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Edição revisada e adaptada pela

Divisão-Sul-Americana
Edição revisada e adaptada pela
Divisão-Sul-Americana
Título do original em inglês:
Seventh-day Adventist Elder’s Handbook
Direitos de tradução e publicação em
língua portuguesa reservados à
Casa Publicadora Brasileira
Rodovia SP 127 – km 106
Caixa Postal 34 – 18270-970 – Tatuí, SP
Tel.: (15) 3205-8800 – Fax: (15) 3205-8900
Atendimento ao cliente: (15) 3205-8888
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5a edição – ???????????????????????????? mil exemplares


Tiragem acumulada: 52,5 milheiros
2006

Editoração: Paulo Roberto Pinheiro e Zinaldo Santos


Tradução: Naor G. Conrado
Projeto de Capa: Marcelo Souza
Programação Visual: Alexandre Rocha

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Guia para anciãos / preparado e publicado pela


Associação Ministerial da Associação Geral dos
Adventistas do Sétimo Dia ; [tradução Naor G.
Conrado]. -- 4. ed. -- Tatuí, SP : Casa
Publicadora Brasileira, 2004

Título original: Seventh-day Adventist elder’s


handbook.

1. Adventistas do Sétimo Dia 2. Anciãos


(Administradores eclesiásticos) 3. Liderança
cristã I. Associação Ministerial da Associação
Geral dos Adventistas do Sétimo Dia.

04-4286 cdd-286.732

Índices para catálogo sistemático:


1. Anciãos : Liderança cristã : Diretrizes da
Igreja Adventista do Sétimo Dia : Cristianismo
286.732

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial,


por qualquer meio, sem prévia autorização escrita do autor e da Editora.

Tipologia: Baskerville, 12/13 – 6275/16549 – ISBN 85-345-0230-7


Sumário
Informações Gerais .................................................................................................. 7

Prefácio...................................................................................................................... 8

Capítulo 1
A Igreja e sua Organização ..................................................................................... 9
Propósito da Igreja............................................................................................ 9
Organização da Igreja ................................................................................... 15
Importância do Ancião da Igreja .................................................................. 19

Capítulo 2
Chamado e Qualificações do Ancião................................................................... 23
Chamado e Eleição......................................................................................... 23
Descrição do Trabalho ................................................................................... 24
Qualificações................................................................................................... 27
Ordenação....................................................................................................... 33

Capítulo 3
O Ancião Como Líder da Igreja ........................................................................... 37
A Equipe Pastor-Ancião................................................................................. 37
Planejamento da Igreja................................................................................... 43
Eleições da Igreja ............................................................................................ 47
Estilos de Liderança........................................................................................ 49
Comissões ........................................................................................................ 53
Normas e Disciplina da Igreja ........................................................................57
Relacionamento com a Associação/Missão................................................. 61

Capítulo 4
O Ancião Como Esteio dos Outros Líderes Locais ........................................... 64
Apoiar o Secretário da Igreja ........................................................................ 64
Apoiar os Diáconos e as Diaconisas da Igreja.............................................. 66
Apoiar o Tesoureiro da Igreja........................................................................ 67
Apoiar os Ministérios da Igreja ..................................................................... 68
Apoiar o Departamento de Comunicação ....................................................74
Apoiar a Educação Cristã .............................................................................. 75
Apoiar a Saúde e Temperança ...................................................................... 76
Apoiar o Ministério da Literatura................................................................. 77
Capítulo 5
O Ancião e o Crescimento da Igreja .................................................................... 78
Crescimento da Igreja Mundial .................................................................... 78
Crescimento da Igreja Local.......................................................................... 79
Recuperando Membros Afastados ................................................................ 86
Conservando os Novos Membros.................................................................. 89

Capítulo 6
O Ancião e o Ânimo da Igreja .............................................................................. 94
Visitação .......................................................................................................... 94
Aconselhamento Pessoal ................................................................................ 98
Ministério de Pequenos Grupos ...................................................................101
Ministério da Oração ................................................................................... 105
Atividades Sociais ......................................................................................... 109

Capítulo 7
O Ancião e o Culto ...............................................................................................110
Objetivo do Culto ..........................................................................................110
O Culto Coletivo é um Encontro de Todos com Deus...............................112
Partes do Culto...............................................................................................114
Ordem do Culto.............................................................................................118
Pregação .........................................................................................................121

Capítulo 8
O Ancião e as Cerimônias Especiais .................................................................. 125
Batismo .......................................................................................................... 125
Dedicação de Crianças ................................................................................ 129
Dedicação da Igreja...................................................................................... 132
Santa Ceia ..................................................................................................... 134
Lançamento da Pedra Fundamental .......................................................... 140
Bênção Para o Lar ........................................................................................ 142
Funerais ......................................................................................................... 144
Recepção em um Novo Distrito ...................................................................147
Oração Pelos Enfermos ................................................................................ 150
Casamento..................................................................................................... 153

Conclusão
........................................................................................................................ 155
Informações Gerais
A publicação de um Guia Para Anciãos tornou-se necessária há
muito tempo. Até recentemente, havia alguma incerteza no tocante
à entidade da Associação Geral que era responsável por treinar e
encorajar os anciãos das nossas igrejas. No entanto, em 1990, esse
privilégio foi outorgado à Associação Ministerial, a qual tomou
então a iniciativa de preparar este livro.

O esboço. – James Zachary, da Associação Ministerial, rece-


beu o encargo de dirigir os anciãos de igreja. Ele começou este pro-
jeto reunindo um grupo para as deliberações iniciais. Visto que
os anciãos, assim como os pastores, lidam com todos os departa-
mentos da Igreja, houve a presença de representantes dos diversos
departamentos da Organização Adventista. Esse grupo determi-
nou o esboço geral do livro.

O manuscrito. – A redação foi efetuada por W. Floyd Bresee,


com a ajuda de um manuscrito preliminar preparado por Dou-
glas E. Robertson, na Austrália. Desde o começo, o objetivo era
preparar um manual que pudesse ser usado em todas as partes do
mundo – o que não era fácil, tendo em vista as diferenças na obra
dos anciãos de igreja nas variadas regiões do mundo e em congre-
gações de tamanhos diferentes.
Para ajudar a alcançar esse objetivo, o manuscrito foi enviado a
anciãos de igreja, pastores e administradores ao redor do mundo.
Suas sugestões conduziram a alterações significativas.

Preparação final. – O manuscrito final foi preparado para publi-


cação por Mike Speegle e Rex. D. Edwards.
Nossos sinceros agradecimentos a estes e muitos outros que deram
algo de si mesmos para possibilitar a produção deste Guia.
Prefácio
Na Igreja Adventista do Sétimo Dia, os anciãos locais pregam
mais sermões, visitam mais membros e dão mais conselhos pesso-
ais do que os pastores. Indubitavelmente, a igreja não poderia fun-
cionar sem eles. Este Guia foi preparado para ajudar esses líderes a
compreender sua vocação e auxiliá-los em suas funções pastorais
e de liderança. Em alguns lugares, igrejas pequenas, que não têm
alguém que possa atuar como ancião, escolhem “diretores de igre-
ja” em vez de anciãos. Este material também se destina a eles.
Este Guia Para Anciãos e o Manual da Igreja devem ser conside-
rados como volumes que se complementam, e convém que todo
ancião de igreja possua os dois. O Manual da Igreja, votado pela
Igreja mundial na assembléia da Associação Geral, tem prece-
dência sobre este ou qualquer outro manual preparado para ser
usado na congregação local.
As referências às páginas do Manual da Igreja se referem sempre
à edição de 2005 do Manual.
A obra do ancião da igreja e a do pastor se acham inseparavel-
mente entrelaçadas, tanto nas Escrituras como no sistema da Igre-
ja Adventista. Por isso, grande parte deste Guia segue de perto o
Guia Para Ministros, que pode ser útil para os anciãos que desejam
aprofundar-se nas áreas que parecem ter sido muito abreviadas
neste Guia Para Anciãos.
Nossa esperança é que os pastores e os secretários ministeriais
usem este Guia para treinar os anciãos de suas igrejas. Comparti-
lhamos as palavras do apóstolo Paulo, o qual, reunindo os anciãos
da Igreja de Éfeso, admoestou-os dizendo: “Atendei por vós e por
todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bis-
pos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual Ele comprou com
o Seu próprio sangue.” Atos 20:28.
Capítulo

A Igreja e sua Organização


1
PROPÓSITO DA IGREJA
A Igreja é idéia de Deus
Onde quer que Deus atue, há organização. Focalize um micros-
cópio na menor de Suas criações. O que você vê? Uma organização
precisa e previsível. Direcione um telescópio na imensidão do Uni-
verso. O que você vê? Uma organização tão precisa e previsível que
todas as sociedades têm utilizado o Sol, a Lua e as estrelas para medir
seu tempo e orientar suas embarcações.
As pessoas que desejam tomar parte no plano de Deus e não fazer
parte de uma organização, não compreendem como Ele atua. “Mé-
todo e ordem manifestam-se em todas as obras de Deus, em todo o
Universo.” – Testemunhos Para Ministros, pág. 26. Onde quer que Deus
opere, há organização.
Uma vez que Deus é um organizador, e está envolvido na obra de
salvar pecadores, é de se esperar que Ele tenha formado uma orga-
nização para ajudá-Lo nessa obra. Isto Ele fez desde o princípio. Sua
primeira organização social foi o lar e a família. Chamamos a isso
de sistema patriarcal. Mais tarde, Ele usou uma nação – o povo de
Israel. A partir do período do Novo Testamento, o Senhor tem usado
uma comunidade de crentes, chamada para separar-se do mundo,
para formar o que chamamos de Igreja.
Deus designou os anciãos como líderes importantes nessa orga-
nização da Igreja. Eles devem amar a Igreja e servi-la eficazmente,
mas para amá-la de modo inteligente, devem primeiro compreendê-
la. Por isso é apropriado e imperativo iniciar este Guia Para Anciãos
focalizando a natureza e o propósito da Igreja.
A Bíblia usa a palavra “igreja” pelo menos de duas maneiras. Quan-
do usada no sentido geral, refere-se ao regenerado povo de Deus, em to-
dos os tempos e lugares (Mat. 16:18; I Cor. 12:28; Efés. 1:22 e 23; 3:10).
Israel foi chamado de “congregação no deserto” (Atos 7:38). Assim, a
9
Guia para Anciãos

palavra “igreja” pode referir-se ao povo de Deus em qualquer período


da História. Abrange a Igreja universal ou mundial.
Quando usada num sentido específico, a palavra “igreja” refere-se a
uma assembléia localizada, talvez numa determinada cidade (I Cor.
1:2; I Tess. 1:1). Assim, pode referir-se também a uma congregação
local específica. As duas acepções de “igreja” serão discutidas neste
livro. No entanto, como os anciãos são acima de tudo líderes da con-
gregação local, será enfatizado esse último significado da Igreja.
O plano da Igreja é divino, e não humano. Atos 2:47 estipula: “En-
quanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo sal-
vos.” A idéia de acrescentar pessoas à Igreja não se origina com o pastor,
evangelista ou presidente da Associação. É uma idéia do Senhor. Há tam-
bém algum relacionamento entre salvação e ser membro da Igreja, pois o
texto afirma que Deus acrescenta à Igreja os que estão sendo salvos.
A Igreja, hoje, é semelhante à arca nos dias de Noé. A arca de Noé,
sem dúvida, era uma embarcação imperfeita, pois foi construída por se-
res humanos. Mas quando veio a enchente, cumpriu seu papel de ajudar
a Deus no salvamento de Seu povo, pois foi construída de acordo com o
Seu plano. A Igreja é uma organização imperfeita, visto ser formada de
seres humanos. Mas cumpre seu papel de colaborar com Deus na salva-
ção de Seu povo, pois foi edificada segundo o Seu plano.
Deus está profundamente comprometido com o sucesso da organiza-
ção de Sua Igreja, a despeito de suas imperfeições. Ellen G. White insis-
tiu: “Testifico aos meus irmãos e irmãs que a Igreja de Cristo, por débil e
defeituosa que seja, é o único objeto sobre a Terra a que Ele confere Sua
suprema atenção. … E, pessoalmente, por meio de Seu Espírito Santo,
está no meio de Sua Igreja.” – Testemunhos Para Ministros, pág. 15.

A Igreja foi fundada por Cristo


Jesus referia-Se à Sua própria pessoa quando disse: “Sobre esta pe-
dra edificarei a Minha Igreja” (Mat. 16:18). Essas poucas palavras dizem
pelo menos três coisas muito significativas sobre Cristo e a Igreja: Ele a
edificou, edificou-a sobre Si mesmo, e ela é Sua Igreja. Cristo é a Cabe-
ça da Igreja (Efés. 5:23). Ele designou seus primeiros líderes (Mar. 3:14).
Ama Sua Igreja como um noivo ama sua noiva (Efés. 5:25-32). (Não. O
noivo deve amar sua noiva como Cristo ama Sua Igreja).
No Éden, Adão dormiu e surgiu Eva. No Calvário, Jesus, o segundo
Adão, adormeceu e surgiu a Igreja. Ao Eva estar diante de Adão, no
Éden, ele a amou. Ao Sua Igreja estar hoje diante de Cristo, Ele a ama.
Seja cauteloso ao criticar a Igreja, pois está criticando a noiva de Cristo.
10
A Igreja e sua Organização

Nenhum homem de bem encara levianamente as críticas à sua noiva


– mesmo que ela as mereça.
O cristão é alguém que ama a Cristo e deseja proceder como Cristo
procede. Ao considerar o nosso relacionamento com a Igreja, tudo o que
precisamos saber é o que Cristo fez, pois é o que também devemos fazer.
Efésios 5:25 afirma: “Cristo amou a Igreja e a Si mesmo Se entregou por
ela.” Melhore a Igreja. Reforme a Igreja. Mas não sem que primeiro a
tenha amado. Ser semelhante a Cristo é amar a Igreja e dar-se por ela.

Que é a Igreja?
A Bíblia usa muitas figuras para representar a Igreja: nação santa,
povo da aliança, corpo de Cristo, família de Deus, família da fé, noiva de
Cristo, sacerdócio real. A igreja local é chamada de congregação, reu-
nião ou assembléia. Que significa tudo isso? Que é realmente a Igreja?
Quatro conceitos:
1. A igreja é um grupo de cristãos. A igreja é um organismo ao
qual Cristo dá vida espiritual. Por isso não pode ser definida meramente
em termos humanos. Contudo, é muito importante ver a igreja centrali-
zada em Cristo e voltada para as pessoas. Ela não existe para seu próprio
bem como uma instituição, mas para o bem de seu povo.
A palavra “igreja” é algumas vezes usada para designar um grupo
de pessoas chamadas para fora, separadas. Embora seja verdade que os
cristãos são chamados para separar-se do mundo, eles são chamados
para estarem juntos. O cristianismo é uma religião de relacionamento.
Não pode ser plenamente compreendido no isolamento.
Para ser preciso, aqui a igreja não é um edifício onde se reúne um
grupo de pessoas, mas um grupo de pessoas que se reúne num edifício.
Há um perigo sutil em adorar em uma linda igreja, pois pode-se pressu-
por equivocadamente que a condição do edifício reflete com exatidão a
condição da igreja.
Historiadores eclesiásticos acreditam que pode ter havido cerca de
cinco milhões de pessoas convertidas ao cristianismo durante o pri-
meiro século. Mas, nesse período, quando a Igreja estava em seu auge
espiritual, não há menção de edifícios de igreja. Por outro lado, duran-
te o período de trevas espirituais na história da Igreja, ela edificou seus
edifícios mais suntuosos. A igreja deve ser avaliada pela espiritualidade
de seu povo, não pela magnificência de seus edifícios.
A Igreja não deve nem mesmo concentrar-se na doutrina, com ex-
clusão das pessoas. Ela não existe por causa de suas doutrinas, mas por
causa de seu povo. Cada doutrina deve ser defendida, não somente com
11
Guia para Anciãos

base em sua veracidade, mas também de sua contribuição para que as


pessoas se tornem semelhantes a Cristo. A verdade e a doutrina são sig-
nificativas para Deus – mas apenas quando ajudam as pessoas.
Não deve haver hierarquia na Igreja de Cristo. Ele ensinou: “Vós,
porém, não sereis chamados mestres, porque um só é vosso Mestre,
e vós todos sois irmãos. … Mas o maior dentre vós será vosso servo.”
Mat. 23:8 e 11. O relacionamento entre os líderes e os liderados na
Igreja de Cristo não deve ser o de senhor e servo, mas o de irmãos e
irmãs. A liderança é necessária e deve ser respeitada. Mas os líderes
da Igreja, incluindo os anciãos, devem ser líderes que servem.
Não deve haver discriminação na Igreja de Cristo com base na
raça, classe ou sexo. “Dessarte não pode haver judeu nem grego; nem
escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois
um em Cristo Jesus.” Gál. 3:28.
Para ser cristã, a Igreja deve examinar-se constantemente, para que
não se torne centralizada em instituições, em edifícios, ou mesmo em dou-
trinas. A Igreja de Cristo centraliza-se nEle e está voltada para as pessoas.
2. A igreja é um grupo de pessoas cristãs chamadas
para separar-se do mundo e que estão aprendendo a amar
a Deus e uns aos outros. Atente para três partes importan-
tes dessa frase significativa:
a) “Chamados para separar-se do mundo.” A igreja é composta por
pessoas chamadas por Deus (I Ped. 2:9). É constituída pela
ação de Deus. Seus membros são os “escolhidos de Deus”,
Seus eleitos. Deus inicia o chamado, as pessoas respondem.
Deus chama Sua Igreja do mundo. Ela deve estar no mun-
do, mas não ser do mundo. Uma igreja que se assemelha ao
mundo terá pouco sucesso em atrair pessoas para separar-se
do mundo.
b) “Aprendendo a amar.” Cristianismo é um viver centralizado no
amor. Os bebês nascidos neste mundo pecaminoso não nascem
amando. Nascem com a necessidade de serem amados e com a
possibilidade de amar, mas são muito egocêntricos. Como um
bebê aprende a amar? Deus preparou uma instituição chamada
lar, onde, cercadas de amor, as crianças aprendem a amar.
Os cristãos que nasceram de novo não saem do batistério
com a capacidade de amar plenamente. Como esses bebês
em Cristo aprendem o amor cristão? Deus preparou um or-
ganismo chamado igreja, onde, cercados por cristãos amo-
rosos, aprendem a amar a Cristo.
12
A Igreja e sua Organização

Nunca se deve supor que a igreja é composta por pessoas


que já aprenderam a amar plenamente como os cristãos de-
vem fazer. A igreja não é um museu, mas uma oficina. Em
um museu, as peças, há muito concluídas, são alinhadas num
mostruário. O museu é um lugar muito silencioso porque qua-
se nada está sendo preparado ali. Por outro lado, numa oficina,
alguns itens estão nas etapas iniciais, outros semi-acabados, e
ainda outros quase prontos. Está havendo mudanças. As coisas
estão acontecendo. Uma igreja é semelhante a isso. Deve-se es-
perar que seu povo esteja em todos os estágios de aprendizado
do amor cristão e ocupado nesse processo.
c) “Amar a Deus e uns aos outros.” O “grande” mandamento de Cristo
foi que amássemos a Deus (Mat. 22:37-39). A igreja não é um
clube social. Seu enfoque principal não está em divertirem-se uns
aos outros, mas em amar a Deus. Por outro lado, sua ênfase se-
cundária está em se amarem uns aos outros. Os seres humanos
não têm outra forma de saber se o seu amor por Deus é genuíno,
a não ser que ele os ajude a se amarem uns aos outros.
No companheirismo da igreja, os membros aceitam e aco-
lhem uns aos outros como sendo um em Cristo (Efés. 4:32).
A unidade na igreja é a prova de Cristo, para os que não
fazem parte dela, de que há poder no evangelho. “Nisto co-
nhecerão todos que sois Meus discípulos, se tiverdes amor
uns aos outros.” João 13:35.
3. A igreja é um grupo de cristãos comunicando-se com o
mundo e convidando outros para estar nela. Qualquer igreja que
assume sua missão com seriedade estará em constante tensão entre o ato
de separar-se e de comunicar-se. A igreja que se concentra num desses
aspectos em detrimento do outro, está fora de equilíbrio. O propósito de
Cristo era que Sua Igreja se separasse da pecaminosidade do mundo, sem-
pre com o braço estendido em amor, para servir e salvar o mundo.
A igreja muitas vezes é tentada a ficar totalmente absorvida contem-
plando-se a si mesma – a suas reuniões, comissões, edifícios, crianças,
membros, enfim, a si mesma. Mas a igreja verdadeiramente cristã olha
tudo o que faz à luz da maneira de comunicar-se com sua comunidade,
convidando visitantes e sendo cordial com eles, fazendo com que os peca-
dores se sintam bem-vindos.
Para ser cristã, uma igreja deve ter normas para seus membros, pa-
drões mais elevados para a liderança, mas não precisa ter padrões para
amizade cristã. Se os pecadores que buscam a salvação não se sentirem
13
Guia para Anciãos

bem em sua igreja, ela não é cristã, seja qual for a doutrina que ensine.
Pois os pecadores sempre se sentiam bem na companhia de Cristo.
Seria proveitoso que pessoas não adventistas ou cristãs freqüen-
tassem sua igreja? Elas compreenderiam o que é dito ali? Aqueles
que promovem um estilo de vida adventista poderiam causar-lhes
algum embaraço ou desencorajá-las? Como ancião e líder da igreja,
coloque-se, de vez em quando, em lugar de quem não é membro e
está visitando sua igreja pela primeira vez. Há algo que realmente
faça com que você deseje voltar?
Cada membro da igreja deve ser um ministro. “De sorte que so-
mos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por
nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos recon-
cilieis com Deus.” II Cor. 5:20.
Cada membro da igreja, ao receber o Espírito Santo, recebe um dom
espiritual para ser usado no ministério da conquista de almas. “A uns esta-
beleceu Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profe-
tas, em terceiro lugar mestres, depois operadores de milagres, depois dons
de curar, socorros, governos, variedades de línguas.” I Cor. 12:28.
4. A igreja é um lugar de cura para pessoas feridas. A
enfermaria do pronto-socorro de um hospital continha o seguinte
cartaz afi xado na parede: “A dor termina aqui.” Que boa notícia
para os feridos e gravemente enfermos! Os hospitais acabam com a
dor. Em muitos países, os hospitais são locais dispendiosos para se ir,
mas as pessoas continuam indo até lá assim mesmo, pois ninguém
deixa de ir aonde é detida a sua dor.
Que bênção seria se toda igreja adventista do sétimo dia pudesse
colocar honestamente no púlpito um cartaz com os dizeres: “A dor
termina aqui.” As pessoas viriam aos montes a um lugar que detives-
se sua dor espiritual.
Há muitas definições para membros apostatados ou inativos. Al-
guns os têm na conta de mundanos, infiéis ou desertores. No entanto,
o membro apostatado ou inativo talvez seja simplesmente alguém
cuja dor a igreja não conseguiu sanar.
Que é a igreja? Nenhuma outra ilustração retrata melhor o seu
propósito do que a das manadas africanas que se reúnem num gran-
de círculo, com os chifres apontados para fora, quando um leão está
à espreita. Dentro do grande círculo há um círculo menor. E nesse
círculo estão os animais velhos e os novos, os doentes e os fracos
– exatamente os que o leão procura. Se, porém, o círculo permanece
unido e intacto, é inexpugnável. O leão vai continuar faminto.
14
A Igreja e sua Organização

A Bíblia diz: “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário,


anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devo-
rar.” I Ped. 5:8. A igreja é um grupo de cristãos que formam um círculo de
defesa contra Satanás. Os mais fortes ficam entre o diabo e os mais fracos,
dizendo: “No nome de Cristo declaramos que esses são nossos. Aqui esta-
mos para defendê-los. Você não pode atacá-los!” Assim é a Igreja cristã.

ORGANIZAÇÃO DA IGREJA
A organização é necessária, não apenas porque Deus a ordenou, mas
porque a Igreja recebeu uma tarefa de tão enormes proporções que a or-
ganização se torna necessária para que as coisas funcionem. Uma empresa
que não tenha organização irá à falência. Um governo sem organização
provocará o caos. Mas, que tipo de organização a Igreja deve ter?

Modelos bíblicos
Note três modelos bíblicos de organização da Igreja:
1. Modelo de Israel. A organização de Israel era precisa e detalha-
da. Em sua marcha através do deserto, eles iam em “exércitos”
(Núm. 10:28). Foram divididos em doze tribos, com um príncipe
sobre cada uma, e posteriormente em grupos de mil, cem, cin-
qüenta e dez (Deut. 1:15; Êxo. 18:21 e 22). Cada tribo tinha sua
posição determinada, tanto no acampamento como na marcha.
2. Modelo do corpo. Um dos modelos mais vívidos e úteis de ordem
e união orgânica na igreja provém da ilustração de Paulo, mui-
tas vezes repetida, de que a igreja se assemelha a um corpo.
O corpo humano tem cabeça, braços, pernas e tronco, bem
como partes internas vitais (I Cor. 12:12-28). Embora essas
partes variem consideravelmente no aspecto, posição e fun-
ção, cada uma delas é essencial. Todo o corpo depende de que
cada parte desempenhe sua tarefa.
Paulo diz que a igreja, o corpo de Cristo, funciona da mes-
ma maneira. Os membros, oriundos de numerosas e diversas
formações raciais e sociais, são muito diferentes uns dos outros.
Mas todos fazem parte de um só corpo. “Pois, em um só Es-
pírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus,
quer gregos, quer escravos, quer livres.” I Cor. 12:13.
Quando passa a fazer parte do corpo, cada membro
deve desempenhar uma função específica. O Espírito Santo
chama cada um para um ministério peculiar na igreja. Cada
15
Guia para Anciãos

um é dotado pelo Espírito para desempenhar esse ministério


com sucesso. “Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas
estas coisas, distribuindo-as, como Lhe apraz, a cada um, in-
dividualmente. … A manifestação do Espírito é concedida a
cada um, visando a um fim proveitoso.” I Cor. 12:11 e 7.
Assim como no corpo humano, onde a função de cada parte
é vital para a saúde da pessoa, no corpo de Cristo a participa-
ção de cada membro também é importante para a saúde da
igreja. Por meio do uso de seus dons espirituais individuais, cada
membro contribui com algo especial para o seu crescimento e
unidade. Se cada parte funcionar, a igreja prospera.
A cabeça dirige o corpo. E a cabeça da Igreja é Cristo (Col. 1:18).
O corpo é uma extensão de Sua vontade. Faz na Terra o que Ele
faria se estivesse aqui. Por meio de Seu Santo Espírito, equipa cada
igreja local com todo dom necessário para que ela realize com êxito
a obra que o Senhor a incumbiu de fazer para Ele.
3. Modelo do Novo Testamento. O modelo da Igreja Primitiva é o de uma
organização se desenvolvendo gradualmente à medida que sur-
gem as necessidades. O primeiro grupo organizacional consistia
do concílio dos apóstolos em Jerusalém (Atos 6:2; 8:14). Quando
os números e as necessidades aumentaram consideravelmente, fo-
ram escolhidos outros líderes para aliviar os apóstolos do trabalho
para o qual não tinham sido designados (Atos 6:2-4). Por fim, as
igrejas, em algumas áreas, ao que parece, se agruparam em or-
ganizações similares ao que hoje chamamos de Associações (Gál.
1:2). Reforçando e orientando essa organização que se expandia
cada vez mais, estava a admoestação de Paulo: “Tudo, porém, seja
feito com decência e ordem.” I Cor. 14:40.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia tem moldado sua organiza-
ção de acordo com o modelo da Igreja do Novo Testamento.

Organização adventista do sétimo dia


A comissão evangélica do Salvador, de levar o evangelho ao mundo
inteiro (Mat. 28:19 e 20) é uma tarefa gigantesca. Todas as denominações,
até certo ponto, aceitam essa responsabilidade; mas os adventistas do sé-
timo dia são os únicos que se sentem responsáveis pela proclamação das
Mensagens dos Três Anjos “a cada nação, e tribo, e língua e povo” (Apoc.
14:6). Toda igreja local que se concentre apenas nas atividades locais perde
a singular visão mundial adventista. Os adventistas do sétimo dia crêem
que a obra não será concluída até que o seja em todas as partes.
16
A Igreja e sua Organização

Essa visão mundial constitui um impressionante desafio organiza-


cional que precisa ser compreendido pelos anciãos locais e suas igrejas,
antes que possam apreciar devidamente a organização adventista:
a) a tarefa é imensa, por isso a organização precisa ser eficiente;
b) a tarefa é global, por isso deve haver suficiente autoridade dele-
gada para que os níveis governamentais, fora da congregação
local, assegurem a distribuição eqüitativa, no mundo inteiro,
de pessoal e de recursos financeiros;
c) a tarefa é multinacional e multicultural, por isso a organiza-
ção deve ser flexível.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia surgiu de um grupo de reforma-
dores que se desligaram de outras organizações denominacionais. Assim,
havia relutância em iniciar outra organização – não poderia vir a ser igual
às que eles abandonaram? Mas a necessidade de organização logo supe-
rou o ceticismo em relação a ela.
Note os cinco motivos para a organização da Igreja, apresentados
em um resumo de Ellen G. White:

Aumentando o nosso número, tornou-se evidente que


sem alguma forma de organização, haveria grande confu-
são, e a obra não seria levada avante com êxito. A organi-
zação era indispensável para prover a manutenção do mi-
nistério, para levar a obra a novos campos, para proteger
dos membros indignos tanto as igrejas como o ministério,
para a conservação das propriedades da igreja, para a pu-
blicação da verdade pela imprensa, e para muitos outros
fins. – Testemunhos Para Ministros, pág. 26.

Quatro formas de governo da Igreja


Normalmente, a organização das igrejas é concebida sob um dos
seguintes tipos de governo:
1. Papal, em que o papa tem autoridade suprema.
2. Episcopal, em que a autoridade final recai sobre os bispos da igreja.
3. Congregacional, em que a autoridade plena, dentro de seus
domínios, recai sobre a congregação local.
4. Representativo, em que a autoridade recai sobre os membros
da igreja, mas a responsabilidade pelo planejamento e coorde-
nação é delegada a outros níveis. A Igreja Adventista do Sétimo
Dia segue essa forma representativa de governo eclesiástico.
O trabalho de cada nível de governo da Igreja Adventista do
17
Guia para Anciãos

Sétimo Dia é revisado em “assembléias” periódicas. Nessas assembléias,


são apresentados relatórios, os líderes prestam contas e é escolhida a lide-
rança para o novo período. Os delegados a essas assembléias são tipica-
mente escolhidos pelas entidades que se encontram imediatamente abai-
xo da que está sendo revisada. Por exemplo, antes de uma assembléia da
Associação, cada igreja local escolhe os delegados de sua congregação
para representá-la na assembléia.

Níveis da organização adventista do sétimo dia


Há quatro níveis de organização administrativa na Igreja Adventista
do Sétimo Dia. São os seguintes:
1. A igreja local, um corpo organizado de crentes individuais.
Quando um grupo ainda não organizado como igreja cres-
ceu em número de membros e em maturidade espiritual,
tendo demonstrado suficientes dons espirituais para sua
própria manutenção e para testemunhar em sua comu-
nidade, e sendo capaz de demonstrar que tem suficientes
recursos financeiros para manter-se a si mesmo, pode apre-
sentar à Missão ou Associação local o pedido de que lhe
seja concedido o status de igreja organizada local, e que seja
incluído na irmandade das igrejas (ver detalhes na pág. 209
do Manual da Igreja, revisado em 2005). Antes desse tempo,
o grupo, em conselho com o pastor do distrito ou algum
outro representante da Associação/Missão, pode formar
uma congregação. Quando a Associação ou Missão local
tiver a certeza de que essa congregação está pronta para
assumir o status de igreja organizada, um representante da
Associação/Missão reunirá a congregação e realizará sua
mudança de status de grupo (ou congregação) para igreja
organizada.
2. A Associação ou Missão local, um corpo organizado de igre-
jas de um Estado, município ou território específico.
3. A União-Associação ou União-Missão, um conjunto de Associa-
ções ou Missões dentro de um território mais amplo.
4. A Associação Geral, a mais ampla unidade da organização,
sediada nos Estados Unidos e representada em determinadas
áreas geográficas por suas Divisões. Uma Divisão, portanto,
não é um nível administrativo da Igreja, mas uma extensão
da Associação Geral para determinada região do mundo
composta por várias Uniões.
18
A Igreja e sua Organização

Instituições
O perfil da organização da Igreja Adventista do Sétimo Dia ficará in-
completo se não forem mencionadas as instituições da Igreja. Desde o seu
início, a estrutura denominacional incluiu instituições educacionais, médi-
cas, de publicações e outras, organizadas separadamente, destinadas a de-
sempenhar uma parte significativa no cumprimento da missão da Igreja.
Autoridade da Associação Geral. A Associação Geral, em assembléia,
e sua comissão executiva, entre as assembléias, é a organização mais
elevada na administração da obra da Igreja no mundo inteiro. Ellen
G. White aconselhou:

Nunca deve a mente de um homem ou de uns poucos ho-


mens ser considerada suficiente em sabedoria e autoridade para
controlar a obra, e dizer quais os planos que devam ser segui-
dos. Mas quando numa assembléia geral, é exercido o juízo dos
irmãos reunidos de todas as partes do campo, independência
e juízo particulares não devem obstinadamente ser mantidos,
mas renunciados. – Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 408.

Finanças. Uma organização global, como a Igreja Adventista do Sé-


timo Dia, não pode funcionar a menos que tenha um sistema finan-
ceiro eficiente voltado para o cumprimento da missão.
A principal fonte de renda da Igreja Adventista são os dízimos rece-
bidos dos membros que fielmente seguem o plano de Deus (Mal. 3:10). A
Igreja possui critérios rigorosos no emprego de seus fundos para a manu-
tenção do mininstério pastoral e da obra evangélica local e mundial.
Este método de partilhar o dinheiro dado na igreja local é uma prova prá-
tica da crença da congregação de que faz parte de um movimento mundial.
As rendas adicionais são recebidas através das diversas ofertas da
Igreja. O apelo anual da Recolta, conduzido pelas igrejas em suas
comunidades locais, também auxilia no trabalho beneficente e edu-
cacional da Igreja.

IMPORTÂNCIA DO ANCIÃO DA IGREJA


A Igreja, assim como qualquer outra organização, só prospera
quando é bem liderada. Jesus Cristo é o líder principal da Igreja (Efés.
1:23; Col. 1:18). Em certo sentido, a Igreja é uma monarquia, e Cristo
é seu Rei. Por Sua vez, Cristo prepara, escolhe e designa outras pesso-
as para trabalharem com Ele na condução de Sua Igreja.
19
Guia para Anciãos

As Escrituras nos lembram de tais líderes dinâmicos como Moisés, Elias, Da-
niel, Pedro e Paulo. Contudo, é um erro pensar que esses “nomes de destaque”
eram os únicos líderes atuando na Igreja. Ao longo das Escrituras, vê-se que
havia outros níveis de liderança atuando; e, embora muitas vezes esquecidos,
contribuíram em grande medida para o desenvolvimento da Igreja.
O próximo nível de liderança foi provido pelos anciãos nas congrega-
ções locais. O termo “ancião” (ou bispo ou presbítero) é usado 194 vezes
na Bíblia, e geralmente se refere a uma posição de liderança na igreja
local. É usado com mais freqüência no Antigo Testamento do que no
Novo. Servindo fielmente em suas sinagogas e entre suas comunidades
cristãs espalhadas pelo mundo, esses anciãos, trabalhando diretamente
com o povo, mantinham a Igreja de Deus unida e contribuíram para
manter viva sua missão no mundo.

Os anciãos do Antigo Testamento


A palavra “ancião”, no Antigo Testamento, não significa necessa-
riamente uma pessoa idosa, mas envolve alguém que possui maturi-
dade e experiência. Designa pessoas em posição oficial, como chefes
de famílias ou tribos (Gên. 50:7: Êxo. 3:16; II Sam. 5:3).
Quando Moisés tentou levar sozinho toda a carga da liderança,
Deus lhe deu uma mensagem por intermédio de Jetro, seu sogro.
Referindo-se à tentativa de Moisés carregar sozinho todo o fardo
da liderança de Israel, Jetro disse: “Não é bom o que fazes. Sem
dúvida desfalecerás, assim tu, como este povo que está contigo: pois
isto é pesado demais para ti; tu só não o podes fazer.” Êxo. 18:17 e
18. Por meio desta experiência no início da história de Israel, Deus
estava ensinando a Sua Igreja uma lição que muitos líderes ainda
não aprenderam – a autoridade da liderança deve ser delegada. A
responsabilidade da liderança deve ser compartilhada.
“Disse o Senhor a Moisés: Ajunta-Me setenta homens dos anciãos
de Israel, que sabes serem anciãos e superintendentes do povo; e os
trarás perante a tenda da congregação, para que assistam ali contigo.
Então descerei e ali falarei contigo; tirarei do Espírito que está sobre ti,
e o porei sobre eles: e contigo levarão a carga do povo, para que não a
leves tu somente.” Núm. 11:16 e 17.
A Inspiração nos diz mais sobre as qualificações desses anciãos:
“Ao escolher setenta anciãos para com eles repartir as responsabi-
lidades da liderança, Moisés foi cuidadoso em selecionar para seus au-
xiliares homens que possuíssem dignidade, são juízo e experiência. Em
suas instruções a esses anciãos ao tempo em que foram ordenados, ele
20
A Igreja e sua Organização

esboçou algumas das qualificações que habilitam um homem a ser diri-


gente sábio na igreja. ‘Ouvi a causa entre vossos irmãos’, disse Moisés, ‘e
julgai justamente entre o homem e seu irmão, e entre o estrangeiro que
está com ele. Não atentareis para pessoa alguma em juízo; ouvireis as-
sim o pequeno como o grande. Não temereis a face de ninguém, porque
o juízo é de Deus.’ Deut. 1:16 e 17.” – Atos dos Apóstolos, pág. 94.
Anciãos ainda estavam desempenhando deveres similares em Is-
rael no tempo de Cristo (Mat. 15:2; 21:23; 26:3 e 47).

Anciãos no Novo Testamento


O Novo Testamento refere-se ao trabalho do ancião como “excelente
obra” (I Tim. 3:1). No Novo Testamento, as palavras “ancião”, “bispo”
e “presbítero” são usadas intercaladamente com o mesmo significado (I
Tim. 3:1-7; Tito 1:5-9; Atos 20:17 e 28). O título aponta para a função
de guardião espiritual da congregação (I Ped. 5:1-3). O cargo de ancião
na Igreja do Novo Testamento foi evidentemente sugerido pelo cargo de
ancião entre os judeus, e era investido de autoridade similar.
Os anciãos existem praticamente desde o começo da Igreja cristã. No
ano 44 d.C. eles já existiam na Igreja de Jerusalém (Atos 11:30). Em sua
primeira viagem missionária, Paulo promoveu “em cada igreja a eleição
de presbíteros” (Atos 14:23). Os anciãos estavam associados com os após-
tolos no governo da Igreja (Atos 15:2, 4, 6, 22 e 23; 16:4). Eram os bispos
ou administradores das igrejas locais (Atos 20:17 e 28; Tito 1:5), tendo o
cuidado espiritual da congregação, exercendo o domínio e dando instru-
ções (I Tim. 3:4 e 5; 5:17; Tito 1:9; Tia. 5:14; I Ped. 5:1-4).
De acordo com as Escrituras, parece que havia dois tipos princi-
pais de liderança na igreja do Novo Testamento:
1. Os apóstolos, que cuidavam do ensino, planejamento, adminis-
tração e evangelismo geral da igreja. Eles eram, normalmente,
obreiros itinerantes, cujo trabalho, muitas vezes, ia além das
fronteiras de seu país.
2. Os anciãos, que desempenhavam determinados deveres pas-
torais nas congregações locais. Esses anciãos fiéis exerciam
o dom espiritual de liderança e proviam um ministério que
fortalecia e orientava a igreja local.

Anciãos adventistas do sétimo dia


Durante a Idade Média, desenvolveu-se o conceito da separação en-
tre clero, constituído pelos líderes eclesiásticos, e leigos, os quais eram os
membros da igreja em geral. O clero assumiu em grande parte o trabalho
21
Guia para Anciãos

eclesiástico. A Igreja Adventista do Sétimo Dia ainda luta para superar essa
tradição medieval, buscando restaurar o conceito bíblico de que todos os
crentes são ministros (Efés. 4:11 e 12). Os membros em geral e os anciãos
em particular precisam ter uma visão mais ampla de sua importância e
responsabilidade na igreja e sua obra.
História dos anciãos adventistas. O trabalho do ancião local evoluiu
gradativa e continuamente durante a breve história da Igreja Adven-
tista do Sétimo Dia. A Enciclopédia Adventista traça a evolução do ancião
adventista: as primeiras igrejas adventistas parecem haver eleito diáco-
nos, mas não anciãos. Em 1854 e 1855, José Bates e J. B. Frisbie escre-
veram sobre dois tipos de líderes principais da Igreja: os que viajavam
de igreja em igreja e os que tinham o cuidado pastoral de uma igreja.
Em 1861, J. N. Loughborough, Moses Hull e M. E. Cornell foram
indicados para estudar o modelo bíblico de organização da Igreja. Eles
chegaram à conclusão de que a eleição e a ordenação de anciãos e de
diáconos, nas igrejas locais, estavam claramente prescritas.
Em 1874, G. I. Butler escreveu que o cargo de ancião era reconhe-
cido como o principal cargo na igreja. Os poderes dos anciãos eram,
porém, limitados, já que o corpo da igreja era a autoridade decisiva.
Por volta de 1875, a Igreja concordou em que os anciãos deviam visi-
tar os membros, buscar os errantes, batizar e realizar os ritos na ausência
do evangelista, e também convocar reuniões administrativas.
O Manual da Igreja estipula: “Na obra e organização da igreja, se não foi
provido um pastor pela Associação/Missão, o cargo de ancião destaca-se
como o mais elevado e o mais importante.” (Manual da Igreja, pág. 49).
A Associação Ministerial assumiu a responsabilidade de apoiar e ca-
pacitar os anciãos locais e suas respectivas esposas. O objetivo é que pas-
tores e anciãos formem uma equipe forte, dedicada e missionária. Assim
eles poderão prover a liderança espiritual que nossas igrejas necessitam.
A Divisão Sul-Americana publica uma revista exclusiva para os
anciãos a cada trimestre, a Revista do Ancião. Essa revista traz orienta-
ções sobre liderança e procedimentos eclesiásticos; esclarece questões
doutrinárias relevantes, além de conter sermões e outras matérias e
artigos destinados aos anciãos.
A Igreja depende dos anciãos. Aos sábados, a maior parte dos púlpitos ad-
ventistas é ocupada por anciãos. Há regiões na América do Sul em que um
pastor atende a dezenas de congregações. Nos grandes centros urbanos essa
proporção é bem menor, mas ainda assim, há poucos pastores para atender
o elevado número de igrejas em nosso território. Devido a essa realidade, os
anciãos assumem importância vital para o atendimento a essas igrejas.
22
Capítulo

Chamado e Qualificações
2
do Ancião
CHAMADO E ELEIÇÃO
Todo membro da Igreja de Deus é chamado para algum ministério.
Todos são parte de um sacerdócio de crentes chamados do mundo para
ministrar por Cristo. Este ministério sacerdotal serve tanto a pessoas de
dentro como de fora da Igreja. Os anciãos, assim como todos os mem-
bros do corpo de Cristo, são divinamente chamados para o seu ministé-
rio. Na verdade, há duas fontes para a designação de anciãos: 1) eles são
chamados por Deus, e 2) são eleitos por sua congregação.

Chamados por Deus


O chamado para ser ancião vem de Deus. A igreja reconhece os
dons dos anciãos para a liderança e os elege como oficiais. Deus con-
cede os dons necessários e cria a oportunidade, orientando a igreja
na sua seleção. A consciência de que o chamado tem origem divina
ajuda os anciãos a apreciarem melhor a seriedade e importância de
sua tarefa de liderança.

Eleitos pela congregação


Mesmo sentindo que foram chamados por Deus, os anciãos não
ocupam posição oficial ou de autoridade na igreja, a menos que também
tenham sido eleitos pela congregação. O ancionato não deveria ser dado
a pessoas que ambicionam a posição como um meio de aumentar sua
influência e autoridade pessoal. Os anciãos não devem ser eleitos pelo fato
de ocuparem uma posição de importância na comunidade. Não devem
ser escolhidos por haverem sido bem-sucedidos nos negócios ou porque
dão grandes quantias de dinheiro para a igreja. Os anciãos devem ser
escolhidos porque a igreja reconhece que foram chamados por Deus e por
ver neles as qualificações necessárias para seu trabalho.
23
Guia para Anciãos

Como todos os outros oficiais da igreja, os anciãos são normalmente


eleitos por um ou dois anos, segundo a determinação da igreja local. A
igreja pode reelegê-los, mas não tem a obrigação de fazê-lo. Os anciãos
que atualmente não foram eleitos pela igreja não têm autoridade na con-
gregação, a despeito de sua posição e ordenação anterior.

DESCRIÇÃO DO TRABALHO
Embora se devam considerar as enormes diferenças culturais, regio-
nais e também pessoais, podemos afirmar que a descrição do trabalho do
ancião é determinada por cinco fatores: 1) o tamanho da congregação, 2)
a disponibilidade do pastor, 3) o plano do pastor para envolver os anciãos,
4) os dons do ancião e 5) a disposição do ancião para trabalhar.
Inicialmente, sugeriremos algumas áreas da descrição do trabalho
comuns a quase todos os anciãos; então focalizaremos a descrição do
trabalho numa igreja pequena; e por fim numa igreja grande.

Descrição de trabalho comum


A Bíblia não faz uma descrição de trabalho detalhada para os
anciãos. Nem sempre podemos dizer qual é o significado da palavra
“ancião” nas passagens que descrevem a organização da Igreja do
Novo Testamento. Algumas vezes significa uma pessoa idosa. Outras
vezes refere-se a um dos apóstolos (II João 1:1; III João 1:1). E ainda
outras, aos líderes de igrejas locais distintos dos apóstolos (Atos 15:2,
4 e 6). Reunindo, porém, todas as passagens do Novo Testamento
que mencionam a palavra “ancião(s)”, podemos ter uma compreen-
são geral do trabalho dos anciãos locais:
1. Eram designados anciãos em cada congregação, e eles de-
sempenhavam portanto uma parte importante na Igreja
Primitiva (Atos 14:23; Tito 1:5).
2. Eram altamente respeitados (I Tim. 5:17 e 19; 3:1).
3. Desempenhavam uma liderança significativa e responsabilida-
des administrativas (Atos 11:30; 15:2, 4, 6, 22 e 23; 16:4; 20:17
e 28; 21:18; 22:5).
4. Faziam oração por pessoas doentes e as ungiam (Tia. 5:14).
5. Deviam ser pastores (não servindo por ganho pessoal e não
tendo atitudes dominadoras), administradores e exemplos (I
Ped. 5:1-4; Atos 20:17 e 28).
Resumindo, a descrição do trabalho dos anciãos deve incluir pelo
menos três ênfases:
24
Chamado e Qualificações do Ancião

Liderança espiritual. Os anciãos devem ser respeitados por suas


congregações e ser capazes de falar bem. Contudo, não devem ser esco-
lhidos principalmente por causa de sua posição social, ou de sua capaci-
dade de oratória, mas por causa de sua vida consagrada e capacidade de
liderança. Paulo diz que o ancião deve ser “irrepreensível, esposo de uma
só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar;
não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas,
não avarento” (I Tim. 3:2 e 3).
Supervisão geral, junto com o pastor. Atos 20:28 e I Pedro
5:2 transmitem a idéia de que os anciãos são supervisores. Isto denota
que, no conceito de sua igreja, eles tenderiam a ser mais generalistas
do que especialistas, já que, em cooperação com o pastor, dariam su-
pervisão e liderança a cada aspecto da atividade congregacional.
Supervisar não significa fazer todo o trabalho sozinho. Antes, os su-
pervisores da igreja mantêm um olhar vigilante sobre cada atividade e
departamento. Os anciãos dão encorajamento e apoio aos demais ofi-
ciais da igreja. Como bons supervisores, não dominarão seus supervi-
sados, mas incluirão a outros na tomada de decisões. Os anciãos estão
envolvidos, por meio das comissões da igreja e com os membros indi-
viduais, no planejamento, na provisão de pessoal, no treinamento e na
orientação de todo o programa da igreja.
Os anciãos devem estar comprometidos com o trabalho missionário.
A congregação necessita saber que seus líderes têm clara visão da missão
da Igreja. Os anciãos devem desenvolver habilidades na liderança do
culto. Mediante solicitação do pastor, ou na ausência deste, podem atuar
como presidentes de comissões e reuniões administrativas.
Encorajamento. Atos 20:28 e I Pedro 5:2 também estipulam que os
anciãos não somente supervisionem, mas pastoreiem. Eles são subpasto-
res, trabalhando sob a orientação de seu pastor e junto com ele. Como
pastores, sua responsabilidade é encorajar seu rebanho e cuidar dele.
Os pastores pastoreiam o rebanho como um todo. Eles devem, é cla-
ro, estar interessados nos membros individuais da igreja, mas seu tempo e
mesmo seus dons são limitados. Além disso, os pastores mudam com mais
freqüência do que os anciãos. Os membros precisam unir-se a anciãos
que sejam mais estáveis na comunidade. O encorajamento individual dos
membros deve ser uma responsabilidade especial dos anciãos.
Os anciãos devem aconselhar, encorajar, e orar pelos doentes, pelos de-
sanimados e por qualquer pessoa com problemas especiais. O ideal é que
trabalhem junto com a esposa na visitação aos lares. Isto inclui ministrar a
Santa Ceia aos doentes impossibilitados de comparecer à igreja.
25
Guia para Anciãos

Os anciãos não devem esquecer que os pastores e suas famílias tam-


bém necessitam de apoio. Se os anciãos não proverem isso, quem o fará?
Algumas vezes os anciãos organizam uma comissão de apoio à família
pastoral, dedicada a ajudar a família do pastor a ser bem-sucedida e a
se sentir amada.
Deve haver significativo envolvimento dos anciãos no preparo de
novos membros para o batismo. Isto deve fazer com que o ancião se
envolva diretamente na provisão do amor especial e do incentivo que
os novos membros necessitam. Os anciãos devem assumir a responsa-
bilidade especial de ajudá-los a formarem sólidas amizades na igreja.

Descrição do trabalho nas igrejas pequenas


As igrejas pequenas, por força das circunstâncias, normalmen-
te recebem a visita do pastor com menos freqüência. Assim, nessas
igrejas, os anciãos precisam assumir a responsabilidade por quase
toda a detalhada administração do trabalho, contando apenas com a
orientação básica do pastor.
Estes anciãos devem, presumivelmente, fazer planos para pregar com
freqüência. A Revista do Ancião prepara materiais para auxiliar os anciãos
no preparo de sermões. Os anciãos nas igrejas pequenas normalmente
planejam e lideram os cultos, incluindo a Santa Ceia. Seus deveres podem
abranger o ato de convocar e presidir a comissão da igreja ou as reuniões
administrativas, na ausência do pastor. Eles organizam a visitação aos
membros e participam dela, especialmente àqueles que não estão freqüen-
tando a igreja com regularidade. Supervisionam os planos evangelísticos
da igreja. Auxiliam no treinamento da congregação para a mordomia e
dão supervisão geral às finanças da igreja local.
Os anciãos nas igrejas pequenas assumem a responsabilidade es-
pecial de ver que todos os departamentos da igreja estejam funcionan-
do. Transmitem à congregação as mensagens e os planos do pastor e
da Associação/Missão. Sua autoridade e responsabilidades são muito
amplas, mas devem ser conduzidas sob a orientação do pastor e em
consulta à comissão da igreja.

Descrição do trabalho nas igrejas grandes


À medida que vão crescendo, as congregações geralmente pre-
cisam de mais de um ancião. Isto foi um fato até mesmo na Igreja
Primitiva (Atos 14:23; Tito 1:5).
A equipe de anciãos. O número de anciãos eleitos pela congre-
gação deve depender da quantidade de tarefas específicas que ela
26
Chamado e Qualificações do Ancião

atribui a seus anciãos. A posição de ancião é uma posição de traba-


lho. Os anciãos que não têm trabalho encorajam os membros a não
trabalhar. Todos os anciãos que atualmente exercem suas funções
formam a equipe de anciãos.
Os anciãos são membros da comissão da igreja. Eles podem tam-
bém se organizar como um conselho de anciãos. Este conselho deve
constituir um grupo de apoio ao pastor. Eles não somente devem
ministrar aos pastores e encorajá-los em seu desenvolvimento espiri-
tual, mas ser para ele um grupo de leais e sábios conselheiros com os
quais possam ser discutidos os problemas especiais da igreja, sem que
cheguem ao conhecimento público.
Cada membro da equipe de anciãos pode receber a incumbência de
ser conselheiro de um ou mais departamentos ou programas tais como:
Ministério Pessoal, Escola Sabatina, Mordomia, Diaconato e Ministério
Jovem. Cada um deles deveria ter uma atribuição no ministério da ação
missionária e na visitação. Uma das atribuições mais significativas pode
ser a de encontrar formas para recuperar os membros afastados e para
ajudar a diminuir o índice de apostasia na igreja.
O primeiro ancião. Onde é eleito mais de um ancião, um deles
pode ser designado como “primeiro” ancião. O primeiro ancião é
um assistente especial do pastor e responsável pelo cumprimento do
programa da igreja em sua ausência. Sob a orientação do pastor, organi-
za a equipe de anciãos e dá a eles a sua atribuição específica. Se um an-
cião tiver de atuar como presidente da comissão da igreja ou da reunião
administrativa, este normalmente deve ser o primeiro ancião.

QUALIFICAÇÕES
São esperadas certas qualificações de caráter dos anciãos:

Dedicação a Cristo
A espiritualidade precisa ter uma dimensão particular antes que possa
exercer uma influência pública. Não ouse esperar conduzir além do que
você foi conduzido. Um segredo significativo do sucesso dos apóstolos foi
serem capazes de dizer em sua própria vida: “O que temos visto e ouvido
anunciamos também a vós outros, para que vós igualmente mantenhais
comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com Seu Filho
Jesus Cristo.” I João 1:3.
Entrega total. Dar a outros o que você não possui é uma tarefa frus-
trante e impossível. “Não vos será possível influenciar os outros a se trans-
27
Guia para Anciãos

formarem enquanto vosso coração não se houver tornado humilde, refina-


do e brando por meio da graça de Cristo.” – Evangelismo, pág. 459.
Sem a dimensão espiritual, a obra de liderança da igreja degene-
rará na implementação de técnicas psicológicas, métodos organiza-
cionais e incentivos motivacionais. O verdadeiro poder promana da
espiritualidade que vem de um encontro pessoal com Cristo.
Saulo teve uma visão de Cristo na estrada para Damasco e isto levou-o
a perguntar: “Quem és Tu, Senhor?” (Atos 9:5). Ele só se tornou um líder
na Igreja Cristã depois de ter uma visão de Cristo e entregar-se totalmente
ao Senhor.
Entrega diária. Entrega, profunda espiritualidade e forte ca-
ráter moral são atributos necessários da liderança cristã, mas não
ocorrem naturalmente. Constituem o resultado de íntima e diária
comunhão com Jesus. Isto precisa ser um processo contínuo pelo qual
o ancião tome tempo a cada dia para estudo da Bíblia, meditação e
oração. Como um líder cristão, você não pode esperar ter o poder
para conduzir seu povo nos caminhos de Deus, a menos que você
mesmo tenha um encontro diário com o Senhor.
Jesus sentiu essa necessidade de estar com Seu Pai e renovar Sua força
e direção. “Tendo-Se levantado alta madrugada, saiu, foi para um lugar
deserto, e ali orava.” Mar. 1:35. Esta não foi uma experiência isolada. Era
Seu costume passar as primeiras horas de cada dia em devoção particular
(Mat. 14:23; Mar. 6:46; Luc. 5:16). A vida devocional de Jesus deve servir
de modelo para todos os líderes cristãos de nossos dias.
Uma advertência: cuidado com o orgulho espiritual. Embora seu obje-
tivo seja ser semelhante a Cristo, quanto mais semelhante a Ele se tornar,
menos consciência terá disso. Qualquer outra atitude diferente dessa pode
ser orgulho mascarado de piedade.
Entrega do tempo. Nenhuma entrega é total, a não ser que in-
clua a entrega do tempo. O trabalho do ancião, assim como o do pas-
tor, nunca está concluído. Você nunca conseguirá realizar tudo o que
deseja efetuar para a igreja. Mas não deve permitir que o trabalho
da igreja o leve a negligenciar sua família e outras responsabilidades.
Por outro lado, a menos que esteja disposto a passar, pelo menos,
duas a quatro horas semanais realizando o trabalho de um ancião,
provavelmente terá que renunciar a esta função.

Exemplo aos membros


Jesus era aquilo que ensinava. Foi isso que tornou Seus ensinos
tão eficazes. Os anciãos da igreja devem ser o que querem que os
28
Chamado e Qualificações do Ancião

outros sejam, crer no que esperam que seus membros creiam, e amar
a Cristo da forma que desejam que eles amem. Os anciãos devem ser
capazes de dizer como Paulo: “Sede meus imitadores, como também
eu sou de Cristo.” I Cor. 11:1.
Os anciãos são escolhidos e ordenados numa congregação, não
apenas com o objetivo de realizar o trabalho da igreja, mas para re-
velar o caráter de Cristo. São a personificação do cristianismo. Não
são perfeitos, mas devem, assim como Cristo, ser pessoas de princí-
pios. O que as pessoas pensam de Cristo provavelmente não depende
tanto do que Seus representantes dizem sobre Ele, mas do que elas
pensam a respeito deles enquanto dizem isto.
A Bíblia estabelece elevados padrões de vida para os anciãos da igreja.
Quando Moisés foi aconselhado a escolher anciãos, estes deveriam ser “te-
mentes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza” (Êxo. 18:21).
Paulo traça os atributos de caráter que deviam ser demonstrados
na vida dos anciãos na Igreja Cristã primitiva:
“É indispensável que o bispo [ancião] seja irrepreensível, marido
de uma só mulher, que tenha fi lhos crentes que não são acusados de
dissolução, nem são insubordinados. … Não arrogante, não irascível,
não dado ao vinho, nem violento, nem cobiçoso de torpe ganância,
antes hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, que tenha
domínio de si, apegado à palavra fiel que é segundo a doutrina, de
modo que tenha poder, assim para exortar pelo reto ensino como
para convencer os que contradizem.” Tito 1:6-9.
Ellen G. White enfatiza:
“Os que são designados para guardar os interesses espirituais da igre-
ja devem ser cuidadosos em dar o exemplo devido, não dando ocasião a
invejas, ciúmes ou suspeitas, manifestando sempre aquele mesmo espíri-
to de amor, respeito e cortesia que desejam incentivar em seus irmãos.”
– Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 82.
Dar o devido exemplo certamente inclui o seguinte:
Defender a doutrina da Igreja. “Tu, porém, fala o que convém à sã
doutrina.” Tito 2:1. Nunca mine a fé daqueles a quem você conduz, divul-
gando seus questionamentos e dúvidas. Discuta essas coisas com seu pas-
tor e outros líderes de confiança. Os anciãos são escolhidos para amparar
a igreja. Seus ensinos, portanto, precisam estar baseados na sã doutrina,
centralizada em Cristo.
Manter forte relacionamento familiar. A Bíblia sugere que
uma forma de saber se as pessoas serão ou não bons anciãos é olhar
para o tipo de relacionamento que mantêm com sua própria família.
29
Guia para Anciãos

O ancião deve ser alguém “que governe bem a sua própria casa, criando
os filhos sob disciplina, com todo respeito (pois se alguém não sabe gover-
nar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?)” (I Tim. 3:4 e 5).
Como ancião da igreja, você pertence a duas famílias: à sua própria
família e à família da igreja. A Bíblia dá a entender que se você apren-
deu a conduzir sua própria família de tal forma que desfrutam de um
relacionamento íntimo e feliz com você e com Deus, então terá maiores
possibilidades de receber a mesma resposta da família da igreja.
Ellen G. White acrescenta:
“A maior prova do poder do cristianismo que se pode apresen-
tar ao mundo, é uma família bem ordenada, bem disciplinada. Isso
recomendará a verdade como nenhuma outra coisa o poderá fazer,
pois é uma testemunha viva de seu virtual poder sobre o coração.”
– O Lar Adventista, pág. 32.
Ser moralmente puro. “Torna-te padrão dos fiéis … na pure-
za” (I Tim. 4:12). Evite a indiscrição sexual, 1) amando sua esposa, 2)
estando atento à sua vulnerabilidade, 3) precavendo-se ao aconselhar
alguém do sexo oposto, especialmente em assuntos íntimos, e 4) sen-
do espiritualmente forte. Encare o adultério como um pecado, não
apenas contra si mesmo e sua família, mas contra seu Deus.
Superar o preconceito racial. O racismo e o preconceito são
pecaminosos. O amor cristão derruba as barreiras que separam as
pessoas. “Dessarte não pode haver judeu nem grego; nem escravo
nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em
Cristo Jesus.” Gál. 3:28. Se Jesus é seu irmão e meu irmão, então
você e eu somos membros da mesma família; a cor, classe social, lín-
gua ou nacionalidade são irrelevantes.
Ser um doador exemplar. Como fiel dizimista e doador de
ofertas, você pode fazer muito para estimular os membros da igreja a
serem bons mordomos. Um membro que não devolve um dízimo fiel
não deve ser eleito como ancião. Não peça que o povo se sacrifique
mais pela igreja do que você costuma fazer proporcionalmente.
Admitir os próprios erros. Para Deus, o único “pecado imper-
doável” é o pecado não confessado. Para a congregação, o erro mais
imperdoável cometido por um ancião, provavelmente é aquele de que
todos têm conhecimento, mas não é admitido por ele. Deus perdoa
generosamente os pecados que confessamos. As congregações geral-
mente perdoam os erros que admitimos. Seja um exemplo cristão
para os membros, mas lembre-se de que o primeiro passo no cristia-
nismo é admitir seus próprios erros.
30
Chamado e Qualificações do Ancião

Espera-se que os anciãos tenham caráter exemplar. Lembre-se, po-


rém, de que Deus não lhe pede algo para cuja realização Ele não esteja
disposto a lhe dar o poder. Contudo, os padrões elevados são uma ra-
zão significativa para não se escolher prematuramente um ancião.
Ellen G. White aconselhou:
“Diz o apóstolo inspirado: ‘A ninguém imponhais apressadamen-
te as mãos.’ I Tim. 5:22. Em algumas de nossas igrejas se passou de-
masiado cedo à organização de igrejas e ordenação de anciãos, com
manifesto desprezo da regra estabelecida na Bíblia. Em conseqüên-
cia, surgiram grandes dificuldades na igreja. Não se devem eleger e
ordenar dirigentes que se não provarem aptos para essa obra de res-
ponsabilidade e que primeiro precisam ser convertidos, educados e
enobrecidos, a fi m de poderem servir na causa de Deus em qualquer
ramo.” – Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 261.

Líder dos membros


Romanos 12:8 menciona o dom da liderança como um dos dons
do Espírito. O dom da liderança é a capacidade de dar direção e
orientação ao povo de Deus, para que trabalhem juntos na realiza-
ção daquilo que o Senhor quer que realizem. É um dom especial-
mente necessário aos anciãos.
Amar os membros da igreja. Se você ama aqueles a quem conduz,
a maioria também o amará. E se o amam, seguirão sua liderança. Por
outro lado, se os membros não gostam de você, ser-lhe-á quase impossível
conduzi-los ao amor de Cristo. Os anciãos devem amar as pessoas. Se
você não se dá com as pessoas não pode se sair bem como ancião.
Amar as pessoas em geral é popular e muito fácil. Amar, porém,
certas pessoas é uma das tarefas mais difíceis da liderança da igreja. Os
anciãos devem ser capazes de ver as pessoas como elas são, defeituosas
e com problemas, e não perder de vista o que elas podem se tornar pela
graça de Deus.
Quando Jesus viu as multidões, “compadeceu-Se delas, porque estavam
aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor” (Mat. 9:36). Ter a mes-
ma compaixão de Jesus é passar do simpatizar para o mitigar. Não é apenas
aceitar as imperfeições das pessoas, mas desejar ajudá-las a crescer.
Não fique surpreso ou desencorajado com o número de pessoas
desamoráveis em sua congregação. Os doentes não estão fora de lu-
gar nos hospitais. É onde eles são curados. As pessoas desamoráveis
não estão fora de lugar na igreja. É onde aprendem a amar.
Mesmo as pessoas insolentes tornam-se amáveis quando você não
31
Guia para Anciãos

se concentra em suas atitudes, mas nas mágoas que as levam a assim


proceder. Todos os líderes da igreja são algumas vezes ofendidos, criti-
cados, mal compreendidos, caluniados. Uma prova de amor cristão é
ser capaz de verdadeiramente perdoar àqueles que nos ofendem.
Uma das melhores maneiras de aprender a amar os membros e
de ajudá-los a aprender a amar é convidá-los ao nosso lar. Os anciãos
devem estender a hospitalidade, não apenas aos membros da igreja,
mas também aos que ainda não são membros.
Unir os membros. Atrele dois cavalos fortes a uma pequena
carga. Podem eles puxá-la? Não, se estiverem puxando em direções
opostas. Podem curvar o pescoço e puxar com todas as suas forças,
mas alguém terá que consertar os arreios.
Ponha dois membros bem dotados em uma congregação e peça-lhes
que ajudem a levar a carga da igreja. Podem eles fazê-lo? Não, se cada um
puxar na direção oposta. O pastor e o ancião terão que gastar seu tempo
consertando as coisas. Ajudar os membros a puxarem juntos em unidade
é uma das partes mais importantes da liderança de um ancião.
Consultar os membros. Não seja um líder autoritário, toman-
do todas as decisões. Ajude sua congregação a estabelecer seus pró-
prios alvos. Assim os alvos da igreja tenderão a ser alvos “pessoais”. E
as pessoas trabalharão para alcançar seus alvos pessoais. Faça planos
com seus liderados, e não somente planos para eles.
Seguir os líderes. Os anciãos que não estão dispostos a seguir
seus líderes não terão sucesso na liderança de seus liderados. Se você
não segue, por que deveriam eles fazê-lo?
“Os homens que agem de conformidade com seus próprios fortes tra-
ços de caráter, recusando aliar-se a outros que têm tido mais longa expe-
riência na obra de Deus, ficarão cegos pela confiança própria, incapazes
de discernir entre o falso e o verdadeiro. Não é seguro escolher tais pes-
soas para líderes na igreja; pois seguirão seu próprio juízo e planos, sem
consideração pelo juízo de seus irmãos.” – Atos dos Apóstolos, pág. 279.

Capacitador dos membros


A tarefa mais importante no mundo para qualquer indivíduo é o tra-
balho que Deus lhe pede realizar para Ele. A maior obra no mundo é a
obra do serviço, e Deus chama a todos – cada membro de cada congre-
gação – para algum ministério de serviço. Como ancião, você deve ser o
coordenador e o facilitador, usando sua influência para ajudar cada um
dos membros de sua igreja a desenvolver plenamente o potencial de seus
dons espirituais individuais para a edificação da igreja.
32
Chamado e Qualificações do Ancião

Auxilie os membros a descobrirem seus dons espirituais, e então


treine-os. Você mesmo pode fazê-lo se tiver o dom do ensino, ou pode
procurar outras pessoas para ministrar as aulas que ajudou a organi-
zar. Use então sua influência para organizar a igreja, de modo que
apóie os ministérios que usam os dons das pessoas na congregação.

ORDENAÇÃO
Propósito da ordenação
O antecedente bíblico para o rito da ordenação indica que “era
uma forma reconhecida de designação para um cargo específico, bem
como da autoridade da pessoa no mesmo” (Atos dos Apóstolos, pág. 162).
À medida que a Igreja do Novo Testamento se expandia, pessoas eram
selecionadas para diferentes tipos de liderança. Além da designação e or-
denação dos doze apóstolos para sua função única e exclusiva (Mar.
3:13 e 14; O Desejado de Todas as Nações, pág. 296), as Escrituras distin-
guem três categorias de oficiais ordenados: 1. O ministro do evange-
lho era chamado para pregar, ensinar, administrar as ordenanças e
prover atenção pastoral aos membros (I Tim. 4:14; II Tim. 4:1-5).
2. Os anciãos eram chamados para liderar e ministrar em congre-
gações locais. Eles eram supervisores de todas as atividades de suas
igrejas, desempenhando também funções pastorais (Atos 14:23; 20:17;
Tito 1:5 e 9; I Tim. 3:2 e 5). 3. Os diáconos eram chamados para
cuidar das necessidades físicas da igreja e de seus membros, lideran-
do especialmente a obra de beneficência praticada pela congregação
(Filip. 1:1; Atos 6:1-6; I Tim. 3:2 e 5).
Os indivíduos, em cada uma dessas três categorias, eram separa-
dos para seu ministério especial em prol da igreja pelo rito da ordena-
ção. A Igreja Adventista do Sétimo Dia segue a mesma prática hoje.
A ordenação do ancião é um reconhecimento público:
• Do chamado de Deus para esse ministério específico.
• Da capacitação de Deus, conferida à pessoa, para esse mi-
nistério, ao prover os dons espirituais necessários.
• Do reconhecimento e aprovação da congregação ao cha-
mado de Deus, e uma expressão de sua disposição para se-
guir a liderança dessa pessoa.
Embora a ordenação não outorgue poderes especiais àquele que a rece-
be, impõe uma solene responsabilidade. Aceitar a ordenação significa que,
num sentido muito especial, você já não pertence a si mesmo, mas pertence
a Deus. Por isso, a ordenação não deve ser aceita levianamente.
33
Guia para Anciãos

Requisitos prévios para a ordenação


Como já foi enfatizado, os requisitos prévios para a ordenação do
ancião incluem um chamado por Deus e a eleição por uma igreja
local. A aprovação da Associação/Missão não é necessária. Contudo,
um requisito prévio adicional é um auto-exame pelo ordenando. As
coisas erradas devem ser acertadas. Deve ser renovada a dedicação a
Cristo e Sua Igreja.
Nossa Igreja ensina que os anciãos devem ser pessoas de expe-
riência e escolhidos com sabedoria. Mas, uma vez escolhidos, sua
ordenação não deve ser indevidamente postergada.
O Manual da Igreja dá a entender que a ordenação deve ocorrer
imediatamente depois que os anciãos foram eleitos. Na verdade, ele
estipula: “A eleição para o cargo de ancião, por si só, não qualifica a
pessoa para atuar como ancião. É requerida a ordenação antes que o
ancião tenha autoridade para atuar como tal.” (Manual da Igreja, pág.
50). A ordenação confere aos novos anciãos o pleno apoio da igreja e
constitui um convite público para que o Espírito Santo abençoe sua
liderança. É bom que os novos anciãos recebam treinamento espe-
cial, mas isso não deve ser um requisito para sua ordenação.

A cerimônia de ordenação
Embora a cerimônia de ordenação seja sagrada e especial, ela
também deve ser mantida simples. A cerimônia é realizada por um
ministro ordenado, normalmente com a credencial da Associação/
Missão local, preferivelmente o pastor da congregação. Os ministros
ordenados e os anciãos da congregação podem auxiliar. A ordenação
é realizada na presença da congregação à qual o ancião serve.
No devido tempo, normalmente durante o culto do sábado de
manhã, o candidato é convidado para vir ao púlpito, onde o ministro
faz um breve resumo das qualificações e do trabalho do ancião. Os
participantes se ajoelham enquanto o ministro ora para que Deus
aprove o reconhecimento da igreja de que o Espírito Santo chamou o
candidato para esse cargo. Durante a oração, o ministro que preside
a cerimônia põe a mão sobre a cabeça do candidato. Os ministros e
anciãos assistentes podem proceder da mesma maneira.
Após a oração, os participantes proferem palavras de bênção e
encorajamento para o candidato. Uma bonita atitude é convidar o
ordenado a permanecer na plataforma durante o restante do culto,
indicando sua nova posição de liderança.

34
Chamado e Qualificações do Ancião

Autoridade transmitida
Ser eleito e ordenado como ancião não se destina à transmissão de
status, nem implica em uma posição elevada na congregação. O solo ao
redor da cruz é plano. A ordenação legitima a liderança de servo.
Os anciãos são autorizados por sua congregação a serem supervi-
sores (I Tim. 5:17). Desta forma a Associação/Missão os reconhece
como líderes principais na igreja local.
Os anciãos podem oficiar na Santa Ceia. Podem realizar cerimô-
nias fúnebres. Podem solicitar que a Associação/Missão providencie
a realização do rito do batismo. Normalmente será enviado um mi-
nistro, embora os anciãos possam, algumas vezes, receber autoriza-
ção para ministrar o rito. Os anciãos não podem realizar a cerimô-
nia nupcial, embora possam auxiliar em algumas partes. Tudo isto
somente deve ser feito em cooperação com o pastor da igreja, que
normalmente realiza essas cerimônias, quando presente. O Manual
da Igreja estipula procedimentos para a realização dessas cerimônias
e o Guia Para Ministros fornece detalhes adicionais. É importante res-
saltar que as atribuições de um ancião se restringem à igreja local em
que foi eleito para atuar como tal.
A ordenação tem caráter permanente. Será reconhecida por toda
a vida dos anciãos, a menos que se desqualifiquem pela apostasia ou
por um comportamento impróprio que a invalide. Eles não precisam
ser ordenados novamente quando aceitam a mesma posição na mes-
ma igreja ou em outra. Se posteriormente forem eleitos como diáco-
nos, podem atuar nesse cargo sem serem ordenados outra vez.

Autoridade limitada
A autoridade dos anciãos é limitada pelo processo de eleição da igreja.
Eles atuam como anciãos apenas enquanto a igreja os eleja para o cargo.
É importante compreender como o cargo de ancião é propositada-
mente centralizado na igreja local: 1. Apenas a igreja local pode eleger
anciãos. As Associações/Missões não o podem. 2. Normalmente, são or-
denados pelo pastor da igreja local. 3. Devem ser ordenados na presença
da congregação local a que irão servir. 4. Sua ordenação os autoriza a
servir apenas na igreja que os elege, embora em algumas circunstâncias
possam servir em mais de uma igreja, se outra igreja os elegerem com
a recomendação da comissão diretiva da Associação/Missão, conforme
estabelece o Manual da Igreja, pág. 51.
A autoridade dos anciãos é limitada por suas obrigações para
com seu pastor, para com a comissão da igreja e para com a reunião
35
Guia para Anciãos

administrativa da igreja. São assistentes do pastor, e devem sempre


trabalhar sob sua orientação. Os problemas maiores devem ser de-
batidos com o pastor e, se necessário, levados à comissão da igreja,
em vez de serem arbitrariamente decididos pelo ancião. As decisões
mais importantes, tais como a aceitação ou a exclusão de membros,
só devem ser tomadas pela igreja como um todo, depois de serem
estudadas pela comissão da igreja..

Credencial ou certificado
A Divisão Sul-Americana recomenda que não sejam emitidas
credenciais ou certificados de ordenação para anciãos.

36
Capítulo

O Ancião Como
3
Líder da Igreja
A EQUIPE PASTOR-ANCIÃO
Pastores e anciãos são parceiros no ministério. Cada um deles
deve ser capaz de dizer do outro, assim como Paulo disse de seus
associados: “Dou graças ao meu Deus por tudo que recordo de vós,
fazendo sempre, com alegria, súplicas por todos vós, em todas as mi-
nhas orações, pela vossa cooperação no evangelho, desde o primeiro
dia até agora.” Filip. 1:3-5.
Os pastores da igreja devem ser os líderes da equipe. Eles prestam
ajuda e orientação espirituais à igreja local. Os anciãos locais são os
seus assistentes na liderança. Há significativa diferença entre os pas-
tores e os anciãos, pois os pastores são escolhidos e designados pela
Associação/Missão, devendo prestar contas a ela. Os anciãos são es-
colhidos e designados pela congregação local, e diretamente respon-
sáveis a ela. Uma semelhança significativa é que ambos são os únicos
líderes na congregação que coordenam todas as atividades da igreja.
Assim, os interesses e o trabalho do pastor e do ancião devem ser no-
tavelmente similares. Eles são parceiros especiais no ministério.
Os ministros que não foram ordenados ao ministério são nor-
malmente ordenados como anciãos locais. Se foram designados pela
Associação/Missão, têm plena autoridade como seus representantes.
Os anciãos devem ser leais à liderança desses pastores, mesmo que
não tenham recebido a ordenação ao ministério.
É imperativo que tanto os pastores como os anciãos percebam sua
parte especial nessa parceria:

A parte do pastor
Três palavras resumem a parte do pastor na equipe pastor-ancião:
1. Treinar. Além de preparar todos os membros para o seu trabalho
37
Guia para Anciãos

no ministério, os pastores devem dedicar tempo ao treinamento dos


anciãos em todas as suas igrejas. Deve-se dar especial ênfase ao trei-
namento dos novos anciãos.
O tempo ideal para os pastores enfatizarem o treinamento de seus
anciãos é imediatamente após as eleições anuais da igreja. Uma parte do
treinamento deve prosseguir durante o ano. Muitas Associações/Missões
estão reunindo os anciãos de todo o seu território pelo menos uma vez
por ano. Algumas vezes isto é realizado em conexão com a reunião
ministerial. Os secretários ministeriais, em cada Associação/Missão,
são responsáveis por providenciar programas para ajudar os pastores
no treinamento dos anciãos.
O currículo de treinamento do ancião deve incluir:
• Administração e organização da igreja, incluindo dons espirituais.
• Crescimento da igreja.
• Atenção aos novos conversos.
• Liderança do culto.
• Pregação.
• Visitação.
• Função e presidência de comissões.
• Parceria pastor-ancião.
Para esse treinamento sugerimos a utilização deste Guia Para Anci-
ãos, Manual da Igreja, Revista do Ancião e outros materiais relacionados
com a atividade dos anciãos.
2. Delegar. Os pastores devem delegar responsabilidades, caso
contrário ficarão sobrecarregados de atividades e não conseguirão
realizar tudo o que precisa ser feito.
Atos 6 demonstra que os pastores não devem controlar todos os
detalhes do programa da igreja. Sua especialidade é o incentivo e
treinamento espiritual dos que estão na igreja e a evangelização dos que
se encontram fora dela. Eles devem compartilhar a responsabilidade da
liderança pela maior parte do programa da igreja com os membros em
geral, e em especial com os anciãos. Quanto mais essas responsabilida-
des são compartilhadas, tanto mais rapidamente a igreja cresce.
Contudo, junto com a responsabilidade, os pastores também de-
vem delegar autoridade.
3. Comunicar. Bom espírito de equipe requer boa comunicação.
As reuniões regulares com os anciãos devem ter alta prioridade entre
pastores e anciãos. Além do tempo para comunicação pastor-ancião,
os pastores devem usar essas reuniões para treinar e encorajar seus an-
ciãos, e para lhes prover materiais. Acrescentar algum tempo adicional
38
O Ancião Como Líder da Igreja

para confraternização ajuda a unir o grupo e a melhorar o espírito de


equipe. Muitos pastores preferem uma reunião com os anciãos uma
vez por mês. Outros, a cada trimestre. Onde existe mais de uma igreja
no distrito, os anciãos de todo o distrito deveriam ser reunidos uma vez
por trimestre. Os itens a serem considerados no preparo da agenda da
reunião com os anciãos podem incluir:
• Espiritualidade. O crescimento espiritual sempre deve ser
enfatizado.
• Relatórios dos anciãos sobre as suas atribuições.
• Projetos de pregação, etc. Os anciãos devem saber onde o
pastor estará durante o próximo período de planejamento.
• Distribuição de materiais, inclusive a Revista do Ancião.
• Sugestões. As idéias e os programas para a igreja deveriam
surgir ou, pelo menos, ser testados primeiro nesse grupo pe-
queno e íntimo.
• Avaliação. Como estão funcionando os programas atuais? O
grupo de anciãos deve fornecer ao pastor seus pareceres e
opiniões da forma mais acurada e útil possível. Deve haver
livre discussão dos respectivos deveres e responsabilidades.

A parte do ancião
As quatro responsabilidades do ancião na equipe pastor-ancião incluem:
1. Encontrar tempo para trabalhar. Raramente são escolhidos
anciãos que não sejam pessoas ocupadas e bem-sucedidas. O tempo
que podem dedicar ao trabalho da igreja é limitado por suas carreiras,
famílias e saúde. Contudo, eles precisam compreender que a liderança
espiritual da igreja demanda tempo e muita dedicação. Os anciãos pro-
vavelmente não deveriam assumir esse cargo se o encaram exclusiva-
mente como uma responsabilidade das manhãs de sábado.
2. Maximizar os pontos fortes do pastor. Nenhum pastor é
bom em todas as coisas. Dois motivos:
As aptidões requeridas são muitas para uma só pessoa. As congregações
esperam que seu pastor seja: teólogo, pregador, marido e pai, administra-
dor, ganhador de almas, treinador, conselheiro, visitador, promotor, etc.
As aptidões esperadas são muito diversificadas. Na lista acima, as
primeiras aptidões tendem a requerer uma personalidade um tanto
reservada, contemplativa e introvertida. As relacionadas no meio e
no fim da lista requerem uma personalidade mais pública, gregária
e extrovertida. As aptidões são muito diversificadas para que uma só
pessoa se encaixe perfeitamente em ambos os extremos dessa série.
39
Guia para Anciãos

Nenhum pastor é bom em tudo. Por outro lado, todo pastor é bom
em alguma coisa. As igrejas e os anciãos que esperam que seus pasto-
res realizem tudo e sejam bons em todas as coisas podem obrigá-los
a gastar a maior parte de seu tempo realizando aquilo de que menos
gostam e que desempenham pior. Os anciãos deveriam cooperar com
seus pastores na identificação de seus pontos fortes e então ajudá-los a
organizar a igreja para tirar mais vantagem dessas aptidões.
3. Compensar as debilidades do pastor. Romanos 12 compa-
ra a Igreja ao corpo humano. Se uma parte do corpo falha, ele não a
rejeita. Em vez disso, compensa-a. Se os olhos não podem ver, o tato
e a audição se tornam mais aguçados, como compensação.
Infelizmente, ao enfrentar fracassos pastorais, as congregações são
mais propensas a criticar do que a compensar. A compensação pode
ser uma das funções mais naturais e significativas dos anciãos. Onde
quer que o pastor seja débil, certamente algum ancião será forte, tendo
o dom espiritual apropriado e boa vontade para compensar. Isso pro-
duz uma parceria ideal.
4. A família do pastor. O pastor e sua família precisam de anciãos
que os aceitem e os apreciem assim como são, sem temor ou orgulho
– em suma, como amigos. Deve haver algum tipo de programa, em
toda congregação, para prover um grupo de apoio para a família pasto-
ral. Esta é uma atividade da igreja que o pastor não pode liderar. É uma
responsabilidade do ancião.
Pastor do pastor. Os pastores são também ovelhas. E estas pre-
cisam às vezes ser apascentadas. Os pastores podem escolher o se-
cretário ministerial da Associação/Missão, outro pastor, ou alguém
fora da congregação como seus conselheiros e mentores espirituais.
Mas, o apoio principal sempre deve vir de sua própria comunidade
de crentes – a igreja local, liderada por seus anciãos.
Para a maioria dos pastores, não é fácil aceitar a ajuda pastoral de
pessoas que eles pastoreiam. Eles pensam: “Se eu sou um ajudador e
necessito de ajuda, que tipo de ajudador sou eu?” Mas as pesquisas
indicam que os profissionais que prestam ajuda estão mais sujeitos a
estresse, sendo portanto algumas vezes mais propensos a necessitar de
auxílio. O ancião que presta ajuda e o pastor que a aceita estão pra-
ticando boa teologia personificada. “Levai as cargas uns dos outros,
e assim cumprireis a lei de Cristo.” Gál. 6:2. Deus vem a todos nós,
incluindo os pastores, ao enviar pessoas para nos ajudar.
Como podem os anciãos pastorear seus próprios pastores?
• Aceitem sua humanidade. Os pastores apreciam o amor que lhes
40
O Ancião Como Líder da Igreja

é expressado, mas algumas vezes pensam que isso acontece


por causa do que representam, e não por causa da pessoa
que são. Deixem-nos saber que podem ser amados, apesar
de serem imperfeitos.
• Sejam um Barnabé, um ministro do encorajamento. Profiram palavras
de apreço, com freqüência e sinceramente. Cumprimentem-
nos por coisas específicas. Digam-lhes quais as partes do ser-
mão que os ajudaram.
• Sejam bons ouvintes. Ouçam com empatia se eles quiserem
compartilhar problemas. Mantenham as conversações ne-
cessárias estritamente confidenciais.
• Evitem divergências em público. Se vocês têm divergências, acertem-nas
em particular. Este é um dos motivos por que a reunião dos anciãos
é tão importante. Nessa reunião, os pastores e anciãos podem dis-
cordar, mas os planos que serão apresentados à comissão da igreja e
nas reuniões administrativas devem contar com o apoio de todos.
• Apóiem o pastor. Apresentem testemunhos na igreja sobre algo
que o pastor fez e que mudou sua vida. Deixem os membros
saberem que vocês não tolerarão críticas à família pastoral
em sua presença.
• Comemorem o dia do pastor. Em uma cerimônia simples e rápida na
manhã de sábado, promova uma homenagem de toda a igre-
ja à família pastoral. Providencie um presente e diga algumas
palavras de reconhecimento, agradecimento e incentivo ao seu
pastor. Isso será inesquecível para ele e para toda a família.
• Sejam solícitos. “Pastor, receio que o senhor esteja trabalhan-
do demais. Há algo que posso fazer para aliviar sua carga?”
Um pastor que estava lutando sozinho com um problema
recebeu verdadeira ajuda quando seus anciãos se aproxima-
ram e disseram com amor: “Pastor, percebemos que algo
está errado. Se não quiser, não precisa falar sobre isso, mas
queremos que saiba que não está sozinho. Nós o amamos e
estaremos orando pelo senhor.”
• Promovam a unidade. Há situações em que vocês, como anciãos,
podem ser muito eficientes ao oferecerem seus préstimos. Pro-
vavelmente estão na congregação por mais tempo que o pastor
e compreendem melhor o problema. Vocês foram escolhidos
como anciãos porque a congregação confia em vocês. O conflito
congregacional é um dos piores estressores do pastor – especial-
mente se os anciãos fazem parte do problema. Se vocês puderem
41
Guia para Anciãos

ser usados pelo Espírito Santo para promover a união, seu pastor
lhes será eternamente grato.
• Insistam num período de renovação espiritual. As baterias espiri-
tuais dos pastores podem descarregar-se. Encorajem-nos a
reservar tempo suficiente para a devoção pessoal.
• Insistam no tempo para a família e recreação. Se a vida familiar do
pastor não vai bem, a obra do pastor sofre. Se a saúde do pas-
tor não for bem cuidada, a congregação será também atendida
precariamente.
• Incentivem a provisão do aconselhamento anônimo. Os pastores e
suas respectivas famílias algumas vezes necessitam de acon-
selhamento profissional. Eles relutam em solicitar tais pri-
vilégios. A denominação, no entanto, encoraja toda Asso-
ciação/Missão a tornar disponíveis esses aconselhamentos.
Os anciãos têm grande influência junto aos líderes da As-
sociação/Missão e podem solicitar que esses serviços sejam
concedidos a seus pastores.
• Orem por eles, e deixem-nos saber disso.
• Encorajem a esposa do pastor. Pesquisas indicam que a maioria
das esposas de pastor se sente solitária. As expectativas con-
gregacionais podem ser esmagadoras. Os membros esperam
que a família do pastor seja sempre ideal e que seu lar esteja
sempre aberto. Subconscientemente, esperam que a esposa
ocupe a mesma função que a do pastor anterior. Os anciãos
deveriam defender abertamente o direito da esposa do pas-
tor escolher sua própria função na congregação e usar seus
próprios dons espirituais, e não os dons de sua antecessora.
Homenageiem a esposa do pastor no dia de seu aniversário. Aju-
dem a cuidar dos fi lhos do pastor durante o culto. No dia do ani-
versário de casamento, presenteiem o pastor e esposa com alguma
homenagem especial.
Pastoreiem os fi lhos do pastor. Procurem não idolatrá-los quando
são bons nem criticá-los quando se portam mal. Arcar com a expec-
tativa dos outros de que vivam uma vida cristã perfeita é um fardo
muito pesado para quaisquer pessoas, especialmente para crianças. Espe-
rar demais delas pode causar-lhes problemas.
Tenham empatia pelo pastor e esposa em suas dificuldades. As
congregações tendem a dar muito apoio quando os pastores têm per-
das, mas são muito críticas se acham que o problema reflete alguma
debilidade da parte do pastor. Todos os pais ficam tristes quando seus
42
O Ancião Como Líder da Igreja

fi lhos se extraviam, mas provavelmente não mais do que o pastor e


esposa. Eles necessitam de seu apoio, não de sua crítica.
Dêem especial atenção ao ministério da nova família pastoral. Se a
congregação está pesarosa pela perda de um pastor a quem apreciava,
que dizer do pesar enfrentado pela nova família pastoral que acaba de
perder todos os seus amigos no distrito anterior? Procurem compreender
o seu desamparo. Estão se mudando para uma nova casa; as crianças co-
meçam a freqüentar uma nova escola; se a esposa trabalha fora, terá de
procurar um novo emprego; e eles precisam estabelecer novamente todo
um conjunto de amigos. Sejam sensíveis aos seus anseios e desafios.
Encontrem alguma forma amigável de os membros recepciona-
rem a nova família pastoral, ajudando-a a se estabelecer. No mo-
mento mais breve e oportuno, tenham uma grande e bem planejada
recepção de boas-vindas. Não se esqueçam de incluir toda a família.
É muito mais fácil para o novo pastor sentir-se aceito do que para os
demais membros de sua família. Esta é uma das atribuições mais sig-
nificativas dos anciãos. A cerimônia de apresentação e boas-vindas
deve ser planejada pelos anciãos em cooperação com a Associação/
Missão. Os detalhes são fornecidos no capítulo final deste livro e no
Guia Para Ministros.

PLANEJAMENTO DA IGREJA
Planejar biblicamente
Normalmente, algumas poucas pessoas na congregação estão so-
brecarregadas de trabalho, enquanto a maioria faz muito pouco. Te-
mos a tendência de considerar a congregação principalmente como
uma organização ou instituição, e não como uma confraternização
ou comunidade da fé, que é o significado predominante da palavra
“igreja” no Novo Testamento. Supomos que a função dos membros
da igreja é auxiliar os ministros a realizarem seu trabalho, quando
na verdade o plano bíblico é que uma das principais funções dos mi-
nistros é ajudar as pessoas a realizarem o trabalho.
Este plano bíblico, o plano de Cristo, é o único plano que pode
terminar Sua obra.

A obra de Deus na Terra nunca poderá ser finalizada


enquanto os homens e mulheres que compõem nossa
Igreja não cerrem fileiras, e juntem seus esforços aos dos
ministros e oficiais da Igreja. – Serviço Cristão, pág. 68.
43
Guia para Anciãos

A verdadeira prova do evangelismo não é tanto quantos vêm para


adorar na igreja, mas quantos saem da igreja para servir.
Embora creiam nessa teoria, muitos pastores e anciãos acham
difícil praticá-la. Muitas vezes é mais fácil realizar o trabalho por
si mesmo, do que conseguir que alguma outra pessoa o faça. O ar-
gumento é: “Se quer uma coisa bem feita, faça-a você mesmo.” Esse
tipo de raciocínio teve, porém, uma falha teológica fatal. O argu-
mento poderia ser válido se nosso principal objetivo fosse a realiza-
ção do trabalho da igreja. Mas não é assim. Nosso principal objetivo
é o crescimento dos membros da igreja, e os membros que trabalham
para o Senhor chegam mais perto dEle. Os membros que trabalham
para a igreja, permanecem na igreja.
O plano bíblico é que todos na igreja estejam realizando algo, porém
não devem estar fazendo a mesma coisa. Este conceito é enfatizado no
ensino do Novo Testamento sobre os dons espirituais. O planejamento
da igreja deve estar bem centrado nesse tópico, como segue:
1. Estudar os dons espirituais. Os dons espirituais nunca
devem ser compreendidos pelos líderes da igreja meramente como
macetes para fazer com que os membros trabalhem. Em vez disso,
devem ser considerados em seu relacionamento com a entrega dos
membros ao Espírito Santo e o recebimento de poder. O tema sem-
pre deve ser abordado no sentido espiritual, e não apenas adminis-
trativamente.
A doutrina dos dons espirituais pode ser resumida como segue:
• A igreja é o corpo vivo de Cristo e cada membro é uma
parte desse corpo (Efés. 1:22 e 23).
• Cada membro é um ministro (I Ped. 2:9).
• Cada um é habilitado para o ministério por meio do batis-
mo da água e do Espírito (Atos 11:15-17; I Cor. 12:13).
• A cada um é concedido algum dom espiritual para a edifi-
cação da igreja (Efés. 4:12).
• Todo o que recebe o Espírito Santo recebe este dom ou
conjunto de dons designados pelo Espírito para serem usa-
dos em um ministério para Cristo. Dizer que não possuímos
nenhum dom espiritual é dizer que não temos o Espírito
Santo (I Cor. 12:11).
• Esse dom espiritual está presumivelmente relacionado com
algum talento que já possuímos. O Espírito Santo nos impe-
le a encontrar um ministério em que o dom possa ser usado
para servir a outros e atraí-los para Cristo.
44
O Ancião Como Líder da Igreja

Ellen G. White enfatiza:

Há diversidade de atuação dos dons, e todos pelo mes-


mo Espírito. Essa diversidade de dons é ilustrada pelo cor-
po humano, da cabeça aos pés. Assim como há diversos
membros com diferentes funções, todos fazendo parte do
corpo, assim todos os membros do corpo de Cristo se cen-
tralizam na cabeça, mas têm dons diferentes. Isto está na
economia de Deus para atender as diversas organizações e
mentes no mundo. A força de um servo de Deus pode não
ser a força de outro. – Carta 25, 1870, pág. 1.

Um prisma decompõe a luz em suas partes componentes, refletindo


assim todas as suas cores. Os dons espirituais são as cores de Cristo
decompostas em suas partes componentes. Uma pessoa sozinha não
representa o corpo de Cristo, mas cada um representa uma parte de
Seu corpo. Somente o corpo congregacional, como um todo, repre-
senta plenamente o corpo de Cristo. Assim, os líderes da igreja não
somente deveriam estar livres, mas internamente compelidos a admitir
suas limitações e sua necessidade de ajuda do restante do corpo.
2. Ajudar os membros a identificarem seus dons espiri-
tuais. A pergunta certa a ser feita não é: Como podemos fazer com
que os membros façam o que queremos? Mas: Como podemos ajudar
nossos membros a suprirem suas próprias necessidades de envolvi-
mento, dedicação e ministério bem-sucedido na igreja?
Uma forma de ajudar os membros a identificarem seus dons é por
meio de um inventário dos dons espirituais. Os resultados deveriam ser
confirmados por outros, no corpo de Cristo, que conheçam bem o indi-
víduo. A confirmação adicional provém da experimentação com os mi-
nistérios que utilizam o dom ou os dons que a pessoa parece possuir.
3. Organizar a igreja em torno dos ministérios que utilizam
os dons da congregação e que são sensíveis às necessidades da igreja e
da comunidade. No planejamento do programa da igreja, não conside-
rem apenas o que a igreja deseja realizar. Centralizem-se também nos
dons disponíveis na congregação. Reconheçam as aptidões e planejem
o programa da igreja de tal modo que corresponda a esses dons.
4. Treinar os membros no ministério escolhido por eles. Uma
das funções da liderança da igreja é treinar seus membros para que utilizem
os seus dons espirituais num ministério eficaz. As Escrituras claramente en-
sinam que Deus colocou na igreja pessoas com dons de liderança, a fim de
45
Guia para Anciãos

preparar e treinar os demais membros para um ministério eficaz (Efésios


4). Portanto, se a função da liderança eclesiástica é treinar outros membros
para o serviço, sua igreja deverá realizar sessões regulares de treinamento
para habilitar os membros a utilizarem seus dons espirituais. Muitas vezes, a
Associação/Missão pode fornecer materiais e pessoal para ajudá-los.
“Toda igreja deve ser uma escola missionária para obreiros cris-
tãos. Seus membros devem ser instruídos em dar estudos bíblicos,
em dirigir e ensinar classes da Escola Sabatina, na melhor maneira
de auxiliar os pobres e cuidar dos doentes, de trabalhar pelos incon-
versos. Deve haver cursos de saúde, de arte culinária, e classes em
vários ramos de serviço no auxílio cristão. Não somente deve haver
ensino, mas trabalho real, sob a direção de instrutores experientes.”
– A Ciência do Bom Viver, pág. 149 .
Outra forma de preparo que os líderes da igreja deveriam dar aos
membros é treiná-los para aceitarem o ministério de dar assistência espi-
ritual a outros membros. Infelizmente, o doente e desencorajado, o pesa-
roso e solitário, com muita freqüência só se sentem atendidos pela igreja
se o pastor os visita. É embaraçoso para os anciãos e outros líderes da
igreja estenderem a mão para as pessoas, só para ouvi-las se queixar de
que a igreja as está negligenciando se o pastor não as tem visitado. Ellen
G. White observou: “O maior auxílio que se pode prestar a nosso povo,
é ensiná-lo a trabalhar para Deus e a nEle confiar, e não nos ministros.”
– Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 82. Treine sua congregação para com-
preender que o ministério é desempenhado pela igreja como um todo,
trabalhando unida, e não apenas pelo pastor.

Plano anual
Alvos estabelecidos. O planejamento deve ser feito e os alvos estabe-
lecidos pela igreja inteira, e não apenas por uns poucos de seus líde-
res. Uma boa abordagem é fazer apenas um pequeno planejamento
preliminar com o pastor e com a comissão da igreja. Depois dessas
deliberações, deve-se levar para uma reunião administrativa algu-
mas opções que podem ser adaptadas, solicitando sugestões de todos
os membros. Estas podem ser levadas aos anciãos e à comissão da
igreja, para serem buriladas e então apresentadas em outra reunião
com a igreja, para aprovação final. Desta forma todos têm ampla
oportunidade de apresentar sugestões. Os membros, normalmente,
darão apoio a decisões que eles ajudaram a tomar.
A agenda de planejamento. Itens a serem considerados no preparo da
agenda para as reuniões de planejamento anual:
46
O Ancião Como Líder da Igreja

• Avaliação. Antes de considerar o que a igreja deseja reali-


zar no próximo ano, há necessidade de uma revisão e ava-
liação do que foi feito no último ano. Leve a congregação
a se questionar: “Que estamos fazendo?” “Aonde estamos
indo?” “Aonde queremos chegar?” “Estamos utilizando a
plenitude dos dons espirituais de nossa congregação?”
Então passem a fazer o planejamento para o próximo ano.
• Evangelismo. Que tipos de atividades missionárias serão uti-
lizadas? Quando?
• Encorajamento. Que programas serão implementados para
ajudar os membros em seu crescimento espiritual? Isso pro-
vavelmente incluirá uma discussão sobre os cultos, a visita-
ção, a Escola Sabatina, etc.
• Jovens. Estão fazendo tudo o que podem por suas crianças e
jovens de todas as faixas etárias?
• Instalações. Estão construindo os projetos necessários? E
quanto à manutenção do edifício? Uma igreja bem cuidada
e limpa dará uma boa impressão aos visitantes.
• Campanhas. Que campanhas promocionais serão necessá-
rias? Quando serão realizadas? Quem as dirigirá?
• Calendário. Parte do processo de finalização do planejamento
anual deve ser pôr nas mãos dos membros um calendário
delineando os programas para o ano e suas datas.

ELEIÇÕES DA IGREJA
Antes da eleição
Os líderes dos vários departamentos e programas da igreja local
geralmente são nomeados para um período de um ou dois anos, segun-
do a determinação da igreja local, por uma comissão de nomeações e
eleitos pela igreja como um todo. As orientações para a eleição estão no
Manual da Igreja, incluindo uma lista sugestiva de oficiais da igreja.
A função da comissão de nomeações é selecionar membros da
igreja para preencherem os vários cargos e ministérios da igreja. A
comissão precisará dar, portanto, cuidadosa atenção às necessidades
específicas da igreja e aos dons espirituais presentes entre os mem-
bros. Deve-se procurar combinar os dons e habilidades das pessoas
com as necessidades e os requisitos de cada função.
As pessoas não deveriam ser escolhidas, ano após ano, para a
mesma função. Seus nomes devem ser revisados anualmente para
47
Guia para Anciãos

determinar se continuam aptos a desempenhar sua tarefa. As pessoas


também não são escolhidas em virtude de sua posição na comunidade
ou porque crêem que devam ser eleitas. Todas as indicações devem ser
feitas principalmente com base em sua aptidão para o trabalho.
Pouco antes da eleição, devem ser concluídos os planos para o ano
seguinte e votados pela igreja. Somente quando a igreja sabe o que se
espera que faça, pode ela escolher sensatamente os líderes e fazer com
que realizem o que foi planejado. A relação dos líderes necessários e a
descrição do trabalho de cada um devem ser entregues à comissão de
nomeações para serem usadas como pauta para suas atividades.

A comissão de nomeações
A comissão de nomeações deve ser indicada no início do quarto
trimestre e os novos líderes eleitos, pelo menos, três semanas antes do
último sábado do ano eclesiástico.
O processo anual (ou bienal) de eleição da igreja começa com a
escolha de uma comissão especial para nomear a comissão de nome-
ações. A comissão especial pode ser formada por indicação direta
dos membros numa reunião com toda a igreja ou, se a igreja preferir,
podem-se acrescentar cinco a sete pessoas à comissão da igreja para
que esta funcione como comissão especial responsável por escolher a
comissão de nomeações.
Seja qual for o método escolhido, o tamanho da comissão especial
deve ser igual ao da comissão da igreja, com um adicional de cinco a
sete pessoas (ver Manual da Igreja, pág. 154). O número dos membros
da comissão de nomeações, por sua vez, será determinado pela igre-
ja. Os escolhidos para atuarem na comissão de nomeações devem
ser pessoas maduras, capazes de demonstrar bom discernimento na
escolha dos oficiais da igreja. Além disso, não devem ser permitidas
quaisquer influências de natureza política ou coercitiva, quer na es-
colha da comissão ou durante o seu trabalho.
O pastor ou diretor do distrito é membro ex-officio da comissão de
nomeações e atua como seu presidente. A comissão especial, ao no-
mear a comissão de nomeações, indica o seu secretário. Caso o pastor
abra mão de seu direito de atuar como presidente, então a comissão
especial fará a indicação de um membro local para ser o presidente
da comissão de nomeações.
A comissão de nomeações precisa ser aprovada por voto da con-
gregação.
Uma forma excelente da comissão de nomeações iniciar seus tra-
48
O Ancião Como Líder da Igreja

balhos é fazer uma pesquisa junto à congregação, a fim de saber que áreas
de serviço poderiam interessar a cada um de seus membros e ser compatí-
veis com seus dons espirituais. A comissão não é obrigada a seguir essas su-
gestões, mas deve considerá-las com atenção. Certamente o Espírito Santo
desejará usar a comissão de nomeações para ajudar os membros a encon-
trarem ministérios eficazes e adequados a seus dons espirituais. A comissão
de nomeações ou outro grupo deve elaborar uma descrição de trabalho
para cada cargo que estiver preenchendo.
A comissão de nomeações apenas nomeia pessoas que são membros
fiéis da igreja local. Quando as pessoas são nomeadas para um cargo
na igreja, o secretário ou o presidente da comissão as informam disso e
procuram saber se aceitarão ou não a função que lhes foi designada.

O relatório da comissão de nomeações


Quando a comissão de nomeações conclui seu trabalho, o pastor
ou o ancião tomam providências para que seu presidente ou secretário
apresentem o relatório da comissão à igreja, quer no sábado pela ma-
nhã ou em uma reunião administrativa da igreja. A comissão da igre-
ja não tem competência nesse sentido. Os nomes dos líderes nomeados
devem ser postos nas mãos dos membros ou lidos em voz alta.
É concedida pelo menos uma semana para que sejam apresenta-
das objeções à comissão de nomeações. Isto elimina a necessidade de
discussões públicas sobre nomes individuais. Na reunião subseqüen-
te, os novos líderes são oficialmente eleitos. A esta altura, a comissão
de nomeações é normalmente desfeita, embora as igrejas grandes
possam desejar que ela continue existindo para preencher as vagas
que ocorrerem durante o ano. Na maioria das igrejas, a comissão da
igreja desempenha esta função.

ESTILOS DE LIDERANÇA
Líderes espirituais
Os anciãos deveriam ser muitas coisas, mas uma é indispensável:
ser líderes espirituais. Liderança é mais que manutenção. Os melho-
res anciãos nunca se contentam apenas em preservar o status quo de
suas igrejas. Eles se dedicam tanto ao crescimento espiritual como
numérico na congregação. Não buscam mudanças por amor às mu-
danças, mas estão constantemente buscando a melhor forma de fazer
as coisas. Para liderar devem ir na frente, mas não tão à frente que
seus membros não possam segui-los.
49
Guia para Anciãos

As pessoas e instituições tendem a resistir às mudanças. Isto pode


ser mais verdadeiro nas igrejas do que na maioria das instituições. As
pessoas normalmente contam com a religião e a igreja para segurança,
e as mudanças invariavelmente ameaçam essa segurança.
Os líderes devem encorajar a mudança da mentalidade de manuten-
ção e sobrevivência para a mentalidade de visão e crescimento, porém
as mudanças sempre ocasionarão críticas. Líderes eficientes precisam ter
o coração de uma pomba e a pele de um rinoceronte, sendo sensíveis
aos sentimentos e necessidades das pessoas, mas capazes de lidar com
a crítica. Com freqüencia, as críticas podem ser dissipadas procurando
encontrar pontos de acordo e evitando atitudes defensivas.
Os líderes também necessitam de paciência ao conduzirem os
membros na conquista de almas. Muitas congregações estabelecidas
são como navios imensos que necessitam de muito tempo e de muito
espaço para fazer a volta. Mudanças em demasia e muito rápidas
podem levar a igreja a encalhar.
O método que os líderes usam para influenciar e motivar seus se-
guidores no cumprimento de seus alvos é conhecido como estilo de
liderança. A personalidade e o estilo de liderança se acham tão intima-
mente relacionados que raramente adotamos um estilo de liderança
diferente de nossa personalidade. Para melhorar, porém, as nossas ap-
tidões, precisamos adaptar nosso estilo de liderança à igreja liderada.
A liderança cristã deve ser centrada no amor. Os mecanismos de
administração são importantes, mas suas técnicas de liderança não têm
tanta importância quanto seu espírito de liderança. Sua maneira e espíri-
to ao liderar são muito mais importantes do que as atitudes mecânicas.
Na liderança não deve ser esquecida a importância de apoiar e pro-
mover as crenças especiais da Igreja remanescente. Entre estas encontra-
se o impacto que o cristianismo exerce sobre a saúde, a alimentação, a
família, a ocupação e as escolhas de vestuário e entretenimento.

Estilos de liderança inadequados


Muitos líderes adotam um estilo de liderança que faz uso do temor e
de ameaças de punição para motivar seus seguidores. Outros líderes
usam a autoridade de sua posição para manipular seus seguidores e
levá-los à ação de maneira forçada. E ainda outros usam uma lingua-
gem irada e enérgica para exercer influência sobre seus seguidores.
A liderança que faz uso de métodos autoritários e autocráticos não
é apropriada para a Igreja de Deus. O estilo forte e autoritário de
liderança pode produzir resultados; contudo, as ações motivadas por
50
O Ancião Como Líder da Igreja

esses métodos surgem de motivos errados e produzem efeitos pouco


duradouros.
Os líderes que adotaram um estilo autoritário de liderança fre-
qüentemente atribuem muita importância a si mesmos. Embora se-
jam bem intencionados, tendem a correr na frente da igreja, tomando
decisões e estabelecendo alvos sem incluir outros oficiais ou membros
no processo. Muitos cometem o erro de pensar que, a menos que
estejam pessoalmente no controle de tudo o que acontece na igreja,
as coisas não serão feitas corretamente. Tais líderes muitas vezes têm
pouca consideração real pelos pontos de vista dos outros e crêem que
sua forma de fazer as coisas é sempre a melhor. Freqüentemente estão
mais interessados na tarefa a ser realizada do que nas pessoas que
são pressionadas por eles para fazer as coisas. Este estilo de liderança
provoca ressentimento e hostilidade contra o líder, e o progresso da
igreja é retardado.

Estilos de liderança do Novo Testamento


O melhor exemplo de liderança é o que nos é apresentado na
Igreja Cristã primitiva. O estilo da Igreja do Novo Testamento foi
um estilo habilitador, em que cada membro era um ministro, em que
os pastores e os anciãos se tornaram servos da igreja, trabalhando
juntos para o desenvolvimento do potencial de cada indivíduo.
Os líderes cristãos durante essa época não deviam imitar o estilo
gentílico e autocrático dos senhores feudais e dos oficiais do gover-
no, que tratavam violentamente seus súditos para obter obediência e
trabalho. Em vez disso, eles deviam servir com humildade, usando
a autoridade do amor de Cristo e motivando seus seguidores pelo
exemplo de uma vida repleta do Espírito. Jesus disse:
“Sabeis que os que são considerados governadores dos povos,
têm-nos sob seu domínio, e sobre eles os seus maiorais exercem au-
toridade. Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser
tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser
ser o primeiro entre vós, será servo de todos. Pois o próprio Filho do
homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida
em resgate por muitos.” Mar. 10:42-45.
Pedro recomendou:
“Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangi-
mento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganân-
cia, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram con-
fiados, antes tornando-vos modelos do rebanho.” I Ped. 5:2 e 3.
51
Guia para Anciãos

As pesquisas indicam que as igrejas que crescem, normalmente


possuem uma liderança forte, mas forte não significa liderança domi-
nadora ou manipuladora. Não confunda liderança com supremacia.

O líder como servo


A liderança cristã é uma liderança de servo. Os Evangelhos falam
disso, pelo menos, sete vezes. Em uma ocasião, Jesus insistiu: “Nem
sereis chamados guias, porque um só é vosso Guia, o Cristo. Mas
o maior dentre vós será vosso servo.” Mat. 23:10 e 11. Dificilmente
conseguimos imaginar um líder mais forte do que Paulo. Ele compre-
endeu, porém, esse princípio de liderança de servo:
“Porque, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos, a fim de
ganhar o maior número possível. Procedi, para com os judeus, como
judeu, a fim de ganhar os judeus; … Fiz-me fraco para com os fracos,
com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim
de, por todos os modos, salvar alguns. Tudo faço por causa do evange-
lho, com o fim de me tornar cooperador com ele.” I Cor. 9:19-23.
Liderança de servo exige adaptação e flexibilidade.
Naturalmente, ser servo não é ser servil. A servidão é humilhan-
te porque constitui uma condição que lhe é imposta pelos outros,
privando-o da liberdade de escolha. A liderança da igreja não deve
tornar-se servil. Ser servo, por outro lado, é um ato voluntário. É a
escolha de estar a serviço dos outros.
Ao liderar seus membros, isso deve também ser feito com humil-
dade. Ao adotar o estilo de liderança de servo, você se torna mais sen-
sível às necessidades das pessoas a quem lidera. Dedique seu tempo
e esforços no sentido de conduzi-las ao Salvador. Encoraje-as com a
certeza de que há salvação em Cristo. Ajude-as a encontrar o plano
de Deus para sua vida. Reconheça o potencial de seus dons especiais
e empenhe-se por desenvolver esse potencial em um ministério que as
fortaleça, bem como à igreja. Este estilo de liderança requer sacrifício,
mas produzirá resultados que permanecerão pela eternidade.

O líder como habilitador


A liderança cristã deve ser uma liderança compartilhada. Isto sig-
nifica escolher um estilo de liderança que distribua, ou compartilhe,
as diversas funções da liderança entre todos os membros de um gru-
po de trabalho, de acordo com as aptidões individuais e a disposição
de participar de cada um. Assim o grupo se concentra não apenas na
realização do trabalho, mas também no desenvolvimento pessoal, na
52
O Ancião Como Líder da Igreja

agilidade do grupo em assumir as funções de liderança necessárias


para um grupo eficaz.
O dom de liderança não lhe foi dado para que o retenha egoista-
mente. Outras pessoas na igreja também têm dons e aptidões. Trei-
ne-as, a fi m de que utilizem essas aptidões para a glória de Deus.
Compartilhe a liderança e a responsabilidade com outros que pos-
sam assumi-las. Não reprima as sugestões das pessoas, antes estimule-
as para que expressem suas opiniões e idéias. Fale menos e ouça mais.
Leve em conta as sugestões dos membros da igreja e ponha-as em prá-
tica quando for apropriado. Encoraje-os a estabelecerem prioridades
e objetivos para seus ministérios, e apóie-os, a fim de que os alcancem.
Utilize seu dom de liderança para estimular, habilitar e treinar cada
membro, com vistas à edificação e ao desenvolvimento da igreja, para
que se torne o corpo que Deus tenciona que seja.

COMISSÕES
Objetivos das comissões
As comissões são cristãs. A Igreja Adventista do Sétimo Dia crê fir-
memente no sistema de comissões (consultar os verbetes “comissões”,
“reuniões” e “conselhos” no Manual da Igreja). Isto não se deve tanto
à nossa tradição, mas à nossa teologia. A Bíblia diz que a Igreja se
assemelha ao corpo humano. Cada parte é importante. O corpo fun-
ciona na base da participação em grupo.
Os cristãos devem amar-se, e confiar um no outro. Se assim for,
isto será demonstrado pelo respeito ao critério e ponto de vista de
cada um. Levamos a sério o que a Bíblia diz: “Não havendo sábia
direção cai o povo, mas na multidão de conselheiros há segurança.”
Prov. 11:14. Juntos temos mais sensatez do que separados.
Ellen G. White concorda:
“Ao dar conselho para o avançamento da obra, homem nenhum sozi-
nho deve ser um poder dominante, uma voz por todos. Os métodos e pla-
nos que forem propostos devem ser considerados com cuidado, de modo
que todos os irmãos possam pesar os méritos relativos e resolver que méto-
dos e planos devam ser seguidos.” – Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 198.
As comissões podem, porém, consumir tempo em demasia. Para fa-
zer com que a comissão funcione mais eficientemente, tome as decisões
no nível mais baixo possível. Por exemplo, não leve à reunião adminis-
trativa itens que podem ser resolvidos pela comissão da igreja. Não leve
à comissão da igreja itens que podem ser decididos pela comissão da
53
Guia para Anciãos

Escola Sabatina. E não leve itens a essa comissão que podem ser resolvi-
dos pelo diretor da Escola Sabatina. Isto não apenas economiza tempo,
mas melhora a assistência à comissão, porque os membros da comissão
sabem que somente serão considerados itens significativos.
Revise o trabalho de cada comissão a cada ano. Determinada
comissão é necessária? As pessoas certas fazem parte dela?
O número de membros da comissão é adequado? As pesquisas in-
dicam que normalmente uma comissão não precisa ter mais que seis a
doze membros. Quando as comissões têm muitos membros, estes sentem
menos obrigação de comparecer e têm menos propensão a se expressar
quando presentes. Em tais situações, os membros mais dominadores ten-
dem a assumir o controle. Cada comissão possui termos de referência
bem definidos – áreas de preocupação, autoridade para agir ou para fa-
zer recomendações a serem aprovadas por outro organismo?

Reunião administrativa
A comissão mais importante da igreja local é a reunião administra-
tiva, que inclui todos os membros da congregação. Ela é convocada e
presidida pelo pastor ou por um ancião por ele designado. Nenhum an-
cião deve assumir essa responsabilidade sem o conhecimento do pastor.
Essa reunião pode ser realizada mensalmente ou uma vez por trimestre,
de acordo com as necessidades da igreja. Nas reuniões administrativas,
deve-se apresentar à congregação um relatório completo do trabalho da
igreja. No final do ano, devem ser apresentados relatórios das atividades
da igreja realizadas no decorrer do ano.
Os planos mais significativos devem ser discutidos e aprovados na
reunião administrativa, onde todos os membros da igreja local têm a
oportunidade de se envolver no processo da tomada de decisões. Aí,
os membros estão livres para expressar suas opiniões e demonstrar seu
apoio ou rejeição pelo voto. Esse envolvimento nas principais decisões
da igreja dá-lhes a sensação de serem parte integrante e anima-os a
apoiar os programas que ajudaram a elaborar.
As reuniões administrativas devem sempre ser anunciadas publi-
camente no sábado pela manhã, definindo-se data, horário e local,
para que todos se sintam bem-vindos a participar.

Comissão da igreja
A comissão da igreja é composta dos oficiais principais e dos lí-
deres de cada departamento da igreja local, bem como de outros
membros escolhidos pela comissão de nomeações. A comissão é elei-
54
O Ancião Como Líder da Igreja

ta anualmente ou de dois em dois anos pelos membros da igreja, por


ocasião da eleição regular dos oficiais. O pastor convoca e preside
a comissão, a não ser que delegue essa autoridade a um ancião. Ela
deve reunir-se, pelo menos, uma vez por mês, de preferência sempre
em determinado dia e hora. Por exemplo, o primeiro domingo de
cada mês. A lista dos membros da comissão da igreja deve ser entre-
gue a cada membro da igreja.
A comissão da igreja é a principal comissão administrativa da igreja
local. Ela implementa e supervisiona os planos votados pela reunião ad-
ministrativa e deve prestar contas a esse grupo. O Manual da Igreja deter-
mina que as responsabilidades da comissão incluem: Nutrição espiritual
da igreja, evangelismo em todos os seus aspectos, preservação da pureza
doutrinária, defesa das normas cristãs, recomendação de alterações no
rol de membros, finanças da igreja, proteção e cuidado das propriedades
da igreja, e coordenação dos departamentos da igreja.
A comissão da igreja toma conhecimento das necessidades e dos planos
apresentados pelas diferentes unidades da igreja. Considera os recursos
disponíveis para ajudar esses programas. Então, coordena todos os pro-
gramas de tal forma que toda a igreja avance de maneira ordenada. A co-
missão solicita regularmente relatórios sobre o progresso desses programas
e avalia sua utilidade.
A comissão da igreja deve demonstrar interesse pela vida espiritu-
al de cada membro e estabelecer planos para o crescimento pessoal,
treinamento e alento dos indivíduos. A comissão da igreja também é
responsável por considerar os casos de disciplina de membros e fazer
as propostas de aplicação de disciplina para a igreja em uma reunião
administrativa.

Outras comissões
Muitas outras comissões podem auxiliar a comissão da igreja na
administração da igreja. O Manual da Igreja faz sugestões de comissões
que podem ser necessárias. A reunião administrativa ou a comissão
da igreja podem determinar as comissões adicionais que forem ne-
cessárias para implementar planos e programas específicos da igreja.
O pastor, ou um dos anciãos, deve, presumivelmente, ser membro
ex-officio de cada comissão.

O membro da comissão
Como ancião, talvez você faça parte de algumas comissões. Isso
pode ser enfadonho ou interessante, dependendo da forma como você
55
Guia para Anciãos

encare a situação. Dinâmicas interpessoais surpreendentes ocorrem


na reunião da comissão. Certas pessoas tendem a desempenhar o
mesmo papel em cada comissão em que se apresentam. A interação
de personalidades e as funções da cada um na comissão constituem
um estudo intrigante da interação humana. Algumas das funções ne-
cessárias, e normalmente abrangidas em cada comissão, incluem:
• Iniciador. Pessoa com idéias, apresentando constantemente
algo novo.
• Elaborador. Este membro é também criativo por natureza e amplia as
idéias apresentadas ao proferir pareceres a favor ou contra.
• Contraditor. Este indivíduo é freqüentemente um conserva-
dor que instintivamente se opõe a mudanças, e normalmen-
te fala de forma negativa. Os contraditores podem parecer
uma amolação ao presidente, mas são necessários no pro-
cesso de uma discussão equilibrada.
• Apaziguador. Esta pessoa não aprecia discussões ou desunião
e busca formas para que todos cheguem a um consenso e a
um denominador comum.
• Animador. Este membro é entusiasta, dá apoio aos novos pla-
nos e programas e deseja que sejam postos em prática.
Como ancião, você deve compreender e apreciar cada um desses
elementos típicos da comissão. Isso o ajudará a ser mais paciente com
os membros da comissão e mais interessado no seu processo. Você
examinará suas próprias características. Se fizer parte de uma co-
missão em que algumas dessas funções estejam sendo negligenciadas,
poderá propositadamente desempenhar determinada função, a fim
de dar maior contribuição no processo da tomada de decisões.

O presidente da comissão
Como ancião, de vez em quando você provavelmente presidirá
comissões. Ao preparar-se para a reunião, deve elaborar uma agenda
com os itens para discussão. Se desejar que algumas pessoas apresen-
tem relatórios ou submetam certos itens à comissão, deve lhes dar
bastante tempo para se prepararem.
Inicie a reunião com uma oração e um breve devocional que esta-
beleça o tom espiritual da reunião. Quando se tratar de uma reunião
administrativa ou comissão da igreja, o secretário deve estar presente
para fazer os registros. Se for possível, as atas da última comissão devem
ser entregues aos membros da comissão logo após a sua realização.
O primeiro item da agenda será a leitura e aceitação das atas da última
56
O Ancião Como Líder da Igreja

reunião. Dê tempo para que os membros da comissão confirmem que as


atas estão certas e para informarem quaisquer itens que foram adiados
para a presente reunião. A aceitação das atas deve ser indicada por um
voto de aprovação.
A comissão prosseguirá ao você ir apresentando cada item da agen-
da. Dê aos membros a oportunidade de falar e expressar suas opini-
ões. Não permita que pessoa alguma domine ou manipule os outros
membros da comissão. Aqueles que já se manifestaram sobre determi-
nado item devem aguardar para falar novamente depois que todos os
demais tenham tido a oportunidade de expressar-se. Se alguém não
está participando, peça sua opinião sobre o tema em discussão. Quan-
do todos se pronunciaram uma vez, normalmente falam outra vez.
Como presidente, procure esclarecer os itens que estão sendo consi-
derados, mantenha a discussão centralizada no tema, ocasionalmente
faça um resumo, e leve a comissão a tomar uma decisão. Respeite o
processo da comissão, dando apoio à decisão tomada, mesmo que não
concorde com ela. Nunca suspenda uma comissão antes que tenham
sido feitos planos para a implementação das decisões tomadas.

NORMAS E DISCIPLINA DA IGREJA


Os elevados padrões da igreja
O Deus do Céu é um Deus santo.
“Quanto ao nosso Redentor, o Senhor dos Exércitos é Seu nome,
o Santo de Israel.” Isa. 47:4. Ele é um Deus justo. “Porque o Senhor é
justo, Ele ama a justiça; os retos Lhe contemplarão a face.” Sal. 11:7.
Porque Deus é santo e justo, Sua Igreja estabeleceu elevados padrões
de comportamento moral e social que refletem o caráter de Deus. Esses
padrões são fundamentados nos eternos e imutáveis princípios bíblicos.
Toda pessoa batizada na Igreja compromete-se a seguir esses padrões.
Infelizmente, embora tenhamos jurado fidelidade a Deus e prometido se-
gui-Lo, devido à nossa fragilidade humana falhamos em viver à altura dos ele-
vados padrões estabelecidos por Ele e a Igreja. A Bíblia nos lembra: “Pois todos
pecaram e carecem da glória de Deus.” Rom. 3:23. Todos os cristãos têm a
necessidade de se voltarem constantemente para Jesus, pedindo-Lhe perdão
por suas faltas e rogando forças para viver de acordo com Sua vontade.

Disciplina de um membro
Algumas vezes os membros da igreja caem profundamente no pe-
cado. Freqüentemente seus problemas afetam a vida de outras pessoas
57
Guia para Anciãos

na família da fé. Por vezes, eles trazem opróbrio e vergonha para o


nome de Deus e Sua Causa. Em vista da santidade e justiça de Deus,
e lembrando que todos somos pecadores em desesperada necessidade
do perdão de Deus, que responsabilidade tem a igreja de corrigir um
membro que transgrediu gravemente a lei de Deus? Como a igreja
trata os membros que não vivem de acordo com seus elevados pa-
drões? Como procede quando os membros não estão vivendo em paz
uns com os outros? Que medidas devem ser tomadas para disciplinar
os membros que estão em erro? Quando e como deve a igreja disci-
plinar seus membros?

O valor de uma alma


Antes de respondermos a essas perguntas sobre a disciplina dos
membros da igreja, lembremo-nos, com toda sinceridade, do valor de
uma pessoa aos olhos de Deus. O Senhor considera muito preciosa
cada pessoa que Ele criou. Quer estejam salvas ou não, o amor de
Deus é o mesmo por todas as pessoas. Somos lembrados que Deus “é
longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão
que todos cheguem ao arrependimento” (II Ped. 3:9). Ellen G. White
aconselha: “Os seres humanos são propriedade de Cristo, resgatados
por preço infinito, e estão-Lhe vinculados pelo amor que Ele e o Pai
têm manifestado. Que cuidado devemos por isso exercer em nosso
trato recíproco!” – Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 200. “A alma é de
infinito valor. Esse valor só pode ser estimado pelo preço pago a fi m
de redimi-la. O Calvário! O Calvário! O Calvário! exprimirá o real
valor de uma alma.” – Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 323.
Quando quer que a igreja necessite tomar um voto a respeito de um
membro que caiu em pecado, que cada um se lembre de que Jesus deu
Sua vida por esse membro errante assim como o fez por nós. Isto nos
ajudará a lembrar o valor da alma daqueles que caem. Tornar-nos-á
mais sensíveis e amorosos com essas pessoas em seus problemas.

Seriedade do pecado
Embora gentilmente, demonstrando amor e misericórdia aos mem-
bros que erram, a igreja tem a responsabilidade de tomar uma posição
com respeito ao pecado. Se for permitido que o pecado continue sem
correção na igreja, ele destruirá todo o bem que ela possa fazer na comu-
nidade. Somos lembrados: “O que encobre as suas transgressões jamais
prosperará.” Prov. 28:13. Devido ao pecado de Acã, Deus foi impedido
de derramar Suas bênçãos sobre a nação de Israel como um todo (Jos.
58
O Ancião Como Líder da Igreja

7:1-26). O pecado não pode ser ignorado na congregação. Ele é prejudi-


cial ao bem-estar da igreja, e os líderes têm a clara responsabilidade de
zelar por que o pecado não tenha permissão para continuar a exercer
seus efeitos sobre a igreja inteira.
“Se há erros evidentes entre Seu povo, e se os servos de Deus são
indiferentes para com eles, virtualmente sustentam e justificam o pe-
cador, são igualmente culpados, e receberão a desaprovação de Deus
com a mesma certeza; pois serão responsabilizados pelos pecados do
culpado.” – Testemunhos Para Igreja, vol. 7, pág. 266.

O método de Cristo
Cristo deu a Sua igreja alguns conselhos inequívocos sobre como
lidar com os membros que caem em pecado. Ele centralizou Seu conse-
lho em quatro passos básicos. Primeiro, Ele disse: “Se teu irmão pecar
[contra ti], vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu
irmão.” Mat. 18:15. Como ancião, quando toma conhecimento de que
um membro caiu em pecado, você deve primeiro abordá-lo sozinho e
oferecer ajuda. Deve se aproximar com amor e compreensão. Seu objeti-
vo não é condenar, mas procurar trazê-lo de volta para Jesus, ajudando-
o assim a abandonar seu pecado. Você deve procurar encorajar, orando
com ele pelo poder e pelo perdão de Deus.
Se não tiver sucesso em sua primeira tentativa de recuperar o mem-
bro caído, Jesus sugere: “Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo
uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três teste-
munhas, toda palavra se estabeleça.” Mat. 18:16. Seguindo o conselho
de Jesus, você pode pedir o auxílio de um ou dois membros espirituais e
respeitados para que o acompanhem em uma segunda visita. Pode ser
que na presença de duas ou três outras pessoas, o membro errante admi-
ta seu erro e busque ajuda e perdão.
Se ainda não for bem-sucedido na segunda visita, Jesus sugere: “E,
se ele não os atender, dize-o à igreja.” Mat. 18:17. Se após várias visitas,
nas quais instou com amor que o membro caído abandonasse seu mau
procedimento e se volvesse para Cristo, ainda assim não se arrepender,
o Senhor aconselha que seu nome seja apresentado à igreja. Isto normal-
mente é feito na comissão da igreja, onde são discutidos os problemas dos
membros. A comissão da igreja pode recomendar especificamente que o caso
seja apresentado na reunião administrativa, se for um assunto grave e não
solucionado. Se o problema for levado à reunião administrativa, esse mem-
bro pode ficar sob censura da igreja, a fim de ter um tempo específico
para se arrepender de seus atos e procurar o perdão.
59
Guia para Anciãos

Na maioria dos casos, se o faltoso foi consistentemente visitado e


foi-lhe demonstrado amor e aceitação, será levado ao restabelecimento
com Cristo e com a igreja. Contudo, se ainda não demonstrar o desejo
de arrependimento, mesmo após o período de censura, e mesmo depois
de ser feito tudo que humanamente era possível para encorajá-lo ao ar-
rependimento, então o conselho de Jesus é: “E, se recusar ouvir também
a igreja, considera-o como gentio e …” (Mat. 18:17).
Quando a igreja fez tudo que era possível para resgatar os membros
errantes, sem sucesso, Jesus diz que eles então devem ser considerados
como estando fora da igreja. O significado das palavras de Jesus é que,
não tendo eles atendido aos apelos da igreja para buscarem o perdão,
se desqualificaram para serem membros da igreja. Assim, esta está li-
vre para remover seu nome do rol dos membros da igreja.
Os membros removidos não devem, porém, ser privados do amor,
das orações e da solicitude da igreja. Os anciãos precisam envidar
ingentes esforços para reconquistá-los para Jesus e Sua Igreja.

A remoção deve receber cuidadosa consideração


A exclusão de membros é um procedimento extremo que somente
pode ser adotado quando foram tentadas todas as outras medidas
para recuperá-los. Siga minuciosamente as instruções do Manual da
Igreja ao aplicar a disciplina. Os membros jamais devem ser excluí-
dos, exceto quando foram dados todos os passos possíveis para aju-
dá-los a buscar o perdão de Deus e reformar sua vida. As instruções
de Jesus, em Mateus 18, sobre como tratar o membro que está em
pecado, são muito claras. Se a igreja não seguiu essas instruções, não
pode remover um membro.
Ellen G. White aconselha: “Nenhum oficial da igreja deve acon-
selhar, nenhuma comissão recomendar e igreja alguma votar a eli-
minação dos livros do nome de alguém que haja cometido falta, sem
que as instruções de Cristo a esse respeito sejam fielmente cumpri-
das.” – Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 202. Note que nenhum membro
da igreja tem autoridade para remover outro membro. Tampouco a
comissão da igreja. Isto somente pode ocorrer em uma reunião ad-
ministrativa devidamente convocada. A comissão pode recomendar
essa medida à reunião administrativa, mas ela não tem poder em si
mesma para tomar o voto.
As pessoas removidas não devem ser impedidas de freqüentar os cultos
da igreja, se desejarem fazê-lo. Contudo, os membros removidos já não
podem tomar parte ativa nos assuntos da igreja. Se desejarem novamente
60
O Ancião Como Líder da Igreja

retornar à condição de membros, devem então dar evidências de que se


arrependeram e repararam seus maus procedimentos. Considerando que
o tempo máximo de censura para um membro é de doze meses, em casos
de remoção é sensato esperar pelo menos doze meses antes de atender um
pedido de reingresso através do rebatismo.
Deve-se sempre ter em mente que o que quer que hajam feito, ou
qualquer que seja sua condição atual, sua salvação é ainda preciosa
à vista de Deus.

Amor e misericórdia para pautar todas as decisões


Ao lidarmos com aqueles que erraram, o amor deve pautar tudo
o que fazemos. Muitos acham que é seu dever eliminar o pecado da
igreja. Deus não lhes atribuiu essa tarefa. Nunca esqueçamos que
todos somos pecadores necessitados do perdão de Deus. Sejamos
pacientes com os que erram e mostremos-lhes o amor e o perdão
de Jesus. Nossa tarefa não é condenar os outros, mas trabalhar por
sua salvação.
“O povo de Deus é a possessão adquirida de Cristo, e que preço
pagou Ele por eles? Será qualquer um de nós encontrado ajudando ao
inimigo de Deus e do homem por desanimar e destruir almas? … Não
devemos condescender na condenação de outros, e assim não faremos
se formos um com Cristo. Devemos representar a Cristo em nosso trato
com os nossos semelhantes.” – Testemunhos para Ministros, pág. 225.

RELACIONAMENTO COM A ASSOCIAÇÃO/MISSÃO


Os anciãos não têm autoridade oficial além da igreja local, exce-
to quando são escolhidos por sua congregação como delegados para
reuniões especiais, como as assembléias em que são eleitos os dirigen-
tes da Associação ou União e tratados outros assuntos. Os anciãos
devem estar atentos e ajudar suas congregações a se tornarem cientes
de que sua igreja existe por voto da irmandade das igrejas na As-
sociação/Missão local. A liderança do ancião deve demonstrar esse
privilégio e a responsabilidade da igreja para com as igrejas como um
todo, conforme expressado no Manual da Igreja. O privilégio de ser
membro da irmandade das igrejas, estendido à congregação local,
pela família das igrejas, pode também ser retirado.

Apoio à Associação/Missão
O crescimento da Igreja vem das igrejas locais. As finanças da Igreja
61
Guia para Anciãos

são quase que exclusivamente geradas nas congregações locais. As Asso-


ciações/Missões têm a responsabilidade por todo o trabalho da Igreja em
seu território; mas o seu êxito depende quase que exclusivamente do fiel
apoio da liderança da igreja local. Confiem nos líderes de sua Associação/
Missão, concedam-lhes o seu apoio, consultem-nos e exijam que prestem
contas por ocasião das assembléias.
Cooperem para pôr em prática os planos do Campo local, da União,
Divisão e Associação Geral. Dêem a devida importância à correspon-
dência vinda da Associação/Missão. Animem os outros oficiais da igre-
ja a apoiarem os planos e regulamentos da Igreja como um todo.
O Manual da Igreja é o livro de regulamentos mais importante da
denominação. As normas e práticas da Igreja se baseiam nos prin-
cípios enunciados nesse manual. Tais princípios devem ser seguidos
em todas as questões que dizem respeito à administração das igre-
jas locais, tanto dentro da igreja como em seu relacionamento com
a organização superior, a Associação. Ninguém deve fazer alguma
tentativa para estabelecer normas referentes à qualidade de membro,
ou para fazer ou impor regras ou regulamentos para a igreja, que
não tenham sido adotadas pela corporação geral de crentes nem pu-
blicadas no Manual da Igreja. O Manual é aprovado pela Assembléia
da Associação Geral e só pode ser atualizado em assembléias sub-
seqüentes. Ele contém toda a autoridade da Igreja. “Quando numa
assembléia geral, é exercido o juízo dos irmãos reunidos de todas as
partes do campo, independência e juízo particulares não devem obs-
tinadamente ser mantidos, mas renunciados.” – Testemunhos Seletos,
vol. 3, pág. 408.
Acatar o Manual da Igreja não é somente sua responsabilidade como
ancião, mas sua prerrogativa. Se você o apóia, mesmo que deseje vê-lo
mudado, você pode se firmar na autoridade que ele possui para apoiar
você quando outras pessoas o pressionam para mudanças inaceitáveis.
Por outro lado, se menospreza esses regulamentos da Igreja mundial,
os demais membros aprenderão a menosprezar os regulamentos es-
tabelecidos na igreja local.

Apoio da Associação/Missão
A Associação/Missão dá o seu apoio à igreja local provendo-a de
um pastor. Ela também provê credenciais ministeriais. Isto protege a
congregação de ser enganada por pessoas não aprovadas pela denomi-
nação. Embora a igreja local possa convidar pessoas a pregar, deve-se
proteger a congregação negando o púlpito a alguém que, dizendo ser
62
O Ancião Como Líder da Igreja

ministro, teve a licença expirada ou cancelada. Indivíduos que foram


excluídos do ministério ou que foram privados da comunhão da igreja
em outros lugares, ou pessoas que não têm autorização da igreja, não
devem ter permissão para dirigir a palavra do púlpito, seja o que for
que eles disserem. Deve-se ter grande cuidado para evitar isso.
Em toda Associação/Missão há pessoas especialmente prepara-
das para prover treinamento e materiais às igrejas em sua ação mis-
sionária. Períodos de treinamento serão às vezes dirigidos por elas
no distrito a que você pertence. A comissão da igreja pode patroci-
nar pessoas adequadas para assistirem a esses seminários. Escolham
pessoas que tenham a capacidade de transmitir a outros o que lhes
for ensinado. Quando regressarem do seminário, é extremamente
importante que lhes seja dado tempo e oportunidade para porem em
prática o que aprenderam. Para os membros que foram “inflamados”
no seminário de treinamento, pode ser muito frustrante voltar para a
igreja e receber pouco ou nenhum reconhecimento ou apoio da lide-
rança local para seus planos e habilidades recentemente adquiridos.
O Manual da Igreja, votado pela assembléia da Associação Geral,
delineia a organização da Igreja e os procedimentos que devem ser
adotados em todas as congregações, para que seja mantida a unidade
na Igreja mundial. Esse manual contém os detalhes para o funciona-
mento da igreja local, incluindo a escolha, as funções e os deveres dos
oficiais da igreja. Cada ancião deve possuir uma edição atualizada
do Manual da Igreja. Familiarizar-se com o seu conteúdo e adotar os
procedimentos recomendados por ele, é essencial ao seu desenvolvi-
mento como líder adventista do sétimo dia.

63
Capítulo

4 O Ancião Como Esteio


dos Outros Líderes Locais
Os anciãos das igrejas locais desempenham uma parte importan-
te na elevação do estado de ânimo e no encorajamento dos diversos
obreiros voluntários que fielmente levam avante o ministério da igreja
numa variedade de formas. “Encorajar e apoiar” deveria ser o lema
de cada ancião.

APOIAR O SECRETÁRIO DA IGREJA


Manter um registro acurado dos membros e das principais ativi-
dades de uma igreja é uma forma de preservar a eficiência da organi-
zação. O secretário da igreja é a pessoa responsável por essa função.
Ele (ou ela) é escolhido(a) por sua confiabilidade e fidelidade no de-
sempenho de todas as atribuições de escrituração e correspondência
da igreja. O secretário assiste a todas as comissões e reuniões admi-
nistrativas da igreja, registrando os votos tomados na ata da reunião.
A ata inclui tais dados como a data e o local, o nome do presidente, as
pessoas presentes à reunião, a primeira e a última oração. As atas con-
têm um registro cuidadoso de todos os itens aprovados por voto. Elas
ficam permanentemente arquivadas na seção apropriada do Livro de
Atas da Igreja.
O Livro de Registro de Membros da Igreja contém os nomes de to-
dos os membros da igreja. É essencial que essa lista continue sendo cor-
reta e atualizada. O rol dos membros é importante para você, ancião,
pois fornece informações sobre os membros, tanto os atuais quanto os
antigos. Diz-lhe quem são os membros e onde podem ser encontrados.
Use esse livro ao planejar a visitação e o encorajamento dos membros.
Toda vez que um novo membro se une à igreja pelo batismo, por
profissão de fé, ou por carta de transferência, e toda vez que a igreja
perde um membro por morte, remoção, ou transferência, seus nomes
64
O Ancião Como Esteio dos Outros Líderes Locais

devem ser imediatamente acrescentados ou retirados do rol de mem-


bros da igreja. Uma das atribuições do secretário é lidar com toda
a correspondência entre duas igrejas, quando um membro solicita
transferência.
É imperativo que a Igreja mundial seja cuidadosa na transferên-
cia de membros de uma congregação para outra. Seja cauteloso com
a concessão de funções de liderança em sua igreja a membros cuja
transferência ainda não foi concluída. Um modo de lidar com isso é
eleger a pessoa sob a condição de que venha a ser transferida.
Contudo, no seu louvável desejo de ser cuidadosa no processo de
transferência de membros, a Igreja criou um sistema que pode se
tornar um tanto incômodo. O pedido de transferência precisa ir do
membro ao secretário da nova igreja, ao secretário da igreja anterior,
ao presidente da comissão dessa igreja, à comissão da igreja anterior,
à primeira e à segunda leituras perante a igreja anterior, e então no-
vamente ao secretário da nova igreja, que o encaminha ao presidente
da comissão da igreja, à comissão da igreja, à primeira e segunda
leituras perante a nova igreja, para por fi m receber o voto de aceita-
ção, e então ser encaminhado ao secretário da igreja anterior para a
remoção do nome do rol de membros dessa igreja.
Para a proteção da Igreja e de seus membros, o sistema não deve
sofrer alterações. No entanto, em benefício do membro a ser trans-
ferido, a transferência deve ser conduzida eficientemente. É muito
difícil que os novos membros se sintam estimados se decorrem meses
entre a data em que solicitaram a transferência e a data em que se-
rão votados e receberão as boas-vindas. O parágrafo anterior mostra
que o secretário, o pastor ou o ancião precisam atuar, pelo menos,
doze vezes antes de ser completada a transferência de um membro.
Torna-se imperativo que eles trabalhem juntos e unidos, a fi m de que
possam agir imediatamente.
O rol de membros da igreja contém invariavelmente os nomes dos
membros que já não freqüentam a igreja. Alguns deles são pessoas
que apostataram da fé. Alguns são pessoas que se mudaram para ou-
tro local. O secretário deve esforçar-se para manter contato com essas
pessoas que estão fora da igreja. Ele pode enviar cartas para mantê-
las informadas sobre as atividades da igreja e para dar-lhes encoraja-
mento. Se chegar ao conhecimento do pastor ou do ancião que um
membro que se mudou para outro local necessita de ajuda espiritual,
ele pode solicitar que o secretário envie uma carta ao pastor dessa
nova região pedindo-lhe que alguém visite essa pessoa.
65
Guia para Anciãos

A fim de auxiliar a Associação/Missão na monitoração dos membros


e das atividades da igreja local, o secretário prepara um relatório tri-
mestral. Esse relatório contém informações sobre os membros, pesso-
as acrescentadas ou excluídas, oficiais da igreja, e outras informações
relevantes. O relatório trimestral do secretário da igreja ajuda a As-
sociação/Missão a manter seus registros em ordem. Dá-lhe também
uma visão do progresso nas igrejas locais. Como ancião, você ne-
cessitará certificar-se de que o secretário está registrando fielmente
todos os detalhes solicitados no relatório e de que o está enviando, no
final de cada trimestre, ao secretário da Associação/Missão.

APOIAR OS DIÁCONOS E AS DIACONISAS DA IGREJA


Os diáconos e as diaconisas têm dado significativa contribuição à
Igreja desde o seu início. Atos 6 diz que, à medida que a Igreja Cris-
tã foi crescendo, os doze apóstolos sentiram-se incapazes de atender
toda a obra. Assim, foram escolhidos sete diáconos. Sua obra era
ajudar os pobres e os doentes, e dar sustentação material e espiritual
aos membros da Igreja. Isso possibilitou que os apóstolos dedicassem
mais tempo à pregação, ao evangelismo e à oração.
O Novo Testamento também registra os nomes de várias mulhe-
res que serviram à Igreja ajudando os pobres e necessitados (Atos
9:36 e 39; Rom. 16:1 e 2). Estas eram mulheres devotadas, com per-
sonalidade amável e cordial, que granjearam a estima das pessoas da
comunidade por seus atos de amor.
Hoje, os diáconos e as diaconisas na igreja ainda provêem os mes-
mos ministérios de cuidado e serviço. Por meio dos dons espirituais
que Deus lhes concedeu, eles ministram regularmente a muitas das
necessidades práticas dos membros e da propriedade da igreja. Pro-
vêem assistência e encorajamento aos pobres, doentes e desalentados.
Visitam as pessoas nos hospitais e prisões. Compartilham da lide-
rança na administração das ordenanças do batismo e da Santa Ceia.
Devem também cuidar da ordem e da recepção, quando a igreja
não tiver um grupo de pessoas designadas para isso, da abertura e
fechamento das portas e janelas do templo e dependências, e do re-
colhimento dos dízimos e ofertas durante o culto. Para o bom anda-
mento desses serviços é recomendável que o primeiro diácono faça
uma escala entre eles.
Segundo o Manual da Igreja, os diáconos são responsáveis pelo pa-
trimônio e manutenção do templo, inclusive da supervisão dos ser-
66
O Ancião Como Esteio dos Outros Líderes Locais

viços de zeladoria. Para questões de seguro e outros fins, deveriam


fazer o inventário de todos os utensílios e mobília da igreja.
Assim como nos dias do Novo Testamento, os diáconos e as dia-
conisas auxiliam grandemente os anciãos em seu ministério. Estando
mais próximos das pessoas, podem tornar-se olhos e ouvidos para
você, ancião, ao tomarem conhecimento daqueles que necessitam sua
ajuda especial. Reúna-se com eles e informe-se sobre onde pode pres-
tar ajuda. Ao visitar os membros, leve-os com você. Ao apresentarem
sugestões e solicitações à comissão da igreja, dê-lhes seu apoio.
Para se familiarizar com a obra do diaconato, leia o Guia Para
Diáconos e Diaconisas.

APOIAR O TESOUREIRO DA IGREJA


Anime o tesoureiro
O tesoureiro da igreja recebe e paga contas, emite recibos, faz de-
pósitos, mantém a contabilidade e o registro de todo o dinheiro que
entra na igreja. Os dízimos e as ofertas são enviados mensalmente
ou semanalmente à Associação/Missão, junto com o relatório finan-
ceiro. O dinheiro dado para a igreja local, o dinheiro recebido de
diversas entidades na igreja, e quaisquer outros recursos gerados pela
congregação local, são distribuídos de acordo com o orçamento da
igreja, ou por voto da comissão ou da reunião administrativa da igre-
ja. Isto inclui o pagamento de contas, seguros, utilidades, aluguéis,
despesas dos departamentos, compras para a igreja e pagamento de
serviços de manutenção. O tesoureiro é convocado a prestar um re-
latório financeiro periódico nas reuniões administrativas ou na co-
missão da igreja, informando quanto dinheiro foi recebido e quanto
foi gasto.
O parágrafo acima se destina a chamar sua atenção, como an-
cião, para o penoso trabalho dos tesoureiros, muitas vezes mais pe-
sado do que o de qualquer outro oficial na igreja. Grande parte do
seu trabalho ocorre, porém, nos bastidores, e assim, tipicamente, eles
não somente se acham sobrecarregados, mas não recebem a devida
apreciação. Como ancião da igreja, faça questão de expressar-lhes,
com freqüência, palavras de apreço.
O pastor e o primeiro ancião deveriam receber uma cópia mensal
do resumo das remessas que é enviado à Associação/Missão para
saber quanto a igreja dispõe no caixa local e como os departamentos
estão sendo atendidos pelo orçamento aprovado pela igreja.
67
Guia para Anciãos

Manter o caráter confidencial das doações


Os tesoureiros têm a especial responsabilidade de manter o cará-
ter confidencial das doações feitas pelos membros. Tais informações
nunca devem ser compartilhadas com outras pessoas, exceto com os
que têm a responsabilidade da obra. Ocasionalmente, o pastor, ou o
ancião designado, pode necessitar tomar conhecimento do registro
da devolução de dízimos de um membro. Um dos motivos para que o
pastor e o ancião sejam membros da comissão de nomeações é poder,
com diplomacia, impedir a escolha, como oficial da igreja, de alguém
que não devolve o dízimo. Respeite o dever do tesoureiro conservar
em sigilo os registros das doações dos membros, e não solicite essa
informação, exceto no caso de uma necessidade imperiosa.

Manter o dinheiro em segurança


Lidar com o dinheiro de Deus é uma responsabilidade sagrada.
É também uma responsabilidade prática, pois quando os membros
deixam de confiar nos líderes da igreja, podem deixar de dar para
a igreja. Nunca, nunca pegue dinheiro da igreja que não tenha sido
registrado na tesouraria. Quando o dinheiro está sendo contado, é
uma prática prudente que alguém, como um diácono ou diaconisa,
auxilie o tesoureiro. Isto será uma comprovação na contabilidade do
tesoureiro e um testemunho de sua integridade.
Algumas vezes é prudente ter mais de uma assinatura antes que o
dinheiro seja retirado. Os pastores, anciãos e outros líderes da igreja
nunca devem pedir que o tesoureiro lhes entregue dinheiro que não
haja sido autorizado. Os líderes sensatos não o pedirão, e os tesourei-
ros prudentes não o entregarão, mesmo que eles lhe peçam. Sempre
que for possível, o dinheiro deve ser recebido em envelopes, com a
quantia e o nome do doador incluídos. Esses envelopes são conser-
vados pelo tesoureiro, para mostrar ao auditor que os fundos foram
geridos corretamente. O dinheiro dado à igreja é dinheiro de Deus.
Seu uso indevido é uma grave ofensa que pode impedir o derrama-
mento de Suas bênçãos.

APOIAR OS MINISTÉRIOS DA IGREJA


Cada ministério é uma parte importante da Igreja Adventista do
Sétimo Dia. Várias subdivisões dos ministérios da Igreja serão aqui
mencionadas, com ênfase sobre como se relacionam com o trabalho
do ancião.
68
O Ancião Como Esteio dos Outros Líderes Locais

Serviço Beneficente e Social Adventista


A Igreja Adventista do Sétimo Dia estabeleceu o programa do
Serviço Beneficente e Social Adventista como uma expressão de seu
amor e solicitude pelos necessitados. Alguns dos projetos comunitá-
rios, adotados pela igreja, incluem a coleta e o preparo de roupas,
alimentos e outras provisões para os pobres e desafortunados; visitas
a hospitais e prisões; projetos de saúde pública; projetos agrícolas;
reparos nas casas de pessoas idosas; centros de abrigo para pessoas
que sofrem abusos; e assistência a vítimas de catástrofes.
O programa do Serviço Beneficente e Social Adventista pode
também oferecer cursos de culinária, nutrição, higiene, primeiros so-
corros, enfermagem para o lar, afazeres domésticos, cuidado dos fi-
lhos, orçamento familiar, aconselhamento e outros serviços. Quando
surgem catástrofes, o Serviço Beneficente e Social Adventista oferece
assistência na forma de roupas, alimentos, prevenção de doenças, pri-
meiros socorros, e conforto. Se a catástrofe é de grandes proporções,
além da capacidade de atendimento das instalações locais, a ADRA
(Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais) pode
ser solicitada a prestar assistência. O programa deve funcionar em es-
treita ligação com os diáconos e diaconisas da igreja.

Ministérios da Família
Cada igreja precisa reconhecer o impacto que a família pode
exercer para tornar seus membros discípulos de Cristo. É na família
que nossas necessidades de contato social, de amor e de intimidade
são atendidas. A família ajuda a estabelecer nossa identidade pessoal
e valor individual. Na família, são implantados valores que perma-
necem conosco ao longo de nossa vida. “Muito mais poderosa que
qualquer sermão pregado, é a influência de um verdadeiro lar, no
coração e na vida.” – A Ciência do Bom Viver, pág. 352.
Para ajudar a satisfazer as necessidades das famílias, a igreja escolhe
um diretor de Lar e Família para avaliar essas necessidades e prover in-
formações e dados apropriados para o pastor ou para os anciãos da igreja.
Os anciãos devem trabalhar unidos com o pastor e o diretor de Lar e
Família para descobrir e atender as famílias em dificuldades, e apresentar
programas especiais para alentar todas as famílias da igreja.

Ministérios da Mulher
As mulheres desempenham uma função muito importante em nos-
sa Igreja. Em muitos lugares elas são a espinha dorsal da congregação.
69
Guia para Anciãos

As igrejas devem ter um ministério especialmente talhado para as


necessidades especiais das mulheres. Por esse motivo foi estabelecido
o Departamento dos Ministérios da Mulher, que existe para apoiar,
encorajar e lançar desafios à mulher adventista do sétimo dia em sua
jornada como discípula de Jesus Cristo e como membro da Igreja
mundial. A missão desse departamento é, no sentido mais amplo,
comum a todos os cristãos – enaltecer a Cristo na igreja e no mundo.
“O Senhor tem uma obra para as mulheres, da mesma maneira que
para os homens” – Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 404.
A líder do departamento é apontada pela comissão de nomeações
da igreja e também é membro da comissão da igreja. Sua função é
auxiliar a igreja a satisfazer as necessidades espirituais, emocionais,
intelectuais e sociais das mulheres em seus vários estágios da vida e
diversidade cultural. Ela deve trabalhar diretamente com o pastor e
com o ancião indicado para assessorar o departamento no desenvol-
vimento e implementação dos programas e projetos.
A diretora é treinada e aconselhada a ter alvos específicos na
preparação de seus programas, sabendo que os líderes da igreja res-
peitam um programa bem organizado. Sendo assim, o ancião pode
ajudar na escolha da diretora e apoiá-la em seu trabalho, para que a
igreja possa colher as bênçãos de um trabalho eficaz.

Ministério da Música
A música dá realce ao culto. Ela tem um poder especial para al-
cançar o coração e abrir a mente. Inspira, ensina, e contribui para o
crescimento espiritual. Eleva os pensamentos e desejos a Deus.
Para desenvolver esse dom na igreja, a maioria das congregações tem
um diretor de música para planejar, liderar e desenvolver o programa de
música. Se você for pregar ou fazer o planejamento do culto, trabalhe junto
com o diretor de música para coordenar a música e a mensagem. Ajude-o a
envolver os novos membros da igreja convidando-os a apresentar a música
especial ou para cantar no coral. Pessoas que estão sendo evangelizadas
podem ser convidadas a cantar no coral da igreja. Anime seu diretor de
música a incluir os jovens no programa de música da igreja.

Ministérios Pessoais
Todo membro da Igreja é chamado para algum ministério. Alguns
desses ministérios reforçam o programa interno da igreja, outros têm
sido usados para alcançar as pessoas de fora da igreja. O diretor dos
Ministérios Pessoais é escolhido para encorajar o desenvolvimento dos
70
O Ancião Como Esteio dos Outros Líderes Locais

dons dos membros, a fim de que sejam usados na conquista de almas.


De modo especial, esse diretor procura desenvolver as habilidades de
testemunho que Deus concede aos membros da igreja, para que sejam
verdadeiros missionários na comunidade em que vivem. Ele organiza e
implementa os programas de testemunho e ação missionária da igreja.
Como o ancião da igreja pode apoiar o diretor dos Ministérios Pessoais?
1. Envolva-se pessoalmente em algum programa missionário.
2. Ceda, com liberalidade, algum tempo no sábado pela manhã
para a promoção dos programas de ação missionária.
3. Colabore, oferecendo, na igreja, treinamento na conquista
de almas.
4. Anime o diretor e outros líderes a assistirem aos programas de trein-
amento na ação missionária oferecidos pela Associação/Missão.

Escola Sabatina
A Escola Sabatina provê um período para crescimento espiritual
através do estudo da Bíblia, do companheirismo de pequenos grupos e
da ação missionária mundial. Seu objetivo é conquistar, conservar e trei-
nar as pessoas de todas as faixas etárias como discípulos de Jesus Cristo.
Dê seu apoio à Escola Sabatina através de sua presença constante.
Estimule o treinamento de professores da Escola Sabatina. A unidade
de ação da Escola Sabatina é uma idéia excepcionalmente boa, mas é
apenas tão eficaz quanto seu professor. Promova uma classe especial
na Escola Sabatina para os interessados, em que o pastor ou o ancião
ensinem as crenças adventistas. Considere o estabelecimento de Es-
colas Sabatinas Filiais como parte de seu programa de crescimento
da igreja. Ellen G. White observou: “A Escola Sabatina, devidamente
dirigida, é um dos grandes instrumentos divinos para trazer almas ao
conhecimento da verdade.” – Conselhos Sobre a Escola Sabatina, pág. 115.
Visite as divisões das crianças e dos jovens da Escola Sabatina, para
demonstrar o seu apoio. Profira, publicamente, palavras de apreciação
às pessoas que trabalham na Escola Sabatina das crianças. Anime os
homens a se envolverem nessas divisões, a fim de servirem de modelos
cristãos, especialmente para os meninos. Tome providências para que
seja provido dinheiro suficiente para os materiais da Escola Sabatina.

Mordomia, o Ministério da Fidelidade


Todos somos responsáveis perante Deus pela forma como administra-
mos aquilo que Ele nos concedeu. Somos lembrados nas Escrituras: “Ora,
além disso o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja
71
Guia para Anciãos

encontrado fiel.” I Cor. 4:2. Praticar boa mordomia significa ser fiel
no uso de nosso tempo, oportunidades, aptidões e finanças, que Deus
nos confiou. Resumindo, significa a entrega, nas mãos de Deus, de
toda a nossa vida, de tudo o que somos e temos, a fi m de ser usado
conforme a Sua vontade. Assim, a obra do diretor de Mordomia na
igreja local é encorajar cada membro nesse seu comprometimento
para com Deus, a fi m de que sejam bons mordomos através do desen-
volvimento e uso de Suas dádivas.
Encontrar fundos para sustentar o programa da igreja é um dos prin-
cipais problemas enfrentados pelos lídere. Está no mesmo nível que a
dificuldade de encontrar suficientes voluntários. Muitas vezes as preocu-
pações financeiras da igreja são sintomas, e não o problema principal.
Se as dificuldades financeiras são reincidentes, isso geralmente é
porque os métodos utilizados para corrigi-las tratam dos sintomas, e
não do problema. As finanças da igreja local devem ser conduzidas
cuidadosamente, e com o apoio de todos os membros da igreja. A
cada ano, a comissão da igreja deve preparar uma lista de todas as
despesas previstas e apresentá-la aos membros para aprovação. O or-
çamento resultante deve incluir um plano claramente definido para
fazer frente a essas despesas. O pastor, os anciãos, o diretor de Mor-
domia e outras pessoas escolhidas devem visitar os membros para
explicar o orçamento da igreja e encorajar cada família a assumir um
compromisso pessoal de manter o programa financeiro da igreja por
meio de doações planejadas.
Para apoiar o diretor de Mordomia da igreja, seja fiel na devolução
do dízimo e nas ofertas, estabelecendo um programa pessoal nesse sen-
tido. Não peça aos membros para se sacrificarem além do que você está
disposto a fazer, nem para entrarem em um programa de Mordomia
que você não pratica. Mantenha diante dos membros os princípios de
Mordomia e as necessidades financeiras, enfatizando que cada família
deve se envolver em um programa de ofertas planejadas. Mantenha as
pessoas informadas sobre as necessidades financeiras da igreja através
de constantes relatórios à igreja e à comissão da igreja. Prepare os ape-
los para as ofertas do sábado de manhã com cuidado e oração.

Jovens
Os jovens de nossas igrejas possuem muito talento e potencial que,
se devidamente canalizados, trarão grande bênção à Igreja. Na igre-
ja local, a Comissão do Ministério Jovem é responsável pelo planeja-
mento das atividades dos jovens.
72
O Ancião Como Esteio dos Outros Líderes Locais

Sociedade dos Jovens Adventistas


A Sociedade dos Jovens Adventistas é a organização de envolvi-
mento e companheirismo para os jovens da igreja. Ela serve a faixa
etária dos 16 aos 30 anos. Embora nossa intenção nunca deva ser
separar os jovens dos demais membros da igreja, precisamos reco-
nhecer que suas necessidades podem ser diferentes das dos outros
grupos etários. As sociedades de jovens provêem oportunidades para
o companheirismo e o desenvolvimento espiritual dos jovens enquan-
to na companhia das demais pessoas de sua faixa etária.
O principal objetivo da sociedade de jovens é conquistar os jovens,
levando-os à salvação em Cristo e ao serviço. Assim, as atividades da
sociedade incluirão componentes de adoração, companheirismo, ins-
trução e testemunho, que conduzam os jovens a um relacionamento
salvífico com Jesus.

Clube dos Desbravadores


O Clube dos Desbravadores atende à faixa etária dos dez aos 15
anos. Seu objetivo é similar ao apresentado pela sociedade dos jovens.
Suas atividades incluem instrução espiritual, habilidades manuais, ex-
cursões ao campo, acampamentos e esportes. Estes programas pro-
movem qualidades pessoais como asseio, confiança, domínio próprio,
persistência e bom espírito esportivo. Os desbravadores são também
animados a se envolverem nas atividades missionárias.

Clube de Aventureiros
O Clube de Aventureiros atende à faixa etária dos seis aos nove
anos. Suas atividades envolvem o crescimento da criança em três áreas
especiais: família, escola e igreja. O clube deve preparar seus partici-
pantes para a vida e também para se tornarem desbravadores, envol-
vendo os pais em todas as atividades.

Ministérios da Criança
Nestes últimos anos, a Igreja tem enfatizado a necessidade de am-
pliar a participação da criança dentro dos seus diferentes ministérios.
No passado, os Ministérios da Criança se desenvolveram a partir das
atividades das divisões dos departamentos infantis. Em reconheci-
mento à importância do desenvolvimento espiritual e emocional nos pri-
meiros anos da infância, a Igreja criou o Departamento dos Ministérios
da Criança com o objetivo de facilitar, coordenar e promover atividades
para o fortalecimento espiritual das crianças da igreja.
73
Guia para Anciãos

O Departamento dos Ministérios da Criança dispõe de materiais


e recursos para auxiliar as igrejas locais nas seguintes áreas: Escola
Sabatina, Programas para Reuniões de Treinamento, Escola Cristã
de Férias, Semana Santa, Semanas de Oração, Cursos Bíblicos, Ado-
ração Infantil, Voz do Juvenil, Culto Familiar, Mordomia Infantil,
Projetos Missionários e Evangelísticos, Sábado da Criança Adventis-
ta e Programas de Instrução Religiosa.
As igrejas devem nomear um(a) coordenador(a) para o Depar-
tamento dos Ministérios da Criança para iniciar e supervisionar
as atividades. Se a igreja não tem esse coordenador, o ancião deve
compartilhar esta responsabilidade, a fim de assegurar que sua con-
gregação esteja ciente da importância de tomar providências para o
desenvolvimento espiritual das crianças e para criar formas de intro-
duzir atividades que atendam suas necessidades.
Além disso, também deve apoiar pessoalmente as crianças assistin-
do periodicamente às suas reuniões e dando prioridade na comissão de
nomeações à escolha de líderes bem qualificados para atuarem nesse mi-
nistério. Os pais devem ser envolvidos nas atividades das crianças. Asse-
gure-se de que haja instalações disponíveis para as reuniões de crianças
e desbravadores. Movimente os líderes para que as crianças sejam envol-
vidas e incluídas no culto e em outros programas da igreja.

APOIAR O DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO


Parte do desafio enfrentado pela Igreja Adventista do Sétimo Dia é co-
municar nossa mensagem às comunidades que nos cercam. Embora esta
seja uma tarefa de cada membro da igreja, o diretor de Comunicação da
igreja tem uma contribuição especial a fazer. Parte do seu trabalho é pro-
ver informações sobre a igreja, sua mensagem e atividades aos membros
da mídia, a pessoas influentes e à comunidade como um todo.
Eis aqui algumas das formas pelas quais o diretor de Comunicação pode
manter a mensagem e as atividades da igreja diante do público: notícias em
jornais, rádio e televisão; anúncios de serviços públicos na mídia local; cartas
a editores sobre assuntos de interesse da igreja; cobertura fotográfica das
atividades da igreja; tornar-se pessoalmente conhecido dos líderes da mí-
dia e do pessoal de serviços públicos; providenciar publicidade de edifícios,
atividades e serviços da igreja nas diretorias de jornais, telefones e hotéis, e
outdoors nas vias públicas; exposições da igreja em feiras e reuniões públicas;
providenciar a participação da igreja em solenidades cívicas e programas
comunitários; transmissões religiosas no rádio e na televisão.
74
O Ancião Como Esteio dos Outros Líderes Locais

Em algumas igrejas é comum o uso do boletim. O diretor de Co-


municação costuma ser o responsável pela confecção desse boletim, que
geralmente é distribuído aos adoradores a cada sábado de manhã.
Embora seja importante que a congregação se comunique com pesso-
as de fora da igreja, a comunicação dentro da igreja é também essencial
para manter os membros informados dos programas denominacionais e
da congregação local. O diretor de Comunicação pode auxiliar a igreja
produzindo um jornal da igreja, afixando notícias e fotos no quadro de
anúncios, lembrando os membros dos horários das transmissões da igre-
ja através do rádio e da televisão, e enviando relatos e notícias regulares
ao diretor de Comunicação da Associação/Missão.
Os anciãos devem aprender a pensar como os diretores de Comu-
nicação, sempre se perguntando: “O que está ocorrendo na igreja,
que nossa comunidade deveria saber?” “O que está ocorrendo, que
nossos membros deveriam saber?” Compartilhe as respostas com o
diretor de Comunicação.

APOIAR A EDUCAÇÃO CRISTÃ


A Igreja Adventista do Sétimo Dia dirige um sistema escolar cujo
principal objetivo é restaurar a imagem de Deus em seus estudantes.
Os ramos comuns do aprendizado são ensinados em nossas escolas,
com instrução adicional, numa abordagem cristã, em ajustamento
social, responsabilidade cívica, valores éticos e morais, e vocação
profissional. Ellen G. White aconselhou:

No mais alto sentido, a obra da educação e da redenção são


uma. – Educação, pág. 30. Onde quer que haja alguns observa-
dores do sábado, os pais se devem unir para providenciar um
lugar para uma escola em que suas crianças e jovens possam ser
instruídos. – Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 456.

Eis aqui algumas formas pelas quais o ancião pode apoiar a edu-
cação cristã:
– Promova os princípios da educação cristã.
– Estabeleça a comissão de educação da igreja. Mesmo que
sua igreja não tenha uma escola para suas crianças, há vários inter-
natos de Ensino Médio e Superior em outros estados e países.
– Sempre que há um quinto sábado no mês, ele é destinado
à promoção da educação cristã. Pouco antes do início do ano escolar,
75
Guia para Anciãos

dedique um culto à educação cristã. Se a igreja possui uma escola, con-


vide os professores para virem à plataforma e faça uma oração especial
de dedicação por eles. Se for conveniente, os alunos da escola e seus pais
podem ser incluídos nessa dedicação. Pode-se dedicar os jovens que estão
indo estudar nos internatos. Mesmo que a igreja não tenha escola, ainda
assim você pode promover a educação cristã.
– Apóie a educação cristã enviando seus próprios fi lhos à
escola da igreja.
– Certifique-se de que as instalações da escola sejam adequadas.
– Dê apoio aos professores. O pastor, os anciãos e a comissão
escolar têm um papel muito importante no sentido de conservar o
bom relacionamento entre pais e professores. Esta é uma verdade
dupla se o ancião também é um dos pais.
– Onde parece impossível estabelecer uma escola, é impor-
tante fortalecer o ensino religioso das crianças na igreja, especial-
mente nas divisões da Escola Sabatina.
– Ajude a criar um fundo para ajudar pessoas da família da igreja
que de outra maneira não conseguiriam obter uma educação cristã.

APOIAR A SAÚDE E A TEMPERANÇA


A Igreja Adventista do Sétimo Dia desempenha uma parte im-
portante em toda comunidade, como um modelo do estilo de vida
saudável. Nossa pregação e prática do viver saudável demonstram o
evangelho de Jesus. Este aspecto da atividade da igreja é promovido
pelo diretor de Saúde e Temperança. As atividades podem incluir
programas como: curso para deixar de fumar, cursos de culinária,
cursos sobre saúde e programas de controle do estresse.
Inicie seu apoio dedicando-se aos princípios e práticas do viver
saudável. Encoraje os membros a assinarem a Revista Vida e Saúde.
Promova a leitura das obras clássicas sobre saúde, de Ellen G. White.
Anime os membros capacitados nas áreas de saúde a participarem de
projetos de saúde comunitária.
Há várias oportunidades no calendário anual da igreja para ênfase es-
pecial de temas relacionados com a saúde e a temperança. O Dia da Saú-
de e o Dia de Combate ao Fumo são exemplos disso. Os materiais para
auxiliá-lo no preparo do sermão desse sábado e para distribuição entre os
membros podem ser encontrados na Associação/Missão. A Semana de
Ênfase da Saúde é outra oportunidade, quando a igreja deve ser animada
a prestar serviços comunitários relacionados à saúde e temperança. Sua
76
O Ancião Como Esteio dos Outros Líderes Locais

promoção de cada um desses eventos ajudará a igreja a adotar um estilo de


vida saudável. Confira as datas dessas programações e do Dia da Oferta
Mundial para a Saúde no calendário denominacional.

APOIAR O MINISTÉRIO DA LITERATURA


Uma das melhores maneiras de partilhar a mensagem do evange-
lho é através da página impressa. A Igreja distribui Bíblias, revistas,
folhetos, cursos por correspondência e uma grande variedade de livros
repletos da verdade. Cada ano, colportores-evangelistas levam nossos
livros e revistas aos lares de milhares de pessoas.
Você pode apoiar o ministério da literatura encorajando a comissão
da igreja a dedicar uma verba para a distribuição de nossa literatura
à comunidade. Incentive os membros a inscreverem os amigos e vizi-
nhos nos cursos bíblicos por correspondência. Se há algum colportor
trabalhando em sua região, dê-lhe a oportunidade, em alguns cultos
da igreja, de partilhar suas experiências quanto à forma como Deus
está usando esse ministério em sua comunidade. Promova a compra
e distribuição das revistas denominacionais e anime os membros a ler
os livros oferecidos pelos nossos centros de publicação. Sugira que a
igreja patrocine a colocação de nossa literatura em lugares públicos.
Funde uma biblioteca da igreja. Encoraje membros talentosos a in-
gressar no ministério da literatura.

77
Capítulo

5 O Ancião e o
Crescimento da Igreja
O evangelismo é a força vital da Igreja. Por meio dele, a Igreja
mundial cresce e expande sua influência ao redor do mundo. Por
meio do evangelismo, a igreja local conclama homens e mulheres
em sua própria comunidade a unirem-se ao povo remanescente de
Cristo. Por meio dele, a Igreja concluirá sua missão.
No centro da mensagem evangelística encontra-Se Jesus, enviado
ao mundo para regenerar, por Seu sacrifício sem pecado, a raça hu-
mana decaída. Agora podemos novamente entrar em um relaciona-
mento com Deus e unir-nos a Ele para o crescimento de Sua Igreja e
para a volta de Cristo.

CRESCIMENTO DA IGREJA MUNDIAL


Qualquer congregação que ignore o mundo fora de sua própria
comunidade e se centralize exclusivamente em sua própria área, não
demonstra ser cristã. Cristo deixou o conforto do lar celestial para
salvar um mundo estranho. Sua Igreja deve fazer a mesma coisa.
Cristo assumiu prazerosamente Sua missão para o nosso mundo por-
que verdadeiramente amava as pessoas que eram tão diferentes dEle.
Sua Igreja também deve aceitar sua missão global, movida por um
amor verdadeiro que rompa toda barreira racial, cultural, nacional,
lingüística e econômica.
A Igreja Primitiva dedicou-se à missão de levar o evangelho para além
de sua terra natal, a Palestina. Historiadores calculam que metade dos ha-
bitantes das cidades do Império Romano se converteram ao cristianismo.
A Igreja Adventista começou como um pequeno movimento re-
gional na América do Norte. Mas, em 1870, nove anos após a orga-
nização da Igreja, foi estabelecida a primeira Sociedade Missionária
Estrangeira. Os primeiros adventistas fundamentaram sua filosofia
78
O Ancião e o Crescimento da Igreja

missionária nas Escrituras: “E será pregado este evangelho do reino


por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então virá o
fim.” Mat. 24:14. Eles se identificaram com a mensagem dos três anjos
de Apocalipse, que tinham “um evangelho eterno para pregar aos que
se assentam sobre a Terra, e a cada nação, e tribo, e língua e povo”
(Apoc. 14:6). Acataram com seriedade sua tarefa de proclamar o evan-
gelho a todo o mundo. Hoje, após um século e meio de existência, os
adventistas estão presentes em mais de 210 dos 231 países do mundo.
Assim como a missão global foi preeminente na Igreja Primitiva e no
início da Igreja Adventista, deve continuar sendo preeminente hoje em
dia. O programa da Missão Global é a abordagem planejada e sistemá-
tica da Igreja Adventista do Sétimo Dia para levar o evangelho a áreas
ou grupos de pessoas específicos que ainda não ouviram ou aceitaram a
Jesus Cristo como Salvador pessoal. Sua promoção é importante.
Apóie a missão global insistindo que a Escola Sabatina continue a in-
cluir a ênfase missionária. Promova enfaticamente as ofertas para as mis-
sões mundiais. Estimule os membros da igreja a darem-se a si mesmos, quer
como obreiros ou como missionários voluntários. Considere a possibilidade
de adotar uma igreja em alguma outra parte do mundo. Sua Associação/
Missão pode ajudá-lo a encontrar uma igreja adventista em outro país ou
cultura que possa ser ajudada em seu programa de crescimento.

CRESCIMENTO DA IGREJA LOCAL


Visto como todos os cristãos são chamados para serem ministros de
Deus, todos se tornam evangelistas de uma forma ou outra. Alguns rece-
beram dons que os habilitam para a ação missionária, outros usam seus
dons para apoiar e suster os que proclamam publicamente o evangelho. E
todos, através de seu testemunho coerente, prático e diário, manifestam o
caráter de Cristo nos relacionamentos que mantêm com pessoas que ainda
não são cristãs, em sua comunidade local. Quaisquer que sejam os dons,
e como quer que sejam usados, a ação missionária da igreja, em todas as
suas formas, precisa ser bem planejada e coordenada, para que as pessoas
não apenas entrem em contato com o evangelho, mas se tornem discípulos
e passem a fazer parte da comunidade eclesiástica.

Envolvendo a igreja como um todo


As ovelhas aumentam o rebanho, não o pastor. Os membros de-
vem estar envolvidos no crescimento da congregação, não apenas
pelo bem dos perdidos, mas para o seu próprio bem.
79
Guia para Anciãos

No grande dia do Juízo, os que não trabalharam para


Cristo, que andaram ao sabor dos ventos, só pensando em
si, cuidando de si, serão postos pelo Juiz de toda a Terra
com os que fizeram o mal. Receberão a mesma condena-
ção. – O Desejado de Todas as Nações, pág. 641.

A Igreja realiza sua obra de evangelização de duas maneiras prin-


cipais. Primeira: ela proclama publicamente o evangelho através da
pregação evangelística, do rádio e da televisão, da distribuição de li-
teratura, etc. Segunda, e de maior impacto: o evangelho é transmitido
através dos relacionamentos pessoais dos membros com as pessoas da
comunidade. Portanto, pelo equilíbrio do evangelismo pessoal e públi-
co, sua igreja pode tornar-se uma brilhante luz em sua comunidade.
Por meio de seus dons espirituais e de sua obra como ancião, você
poderá auxiliar a igreja, ajudando no treinamento e coordenação
dos membros, para que utilizem seus dons nas diversas formas de
evangelismo. O treinamento na conquista de almas, segundo o mé-
todo de Cristo, deve incluir, não apenas a teoria, mas a experiência
individual, transmitida e prática.
O método de Cristo é mais bem exemplificado no treinamento que deu aos
doze discípulos. Ele lhes deu a vantagem de Sua própria companhia e exemplo.

Em sua associação com o Senhor, os discípulos ob-


tiveram um preparo prático para a obra missionária.
Viram como Ele apresentava a verdade, e como tratava
das complexas questões que surgiam em Seu ministério.
– Evangelismo, pág. 109.

Se você não se sente competente em determinada área da con-


quista de almas, mas crê que o Espírito Santo lhe concedeu o dom de
ser bem-sucedido nela, se devidamente treinado, associe-se com seu
pastor ou com outra pessoa capacitada até que haja aprendido. Se é
competente em determinada área da conquista de almas, convide
um aprendiz para aprender com você, enquanto juntos realizam o
trabalho. Este é o método de Jesus, e Seu método funciona.

Reuniões evangelísticas
Toda congregação deveria manter, com regularidade, algum tipo
de reuniões evangelísticas ou seminários. Pode-se medir a profundi-
dade do amor cristão da igreja pelo tempo e orçamento que despende
80
O Ancião e o Crescimento da Igreja

na ação missionária. O fruto será colhido, mas encontrá-lo requer


planejamento e esforço.
Cada igreja deveria ser um centro evangelístico e cada culto uma
reunião evangelística. Até mesmo um visitante casual pode pronta-
mente dizer se a igreja tornou-se ou não um verdadeiro centro evan-
gelístico. Em caso afirmativo, o culto, a Escola Sabatina e todos os
demais programas da igreja têm sempre em mente as visitas não ad-
ventistas. Tudo que é dito é primeiro passado pelo fi ltro especial da
conquista de almas: “Como isso soará a uma pessoa que não é mem-
bro da igreja? Como será compreendido por quem não é cristão?”
Apenas nessas igrejas os membros se sentem seguros ao convidar os
amigos a virem à igreja. No devido tempo, e de forma diplomática,
obtenha os nomes e endereços dos visitantes e cuide para que tenham
um acompanhamento apropriado.
Há muitas formas de se fazer evangelismo. O evangelismo pode
ser feito na forma de reuniões tradicionais, em classes bíblicas, pequenos
grupos ou em seminários. Estes podem ser realizados por um evangelis-
ta visitante, pelo pastor, ancião, outro membro, ou pelos jovens da igreja.
Uma vez estabelecidos o local e o tipo de ação missionária, esforços de-
vem ser envidados para envolver o maior número de membros possível,
a fim de que usem seus dons no apoio ao programa. Combine cuidado-
samente as aptidões individuais com as tarefas necessárias.
Como ancião, você pode desejar realizar sua própria série evangelística.
Caso contrário, há muitas outras áreas em que você ou outros membros po-
dem servir, apoiando aqueles que dirigem o trabalho. Sugerimos três:
1. Alivie os pastores de algumas de suas responsabilidades
na igreja e libere-os para se dedicarem exclusivamente ao
período do evangelismo.

Em vez de conservar os ministros trabalhando pelas


igrejas que já conhecem a verdade, digam os membros
das igrejas a esses obreiros: ”Ide trabalhar pelas almas
que perecem nas trevas. Nós mesmos levaremos avante
os trabalhos da igreja. Nós realizaremos as reuniões e,
estando em Cristo, manteremos vida espiritual.” – Evan-
gelismo, págs. 381 e 382.

2. Envolva os membros inativos. Em muitas congregações a


freqüência à igreja seria dobrada se os membros inativos pudes-
sem ser recuperados. Os membros ativos, principalmente os
81
Guia para Anciãos

anciãos, podem ser muito eficazes em recuperar os inativos,


especialmente se foram amigos no passado e conhecem algo
sobre os motivos por que não estão freqüentando a igreja.
3. Envolva-se na continuidade do evangelismo. Provavelmente,
pessoas que assistiram à série evangelística e têm algum in-
teresse ainda não andaram todo o caminho com Cristo. Des-
cubra maneiras de manter seu interesse.

Preparo dos candidatos ao batismo


O batismo é o rito de ingresso na família da Igreja de Deus. Ele
simboliza a aceitação da morte, sepultamento e ressurreição de Cris-
to pelos nossos pecados. É um símbolo da morte de nossa velha vida
pecaminosa e da ressurreição para uma nova vida em Cristo.

Fomos, pois, sepultados com Ele na morte pelo ba-


tismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os
mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós
em novidade de vida. Rom. 6:4.

O batismo não deverá ser realizado até que o candidato tenha


sido instruído, experimentado a conversão em Cristo, e evidenciado
essa conversão pela mudança de vida.

Instrução
O período de preparo para o batismo deve incluir um tempo sig-
nificativo de instrução. Jesus recomendou a Seus seguidores: “Ide,
portanto, fazei discípulos de todas as nações, … ensinando-os a
guardar todas as coisas que vos tenho ordenado.” Mat. 28:19 e 20.
As instruções que precedem o batismo na Igreja Adventista do Sé-
timo Dia, e se seguem a ele, devem incluir os principais ensinamen-
tos e as crenças fundamentais da Igreja, apresentados de maneira
cristocêntrica.
Aqueles que buscam unir-se à Igreja precisam conhecer os princí-
pios que ela mantém. Não devem ser solicitados a se comprometer sem
saberem com que estão se comprometendo. A instrução pré-batismal
deve incluir uma exposição múltipla – leitura e estudo pessoal, estudos
bíblicos, reuniões públicas, classes batismais, etc. Todos os métodos de
instrução, incluindo os recursos visuais disponíveis, devem ser utiliza-
dos. Pessoas diferentes aprendem de maneiras diferentes.
Um dos meios de instrução mais populares e produtivos no programa
82
O Ancião e o Crescimento da Igreja

evangelístico da igreja é a classe de visitas da Escola Sabatina. Esta é, normal-


mente, uma combinação da classe batismal e da classe para os novos mem-
bros. Se o pastor não pode ser o seu professor, um ancião ou outra pessoa
diligente na conquista de almas deve assumi-la. A classe comumente se reúne
durante o horário normal da Escola Sabatina. Ela geralmente é freqüentada
apenas por pessoas que não são membros, por novos membros, ou por mem-
bros que acompanham quem ainda não é membro.
Devido às pesadas responsabilidades dos pastores, eles muitas ve-
zes são impedidos de estudar a Bíblia com cada novo crente. Você
pode fazer uma enorme contribuição estudando com essas pessoas e
conduzindo-as à compreensão da verdade bíblica.

Conversão
Cumpre lembrar que muito mais é requerido para o batismo do que
simplesmente o conhecimento das crenças da Igreja. Durante o curso
de instrução haverá muitas ocasiões em que você, como instrutor, terá
a oportunidade de ter um contato pessoal com cada candidato. Isto lhe
dará tempo para estudar e orar com ele e conhecer suas necessidades e
condição espiritual. E também dará aos candidatos a oportunidade de
fazer perguntas e compartilhar suas alegrias e preocupações. Você deve
convencer-se de que as pessoas com quem está estudando compreendem
devidamente seu envolvimento no plano da salvação de Deus, e seus de-
veres e responsabilidades ao se tornarem membros de Sua igreja.
Ellen G. White insistiu:

Mais cuidadoso preparo dos que se apresentam candi-


datos ao batismo, é o que se faz mister. Têm necessidade
de mais conscienciosa instrução do que em geral recebem.
Os princípios da vida cristã devem ser claramente expli-
cados aos recém-convertidos. … Lede-lhes o que diz a
Bíblia com respeito à conversão. Mostrai-lhes o que seja o
fruto da conversão, a prova de que amam deveras a Deus.
– Testemunhos Seletos, vol. 2, págs. 389 e 393.

Cedo em sua experiência espiritual, os conversos devem ser conduzi-


dos através dos passos que os tornam filhos de Deus. O progresso é atra-
vés das experiências de arrependimento, confissão e perdão. Mostre-lhes
como aceitar a Jesus Cristo como Senhor e Salvador; como vencer as ten-
tações; como desenvolver vigorosa vida devocional; como fortalecer sua fé
em Deus e desenvolver um estilo de vida cristão, vibrante e sensato.
83
Guia para Anciãos

Por ocasião de seu batismo, a maioria dos candidatos tem uma boa
compreensão das doutrinas características da Igreja Adventista do Séti-
mo Dia. Infelizmente, o treinamento e a compreensão nos aspectos espi-
rituais que acabam de ser mencionados nem sempre têm sido ensinados
com tanto fervor. Quando os indivíduos compreendem sua necessidade
da salvação em Cristo e correspondem aceitando Seu amor, a resposta
natural à apresentação da verdade doutrinária será pelos motivos cor-
retos. Jesus disse: “E Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos
a Mim mesmo.” João 12:32. Os corações que foram enternecidos pelo
amor de Jesus aceitarão, com alegria, Seus requisitos em sua vida.
Resumindo, quando os candidatos estão prontos?
– Para estarem prontos para o batismo, eles devem dar evidências
de que Jesus é o Senhor de sua vida (I João 4:15; Rom. 10:9; Mat. 10:32).
– Deve haver evidências de que houve arrependimento e
conversão (Atos 2:38; 3:19).
– Eles devem demonstrar uma crença ativa e firme confian-
ça em Jesus (Mar. 16:16).
– Deve haver evidências de diário e salvífico relacionamento
com Jesus.
– Os candidatos devem ter concluído um curso – preferi-
velmente mais de um – sobre os ensinamentos das Escrituras e as
doutrinas bíblicas características da Igreja Adventista do Sétimo Dia
(Mat. 28:20).
– Eles devem ter sido preparados para ser membros respon-
sáveis na Igreja remanescente de Deus. Deve haver evidências do
início da integração social. O pastor ou o ancião devem visitá-los
para confirmar seu preparo para o batismo.
– Os candidatos precisam ser aprovados pela igreja local.

Aprovação da igreja
– O exame final dos candidatos para o batismo pode ser feito
diante da congregação ou de um grupo representativo, como os anci-
ãos ou a comissão da igreja. É imprudente e teologicamente questio-
nável que um evangelista, ou mesmo o pastor local, assuma sozinho
a responsabilidade pelo exame. Nenhuma pessoa ou grupo que não
pertença à congregação, nem mesmo a comissão da Associação Ge-
ral, tem autoridade para acrescentar um nome ao rol de membros
da igreja ou exclui-lo de lá. Esta responsabilidade recai unicamente
sobre o corpo da igreja local. A congregação assumirá sua responsa-
bilidade com mais seriedade se estiver mais envolvida do que por um
84
O Ancião e o Crescimento da Igreja

mero levantar de mãos quando um novo membro se une a ela.


É especialmente importante que você, como ancião, esteja pronto,
não apenas para aceitar os membros recém-batizados, mas para se
empenhar em dar-lhes o seu apoio e ânimo. O ideal é que você des-
cubra uma forma de se tornarem individualmente familiarizados e
pessoalmente comprometidos uns com os outros.

As crianças da igreja
Deve haver considerável maturidade e preparo antes do batismo.

O batismo é um rito muito importante e sagrado, e im-


porta compreender bem o seu sentido. Simboliza arrepen-
dimento do pecado e começo de uma vida nova em Cristo
Jesus. Não deve haver nenhuma precipitação na administ-
ração desse rito. – Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 391.

O conselho de Jesus a Seus discípulos é também para Sua Igreja


hoje: “Deixai vir a Mim os pequeninos e não os embaraceis, porque
dos tais é o reino de Deus.” Luc. 18:16. As crianças devem ser anima-
das a entregarem a vida a Cristo.

Nunca deixeis que vossos filhos suponham que não são


filhos de Deus enquanto não tiverem idade bastante para
serem batizados. O batismo não torna cristãs as crianças,
tampouco as converte. – Orientação da Criança, pág. 499.

No devido tempo, é-lhe apropriado, como líder da igreja, convidar,


com discernimento, uma criança a considerar o batismo. Algumas ve-
zes, o batismo de seus próprios filhos é tido como certo pela congrega-
ção. Torne o batismo das crianças que já têm idade para serem batiza-
das um grande evento na vida da igreja. O batismo representa um rito
marcante para os filhos de pais adventistas. Eles se tornam plenamente
membros da congregação. Anseiam ser considerados com seriedade
por sua igreja. Prove a seus filhos, por ocasião de seu batismo, que eles
são importantes para a igreja, e ela será importante para eles.

Estabelecendo igrejas
Não tenha receio de iniciar novas igrejas. As igrejas-mãe que intencio-
nalmente estendem a mão para criar novas congregações raramente ficam
em desvantagem. Algumas vezes, são reavivadas. O princípio bíblico: “Dai,
85
Guia para Anciãos

e dar-se-vos-á” (Luc. 6:38), se aplica aqui. Quando um grupo de pessoas em


uma nova área demonstra interesse em unir-se à Igreja do povo remanescen-
te de Deus, faça planos para iniciar uma filial da Escola Sabatina ou um novo
grupo. Quando o grupo estiver estabelecido, sua igreja pode demonstrar seu
apoio auxiliando-o nos cultos e outros programas.
O estabelecimento de uma nova igreja tem duplo efeito: envolver
maior número de membros no trabalho missionário e estabelecer uma
congregação em uma nova área que também deve ser alcançada com
nossa mensagem. A melhor forma para produzir mais frutos é plantar
mais árvores. Novas igrejas conquistam novos membros. Novas igre-
jas conquistam ex-membros. Estudos sobre o crescimento da Igreja
demonstram que novas igrejas reanimam os membros inativos com
maior facilidade do que as igrejas estabelecidas há muito tempo.

RECUPERANDO MEMBROS AFASTADOS


Membros perdidos
Jesus contou a parábola da ovelha perdida. Em Sua história, o
pastor deixou as 99 ovelhas seguras no aprisco e foi em busca da que
se havia perdido. Quando a encontrou, tomou-a com amor e a trouxe
de volta para o lar, regozijando-se (Luc. 15:4-6). No aprisco de sua
igreja, também há ovelhas que estão perdidas e necessitam de ajuda
para encontrarem o caminho de volta.

Por que os membros se afastam


A lista dos motivos por que as pessoas se tornam inativas ou dei-
xam de vir à igreja é longa. Algumas das principais razões são:
• Nunca foram desafiadas a utilizar seus dons; nunca desen-
volveram uma vida devocional significativa.
• Casaram-se com um descrente ou têm outros problemas
conjugais.
• Cometeram adultério.
• Brigaram com o pastor, um oficial ou membro da igreja.
• Envolveram-se em algo ilegal.
• Adotaram hábitos não cristãos.
• Foram disciplinadas pela igreja.
• Trabalham no sábado.
• Ficaram doentes.
• Acham a igreja fria e enfadonha.
• Não se sentem aceitas.
86
O Ancião e o Crescimento da Igreja

A lista é longa, mas as almas são preciosas. Eis aqui um ministério


frutífero no qual você, como ancião, pode-se engajar. Muitas dessas
pessoas podem ser recuperadas para Cristo e Sua igreja se receberem
visitas afetuosas e forem ouvidas com empatia.

Estabelecendo planos para recuperar os membros perdidos


Um programa para recuperar membros afastados ou inativos
requer planejamento. Os nomes podem ser obtidos nos registros da
igreja, entre os membros e parentes. Os colportores, o pessoal médi-
co, homens de negócios e outros membros relacionados com o pú-
blico freqüentemente entram em contato com ex-membros. Então
devem-se fazer planos, citando os métodos que serão utilizados para
visitar os membros afastados. Sendo este um ministério delicado, as
pessoas designadas para essa visitação devem ser escolhidas com pru-
dência e treinadas cuidadosamente.

Visitando os membros afastados


Ao visitar membros afastados, é importante aproximar-se deles
de uma forma amiga, aberta, não condenatória. Sabendo que você
é da igreja, estarão se perguntando o que você espera deles. Eis aqui
sete sugestões para orientá-lo na visita:
1. Tenha tato ao fazer perguntas. Para ajudá-los a se sen-
tirem à vontade, faça perguntas que os levem a falar de si mesmos.
De forma natural, pergunte-lhes sobre a família ou o trabalho. Faça
comentários amáveis sobre seus fi lhos, casa, ou passatempo. Delica-
damente, leve-os ao passado, quando se uniram à igreja, perguntan-
do que pastor os batizou, ou onde e quando pela primeira vez fre-
qüentaram a igreja. Pergunte-lhes se alguma vez tiveram o desejo de
retornar. Pergunte se há algo que os impede de voltar.
2. Ouça com atenção. Ouça com atenção e espírito de oração as
respostas que lhe derem, atentando principalmente para os sentimen-
tos por detrás das respostas. Quando passarem a falar abertamente,
estimule a conversação ouvindo atentamente, sem fazer interrupções.
A essa altura da visita, eles talvez comecem a expressar algumas das
mágoas que têm guardado, e se reportem à época em que deixaram
de freqüentar a igreja. Deixe-os falar. Podem ter vivido experiências
dolorosas que precisam ser expressas. Alguns podem ficar muito irados
ao falar. Este é o momento de você suportar a tempestade, permitindo
que toda a ira deles se manifeste. Na maioria dos casos, as pessoas se
sentem melhor após haverem expressado seus sentimentos.
87
Guia para Anciãos

3. Incentive a confiança no amor de Deus. Ao visitar os


membros afastados, é importante que você permaneça neutro na
conversação. Não tome partido. Seu objetivo na visita é dar-lhes a
oportunidade de superar os problemas que os fi zeram deixar a igreja.
Seu propósito é recuperá-los para Cristo. Qualquer que seja o proble-
ma, assegure-os da infalível fidelidade de Deus, e procure erigir sua
confiança em Seu amor e perdão.
4. Respeite a confiança. Alguns membros inativos ou afasta-
dos deixaram a igreja em decorrência de seu envolvimento em al-
gum incidente que lhes trouxe vergonha. Se eles confiam em você,
respeite essa confiança. Se lhe falarem em confiança, não traia essa
confiança comentando o incidente com outras pessoas. Sua parte é
assegurar-lhes que seus pecados não são tão grandes que Jesus não
possa perdoá-los. Ajude-os a deixarem os pecados aos pés de Jesus e
a reivindicarem Sua promessa de purificação (I João 1:9).
5. Ore por eles. Antes de deixar o lar dos membros afastados, ore
por eles. Peça a Deus para abençoar seu lar. Mencione o nome de cada
membro da família na oração. Ao retornar à igreja, peça que os oficiais
e os membros se unam em oração para que ocorra uma restauração.
6. Convide-os a voltarem para a igreja. Assegure aos mem-
bros afastados que eles serão bem-vindos quando quer que desejarem
retornar. Pode ser que não voltem imediatamente; na verdade, tal-
vez seja necessário fazer diversas visitas antes que finalmente voltem
para a igreja. Pode ser que você tenha que fazer pelo menos uma
visita para cada ano que eles estiveram fora. Contudo, a mensagem
importante a ser deixada é que a igreja se preocupa com eles e quer
vê-los de volta. Quando chegar o momento de retornarem, suavize
esse retorno. Vá à casa deles no sábado pela manhã e acompanhe-os
à igreja. Prepare os membros da igreja para o encontro. Abra o ca-
minho para um retorno tranqüilo e feliz à igreja.
7. Ame-os. É importante dizer aos membros afastados que você os
ama. Mas o mais importante, e talvez o mais difícil, é demonstrar isso.
Sua atitude durante a visita pode fazer a diferença entre o retorno para
a igreja ou o afastamento definitivo. Ao falar com eles, não faça com
que se sintam envergonhados ou culpados. Faça como Deus: “Porquanto
Deus enviou o Seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas
para que o mundo fosse salvo por Ele.” João 3:17. Embora você saiba que
as pessoas viveram ou estão vivendo em pecado, não é sua atribuição
condená-las. Demonstre-lhes um espírito compreensivo e de aceitação.
Não discuta com os membros afastados a quem você está visi-
88
O Ancião e o Crescimento da Igreja

tando, embora saiba que estão errados. Respeite seu ponto de vista.
Demonstre verdadeira preocupação por seus infortúnios. Ajude-os a
falar sobre sua dor. Peça desculpas em nome da igreja pela dor que
sentem. Procure ouvir mais e falar menos. Evite dar conselhos. Seja
compreensivo e paciente, deixando-os saber que podem confiar em
você. Demonstre-lhes amor cristão. Seja amigo.
Ellen G. White aconselha:

Não os devemos oprimir com desnecessárias censu-


ras, mas deixar que o amor de Cristo nos constranja a ser
deveras compassivos e brandos, de modo a chorarmos sobre
o errante e os que se desviaram de Deus. A alma é de infinito
valor. Esse valor só pode ser estimado pelo preço pago a fim
de redimi-la. – Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 323.

CONSERVANDO OS NOVOS MEMBROS


Jesus disse a Seus discípulos: “Eu vos escolhi a vós outros, e vos desig-
nei para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça.” João 15:16.
Muitas igrejas adventistas se assemelham ao pescador que apa-
nhou peixes mas não tinha nada para mostrar porque os colocou
num saco furado. Deus abençoou nossa Igreja com êxito na pesca
de pessoas. Mas temos que cuidar para conservar o que apanhamos.
Costurar o buraco do saquitel não substitui o ato de pescar. A igreja
que não evangeliza se petrifica. Devemos, porém, conscientizar-nos
mais plenamente de que a nossa tarefa envolve tanto o ato de fazer
novos membros como de conservar.

Bebês espirituais
As Escrituras comparam os novos cristãos a bebês recém-nascidos
(Heb. 5:12-14; João 3:5). É importante que os bebês sejam alimentados
com alimento especial. À medida que crescem, eles vão recebendo pou-
co a pouco o mesmo alimento sólido que os outros membros da família.
Com o tempo, aprendem a andar e a falar. Sob a proteção e orientação
de sua família, eles crescem saudáveis. Por fim, tornam-se indivíduos
maduros, contribuindo com suas habilidades e aptidões para o mundo
que os cerca. Mas, o crescimento exige muito tempo.
De modo semelhante, os novos cristãos são nascidos para a igreja.
Eles também necessitam do apoio e amor da família da igreja ao
ser-lhes provido o alimento especial que nutra o desenvolvimento do
89
Guia para Anciãos

início de sua vida espiritual. Para muitos, o estilo de vida do cristão


é uma experiência totalmente nova. Esses novos cristãos necessitam,
portanto, da proteção e orientação especial da igreja, até descobri-
rem sua personalidade espiritual e, conseqüentemente, contribuírem
ao máximo para o fortalecimento da igreja. Seja paciente com eles.
O crescimento exige muito tempo.

Período estressante
Quando as pessoas tomam a decisão de se batizarem e de se uni-
rem à igreja, freqüentemente estão sujeitas às exigências das mudan-
ças sociais. Sua decisão é freqüentemente mal compreendida pelos
parentes e amigos, que podem se opor ao seu batismo. Algumas ve-
zes, sua decisão de seguir a Jesus fará com que sejam rejeitados pela
família ou os amigos. Isso, naturalmente, provoca considerável es-
tresse nos novos cristãos.
Quando as pessoas tomam a decisão de se tornarem cristãos ad-
ventistas do sétimo dia, muitas vezes haverá uma mudança radical
em seu estilo de vida. Alguns estarão deixando outra igreja para se
unirem à sua congregação. Outros terão que deixar algum tipo de
emprego e ir em busca de outro que não requeira o trabalho no sá-
bado do Senhor. Alguns terão de voltar as costas para certas práticas
sociais e culturais que não são compatíveis com o estilo de vida cris-
tão. Essas mudanças não são fáceis.
Quando as pessoas são convidadas a mudar seu sistema de vida
e crença, bem como o emprego, e deixar para trás o apoio e a segu-
rança dos amigos e da família, elas ficam sob considerável tensão.
Muitos estão deixando atrás de si o que é familiar e tranqüilizador,
para ir em busca daquilo que para eles é novo e desconhecido. Ao
conduzi-los à aceitação das novas crenças e estilo de vida, e ao ajudá-
los a fazerem novas amizades na comunidade da igreja, você precisa
prover-lhes um apoio muito especial. Estimule os membros da igreja
a aceitarem essas pessoas e a fazerem esforços especiais para serem seus
amigos. Sua integração social na família da igreja é absolutamente es-
sencial para seu crescimento e segurança espirituais a longo prazo.

Período perigoso
Sabe-se que os primeiros meses podem ser um período de real
perigo para os novos membros. Durante esse período eles têm uma
nova fé, mas muito pouca experiência na vida cristã. São propensos
à desilusão e ao desencorajamento. Se durante esse período não lhes
90
O Ancião e o Crescimento da Igreja

for demonstrado especial cuidado, compreensão e aceitação, pode-


rão experimentar o sentimento de que não pertencem à comunida-
de da igreja, e iniciar o processo de afastamento. Os anciãos devem
desempenhar uma parte importante para auxiliar essas pessoas a se
estabelecerem na igreja durante os primeiros dois anos.

Responsabilidade de todos
O evangelista é comparado ao obstetra, o pastor ao pediatra, e os
membros da igreja à família. É a família que cuida do bebê.

Os recém-chegados à fé devem receber um trato paciente


e benigno, e é dever dos membros mais antigos da igreja cogi-
tar meios e modos para prover auxílio, simpatia e instrução
para os que se retiraram conscienciosamente de outras igrejas
por amor da verdade, separando-se assim dos cuidados pas-
torais a que estavam habituados. – Evangelismo, pág. 351.

Ao se unirem à família da igreja, os novos cristãos tornam-se seus


irmãos e irmãs. Seu bem-estar torna-se sua responsabilidade.

Ora, nós que somos fortes, devemos suportar as de-


bilidades dos fracos, e não agradar-nos a nós mesmos.
Portanto cada um de nós agrade ao próximo no que é
bom para edificação. Rom. 15:1 e 2.

Eis aqui quatro coisas básicas que você pode fazer para ajudar a
“edificar” e conservar os novos membros:
1. Seja amigo deles. Já consideramos os ajustes sociais e do
estilo de vida que os novos membros precisam fazer quando se unem
à igreja. Talvez a maneira mais simples e útil de ajudá-los em sua
integração na congregação seja tornar-se amigo deles e dar-lhes o
senso de pertencer. Apresente os novos membros aos outros membros
da congregação. As pesquisas indicam que os novos membros que
fazem de seis a oito amigos na igreja nos primeiros seis meses quase
sempre permanecem na igreja.
Escolha pessoas apropriadas na congregação e as desafie com a
responsabilidade de serem guardiões espirituais de um novo membro.
Sugira-lhes que convidem esses novos membros a suas casas em algu-
mas ocasiões especiais. Talvez possam acompanhá-los aos cultos ou
outras atividades da igreja – e até mesmo sentarem-se juntos. Podem
91
Guia para Anciãos

orar com eles ou convidá-los a se unirem a um grupo de estudo da


Bíblia. Depois que o novo membro amadureceu por algum tempo na
classe de visitas da Escola Sabatina, os guardiões poderiam convidá-lo
a unir-se a sua classe da Escola Sabatina. Quando os novos membros
têm alguma necessidade, os guardiões espirituais estão por perto para
dar apoio e ajuda. E mais importante ainda: eles são amigos que os
aceitam e que estão ao dispor quando necessário.
Os membros da família raramente comem bem se não se assen-
tam à mesa. Pelo menos inclua a Escola Sabatina e a freqüência à
igreja em sua fórmula de discipulado. O ausente deveria ser imedia-
tamente visitado e receber a ajuda e o encorajamento de que neces-
sita. Se o novo membro faltar às reuniões da igreja, o ancião ou o
pastor deveria fazer-lhe uma visita.
Pode-se considerar a possibilidade de se fazer um almoço anual
para as pessoas batizadas durante o ano. Outro programa proveitoso
é que a Associação/Missão patrocine um evento anual para os novos
membros, em que se dirijam a algum local central onde conheçam e
recebam a ministração da liderança do Campo.
2. Ensine-os. “Desejai ardentemente, como crianças recém-nasci-
das, o genuíno leite espiritual, para que por ele vos seja dado crescimen-
to para salvação.” I Ped. 2:2. Ninguém já conseguiu comer o suficiente,
em um só banquete, para o resto da vida. Nenhuma série evangelística
ou curso de estudos bíblicos provê suficiente alimento espiritual para
o resto da vida de uma pessoa. Continue ensinando após o batismo.
Inclua a instrução em tais princípios cristãos como a mordomia e a ob-
servância do sábado. Auxilie os novos membros a descobrirem os dons
que o Espírito Santo lhes concedeu, e ensine-lhes então como empregar
proveitosamente esses dons para ajudar a outras pessoas.
Se a classe de visitas da Escola Sabatina estiver sendo utilizada para
o preparo dos candidatos a membros da igreja, os novos membros de-
veriam permanecer nessa classe durante algum tempo. Este é um lugar
em que já se sentem à vontade. Se tal classe não existir, deveria ser
providenciada uma classe da Escola Sabatina para os novos membros,
ministrada por alguém atento às necessidades especiais desses irmãos.
Ajude-os a estabelecer o hábito de freqüentar a Escola Sabatina.
Encontre maneiras de colocar a literatura adventista nos lares dos no-
vos membros. Ajude-os a iniciarem uma vida devocional significativa.
3. Visite-os. Os novos membros devem ser visitados com regu-
laridade para serem encorajados em seu crescimento. Talvez você
entenda que é melhor prosseguir os estudos bíblicos em seu lar. Um
92
O Ancião e o Crescimento da Igreja

bom plano é solicitar-lhes que convidem familiares e amigos para


assistirem a esses estudos. Desta forma os novos membros recebem
uma revisão doutrinária e estão usando o seu lar para partilhar a fé.
Ou, podem ser dados estudos só para os novos membros, com ênfase
nos temas do estilo de vida cristão. Convide-os para virem à sua casa.
Não há melhor maneira de ensinar a reforma da saúde e a observân-
cia do sábado do que através de nosso exemplo no lar.
4. Envolva-os. Os novos membros precisam estar envolvidos nas
atividades da igreja, para que cresçam e amadureçam em sua experi-
ência cristã. Providencie para que se envolvam nos eventos dos jovens;
nos grupos de estudo da Bíblia; nos cultos do sábado; nos projetos de
serviço comunitário; nos grupos musicais; nos programas sociais; nas
atividades de testemunho pessoal e ação missionária. Lembre-se de
que é muito raro que os novos membros se envolvam automaticamente
nesses programas. Eles precisam de seu encorajamento e convite.
Não é prudente designar novos membros muito depressa para pe-
sadas responsabilidades de liderança. Sua melhor e primeira tarefa
é conquistarem a própria família e os amigos. Um dos sinais mais
seguros de que os novos membros são discípulos é passarem a fazer
novos discípulos.

Quando almas se convertem, ponde-as a trabalhar


imediatamente. E, ao trabalharem elas segundo a sua
capacidade, tornar-se-ão mais fortes. É enfrentando as
influências oponentes que somos confirmados na fé.
– Evangelismo, pág. 355.

Embora finalmente a amizade com os adventistas seja predomi-


nante, a princípio sua família e amigos são em grande parte não
adventistas. O efeito combinado da influência do novo membro sobre
velhos amigos e do atraente exemplo produzido pela mudança de
vida são poderosos instrumentos na conquista de almas.
Não é de surpreender que o primeiro encargo de Jesus ao ex-endemo-
ninhado tenha sido o seguinte: “Vai para tua casa, para os teus. Anuncia-
lhes tudo o que o Senhor te fez, e como teve compaixão de ti.” Mar. 5:19.

93
Capítulo

6O Ancião e o Ânimo da Igreja


Amor e unidade são requisitos cristãos.

Nós sabemos que já passamos da morte para a vida,


porque amamos os irmãos; aquele que não ama permanece
na morte. I João 3:14. Nisto conhecerão todos que sois Meus
discípulos, se tiverdes amor uns aos outros. João 13:35.

A unidade dá poder à igreja.

Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reuni-


dos no mesmo lugar. Atos 2:1. Quando houver ação harmo-
niosa entre os membros individuais da igreja, quando houver
manifesto amor e confiança de um irmão para com outro,
haverá proporcional força e poder em nossa obra, para a sal-
vação dos homens. – Testemunhos para Ministros, pág. 188.

O amor cristão produz unidade a despeito das diferenças. “Acima


de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque
o amor cobre multidão de pecados.” I Ped. 4:8. O fogo do amor cris-
tão dissolve a escória do ódio entre as classes, do confl ito racial, das
rupturas sociais, e de pequenas controvérsias teológicas.
Como poderá haver maior amor e unidade entre o seu povo? Ali-
mente-os. Eis aqui algumas formas, além dos cultos sabáticos, para
fortalecer os membros de sua congregação:

VISITAÇÃO
A visitação é essencial
A visitação aos membros pode ser vital para seu crescimento e nutrição
espiritual. Infelizmente, esta é uma área do ministério muitas vezes negli-
94
O Ancião e o Ânimo da Igreja

genciada pelos anciãos. Mantenha o devido equilíbrio entre o ministério


público e o pessoal. Este era o método da Igreja cristã primitiva.

E todos os dias, no templo e de casa em casa, não


cessavam de ensinar, e de pregar Jesus, o Cristo. Atos
5:42. Jamais deixando de … vô-la ensinar publicamente
e também de casa em casa. Atos 20:20.

Os líderes da Igreja do Novo Testamento equilibravam seu minis-


tério público e pessoal.
Muitos dos membros de sua igreja estão carregando fardos dos quais
nunca falaram. Se você fizer da visitação uma parte de seu ministério re-
gular, eles crescerão em respeito e confiança por você. Abrirão o coração,
e você terá a oportunidade de apontar-lhes a Jesus para que obtenham
perdão, graça e poder. Este tipo de ministério é um dos mais eficazes
meios pelos quais os anciãos podem servir sua congregação.
O ministério pessoal pode ocorrer na igreja. Chegue cedo aos cul-
tos, e permaneça um pouco após o término. Não fique apenas com
seus amigos; procure as pessoas que estão passando por lutas. Dê-lhes
uma saudação cordial e, se necessário, um ouvido atento. O minis-
tério pessoal pode ser através do telefone. No entanto, o ministério
pessoal mais eficaz é na casa da pessoa.
Na maioria das culturas, o pastor ou ancião que visita os lares tem
membros assíduos. A visitação é importante para as pessoas porque
necessitam saber que você se importa o suficiente para ir à casa delas.
É importante para você porque compreenderá melhor os membros
de sua congregação, e é de se esperar que irá amá-las mais se souber
como elas vivem quando não estão na igreja.

Plano de visitação
Planejar a visitação aos lares deve fazer parte da agenda da co-
missão de anciãos ou da comissão da igreja. Relacione os nomes que
devem ser visitados e divida-os entre os líderes da igreja que tenham
habilidade para ministrar através da visitação. As pessoas escolhidas
devem ser treinadas e, na medida do possível, receber um território
ou um grupo de pessoas como sua responsabilidade.
Outra abordagem é estabelecer núcleos ou líderes espirituais, organi-
zando seus membros em áreas geográficas. Um ancião, auxiliado por um
diácono e uma diaconisa, pode ficar responsável por uma área. O pastor e
o ancião iniciam um plano de visitação, como também outros programas
95
Guia para Anciãos

que aumentem a força espiritual no grupo. Contudo, é incorreto supor


que cada ancião, diácono ou diaconisa tenha o dom ou interesse por esse
ministério. Deve-se permitir que cada um utilize seus próprios dons.
O plano bíblico de visitação em duplas é eficaz. Marido e mulher
formam uma boa equipe de visitação. Se não estiver acompanhado da
esposa, você deve levar consigo alguém que esteja sendo treinado. Assim
você realizará duas vezes mais, pois estará ensinando enquanto visita.
A igreja deve ter um plano de visitação imediata aos novos membros,
para apresentar-lhes as boas-vindas à igreja. Esta é uma excelente incum-
bência do ancião. Visite não apenas as pessoas recém-batizadas, mas tam-
bém as recém-transferidas para sua igreja. Dê especial atenção às famílias
cujos filhos acabam de ser batizados. Comumente, as crianças não são
tratadas como merecedoras de importância. Elas jamais esquecerão que
um líder da igreja veio especialmente para visitá-las.
Uma forma de organizar sua visitação pessoal é marcar todas as
visitas numa mesma área, em um mesmo dia, a fi m de economizar
tempo. Outra opção é fazer as visitas por grupos ou necessidades es-
peciais. Por exemplo, você pode preferir visitar em um determinado
dia todas as pessoas doentes e magoadas. Isto lhe permitirá preparar-
se de modo especial para atender a esse grupo.
Faça o possível para marcar a visita. Em muitos lugares, aparecer
na casa de uma pessoa sem um acerto anterior é não somente um
indício de falta de boas maneiras, mas um desperdício de tempo, pois
a pessoa talvez não esteja em casa. Marcar a visita pode duplicar a
efetividade do uso de seu tempo. Sua esposa ou um voluntário da
igreja podem-se dispor a marcar as visitas para você.

A forma da visitação
Eis aqui sete palavras fáceis de serem memorizadas, que deli-
neiam a forma de uma boa visitação:
1. Preparar-se. Prepare o coração, orando a Deus para que o
ajude a dizer e fazer aquilo que traga uma grande bênção a cada lar.
Prepare algumas passagens das Escrituras que pretende comparti-
lhar em cada lar. Escolha passagens positivas, tais como:
Salmo 46:1, 2, 10 e 11
Salmo 103:1-5
Salmo 121
Mateus 11:28-30
João 14:1-3
Apocalipse 21:1-7
96
O Ancião e o Ânimo da Igreja

2. Ser amigável. Ao chegar à casa, inicie sua visita em um nível


social, certificando-se de incluir os que não são membros, na medida
da disposição deles. Faça comentários positivos sobre a família, o lar,
o jardim, etc. Escute com real interesse quando as pessoas falam de
seus interesses especiais. A maioria dos homens aprecia falar de seu
trabalho, e a maioria das mulheres, de suas famílias.
3. Leitura. Após alguns minutos, quando todos estiverem à von-
tade, direcione a conversação para o lado espiritual. A essa altura, a
Bíblia pode ser lida ou citada, dependendo da casa, das circunstân-
cias e de sua personalidade. Muitos anciãos sentem-se mais à vontade
com uma Bíblia de bolso. Eles a mantêm longe das vistas quando
chegam, para não parecerem muito santarrões aos que não são mem-
bros da igreja. No momento oportuno, ela pode ser utilizada.
4. Perguntar. Pergunte se há algo ou alguém por quem gosta-
riam que você orasse. Dessa maneira você prepara o terreno para
que compartilhem seus problemas e preocupações. Convém que você
tenha anotado em sua Bíblia uma porção de versículos com promes-
sas de Deus para os problemas especiais que as pessoas apresentam.
Então compartilhe com elas a passagem mais apropriada. Seja, po-
rém, cauteloso. Você não está ali para partilhar respostas intelectu-
ais, mas para demonstrar uma preocupação amorosa.
5. Orar. Se for possível, ajoelhe-se. Convide as crianças ou ou-
tras pessoas presentes para unirem-se ao grupo. Ore especialmente
pelos pedidos feitos. Você deve ter memorizado o nome de cada pes-
soa e deve orar por elas individualmente. Inclua os não-adventistas,
se houver algum na casa. Ore pelos membros da família que não
estão presentes. Sempre ore por uma bênção no lar.
6. Retirar-se. Retire-se quase que imediatamente, enquanto pre-
valece o tom espiritual da oração. Na maioria das culturas, trinta mi-
nutos é tempo suficiente para uma visita. Visitas prolongadas tendem
a se tornar encontros sociais. Não dê aos membros a idéia de que seu
ancião não tem mais nada para fazer além de sentar-se para conversar
o dia inteiro. Por outro lado, não fique o tempo todo sentado na beira
do assento, como se não visse a hora de sair. Recoste-se, relaxe, ouça,
mas só por tempo limitado. Você está a serviço do Rei, e deve deixar a
impressão de que Seu trabalho é um prazer e uma necessidade.
7. Fazer anotações. Ao estar longe da casa, anote todos os no-
mes, se ainda não os tem. Esqueça que você pode lembrar, e lembre
que você pode esquecer. Atente para os filhos que não estavam presen-
tes. Registre as preocupações da família e suas impressões. Lembrar-se
97
Guia para Anciãos

desses detalhes nas reuniões ou visitas posteriores convence a família


de que você realmente se interessa por ela.
ACONSELHAMENTO PESSOAL
Um dos motivos pelos quais a igreja existe é prover um lugar a que
as pessoas atribuladas possam ir, e, com o companheirismo e solicitude
oferecidos pelos membros da igreja, encontrar força e apoio. Os mem-
bros de sua congregação enfrentam, de tempos em tempos, crises que
requerem ajuda de uma pessoa de fora, antes que possam recuperar o
equilíbrio. Essas crises podem ser o resultado de perdas ou luto; podem
ser espirituais, de relacionamento, ou comportamentais. Embora você
talvez não tenha recebido treinamento profissional como conselheiro,
há maneiras pelas quais pode ajudar a essas pessoas.

Toda pessoa solícita dá conselhos


Dois motivos pelos quais toda pessoa solícita dá conselhos:
1. as pessoas a procuram porque ela se importa;
2. porque ela se importa, não se recusa a ajudar.
Jesus foi o exemplo perfeito. Quando via pessoas necessitadas, fi-
cava “profundamente compadecido” (Mar. 1:41; 6:34; Mat. 14:14).
Visto que Sua solicitude era tão evidente, até as criancinhas ousavam
se aproximar. João 3:1-21 apresenta Jesus em uma sessão de aconse-
lhamento pessoal, ajudando porque Se importava.
Toda pessoa solícita não apenas aconselha, mas esse aconselhamento
tende a ser eficaz. Surpreendentemente, as pesquisas indicam que solíci-
tos conselheiros leigos, com ou sem treinamento, são quase tão úteis para
a maioria dos aconselhados como os conselheiros profissionais. Isso talvez
seja porque os aconselhados procuram pessoas leigas por causa de seu
relacionamento pessoal, e este é mais eficaz do que a perícia profissional.
Para ser um conselheiro eficiente, como ancião, você deve não so-
mente ser solícito, mas precisa ter também bom senso e sensibilidade
aguçada. Alguns virão apenas em busca de simpatia e atenção, e não
de ajuda. Se recebessem ajuda para vencer seu problema, não teriam
mais uma desculpa para buscar sua simpatia. Importe-se com eles,
mas recuse ser a muleta que os impeça de andarem por si mesmos.
Outros vêm em busca de permissão, e não de ajuda. Este é um gran-
de perigo para os conselheiros cristãos. Essas pessoas irão de um líder a
outro na igreja, até encontrarem alguém que lhes sirva de consciência.
Ao descobrir alguém que aprove o que desejam fazer, citarão esse pas-
tor ou ancião pelo resto da vida, como uma desculpa para o seu mau
98
O Ancião e o Ânimo da Igreja

procedimento. Algumas vezes os anciãos são suscetíveis por causa de


sua bondade, inexperiência nas técnicas de aconselhamento, ou do pró-
prio eu, que exige que tenham uma resposta final para tudo.

Orientações para o aconselhamento


Eis aqui cinco orientações que podem levá-lo a um aconselha-
mento eficaz:
1. Aprenda a ouvir. O aconselhamento não tem por objetivo resolver
os problemas para as pessoas. Seu principal objetivo é mostrar que você se
importa com elas. Ouvir é animador. Mostra aos aconselhados que você
os considera importantes. Seu segundo objetivo é ajudar os aconselhados
a passar de um nível de raciocínio emocional para um mais lógico, a fim
de que possam tratar de seus problemas mais racionalmente.
Falar é, por si mesmo, excelente terapia. Falar de seus problemas ajuda
os aconselhados a classificá-los, identificá-los e vê-los mais claramente.
Seja relutante em dar conselhos. Você pode ajudar melhor as pes-
soas não lhes dizendo o que devem fazer, mas ajudando-as a desco-
brirem por si mesmas as causas principais de seu problema, e então
dando-lhes apoio para lidarem com elas.
Ouvir também esclarece o problema para o conselheiro. Enquanto
você está falando, não está aprendendo. Quando você se concentra muito
nas respostas que dará, poderá compreender mal algumas das pergun-
tas. A palavra que provavelmente fará maior bem no aconselhamento do
que quaisquer outras palavras postas juntas é “hã!”. Isto demonstra que
você está ouvindo e estimula seu interlocutor a prosseguir. Você também
demonstra que está ouvindo e ajuda a esclarecer o problema ao mencio-
nar ocasionalmente alguns dos pontos principais da conversa.
Seja totalmente receptivo e imperturbável no ouvir. Seja tão indul-
gente quanto Jesus diante da mulher apanhada em adultério. Mante-
nha em caráter estritamente confidencial o que você ouviu. Do contrá-
rio, seus aconselhados acabarão descobrindo que não podem confiar
em você; e se não confiam em sua pessoa, você não poderá ajudá-los.
Ouça ambas as partes. Em qualquer problema de relacionamento,
nunca suponha que o que você ouviu de um dos lados é totalmente ver-
dadeiro – ou que a pessoa está mentindo deliberadamente. É mais pro-
vável que se trate de um caso de ser justo aos próprios olhos. A lisonja
que se manifesta ao ser escolhido como conselheiro tende a incliná-lo
para o lado do aconselhado. Além do mais, qualquer pessoa que teve o
bom senso de buscar o seu conselho não poderia estar tão errada! Nunca
presuma que você entendeu antes de ouvir a outra pessoa envolvida.
99
Guia para Anciãos

2. Concentre-se nas soluções. Gaste a maior parte do tempo


nas soluções, não nos problemas. Desestimule os aconselhados que
voltam vez após vez ao mesmo problema, recusando-se a trabalhar
nas soluções. Alguns querem gastar grande porção de tempo fazendo
queixas, especialmente numa situação conjugal ou de outro tipo de
relacionamento. Isso é de pouco valor. Até aceitarem a responsabili-
dade por seu próprio comportamento, não irão melhorá-lo. Simpatize
com as mágoas dos aconselhados, mas concentre-se nas soluções.
3. Ajude-os a escolher uma estratégia. Os aconselhados acham
mais fácil concentrar-se nas soluções quando podem ver as várias op-
ções. Ajude-os a decidir qual das opções é a melhor, e a estabelecer
um plano para pô-la em prática. Alguns conselheiros conseguem, a
essa altura, um compromisso por escrito da pessoa. Sua tarefa então
é encorajá-la a implementar sua própria decisão. Se os aconselhados
não fazem uma tentativa séria para seguir o plano, você pode questio-
nar se compensa gastar muito tempo adicional com eles.
4. Ore. Orar com os aconselhados não é um substituto do tempo
para ouvi-los ou resolver o problema com eles. A oração deveria ser o
clímax de qualquer sessão de aconselhamento cristão. A oração centra-
liza a atenção na fonte mais segura e permanente de ajuda – Deus.
5. Saiba quando fazer um encaminhamento. Encaminhe o
aconselhado para outra pessoa quando você não tiver muito conheci-
mento especializado. Aparentar uma habilidade de aconselhamento
que você de fato não possui pode não somente prejudicar o aconselha-
do, mas também levá-lo, bem como a igreja, a ter problemas legais.
Considere os seguintes fatores para decidir, ou não, fazer um encami-
nhamento: Qual a intensidade do pesar, ira, inveja, culpa, solidão, res-
sentimento ou perplexidade que o aconselhado está experimentando?
Essa pessoa está sendo tão oprimida por esses sentimentos que não
pode agir de modo normal? Ou trata-se apenas de uma preocupação
com a qual a pessoa está lutando, sendo ainda capaz de agir normal-
mente? O problema é recente ou de muito tempo?
Fique atento para respostas verbais ilógicas, descontrole emocio-
nal, olhar vago ou desatenção, depressão profunda, incapacidade
de tomar decisões simples, pensamento de que os outros procuram
capturá-lo, perda do controle no comer ou em outros hábitos. Estes
podem ser sintomas psicóticos, e as pessoas que os apresentam devem
ser encaminhadas a profissionais ou psiquiatras cristãos que têm trei-
namento para tratar de situações graves.
Provavelmente você começará buscando a orientação de seu pas-
100
O Ancião e o Ânimo da Igreja

tor. Ambos devem conhecer de antemão os recursos disponíveis em


sua comunidade, para poderem fazer o encaminhamento dos casos
para os quais vocês não possuem as devidas qualificações.
Faça um encaminhamento quando tiver um envolvimento pes-
soal muito grande – especialmente se a pessoa for do sexo oposto.
O aconselhamento de pessoas do sexo oposto contém elementos in-
sidiosos, de grande perigo. Não aconselhe alguém do sexo oposto
em total privacidade. Quanta privacidade é requerida pelo aconse-
lhamento? O suficiente para assegurar confidência, mas não para
permitir indevida intimidade. Vocês precisam estar sozinhos, mas
sempre deverá haver alguém por perto. Uma boa precaução é ter
alguém, como o cônjuge ou outro ancião, junto de si durante o
aconselhamento.
Para auxiliar no programa de aconselhamento da igreja, podem-
se organizar grupos de apoio em que as pessoas com necessidades
similares não apenas compartilhem e busquem soluções para seus
problemas, mas orem umas pelas outras, e se apóiem mutuamente.
Por exemplo, pode-se estabelecer um grupo de pessoas que perderam
recentemente algum ente querido.
A igreja pode também estabelecer um centro de recursos. É muito útil
ter uma pequena biblioteca com livros e folhetos que contenham infor-
mações práticas e orientações sobre como lidar com problemas típicos.

MINISTÉRIO DE PEQUENOS GRUPOS


Moisés organizou Israel em grupos de dez (Êxo. 10). Jesus esco-
lheu um grupo de doze e despendeu a maior parte de Seu ministé-
rio com eles. Com freqüência, Ele ensinava nos lares (Mat. 13:36;
17:25; Mar. 9:33; 10:10). A igreja do Novo Testamento centralizou
suas atividades em pequenos grupos, em companheirismo, estudo,
partilhando, orando e comendo juntos (Atos 2:42 e 46).
Ellen G. White enfatiza:

A formação de pequenos grupos, como uma base de


esforço cristão, é um plano que tem sido apresentado di-
ante de mim por Aquele que não pode errar. Se houver
grande número na igreja, os membros devem ser divididos
em pequenos grupos, a fim de trabalharem não somente
pelos outros membros, mas também pelos descrentes.
– Evangelismo, pág. 115.
101
Guia para Anciãos

As igrejas grandes eliminam muitas de suas desvantagens ao serem


subdivididas em pequenos grupos celulares. Retrate a congregação como
um grande círculo, no qual há círculos menores representando peque-
nos grupos celulares. Os membros que fazem parte de um dos círculos
pequenos raramente deixam o círculo grande. O pastor de uma grande
igreja adventista ficou agradavelmente surpreso quando, ao estudar a
saúde espiritual dos recém-conversos, descobriu que nenhum dos que
haviam sido envolvidos em pequenos grupos havia deixado a igreja.
A vida do corpo está em suas células. Se as células morrem, o cor-
po conseqüentemente morre também. Se as células são sadias, o cor-
po se desenvolve de maneira é saudável. Quando as células se multi-
plicam, o corpo se desenvolve. Um estudo dos movimentos da Igreja
mostra que todo reavivamento é influenciado pelo rápido acesso à
Bíblia e pela reunião de crentes em grupos pequenos e amistosos.

Objetivos dos pequenos grupos


Um pequeno grupo cristão pode ser definido como um conjunto
de não menos de quatro e não mais de quinze pessoas que se re-
únem, geralmente na igreja ou no lar, para comunhão, estudo da
Bíblia, oração e testemunho. Exemplos de pequenos grupos na igreja
incluem as classes da Escola Sabatina, grupos de ação missionária,
grupos de estudo da Bíblia no lar, grupos de oração, grupos de mu-
lheres para o estudo da Bíblia, grupos de apoio, e mesmo o coral da
igreja. As ocasiões de reunião e o tipo de pessoas participantes no
grupo são determinados pelas necessidades sentidas. Esses encontros
são mais flexíveis no estilo e mais pessoais do que os cultos regulares
da igreja.
Nossa época é conhecida pela mobilidade e migração massiva. As
pessoas ficam sem raízes familiares e de amigos. Muitas se mudam
para cidades distantes. Solidão é a palavra-chave em nossa era. Os
pequenos grupos trazem bênçãos similares às de uma família, e vão
ao encontro de uma necessidade contemporânea especial. As pessoas
de fora são ajudadas a se sentirem aceitas, independentemente de
seus antecedentes culturais, étnicos ou religiosos. São amadas a des-
peito do pecado ou da cor da pele.
Os pequenos grupos provêem uma atmosfera na qual os mem-
bros do grupo são capazes de participar de um modo significativo
do culto e do estudo da Bíblia, num ambiente em que experimentam
o senso de pertencer. Os pequenos grupos provêem excelente meio
para o aprendizado e a restauração. As necessidades individuais de
102
O Ancião e o Ânimo da Igreja

crescimento espiritual e companheirismo são atendidas nos pequenos


grupos de uma forma que freqüentemente é muito mais pessoal do
que a provida nos grandes ajuntamentos da igreja. Ao estudarem e
orarem juntos, cria-se um vínculo entre os membros desses grupos,
que estimula o viver cristão prático.
A atmosfera informal nos pequenos grupos faz com que os mem-
bros se sintam à vontade para convidar seus amigos e familiares que
ainda não são cristãos. Idealmente, os pequenos grupos deveriam
ser um veículo de ação missionária da igreja, e não algo destinado a
servir exclusivamente aos membros da igreja. Os grupos que não têm
uma ênfase missionária tendem à autodestruição.

Pequenos grupos no lar


Os grupos de estudo no lar devem tipicamente visar ao reaviva-
mento dos membros e a atrair os que ainda não são membros. Eles
constituem excelente meio para recuperar os membros afastados. As
pesquisas mostram que a maioria das pessoas freqüentam a igreja não
tanto por motivos doutrinários, mas pelo sistema de apoio que essa
freqüência lhes oferece. Inversamente, a maioria das pessoas deixam
de ir à igreja, não porque duvidem de suas doutrinas, mas porque
não encontram nela o apoio de que necessitam. Um dos sistemas de
apoio mais experimentados e provados é o pequeno grupo familiar.
Uma forte ênfase desses grupos é o companheirismo. O pequeno
grupo e o ambiente do lar são mais propícios ao companheirismo do
que o ambiente normal da igreja. Mesmo os que não estão prontos a
se identificarem com a igreja se sentem à vontade na tranqüila atmos-
fera de um grupo do lar.
As reuniões desses grupos, normalmente, duram cerca de uma
hora a uma hora e meia, e incluem quatro aspectos básicos:
1. Compartilhar. A maioria dos grupos que se reúnem no lar
tem um período para a troca de experiências no início da reunião.
Compartilhar as alegrias, as bênçãos e os desapontamentos é um
meio natural para iniciar uma reunião. Isto alivia as tensões, provê
afirmação genuína, e cria um espírito amigável no grupo. O diálogo
é a chave para o êxito. Ninguém deve dominar o grupo.
2. Estudar. De preferência, o estudo deve ser da Bíblia. O grupo
pode escolher um livro da Bíblia. Os membros o estudam sozinhos
durante a semana, e o discutem com o grupo na reunião semanal. O
líder faz perguntas como: “Que diz o autor nesse texto?” e “O que
Deus me diz através dessa passagem?”
103
Guia para Anciãos

3. Orar. O grupo normalmente mantém uma lista de oração. Os


membros são solicitados a se lembrar um do outro pelo nome, a cada
dia, em sua devoção pessoal.
4. Ministrar/expandir. O grupo procura intencionalmente
convidar e incluir pessoas que ainda não são membros.

Pequenos grupos na igreja


Pequenos grupos podem, naturalmente, reunir-se na igreja. Por
exemplo:
Grupos da Escola Sabatina. Uma classe ativa da Escola Sabatina,
devidamente ensinada, tem um potencial quase ilimitado para o
bem. Infelizmente, muito poucas classes da Escola Sabatina realmen-
te funcionam. Mantenha a classe pequena, e treine seus professores
para serem líderes de discussões relacionais sobre assuntos bíblicos, e
não minipregadores.
Grupos de seminário. As pessoas geralmente têm especial interesse
em freqüentar uma igreja após o casamento, o nascimento de um
fi lho, uma mudança de residência, o divórcio, a morte de um ente
querido, etc. Assim, a igreja pode desejar patrocinar um programa
regular de seminários para atrair pessoas com tais interesses espe-
ciais. Tente seminários de vida familiar, cursos para os pais, semi-
nários sobre como enfrentar problemas, classes de estudos bíblicos, e
uma gama de seminários sobre a saúde física, mental e espiritual.
Grupos de apoio. Organize um grupo de apoio contínuo da vida
familiar ou do enriquecimento matrimonial. Considere a fundação
de grupos de apoio para solteiros e pessoas separadas, para mulheres,
para idosos, e para os que estão se recuperando do luto.

Organizando pequenos grupos


Para ser bem-sucedido, o pequeno grupo necessita de organiza-
ção e planejamento especiais. Primeiro, os membros da igreja devem
identificar que tipos de necessidades existem dentro da comunidade
da igreja e decidir que tipos de pequenos grupos podem melhor aten-
dê-las. Por exemplo, pode haver a necessidade de um grupo de apoio
para os novos membros, um grupo de oração dos oficiais da igreja, um
grupo de estudo da Bíblia, na metade da semana, para os estudantes
da escola local, ou um grupo de ação missionária com o propósito de
estabelecer um relacionamento com amigos não adventistas.
Uma vez decidido o tipo de grupo de apoio, há necessidade de
selecionar e treinar os devidos líderes para cada grupo. Esta é pro-
104
O Ancião e o Ânimo da Igreja

vavelmente a principal contribuição do pastor e dos anciãos para


o programa de pequenos grupos. Tipicamente, os líderes recrutam
membros para o seu grupo através de convites pessoais. Os líderes
precisam reunir-se regularmente para considerar como seus grupos
estão progredindo e para apoio e encorajamento mútuos. As reuniões
de cada grupo deverão ser anunciadas durante os cultos da igreja.
No estabelecimento de pequenos grupos do lar, a primeira reu-
nião é geralmente destinada à elaboração de um plano com o grupo.
Isto pode incluir o seguinte:
• Reunir-se semanalmente por determinado número de semanas.
• Assistir a cada reunião, salvo por doença ou viagem.
• Estudar o tema indicado para cada reunião.
• Manter a confidência.
• Abster-se de comentários negativos sobre outras pessoas ou
organizações.
• Convidar outras pessoas para se unirem ao grupo.
Aqueles que não puderem manter esse compromisso, assumido na primei-
ra reunião, devem ficar livres para se retirar sem nenhuma imposição.

Materiais para pequenos grupos


Em muitas partes do mundo, há uma grande variedade de materiais
escritos para auxiliar a igreja na condução de pequenos grupos e no
treinamento de seus líderes. Esses materiais deveriam estar disponíveis
em sua Associação/Missão ou nas livrarias cristãs. Os livros desse tipo
geralmente contêm auxílio no planejamento e condução de pequenos
grupos, como também esboços de estudos bíblicos e tópicos para discus-
são. Através de cuidadoso preparo e organização, os pequenos grupos
podem se tornar importante meio de desenvolvimento da vida espiritu-
al de sua igreja e um meio de fazer amizades na comunidade.
MINISTÉRIO DA ORAÇÃO
Primazia da oração
As igrejas dinâmicas enfatizam, quase que invariavelmente, o mi-
nistério da oração. Muitos de nossos membros estão lutando para
manter sua fé. Ao orar com eles e por eles você pode uni-los ao Céu e
ajudá-los a se manterem apegados a Deus.
A oração intercessória era central no ministério de Jesus. Era Seu
costume passar muitas horas do dia ou da noite rogando ao Pai que
ajudasse aqueles a quem Ele ministrava (Mat. 14:23; Mar. 1:35; Luc.
5:16). As maiores orações em toda a Escritura foram aquelas que Ele
105
Guia para Anciãos

proferiu em favor dos outros (Mat. 6:9-13; João 17:6-26). O apóstolo


Paulo também exerceu um ministério de oração intercessória (Rom.
1:9; Efés. 1:16; Col. 1:3). Os apóstolos solicitaram que fossem escolhi-
dos diáconos para ajudar no trabalho da igreja, e disseram: “Quanto
a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra” (Atos
6:4). Para eles, a oração era tão importante quanto a pregação.
Em seu trabalho como ancião, tanto em particular como nos lares das
pessoas, ore por bênçãos, forças, cura, perdão, sabedoria e iluminação
de Deus em favor de seus membros. Há poder na igreja que ora unida.
Quando os membros se unem em oração pelos outros e vêem suas orações
respondidas, a vida da igreja é imbuída de nova força e vitalidade.

Reunião de oração
As reuniões de oração podem se tornar um ponto focal para lou-
vor e companheirismo na igreja. A irmã White comentou: “Os que
estão realmente buscando a comunhão com Deus, serão vistos nas
reuniões de oração.” – Caminho a Cristo, pág. 98.
Podemos considerar muitas formas de fortalecimento das reuniões
de oração, mas devemos começar com uma ênfase: sempre que a reu-
nião de oração de quarta-feira é planejada, deve-se dar prioridade à
oração. Reúnam-se no horário mais apropriado, mas orem. Orem em
pequenos grupos, focalizem os pedidos de oração de uma lista ou de
uma caixa de oração, mas orem. A reunião de oração é para oração.
A reunião de oração pode variar de semana para semana, a fi m
de trazer vida e interesse à reunião. Contudo, quatro ingredientes
básicos são essenciais para o seu êxito:
1. Planejamento.

Precisamos buscar sabedoria de Deus, e fazer planos


para dirigir essas reuniões de maneira a torná-las interes-
santes e atrativas. O povo tem fome do pão da vida. Se
o encontrarem na reunião de oração, ali irão a buscá-lo.
– Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 457.

É responsabilidade do pastor e dos anciãos preparar e coordenar


a reunião de oração. Esta pode ser uma excelente ocasião para um
ancião que tenha os dons necessários assumir a direção em lugar do
pastor. Pode ser útil pedir o conselho dos membros da igreja sobre o
horário da reunião de oração, os assuntos, a ordem do culto, etc.
Cuide para que o ambiente esteja arejado e a temperatura agradável,
106
O Ancião e o Ânimo da Igreja

antes da chegada das pessoas. Que haja iluminação adequada. Tenha


uma música tocando enquanto as pessoas vão chegando, mesmo que seja
uma gravação. Inicie a reunião na hora certa; não espere até que todos
tenham chegado; inicie com algo que não exija a presença de todos.
2. Estudo. A reunião de oração normalmente inclui um período para
o estudo da Bíblia. Convém lembrar que esta reunião destina-se mais ao
ensino do que à pregação. As apresentações, geralmente, não devem du-
rar mais de 20 minutos. Cultive um plano objetivo para o diálogo.
As reuniões de oração tendem a atrair um grupo de pessoas vol-
tado para o estudo da Bíblia. Planeje as séries com base na discussão
de um livro da Bíblia, ou de capítulos, personagens bíblicos, crenças
adventistas, profecias, etc. Realize uma série de estudos sobre os Tes-
temunhos, ou algum outro tipo de programa no estilo de seminário.
Os anciãos que têm de pregar com freqüência, comumente enfren-
tam o problema da falta de tempo e de material para seus sermões.
Resolva ambos os problemas relacionando a reunião de oração com
seu sermão do próximo sábado. No boletim da igreja ou durante os
anúncios, dê a passagem principal do seu próximo sermão. Convide
as pessoas para estudá-la antes da reunião de oração. Apresente uma
breve exegese da passagem na reunião de oração, e peça então que
pequenos grupos discutam como ela se aplica a suas vidas e façam
um resumo de sua discussão para o grupo todo. Use esses comentá-
rios como material para o seu sermão no sábado.
3. Compartilhar. Invariavelmente, as pessoas são atraídas a
qualquer lugar em que sintam afetuoso companheirismo. A reunião
de oração deveria incluir um período para testemunhos, meditação
e troca de experiências. É importante dar às pessoas a oportunidade
de falarem aos outros sobre como Deus tem respondido às suas ora-
ções. Esta evidência da direção e do poder de Deus em favor de um
dos membros do grupo dá ânimo aos demais, fortalecendo assim sua
fé em Deus.
Ellen G. White chama a reunião de oração de reunião de testemu-
nhos, mas também adverte contra abusar do tempo de testemunho:

Longas e fastidiosas palestras e orações são inadequa-


das em qualquer parte, e especialmente na reunião de
oração. Os que são confiados e sempre prontos a falar,
tomam a liberdade de sacrificar o testemunho dos tímidos
e retraídos. Os mais superficiais têm, geralmente, mais a
dizer. – Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 457.
107
Guia para Anciãos

Mantenha testemunhos curtos – e atuais. Pergunte: “Que fez o Se-


nhor por você durante esta semana?” “Que oração foi atendida este
mês?” “Que experiência na conquista de almas você teve neste ano?”
Refreie os impulsivos e encoraje os tímidos. Determine o tipo de teste-
munho: texto bíblico favorito, como a pessoa se tornou cristã, etc. Algu-
mas vezes será prudente pedir com antecipação a uma ou duas pessoas
do grupo, que você sabe tiveram suas orações respondidas, para que
compartilhem sua experiência com os outros do grupo. Quando tomar
conhecimento do livramento e direção de Deus num caso pelo qual o
grupo esteve orando, compartilhe isso na reunião de oração.
Estimule o testemunho relacional. Os testemunhos centralizados no próprio
eu são geralmente cansativos. Aqueles que dão testemunho do que as demais
pessoas ou a igreja estão fazendo, criam uma atmosfera de companheirismo.
4. Oração. A reunião de oração é para oração – oração relevan-
te, específica, intercessória, inteligente, participativa. Ellen G. White
destaca um problema típico da reunião de oração:

Longas e mecânicas são suas orações. Fatigam os an-


jos e os que os escutam. Nossas orações devem ser breves
e diretas. Que as longas e enfadonhas petições fiquem
para nosso aposento particular, caso alguém queira fazer
alguma dessa espécie. Deixai que o Espírito de Deus vos
entre no coração, e Ele daí expelirá toda a seca formali-
dade. – Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 457.

Quando vocês estiverem prontos para orar, leve o grupo a con-


centrar-se nos pedidos específicos. Em vez de focalizarem seus pe-
didos pessoais, encoraje os membros a orarem principalmente pelos
outros. Com tato, sugira que não façam orações longas, desconexas,
nem usem esse tempo para pregar um sermão ou apresentar mágoas
pessoais. O grupo pode preparar uma lista de oração que inclua pes-
soas ou projetos que eles desejam expor a Deus, em busca de auxílio.
Esta é uma boa forma de direcionar as orações do grupo.
Os métodos usados na oração podem variar de reunião para reunião.
Vocês podem orar juntos como um grupo, ou dividirem-se em pequenos
grupos. Podem orar em círculo ou deixar as pessoas livres para orar
quando se sentirem dispostas. Algumas vezes suas orações podem seguir
determinado assunto, como louvor, gratidão, perdão, etc. Não há um
padrão estabelecido para os momentos de oração; na verdade, quanto
mais aberta e natural, mas significativa se torna a oração.
108
O Ancião e o Ânimo da Igreja
ATIVIDADES SOCIAIS
As pessoas necessitam de companheirismo. Se não o encontra-
rem na igreja, irão buscá-lo em outra parte. Qualquer membro que
permaneça socialmente afastado da família da igreja, por um longo
período, será mais propenso a experimentar também níveis de alie-
nação espiritual. Todo membro necessita sentir aceitação social e en-
contrar envolvimento e utilidade num grupo da igreja. Por isso, sua
igreja precisa prover atividades e programas que fomentem o senso
de pertencer, e unam os membros.
Os seres humanos têm quatro aspectos. A igreja está interessada
não somente no seu desenvolvimento espiritual e mental, mas tam-
bém físico e social. Os eventos sociais contribuem para esse tipo de
desenvolvimento equilibrado. A igreja também busca o equilíbrio
entre o jovem e o idoso. Eles talvez nem sempre sejam atraídos para
os mesmos eventos, mas ambos necessitam de programas sociais.
Nunca devemos negligenciar nossos jovens, mas também não deve-
mos desprezar os idosos. Muitos estão sozinhos e quase não possuem
amigos, exceto os da igreja.
As reuniões sociais ajudam a conhecer as pessoas de sua congregação.
Estas reuniões atraem as famílias e os amigos dos membros da igreja.
Estabeleça uma comissão social que faça planos e dirija as ati-
vidades para o avanço social da família da igreja. Algumas dessas
atividades podem incluir piqueniques, jogos, refeições em conjunto,
caminhadas, retiros, grupos musicais, etc. Esses eventos mantêm a
família da igreja unida, de maneira amiga e descontraída, e as pesso-
as passam a se conhecer e podem ser formadas novas amizades.
Alguns membros da igreja têm uma personalidade aberta, o que
contribui para que tenham facilidade em fazer amigos. Outros são
quietos e retraídos. Ajude o primeiro grupo a ver sua habilidade so-
cial como um dom espiritual a ser usado para ajudar o segundo grupo
e envolvê-lo nas atividades sociais da igreja.
As reuniões sociais criam oportunidades para compartilhar experi-
ências, e experiências compartilhadas criam laços. Quando as pessoas
realizam coisas juntas, criam lembranças compartilhadas que as unem
umas às outras.

109
Capítulo

7 O Ancião e o Culto
Na ausência do pastor, o ancião é normalmente responsável pelo culto do
sábado. Assim, você deveria ser uma autoridade em culto. Mas o que é culto?
Muitas igrejas costumam seguir a mesma ordem do culto, cantar os
mesmos hinos, proferir as mesmas orações, e ouvir quase que os mes-
mos sermões, ano após ano, década após década. Como líderes do cul-
to, podemos respeitar as diferenças no estilo do culto quando estas são
o resultado de diferenças culturais. Mas temos a tendência de temer as
adaptações de nosso culto às mudanças da sociedade contemporânea.
A História demonstra que a Igreja algumas vezes tem perdido sua
influência pela falta de mudanças, mas tem também sofrido porque
as pessoas se tornam tão obcecadas pelas mudanças que deixam de
preservar os objetivos característicos do culto.

OBJETIVO DO CULTO
O culto é um encontro com Deus
O culto cristão está centralizado em Deus. Embora o culto, ao re-
dor do mundo, possa ter diversas formas e empregar liturgias diferen-
tes, as expressões de adoração, públicas ou particulares, só podem ser
verdadeiramente relevantes quando conduzem a um encontro pessoal
com Deus. Todo culto genuíno está centralizado nEle.
Sendo um encontro com Deus, o culto deve sempre ser tratado
com reverência.

Da santidade atribuída ao santuário terrestre, os cris-


tãos devem aprender como considerar o lugar onde o
Senhor Se propõe encontrar-Se com Seu povo. …

A casa é o santuário da família; e o aposento ou a flo-


resta o lugar mais recôndito para o culto individual; mas a
110
O Ancião e o Culto

igreja é o santuário da congregação. Devem existir aí regu-


lamentos quanto ao tempo, lugar e maneira do culto. Nada
do que é sagrado, nada do que está ligado ao culto divino,
deve ser tratado com negligência ou indiferença. …

Se os crentes, ao entrarem na casa de oração, o fizessem


com a devida reverência, lembrando-se de que se acham ali
na presença do Senhor, seu silêncio redundaria num teste-
munho eloqüente. Os cochichos, risos e conversas, que se
poderiam admitir em qualquer outro lugar, não devem ser
sancionados na casa em que Deus é adorado. Cumpre pre-
parar o espírito para ouvir a Palavra de Deus, a fim de que
esta possa exercer impressão e influir sobre a alma. – Teste-
munhos Seletos, vol. 2, págs. 193 e 194.

O culto inclui a adoração


Jesus disse: “Deus é Espírito; e importa que os Seus adoradores O
adorem em espírito e em verdade.” João 4:24 . Assim, o culto signifi-
cativo preocupa-se mais com a nossa atitude na adoração, do que com
a forma ou a ordem que nosso culto assume. É por isso que no culto se
deve dar lugar para expressões de adoração a Deus: tempo para sentir,
com reverência, Sua grandeza e poder (Sal. 95:3-5; João 4:19-26). Essa
adoração será expressa através do canto e da oração (Sal. 95:1; 96:1-6).
Ela realça a bondade de Deus, reconhece Sua dignidade (Apoc. 4:11)
e reverencia Sua presença (Sal. 111:9; Heb. 12:28). Quando Cristo é o
centro de nosso culto, nós nos apresentaremos diante dEle com louvor e
ações de graças (Sal. 33:1-3; Efés.5:19 e 20; II Cor. 4:15; Apoc. 15:3).
Muitos líderes de culto adventistas e suas congregações foram edu-
cados a não ter emoções. Estamos certos em nos opormos ao emocio-
nalismo. Mas não devemos ter tal temor dele que venhamos a temer
toda emoção. Erramos ao presumir que estamos defendendo os nos-
sos pioneiros quando apenas defendemos o formal e exclusivamente
racional. No começo da Igreja Adventista, o culto tinha muito mais
sentimento do que a maioria das nossas igrejas experimenta hoje.

O culto inclui a proclamação


O culto é um período para a proclamação da Palavra de Deus. Ele inclui
o estudo de Deus, e este estudo resulta em amor e alegria por conhecê-Lo
111
Guia para Anciãos

melhor. É um tempo para ser lembrada a maneira como Deus conduziu


Seu povo no passado (I Cor. 10:11); para enaltecer a cruz de Cristo (João
12:32); para experimentar um senso de antecipação no conhecimento de
que através da presença do Espírito e de Seus dons, podemos glorificar a
Deus na vida e no culto (João 14:16, 17 e 23; Rom. 12:1; Luc. 10:27).

O culto inclui a renovação


O culto formal assemelha-se a uma pessoa que se veste como se
fosse a algum lugar, mas nunca vai a parte alguma. Nesse culto, todo
o ambiente e as diversas partes do culto são cuidadosamente prepa-
rados, mas nada de fato ocorre.
O culto deve resultar em renovação. Ele envolve reflexão, oração
e meditação (Mat. 6:9; Efés. 6:18; Luc. 21:36). É um tempo de arre-
pendimento e de buscar o perdão de Cristo (Isa. 57:15; Atos 2:38;
Luc. 5:32). É um tempo para experimentar inteireza e paz em Jesus
(Sal. 46:10; Mat. 11:28-30; João 10:10; 14:27; I Tess. 5:23). A eficácia
do culto é mais bem avaliada pela renovada dedicação à conquista de
almas. Os que verdadeiramente vêm para adorar, saem para servir.

O CULTO COLETIVO É UM ENCONTRO


DE TODOS COM DEUS
O culto inclui o companheirismo
Embora possamos adorar a Deus particularmente, como indivíduos, o
comparecimento de toda a igreja no culto coletivo é vital para a manuten-
ção da força do corpo de Cristo. O mesmo Deus que aceita a cada um de
nós como um filho Seu em Cristo Jesus, nos encoraja a nos unirmos com
os demais crentes em uma comunidade de adoradores. “Não deixemos de
congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações,
e tanto mais quando vedes que o dia se aproxima.” Heb. 10:25. “Habite
ricamente em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mu-
tuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos e hinos e
cânticos espirituais, com gratidão, em vossos corações.” Col. 3:16.
Compartilhar juntos no culto público fortalece o desenvolvimento
cristão pessoal. Os adoradores necessitam da certeza da aceitação
e do amor de Deus, e muitas vezes isto pode lhes ser transmitido
pelas atitudes daqueles que conduzem o culto. As pessoas também
necessitam do companheirismo dos demais adoradores, e do senso de
pertencer à família da igreja.
112
O Ancião e o Culto

Uma atmosfera fria e formal na igreja pode atenuar a influência


do culto e levar as pessoas a deixarem a igreja. Por este motivo, é
bom escolher membros amistosos para dar as boas-vindas aos adora-
dores que chegam à igreja. Os anciãos, junto com os outros líderes,
devem estar atentos àqueles que se sentem isolados dos demais adora-
dores. Encoraje os membros de sua congregação a serem sociáveis em
sua aceitação de todos os que com eles adoram. Ninguém, quer seja
membro ou visitante, deveria sair do culto sem uma boa recepção.

O culto inclui a participação


Realce o sentimento de comunidade em sua igreja ao estimular a
participação dos membros no culto. Esta pode incluir o canto, a oração,
a oferta, ou um momento para compartilhar. Os membros podem ser
animados a se unir na leitura responsiva da Bíblia. As crianças podem
vir à frente para a história das crianças. Os membros podem ser encora-
jados a participar do coral ou de outros grupos musicais.
Após o batismo, os novos membros poderiam receber, de forma espe-
cial, as boas-vindas à igreja. O mesmo poderia ser feito com os membros
recebidos por transferência. Lembrar-se dos aniversariantes, dos nasci-
mentos e de outros eventos especiais é outro modo de demonstrar aos
membros que eles são importantes para a família da igreja.

O culto deve ser planejado


Um culto bem-sucedido não acontece por acaso. Os cultos não
devem tornar-se mera rotina. Eles envolvem a coordenação das ati-
vidades e dos talentos de muitas pessoas, e devem ser, portanto, bem
planejados. O rádio e a televisão circundam nosso globo e são aces-
síveis à maioria de nossos membros. Os programas desses meios de
comunicação das massas são planejados com precisão e organizados
meticulosamente. As pessoas ficam insatisfeitas se o culto não recebe
a mesma atenção.
Em algumas igrejas grandes, existe uma comissão de cultos que tra-
balha com o pastor da igreja para planejar e preparar os eventos do cul-
to. Em outras igrejas, os programas do culto são coordenados por uma
comissão de anciãos que se reúne regularmente com o pastor.
Antes de qualquer culto, as pessoas responsáveis por ele devem
ser notificadas de seus deveres e receber tempo suficiente para o
devido preparo. Em cooperação com o pastor da igreja e os demais
anciãos, prepare uma lista de atribuições, com as responsabilidades
dessas pessoas durante os cultos. Uma indicação da parte que lhe
113
Guia para Anciãos

compete deve estar nas mãos de cada pessoa que participará da


direção do culto.
O planejamento inclui assegurar-se de que apenas as pessoas auto-
rizadas pregarão ou participarão no culto. Pessoas excluídas da comu-
nhão da igreja, ministros afastados do ministério e não-membros não
devem conduzir o culto. Na falta do pastor, é sua responsabilidade,
como ancião, fazer com que esses regulamentos sejam seguidos.

PARTES DO CULTO

Nosso Deus é um terno e misericordioso Pai. Seu ser-


viço não deve ser considerado como um exercício penoso
e entristecedor. Deve ser um gozo adorar o Senhor e tomar
parte em Sua obra. – Caminho a Cristo, pág. 103. Assim,
tanto o culto como o ato de dirigi-lo e de participar nele
devem ser experiências prazerosas. Como tornar, porém,
o culto de sua igreja mais agradável e significativo?

Há certos elementos, além da pregação, que contribuem para tornar


o culto significativo e que devem ser considerados no planejamento. A se-
guir, daremos algumas explicações desses elementos da adoração:

Música
A música, apresentada com bom gosto, exerce irresistível influ-
ência no elevar o coração a Deus. Faz parte do culto assim como a
oração. Com efeito, as experiências espirituais relatadas por escrito-
res de hinos e cânticos cristãos tornam-se a oração dos adoradores
enquanto cantam.
Escolha pessoas apropriadas, dentre sua congregação, para planeja-
rem a música para o culto. Peça-lhes que, se for possível, harmonizem
o tema da música com o assunto do sermão. Na medida do possível,
deve-se incluir música instrumental e cantada. Descubra maneiras de
incorporar instrumentos musicais que ajudem a conduzir as pessoas à
experiência de adoração. Embora alguns adoradores possam ser leva-
dos à adoração apenas pela melodia, muitos necessitam de palavras.
Por isso, a música vocal deve ter prioridade sobre a instrumental.
Os corais são uma grande bênção no culto, mas não devem subs-
tituir o canto congregacional.
114
O Ancião e o Culto

Raramente deve o canto ser feito por uns poucos. A


aptidão de cantar é um talento que exerce influência, a
qual Deus deseja que todos cultivem e empreguem para
glória de Seu nome. – Evangelismo, pág. 504.

Doxologia
O objetivo da doxologia é levar as pessoas a uma atitude de re-
verência. Para os que compõem a plataforma, essa atitude deve ser
estabelecida antes de entrarem. As atribuições devem ser designadas
rapidamente, e o restante do tempo, antes do início do culto, deve ser
passado em oração.
A doxologia é normalmente apresentada após a entrada dos diri-
gentes do culto à plataforma. Para convidar a congregação à adora-
ção, uma das pessoas da plataforma pode ler um texto, iniciar uma
oração silenciosa ou audível, ou dizer algumas palavras sobre o pri-
vilégio do culto. A congregação pode participar cantando um hino
apropriado, ou tomando parte na leitura responsiva.
O culto tem um início medíocre quando o pregador vai para a pla-
taforma e se ajoelha sem que a congregação tenha notado que o culto
começou. Uma solução é que a congregação permaneça em pé durante
a entrada à plataforma. Na falta de um coral, os adoradores podem can-
tar um hino apropriado, fazendo assim uma entrega enquanto cantam
e as pessoas da plataforma estão ajoelhadas, dedicando-se em oração.
Analise o início do seu culto. Ele prepara eficazmente as pessoas
para a adoração? Se não, faça experiências até descobrir uma forma
que realize isso.

Oração
A oração é falar com Deus a favor das pessoas. Os anciãos adven-
tistas proferem orações nos cultos de sábado com maior freqüência
que os pastores. É uma das coisas mais importantes que você faz, e
merece que você saiba como fazê-la bem.
De joelhos é a postura ideal para a oração. No entanto, como a ora-
ção é o “abrir do coração a Deus como a um amigo”, a posição do co-
ração ou da mente é ainda mais importante que a posição dos joelhos.
A postura na oração é importante, mas é apenas simbólica. As Escri-
turas aconselham: “Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes”
( Joel 2:13). Deus considera a expressão interior ainda mais significativa
do que a exterior. O orgulho que considera nossas roupas demasiado
preciosas, ou nossos joelhos muito tenros para nos ajoelharmos diante
115
Guia para Anciãos

de nosso Criador, é uma trágica irreverência. Mas o orgulho que nos


leva a ficar em pé interiormente, enquanto estamos exteriormente
ajoelhados, é também irreverência.
A oração pública deve ser pensada com antecipação. A oração pode
incluir sete elementos. Nem todos necessitam estar em cada oração, mas
todos deveriam ser considerados ao você preparar-se para orar. Sua or-
dem é significativa, com base na suposição de que devemos mostrar reve-
rência para com Deus antes de ter o direito de pedir algo a Ele.
1. Dirigir-se a Deus. Lembre-se de que o nome de Deus é
santo. Profira-o no início de sua oração, mas não o repita
desnecessariamente.
2. Louvor. Adore o nome de Deus, agradeça-Lhe o que tem feito.
3. Arrependimento. Peça perdão a Deus.
4. Dedicação. Peça-Lhe forças para o futuro. Dedique-se a Ele
antes de Lhe pedir algo.
5. Intercessão geral. Interceda pela obra de Deus, pelos lí-
deres mundiais, e por sua congregação – incluindo os jovens,
os idosos, os pais, os doentes, os desalentados, etc.
6. Intercessão específica. Lembre-se dos pedidos especiais
de oração, da própria reunião e do pregador.
7. Conclusão. Termine afirmando o direito que temos de nos
aproximar da sala do trono “em nome de Jesus”.
“Para dizer uma oração bastam ordinariamente um ou dois mi-
nutos.” – Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 277. As orações têm a ten-
dência de ser longas, não tanto porque tenhamos muito a dizer, mas
porque dizemos várias vezes a mesma coisa. Ter na mente um esboço
tal como o acima, ajudará a eliminar essa tendência.

Oferta
Dar é fundamental para o culto. O apelo para a oferta deve ser breve,
inteligente e reverente. Ele tem destacadas possibilidades para ensinar os
básicos conceitos cristãos de abnegação, sacrifício e confiança. O apelo
da oferta deve enfatizar, portanto, uma motivação espiritual. Deve tam-
bém explicar a necessidade financeira. Deve dizer o porquê de darmos
nosso dinheiro e para onde ele vai. As pessoas darão se forem motivadas
espiritualmente e convencidas de uma necessidade prática.

Ministério às crianças
Uma consideração significativa na determinação das partes do
culto diz respeito às crianças. Atente para o seguinte:
116
O Ancião e o Culto

• O momento da Adoração Infantil foi criado para que a cri-


ança sinta que é parte da adoração. Variar a atividade desse
momento é algo muito importante para a criança.
• Prepare uma folha com perguntas sobre o sermão e anime
as crianças a escreverem suas respostas.
• Inclua ilustrações direcionadas para crianças em seu sermão.
• Leve uma criança à plataforma, para ler um texto da Bíblia
ou para proferir a oração final.
• Faça planos para que, algumas vezes, o culto do sábado gire
em torno das crianças. Consulte o calendário eclesiástico
para planejar o sábado em que o Ministério da Criança está
responsável pelo culto.
Seja como for, planeje o culto de tal modo que as crianças de sua
igreja cresçam com a idéia de que adorar é uma experiência agradá-
vel, também para elas.

Leitura das Escrituras


A Bíblia é fundamental para o culto cristão. Jesus iniciou Seu ministé-
rio público em Nazaré lendo as Escrituras (Luc. 4:16-21). Paulo recomen-
dou que suas epístolas fossem lidas nas igrejas (Col. 4:16; I Tess. 5:27).
As passagens escolhidas devem ser relevantes para a ênfase do dia.
Infelizmente, a congregação tende a não perceber essa relevância. Al-
guns pregadores omitem o tempo separado de leitura das Escrituras e
pedem que a congregação procure algumas passagens e as leia em voz
alta durante o sermão. Isso pode requerer que haja Bíblias à disposi-
ção nos bancos para que todos leiam na mesma versão.
A leitura das Escrituras, bem preparada, pode constituir uma ex-
periência tocante. Quando os levitas ensinaram o povo, “leram no
Livro, na lei de Deus, claramente, dando explicações, de maneira
que entendessem o que se lia”, e “todo o povo chorava, ouvindo as
palavras da lei” (Nee. 8:8 e 9).
Encoraje a participação da audiência. Faça uso de leituras respon-
sivas. Varie a leitura das Escrituras, refletindo assim a diversidade
da congregação: homens/mulheres, jovens/idosos, casados/solteiros,
diferentes grupos étnicos. Grave a voz ou fi lme a pessoa que está con-
finada em casa, por motivos de doença, enquanto esta lê um texto das
Escrituras, e então apresente a gravação ou o fi lme no sábado. Prepa-
re um texto ilustrado das Escrituras. Muitos Salmos prestam-se para
a ilustração por meio de quadros da Natureza, etc.

117
Guia para Anciãos

Testemunho público
Às vezes é apropriado encorajar os membros a compartilharem com os
outros, no culto, uma história de algum incidente em sua vida, que contou
com a direção especial de Deus. São especialmente úteis os testemunhos
que mostram à congregação como um membro da igreja foi ajudado pelo
ministério de algum outro irmão. Esses testemunhos são uma demonstra-
ção pública do poder e da atuação de Deus na família da igreja.
É improvável, e talvez imprudente, que cada um dos elementos aci-
ma seja incluído no culto, a cada semana. As congregações apreciam
uma uniformidade básica em seus cultos, mas também gostam de um
pouco de variedade, de algo diferente e especial. Assim, ao fazer seu
planejamento, considere todos esses elementos, mas proveja variedade
ao incluir alguns deles apenas ocasionalmente. Do contrário, os cultos
serão muito extensos, ou sobrará muito pouco tempo para a pregação,
que deve ser mantida como a parte central no culto adventista.

ORDEM DO CULTO
O culto deve não somente conter as partes ou os elementos certos, mas
estes devem estar na devida ordem. “Porque Deus não é de confusão. …
Tudo, porém, seja feito com decência e ordem.” I Cor. 14:33 e 40. Cada
aspecto do culto deve estar relacionado com o todo, avançar em direção
a um objetivo, e culminar na resposta congregacional. Ele deve ser plane-
jado de maneira progressiva, rumo a um ponto de compromisso.

Participação congregacional
O culto a Deus não é um entretenimento. Somos levados a pensar
no culto como se consistisse do pregador como ator, de Deus como
ponto (auxiliar de cena) e da congregação como audiência. Na reali-
dade, o culto verdadeiro consiste de: congregação como ator, prega-
dor como ponto e Deus como audiência.

Grande parte da adoração pública a Deus consiste


de oração e louvor, e todo seguidor de Cristo deveria
engajar-se nesse culto. – Ellen G. White, em Signs of the
Times, 25 de junho de 1886.

Assim, o culto deve tornar-se um evento participativo para cada


um dos adoradores. Todo encarregado do culto tem a responsabilida-
de de planejá-lo de tal modo que haja não apenas a devida participa-
118
O Ancião e o Culto

ção congregacional, mas esta ocorra nos intervalos certos. Em outras


palavras, a participação congregacional não deve ocorrer de uma só
vez no culto, mas ser distribuída objetivamente ao longo dele.
A oração inicial, a oferta e mesmo o ato de ouvir o sermão devem
ser eventos participativos. Contudo, a congregação provavelmente
participará mais ativamente nestas três formas:
1. Canto. A congregação não apenas participa no canto dos hi-
nos, mas pode também cantar o intróito, a oração responsiva inicial e
final. Um ofertório eficaz é o canto congregacional de um hino apro-
priado. Muitos hinos do hinário funcionam bem como responsivos.
Pode-se usar o período entre a Escola Sabatina e o culto para o
canto congregacional. Algumas vezes um pequeno grupo pode ini-
ciá-lo, com músicas do hinário ou de outras fontes.
2. Leitura responsiva. A leitura responsiva se aplica bem à doxolo-
gia, à leitura da Bíblia, à dedicação da oferta, ou à resposta ao sermão. A
leitura pode ser impressa no boletim ou lida no hinário, mas a centraliza-
ção da Bíblia no culto é enfatizada quando as pessoas lêem diretamente
na Bíblia. Isto requer, porém, um pouco de treinamento da congregação
e a provisão de Bíblias na mesma versão. A leitura pode ser dividida de
diversas maneiras criativas, tais como: líderes, mulheres, homens, coral,
lado esquerdo, lado direito, galeria, todos, etc.
3. Movimento da congregação. Há um objetivo psicológico e
físico no planejamento do devido tempo para o movimento (normal-
mente em pé ou de joelhos) no culto. O objetivo psicológico é envol-
ver ativamente os adoradores no culto. O físico, é manter o sangue
circulando e diminuir a fadiga. Para este último, o ideal é ter a con-
gregação em pé um pouco antes do início do sermão.
O movimento da congregação pode incluir o ato de convidar os
adoradores com pedidos especiais de oração a virem à frente e se
ajoelharem para orar juntos.

Exemplos de formas de culto


Algumas formas de culto foram incluídas no Manual da Igreja, ca-
pítulo 8. Eis aqui duas formas adicionais:
Ordem de culto mais longo
• Prelúdio musical
• Anúncios
• Coro e entrada dos pastores
• Doxologia
• Invocação
119
Guia para Anciãos

• Leitura das Escrituras Sagradas


• Hino de louvor
• Oração
• Cântico ou música especial
• Oferta
• Hino de consagração
• Sermão
• Hino
• Bênção
• A congregação permanece em pé ou sentada para uns
momentos de oração
• Silenciosa
• Poslúdio musical
Ordem de culto mais breve
• Anúncios
• Hino
• Oração
• Oferta
• Hino ou música especial
• Sermão
• Hino
• Bênção
• A congregação permanece em pé ou sentada para oração
silenciosa

Anúncios
Os anúncios não fazem parte da liturgia, por isso devem ser feitos
antes da entrada dos componentes da plataforma. Os líderes da igreja
talvez achem que não estão sendo apoiados se não lhes for permitido
anunciar seus programas durante a liturgia. Os membros da igreja, por
outro lado, podem achar que os anúncios interferem em sua adoração.
Uma abordagem apropriada para os anúncios é que sejam es-
critos. Use o boletim, caso a igreja tenha um. Algumas igrejas não
podem ter o boletim, e outras preferem não tê-lo, a fi m de permitir
maior espontaneidade no culto. Se possível, descubra alguma forma
de ter os anúncios por escrito. Uma boa regra: para informação, es-
creva-o; para inspiração ou ênfase, diga-o.
Um bom líder de culto pode tornar o período dos anúncios uma oca-
sião de reverência. Os anúncios devem produzir uma atmosfera de cordia-
lidade e companheirismo. Torne-os uma parte da vida da igreja.
120
O Ancião e o Culto
PREGAÇÃO
A pregação é tradicional e propositadamente o ponto central do
culto adventista. Nem todos os anciãos podem ser pregadores, mas
a Bíblia recomenda que eles sejam aptos “para ensinar” (I Tim. 3:2).
O apóstolo Paulo, em sua última visita, convocou uma reunião de
anciãos em Éfeso e os aconselhou:

Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o


Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a
igreja de Deus, a qual Ele comprou com o Seu próprio
sangue. Atos 20:28.

Os anciãos são pastores, e o trabalho principal de um pastor é


alimentar o rebanho.
Alguns anciãos pregam regularmente, outros muito raramente.
Contudo, todos podem tirar proveito da compreensão dos princípios
da pregação. Eis aqui oito regras para uma pregação eficaz:
1. Conhecer pessoalmente a Cristo
Pedro e João encontraram o homem coxo à entrada do templo.
Este lhe pediu dinheiro, mas Pedro respondeu: “Não possuo nem
prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus
Cristo, o Nazareno, anda!” Atos 3:6. Não há nada mais difícil do que
tentar dar a outros aquilo que não se possui. Pedro operou um mila-
gre porque, embora não tivesse dinheiro, tinha a Cristo. Se você não
O tem, não pode dá-Lo a outros. Mas, se O tem em sua própria vida,
sua pregação pode operar milagres na vida de seus ouvintes.
A pregação transborda. Não se pode fazer transbordar uma taça
vazia. Se você não consegue imaginar o que pregar, está olhando para
a taça vazia de sua alma e tentando derramar sobre os outros aquilo
que você não possui. Primeiro encha sua própria taça. Somente então
estará pronto para transbordar. Por outro lado, a taça que é enchida
além de sua capacidade inevitavelmente transborda. Quando você está
repleto de Jesus, é mais fácil falar sobre Ele do que ficar calado. Você
quase não consegue esperar até o próximo sermão.
2. Pregar biblicamente
O melhor conselho que já foi dado sobre a pregação talvez se encontre
na exortação de Paulo: “Prega a Palavra” (II Tim. 4:2)! A pregação ad-
ventista deve sempre ser cristocêntrica e fundamentada na Bíblia. Nosso
povo deseja conhecimento, e deve saber o que a Bíblia ensina. Histórias,
discursos sociológicos ou filosóficos, com a Bíblia raramente aberta, não
121
Guia para Anciãos

alimentarão a alma, nem produzirão reavivamento e reforma.


Alguma vez teve receio de pregar por não ter muito o que di-
zer? A pregação bíblica é a melhor amiga do pregador. Quando você
inicia com a Bíblia, tem inesgotável suprimento de material para o
sermão. Há a certeza de que seu poço nunca secará.
A pregação bíblica é muito mais do que usar um amontoado de tex-
tos. O verdadeiro sermão bíblico não apenas inclui a Bíblia, ele começa
com ela. Os pregadores bíblicos buscam primeiro a Bíblia no preparo
de seus sermões. Tanto quanto possível, eles não têm nenhum alvo em
mente, nada sabendo senão a passagem ou o tema. Não abrem a Bíblia
à procura de algo que concorde com o que desejam dizer. Abrem-na
para encontrar o que ela quer que eles digam.
Não pregue do púlpito sua interpretação pessoal das Escrituras,
ou verdade especulativa. Não permita que o orgulho de sua desco-
berta mine a fé de seus ouvintes.

Existem mil tentações disfarçadas, preparadas para


os que têm a luz da verdade; e a única segurança para
qualquer de nós está em não recebermos nenhuma nova
doutrina, nenhuma interpretação nova das Escrituras,
antes de submetê-la à consideração dos irmãos de ex-
periência. Apresentai-a a eles, com espírito humilde e
pronto para aprender, fazendo fervorosa oração; e, se
eles não virem luz nisto, atendei ao seu juízo, porque
”na multidão de conselheiros há segurança”. Prov. 11:14.
– Testemunhos Seletos, vol. 2, págs. 104 e 105.

3. Pregação relevante
A Bíblia é relevante para o viver diário, e compete-lhe descobrir
sua aplicação aos que desejam ouvi-la. Mostre como a Bíblia se dirige
às necessidades desta época, e como o seu tema, a salvação, ainda é
muito apropriado hoje em dia.
Se possível, veja como os comentários bíblicos, os comentários de Ellen
G. White, e de outros autores cristãos, aplicam sua passagem à vida cristã
prática. Use eventos atuais, a Natureza, experiências em sua própria vida,
para tornar seus sermões relevantes para a vida de seus ouvintes.
4. Pregar de maneira positiva
As pessoas devem saber que eram pecadoras antes de buscar a
salvação. Contudo, sua principal tarefa não é denunciar o pecado,
mas anunciar a salvação. A pregação bem-sucedida é invariavelmen-
122
O Ancião e o Culto

te uma pregação que se centraliza na esperança. Nunca mande as


pessoas de volta para casa com os “pneus vazios”. A palavra “evange-
lho” significa boas-novas. Se você não está pregando as boas-novas,
não está pregando o evangelho!
5. Preparar-se com antecedência
Os bons sermões não resultam de preparação apressada. No entanto,
com todas as nossas outras obrigações, o tempo de preparo do sermão é
necessariamente limitado. O preparo antecipado provê uma solução par-
cial e prática para o problema do tempo. Eis aqui como isso funciona:
Estude e leia a Bíblia vários dias antes da data de sua pregação.
Mantenha isso até que sinta haver compreendido o que Deus deseja
que você fale. As idéias precisam infi ltrar-se em sua mente. Você ne-
cessita encontrar ilustrações e aplicações práticas.
Atenda agora seus outros deveres. Deixe o sermão vaguear por
sua mente, oscilando entre o consciente e o inconsciente. Iniciar o
preparo do sermão com antecedência elimina a pressão e aumenta
a criatividade. A criatividade despreza a última hora. O preparo do
sermão na última hora produz úlceras de primeiro grau e sermões
de terceira classe. O sistema de arquivo do cérebro tende a conges-
tionar-se quando muito pressionado. Mas, se você não estiver sob
pressão, pode produzir mais profusamente.
Iniciar antecipadamente economiza tempo. Em vez de fitar fixamente
o teto ou percorrer as páginas dos livros em busca de uma história, deixe
as ilustrações surgirem durante a semana. Isto torna seu sermão prático
e interessante. Sermões que se originam no tempo presente se aplicam ao
presente. Enquanto trabalha, viaja, relaciona-se com sua família, pergun-
te: “Meu sermão ajudaria aqui?” ou “Há algo nessa situação que pode
ilustrar meu sermão?” Os sermões cujas ilustrações e aplicações práticas
surgem do viver diário são relevantes para a vida.
6. Organização lógica
O esboço lógico de um sermão é organizado em três partes principais:
• Na introdução você deseja despertar o interesse de seus
ouvintes e provavelmente apresentar o tema. O tema é a
substância de seu sermão em uma sentença, o ponto que
você deseja que as pessoas levem para casa.
• No corpo do sermão, amplie o tema, expondo, em se-
qüência lógica, as lições principais que deseja apresentar.
Mencione cada lição, comprove-a biblicamente, e então
faça ilustrações e/ou aplicações práticas.
• Na conclusão, resuma os pontos principais do tema, e
123
Guia para Anciãos

concentre-se em fazer com que seus ouvintes tomem uma


decisão pessoal a favor de Cristo.
7. Falar com clareza
Ao apresentar seu sermão, fale de tal modo que seus ouvintes pos-
sam ouvir e compreender. “Leram no Livro, na lei de Deus, clara-
mente, dando explicações, de maneira que entendessem o que se lia.”
Nee. 8:8. Ellen G. White comenta:

A cultura e o correto uso da voz são grandemente


negligenciados. … Muitos há que lêem ou falam de ma-
neira tão baixa ou tão rápida, que não podem ser com-
preendidos perfeitamente. Alguns possuem pronúncia
pesada e indistinta, outros falam em tonalidade alta, em
tons agudos e estridentes, desagradáveis aos ouvintes. …
Por esforço diligente todos podem adquirir a capacidade
de ler inteligivelmente e falar em tom claro e sonoro, e
de maneira distinta e impressiva. Fazendo isto podemos
desenvolver grandemente nossa eficiência como obreiros
de Cristo. – Parábolas de Jesus, págs. 335 e 336.

8. Planejamento anual
Para economizar tempo, planeje suas pregações para um ano. O
planejamento requer que se olhe em ambas as direções; assim relacio-
ne primeiro os sermões que pregou no ano passado – ou nos últimos
anos. Atente para aquilo que negligenciou ou que enfatizou demais.
Então, com base em suas descobertas, no calendário denominacional
e secular, nas necessidades de sua congregação, e em seus interesses
e preocupações pessoais, escolha os assuntos e as passagens para as
pregações do próximo ano.
O planejamento anual resulta em pregações equilibradas. Os prega-
dores que amam as pessoas provêem-lhes alimento que não apenas agra-
da ao apetite e nutre, mas também é variado. Se você tem alimentado
a congregação com o mesmo alimento, com base naquilo de que você
mais gosta, o processo de planejamento anual dos sermões irá pratica-
mente obrigá-lo a enfrentar e corrigir esse fato.
A heresia não é apenas o resultado de pregar o que é falso, mas também
da apresentação incompleta do evangelho. Resulta de enfatizar demais
uma verdade, em detrimento de outras. O planejamento anual produz pre-
gações equilibradas, e estas ajudam a produzir cristãos equilibrados.

124
Capítulo

O Ancião e as
8
Cerimônias Especiais
As cerimônias especiais são geralmente realizadas pelos pastores.
Os anciãos são assistentes do pastor e não deveriam pretender dirigir
as cerimônias especiais em lugar do seu pastor. As seguintes orienta-
ções irão ajudá-lo a conduzir as cerimônias especiais na ausência do
pastor ou quando este solicitar a sua colaboração.
Este Guia tem utilizado propositadamente porções significativas
do Guia Para Ministros, visto que a obra do pastor e a do ancião devem
ser mantidas, deliberadamente, em paralelo. Este capítulo final refle-
tirá especialmente o Guia Para Ministros. Devem ser seguidas as mes-
mas orientações para as cerimônias especiais, quer sejam realizadas
pelo pastor quer pelo ancião. Não serão usadas aspas nas adaptações
do Guia Para Ministros. Ele não está sendo citado como autoridade,
visto que ambos os manuais foram preparados pela mesma fonte, e
algumas adaptações serão feitas constantemente, tornando tedioso o
uso de citações.

BATISMO
O batismo é um símbolo da morte do velho homem e do início de
uma nova vida em Jesus. Ele demonstra que a pessoa deseja tornar-se
membro da família de Deus. Mostra a disposição de receber o Espí-
rito Santo e de usar Seus dons no ministério a outros.

Os anciãos e o batismo
Os anciãos da igreja desempenham uma parte significativa na ceri-
mônia do batismo. Muitas vezes os anciãos visitaram e encorajaram os
candidatos e lhes deram estudos bíblicos, preparando-os para o batismo.
No dia do batismo, os anciãos freqüentemente desempenham uma parte
125
Guia para Anciãos

significativa na organização, direção e apoio durante toda a cerimônia.


Na verdade, os anciãos realizam batismos sob certas condições. O
Manual da Igreja diz:

Na ausência de um ministro ordenado, o ancião de-


verá solicitar que o pastor geral do Campo local tome as
devidas providências para a realização do batismo dos
que desejam unir-se à igreja. (Ver págs. 32-35 do Manual
da Igreja.) Um ancião local não deverá realizar a cerimô-
nia batismal sem primeiro obter a permissão do pastor
geral da Associação/Missão. (Manual da Igreja, pág. 52).

Local do batismo
Os batismos podem ser realizados em ambientes fechados ou ao
ar livre, no batistério da igreja ou no mar, em um rio, lago, piscina, e
mesmo em barris ou banheiras. Onde quer que haja água suficiente
para imergir a pessoa e realizar a cerimônia com decência, bom gos-
to e decoro, esse local é apropriado.

Preparação para o batismo


O tempo e o local do batismo devem ser anunciados e propaga-
dos. As pessoas envolvidas na cerimônia devem estar a par de seus
deveres e ser instruídas sobre suas responsabilidades. Os diáconos e
as diaconisas devem preparar o local do batismo. Leia as instruções
sobre os preparativos no Guia Para Diáconos e Diaconisas

Vestuário para o batismo


Aconselhe os candidatos sobre a roupa apropriada a ser usada.
Em alguns lugares, a igreja possui roupões de batismo e os candida-
tos precisam trazer apenas uma troca das roupas de baixo. Acaute-
le-se contra roupas que flutuam ao entrar na água e que grudam no
corpo ao dela sair. Os roupões devem ter pesos presos à bainha. As
cores escuras são menos transparentes quando molhadas.
Se não houver roupões, os candidatos deverão ser instruídos a trazer
roupas que não fiquem transparentes quando molhadas. Deverão trazer
uma toalha e uma troca de roupa. Tudo deve ser cuidadosamente plane-
jado com antecedência, a fim de que durante o batismo seja mantida si-
lente dignidade e decoro, e ninguém se sinta embaraçado ou ofendido.
Se for planejado um batismo ao ar livre, deve-se providenciar um
lugar seguro para a troca de roupa. Quando o candidato está doente,
126
O Ancião e as Cerimônias Especiais

é idoso, incapacitado fisicamente, ou com dificuldade de locomoção,


um ancião ou diácono deve prover ajuda durante o batismo.
Leia as instruções detalhadas sobre roupas e cuidados especiais
no Guia Para Diáconos e Diaconisas.

Aceitação no batismo
Visto que o batismo tem grande significado pessoal para os can-
didatos, muitos dos comentários durante a cerimônia devem ser diri-
gidos especificamente a eles. Se é feito um sermão ou breve comentá-
rio durante a cerimônia, o assunto deve girar em torno de sugestões
práticas que ajudem os candidatos a conduzirem com êxito sua vida
cristã. Assegure-lhes que estão se unindo a uma família que possui
muitos irmãos e irmãs para ajudá-los. Desafie os membros a demons-
trar amor e aceitação a esses novos irmãos.
Não há uma ordem estabelecida na cerimônia do batismo; con-
tudo, há alguns elementos básicos que devem ser incluídos. Os can-
didatos devem ser cuidadosamente examinados e fazer confissão de
sua fé. Isto pode ser feito diante de um grupo selecionado, como a
comissão da igreja ou uma comissão de anciãos, antes do batismo, ou
diante da congregação, na cerimônia do batismo. Deve-se fazer uma
oração especial de bênção e dedicação.
Em dado momento, os candidatos devem ser oficialmente recebi-
dos na família da igreja. Os candidatos geralmente são convidados
a se colocarem em pé diante da congregação, com o pastor ou os
anciãos, e os membros indicam sua aceitação e apoio mediante um
voto. Os líderes da igreja então proferem palavras de boas-vindas
em nome da congregação, e com um aperto de mãos, ou de alguma
outra forma, recebem-nos na comunhão da igreja.
Em algumas igrejas, os amigos dos candidatos e os membros de sua
família posicionam-se em frente da congregação, perto das pessoas que
serão batizadas. Os candidatos normalmente são designados a cristãos
maduros, dentre os membros da igreja, para que estes sejam seus guar-
diões espirituais. Cada um desses indivíduos fica em pé, diante da con-
gregação, como indicação de seu amor e solicitude pelos candidatos, e de
seu desejo de ajudá-los na escolha de seguir a Cristo.

Realização da cerimônia
Os candidatos são levados ao pastor oficiante (ou ancião, se for
o caso) por um diácono ou diaconisa. Antes de batizá-los, pode ser
apropriado falar algumas palavras sobre o modo como eles aceitaram
127
Guia para Anciãos

a Jesus. Em alguns casos, eles mesmos talvez desejem dar um breve


testemunho.
Um método comum de imersão dos candidatos é que eles segurem fir-
memente no pulso esquerdo do oficiante, com ambas as mãos. Este ergue
então a mão direita e profere algumas palavras, tais como: “Minha/meu
prezada/o irmã/irmão …, devido a seu amor por Jesus, e em decorrência
de seu desejo de entregar a vida a Ele e a Sua Igreja, com alegria eu a/o
batizo em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.”
Nesse momento você coloca a mão direita ou a esquerda (segundo
lhe for mais cômodo) nos ombros do candidato e gentilmente o dei-
ta sobre a água. Alguns oficiantes recomendam que cada candidato
traga um lenço ou pano para impedir a entrada da água nas narinas
ou na boca. Este pode ser segurado na outra mão do oficiante, e colo-
cado sobre o nariz e a boca, antes de o candidato ser imerso na água,
e depois utilizado para enxugar-lhe o rosto.
Um diácono ou diaconisa deve ajudar o candidato a sair da água,
cobrindo-o para impedir que se resfrie e para preservar o decoro. Os
candidatos devem ser levados para um local bem protegido, em que
possam trocar de roupa.

Perigos no batismo
Se o batismo ocorre em um rio ou no mar, batize os candidatos
com a cabeça contra a correnteza, ou na direção das ondas. Assim a
água não afastará o candidato do oficiante, antes o ajudará a supor-
tar o peso, e também não entrará nas narinas e na boca do candida-
to. Tenha cuidado para não ficar em um lugar muito fundo do rio ou
adentrar muito o mar, onde as ondas são maiores. Lembre-se de que
algumas pessoas têm medo de água. Acalme seus temores falando
calmamente com elas. Nunca segure o microfone enquanto estiver
dentro da água. O choque resultante pode ser fatal.

Boas-vindas após o batismo


Após o batismo do último candidato, convém fazer um apelo às
pessoas não-batizadas presentes para fazerem sua entrega a Jesus.
Convide-as a se prepararem para o batismo. O apelo pode ser segui-
do por uma oração de entrega.
Há costumes diferentes na recepção dos membros recém-batizados.
Algumas congregações formam um círculo, seguram as mãos e cantam
juntos. Por vezes, há a entrega de flores, de um presentinho ou de um
cartão. Há troca de abraços e apertos de mão. Em alguns lugares, os
128
O Ancião e as Cerimônias Especiais

membros se reúnem para uma refeição em conjunto, reservando os as-


sentos de honra para os recém-batizados. Qualquer que seja o costume
seguido, é importante que os novos membros fiquem ligados à comuni-
dade da igreja e se sintam aceitos e amados pela congregação.

DEDICAÇÃO DE CRIANÇAS
O Novo Testamento não ordena o ritual da dedicação de crian-
ças. Contudo, a forma como Jesus Se relacionou com elas encoraja a
dedicação de crianças a Deus (ver Mat. 19:13-15; Mar. 10:13-16; Luc.
18:15-17). Ellen G. White aconselha:

Tomem os ministros do evangelho as criancinhas nos


braços, e abençoem-nas em nome de Jesus. Sejam dirigi-
das palavras do mais terno amor aos pequeninos; pois
Jesus tomou os cordeiros do rebanho nos braços, e os
abençoou. – Evangelismo, págs. 349 e 350.

No entanto, é compreensível que a dedicação de crianças seja


questionada por aqueles cujos antecedentes os levem a associá-la com
as práticas do batismo de crianças. Por esta razão, a dedicação de
crianças, na Igreja Adventista do Sétimo Dia, não tem padrinhos
ou madrinhas, e o nome não é apresentado formalmente. Não é um
“batizado”, e não deve parecer como tal. Deve ser uma ocasião em
que os pais se dedicam a Deus para a educação de seu fi lhinho ou
fi lhinha recém-nascido(a).
A cerimônia deve ser organizada de maneira a focalizar quatro
objetivos básicos:
1. Agradecer a Deus o milagre desse nascimento.
2. Levar os pais e a família a se comprometerem em educar a
criança no amor a Jesus.
3. Fazer com que a congregação se comprometa a ajudar e
apoiar a família nessa tarefa.
4. Abençoar a criança e dedicá-la a Deus.
Se não for possível a presença de um ministro, o ancião pode rea-
lizar a cerimônia de dedicação da criança. Não deve, porém, fazê-lo
sem a aprovação do pastor da igreja.

Planejamento da cerimônia
Local. Na maioria das circunstâncias, o ideal é que a dedicação da
129
Guia para Anciãos

criança ocorra como parte do culto, no sábado pela manhã. Uma vez
que o comprometimento da congregação é um dos objetivos da dedi-
cação, a cerimônia deve ser realizada no momento em que houver a
maior representação possível da congregação.
Idade. Os bebês podem ser dedicados tão logo os pais estejam pre-
parados para trazê-los à igreja. Raramente são dedicadas crianças
em idade escolar. Pode ser aberta uma exceção no caso de crianças
que são fi lhos de membros recém-batizados.

Dirigindo a cerimônia
A cerimônia de dedicação típica tem quatro partes:
1. Os pais são convidados a ir à frente. – Transforme a dedica-
ção do bebê num importante acontecimento familiar. Estimule os côn-
juges não adventistas a estarem presentes na dedicação de seus filhos.
Convide os irmãos e as irmãs do bebê a tomarem parte na cerimônia
de dedicação; pois do contrário poderão sentir-se relegados por toda a
atenção que o bebê está recebendo. Os avós talvez também desejem ser
incluídos. Ocasionalmente, um avô ou uma avó pode trazer o bebê, se
os pais não quiserem vir, embora não seja o ideal.
Uma boa sugestão é convidar os pais a irem para a frente enquan-
to for cantado o hino inicial, escolhido para combinar com a ocasião.
Dessa maneira, ao ser cantado o primeiro hino, não somente se inicia
a dedicação, mas poupa-se tempo, já que o hino inicial teria de ser
cantado de qualquer forma. A última estrofe do hino pode ser canta-
da após a dedicação, enquanto os pais deixam a plataforma.
2. Duração da cerimônia. Toda a cerimônia de dedicação não deve
exceder a quatro ou cinco minutos. A mensagem pastoral deve ser muito
breve. Não é apropriado para esse momento nenhuma exibição adicional,
como histórico do casal ou da família ou da criança, nem música especial.
A beleza desta cerimônia está em sua simplicidade e no significado: o com-
promisso dos pais de educar a criança nos caminhos do Senhor.
Os pais estão também temerosos de que seu bebê comece a chorar.
Para eles, cinco minutos parecem uma eternidade. Se a mensagem
durar mais de um ou dois minutos, poderá ser dada enquanto os pais
ainda estão na congregação, talvez sentados no primeiro banco.
3. Mensagem pastoral. Os pais devem ficar em pé, diante da con-
gregação, para que esta não se sinta excluída da cerimônia. Há algum
significado espiritual no ato de o pai, como líder espiritual, segurar o bebê.
Por outro lado, a mãe pode saber melhor como manter quieta a criança. O
melhor é deixar que a cultura local e os pais decidam essa questão.
130
O Ancião e as Cerimônias Especiais

A mensagem deve enfatizar o compromisso ou pacto dos pais e o


comprometimento da congregação. Podem ser extraídos pensamen-
tos de passagens como estas:
Deut. 6:4-7 “Tu as inculcarás a teus filhos.”
I Sam 1:27 e 28 “Por este menino orava eu… Pelo
que também o trago como devolvi-
do ao Senhor.”
Prov. 22:6 “Ensina a criança no caminho em
que deve andar.”
Mat. 18:2-6 e 10 “Vede, não desprezeis a qualquer
destes pequeninos.”
Mat. 19:13-15 “Trouxeram-lhe então algumas cri-
anças, para que lhes impusesse as
mãos, e orasse.”
Efés. 6:4 “Criai-os na disciplina e na admoes-
tação do Senhor.”
Encerre suas considerações com palavras como estas:
“Pais, antes de separar o(a) seu(sua) fi lho(a) em dedicação a Deus,
convido-os a fazerem um concerto com o Senhor. Ao trazerem esta
criancinha para a dedicação cristã, vocês estão aceitando diante de
Deus as sagradas responsabilidades da paternidade e maternidade.
Por meio deste ato simbólico, procuram expressar sua crença de que
este bebê não é apenas seu fi lho, mas fi lho de Deus.
“A congregação se une a vocês ao dedicarem essa vida preciosa
a Deus, ajudando-os nessa tarefa até o dia em que esse ato de dedi-
cação seja seguido, na idade apropriada, pelo batismo, passando a
pessoa, assim, a pertencer à família da igreja, como membro feliz
e pleno.
“Portanto, como pais, prometem fazer tudo o que estiver ao seu
alcance para educar essa criança no caminho e na admoestação do
Senhor. Concordam com esse compromisso?”
Os pais respondem: “Sim, concordamos.”
4. Oração. O pastor ou ancião e os pais se ajoelham para a ora-
ção de dedicação. A congregação normalmente permanece sentada.
É importante que prevaleça uma atmosfera individualizada e rela-
cional durante a dedicação. Uma forma de consegui-lo é que o pastor
ou ancião segure a criança nos braços enquanto faz a oração, lem-
brando-se, porém, de qual poderá ser a reação do bebê.
Os quatro objetivos da dedicação de crianças, indicados mais acima,
devem ser mencionados na oração. Idealmente, cada criança e os pais
131
Guia para Anciãos

deveriam ser mencionados pelo nome. O oficiante, os pais e a congrega-


ção poderiam orar o Pai Nosso, unindo as vozes em consagração.
5. Certificado e congratulações. Os certificados normalmente
são entregues aos pais após a oração de dedicação. Normalmente,
eles incluem a matrícula na unidade do rol do berço da Escola Saba-
tina, e você pode convidar a diretora desse departamento para ajudá-
lo a cumprimentar os pais e a entregar os certificados. Estes podem
ser adquiridos no SELS ou na sede do Campo. Algumas vezes, com
antecipação, pode-se providenciar uma flor, para ser entregue aos
pais, como parte da cerimônia de dedicação.

DEDICAÇÃO DA IGREJA
A dedicação deuma igreja é uma valiosa oportunidade para pro-
jetar a Igreja Adventista do Sétimo Dia na comunidade. Para a con-
gregação, representa a comemoração de um projeto difícil, concluído
com êxito. Os pastores necessitam de muito aconselhamento e ajuda
dos anciãos no planejamento do programa.
Os convidados desempenham uma parte importante na cerimônia
de dedicação. Autoridades civis e pastores da comunidade são geral-
mente convidados a estar presentes. Os oficiais da Associação/Missão
e os pastores que labutaram nessa igreja também devem ser convida-
dos a participar. Por estas razões, estabeleça a data com bastante ante-
cedência, após consultar os líderes da Associação/Missão.

Ordem da Cerimônia
• Hino
• Oração inicial
• Histórico da igreja
• Leitura bíblica
• Música ou hino especial
• Sermão de dedicação
• Ato de dedicação (opcional)
• Oração de dedicação
• Hino ou música especial
• Bênção

Histórico da igreja
Em vista do fato de que seu relacionamento direto com a congregação
normalmente tende a ser breve, os pastores e oficiais da Associação/Missão
132
O Ancião e as Cerimônias Especiais

não devem dominar a cerimônia de dedicação. Um ancião ou outro líder


local cujas raízes venham da época do início da igreja pode fazer melhor
trabalho ao contar sua história.
Os membros mais antigos deveriam receber reconhecimento e
honra. Deve-se expressar a devida apreciação por aqueles que estive-
ram mais diretamente envolvidos na construção da igreja.
Dedique especial reconhecimento ao pastor que dirigiu o programa
de construção. Muitas vezes, o pastor que trabalhou com afinco e que
esteve diretamente envolvido na construção se mudou antes do edifício
ser concluído e dedicado. O esforço envolvido deveria ser reconhecido.
O histórico pode culminar com o anúncio de planos e programas
futuros para servir a comunidade. A igreja não deve enfatizar seu
passado sem também projetar seu futuro.
A cerimônia não deve ser usada como ocasião para levantar fun-
dos a fi m de cobrir os débitos da construção. Todas as dívidas feitas
para a compra ou construção do templo devem ter sido pagas antes
de sua dedicação.

Leitura bíblica
Podem ser escolhidos trechos apropriados de II Crônicas 6:14-42
ou I Reis 8:23-53 (oração de Salomão, dedicando o Templo).

Ato de dedicação
A dedicação propriamente dita ocorre durante a oração dedica-
tória. Para aumentar a participação dos presentes, providencie uma
leitura responsiva ou de um poema, antes da oração.
A queima da hipoteca, ou de um pedaço de papel que a simbolize,
pode ocorrer pouco antes da oração ou durante a parte histórica da
cerimônia. Isso pode ser um evento culminante, especialmente se a
igreja esteve em débito por algum tempo e recentemente se sacrificou
para quitar as dívidas. Pode ser muito apropriado cantar a doxologia
durante a queima do papel.

Fim de semana de dedicação


A dedicação da igreja pode ocorrer em qualquer ocasião, inclusi-
ve no sábado de manhã. Contudo, por ser um evento especial na vida
da congregação, podem ser incluídos vários cultos especiais no fi m de
semana. Por exemplo:
• Sexta-feira à noite: “Nossa igreja em consagração”. Isto pode
incluir a Santa Ceia e um programa musical especial.
133
Guia para Anciãos

• Escola Sabatina: “Nossa igreja estudando”. Use participantes


especiais, como membros antigos ou pastores anteriores.
• Culto divino: “Nossa igreja em adoração”. Convide um orador
especial.
• Sábado à tarde: “Nossa igreja em dedicação”. A cerimônia de
dedicação.
• Sábado à noite: “Nossa igreja em companheirismo”. Um evento
social.
O boletim da cerimônia de dedicação é uma preciosa recordação
para os membros da igreja. Algumas igrejas vendem cópias extras
para o pagamento da impressão.

Inauguração da igreja
Como os adventistas do sétimo dia só dedicam edifícios livres de
dívidas, as congregações comumente se mudam para as novas insta-
lações antes de estarem prontas e bem antes de sua dedicação. En-
tretanto, é apropriado que haja algum programa especial para esse
evento, embora não deva receber tanta importância como a cerimô-
nia de dedicação. A música, naturalmente, deve desempenhar uma
parte importante numa experiência tão feliz.
Pode haver o corte da fita simbólica. Algumas congregações cami-
nham do recinto antigo para o novo. As pessoas gostam de entrar num
prédio novo, mas não gostam de abandonar as agradáveis lembranças
do antigo. Uma ponte do velho para o novo templo seria incluir na
inauguração da igreja alguns itens trazidos do local anterior.
Tanto a dedicação como a inauguração da igreja são eventos que, na
maioria dos lugares, merecem ser noticiados. Tais ocasiões devem ser apro-
veitadas para atrair a atenção da comunidade para a igreja e seu programa.

SANTA CEIA
Uma das mais certas responsabilidades do ancionato é auxiliar
o pastor na cerimônia da Santa Ceia, ou eles mesmos dirigirem-na.
Apenas ministros ou anciãos ordenados realizam essa cerimônia.
A Santa Ceia é uma das ocasiões mais solenes e prazenteiras em
nossas igrejas. Embora seja uma ocasião para exame do coração e
reconciliação, é também uma ocasião para encorajamento e reno-
vação espirituais. Assim, ser capaz de conduzir a congregação nessa
cerimônia sagrada é um dos deveres espirituais mais profundos que
você, como ancião, será chamado a desempenhar.
134
O Ancião e as Cerimônias Especiais

Renovação de relacionamentos
A celebração da Santa Ceia dá aos que dela participam a oportu-
nidade de renovar e restabelecer o relacionamento com Deus e com
seus semelhantes. Ao se reunirem para o lava-pés, e ao comerem e
beberem os símbolos da morte de Cristo, são lembrados de sua neces-
sidade da contínua graça e do amor perdoador de Deus, e do compa-
nheirismo de uns com os outros. A Santa Ceia deve unir nossos mem-
bros e ajudá-los a voltar para casa com renovado vigor e confiança, a
fi m de prosseguirem na missão mundial que Deus lhes confiou.

Quando realizá-la
O Manual da Igreja diz: “Na Igreja Adventista do Sétimo Dia, a
cerimônia da comunhão geralmente é celebrada uma vez por tri-
mestre.” A palavra “geralmente” sugere apenas que esta tem sido a
prática ou o costume de nossa Igreja. Paulo declara: “Porque todas
as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte
do Senhor, até que Ele venha.” I Cor. 11:26. Isto nos informa que a
Bíblia não estabeleceu um número fi xo de vezes para a realização da
cerimônia. Não é quantas vezes celebramos a comunhão que é im-
portante, mas com que freqüência lembramos “a morte do Senhor”.
Na maioria das vezes, a cerimônia da Comunhão deve ser re-
alizada durante a hora do culto, no sábado. Contudo, pode haver
ocasiões adicionais para sua igreja decidir realizar a cerimônia: a
conclusão de uma semana de oração, o fi m de uma série de reuniões
de reavivamento, um acampamento, um retiro da igreja, ou durante
as reuniões dos jovens.
Quando ou onde quer que seja celebrada a Comunhão, deve
haver cuidadoso preparo, com esmerado planejamento e ensaio de
cada detalhe. A cerimônia deve ser anunciada com pelo menos uma
semana de antecedência, para que as pessoas se preparem para ela.
Os diáconos e as diaconisas devem preparar o pão e o vinho com
antecedência e ter o santuário e as salas para o lava-pés devidamente
equipados.

Preparo dos emblemas


Na Ceia do Senhor só devem ser usados pão sem fermento e suco
de uva não fermentado. Onde é impossível obter uvas, suco de uva,
ou suco de uva concentrado, pode-se usar o suco de passas. Em áreas
isoladas, onde nada disso é facilmente disponível, a Associação/Mis-
são proverá orientação ou assistência.
135
Guia para Anciãos

Pão de Santa Ceia – Receita 1 (para 50 pessoas)


1 xícara de farinha de trigo especial (de preferência integral)
¼ de colher (de chá) de sal
2 colheres (de chá) de água fria
¼ xícara de azeite de oliva ou óleo vegetal
Peneirar juntos a farinha e o sal. Derramar a água no óleo, sem agi-
tar. Acrescentar isso aos ingredientes secos e misturar com um garfo,
até que toda a farinha fique úmida. Abrir a massa entre duas folhas de
papel alumínio, até conseguir a espessura de uma massa fina de torta.
Estendê-la numa assadeira (sem untar), polvilhada com farinha, e com
uma faca afiada assinalar quadrinhos, tomando o cuidado de furar cada
quadradinho, para evitar que se levantem bolhas na massa. Assar du-
rante dez a quinze minutos, a mais ou menos 220 graus C. Vigie, cuida-
dosamente, durante os últimos cinco minutos, para evitar que a massa se
queime. Porção para 50 pessoas.

Pão de Santa Ceia – Receita 2 (para 300 pessoas)


3 xícaras de farinha de trigo
½ xícara de azeite
Água
Sal a gosto
Misturar muito bem, acrescentando água, aos poucos, para dar a consistência
que permita abrir com o rolo. Amassar bem até a massa ficar homogênea. Deixar
descansar por trinta minutos. Abrir com o rolo em pedaços pequenos e colocar em
assadeira untada, marcando os quadradinhos com uma carretilha. Deixar assar
por poucos minutos em forno moderado (não deixar dourar). Guardar em reci-
piente bem fechado depois de esfriar.

Quem pode participar


Na última ceia, Jesus declarou que o pão era um símbolo de Seu cor-
po “oferecido por vós” (Luc. 22:19). O vinho era um símbolo de Seu san-
gue “derramado em favor de muitos, para remissão de pecados” (Mat.
26:28). Jesus deu Sua vida pelos pecadores, e Seu convite a eles é que
participem da comunhão em memória de Seu sacrifício, que pode livrá-
los do pecado. Todos os que sentirem necessidade de perdão dos pecados
devem buscar nessa cerimônia o símbolo de sua purificação.
Os adventistas do sétimo dia praticam a comunhão aberta. Os
adultos que desejam participar não devem ser impedidos. Não é fun-
ção dos oficiais da igreja decidir quem pode ou não participar.

136
O Ancião e as Cerimônias Especiais

O exemplo de Cristo proíbe exclusão da ceia do Sen-


hor. Verdade é que o pecado aberto exclui o culpado. Isto
ensina plenamente o Espírito Santo. Além disso, porém,
ninguém deve julgar. Deus não deixou aos homens dizer
quem se apresentará nessas ocasiões. Pois quem pode ler
o coração? – O Desejado de Todas as Nações, pág. 656.

Poderá haver na congregação pessoas que sintam que seus peca-


dos e faltas as impedem de participar na Santa Ceia. Seu pecado é
na verdade o motivo para participarem! De modo especial, encoraje
os membros a participar. Diga-lhes que, ao se arrependerem e acei-
tarem os símbolos da morte de Jesus, encontrarão perdão para seus
pecados e liberação da culpa.

Sermão
É costume em nossas igrejas que se pregue um sermão de dez a
quinze minutos, antes dos membros se separarem para o lava-pés.
Durante esse sermão, você tem a oportunidade de esclarecer o sig-
nificado do lava-pés e de animar os membros a acertarem qualquer
diferença que possam ter com outros na congregação.
Pode-se variar a cerimônia gastando alguns minutos explicando o signi-
ficado do lava-pés, e deixando então o restante do sermão para ser apresen-
tado após o retorno dos participantes. Deixando o sermão para esse momen-
to, um pouco antes da distribuição dos emblemas da Ceia, você conseguirá
fazer com que as pessoas estejam mais atentas ao seu significado.
Alguns textos sugestivos para sermões de Comunhão:
João 13:13-17 O exemplo de Jesus no lava-pés.
Mat. 26:26-28 A Ceia do Senhor (Mar. 14; Luc. 22).
Mat. 16:24 Abnegação dos seguidores de Jesus.
João 6:53-56 Comer a carne e beber o sangue.
I Cor. 10:16 e 17 Um pão, um corpo.
I Cor. 11:23-26 Anunciando a morte do Senhor.
I Ped. 2:21 O sofrimento de Cristo.
Ver também O Desejado de Todas as Nações, capítulos 71 e 72: “Ser-
vo dos Servos” e “Em Memória de Mim”.

O lava-pés
O lava-pés é um símbolo poderoso. Ao nos ajoelharmos diante
de outra pessoa, assim como Jesus fez certa vez, e pegarmos seus pés
com as mãos, para lavá-los, são-nos ensinadas importantes lições de
137
Guia para Anciãos

humildade. Por meio dessa cerimônia, podem ser acertadas as desa-


venças entre os membros e corrigido o que estava errado (Mat. 5:23).
A água que nos é derramada sobre os pés pelo nosso companheiro
representa a purificação espiritual e o refrigério advindos da aplica-
ção do sangue de Jesus a nossa vida.
O lava-pés deve ser cuidadosamente planejado. Os diáconos de-
vem prover bacias, água, toalhas, e o espaço, os assentos e o ambiente
apropriados. Os visitantes, os novos membros, os jovens e as crianças
devem ser cuidadosamente encorajados a assistir ao lava-pés, quer
para participar quer para observar. Ajude as pessoas a encontrarem
companheiros com quem possam participar dessa cerimônia.
Como o lava-pés é uma ocasião para acertar o que estava erra-
do, podem-se prover oportunidades para que as famílias participem
juntas. O afastamento muitas vezes ocorre dentro da família, talvez
entre marido e mulher, pais e fi lhos, ou entre os irmãos. A cerimônia
do lava-pés é um excelente meio para as famílias terem novos come-
ços. Considere a opção de que as famílias participem juntas.
Quando os membros estão prontos para o lava-pés, a cerimônia pode
começar com uma oração. Pode haver alguém entre os presentes que
deseje pedir perdão a seu companheiro por algo errado que tenha feito.
Estimule esse tipo de confissão entre os participantes. Em alguns luga-
res, os membros cantam hinos, em tom suave, enquanto lavam os pés
uns aos outros. Alguns parceiros preferem orar um pelo outro durante a
cerimônia. A experiência como um todo deve ser uma ocasião de parti-
cipação e de alegria, que aumente a unidade entre os membros.
Ao término do lava-pés, os membros podem trocar apertos de mão
com seus companheiros e abraçá-los.para demonstrar o amor cristão.

A Ceia do Senhor
Convém que a congregação cante um hino enquanto as pessoas
retornam para a igreja e o dirigente, junto com seus assistentes, toma
lugar atrás da mesa da comunhão. Os diáconos e as diaconisas devem
entrar e se sentar no primeiro banco. Você pode fazer algumas afir-
mações introdutórias sobre a Ceia do Senhor ou iniciar seu breve ser-
mão, de acordo com a ordem que foi estabelecida para a cerimônia.
O pão é descoberto e é feita uma oração para que as bênçãos de Deus
repousem sobre este símbolo do corpo de Jesus. Os diáconos pegam então
o pão e o distribuem aos membros da congregação. Ao retornarem, os
anciãos e você mesmo servem-se do pão, e os oficiantes e a congregação
participam dele todos juntos. O mesmo procedimento é seguido na dis-
138
O Ancião e as Cerimônias Especiais

tribuição do vinho. Enquanto o pão e o vinho estiverem sendo servidos,


podem ser lidas passagens como I Coríntios 11:23-26, ou pode-se cantar
um hino, serem dados testemunhos ou apresentada uma música especial.
Em algumas de nossas igrejas os diáconos carregam tanto o pão
como o vinho em uma bandeja. Os participantes pegam os dois ao
mesmo tempo. Após a cerimônia, os cálices são depositados em reci-
pientes apropriados na parte de trás dos bancos. Ao seguir esse méto-
do, os diáconos passam pela congregação apenas uma vez, eliminan-
do atividades alheias ao objetivo da cerimônia.

Encerramento da cerimônia
A cerimônia da Comunhão deve terminar jubilosamente. As coi-
sas erradas foram acertadas. Os pecados perdoados. Restauradas a
fé e a esperança. É um momento de regozijo. Conclua a cerimônia
com uma música alegre e vibrante. Despeça a congregação com uma
bênção ou com uma oração silenciosa.
Após a cerimônia, os diáconos e as diaconisas, de maneira res-
peitosa, devem eliminar o pão e o vinho que sobraram. Em hipótese
alguma devem eles ser comidos ou bebidos.

As Inovações Devem Ser Evitadas


Reconhecemos que pode haver ocasiões em que alguma adaptação
seja necessária para a realização do lava-pés ou da santa-ceia, seja por
limitação de espaço, insuficiência inevitável de alguns utensílios (bacias,
cálices, etc.) ou excesso imprevisto de participantes. No entanto, há pesso-
as que se sentem motivadas a introduzir certas modificações ou inovações
à cerimônia da comunhão pelo simples desejo de fazer algo diferente.
Alterações desnecessárias são desaconselhadas pelo Manual da Igreja:

Deve haver cautela na ordem do serviço e nas partes


tradicionais desempenhadas pelos pastores, anciãos, diáco-
nos e diaconisas na cerimônia da comunhão, para que a
substituição e a inovação não favoreçam a tendência de
tornar comum o que é sagrado. O individualismo e a inde-
pendência de ação e prática podem tornar-se uma expressão
de falta de interesse pela unidade e comunhão da igreja nessa
ocasião mui abençoada e sagrada. O desejo de modificação
pode neutralizar o elemento rememorativo dessa cerimô-
nia instituída por nosso próprio Senhor ao penetrar em Sua
paixão. – Manual da Igreja, págs. 79 e 80.
139
Guia para Anciãos

Obs.: Leia as instruções sobre a Santa Ceia no Guia Para Diáconos


e Diaconisas.

Pessoas impossibilitadas de comparecer


Com freqüência, há membros da igreja impossibilitados de com-
parecer à Santa Ceia por estarem doentes, morarem em locais isola-
dos, serem idosos ou por diversas outras razões. Os anciãos e diáconos
devem procurar visitar tais pessoas e oferecer-lhes a Santa Ceia. Se a
pessoa está doente, o lava-pés geralmente não é incluído.

LANÇAMENTO DA PEDRA FUNDAMENTAL


A solenidade de lançamento da pedra fundamental incentiva o
envolvimento e a unidade da congregação, no apoio à construção do
projeto. Produz entusiasmo, especialmente se a igreja vem planejan-
do, orando, e contribuindo para a construção por longo período de
tempo. Finalmente, está acontecendo algo concreto!

Planejamento da solenidade
O pastor e os anciãos devem trabalhar juntos no planejamento da
solenidade.

Definindo o dia
O lançamento da pedra fundamental não é uma cerimônia inteira-
mente religiosa, não sendo, portanto, própria para o sábado. O domin-
go, por ser feriado, quase sempre é o dia ideal para essa cerimônia.

Convidados
Devem ser convidados representantes da Associação ou Missão. Au-
toridades locais e outros líderes da comunidade também podem compa-
recer, bem como os pastores de outras igrejas. A Imprensa e os órgãos de
comunicação devem ser avisados, e convidados a dar ampla cobertura.

Preparar o local
O local deve ser limpo. Talvez seja preciso construir uma plata-
forma e instalar um sistema de som. Se a cerimônia vai ser longa,
pode ser necessário providenciar cadeiras.
Os desenhos da arquitetura do prédio devem ser expostos destacadamen-
te. Uma maquete da estrutura proposta ajudará as pessoas a visualizá-la.
140
O Ancião e as Cerimônias Especiais

Se o solo for aberto com pás, devem ser providenciadas algumas. Às vezes, as
lâminas das pás são pintadas com tinta dourada ou prateada. Uma alternativa seria
usar uma máquina para revolver a primeira camada de terra.
Se o edifício já foi demarcado antecipadamente, pode-se fazer um
sulco ao redor de seu perímetro, a fim de que as dimensões do edifício
sejam facilmente visualizadas por ocasião do término da cerimônia.

Ordem da solenidade
A ordem sugerida mais adiante pode ser utilizada quando a audi-
ência está confortavelmente sentada, e quando houve o planejamento
de uma cerimônia normal. Contudo, a reunião pode ser abreviada,
dependendo das circunstâncias locais.

Música de abertura
Muitas congregações não conseguem cantar muito bem ao ar li-
vre. Por isso, o canto congregacional pode ser omitido, especialmente
se o grupo for pequeno.

Oração Peça que um pastor não adventista


ou um líder da congregação local
faça a oração.

Hino especial

Sermonete Deve ser muito breve, e consistir prin-


cipalmente da leitura bíblica e de uma
leitura responsiva, da qual todos po-
dem participar. Textos recomendados:
Esd. 3:10 e 11; 6:14; Mat. 21:42; Atos
4:11; I Cor. 3:9-11; I Ped. 2:4-8.

Hino especial

Discursos Convidados especiais podem falar breve-


mente, mas em vista da duração do pro-
grama, devem ser poucos os que farão
uso da palavra. Alguém poderá narrar a
história da igreja ou do projeto atual de
construção, e falar sobre os planos ime-
diatos para o início da construção.
141
Guia para Anciãos

Abertura do solo Os participantes especiais que fazem


a primeira escavação do solo geral-
mente incluem o pastor, o primeiro
ancião, o presidente da comissão de
construção e representantes da As-
sociação/Missão e da comunidade.
Deve ser incluída uma criança como
representante da igreja do futuro. Se
a construção é de uma escola, inclua
o presidente do conselho escolar, o
diretor e um professor da escola.

Música especial ou
hino de dedicação

Bênção final

Lançamento da pedra fundamental


A cerimônia de lançamento da pedra fundamental pode substituir
a da abertura do solo. Ela é realizada depois que a construção come-
çou, e representa o assentamento de uma pedra como parte da funda-
ção. O serviço pode seguir a mesma ordem geral mais acima.

BÊNÇÃO PARA O LAR


Objetivo
A prática de invocar uma bênção sobre o lar varia de acordo com a
cultura e os desejos de cada família. A Igreja mundial não tem uma tradi-
ção regular para essa cerimônia. Algumas famílias podem pedir a bênção
quando compram ou constroem sua primeira casa; outras, quando aca-
bam de pagar a hipoteca e a casa é realmente delas. Outras, ainda, pedem
uma bênção para seu lar sempre que se mudam para uma casa diferente.
Geralmente, a cerimônia de bênção para o lar é realizada depois
que a casa está pronta, os móveis foram instalados e a família, prova-
velmente, já se tenha mudado. Ela constitui excelente oportunidade
para convidar os vizinhos para assistirem a essa solenidade especial.
Dessa maneira, a família passa a conhecê-los melhor, e se estabelece
como testemunhas cristãs na vizinhança.
O objetivo da bênção para o lar é separá-lo para o bem espiritual
da família e da vizinhança.
142
O Ancião e as Cerimônias Especiais

Quem dirige a cerimônia


Não se requer licença ou ordenação para esse ato de abençoar o
lar. Um ancião pode realizar a cerimônia, mas deve fazê-lo com o
conhecimento e a cooperação do pastor.
Ordem da cerimônia
Entre os presentes há quase sempre vizinhos que não são cristãos.
Em geral, as pessoas se reúnem na sala de estar da casa, e o aposento
poderá ficar repleto. Alguns provavelmente ficarão em pé. Por isso, a
cerimônia não deveria durar mais de 30 minutos.
Sugerimos a seguinte ordem:

Canto congregacional Deve ser considerado opcional, depen-


dendo da situação. Hinos apropriados
seriam: “Amor no Lar”, “Abençoa
Este Lar” e “Vem Entre Nós Morar”.

Oração Como há três orações nessa cerimô-


nia, a primeira e a última devem ser
breves, e não repetir as frases da
oração de bênção. Esta primeira
oração tem o propósito de invocar
a presença de Deus na reunião.

História da casa Poderia ser apresentada por um mem-


ou família bro da família, talvez o chefe da casa.

Mensagem Poderá incluir as seguintes pas-


sagens: Gênesis 24:67; II Samuel
23:15; Salmo 127; Isaías 65:21-24;
Miquéias4:4; ou Lucas 10:38-42.

História ou poesia.

Leitura responsiva, fazendo perguntas à


família, informalmente ou por escrito,
e recebendo suas respostas como com-
prometimento familiar. Perguntas sug-
estivas: Vocês se comprometem a tornar
esta casa um lugar de oração, em que
sejam respeitadas as devoções diárias
143
Guia para Anciãos

e o altar da família? Vocês se compro-


metem a fazer desta casa um local de
unidade e amor familiar? Vocês se com-
prometem a tornar esta casa uma luz e
uma bênção para a comunidade?

Candelabro A mensagem poderia ser encerrada


com a luz de um candelabro, para sim-
bolizar a luz da presença de Jesus nesse
lar e o uso da casa para deixar a luz
brilhar na vizinhança. O candelabro
permanecerá aceso durante a parte res-
tante da cerimônia.

Bênção especial A família pode se ajoelhar, de mãos


dadas, formando um círculo em volta
do pastor ou do ancião, também ajo-
elhado. Os outros ficam em pé, em
volta da família. Inclua em sua ora-
ção o pedido de uma bênção especial
sobre a casa, a família e os vizinhos.

Cântico especial Escolher um hino apropriado para


a ocasião.

Prece final Esta oração deve ser breve e não


repetir o que foi dito na bênção es-
pecial. Talvez uma bênção formal,
como a que se encontra em Números
6:24-26, seja mais adequada.

Giro pela casa Nesse momento a família pode convi-


dar os visitantes a conhecerem a casa.
Pode ser servido um suco ou refresco.

FUNERAIS
Diversidade de tradições
Em vista da grande diversidade de culturas representadas em nossas
igrejas, há muitos costumes diferentes quanto à morte de um membro.
144
O Ancião e as Cerimônias Especiais

Cada sociedade cria rituais que dão expressão ao pesar, demonstram


respeito pela pessoa falecida e provêem apoio para os enlutados. Como
líder da igreja, é importante que você honre essas tradições e ministre
para os enlutados de uma maneira significativa a eles. Alguns membros
de sua congregação podem provir de ambientes muito diferentes, e você
deve ser sensível a suas tradições quanto ao luto. Deve afastar-se, po-
rém, de costumes tradicionais que são contrários aos princípios cristãos
e à compreensão bíblica sobre a morte, especialmente dos costumes que
inferem a imortalidade da alma ou a homenagem aos espíritos.

Visita à família
Visite a família assim que souber do falecimento de um de seus
membros. Demonstre sua simpatia e tristeza na forma culturalmente
aceitável. Você pode partilhar algumas das promessas de Deus ( João
11:25; I Cor. 15:51-57; I Tess. 4:16) e orar com eles. Talvez a maior
ajuda que possa prestar é simplesmente sentar-se ao seu lado, mesmo
que não esteja em condições de dizer alguma coisa. Como ancião, você
representa a Cristo e o cristianismo para eles. Só a sua presença já lhes
trará conforto e segurança. Leve sua esposa consigo. As mulheres nor-
malmente são mais jeitosas do que os homens nessas circunstâncias,
especialmente no consolo das mulheres e das crianças.

Ofereça o apoio da igreja


Há muitas formas de você e os membros da igreja auxiliarem os
enlutados. Os parentes podem ser localizados e informados do fale-
cimento, pode-se preparar alimentos, atender ao telefone, cuidar das
crianças pequenas e acertar os pormenores do funeral.
Em alguns países, há diretores de funerais na comunidade que
cuidam de todos os detalhes do sepultamento. Nesses casos, você
pode auxiliar a família enlutada a contatar e negociar com o diretor
de funeral. Nas regiões em que não existem tais diretores, você pode
oferecer a ajuda da igreja no preparo do corpo para o sepultamento.
Nunca imponha a ajuda da igreja à família enlutada, mas deixe-a
saber que pode depender de vocês se assim o desejar.

A cerimônia fúnebre – quem a dirige


Normalmente, não é exigida uma licença para realizar a cerimô-
nia fúnebre. Na ausência do pastor, o ancião ou outra pessoa indica-
da pode dirigi-la. Isso, porém, não deve ser feito sem a aprovação do
pastor. Um ancião ou amigo da família pode ser convidado a auxiliar
145
Guia para Anciãos

o ministro na cerimônia, apresentando o obituário, lendo um texto


da Bíblia, fazendo a oração, etc.
Em alguns lugares, o pastor ou o ancião que dirige o funeral deve
ter certeza de que as autoridades civis forneceram a devida certidão
de óbito, antes do sepultamento.

Ordem da cerimônia
A despeito da diversidade dos ritos fúnebres, a cerimônia deve incluir
certos valores e práticas cristãos. Deve haver um momento para orar e
para ler passagens apropriadas das Escrituras. Os enlutados devem ser en-
corajados a olhar para Jesus como o conquistador da morte e Aquele que
tem o poder para ressuscitar os mortos. Deve-se compartilhar palavras de
conforto com base nas seguras promessas da Palavra de Deus. Ajude os
enlutados a deixarem a cerimônia com esperança, e não em desespero.
A seguinte ordem sugestiva para a cerimônia pode ser adaptada
aos costumes de sua comunidade:
• Música
• Leitura bíblica
• Oração
• História da vida do falecido (obituário)
• Música
• Sermão (10-15 minutos)
• Entrega do corpo (se a cerimônia estiver sendo realizada ao
lado da sepultura)
• Oração final
• Música

Passagens bíblicas que podem ser úteis


Estas passagens podem ser úteis no preparo do sermão ou da lei-
tura bíblica:
Gerais: Jó 14:1, 2, 14 e 15;
Sal. 23:1-4; 27:4, 5, 13 e 14; 46; 90; 91:1, 2, 11 e 12; 121;
Isa. 33:15-17, 21, 22 e 24; 35:3-10; 40:28-31; 43:1 e 2;
João 14:1-6; Rom. 8:14-39;
I Cor. 2:9 e 10; 15:51-55;
Filip. 3:20 e 21;
I Tess. 4:13-18; 5:1-11;
Heb. 4:14-16;
II Ped. 3:8-14;
Apoc. 7:15-17; 14:13; 21:1-4; 22:1-5.
146
O Ancião e as Cerimônias Especiais
Funeral de uma criança: II Sam. 12:16-23; Mar. 10:13-16.
Funeral de uma pessoa jovem: Ecl.11:6-10; 12; Luc. 7:11-15.
Funeral de uma senhora piedosa: Prov. 31:10-31; Atos
9:36-42; Mat. 26:10-13.
Funeral de uma pessoa idosa: Gên. 5:24; 15:15; Mat. 11:28;
II Tim. 4:6-8.

RECEPÇÃO EM UM NOVO DISTRITO


Os adventistas do sétimo dia têm a tendência de tomar por cer-
ta a aceitação de um novo pastor em seu distrito e na comunidade.
Como resultado, os novos pastores quase sempre têm de conquistar a
afeição dos membros da igreja por si mesmos. Não é dada suficiente
ênfase ao ato de ajudar no entrosamento de novos pastores com suas
congregações. Algumas cerimônias especiais somente podem ser re-
alizadas pelos pastores – os anciãos não podem realizá-las. A recep-
ção do novo pastor é uma cerimônia especial que apenas os anciãos,
auxiliados pelos líderes da Associação/Missão, podem realizar; os
pastores não podem realizá-la. Se você não enfatizar essa cerimônia
importante, é bem provável que ninguém mais o fará.

Dificuldades de transição
A transição de uma família pastoral de um distrito para outro
pode produzir expectativa e entusiasmo, tanto por parte da família
como do distrito. A mudança também pode ser delicada e difícil. Ela
é invariavelmente acompanhada por certo grau de preocupação.
A família pastoral passa por uma fase de adaptação no novo domicílio.
Essa adaptação envolve questões de emprego para a esposa, mudança de
escola para os filhos, perda de amigos, diferenças climáticas e culturais.
Tudo isso pode ser difícil de ser superado. A congregação precisa compre-
ender esta realidade vivida pelas famílias pastorais.

Suavizando a transição
Algumas sugestões para suavizar a transição para um novo pastorado:
Enterrar o antigo. O antigo deve ser posto de lado antes que o novo
possa ser aceito. A congregação pode expressar sua apreciação pelo
pastor que está indo embora e manifestar o pesar que sente pela sua
partida, proporcionando-lhe uma despedida bem preparada.
147
Guia para Anciãos

Comemorar o novo. As Associações/Missões e as congregações de-


vem tornar a recepção de um novo pastor um evento tão significa-
tivo quanto possível. Assim como o casamento é um ato simbólico
importante, estabelecendo publicamente um novo lar, a cerimônia
de recepção do pastor também é um ato simbólico importante, pois
estabelece publicamente um novo pastorado.
Uma diferença, porém, é que a noiva pode planejar seu próprio
casamento. Os pastores não podem planejar sua própria recepção.
Os anciãos da igreja e os oficiais da Associação/Missão devem assumir
essa responsabilidade. Os anciãos ou outros líderes congregacionais não
deveriam fazê-lo sozinhos, pois os pastores são empregados e designados
pela Associação/Missão. Os oficiais do Campo local também não deve-
riam fazê-lo sozinhos, como se estivessem impondo autoritariamente o
pastor à congregação. A congregação é uma comunidade, uma família.
O representante do Campo local geralmente não é membro dessa famí-
lia, e não pode, portanto, dar as boas-vindas ao pastor em nome dela.
Com freqüência, o oficial da Associação/Missão faz apenas uma breve
apresentação da nova família pastoral no sábado de manhã. A igreja pla-
neja então apenas uma reunião social de boas-vindas. Seria bem melhor
se houvesse uma programação formal e espiritual. Em algumas situações,
podem ser convidados os pastores e membros de outras igrejas da região.

Programa de boas-vindas
Idealmente, o programa de recepção deveria fazer parte do Culto
Divino, quando a maioria dos membros está presente. O programa
sugerido a seguir enfatiza a apresentação de toda a família do pastor.
Algumas famílias de pastor podem não apreciar uma exposição tão pú-
blica, mas deve ser dada alguma ênfase agradável à recepção de toda a
família. A família do pastor, e não apenas ele, deve sentir-se bem-vinda.
• Apresentação do representante do Campo local. O primeiro ancião
deve apresentar o representante da Associação/Missão que
veio apresentar a nova família pastoral.
• Comentários do representante do Campo local. O representante da As-
sociação/Missão deve explicar que o propósito do programa de
recepção é ajudar a unir a família pastoral e a igreja, e dedicar essa
nova equipe – pastor e igreja – ao ministério em prol da comuni-
dade. O representante também deve apresentar cada membro da
família pastoral, fazendo um resumo biográfico de cada um deles.
• Boas-vindas por parte do ancião local. O ancião fala em nome da con-
gregação, dando as boas-vindas ao pastor. Toda a família pastoral
148
O Ancião e as Cerimônias Especiais

pode ser convidada para a plataforma, e nesse caso a esposa do an-


cião apresenta boas-vindas especiais à esposa do pastor. Uma cri-
ança, o líder dos jovens ou um professor da escola, que faça parte da
congregação, poderia cumprimentar os filhos do pastor.
• Leitura responsiva:

Ancião: Estamos aqui, hoje, para abrir um novo


capítulo na história de nossa igreja – o
começo de um novo pastorado.

Congregação: Recebemos dons de Deus, que nos


equipou para o ministério e proveu
um novo pastor para nos liderar,
treinar e encorajar.

Família pastoral: Pretendemos servi-los, exaltando


a Jesus Cristo, para que possamos
crescer juntos.

Congregação: Nós os convidamos a nos dirigir em


nossa caminhada com Deus.

Família pastoral: Buscamos seu amor ao nos tornar-


mos parte desta família da igreja.

Congregação: Desejamos que façam parte de nossa


família, e lhes abrimos o nosso coração.

Representante do Deus lhe deu o desafio de liderar


Campo local: este povo em sua preparação para
a breve volta de nosso (ao pastor:)
Senhor Jesus Cristo.

Pastor: Aceito esse desafio. Sob a direção de


Deus, prometo fazer o meu melhor
para sempre exaltar Seu santo nome.

Representante do Como uma igreja, os ir mãos en-


Campo local: frentam o desafio de apresentar o
evangelho à sua comunidade.
149
Guia para Anciãos

Congregação e Pastor: Aceitamos o desafio de apresentar o


Cristo vivo através de nossa vida e
ministérios.

Todos juntos: Prometemos neste dia, diante de


Cristo e uns dos outros, colocar a
Cristo em primeiro lugar, buscar a
orientação de Seu Espírito e trabal-
har juntos para abreviar Sua volta.

• Oração de recepção. A família do pastor pode ficar de frente para


a congregação, com o representante do Campo local de um lado,
e o primeiro ancião, do outro. Outros anciãos ou líderes da igreja
podem ser convidados a virem à frente, para formar uma corrente
humana, desde o pastor e o ancião, na plataforma, até o primeiro
banco. Todos, inclusive a congregação, são convidados a darem-se
as mãos e se ajoelharem juntos para a oração de recepção. Este ato
simboliza a união do pastor e do povo.
O primeiro ancião ora, reforçando o compromisso da con-
gregação de apoiar o novo pastor.
O representante da Associação/Missão ora, empossando o
pastor oficialmente como líder daquela congregação.
O representante lidera então os anciãos nas boas-vindas à
nova família pastoral, com um aperto de mão.
• Sermão do Pastor.
• Cumprimentos da igreja. Após o encerramento do culto, à medida
que forem saindo da igreja, os membros cumprimentam a famí-
lia pastoral, dando-lhe as boas-vindas. Um almoço em conjunto
pode ser uma excelente conclusão para essa reunião.

ORAÇÃO PELOS ENFERMOS


O livro de Tiago nos diz:

Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros


da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com
óleo em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o en-
fermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido
pecados, ser-lhe-ão perdoados. Tia. 5:14 e 15.
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O Ancião e as Cerimônias Especiais

Eis aqui outra forma de ministério disponível aos anciãos, que


pode trazer grande bênção às pessoas.
A oração deve ser o coração do ministério de cada ancião, e a
oração pelos doentes é uma parte significativa desse ministério. Ao
visitar os doentes, você deve não somente estar ciente de sua condi-
ção física, mas também de sua condição espiritual. Freqüentemente,
durante a enfermidade, as pessoas se sentem desamparadas e desen-
corajadas. Algumas vezes, sua fé vacila e elas necessitam de encora-
jamento e da lembrança de que Deus as ama.
A unção formal é reservada para pessoas com graves enfermi-
dades físicas. No entanto, o texto pergunta: “Está alguém entre vós
doente?” Ele não pergunta: “Está alguém entre vós morrendo?” A
cerimônia da unção não deve ser usada para qualquer problema fí-
sico insignificante. Ela deve ser reservada para doenças graves, mas
não apenas para doenças fatais. Em alguns lugares, a unção é quase
um ritual extinto, por causa das tradições de algumas denominações
não adventistas que têm usado a unção como se fosse um rito final.

Quem oficia
O doente deve chamar os “presbíteros” ou anciãos da igreja. Os anci-
ãos locais podem realizar a unção na ausência de um ministro, mas de-
vem fazê-lo com a aprovação do pastor. Idealmente, um ministro dirige
a cerimônia, auxiliado pela presença e as orações dos anciãos disponíveis.

Preparativos para a cerimônia


Onde realizá-la. A unção pode ser realizada na igreja, em casa,
num asilo ou num hospital. Se for num hospital, deve ser realizada
de tal maneira que não interfira no trabalho do médico e do pessoal
do hospital. A duração e a formalidade da cerimônia dependem de
onde será realizada e da condição do enfermo.
Quem participa. Além do pastor e dos anciãos, poderá ser
bom que estejam presentes outras pessoas com o dom especial da
oração. O enfermo talvez deseje convidar parentes e amigos. Nor-
malmente, não são convidados familiares ou amigos que não são
cristãos, mas não é necessário pedir que se retirem, se estiverem
presentes. Os que oficiam devem ter significativa ligação com Cris-
to, crer fi rmemente na cura divina, e ter preparado seu próprio
coração para essa ocasião.
Preparar o recebedor. “Se eu atender à iniqüidade no meu co-
ração, o Senhor não me ouvirá.” Sal. 66:18, Almeida antiga. Anime
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Guia para Anciãos

a pessoa doente a examinar sua vida antes da unção. O estudo do


capítulo “Oração Pelos Doentes”, do livro A Ciência do Bom Viver, con-
tribui para um excelente preparo pessoal para a cerimônia.
Respeite a privacidade das pessoas que não querem falar muito
especificamente sobre a natureza de seu mal. Por outro lado, você
precisa inteirar-se do que o paciente estiver disposto a partilhar, para
que sua oração possa ser mais específica.

Ordem da cerimônia
Considerações preliminares. Como líder, você deve explicar ao grupo
o objetivo da unção e como ela ocorre. A pessoa que vai ser ungida
pode ser convidada a testemunhar de sua fé e apresentar os motivos
por que deseja a cura.
Se o doente não estiver em condições muito críticas para justificar
uma cerimônia bem curta, tome tempo para ler na Bíblia os requisi-
tos prévios para a cura divina. Estes incluem:
1. A crença de que Deus pode curar, e realmente cura.
2. Confissão do pecado.
3. Compromisso de um viver saudável. Muitas enfermidades
resultam de hábitos errôneos. Assegure ao doente que Deus
perdoa generosamente os nossos pecados do passado, mas é
presunção pedir que Ele cure nosso corpo se pretendemos
continuar abusando do mesmo.
4. Disposição para utilizar os recursos humanos. “Toda boa
dádiva e todo dom perfeito é lá do alto” (Tia. 1:17). Deus
pode já haver capacitado algum médico, a quem Ele quer
dirigir o doente para que seja curado. Deus opera milagres,
mas quase sempre prefere realizá-los por meio dos dons que
Ele coloca em mãos humanas.
5. Confiança na resposta de Deus. Algumas vezes Deus cura
imediatamente, outras vezes leva mais tempo, e em alguns ca-
sos a cura só se dará por ocasião da Segunda Vinda de Cristo.
Se a pessoa aflita não é curada imediatamente, isso não deve
ser interpretado como um sinal de fraqueza espiritual do
indivíduo, nem de relutância divina em curar. A cerimônia
deve culminar com a certeza de que tudo foi depositado nas
mãos de Deus, e Ele merece toda a confiança.
Alguns textos bíblicos que podem ser lidos ou citados: Tiago 5:14-16;
Números 21:8 e 9; Salmos 103:1-5; 107:19 e 20; e Marcos 16:15-20.
A oração de unção. Se você estiver dirigindo a cerimônia, deve
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O Ancião e as Cerimônias Especiais

ter um pequeno frasco com azeite de oliva. Todos se ajoelham. O en-


fermo pode desejar orar. Neste caso, ele/ela provavelmente deve orar
primeiro. Outros líderes escolhidos oram em seguida. Você ora por
último. Ao começar a orar, coloque um pouco de azeite nas pontas
dos dedos da mão. Perto do fi m de sua oração, aplique o azeite na
fronte daquele que vai ser ungido. Isto simboliza o toque do Espírito
Santo na pessoa afl ita, de modo especial e específico.
Os adventistas do sétimo dia não seguem nem apóiam a prática de alguns que
aplicam o azeite na parte do corpo onde se manifestou a enfermidade.
Encerramento da cerimônia. Assim que terminar o período de oração, des-
peça-se e vá embora. Um curto período de tempo para uma conversa pode
preceder a unção, mas nunca deve segui-la. Retire-se enquanto prevalece o
espírito de reverência, e a presença de Deus é sentida no aposento.

CASAMENTO

O vínculo da família é o mais íntimo, o mais terno e sagrado


de todos na Terra. Foi designado a ser uma bênção à humani-
dade. E assim o é sempre que se entre para o pacto matrimonial
inteligentemente, no temor de Deus, e tomando em devida con-
sideração as suas responsabilidades. – O Lar Adventista, pág. 18.

Todo casamento deve ser, portanto, uma ocasião de renovação es-


piritual, celebração jubilosa e cerimônia individualizada para o casal
e seus familiares.

Orientações denominacionais
Quem oficia. No capítulo 7, “Os Oficiais da Igreja e Seus Deveres”,
o Manual da Igreja estipula:
“Nesta cerimônia, a exortação, os votos e a declaração de casa-
mento são dados unicamente por um pastor ordenado, exceto nas
áreas em que a Mesa da Divisão tomou um voto aprovando que mi-
nistros licenciados ou comissionados, escolhidos, que foram ordena-
dos como anciãos locais, realizem a cerimônia de casamento. (Ver
págs. 147 e 148.) Um pastor, quer seja ordenado, licenciado ou comis-
sionado, ou um ancião local pode oficiar apresentando o sermão, ou
oferecendo a oração inicial, ou dando a bênção final.”
Em outras palavras, você, como ancião local, não pode realizar
toda a cerimônia, mas pode ajudar. Na condição de líder local, sua
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Guia para Anciãos

presença e interesse podem ser cruciais.


Restrições aos pastores. Há algumas circunstâncias em que as orien-
tações denominacionais proíbem os ministros de realizarem o casa-
mento de um determinado casal. Há circunstâncias em que a própria
consciência do pastor o impede de realizar a cerimônia. Em ambos os
casos, os casais podem se sentir rejeitados e os membros da igreja po-
dem chegar a conclusões errôneas. Não há ocasião mais importante
ou delicada para que os anciãos dêem o seu apoio ao pastor.
Cerimônia espiritual. O casamento na igreja envolve um compromisso
espiritual. Significa a busca da bênção de Deus para a família que será
formada. A cerimônia religiosa só pode ocorrer após a cerimônia civil.
Orientações à congregação. Você ou o pastor devem conduzir a igreja
no preparo das diretrizes de casamento. Faça isso numa ocasião em
que não haja nenhum pedido de realização de casamento, não ferin-
do assim as suscetibilidades de alguém. Dê essas orientações, junto
com o formulário de casamento, a quem quer que solicite a realiza-
ção da cerimônia na igreja. O formulário de casamento preenchido
deve conter os pedidos específicos do casal e denotar que as orienta-
ções foram lidas e serão seguidas.
Estude o Manual da Igreja e o Guia Para Ministros com a comissão de
sua igreja para se inteirarem das diretrizes denominacionais quanto
ao casamento. Então, com base nesse estudo e nos costumes e tradi-
ções locais, tracem as orientações da igreja.
Itens que podem ser incluídos: quem pode casar-se na igreja; músi-
ca; se os préstimos do(a) coordenador(a) de casamentos da igreja devem
ou não ser utilizados; decoração; velas; vestuário; fotografias; arroz ou
confete; recepção; taxas; equipamento e serviços disponíveis na igreja.
As exceções às orientações devem ser poucas, e só devem ser aprova-
das pela comissão designada para isso. O pastor não deve assumir toda
a responsabilidade ao tratar com famílias que se sentiram agravadas
porque seus planos foram contrários às orientações da congregação.

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Conclusão
Finalizamos este Guia Para Anciãos como o iniciamos: com um
apelo a todos os anciãos para que aceitem o desafio de vibrante e
espiritual liderança da Igreja. Seu ministério é vital para o contínuo
crescimento e desenvolvimento da Igreja. Em vista dos talentos de
liderança com que o Espírito Santo o dotou, você pode fazer uma
enorme diferença. Consagre-se diariamente a Cristo, e firme-se nEle
para receber graça e orientação.

Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós…: Pastoreai


o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangi-
mento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem
por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como
dominadores dos que vos foram confiados, antes tornan-
do-vos modelos do rebanho. Ora, logo que o Supremo
Pastor Se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da
glória. I Ped. 5:1-4.

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