Rm 3.23). Um pecador não pode herdar a vida eterna. Todos que
nasceram neste mundo revivem a queda de Adão. Todos nascem com a semente do pecado dentro de
si, e ao chegarem à idade responsável não tardam a ser culpados de multidão de pecados. Há
diferença entre pecado e pecados. O pecado é a raiz, os pecados são os frutos.
Pode ser que alguém não esteja consciente de que seu maior problema é o pecado ou que o
pecado o separou da comunhão com Deus. Por isso é tarefa do Espírito Santo ―perturbá-lo‖ e
convencê-lo do seu pecado. O pecador não pode experimentar a salvação sem que isso aconteça.
Convencer significa levar ao conhecimento verdades que de outra maneira seriam postas em
dúvida ou rejeitadas, ou provar acusações feitas contra a conduta. Os homens não sabem o que é o
pecado, a justiça e o juízo; portanto, precisam ser convencidos da verdade espiritual. A mente e a
alma obscurecidas nada discernem das verdades espirituais antes de serem convencidas e despertadas
pelo Espírito Santo.
Ele convencerá os homens das seguintes verdades:
(a) O pecado de incredulidade - quando Pedro pregou, no dia de Pentecoste, ele nada disse
acerca da vida licenciosa do povo, do seu mundanismo, ou de sua cobiça; ele não entrou em
detalhes sobre sua depravação para envergonhá-los. O pecado do qual os culpou, e do qual
mandou que se arrependessem, foi a crucificação do Senhor da glória; o perigo do qual os
avisou foi o de se recusarem a crer em Jesus. Portanto, descreve-se o pecado da
incredulidade como o pecado único, porque, nas palavras dum erudito, “onde esse
permanece, todos os demais pecados surgem e quando esse desaparece todos os demais
desaparecem”. É o ―pecado mater‖, porque produz novos pecados, e por ser o pecado
contra o remédio para o pecado. Assim escreve o Dr. Smeaton: “Por muito grande e
perigoso que seja esse pecado, tal é a ignorância dos homens a seu respeito que sua
criminalidade é inteiramente desconhecida até que seja descoberta pela influência do
Espírito Santo, o Consolador. A consciência poderá convencer o homem dos pecados
comuns, mas nunca do pecado da incredulidade. Jamais homem algum foi convencido da
enormidade desse pecado, a não ser pelo próprio Espírito Santo”.
(b) A justiça de Cristo - Jesus Cristo foi crucificado como malfeitor e impostor. Mas
depois do dia de Pentecoste, o derramamento do Espírito e a realização do milagre em seu
nome convenceram a milhares de judeus de que não somente ele era justo, mas também era
a fonte única e o caminho da justiça. Usando Pedro, o Espírito os convenceu de que haviam
crucificado o Senhor da Justiça (At 2.36,37), mas também ele lhes assegurou que havia
perdão e salvação em seu nome (At 2.38).
(c) O juízo sobre Satanás - como se convencerão as pessoas na atualidade de que o crime
será castigado? Pela descoberta do crime e seu subsequente castigo; em outras palavras, pela
demonstração da justiça. A cruz foi uma demonstração da verdade de que o poder de
Satanás sobre a vida dos homens foi destruído, e de que sua completa ruína foi decretada

7
CEFOMTA – Centro de Formação Missiologica, Teológica e Técnicas Associadas
PROMIFE – Projeto Missões de Férias
BÁSICO EM MISSIOLOGIA
(Hb 2.14,15; 1Jo 3.8; Cl 2.15; Rm 16.20). Satanás tem sido julgado no sentido de que
perdeu a grande causa, de modo que já não tem mais direito de reter, como escravos, os
homens seus súditos. Pela sua morte, Cristo resgatou todos os homens do domínio de
Satanás, devendo estes aceitar sua libertação. Os homens são convencidos pelo Espírito
Santo de que na verdade são livres (Jo 8.36). Já não são súditos do tentador; já não são
obrigados mais a obedecer-lhe, agora são súditos leais de Cristo, servindo-o
voluntariamente no dia do seu poder (Sl 110.3). Satanás alegou que lhe cabia o direito de
possuir os homens que pecaram, e que o justo Juiz devia deixá-los sujeitos a ele. O
Mediador, por outra parte, apelou para o fato de que ele, o Mediador, havia levado o castigo
do homem, tomando assim o seu lugar, e que, portanto, a justiça, bem como a misericórdia,
exigiam que o direito de conquista fosse anulado e que o mundo fosse dado a ele, o Cristo,
que era o seu segundo Adão e Senhor de todas as coisas. O veredito final divino foi
contrário ao príncipe deste mundo — e ele foi julgado. Ele já não pode guardar seus bens
em paz visto que um mais poderoso o venceu (Lc 11.21,22).

7. O ESPÍRITO SANTO NA IGREJA


O Espírito Santo age não só no mundo, mas também na igreja. Qual o papel do Espírito neste
quadro? Em primeiro lugar, a Bíblia nos diz numa sentença muito bonita que foi ele que deu início à
igreja (1Co 12.13,14), o Espírito Santo penetrou o íntimo do seu ser, ou seja, em todos os cristãos é o
mesmo Espírito que está em ação nos mais profundos recessos da sua personalidade. Às vezes o
verbo (―beber‖) é empregado com referência à irrigação, de onde vem a ideia de suprimento
abundante. Em segundo lugar ele habita na igreja (Ef 2.22). Em terceiro lugar ele concede dons aos
membros do corpo de Cristo para sua própria edificação e aperfeiçoamento (Ef 4.11,12). Em quarto
lugar, ajuda os crentes a desenvolverem o seu fruto (Gl 5.22,23). Estudaremos estes dois últimos
pontos separadamente.

8. PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO – BLASFEMAR, ENTRISTECER E


APAGAR.
Mateus 12. 31,32 – Blasfemar
O pior pecado que um ser humano pode cometer contra o Espírito é blasfemar contra ele. A
razão disto é clara: para esse pecado não há perdão. Todos os outros pecados contra o Espírito Santo
são cometidos por crentes. Podemos nos arrepender deles, receber perdão e fazer um novo começo.
Entretanto, a blasfêmia é diferente. Este pecado é cometido por descrentes. Em outras palavras, o
pecado imperdoável implica na rejeição total e irrevogável de Jesus Cristo.
Somente descrentes cometem o pecado de resistir ao Espírito (At 7.51), e, esse pecado quando
praticado por muito tempo, leva à condenação eterna. O julgamento é certo para os que resistem ao
Espírito. Será que você está preocupado se cometeu ou não o pecado imperdoável?
O pecado imperdoável é rejeitar as verdades sobre Cristo. É rejeitar de maneira completa e
definitiva o que o Espírito Santo diz sobre Jesus: que Ele é o Filho de Deus, o único que pode nos
salvar dos nossos pecados. Você rejeitou a Cristo e disse em seu coração que o que a Bíblia diz sobre
Ele é mentira? Caso não, então você não cometeu este pecado, caso sim, então você está em uma
situação perigosa.
Efésios 4.30 - Entristecer

8
CEFOMTA – Centro de Formação Missiologica, Teológica e Técnicas Associadas
PROMIFE – Projeto Missões de Férias
BÁSICO EM MISSIOLOGIA
Dois pecados que podem ser cometidos por cristãos: entristecer e Espírito Santo e apagar o
Espírito. Quase tudo o que nós fazemos de errado pode ser incluído em um desses dois termos.
―Tristeza‖ é uma palavra de ―amor‖. O Espírito Santo nos ama tanto quanto Cristo. Podemos
magoar ou irar alguém que não nos tem afeição, mas entristecer só é possível quem nos ama. Como
um cristão pode entristecer o Espírito Santo? Nós podemos saber o que entristece o Espírito
analisando nossa conduta à luz das palavras que as Escrituras usam para caracteriza-lo. O Espírito
Santo é o Espírito da:
a) Verdade (Jo 14.17) – assim, tudo que é falso, enganoso e hipócrita o entristece;
b) Fé (2Co 4.13) – por isso dúvidas, desconfiança, ansiedades e preocupações o entristece;
c) Graça (Hb 10.29) – assim, tudo em nós que é duro, amargo, malicioso, indelicado e
indisposto para perdoar e amar o entristece;
d) Santidade (Rm 1.4) – por isso tudo que é impuro, sujo ou degradante o entristece.
1Tessalonicenses 5.19 – Apagar
A palavra apagar significa ―abafar, extinguir‖, e nos lembra do conceito bíblico de que o
Espírito é como um fogo. Quando nós apagamos o Espírito, extinguimos o fogo. Não quer dizer que
o expulsamos, mas que abafamos o amor e o poder dele enquanto ele está tentando executar através
de nós os propósitos divinos. Um fogo se apaga quando lhe tiramos o combustível.
Podemos apagar o fogo do Espírito de duas formas: primeira, quando deixamos de orar, falar
de Cristo ou ler a Palavra de Deus. Essas coisas são veículos que Deus usa para nos dar o
combustível a fim de manter o fogo; e, segundo, quando pecamos intencionalmente. Quando
criticamos, somos grosseiros, rebaixamos o trabalho dos outros com palavras impensadas ou
depreciativas, estamos apagando o fogo do Espírito.
Você já entristeceu ou apagou o Espírito em você, qualquer que seja o meio? Esse assunto é
sério, exige de nós todo o cuidado.

9. BATISMO NO ESPÍRITO SANTO


“Mas recebereis a virtude do Espírito, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas” (At
1.8).
Sua natureza geral - a característica principal dessa promessa é poder para servir e não a
regeneração para a vida eterna. Sempre que lemos acerca do Espírito vindo sobre, repousando sobre,
ou enchendo as pessoas, a referência nunca é à obra salvadora do Espírito, mas sempre ao poder para
servir.
As palavras foram dirigidas a homens que já estavam em relação íntima com Cristo. Foram
enviados a pregar, armados de poder espiritual para esse propósito (Mt 10.1), a eles foi dito: ―os
vossos nomes estão escritos nos céus‖ (Lc 10.20); sua condição moral foi descrita nas palavras: ―Vós
já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado‖ (Jo 15.3); sua relação com Cristo foi ilustrada
com a figura: ―Eu sou a videira, vós as varas‖ (Jo 15.5); eles conheciam a presença do Espírito com
eles (Jo 14.17); sentiram o sopro do Cristo ressuscitado e ouviram-no dizer: ―recebei o Espírito
Santo‖ (Jo 20.22).
Os fatos acima mencionados demonstram a possibilidade de a pessoa estar em contato com
Cristo e ser seu discípulo, e, contudo, carecer do revestimento especial mencionado em Atos 1.8.
Pode-se objetar que tudo isso se refere aos discípulos antes do Pentecoste; mas em Atos 8:12-16
temos o caso de pessoas batizadas em Cristo que receberam o dom do Espírito alguns dias depois.

9
CEFOMTA – Centro de Formação Missiologica, Teológica e Técnicas Associadas
PROMIFE – Projeto Missões de Férias
BÁSICO EM MISSIOLOGIA
Acompanhando o cumprimento dessa promessa (Atos 1:8) houve manifestações sobrenaturais
(Atos 2.1-4), das quais, a mais importante e comum foi o milagre de falar em outras línguas. Que
essa expressão oral, sobrenatural, acompanhou o recebimento do poder espiritual é declarado em
dois outros casos (At 10.44-46; 19.1-6) e infere-se de mais outro caso (At 8.14-19). Esse
revestimento é descrito como um batismo (At 1.5).
O batismo “do” ou “pelo” Espírito Santo (1Co 12.13; Gl 3.27; Rm 6.3). Este batismo do
Espírito ou pelo Espírito Santo é algo tão real, apesar de ser espiritual, que a Bíblia o denomina como
―batismo‖. Em todo batismo, é evidente, há três pontos inerentes: um batizador; um batizando; e um
meio em que o candidato é imerso. Esse batismo não é o mesmo relatado em Atos 02, pois se trata da
obra do Espírito ao nos colocar no corpo de Cristo.
O batismo “com” ou “no” Espírito Santo (At 1.4,5,8; 2,1-4; 8.17; 10.44-46, 11.16; 19.2-6).
A evidência física desse glorioso batismo são as línguas sobrenaturais faladas pelo crente conforme o
Espírito concede. É uma ministração de poder do alto pelo Espírito, provida pelo Pai, mediante o
Senhor Jesus (Jo 14.26; At 2.32,33).
No batismo pelo Espírito Santo, o batizador é o Espírito de Deus (1Co 12.13); o batizando é o
pecador; e o elemento em que o pecador é imerso, a Igreja, como corpo místico de Cristo (1Co
12.27; Ef 1.22,23). Portanto, o Espírito Santo realiza esse batismo espiritual no momento da nossa
conversão, inserindo o crente na Igreja (Mt 16.18). Logo, todos os salvos são batizados ―pelo‖
Espírito Santo para pertencerem ao corpo de Cristo – a Igreja, mas nem todos são batizados “com”
ou “no” Espírito.
No batismo com o Espírito Santo, o batizador é Jesus Cristo; o batizando é o crente salvo; e o
elemento em que o batizando é imerso é o próprio Espírito Santo (Mt 3.11). Essa comunicação de
poder é descrita como ser cheio do Espírito. Aqueles que foram batizados com o Espírito Santo no
dia de Pentecoste também foram cheios do Espírito.
Suas características especiais - os fatos acima expostos nos levam à conclusão de que o
crente pode experimentar um revestimento de poder, experiência suplementar e subsequente à
conversão cuja manifestação inicial se evidencia pelo milagre de falar em língua por ele nunca
aprendida. A conclusão acima tem sido combatida. Alguns dizem que há muitos cristãos que
conhecem o Espírito Santo em seu poder regenerador e santificador, sem terem falado em outras
línguas. De fato, o Novo Testamento ensina que a pessoa não pode ser cristã sem ter o Espírito, isto
é, ser habitação do Espírito. ―Se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele‖ (Rm 8.9).
Martyn Lloyd-Jones afirma, ―qualquer homem que é cristão é um homem em quem o Espírito
Santo de Deus habita‖. O ponto importante é que há uma diferença, há uma distinção entre crer e ser
batizado com o Espírito Santo.
No Novo Testamento, essa experiência é assinalada por expressões como: ―descer sobre‖, ―ser
derramado‖ e ―ser cheio com‖, expressões essas que dão a ideia de algo repentino e sobrenatural.
Todas essas expressões são usadas em conexão com a experiência conhecida como o batismo no
Espírito Santo (At 1.5).
Sua evidência inicial - como sabemos que a pessoa recebeu revestimento do Espírito Santo?
Em outras palavras: Qual é a evidência de que a pessoa recebeu o batismo no Espírito Santo? A
questão não se resolve pelos quatro Evangelhos, nem tampouco se resolve pelas Epístolas. É,
portanto, evidente que o assunto deve decidir-se pelo livro de Atos dos Apóstolos que registra muitos
casos de pessoas que receberam o batismo no Espírito e descreve os resultados que se seguiram. Em

10
CEFOMTA – Centro de Formação Missiologica, Teológica e Técnicas Associadas
PROMIFE – Projeto Missões de Férias
BÁSICO EM MISSIOLOGIA
todos os casos mencionados no livro de Atos, os resultados do revestimento não são registrados; mas
onde os resultados que se seguiram são descritos, sempre houve uma expressão imediata,
sobrenatural, e exterior, convincente, não somente para quem recebeu, mas também para o povo
ouvinte, de que um poder divino dominava essa pessoa; e em todos os casos houve um falar estático
numa língua que essa pessoa nunca havia aprendido.
De acordo com Stronstad, em Atos 11.15,16, Lucas força os leitores a observar um padrão: ser
batizado no Espírito é expresso por falar em línguas e falar em línguas significa que ocorreu ―ser
batizado no Espírito‖.
Seu propósito – em Atos o Espírito Santo inicia, dirige e capacita todo avanço do evangelho
por todo o império. Jesus cumpre a profecia de João Batista de que Ele batizará o povo penitente de
Deus onde quer que o evangelho seja pregado e crido. Por conseguinte, o cumprimento inicial é o
batismo dos discípulos no Espírito Santo no dia de Pentecostes (At 2.1-21). Em seguida, em uma
variedade de cenários subsequentes, os crentes – de Samaria a Éfeso – também são batizados.
Portanto, ser batizado no Espírito Santo é coextensivo com a propagação do evangelho. O dom do
Espírito tem um propósito vocacional, comissionante e capacitador. O dom do Espírito para os
crentes em Samaria demonstra que todos, mesmo um grupo desprezado como os samaritanos, são
comissionados e capacitados para a tarefa missionária.

10. OS DONS DO ESPÍRITO SANTO


O grande pregador e pastor inglês C. H. Spurgeon, em um dos seus escritos relata a história de
uma velhinha que morava numa instituição para idosos pobres que ele certo dia visitou. Nos
pertences dessa senhora foi encontrado um documento bancário antigo, que lhe fora entregue como
lembrança por alguém muito rico. Com permissão da velinha, o pastor Spurgeon levou o documento
a um banco e ficou sabendo que se tratava de uma elevada quantia em depósito, suficiente para
aquela senhora viver bem pelo resto da vida.
Partindo desse fato, Spurgeon concluiu que muitos crentes vivem em estado de grande pobreza
espiritual por ignorarem as infinitas riquezas espirituais que estão a seu dispor, em Cristo, se as
buscarem, conforme lemos em Efésios 3.8. Neste contexto, está a riqueza dos dons espirituais. Daí
Paulo escrever aos coríntios: ―Acerca dos dons espirituais, não quero irmãos que sejais ignorantes‖
(1Co 12.1).
Definição dos dons espirituais – é uma dotação ou concessão especial e sobrenatural pelo
Espírito, de capacidade divina sobre o crente, para serviço especial na execução dos propósitos
divinos para e através da Igreja. Os dons são "faculdades divinas operando na pessoa humana",
capacitando homens e mulheres a servirem melhor a Deus no crescimento e edificação da igreja.
Nas palavras do Pr. Estêvão Ângelo de Souza, ―os dons do Espírito são os meios pelos quais os
membros do corpo de Cristo são habilitados e equipados para a realização da obra de Deus. Sem os
dons do Espírito, ao invés da Igreja ser um organismo vivo e poderoso, seria apenas mais uma
organização humana e religiosa.‖ ·
Paulo fala dos dons do Espírito (―espirituais‖, no original grego) num aspecto tríplice. São eles:
―charismata‖, ou uma variedade de dons concedidos pelo mesmo Espírito (1Co 12.4,7); ―diakonai‖,
ou variedade de serviços prestados na causa do mesmo Senhor; e ―energemata‖, ou variedades de
poder do mesmo Deus que opera tudo em todos. Referem-se a todos esses aspectos como ―a
manifestação do Espírito‖, que é dado aos homens para proveito de todos.

11
CEFOMTA – Centro de Formação Missiologica, Teológica e Técnicas Associadas
PROMIFE – Projeto Missões de Férias
BÁSICO EM MISSIOLOGIA
Classificação e significação dos dons do Espírito - o Pr. Estêvão Ângelo de Souza classifica
os dons descritos por Paulo no capítulo 12 de 1 Coríntios em três diferentes grupos, a saber:
I – DONS DE REVELAÇÃO – dons que manifestam o saber de Deus:
1) Palavra da Sabedoria (v. 8) - por essa expressão entende-se o pronunciamento ou a
declaração de sabedoria. Que tipo de sabedoria? Isso se determinará melhor notando em quais
sentidos se usa a palavra ―sabedoria‖ no Novo Testamento. É aplicada à arte de interpretar
sonhos e dar conselhos sábios (At 7.10); à inteligência demonstrada no esclarecer o significado
de algum número ou visão misteriosos (Ap 13.18; 17.9); prudência em tratar assuntos (At 6.3);
habilidade santa no trato com pessoas de fora da igreja (Cl 4.5); jeito e discrição em comunicar
verdades cristãs (Cl 1.28); o conhecimento e prática dos requisitos para uma vida piedosa e
pura (Tg 1.5; 3.13, 17); o conhecimento e habilidade necessários para uma defesa eficiente da
causa de Cristo (Lc 21.15); um conhecimento prático das coisas divinas e dos deveres
humanos, unido ao poder de exposição concernente a essas coisas e deveres e de interpretar e
aplicar a Palavra sagrada (Mt 13.54; Mc 6.2; At 6.10); a sabedoria e a instrução com que João
Batista e Jesus ensinaram aos homens o plano de salvação (Mt 11.19).
2) Palavra do Conhecimento ou Ciência (v.8) - é a revelação sobrenatural de algum fato que
existe na mente de Deus, mas que o homem, devido às suas limitações, não pode conhecer, a
não ser pela poderosa intervenção do Espírito Santo. É um pronunciamento ou declaração de
fatos, inspirado dum modo sobrenatural. Em quais assuntos? Um estudo do uso da palavra
―ciência‖ nos dará a resposta. A palavra denota: o conhecimento de Deus, tal como é oferecido
nos Evangelhos (2Co 2.14), especialmente na exposição que Paulo fez (2Co 10.5); o
conhecimento das coisas que pertencem a Deus (Rm 11.13); inteligência e entendimento (Ef
3.19); o conhecimento da fé cristã (Rm 15.14; 1Co 1.5); o conhecimento mais profundo, mais
perfeito e mais amplo da vida cristã, tal como pertence aos mais avançados (1Co 12.8; 13.2,8;
14.6; 2Co 6.6; 8.7; 11.16); o conhecimento mais elevado das coisas divinas e cristãs das quais
os falsos mestres se jactam (1Tm 6.20); sabedoria moral como se demonstra numa vida reta
(2Pe 1.5) e nas relações com os demais (1Pe 3.7); o conhecimento concernente às coisas
divinas e aos deveres humanos (Rm 2.20; Cl 2.3).
Qual a diferença entre sabedoria e ciência? Ciência é o conhecimento profundo ou a
compreensão das coisas divinas, e sabedoria é o conhecimento prático ou habilidade que
ordena ou regula a vida de acordo com seus princípios fundamentais. O dicionário de Thayer
declara que onde ciência e sabedoria se usam juntas, a primeira parece ser o conhecimento
considerado em si mesmo; a outra, o conhecimento manifestado em ação.
3) Discernimento de espíritos (v.10) - capacidade ao possuidor para determinar se o profeta
está falando ou não pelo Espírito de Deus. Esse dom capacita o possuidor para enxergar todas
as aparências exteriores e conhecer a verdadeira natureza duma inspiração.
II – DONS DE PODER – dons que manifestam o poder de Deus:
1) Fé (v.9) - Donald Gee descreve-o da seguinte maneira: uma qualidade de fé, às vezes
chamada por nossos teólogos antigos, a ―fé miraculosa‖, parece vir sobre alguns dos servos de
Deus em tempos de crise e oportunidades especiais duma maneira tão poderosa, que são
elevados fora do reino da fé natural e comum em Deus, de forma que tem uma certeza posta
em suas almas que os faz triunfar sobre tudo. Possivelmente essa mesma qualidade de fé é o
pensamento de nosso Senhor quando disse em Marcos 11.22: ―Tende a fé de Deus‖. Era uma

12
CEFOMTA – Centro de Formação Missiologica, Teológica e Técnicas Associadas
PROMIFE – Projeto Missões de Férias
BÁSICO EM MISSIOLOGIA
fé desta qualidade especial de fé que ele podia dizer, que um grão dela podia remover uma
montanha (Mt 17.20). Um pouco dessa fé divina, que é um atributo do Todo-poderoso, posto
na alma do homem — que milagres pode produzir!
2) Dons de Curar (v.9) - A pluralidade deste dom provavelmente indica que cada diferente
cura deve ser considerada uma atuação de um dom específico ou uma diversificada operação
do Espírito. Isto significa que os dons de curar operam de maneira multiforme. Jesus curava
através: da "orla" de seu vestido (Mc 5.30); da "saliva" (Mc 8.23); do "lodo" (Jo 9.6,7); de
"suas mãos" (Mc 6.5); do supremo "poder" da palavra (Mt 8.8; Jo 4.50-53).
3) Operação de Milagres (v.10) - Um milagre é um evento ou um efeito no mundo físico,
separado das leis da natureza ou que sobrepuja o nosso conhecimento dessas leis. Isto não
significa que um milagre contrarie as leis da natureza, mas que Deus, o Autor da natureza,
pode alterar uma de suas leis, para realizar obras admiráveis e espantosas aos olhos dos
homens.
III – DONS DE ELOCUÇÃO - dons que manifestam a mensagem de Deus:
1) Profecia (v.10) - profecia, geralmente falando, é expressão vocal inspirada pelo Espírito de
Deus. A profecia bíblica pode ser mediante revelação, na qual o profeta proclama uma
mensagem previamente recebida por meio dum sonho, uma visão ou pela Palavra do Senhor.
Pode ser também extática, uma expressão de inspiração do momento. O propósito do dom de
profecia do Novo Testamento é declarado em 1 Coríntios 14.3 — o profeta edifica, exorta e
consola os crentes.
2) Variedade de Línguas (v. 10) - O dom de línguas é o poder de falar sobrenaturalmente em
uma língua nunca aprendida por quem fala, sendo essa língua feita inteligível aos ouvintes por
meio do dom igualmente sobrenatural de interpretação. Parece haver duas classes de
mensagens em línguas: primeira, louvor dirigido a Deus somente (1Co 14.2); segunda, uma
mensagem definida para a igreja (1Co 14.5). Distingue-se entre as línguas como sinal e línguas
como dom. A primeira é para todos (At 2.4); a outra não é para todos (1Co 12.30).
3) Interpretação de Línguas (v.10) - Assim escreve Donald Gee: O propósito do dom de
interpretação é tornar inteligíveis as expressões do êxtase inspiradas pelo Espírito que se
pronunciaram em uma língua desconhecida da grande maioria presente, repetindo-se
claramente na língua comum, do povo congregado. É uma operação puramente espiritual. O
mesmo Espírito que inspirou o falar em outras línguas, pelo qual as palavras pronunciadas
procedem do espírito e não do intelecto, pode inspirar também a sua interpretação.

Existem também outros dons do Espírito Santo mencionados no NT que não serão detalhados
neste estudo, são:
I – Dons auxiliares (Rm 12.7,8 e 1Co 12.28) – ministério, ensinar, exortar, repartir, presidir,
exercitar misericórdia, socorros e governos.
II – Dons ministeriais (Ef 4.11 e 1Co 12.28,29) – apóstolos, profetas, evangelistas, pastores,
doutores ou mestres.

Deus está em foco na operação miraculosa de cada dom. Ele é e sempre será o operador. Cada
dom é conferido e posto em funcionamento por Ele. Apesar de haver "diversidade de dons..., de
ministérios..., de operações..., é o mesmo Deus que opera tudo em todos" (1 Co 12.4-6). Isto faz com

13
CEFOMTA – Centro de Formação Missiologica, Teológica e Técnicas Associadas
PROMIFE – Projeto Missões de Férias
BÁSICO EM MISSIOLOGIA
que haja unidade na diversidade. Assim é que temos o Pai, a primeira fonte e a origem de toda a
influência espiritual em todos; temos também o Filho, Aquele que põe em ordem em sua Igreja todos
os ministérios; e temos Espírito Santo, que habita e opera no seio da Igreja, efetuando em cada
indivíduo a medida de seus dons que Ele assim quiser fazer.

11. OS FRUTOS DO ESPÍRITO SANTO


Pela ética de Paulo, andamos no Espírito (Gl 5.16) à medida que somos conduzidos pelo
Espírito (v.18). O Espírito produz o fruto enquanto os crentes andam continuamente com a sua ajuda.
A natureza essencial do fruto é a reprodução da vida de Cristo no crente. O fruto do Espírito é
simplesmente outro meio de dizer que somos ―predestinados a ser conforme a imagem do Filho de
Deus‖ (Rm 8.29).
Esse fruto tem amplo alcance e inclui todos os tipos de posturas, virtudes e comportamentos.
Cada aspecto da vida cristã, dentro da maior amplitude possível, é obra do Espírito. O Espírito
produz o fruto em nossa vida como indivíduos com o mesmo propósito, isto é, sermos uns com os
outros da maneira como Deus é conosco.
Paulo provavelmente imaginava o fruto como um ramalhete com flores de características
diversas formando um conjunto. Em grego, a palavra karpos (fruto) funciona como um singular
coletivo e refere-se a frutos de diferentes tipos.
11.1. Amor - Esta palavra no grego é ágape, a essência do amor. Não tem nada a ver com o
amor humano, mas sim, com o amor imutável, divino e verdadeiro, a ponto de amar até o próprio
inimigo: ―Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também
o mesmo? E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os
publicanos também assim?‖ (Mt 5.46,47). ―E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo
da perfeição‖ (Cl 3.14).
11.2. Alegria - Do grego chara, é uma grande satisfação espiritual. É estar alegre mesmo em
tribulações: ―Retiraram-se, pois, da presença do conselho, regozijando-se de terem sido julgados
dignos de padecer afronta pelo nome de Jesus. E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam
de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo‖ (At 5.42).
11.3. Paz - Do grego eirene, significa aquietar o coração, não estar ansioso. É manter a calma e
a tranquilidade em meio às situações adversas: ―E a paz de Deus, que excede todo o entendimento,
guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus‖ (Fp 4.7).
11.4. Longanimidade - Do grego makrothumia, significa paciência, demorar-se em irar,
tolerância e calma para enfrentar as adversidades: ―Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo
de viver, intenção, fé, longanimidade, amor, paciência‖ (2Tm 3.10).
11.5. Benignidade - Do grego khrêstotês, é a disposição que a pessoa tem em seu caráter de
querer bem a todos, e não magoar ninguém: ―Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e
amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade‖ (Cl
3.12).
11.6. Bondade - Do grego agathôsunê, a bondade é quando alguém pratica o bem, ou seja, é o
verdadeiro amor colocado em prática: ―Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas
principalmente aos domésticos da fé‖ (Gl 6.10).
11.7. Fé - Do grego pistis, é confiar com fidelidade. É tratar com honestidade, compromisso e
fidedignidade:

14
CEFOMTA – Centro de Formação Missiologica, Teológica e Técnicas Associadas
PROMIFE – Projeto Missões de Férias
BÁSICO EM MISSIOLOGIA
11.8. Mansidão - Do grego pautes, não significa ter atitudes inertes, mas é sujeitar-se a
algumas situações, ainda que estas envolvam atitudes enérgicas em certas ocasiões. Podemos
enxergar este contexto no impasse entre Paulo e Marcos: ―E Barnabé aconselhava que tomassem
consigo a João, chamado Marcos. Mas a Paulo parecia razoável que não tomassem consigo aquele
que desde a Panfília se tinha apartado deles e não os acompanhou naquela obra. E tal contenda houve
entre eles, que se apartaram um do outro. Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre.
E Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu, encomendado pelos irmãos à graça de Deus‖ (At 15.37-39).
11.9. Domínio próprio – Do grego enkráteia. É a capacidade que a pessoa tem de se controlar.
E isto se refere a todo o tipo de controle: sobre os desejos, paixões, impulsos etc. ―Porque todos
tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para
também refrear todo o corpo‖ (Tg 3.2). ―Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas
convém. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma‖ (1Co 6.12).

12. A ASCENÇÃO DO ESPÍRITO SANTO


O que é certo de Cristo é certo do Espírito. Depois de concluir sua missão dispensacional, ele
voltará ao céu num corpo que ele criou para si mesmo, esse ―novo homem‖ (Ef 2.15), que é a igreja,
o seu corpo. A obra distintiva do Espírito é ―tomar deles um povo para o seu nome‖ (de Cristo) (At
15.14), e quando isso for realizado e houver ―entrado a plenitude dos gentios‖ (Rm 11.25), terá lugar
o arrebatamento da igreja que, nas palavras do pastor A. J. Gordon, é ―o Cristo terreno (1Co
12.12,27) levantando-se para encontrar o Cristo celestial‖.
Assim como Cristo finalmente entregará seu reino ao Pai, assim também o Espírito Santo
entregará sua administração ao Filho. Alguns têm chegado à conclusão de que o Espírito já não
estará no mundo depois que a igreja for levada. Isso não pode ser, porque o Espírito Santo, como
Deidade, é onipresente. O que sucederá é a conclusão da missão dispensacional do Espírito como o
Espírito de Cristo, depois da qual ainda permanecerá no mundo com outra e diferente relação.

BIBLIOGRAFIA

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal – ARC


Bíblia Shedd – ARA
MyBible - <https://play.google.com/store/apps/details?id=ua.mybible&hl=pt-BR>
FEE, G. D. Paulo, o Espírito e o povo de Deus. São Paulo: Vida Nova, 2015.
FERGUSON, S. B. O Espírito Santo: 1. ed. digital: Editora Os Puritanos, 2014.
GILBERTO, Antônio et al. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
GRAHAM, B. O Poder do Espírito Santo. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2009.
HORTON, S. M. A Doutrina do Espírito Santo. 8. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
LLOYD-JONES, D. M. O batismo e os dons do Espírito. Natal: Carisma, 2018.
KOSTENBERGER, A.; SWAIN, S. Pai, Filho e Espírito: A Trindade e o Evangelho de João.
São Paulo: Vida Nova, 2014.
MORRIS, L. I Coríntio: Introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2006.

15
CEFOMTA – Centro de Formação Missiologica, Teológica e Técnicas Associadas
PROMIFE – Projeto Missões de Férias
BÁSICO EM MISSIOLOGIA
PEARLMAN. M. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. São Paulo: Editora Vida, 2005.
STRONSTAD, R. A Teologia Carismatica de Lucas. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.

16

Você também pode gostar