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tigativo é fundamental no
adventismo. Concebida no
contexto do Grande Desa-
pontamento, ela esclareceu
o drama de 22 de outubro
de 1844 e revelou a obra
salvi'fica de Cristo no Céu.
Em vez de voltar à Terra,
Jesus estava inaugurando
uma nova fase de Seu mi-
nistério como sumo sacer-
dote no santuário celestial.
Marvin Moore foi o editor da revista S/'gns of £he r/.mes e autor de diversos
livros. Entre outras obras, escreveu Apoca(/pse 73. lançado pela Casa
Publicadora Brasileira.
MAR"MOORE
NA CORTE
CELESTIAL
" DEFESA D0 JUÍZ0 lMyEST16ATIVO
Tpadução
Delmai` F. Fpeipe
Casa,PublicadopaBpasileipa
Ta,tuí' SP
Titulo original em inglês:
THE CASE FOR THE INVESTIGATIVE JUDGMENT
|a edição: 3 mil
2019
17-09425 cDD-236.9
Os textos bil)licos citados neste livro foram extraídos da versão Almeida Revista e Atualizada no Brasil,
2â edição, salvo outra indicação.
3 -=...- :`=--_.`.-: por qualquer meio, jem Pná/;.¢ ó¢Á/}orJ.zqf#~o GJc7.J./# do autor e da Editora.
V:1oasstipoe;S;::|:::::1::í::mprpeaer:s:oP:ood=Çr::a:::t::i?::pt:1:::3:à:ààae|e;pa::aésLc::s-'
ver esta obra. Além disso, eu li cada capítulo para ela à medida que os completava, e
suas perguntas sobre o que eu queria dizer contribuíram para tornar o assunto mais
compreensível para o leitor.
Vários eruditos adventistas leram partes do manuscrito. Dr. Martin Proebstle, pro-
fessor no Seminário Adventista de Bogenhofen, Áustria, disponibilizou-me sua tese
de doutorado sobre Daniel 8:9 a 14 e leu os capítulos que tratam do livro de Daniel.
Dr. Felix Cortez, professor do Departamento de Novo Testamento no Seminário
Teológico da Universidade Andrews, escreveu sua tese doutoral sobre Hebreus e a
compartilhou comigo. Ele leu os capítulos sobre Hebreus. Dr. Roy Gane, professor
do Departamento de Antigo Testamento no Seminário Teológico da Universidade
Andrews, escreveu sua tese doutoral sobre o sistema sacrifical em Levítico e tam-
bém vários livros sobre esse tema, todos lidos por inim. Ele leu os capítulos deste
livro que tratam dos rituais levíticos. Dr. Brempong Owusu-Antwi, presidente da
Universidade Adventista da África, no Quênia,1eu os capítulos sobre Daniel 9, tema
de sua tese doutoral.
Três pessoas leram todo o manuscrito antes que ele fosse publicado: Dr. Richard
Davidson, diretor do Departamento de Antigo Testamento do Seminário Teológico
da Universidade Andrews; Dr. William Shea, ex-professor de Antigo Testamento do
Seminário Teológico da Universidade Andrews e ex-diretor associado do lnstituto
de Pesquisa Bíblica da Associação Geral; e Dr. Desmond Ford, que por muitos anos
dirigiu o departamento de religião da Faculdade Avondale, na Austrália, e que, desde
então, tornou-se um crítico da doutrim adventista sobre o juízo investigativo, a dou-
trina apresentada neste livro. Meu profundo reconhecimento pelo tempo que cada
um desses teólogos dedicou, em meio a suas apertadas agendas, para ler meu manus-
crito e compartilhar seus comentários.
Finalmente, todos os escritores se beneficiam dos serviços de um bom editor, e
eu tenho sido afortunado por ter o hábil toque de DavidJarnes em vários de meus
livros. Aprendi a apreciar a editoração de David quando ele fói meu editor asso-
ciado na revista SiÉí% o/ f#c Ti'mcs. Seu trabalho cuidadoso deixou este livro ma,is
fácil de ler.Também quero dar crédito a um grupo de pessoas que, frequentemente,
não é citado: os editores de cópia e revisores de texto. Wendy Marcum, Tammie
Knauff e Amy Scoggins fizeram correções ortográficas, chamaram minha atenção
para casos de léxico inadequado e cuidaram de todos os outros detalhes necessários
para produzir um livro com o nível de precisão que você vai encontrar nas pági-
nas seguintes.
Para cada um desses especialistas, quero expressar minha sincera gratidão!
Prefácio
Este
sualivro deeMarvin
longa Moore
brilhante pode
carreira de muito bem
escritor. Eleser considerado
publicou o ponto
diversos livros,mais alto
assim de
como
muitos artigos sobre assuntos religiosos.Todavia, neste caso, Moore analisou o impor-
tante ensinamento bíblico do juízo investigativo a partir de praticamente todos os
pontos de vista.
Algumas passagens de Daniel e Apocalipse apontam para o juízo. Marvin Moore
salienta a cena do grande julgamento de Daniel 7:9 a 14. Essa é a maior fonte para o
assunto, e eu acredito que ele a avalia corretamente.
0 juízo é "investigativo" porque mostra os livros do Céu sendo abertos, e é ``pré-
advento" porque ocorre antes deJesus voltar àTem pela segunda vez. Uma vez que esse
julgamento ocorre no santuário celestial, é natural que Moore exainine os textos bíblicos
mais importantes com referência ao santuário em Levítico e seu antítipo em Hebreus.
Em tudo isso, o autor mostra que a doutrina do juízo investigativo é um ensinamento
sólido e firmemente fiindamentado na Bíblia. Outros intérpretes adventistas do sétimo
dia têm demonstrado isso antes dele, e Moore está em harmonia com esses estudiosos, o
que não o impede de, às vezes, dar sua interpretação para as evidências bíblicas.
Um tema que requer atenção especia] é a relação entpe certeza da salvação e juízo
investigativo. Como Moore demonstra, não existe conflito entre o juízo e a certeza [da
salvação]. 0 próprio evangelho clama por umjulgamento, no que tange à maneira como
cada cristão tem respondido ao chamado de Cristo. 0 juízo investigativo não muda
nenhuma das decisões queJesus tomou a respeito das pessoas. Em vez disso, revela o que a
grande verdade dajustificação pela fé tem realizado na vida dos santos em todas as épocas.
Quando eu lecionava no Seminário Teológico da Universidade Andrews, um estu-
dante fez o seguinte comentário sobre uma pesquisa que eu havia escrito em indês:
"Isso aqui é uma excelente maneira de tratar do assunto.Agora, o senhor tem que tra-
duzir para o indês! " 01ivro de Moore não precisa ser "traduzido", pois a forma como
foi escrito é muito clara; o autor não deixa o leitor em dúvida sobre o que quis dizer.
Marvin Moore produziu um estudo profiindamente significativo sobre o assunto
do juízo. A maneira com que trata o tema é compreensiva e detalhada, e as conclu-
sões que adota são teológica e exegeticamente corretas. Recomendo este livro igual-
mente a leitores eruditos e leigos que desejam estar informados sobre este importante
assunto bíblico.
Capítulo 1 - 0 lnício
Questões em Daniel 7
Capítulo 8 -Princípios para a lnterpretação das Profecias de Daniel ................ 59
Capítulo 9 - Antíoco Epifânio
Capítulo 10 -A Hora do Juízo em Daniel 7
Capítulo 1 1 - 0 juízo e os Pecados dos Santos
Questões em Daniel s
Capítulo 12 -Onde Está Roma em Daniel 8? 89
Capítulo 13 -A que Santuário Daniel s se Refere? (Parte 1) 96
Capítulo 14 -A que Santuário Daniel 8 se Refére? (Parte 11) 107
Capítulo 15 -Quanto Tempo, Senhor? 115
Capítulo 16 -A Purificação do Santuário 118
Capítulo 17 -A Purificação do Santuário e os Pecados dos Santos ............... 126
Questões em Daniel 9
Capítulo 23 - 0 lnício dos 2.300 Dias
Capítulo 24 - 0 Propósito das 70 Semanas
Capítulo 25 - 0 Começo e o Fim das 69 Semanas
Notas Adicionais ao Capítulo 25:A Data Para o Fim das 70 Semanas ......... 201
Capítulo 26 -A Septuagésima Semana e o Destino Final de Jerusalém ............... 202
Capítulo 27 - 0 Princípio Dia-Ano 205
Questões em Hebreus
Capítulo 28 -Jesus Além dovéu
Capítulo 29 - Sentado no Trono de Deus
Capítulo 30 - 0 Tema de Hebreus
Capítulo 31 -0 Dia da Expiação em Hebreus 9 e 10 (Parte 1) ................... 237
Capítulo 32 -0 Dia da Expiação em Hebreus 9 e 10 (Parte 11)
Capítulo 33 - 0 Serviço Diário em Hebreus
Considerações Finais
Capítulo 34 -Ellenwhite e o Juízo lnvestigativo
Capítulo 35 - Colocando Tudo junto
Capítulo 36 - Que Diferença lsso Faz?
Epílogo
Bibliografia Selecionada
O INÍclo
P::voal=::1cgh6a2i::an=:heau:::npçaãs:o;:::1:a:tep:oabfes=:1:içào|fi::a:|:1od:mçs:elí::mnaa'
interpretação adventista do sétimo dia sobre Daniel 8:14 e o juízo investigativo. Ele
indicou que em Daniel 8:9 a 12 são os pecados do chifre pequeno que contaminam o
santuário; portanto, a solução para a questão existente em Daniel 8:14 deve levar em
conta os pecados do chifre pequeno. Todavia, de acordo com a interpretação adven-
tista, são os pecados do povo de Deus que são resolvidos em Daniel 8:14, e não os
pecados do perverso chifre pequeno. Naquela época, a crítica me pareceu razoável
e, de tempos em tempos, ao longo desses anos, tenho ponderado sobre isso. Desde
então, também tomei conhecimento de outras objeções acerca de nossos ensinamen-
tos sobre o juízo investigativo.
Os adventistas do sétimo dia reúnem textos encontrados em várias partes da Bíblia
para formar essa doutrina. De Levítico, os detalhes do santuário, especialmente o Dia
da Expiação, no capítulo 16; de Daniel, a cena do juízo no capítulo 7, o santuário
profanado no capítulo 8, com sua purificação após 2.300 dias/anos, e as 70 semanas
no capítulo 9, que servem de base para o cálculo que aponta o término dos 2.300
anos em 1844. Também o livro de Hebreus, que apresenta o santuário/templo no
Céu e o ministério de Cristo ali. Finalmente, usamos o princípio dia-ano, pelo qual
interpretamos as profecias relativas ao tempo em Daniel e Apocalipse.
Um ensinamento controverso
0 ensinamento adventista do sétimo dia de que Deus iniciou, em 1844, um
juízo investigativo no Céu tem sido mais controverso do que a doutrina do
sábado, do estado dos mortos e do inferno. Sem dúvida alguma, essa tem sido
nossa crença mais contestada. Em boa parte de nossa história, pessoas de den-
tro e de fora da igreja têm desafiado essa doutrina, o que tem causado mais bai-
xas do que.qualquer outra má interpretação de uma crença adventista. Mesmo
alguns membros que permanecem na igreja, que são leais observadores do sábado
e mantêm sua fé na compreensão adventista sobre o estado dos mortos e sobre o
inferno, questionam nossa compreensão acerca do juízo investigativo. Durante
o século 20, dois dos mais preeminentes questionadores foram Raymond F.
Cottrel e Desmond Ford.]
0 maior desafio que nossos críticos têm nos imposto é a alegação de que a Bíblia
não apoia o ensinamento adventista a respeito do juízo investigativo. Em vez disso,
dizem eles, essa crença está baseada nos escritos de Ellen White e nas interpreta-
ções errôneas de nossos desinformados pioneiros. Por outro lado, a autora disse:
NA CORTE CELESTIAL
Quando terrninei de escrever o livro 4poca/!Í%c Í3,5 decidi que era tempo de
resolver definitivamente em minha cabeça os diversos questionamentos levantados
sobre a doutrina do juízo investigativo. Meu principal interesse tem sido investigar
se os vários aspectos dessa crença fundamental podem ser defendidos com base na
Bíblia. 0 resultado é este livro, cuja produção foi, inquestionavelmente, o mais com-
plexo projeto literário em que me envolvi.
Decidi que deveria começar com o melhor e mais recente pensamento adven-
tista sobre o juízo investigativo e temas relacionados. Em março de 2007, depois
de apresentar algumas palestras no c4mp#s da Universidade Andrews, em Berrien
Springs, Michigan, decidi permanecer ali por mais dois ou três dias para con-
versar com professores do Seminário Teológico e fazer pesquisas no Centro de
Pesquisas Adventistas, na Biblioteca Tiago White.Voltei para casa com vários livros
e teses doutorais de acadêmicos adventistas, todos eles escritos nos últimos 20 anos.
Também li as partes relevantes de vários livros recentes sobre o juízo investigativo e
temas afins, incluindo a série de sete volumes sobre Daniel e Apocalipse, publicada
pelo lnstituto de Pesquisa Bíblica da Associação Geral.6 Depois de passar mais de
um ano pesquisando e um ano e meio escrevendo, fiquei absolutamente conven-
cido de que nosso ensinamento histórico sobre o juízo investigativo no santuário
celestial, que é o antítipo do Dia da Expiação terrestre, é inteiramente bíblico - o
Tue expüica o tí.tulo deste tiNro.. Na Corte Celestial: Em Defisa do ]uízo lnuestigatiuo.
Você pode estar se perguntando o que me qualifica a escrever sobre os diver-
sos aspectos do juízo investigativo, considerando que minha experiência profissional
e treinamento são muito mais de escritor e editor do que de professor de teologia.
Minha resposta é simples. 0 1eigo muitas vezes acha a linguagem dos acadêmicos
dificil de entender` Minha tarefa como escritor é familiarizar-me o suficiente com
essas obras eruàitas para poder fazê-las compreensíveis ao leitor. Quero fazer a ponte
entre o acadêinico e o leigo. Além disso, mesmo entre os que podem facilmente ler e
entender a linguagem dos eruditos bíblicos, existem muitos que não têm tempo para
mergulhar na literatura que trata dos variados aspectos do tema. E por isso que, neste
livro, eu reuni tudo em um só lugar.
Crescentlo no entendimento
Ao afirmar que descobri que nossa crença histórica acerca do juízo investiga-
tivo e de assuntos afins é bíblica, não quero dizer que tudo o que já dissemos sobre
ela está correto. Nós mocí%cmos alguns aspectos de nossos ensinamentos depois de
1844. No manuscrito que Desmond Ford apresentou em 1980, em Glacierview,
ele mencionou 22 aspectos de nossa doutrina sobre o juízo investigativo que foram
remodelados por nós ao longo dos anos, desde 1844. Ford considera isso um pro-
blema. Eu, não.Ao contrário, creio que era de se esperar que ocorressem modifica-
ções. Ellenwhite disse: "Não há desculpas para ninguém assumir a posição de que
[...] todas as nossas visões da Bíblia não têm qualquer erro."7 Por isso, os capítulos
s a 31 deste livro são quase que exclusivamente uma avaliação da evidência bíblica
sobre o juízo investigativo e temas relacionados.
Sei que alguns dos que sustentam diferentes interpretações sobre a evidência
bíblica discordarão de mim. Em realidade, isso ocorre com quase todas as doutrinas.
Os cristãos sempre têm extraído o que podem da Bíblia.Algumas pessoas interpre-
tam o que as Escrituras dizem sobre um assunto de certa maneira, enquanto outros
entendem a mesma evidência bíblica de outra, e todos estão absolutamente con-
vencidos de que sua interpretação é a correta. Assim é e sempre será, não somente
com a doutrina do santuário e do juízo investigativo, mas com qualquer outra
crença. Não espero convencer cada leitor - especialmente aqueles que têm criti-
cado nosso ensinamento sobre este tema - que minha compreensão sobre a evi-
dência bíblica é a correta.Todavia, espero que, depois de ler o livro, mesmo aqueles
que continuem discordando de mim concordem que apresentei uma forte argu-
mentação bíblica em favor do ensinamento adventista sobre o juízo investigativo.
Também espero que esta obra possa ajudar a resolver algumas das questões que
vêm incomodando muitos de nossos pastores e membros em geral. Desejo que ela
possa ajudá-1os a ver que nosso ensino tradicional sobre o santuário e o juízo inves-
tigativo tem, de fato, uma firme base bíblica. Além de tudo isso, se alguns críti-
cos forem persuadidos por aquilo que estou dizendo, eu me sentirei extremamente
recompensado.
Espero que os críticos deem sua resposta ao que escrevi. Ficaria desapontado se
não o fizessem, pois é a opinião acerca das diferentes maneiras de pensar que pro-
move nosso entendimento. Nós, adventistas, temos refinado nossa doutrina sobre
o juízo investigativo ao longo dos anos em grande medida por causa das críticas.
Portanto, 1erei, com muito interesse, aquilo que os analistas têm a dizer em resposta
à minha argumentação, e espero aprender com isso.
Aspectostécnicos
0 propósito das notas de fim é prover informação que, segundo me parece, seria
útil para o leitor, sem, contudo, prejudicar a fluidez do pensamento do texto princi~
pal. Essas notas dão informações sobre as fontes consultadas pelo autor e outros tipos
de informação. Elas aparecem no fim de cada seção à qual se aplicam, e eu as apre-
sento em forma abreviada.A bibliografia contém a informação bibliográfica completa
- autor, editor, etc. - sobre as fontes ou citações às quais me refiro.
Nesta edição, é utilizada a versão Almeida Revista e Atualizada, 2a edição, (ARA).8
Embora eu geralmente prefira a Novaversão lnternacional (NVI), acho que ela é um
tanto interpretativa. Identifico pela respectiva abreviação qualquer outra versão bíblica,
diferente da ARA, que eu venha a citar neste livro.
Um rápido comentário sobre transliteração. Os eruditos diferem, de alguma
forma, na maneira de transliterar palavras. A fim de manter a consistência, em geral,
adotei a transliteração dos autores que citei. Por último, quando os autores citados
usam a escrita hebraica ou grega, transliterei as palavras para facilitar a leitura e a
pronúncia.
Porquelerestelijro?
Muitas pessoas têm me agradecido pelas bênçãos espirituais recebidas por meio da
leitura de alguns dos meus livros anteriores, como T7% Crf.sÍ's o/fÃc E#ó Ti'mc [A Crise
do Tempo do Fim], Co#qwcrí.#g fhc Drflgoíz 14/lf.fã.í4 [Vencendo o Dragão lnterior] e
Forgt/cr Hí`J [Dele Para Sempre] . Infelizmente, não posso prometer o mesmo com res-
peito a cada capítulo desta obra. Como mencionei, muitas vezes se faz necessário ser
um tanto técnico, e fica um pouco dificil fazer com que uma discussão altamente
técnica seja também profundamente espiritual. Por que, então, você deveria ler este
livro? Responderei com as palavras de E11enwhite:
0 assunto do santuário e do juízo de investigação deve ser claramente
compreendido pelo povo de Deus. Todos necessitam para si mesmos de
conhecimento sobre a posição e obra de seu grande Sumo Sacerdote.Aliás,
ser-lhes-á impossível exercerem a fê que é essencial nesse tempo, ou ocupar
a posição que Deus lhes deseja confiar. [...]. É da máxima importância que
todos investiguem acuradamente esses assuntos, e possam dar resposta a
qua,lquer que lhes peça a razão da esperança que neles há.9
] Uma vez que Desmond Ford tem sido o crítico mais desafiador e conhecido dos tempos recentes, seu
nome aparecerá com frequência neste livro, à medida que vou dando resposta a suas crítica.s.
2 E11en G.White, Et/4#ge/i.smo, p. 221.
3Ver Manual da lgreja Aduentista do Sétimo Dia.
4Ver Ángel Manuel Rodrigues, "Santuário", e Gerhard F. Hasel, "Julgamento Divino", em T/tzfado de rco/ogi.4
4dvc#fi.sf4 do Séfí.mo Di.4, p. 421-466, 904-948.
5 Marvin Moore, 4pom/ÍÍ%C lj.
6 A série D4#Í.cÍ 4#d Rct/c/4fi.o# Commi.ffee Scrt.c5 ["Série da Comissão Sobre Dairiel e Apocalipse" - DAR-
COM] é composta por:William H. Shea, v.1 : E5fwdos Sc/cci.o#4dos cm JÍ4Ícrprcf4fõo Projéfí." (Unaspress, 2007) ;
Frank 8. Holbrook (editor dos volumes 2-7), v. 2: Esfí/dos Sobrc D4#i`e/ (Unaspress, 2013) ; v. 3: Sct/cwfy Weck§,
LtJi.ft.cws, N4fwr€ o/ Propftccy [Setenta Semanas, Levítico, Natureza da Profecia] ; v. 4: 4 Lwz dc Hcbrct/s (Unas-
press, 2013); v. 5: Docfri.#c o/f#c Sa#cfw4ry..4 HÍ.£forí.c4J Swrwey [A Doutrim do Santuário: Uma lnvestigação
Histórica]; v. 6: Symposi.wm o# Rct;c/cííi.o# -Book J (Simpósio Sobre Apocalipse -Livro 1); e v. 7: Symposí'Í/Í#
o% Rcpc/4Íi.o# -Book JJ (Simpósio Sobre Arocalipse -Livro 11).
7 White, 0 O#fro Podct p. 24.
8 A versão usada no original em inglês é a New King]amesversion (NK]V).
9 Wtrite, 0 Gmnde Confiito, p. 488, 489.
AS OUESTÕES MAIS CRÍTICAS
HAVERÁ UM JUÍZ0
INVESTICATIVO?
ALÉ:nfsaLahnao:::á±ót:T:,:roap:ret::Lrdoaá:f:r:joan::ràa:LSctooTAà:eLce]ehnot=C:mq::b:::::
eu era adventista do sétimo dia e, no transcorrer de nossa conversa, perguntou se eu
teria interesse em saber qual das doutrinas de nossa igreja ele considerava a mais
sujeita a objeções. Eu respondi que gostaria que me dissesse, esperando que men-
cionasse o sábado, o estado dos mortos ou o inferno. Sua resposca me surpreendeu.
Ele disse: "0 juízo investigativo."
-Por que você acha esse ensinamento tão passível de objeções? -perguntei.
- Porque - ele disse - com uma doutrina dessas, ninguém pode ter certeza da
salvação.
Desde então, tenho visto que, por essa razão, temos sido reprovados em virtude
do ensinamento sobre o juízo investigativo, e não apenas por aqueles que professam
uma fé diferente da nossa. Até mesmo alguns adventista,s têm criticado essa doutrina
porque ela os tem deixado em um contínuo estado de ansiedade no que diz respeito
a sua situação com Deus.Afinal, a ideia de umjwí'zo Í.#tJcsf!É4f{'w sugere que o Senhor
esteja vasculhando nossa vida para poder determinar se somos dignos de ser salvos.
A esposa de Clifford Goldstein, uma adventista de longa data, dá-nos um bom
exemplo dessa ansiedade. Cliff relata o que disseram a ela:
Cliff continua: ``Um ensinamento como esse não pode ser `boas-novas', nem
mesmo um quadro preciso do que acontece no juízo investigativo. No entanto, é
nisso que muitos adventistas creem, e, com uma teologia dessas, quem pode culpar as
Pessoas Por elas deixarem a igreja?"2
De fato, alguns pregadores e evangelistas adventistas têm usado o j uízo investigativo
para pressionar as pessoas a viverem a santificação. "Você nunca vai saber quando
seu nome será considerado no juízo!", advertem de modo ameaçador. "Portanto,
você precisa estar certo de que está vivendo corretamente cada momento da vida!"
Essa visão deixa as pessoas em um constante estado de incerteza sobre sua situação
NA CORTE CELESTIAL
com Deus. Entretanto, essa maneira de enxergar o juízo pode ser facilmente elimi-
nada tendo a verdade bíblica da justificação pela fê como contraponto.
Se esse conceito de nossa doutrina do juízo investigativo estiver correto, então
meu amigo da lgreja de Cristo está com a razão. Se Deus não pode ter certeza da
salvação de seus santos até que examine o registro da vida deles, então é óbvio que
nenhum de nós pode ter a certeza de nossa total aceitação por Deus, até que Ele, em
Sua mente, decida se merecemos ou não a salvação. Naturalmente, Ele não pode fazer
isso até que exalemos nosso último suspiro!
Essa é a causa de muitas das críticas sobre o juízo investigativo, tanto de parte dos
que estão fora de nossa igreja como daqueles que comungam conosco. Muitos críti-
cos adventistas, ao experimentarem essa incerteza sobre o julgamento, abandonaram
o ensinamento por completo, considerando-o como uma devastadora heresia. E do
jeito que eles compreendem essa doutrina, ela é isso mesmo!
Por causa dessa compreensão errônea, alguns adventistas passaram a dar preferên-
cia ao termo juízo pré-4Jyc#fo, o que evita algumas das infelizes dificuldades teológi-
cas que a palavra Í.#vcsfíÉ4f!'vo cria na mente de certas pessoas. Mas, isso é necessário?
Haveria algo inerentemente errado com a ideia de um/'wi'zo i'#tJcsfíÉ4fi.tm.?
Continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e o Ancião de Dias Se
assentou; Sua veste era branca como a neve, e os cabelos da cabeça, como a
pura lã; o Seu trono eram chamas de fogo, e suas rodas eram fogo ardente.
Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares de milhares 0 ser-
viam, e miríades de miríades estavam diante Dele; assentou-se o tribunal,
e se abriram os livros.
HAyERÁ UM JÜÍZO IWESTICATIVO?
0 "Ancião de Dias" nesses versos é Deus, o Pai. É Ele quem está sentado em Seu
trono como supremo juiz. Milhões de seres estão ao redor do trono, certamente anjos
(verAp 5: 11). Daniel conclui dizendo: "assentou-se o tribunal, e se abriram os livros."
Essa é uma cena de juízo.
Note que essejulgamento inclui a abertura de ``livros". Não devemos, porém, pensa,r
nesses ``livros" como volumes em uma estante de biblioteca. Nos dias de Daniel, não
havia livros. Naquele tempo, as pessoas escreviam em rolos ou em tabletes de barro.
Atualmente, registramos eventos, transações financeiras, acordos legais e outras infor-
mações em livros, computadores ou outros recursos. Sem esses registros, seria impossível
nos lembrar de todas as informações que precisamos conhecer. Contudo, é certo que
os aparelhos de amazenagem de infomações do Céu são muito mais sofisticados do
que o mais modemo de nossos computadores. Assim, devemos pensar nos "livros" de
Daniel 7: 10 como um símbolo do método celestial de manter registros, seja ele qual for.
0 juízo investigativo rct;c/4 4os scrcs ccJcsfí'4i.s quem dentre os mortos dorme
em Cristo, sendo, portanto, Nele, considerado digno de ter parte na pri-
meira ressurreição. Também for#¢ mmfcsfo quem, dentre os vivos, per-
manece em Cristo, guardando os mandamentos de Deus e a fé de Jesus,
estando, portanto, Nele, preparado para a trasladação ao Seu reino eterno.
Esse julgamento tJÍ.Ícd!'" 4jwsf!.f4 dc Dc#s em salvar os que creem em ]esus.
Dcc/4rtz que os que permanecerem leais a Deus receberão o reino.4
As palavras em itálico no texto acima dão uma visão dojuízo bem diferente daquela
que alguns adventistas tinham' no passado. 0 julgamento não dcc!`dc quem deve ser
salvo e quem se perderá. Ele "JctJcÍ4 aos seres celestiais" -anjos que estão ao redor do
trono de Deus ç, sem dúvida, outros seres inteligentes que Ele criou - as decisões divi-
nas sobre a salvação ou condenação de cada ser humano. Essas são decisões que Deus,
o Pai, e Cristo já tomaram. Essa revelação "vindica a justiça divina em salvar os que
creem emJesus". Satanás tem acusado Deus de ser injusto em Seus julgamentos (ver
Ap 12:10), mas o juízo investigativo mostra que todos os vereditos divinos são justos.
Paulo sugere esse conceito em Romanos 2:5, texto em que ele menciona o "dia da
ira e da mmfesf4ÇÕo do juízo de Deus" (itálico acrescentado).
Eu gostaria de poder dizer que cada adventista do sétimo dia compreende o jul-
gamento da maneira como a igreja oficialmente o ensina. Infelizmente, não posso.
Mal-entendidos teológicos parecem que dão umjeito de se perpetuar ano após ano.
HÁVERÁ ÜM JÜÍZO
A falsa teologia que foi inserida em nossa mente quando éramos jovens carrega um
componente emocional muito dificil de mudar.
De vez em quando, eu leio sobre adventistas que deixam a igreja por conta de
"ensinamentos fàlsos" sobre o juízo investigativo, e que dizem estar se regozijando
com a maravilhosa liberdade que estão experimentando em Cristo. Sempre fico
feliz por essa.s pessoas terem encontrado Jesus. Todavia, quando analiso sua descri-
ção do juízo investigativo, eu me entristeço; pois ela, nem de longe, representa a
visão do julgamento em que creio ou que a igreja ensina. Certa vez, um amigo
adventista me disse: "Eu não me importo quando as pessoas nos criticam pelo que,
dcjTczÍo, acreditamos. 0 que me incomoda é o fato de as pessoas nos criticarem por
nossas `crenças' quando, na verdade, #õo cremos nelas." Lamentavelmente, alguns dos
críticos que louvam ao Senhor por ter "escapado da lgreja Adventista" nos deixa-
ram por causa do que eles pc#scw4m que acreditávamos - sem dúvida, o que lhes foi
c#si`#4do sobre nossas crenças -mas sua percepção não é o que, cJc/#fo, 4crcd£.f4mo5
sobre o juízo investigativo.
E a promessa de Jesus?
Alguns cristãos fazem objeções ao ensinamento adventista sobre o juízo investi-
gativo porque, segundo eles, o povo de Deus não estará sujeito ao julgamento final.
Eles citam as palavras de Jesus emJoão 5:24 para provar seu argumento: "Em verdade,
em verdade vos digo: quem ouve a Minha palavra e crê Naquele que Me enviou tem
a vida eterna, #Ão c"frtz cm/.wÍ'zo, mas passou da morte para a vida" (itálicos acrescen-
tados). A paJavra grega traduzida como "juízo" nesse verso é kr!'sj.j, que pode signifi-
car "julgamento" ou "condenação". Algumas versões da Bíblia, inclusive a Almeida
Revista e Corrigida e a Nova Versão lnternacional ("não será condenado"), tra-
duzem o termo grego como ``condemção". É verdade que o povo de Deus não
entrará em co#c7cÍ24fÃo -pelo menos da parte de Deus. Satanás é "o acusador de nossos
irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus" (Ap 12:10).
Assim, o verdadeiro povo de Deus não será co#dc#4do nojuízo.Ao contrário, o Senhor
já os c{bsoJtJcw. Entretanto, seus casos serão co#sí'dc/t3dos no juízo, e o resulta,do será que
os anjos concordarão que a absolvição dada por Deus a Seu povo foi justificada.
Paulo entendeu que o povo de Deus comparecerá no juízo fmal. Ele apresenta
o mesmo assunto duas vezes em suas epístolas. Escrevendo aos cristãos em Corinto,
disse: "Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo,
para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do
corpo" (2Co 5:10). 0 pronome ``nós" nesse verso inclui Paulo e os cristãos para
quem ele estava escrevendo. Se o apóstolo disse que é'/c, entre todas as demais pes-
soas, terá que comparecer diante do julgamento divino, então, com certeza, nem você
nem eu escaparemos!
Paulo repetiu a ideia em Romanos 14:10 a 12:
Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que desprezas o teu? Pois
todos compareceremos perante o tribunal de Deus. Como está escrito: Por
NA CORTE CELESTIÁL
Minha vida, diz o Senhor, diante de Mim se dobrará todo joelho, e toda
língua dará louvores a Deus.Assim, pois, cada um de nós dará contas de si
mesmo a Deus.
Essas são as razões pelas quais insisto que, se as entendermos corretamente, o conceito
de um/.w!'zo f.#tJcsfiÉ4fí.tm no Céu anterior à segunda vinda de Cristo é totalmente bíbhco.
E desse ponto em diante? A relação do juízo com o evangelho dajustificação pela
fé e o conflito entre o bem e o mal - o grande conflito - é tão crucial que quero me
certificar de que essas questões estão absolutamente claras antes de prosseguir. É sobre
isso que £àlaremos nos dois próximos capítulos.
Eob:r:eemup:ã:eá:J,:nàroofse:àor:dqeuetse,oõl.osgltae,.::g:::s?oEi::ea::,Í:|nnh.:Ppoassqaudeo,::
sido útil para mim ao ponderar sobre controvérsias doutrinárias. A regra é a seguinte:
nenhuma proposição teológica pode ser verdadeira se ela contradiz um ensinamento
bíblico importante. Portanto, se minha opinião sobre uma determimda questão entra
em conflito com um ensino bíblico importante, devo, então, rejeitar minha opinião
ou modificá-1a de modo que ela esteja em harmonia com aquele ensinamento.
Um exemplo disso é a popular visão do inferno como um tormento eterno.
Minha principal objeção a essa doutrina é que ela está em absoluto conflito com
o ensinamento bíblico sobre um Deus de amor, misericórdia e justiça. Alguns anos
atrás, meu amigo George Knight escreveu um artigo sobre o inferno para a revista
SíÉ#J o/fÃc TÍ.mcs intitulado "0 Hitler lnfinito''. É isso, precisamente, que Deus seria,
caso permitisse que os pecadores sofressem no inferno pelas intermináveis eras da
eternidade. Hitler ao menos permitiu que suas vítimas encontrassem, em algum
momento, paz na morte. No entanto, o deus do tormento eterno nunca dá trégua.
Ele sequer deixa que suas vítimas morram! Se condenamos Hitler como um tirano
cruel, devemos, então, adotar o mesmo julgamento para um deus que se propõe
a manter suas vítimas vivas por toda a eternidade simplesmente para conservá-las
queimando. Sem dúvida, esse não é o Deusjusto, misericordioso e amoroso descrito
na Bíblia. Essa é a razão primária pela qual eu rejeito a doutrina do tormento eterno.
Aplico esse mesmo princípio ao ponderar acerca da objeção ao ensino adventista
sobre o juízo investigativo, proposta pelo meu amigo da lgreja de Cristo, mencionado
no capítulo 2. A justificação pela fé, que dá aos cristãos a certeza da aceitação por
Cristo 4gorj3, é um desses ensinamentos fimdamentais das Escrituras em relação ao qual
cada um dos demais deve ser avaliado. Qualquer doutrim que contradiga o evangelho
tem de ser tachada como £dsa. Ou revisamos nosso entendimento sobre esse ensino de
maneira a harmonizá-lo com o evangelho ou o rejeitamos como um erro. No capí-
tulo anterior, esclareci a razão de eu acreditar que a doutrina adventista do juízo inves-
tigativo é bíblica e toquei no aspecto de sua relação com o evangelho. Neste capítulo,
explicarei o evangelho da justificação pela fé de maneira mais detalhada e sustentarei
a doutrina do juízo investigativo à altura desse padrão.
reino, cada um de nós é imperfeito, o que nos desqualifica para entrar ali. Felizmente,
Deus tem uma solução para esse problema. Lemos sobre isso em Romanos 3:20 a 24..
0 verso 20 diz que você e eu não podemos serjustificados (a Nvl diz que ninguém
é ``declarado justo") por nossos esforços para guardar a lei de Deus. Felizmente, o verso
21 apresenta a solução para o problema:"Mas agora [. . .] se manifestou ajustiça de Deus".
Paulo declara, no verso 20, que, por maior que seja o número de vezes que observa-
mos a lei, isso não nos qualificará para ser aceitos por Deus. Uma vez que não há em nós
nenhumajustiça para oferecer ao Senhor, Cristo nos dá ajustiça Dele. É isso que as pala-
vras "justiça de Deus" significam. É algo q#c #cm Dele pcw¢ nós (ver também Fp 3:8, 9).
Deus, naturalmente, é perfeito; Sua justiça também é. Assim, quando Ele nos dá Sua jus-
tiça, nós também nos tornamos perfeitos -não por nós mesmos, mas porque Sua justiça
passar a ser considerada como nossa.
0 Senhor pede apenas uma coisa de nós em troca de Sua justiça: fê em Jesus.
0 verso 22 diz: ``justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos os que
creem". Uma vez que você e eu colocamos nossa fé em Cristo como nosso Salvador,
a justiça de Deus é nossa. Nesse momento, estamos justificados, ou seja, perfeitos
diante Dele. Ainda permanecemos Íàlhos, mas o Senhor nos co#sÍ'dcm perfeitamente
justos por causa dajustiça que nos outorgou. Ellenwhite diz isso com clareza:
E Uesus] viveu sem pecar. Morreu por nós, e agora Se oferece para nos
tirar os pecados e nos dar Sua justiça. Ao se entregar a Ele, aceitando-O
como seu Salvador, você, graças a Ele, será considerado justo, não importa o
quanto sua vida possa ter sido pecaminosa. 0 caráter de Cristo substituirá
seu caráter, e você será aceito diante de Deus como se não tivesse pecado.í
Ser aceitos por Deus como sc #w#m %o#tJésscmos pcc¢cJo é ser considerados por
Ele como se fôssemos perfeitos. Nesse ponto, nós, pecadores imperfeitos, temos a
0 JÜíZ0 lNVEST16ÀTIV0 E A JllsT]FICA
Assim, ajustificação de Deus cobre tanto os pecados do passado como está dispo-
nível para os do presente.
A]gumas pessoas têm dificuldade com a ideia de que o Senhor nos justifica ape-
sar dos pecados que cometemos no presente. Entretanto, isso nos dá uma excelente
visão sobre a natureza da justificação pela fê. Essa experiência nos coloca em uma
permanente relação comJesus, que é semelhante ao status legal do casamento ou da
adoção. Embora esposos e esposas possam romper a relação matrimonial, sua certidão
de casamento não é anulada toda vez que um deles faz algo que desagrada o outro.
Tampouco, as crianças que foram legalmente adotadas se tornam "desadotadas" toda
vez que desobedecem aos pais. Semelhantemente, embora possamos romper nosso
relacionamento com]esus, isso não ocorre toda vez que pecamos. Mesmo com nos-
sos contínuos pecados, ainda permanecemos casados com Cristo, e ainda adotados
como filhos em Sua família. 0 resultado claro é que confessaremos nossas transgres-
sões e buscaremos o perdão. Mesmo nesse ínterim, ainda somos Sua noiva, Seus filhos.
0 evangelho significa que Jesus toma nossa mão e anda ao nosso lado em nossa
jornada cristã, e Ele não solta nossa mão a cada vez que escorregamos e caímos. Ao
contrário, Ele Se inclina,1evanta-nos e continua caminhando ao nosso lado, ajudando-
nos a vencer a próxima tentação que vier.
Essa é a compreensão de Ellenwhite sobre o evangelho. Ela disse:"Se está no cora-
Ção obedecer a Deus, se são feitos esforços nesse sentido,Jesus aceita essa disposição
CELESTIAL
e esforço como o melhor serviço do homem, e supre a deficiência, com seu próprio
mérito divino."2 Apresentando a mesma ideia em pouquíssimas palavras, ela também
disse: "Quando fazemos o melhor possível, Ele Se torna nossa justiça."3
Essas declarações nos dizem que Deus nos pede que sejamos leais, ou seja, que nos
compromcf4mos a Lhe obedecer e que fc#fcmo5 Lhe obedecer. Lealdade não significa
obediência perfeita. Significa que q#c/emos obedecer e que csf4mos Í€#f¢#do fazer isso
da melhor maneira possível. Quando fi.acassamos e percebemc)s que erramos, nós nos
entristecemos e nos determinamos a fazer melhor da prórima vez. E11en White, certa
vez, fàlou sobre "os que honestamente desejam proceder com retidão".4 Quando temos
esse tipo de lealdade,Jesus, com Sua justiça, compensa esse fi.acasso instantaneamente.
Não é o mesmo que "uma vez salvo, salvo para sempre", ou seja, a ideia de que,
ao aceitarmos a Cristo, nunca mais Lhe daremos as costas. Podemos, sim, nos rebelar.
Podemos abandonar nosso relacionamento com Ele; e, infelizmente, algumas pessoas
o fazem. Contudo, enquanto mantivermos nossa lealdade e compromisso com Jesus -
enquanto desejarmos sinceramente fazer o que é certo - Ele permanecerá ao nosso
lado, mesmo quando escorregamos e caímos.
Em Romanos 5:1, Paulo disse: "justificados, pois, mediante a fé, temos paz com
Deus por meio de nosso SenhorJesus Cristo." Descobri que essas palavras são a pura
verdade. Existe grande paz interior em saber que Deus me aceita do jeito que sou,
sem exigir que eu seja algo que não sou. Existe grande paz interior em saber que
não preciso ter medo de Deus quando cometo um erro. Posso me levantar, pedir
perdão a Ele e descansar sabendo que o Senhor ainda está ao meu lado para me aju-
dar a crescer espiritualmente.]esus não me abandona quando escorrego e caio. Ele
está totalmente comprometido com meu crescimento espiritual. Ele anda ao meu
lado dia após dia, e, quando peco, Ele me ajuda a vencer na próxima vez.Também
existe grande paz interior em saber que, se eu morrer esta noite, meu lugar no reino
eterno de Deus estará garantido.
Isso é o euangelho.
E o evangelho tem tudo que ver com o juízo.
De acordo com essa declaração, nossa situação com Deus no juízo depende de
termos dorm!'do cm C/Í.£fo (caso morramos antes do juízo) ou de permcí#eccrmos cm
Cri.sfo (se ainda estivermos vivos).Tudo depende de cícrmos cmJc5#s, e não de termos
nos comportado bem.
0 Tlratado de rEeologia Aduentista do Sétimo Dia apresenta uma, v±s~ao semelhar\te..
Note que a i)alavra co#j3mç# ou um de seus derivados ocorre qua.tro vezes nes-
ses parágrafos. Nós podemos ``co#j4#fcmc#fc enfrentar cada aspecto do juízo". Por
meio dos méritos de Cristo, podemos "enfrentar o juízo com co#¢4ÍcÇ4". ``Podemos
nos achegar `co#Lfi4d¢mcí?/c,junto ao trono da graça", e finalmente, "nosso relaciona-
mento com nosso Mediador, Advogado e Sumo Sacerdote nos faz co%j4ÍcÍcs no dia
dojuízo".
Deus quer que vejamos o juízo com confiança nos méritos de ]esus, os quais Ele
aplicou ao nosso caso, de maneira que podemos comparecer diante de Deus "como
se não [tivéssemos] pecado".7
NA CORTE CELESTIAL
Todos quantos desejem que seu nome seja conservado no livro da vida
devem, agora,, nos poucos dias de graça que restam, afligir a alma diante de
Deus, em tristeza pelo pecado e em arrependimento verdadeiro. Deve haver
um exame de coração, profundo e fiel. 0 espírito leviano e frívolo, alimen-
tado por tantos cristãos professos, deve ser deixado. Há uma luta intensa
diante de todos os que dç6''ejam subjugar as más tendências que insistem no
predomínio. A obra de r}reparação é uma obra individual. Não somos sal-
vos em grupos.A pureza e devoção de um não suprirá a falta dessas qualida-
des em outro. Embora todas as nações devam passar emjuízo perante Deus,
Ele examinará o caso de cada indivíduo, com um exame tão íntimo e pro-
fundo como se não houvesse outro ser na Terra. Cada um deve ser provado
e achado "sem mancha ou ruga, ou coisa semelhante" (Ef 5:27).8
Declarações como essas podem soar assustadoras, especialmente para cristãos ima-
turos. Direi, contudo, que elas não são mais assustadoras do que algumas declarações
bastante severas que existem m Bíblia. Um pouco antes, mencionei as palavras de
Salomão,]esus e Paulo. 0 autor de Hebreus também escreveu: ``Porque, se vivermos
deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da
verdade,já não resta sacrificio pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrí-
vel de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários. [...]. Horrível coisa é
cair nas mãos do Deus vivo" (Hb 10:26, 27, 31).
É essencial, ao avaliarmos declarações como essas, tanto das Escrituras como dos
escritos de E11en white, que as compreendamos à luz do evangelho da justificação
pela fé. No juízo, a situação dos que estão salvos sempre será baseada no fato de eles
estarem cobertos com ajustiça de Cristo, e nunca no próprio sucesso na obediência
às leis de Deus. Na declaração de E11enwhite que citei acima, ela disse: ``Cada um
deve ser provado `e achado' (Ef 5:27) sem mancha ou ruga, ou coisa semelhante."9
A única maneira de passar pelo julgamento "sem mancha ou ruga" é mediante o
recebimento da justiça de Cristo, que é uma dádiva. É por isso que a autora escre-
veu: "0 caráter de Cristo substituirá o vosso caráter, e sereis aceitos diante de Deus
exatamente como se não houvésseis pecado", e "quando fazemos o melhor possí-
vel, Ele Se torm nossa justiça".
Cristo, nosso mediador no juízo
Em anos recentes, alguns adventistas do sétimo dia têm enfatizado que, no juízo
investigativo, Cristo atua como nosso Mediador. Creio que é uma ênfase muito
apropriada. No livro 0 Gr##dc Co#L#Í.fo, no capítulo que aborda esse assunto, Ellen
White descreve um quadro vívido de Satanás perante Deus, no juízo, acusando o
povo de Deus de ser indigno de Seu favor:
Enquanto Jesus faz a defesa dos súditos de Sua graça, Satanás acusa-os diante de
Deus como transgressores. 0 grande engamdor procurou levá-1os ao ceticismo,
fàzendo-os perder a confiança em Deus, separar-se de Seu amor e violar Sua
lei.Agora aponta para o relatório de sua vida, para os defeitos de caráter e des-
semelhança com Cristo, que desonraram a seu Redentor, para todos os pecados
que ele tentou-os a cometer; e por causa disso os reclama como súditos seus.]°
]esúí;ãolhesjustificaospecados,masapresentaseuarrependimentoefé,e,
reclamando o perdão para eles, ergue as mãos feridas pera,nte o Pai e os san-
tos anjos, dizendo: ``Conheço-os pelo nome. Gravei-os na palma de Minhas
mãos. [. ..] . Cristo vestirá Seus fiéis com Sua própriajustiça, para que os possa
apresentar a Seu Pai como ``igreja gloriosa, `sem mancha, nem ruga, nem
Coisa seme|hante'."11
bso é bíblico?
Vou dizer algo que pode surpreender você: não conheço nenhuma passagem bíblica
que diga que Jesus é nosso Mediador no juízo. 0 Novo Testamento identifica jesus
como um Mediador. Paulo diz em 1 Timóteo 2:5: "Porquanto há um só Deus e um
só Mediador entre Deus e os homens, Cristo jesus, homem." Outros textos descrevem
Seu ministério de mediação, embora não utilizem a palavra mcdj.4c7or. Por exemplo, 1
joão 2: 1 diz: "Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo pa.ra que não pequeis. Se, todavia,
alguém pecar, tepios Advogado junto ao Pai,Jesus Cristo, o ]usto." Hebreus apresenta
uma extensa descrição de Cristo como nosso sumo sacerdote Mediador no santuário
celestial (por exemplo, Hb 8:1-6). Hebreus 9:24 diz: "Porque Cristo não entrou em
santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo Céu, para compare-
cer, agora, por nós, diante de Deus." Entretanto, de onde tiramos a ideia de que Cristo
atua como nosso Mediador no santuário celestial dwrfl#fe o/'w'zo !'#vcsf!É¢f!.t;o?
Embora a Bíblia não diga diretamente que Ele atue dessa maneira, essa é uma
conclusão lógica, baseada no que ela dc/#fo diz sobre Cristo como nosso Mediador.
Se Ele comparece no santuário celestial como nosso Mediador em todos os outros
aspectos, então Ele também será nosso Mediador durante o juízo.
NA CORTE CELESTIAL
Mas por que seria necessário um Mediador durante o juízo? Para responder a
essa pergunta, precisamos compreender o assunto à luz do conflito entre o bem e o
mal, que tem sido travado no Universo desde que Satanás se rebelou contra Deus no
Céu. Precisamos entender o juízo investigativo à luz daquilo que os adventistas têm,
historicamente, chamado de ``o grande conflito".
acrescentados.
7 WLLite, Caminho a Cristo, p. 62.
8White, 0 Grande Conflito, p. 490.
9 Ibid.
io ibid., p. 484.
'' Ibid.
0 JUÍZ0 lNVEST16ATIV0 E 0
TEMA DO 6RANDE CONFLITO
Tnnvhe:,|rgeap,::d:oal.goon,::,l:odlont.e::Sá:,noteúno|Svecrrsíat:Ceons,::r:mb:n:eed:SC:::,m.hoaiuaíã:
pelos adventistas de "o grande conflito". Isso é até compreensível no caso de não
adventistas, uma vez que eles não dão muita ênfase ao grande conflito, para começo
de conversa. Contudo, mesmo alguns dos nossos críticos adventistas tendem, em
grande medida, a descartar alguns detalhes do juízo investigativo sem conside-
rar sua relação com o grande conflito. Desconfio que esteja aí a razão para a crí-
tica. 0 juízo investigativo deve ser entendido no contexto do grande conflito; pois,
somente assim, ele faz sentido. Neste capítulo, desenvolverei de maneira mais com-
pleta a relação do grande conflito com o juízo investigativo e também com a jus-
tificação pela fé.
A rebelião de Lúcifer
E pouco provável que os anjos que se uniram a Lúcifer em sua rebelião contra
Deus agiram assim porque foram forçados. Como todos os demais seres criados,
eles eram livres para desobedecer a Deus se assim desejassem, e um terço dos anjos
fez essa escolha. Por quê? Será que todos eles, de repente e simultaneamente, deci-
diram que iriam se rebelar contra Deus? Improvável. A ideia de se insurgir con-
tra o Senhor, provavelmente, nunca tenha ocorrido para a maioria deles até que
Lúcifer a apresentou. Também é razoável presumir que essa rebelião se desen-
volveu em um determinado período de tempo. Aqui está a maneira como Ellen
White a descreveu em seu livro Pcifr!'4rcc# c Pro/cfcLs..
Lúcifer deve ter sido extremamente convincente para conseguir que um terço dos
anjos adotasse sua maneira de pensar, unindo-se a ele em sua rebelião contra Deus!
• Deus criou o mundo e a vida, mas foi só isso. Ele não está mais interessado no
que acontece em nosso planeta nem com os seus habitantes. Estamos aqui à
mercê de nós mesmos.
• 0 Universo e a vida em nosso planeta são o resultado de forças aleatórias da
natureza atuando por meio das leis da evolução, uma das quais é a do domínio
do mais forte sobre o mais fiaco. 0 mal e o sofrimento são inerentes ao avanço
na direção do que é bom.
• Um Deus de amor criou nosso mundo, e nós, humanos, escolhemos nos rebelar
contra Ele. Um dia, Ele dará fim ao reino do pecado e do sofrimento.
Sem essa visão singular que Daniel nos dá sobre a participação dos anjos no jul-
gamento, nenhuma declaração existente na Bíblia sobre o juízo final faria sentido.
Deus conhece cada detalhe da vida de cada um dos santos que viveu neste planeta.
Ele não precisa de umjulgamento final para determinar se merecemos ou não a sal-
vação. 0 beneficio que Deus tira do juízo é a certeza da parte dos anjos no que con-
cerne às decisões divinas sobre nossa salvação. Se apenas um dos anjos tiver qualquer
dúvida sobre um dos santos a quem Deus levará para o Céu, a lei do amor, sobre a
qual o Universo atua, ficaria comprometida. Deus não pode correr esse risco, e é por
isso que, antes de nos levar para o Céu, Ele deve ter certeza absoluta de que cada anjo,
de braços abertos, dará as boas-vindas a cada um dos salvos.
Essa é, precisamente, a compreensão de juízo investigativo refletida m declaração
da crença adventista do sétimo dia sobre o tema:
0 juízo investigativo rctJ€J4 4os scMt?í cc/c5fí.4Í.s quem dentre os mortos dorme em
Cristo, sendo, portanto, Nele, considerado digno de ter parte na primeira res-
suire±ção.Ta:rnbêm torna mamftsto bara os mesmos seres celestiais] quern, deritre
os vivos, permanece em Cristo, guardando os mandamentos de Deus e a fé em
Jesus, esta,ndo, portanto, Nele, preparado para a trasladação ao Seu reino eterno.
Esse julgamento i)indica a justiça de Deus em saluar os que creem em ]esus.4
Enquanto Jesus faz a defesa dos súditos de Sua graça, Satanás acusa-os diante de
Deus como transgressores. 0 grande enganador procurou levá-1os ao ceticismo,
fazendo-os perder a confiança em Deus, separar-se de Seu amor e violar Sua
lei. Agora aponta para o relatório de sua vida, para os defeitos de caráter e des-
semelhança com Cristo, que desonraram a seu Redentor, para todos os pecados
que e.le tentou-os a cometer; e por causa disso os reclama como súditos seus.5
Essa é, simplesmente, outra maneira de dizer que Lúcifer, agora Satanás, discorda
profiindamente de Deus, não apenas sobre Suas leis e Seus regulamentos, mas também
sobre Suas decisões a respeito dos seres humanos. É desnecessário dizer que o inimigo
cstá feliz com as decisões de Deus quanto aos que estão perdidos. É o veredito divino
sobre aqueles a quem o Senhor considera dignos de serem salvos que Satanás ques-
üona.Assim, o juízo investigativo não diz respeito apenas aos seres humanos. Nessejul-
gamento, Deus, assim como nós, tarnbém está sendo julgado, pois são as decisões Dele
icerca do destino eterno dos justos que o adversário está desafiando.
CELESTIAL
0 Senhor não pede que os anjos 0 aceitem cegamente. Ele os convida, assim
como faz conosco, a arrazoarem com Ele (ver ls 1:18). Isso sigrifica que Deus quer
explicar aos anjos as decisões que toma para que eles possam entender e, por si mes-
mos, decidirem o que pensar sobre elas. Paulo diz, em Romanos 3:26, que o Senhor
quer ``[m4Í£yesf4r] Sua justiça no tempo presente, para Ele mesmo serjusto e o justifi-
cador daquele que tem fé emjesus" (itálico acrescentado) . Ele quer vindicar Seu nome
ao deixar que o julgamento manifeste Sua justiça. Assim, o juízo diz respeito tanto a
Deus e Suas decisões quanto a nós e nossa salvação.
0 mesmo Satanás que, há rnilhares de anos, foi tão persuasivo, a ponto de convencer
um terço dos anjos do Céu em sua rebelião contra Deus, ainda é capaz de apresentar
aos anjos argumentos muito convincentes sobre você e eu. E por isso que precisamos
de um Mediador no santuário celestial durante o juízo investigativo que possa comba-
ter, com a verdade, todos os argumentos enganosos do inimigo sobre nós. É exatamente
dessa maneira que Ellen white descreve o miristério mediador de Cristo no juízo:
Jesus não [...] justifica os pecados [de Seu povo], mas apresenta o [...] arre-
pendimento e fé [dos arrependidos], e, reclamando o perdão para eles,
ergue as mãos feridas perante o Pai c os s4#fos 4#jos, dizendo: ``Conheço~os
pelo nome." [...] Cristo vestirá Seus fiéis com Sua própria justiça, para que
os possa apresentar a Seu Pai como "igreja gloriosa, sem mancha, nem
ruga, nem coisa semelhante" Ef 5:27.6
0s que aceitam]esus como Salvador não precisam temer o juízo, pois Cristo, seu
Mediador, está respondendo a cada uma das acusações de Satanás contra eles. Quando
o julgamento terminar, cada anjo do Céu terá tido a oportunidade de ouvir tanto
as acusações do inimigo quanto as respostas de Cristo. Com pesar, em alguns casos,
jesus terá admitido que o acusador estava certo: alguns dos que professavam perten-
cer ao povo de Deus não merecem um lugar em Seu reino; os anjos concordarão com
isso. Todavia, Cristo explicará por que cada santo que verdadeiramente depositou sua
confiança Nele pode ter um lugar em Seu reino; os anjos, de novo, concordarão.
ComJesus, você e eu não precisamos temer o juízo investigativo!
oà:sstlón.a.:à::on,a.d:àn:.sata,ed.o|:::.aT3à.:esgree.:i:í::ce:tár.eslsa.ciéo:::oe::antdo.::.Tn:
surgiu de um momento histórico particular: o movimento milerita. Se os eventos
na vida de Guilherme Miller e seus seguidores nunca tivessem ocorrido, é de se
duvidar que alguém tivesse concebido a doutrina do juízo investigativo na forma
que os adventistas a entendem atualmente.
Algumas pessoas usarão essa observação como razão para questionar a validade do
nosso ensinamento sobre o tema. Elas concordarão que essa doutrina foi desenvol-
vida como consequência do movimento milerita. Para os críticos, essa é a razão para
duvidar. Eles consideram o milerismo nada mais do que um "fenômeno colossal, psi-
cológico e resgatador de teologias" que é "4Ícfí.qw¢do, /flso c 4#c #ão Ícy4 4 #4d4".] No
entanto, meu argumento é que Deus guiou o milerismo, como também o entendi-
mento adventista sobre o juízo investigativo derivado desse movimento.
Naturalmente, é impossível demonstrar de maneira conclusiva, dentro da forma
científica de provar as coisas, que Deus estava por trás dos eventos ocorridos na última
parte da vida de Miller. A ideia de que o Senhor guiou o movimento milerita e o
estabelecimento da lgreja Adventista do Sétimo Dia é uma questão de fê.Tanto essa
história quanto o relato sobre os adventistas sabatistas dos primeiros anos após 1844
nos deixam saber como chegamos a uma compreensão do juízo investigativo. Muitos
adventistas do sétimo dia têm familiaridade com esse relato. Para beneficio dos que
não o conhecem muito bem, farei aqui uma revisão desses acontecimentos.
com fogo, na segunda vinda de Cristo. Ele concluiu, então, que a profecia predizia
o tempo aproximado da volta de Jesus. Considerando que "duas mil e trezentas tar-
des e manhãs" era uma linguagem simbólica para representar 2.300 anos literais, e
acreditando que 457 a.C. era o ponto inicial desse período de tempo, Miller dedu-
ziu que Cristo voltaria em algum momento durante o ano de 1843. Ele chegou
a essa conclusão em 1818, o que o deixou perplexo, pois isso significava, em suas
palavras, que "em aproximadamente 25 anos [...] todos os nossos atuais negócios
vão terminar".2
Então Miller ficou convencido de que deveria contar ao mundo aquilo que
Deus havia lhe revelado. Mesmo assim, ele relutou em pregar sobre suas ideias, pois
se sentia inadequado como orador público. Entretanto, aquela convicção de que
devia compartilhar suas descobertas continuou a crescer em sua mente. Finalmente,
em uma manhã de sábado de agosto de 1831, aquela impressão se tornou tão forte
que ele prometeu a Deus que passaria a pregar sobre ela, se o caminho lhe fosse
divinamente aberto. Meia hora depois, ele recebeu um convite para pregar no dia
seguinte em uma igreja batista de Dresden, NovaYork, a pouco menos de 30 km
de sua casa, em Low Hampton. Convencido de que Deus o tinha realmente cha-
mado para pregar, ele aceitou o chamado.
A congregação ficou tão impressionada com a apresentação de Miller que insis-
tiu que ele continuasse sua explicação sobre a profecia durante aquela semana.
Muitas pessoas que moravam nas vilas próximas ouviram falar de sua pregação e
fóram ouvi-lo. Ocorreu ali um reavivamento, e várias pessoas se converteram. Ao
voltar para casa, Miller encontrou uma carta convidando-o para pregar em uma
igreja próxima dali, em Poultney,Vermont. 0 resultado foi o mesmo de Dresden.
Assim começou o movimento milerita.
0 movimento milerh
Nos oito anos seguintes, Miller pregou, na maioria das vezes, em pequenas
comunidades. No entanto, em 1839,]oshuav. Himes, pastor da Chardon Street
Chapel [Capela da Rua Chardon], em Boston, o convidou para pregar em sua
igreja. Foi o começo da transformação de Miller: de um pregador de vilarejos,
para um importante evangelista público. Himes compreendeu a visão de Miller
sobre a proximidade da vinda de Cristo e sua paixão pela salvação das pessoas;
por isso, o colocou no mapa, tornando-se um incansável promotor de seus ensi-
namentos. Ele. publicou jornais, ajudou a organizar 15 "assembleias gerais" de
líderes adventistas e convocou mais de 130 reuniões campais nos estados da Nova
lnglaterra. Multidões acorriam para ouvir Miller falar. Dezenas de ministros
aceitaram suas opiniões e começaram a pregar sobre elas.A oposição se manifes-
tou, mas parecia servir apenas para pôr mais lenha na fogueira. Nada podia deter
o movimento miierita.3
Em janeiro de 1843, Miller havia refinado sua interpretação profética a ponto
de predizer que Cristo voltaria entre 21 de março de 1843 e 21 de março de 1844.
Isso fez aumentar o entusiasmo.Todavia, o dia 21 de março de 1844 veio e se foi,
AS F{AÍZES MILERllÁS DÃ DOLITRINA D0 JÜIZ0 lNVEST]6AT]VO
e jesus não voltou. Miller e seus seguidores ficaram confusos e desapontados, mas
continuaram a crer que a vinda de Jesus estava muito próxima.
Então, nos últimos dias de agosto de 1844, chegaram notícias eletrizantes.
Samuel S. Snow, até então um pregador milerita relativamente desconhecido, pas-
sara vários dias em uma reunião campal em Exeter, New Hampshire, explicando
a relação entre a "purificação do santuário" de Daniel 8:14 e o dia da expiação de
Hebreus, que também envolvia a "purificação do santuário" (ver Lv 16). Ele disse
que Daniel 8:14 predizia o tempo em que o antítipo do dia da expiação judaico
seria cumprido, ou seja, a segunda vinda de Cristo.
Snow foi além e argumentou que a morte de Jesus cumpriu a Páscoa judaica,
pois Cristo morreu #o mcsmo dí.cz dessa festa do ano religioso judaico. 0 derrama-
mento do Espírito Santo no dia do Pentecostes (ver At 2) também ocorreu #o mesmo
d!`4 dessa celebração no calendário religioso judaico. 0 estudioso concluiu que, da
mesma maneira, o Dia de Expiação da era do Novo Testamento, com sua "purifica-
ção do santuário", deveria se cumprir Ím mcsmo di'4 do Dia da Expiação do ano reli-
gioso judaico. Em 1844, essa festa solene ocorreria em 22 de outubro.Assim, segundo
a predição de Snow.. "]esus uirá em 22 de outubro!"
A princípio, os líderes mileritas mais importantes se opuseram a essa ideia, mas
o movimento que Snow começara se espalhou como as águas turbulentas de uma
represa que se rompeu. Houve um tremendo reavivamento. Confissões foram fei-
tas. Criminosos se entregaram para ser julgados. Pessoas venderam suas proprieda-
des e doaram o dinheiro para "a causa". Joshua Himes aceitou a data e cancelou
uma viagem à Europa a fim de imprimir cópias adicionais de suas publicações tão
rápido quanto as impressoras a vapor pudessem fazê-1o. Em 6 de outubro, o pró-
prio Miller aceitou o dia proposto. As reuniões mileritas ocorreram continuamente
durante as duas semanas que antecederam 22 de outubro, e a expectativa chegou a
níveis febris. Durante a semana f. rial, comerciantes fecharam as portas e fazendei-
ros deixaram as plantações sem colheita. No dia marcado, os crentes se reuniram em
grupos por toda a Nova lnglaterra Era o dia da volta de jesus! Muito em breve eles
estariam com o Senhor!
Entretanto, o dia 22 de outubro passou, e Jesus não veio!
0 desapontamento foi tão amargo quanto fora doce a expectativa. "Nossas mais
profundas esperanças e expectativas desmoronaram", escreveu Hiram Edson, "e um
espírito de p.ranto se abateu sobre nós como nunca antes. Parecia que a perda de
todos os amigos terrestres não podia ter comparação. Choramos e choramos, até que
o dia raiou."4
de Miller; porém, concluíram que ele chegara à data errada. Por alguns anos, esses
mileritas continuaram a estabelecer outras datas para a volta de jesus, até que se
tornou óbvio que ninguém seria capaz de calcular o dia do retorno do Senhor ao
planetaTerra, tomando como base Daniel 8:14.A maioria dos líderes do milerismo
original estava nesse grupo.
Outro grupo emergiu do desapontamento de 1844, o qual viria a se tornar a
lgreja Adventista do Sétimo Dia. Esse grupo concluiu que a data apontada estava
correta - o c4w'mco csfczwtz #o cyc#fo ocom'do #4q#c/4 oc4s!.Õo. Pelos anos seguintes, eles
estudaram e oraram até que, finalmente, chegaram à conclusão de que o dia 22 de
outubro de 1844 marcou o início do juízo investigativo. Como eles chegaram a essa
conclusão é o assunto do próximo capítulo.
` Donald G. Barnhouse, ``Are Seventh-day Adventists Christians?", Efcr#i.fy, setembro de 1956, citado por
Ford, "Damel 8:14", p. 98, itálicos do origiml de Ford.
2 Seuenth-day Aduentist Encyclopedia, s.v. "Miner,Wmia:ir-" .
3 As estimativas sobre o número de pessoas que aceitaram os ensinamentos de Guilherme Miller até outubro
de 1844 variam entre 50 mil e 500 mil. Cem mil, provavelmente, seja um número conservador. Essa conta
representa 0,5% dos 20 milhões de habitantes dos Estados Unidos em 1844, o que, à primeira vista, parece
ser uma proporção relativamente pequena. Todavia, esse percentual foi gerado em cerca de cinco anos.
Para colocar esse número em perspectiva, um movimento semelhante nos Estados Unidos de hoje teria
gerado 1,5 milhão de adeptos em apenas cinco anos. Posso assegurar que um movimento religioso dessa
magnitude atrairia muita atenção! E assim foi com o milerismo.
4 Hiram Edson, fi-agmento de um manuscrito de "Life and Experience", citado em Sct;e#fh-d4y 4dt;c#fi.sf
E#cyc/opcdi.4, s.v. "Edson, Hiram".
0 DESENVOWIMENT0 DA
DOUTRINA DO JUÍZ0
lNVESTICATIVO
Mão.caovna?sedçaod:::d:sedsemoo::à::,uotrá:as:::ér::1:t|:aq::nt::Phçaãsoe.Eoát::ddo.çeef::n::
mentos cristãos surgiram em um momento de crise de fé por parte de uma pessoa ou
de um grupo. Um dos melhores exemplos é a morte de Cristo, a qual deixou os discí-
pulos estupefatos. Poucas semanas depois, Pedro havia compreendido o suficiente sobre
a cruz, de maneira que foi capaz de pregar um sermão no dia de Pentecostes, conquis-
tando 3 ril pessoas. E o entendimento dos crentes sobre o sacrificio de]esus continuou
aumentando ao longo do período apostólico. Semelhantemente, Lutero compreen-
deu a verdade sobre a justificação pela fé ao passar por uma crise pessoal. Durante sua
vida, ele e outros líderes protestantes continuaram a desenvolvê-1a. Atualmente, conti-
nuamos crescendo em nossa compreensão sobre esse assunto.
De igual forma, seria um erro supor que o ensinamento adventista sobre o juízo
investigativo pré-advento surgiu do nada, depois do Grande Desapontamento. No
capítulo anterior, indiquei que essa doutrina teve sua origem na interpretação de
Guilherme Miner para Daniel 8:14: ``Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o san-
tuário será purificado." Contudo, foram necessários em torno de 13 anos -de 1844
a 1857 -para que o conceito básico do tema fosse desenvolvido entre os adventis-
tas. Mesmo assim, nossa compreensão sobre essa importante crença continua a cres-
cer. Farei um resumo desse desenvolvimento neste capítulo.
Porjesus não ter vindo em outubro de 1844, uma pergunta óbvia ficou na cabeça
dos adventistas que permaneceram convencidos da precisão cronológica dos cálculos
de Mfller: uma vez que os 2.300 dias não culminaram com a volta de Cristo nas nuvens
do céu, o q#c aconteceu naquela data? Vários conceitos teológicos se mesclaram duran-
te os 13 anos seguintes, e os adventistas observadores do sábado desenvolveram esses
conceitos, fomando a doutrina do juízo investigativo. Questões e objeções têm sido
levantadas sobre cada uma dessas ideias. Tratarei delas mais tarde neste livro. Por en-
quanto, compartilharei com você quatro conceitos teológicos básicos sustentados
pelos mileritas antes de 1844 e/ou pelos adventistas sabatistas logo após 1844. Essas
quatro ideias-chave se uniriam dentro de poucos anos para formar a doutrina adven-
tista acerca do juízo investigativo pré-advento no Céu.
É significativo o fato de que Miller relatou especificamente o fim dos 2.300 dias
para o julgamento, pois ele concluiu que "os números proféticos [os 2.300 dias] se
encerraram em 1844", e ``a primeira coisa que observarei é: `É vinda a hora do Seu
juízo". Entretanto, os antigos adventistas sabatistas não aderiram à significativa visão
de Miller. A Sct;e#f#-d4y 4dycí3fí.sf E#cycJopcdi`4 declara: "A julgar pelos seus escritos,
os adventistas que mais tarde formaram a lgreja Adventista do Sétimo Dia não nota-
ram a sugestão de Miller relacionando o juízo de Apocalipse 14:6 e 7 à purificação
do santuário celestial de Daniel 8:14."6 Levaria mais nove anos para que ]ohn N.
Loughborough ligasse a purificação do santuário celestial de Daniel 8:14 ao juízo
de Apocalipse 14:7. No início de 1854, ele disse: ``Qual fói a obra de purificação?
Seria a obra de purificar o santuário, adequadamente a,nunciada pela mensagem do
primeiro anjo? Em outras palavras, será uma obra de julgamento? [...] Certamente
parece que [o sumo sacerdote do santuário terrestre, no Dia da Expiação] ia efetuar
a obra de julgar."7
0bserve, contudo, a maneira cautelosa com que Loughborough falou. Ele per-
guntou se a purificação do santuário em Daniel 8: 14 podcw'¢ estar relacionada com o
juízo. Segundo ele, "parece" que sim.
0 primeiro a identificar positivamente o Dia da Expiação no santuário celes-
tial em sua relação com o juízo foi Uriah Smith. Escrevendo na 4dtJc#f Rct;í.ctv 4#d
Sabb4f# Hcr4Jd, em 2 de outubro de 1855, ele foi positivo ao declarar que "a obra
de purificação do santuário terrestre foi uma obra de julgamento".8 Note como o
autor relaciona o julgamento no Céu com o a.ntítipo do Dia da Expiação terrestre.
Depois de fazer referência a Levítico 16:33, em que se diz que, no Dia da Expiação,
o sumo sacerdote fazia expiação pelo santuário e pelo povo, Smith disse: "Isso pre-
figurava um fato solene, a saber, que no grande plano de salvação, um tempo de
decisão para a raça humana se aproxima; uma obra de expiação por meio da qual,
sendo completada, o povo de Deus, o verdadeiro lsrael, deve ser absolvido e puri-
ficado de todo pecado. [...] Lemos em Daniel 7:10 que se assentou o f/í`b#ÍmJ e se
abriram os JÍ't;ros."9
Essa correlação entre o Dia da Expiação no santuário celestial e o juízo era a
última peça do quebra-cabeça, o último dos quatro conceitos teológicos sustentados
pelos mileritas antes e/ou depois do Grande Desapontamento e que foram reuni-
dos para criar uma nova doutrina: o juízo investigativo. Assim, em 1857, os adventis-
tas sabatistas haviam desenvolvido seu ensinamento básico sobre o juízo investigativo
pré-advento, a partir desses quatro conceitos.
Oamcswhite, Aduent Rerieu) and Sabbath Herald, 29 de JaneLro de 1857, cita,ào m Seuenth-day Aduentist En-
ÇycJopcdí.4,s.v."Investigative]udgment".
0 DESEWOLVIMENT0 DA 00llTRINA D0 JÜIZO
3 Wimam Miller, carta, D4y~Sf% 8 de abril de 1845, citado na Sct;e#ÍÍ!-d4y 4dvcí£ft.sf E#q;cJopccíf'4, s.v. "Inves-
ügative]udgment."
± Seiienth-day Adventist Encyclopedia, s.v."lrNesügaüve ]udgmer\t" .
-j. N. Loughborough, 4dt;cwÍ RctJi.ct# 4wd S4Õó4fh Hcrt]ÍJ, 3 de fevereiro de 1853, citado na ScLJ€Ítf#-dqy 4dt;cm-
M|ueiioár:redneósq::ore:;:t:;erd::sC:írtílt::Sosàséc:emnaçaáa:d:::tel::::,d:a;r:srceec:S::o:o:sooS
entendimento. Objeções à doutrina adventista do juízo investigativo têm sido levan-
tadas desde 1857. É importante entender que nossos opositores nem sempre estive-
ram errados. Em alguns casos, eles apontaram aspectos doutrinários que precisavam
ser corrigidos. Isso é especialmente verdade com respeito à relação entre o juízo e a
justificação pela fé.
Críticos adventistas
Todos os críticos que menciono nas próximas páginas foram, um dia, adventis-
tas do sétimo dia. Alguns deixaram a igreja, outros não. Na maioria das vezes, aque-
les que não nos deixaram estavam convencidos de que o movimento adventista era
guiado por Deus, mesmo estando em desacordo com o que ensinávamos sobre o
juízo investigativo.
DwcJJcy C¢Í#ÍÉftf fói evangelista e escritor adventista e, por dois anos, membro do
Comitê da Associação Geral.Várias vezes, ele se aborreceu com a igreja e deixou o
ministério, retornando posteriormente. Contudo, em fevereiro de 1887, Canright
rompeu tota,lmente sua ligação com a lgreja Adventista, foi ordenado como ministro
da lgreja Batista e se tornou um "campeão' da oposição teológica aos ensinamentos
adventistas do sétimo dia".[
Em 1889, Canright publicou o livro Sct;eítfÁ-Dczy 4dtJc#fí.sm Rc#ow#ccd [0 Adven-
tismo do Sétimo Dia Renunciado], que ainda é uma obra clássica contra a denomina-
Ção. Pelo menos a metade desse livro de 416 páginas é dedicada a argumentos contra
o sábado. No capítulo "0 Santuário", o autor não trata de nada sobre o juízo investi-
gativo. Em vez disso, suas objeções se concentram tão somente no conceito adventista
de que, desde 1844, Cristo vem efetuando um ministério singular no lugar santíssimo
do santuário cçlestial. Seu raciocínio é que, de acordo com Hebreus, ``inil e oitocentos
anos atrás, [Cristo] foi diretamente para a destra de Deus e Se sentou em Seu trono2
(Hb 8: 1). Portanto, Ele deve ter entrado no santíssimo naquela ocasião, não em 1844".3
E//cf J. W¢ggo#cr é mais conhecido no adventismo por haver chamado nossa
atenção para a verdade bíblica da justificação pela fé. Ele e Alonzo T. Jones foram
os principais oradores de um instituto ministerial que precedeu a assembleia da
Associação Geral de 1888.Waggoner fàlou sobre a lei em Gálatas, livro que foi usado
por ele para embasar uma extensa apresentação sobre a justificação pela fé. Naquele
tempo, Ellen White deu um forte apoio ao entendimento do jovem pregador sobre
o tema. Infelizmente, durante o ano de 1890,Waggoner ingressou em uma forma de
perfeccionismo extremo, afirmando que a perfeição absoluta da última geração de
santos vindicaria o caráter de Deus.4
Ele confiontou pelo menos dois aspectos do ensinamento adventista sobre o juízo
investigativo. 0 primeiro foi a ideia do pecado de uma pessoa ser transferido para o
santuário celestial. Com o argumento de que "o pecado não é uma entidade, senão
uma condição que só pode existir em uma pessoa", ele concluiu que "é impossível que
haja algo como a transferência de pecados para o santuário no Céu, contaminando,
dessa forma, aquele lugar".5 Waggoner disse ainda que "consequentemente, não
poderia haver algo como a `purificação do santuário celestial' nem em 1844, nem
em nenhum outro tempo". A partir desse pensamento, ele concluiu que 1844 "não
teve nenhum fundamento [na Bíblia]", e simplesmente descartou tudo isso.6
0utro aspecto da doutrim do juízo investigativo seriamente confiontado por
Waggoner foi nossa interpretação dos 2.300 dias em Daniel 8:14 como sendo 2.300
anos.7 0 autor argumentou que as palavras, no hebraico, queriam dizer 2.300 f4~dcs-
Íw4#hõs, não 2.300 dí.cÜ. Disse ele: "Existe uma palavra em hebraico que em todos os
lugares é traduzida como `dia', e ela é a única para `dia' em toda a Escritura em hebraico.
Nunca lhe ocorreu se perguntar por que se deveria fazer uma exceção aqui?"8
Em 1891,Waggoner havia abandonado a crença nos aspectos básicos da doutrina
do juízo investigativo,9 muito embora continuasse trabalhando para a igreja por pelo
menos mais dez anos.
A/bi'oÍc F 84JJc#gc/ foi um pastor adventista do sétimo dia na virada do século
19 para o século 20. Por algum tempo, entre 1890 e 1900, serviu como secretá-
rio da Associação Nacional de Liberdade Religiosa, que foi a precursora do atual
Departamento de Relações Públicas e Liberdade Religiosa da Associação Geral. Em
1900, Ballenger foi chamado para servir a igreja nas llhas Britânicas, tornando-se, por
algum tempo, o superintendente da Missão lrlandesa.
Durante esse período, Ballenger desenvolveu algumas ideias sobre o santuário, as
quais eram inaceitáveis para a igreja.í° Um de seus principais argumentos era que
Cristo ministrou no primeiro compartimento do santuário celestial por milhares
de anos, antes de 31 d.C. 0 ministro também concordava com Canright que, de
acordo com Hebreus, Cristo entrou no segundo compartimento do santuário celes-
tial quando ascendeu ao Céu, não em 1844. Todavia, ele ainda acreditava em um
julgamento iniciado em 1844. Ballenger só não achava que essejulgamento estivesse
relacionado com os santos.11
Ele publicou úm livro intitulado Cc]sf Owf/oÍ Íhc Cross o/Cwsf [Banido Pela Cruz
de Cristo], e, por volta de 1914, iniciou a publicação de uma revista chamada T7!c
G4f#c#.#g C4JJ [0 Chamado Para a Reunião] , como meio de atrair a atenção da igreja
para suas ideias.A denominação publicou uma resposta a Ballenger em 1911 -o 1ivro
4 Morc Excc/Jcícf MÍ.#£.sf/y [Um Ministério de Maior Excelência], escrito pelo admi-
nistrador da igreja Elmer E. Andross.
74?14? FJcfchcr era um australiano que serviu a igreja na Austrália e no sul da Ásia
como colportor, evangelista e professor de religião por quase 30 anos. Ele deixou o
adventismo em 1930 por discordar da doutrina do santuário e do juízo investigativo.í2
i NA CORTE CELESTIÀL
Embora Fletcher não tivesse adotado as visões de Bauenger sobre o santuário, ele
concordava plenamente que Hebreus colocava Cristo no lugar santíssimo do santuá-
rio celestial em 31 d.C. Isso, dizia ele, negava o entendimento adventista de umjuízo
investigativo que começou no Céú em 1844 como o antítipo do Dia da Expiação
terrestre. Ele também entendia que o espargir do sangue sacrifical sobre o altar e
perante o véu no santuário do Antigo Testamento representava a expiação do pecado,
não sua transferência para o santuário.
Infelizmente, quando Fletcher deixou a denominação, muitos pastores e membros
da igreja na Austrália saíram com ele.
Lowi.s R. Co#rfldí. era alemão e liderou a lgreja Adventista na Europa durante os
últimos anos do século 19 e os primeiros 25 anos do século 20. Ele ficou incomo-
dado com a interpretação adventista de Daniel 8:9 a 14.]3 0s versos 10 a 12 descre-
vem o ataque do chifie pequeno ao povo de Deus e ao santuário. No verso 13, um
"santo" pergunta para outro "santo" por quanto tempo aquela situação iria continuar,
e o verso 14 dá a resposta: "Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário
será purificado." De acordo com a interpretação adventista, a purificação do santuá-
rio representa a maneira de Deus lidar com os pecados dos santos, mas os versos 10
a 12 indicam que são os pecados do chifre pequeno que contaminam o santuário.t4
Conradi também refutou a visão adventista de que Cristo entrou no lugar santissimo
do santuário celestial em 1844; pois, de acordo com Hebreus, Ele entrou nesse com-
partimento em Sua ascensão. Principalmente por causa de suas objeções à doutrina
adventista do santuário e ao juízo investigativo, Conradi deixou a lgreja Adventista
em 1932, unindo-se aos batistas do sétimo dia.
Cottrel assegurou que ]esus não estabeleceu Seu reino eterno quando esteve na
Terra, 2 mil anos atrás. Contudo, isso não 1he preocupava, pois acreditava que as pro-
fecias de Daniel eram condicionais a uma resposta positiva do povo judeu. Desse
modo, quando os judeus rejeitaram a Cristo, essas profecias perderam seu significado
como previsoras da história humana.
Apesar de tudo, Cottrel afirmava ter plena confiança no entendimento adven-
tista do santuário e do juízo investigativo. Ele se baseava na teoria de que Deus teria
dado uma revel?Ção especial a Seu povo em três eras: (1) de Abraão até Cristo, (2) de
Cristo até 1844, e (3) de 1844 até a segunda vinda. Cada revelação respectiva a uma
dessas eras está construída sobre os pw.m'p!.os declarados na linguagem das revela-
ções da.s eras anteriores. Os profetas de cada era, dizia Cottrel, citavam as Escrituras
das eras prévias; mas, frequentemente, interpretavam os profetas das eras prévias de
maneiras muito inconsistentes com aquilo que o texto original de fato significava
no contexto de sua situação histórica." 0 estudioso, então, argumentou que Ellen
White era a profetisa de Deus para a era adventista, e, muito embora Daniel 8:14
nada tivesse que ver com o antítipo do Dia da Expiação ou 1844, essas interpreta-
ções era:m vãlída.s pa.rav av era. a.dverLtístav simplesmente porque Ellen White assim afirmou.
Cottrel nunca chegou a deixar a lgreja Adventista; mas, durante boa parte da
segunda metade do século 20, foi um crítico dos pontos de vista, da igreja. Durante a
maior parte desse tempo, compartilhou suas opiniões apenas em círculos mais restri-
tos de teólogos denominacionais. Ele não as discutiu em público até a aposentadoria.
Cottrel fàleceu em 2003.
Dcsmo#d Fo"d foi professor no Departamento de Religião do Avondale College,
na Austrália, durante a maior parte da segunda metade do século 20. Ele escreveu
numerosos artigos sobre Daniel,juízo investigativo e assuntos afins -todos apoiando
a posição da igreja, o que se percebe também em seu livro D4#!'c/, publicado em 1978.
Ao final dos anos 70, Ford foi para o Pacific Union College (PUC), m Califórnia,
como professor em um programa de intercâmbio. Em 1979, ainda no PUC, ele fez
uma apresentação para o Fórum Adventista na qua] confrontou duramente a inter-
pretação adventista dos 2.300 dias. Como resultado, foi-1he solicitado que declinasse
de sua posição, e a Associação Geral 1he deu vários meses para que preparasse um
documento defendendo seus pontos de vista. 0 estudioso apresentou o documento
em uma reunião de teólogos e admjnistradores adventistas no acampamento de verão
Glacierview, da Associação de Rocky Mountain, em agosto de 1980. Na conclusão
do encontro, os delegados rejeitaram os pontos de vista de Ford, e a igreja revogou
suas credenciais ministeriais.
Ele permaneceu na América do Norte por vários anos após os eventos de Glacier
View, apresentando seus pontos de vista em pequenas reuniões de adventistas e
ex-adventistas. Mais tarde, porém, retornou à Austrália, onde por algum tempo lecionou
em um seminário batista. Atualmente, exerce seu pastorado no miiiistério Good News
Unlimited, em Brisbane.
Ford é, sem dúvida, o crítico mais minucioso da visão adventista a respeito do san-
tuário, do juízo investigativo e de questões afins. 0 documento que ele apresentou
em Glacierview consiste de quase 700 párinas, e o apêndice ocupa mais 300, resul-
tando em um total de quase mil páginas.í9 Ele questiona especialmente nossa inter-
pretação de Daniel 8:14, o santuário em Hebreus e o princípio dia-ano.
No capítulo 2 (de quase 120 páginas) do manuscrito de Glacier view, Ford
discute o santuário em Hebreus. Ele entende que o antitípico Dia da Expiação é
o tema básico do livro, e considera que esse evento teve início em 31 d.C., não em
1844. 0 capítulo 3 diz que os adventistas têm problemas com o livro de Daniel,
especialmentç com a interpretação dos chifres pequenos dos capítulos 7 e s e com
a explicação da purificação do santuário em Daniel 8:14. Ele considera Antíoco IV
Epifânio o principal cumprimento dos chifres. Ford também confronta duramente o
princípio dia-ano para interpretar as profecias temporais de Daniel e Apocalipse. Em
vez disso, ele propõe o que chama de "princípio apotelesmático", que declara que
as profecias de Daniel e Apocalipse têm vários cumprimentos ao longo da história.
Walter R. Martin
Mencionarei um crítico não adventista de nossa doutrina sobre o santuário:Wálter
R. Martin, que, junto a Donald G. Barnhouse, editor da revista Efc/#í'fy, contatou
OS CRÍTICOS DA DOUTRINA D0 JUÍZO
líderes adventistas da Associação Geral na metade dos anos 1950. Protestante, ele
foi um estudioso do que chamava de seitas americanas: o mormonismo, a Ciência
Cristã, as testemunhas de ]eová e os adventistas de sétimo dia. Por solicitação da edi-
tora Zondervan, Martin passou a escrever um livro sobre cada uma delas. Ele abordou
Hderes de cada grupo pedindo que discutissem todos os aspectos de suas doutrinas
com ele e que respondessem a suas perguntas. Os líderes adventistas foram os úni-
cos que não apenas aceitaram, mas também agradeceram a oportunidade. As reuniões
ocorreram ao longo de quase dois anos.2°
No tempo em que Martin contatou a liderança adventista, ele era da opinião
de que a denominação deveria ser incluída na categoria de seitas não cristãs,junto
aos mórmons, cientistas cristãos e testemunhas de ]eová. Entretanto, depois de
um cuidadoso exame de nossa literatura e uma aprofundada discussão com líderes
adventistas, ele ficou convencido de que a igreja estava em harmonia com os ensina-
mentos mais importantes do cristianismo ortodoxo: as doutrinas sobre Deus, a expia-
Ção, a justificação pela fé e assim por diante. Martin afirmou isso em um livro, T7%
rmíh 4bo#f Sct/c#fh-d4y 4dt;c#fi.sm [Averdade Sobre o Adventismo do Sétimo Dia],
publicado pela Zondervan em 1960. Seu colega, David G. Barnhouse, disse o mesmo
em um artigo para a Efcrí%.fy, que resultou, para a revista, na perda de um número
significativo de assinantes. Barnhouse declarou no prólogo do livro de Martin que
•`os adventistas do sétimo dia são um grupo verdadeiramente cristão, em vez de
uma seita anticristã", e os membros adventistas que aceitam a doutrina da igreja da
maneira apresentada pela liderança da denominação "dcyem 5cr co#sí'dc#tido5 como t;c~d4-
deiros membros do corpo de Cristo" .21
Desde então, a lgreja Adventista cada vez mais tem sido vista com respeito por
outros protestantes. Alguns adventistas têm questionado se isso seria apropriado, tal-
vez com base no pensamento de que esse apreço, de alguma forma, signifique uma
diluição das nossas doutrinas. 0 fato é que, nos aspectos básicos da fé cristã (a natu-
reza de Deus e de Cristo, a expiação e ajustificação pela fê) os adventistas do sétimo
dia são totalmente ortodoxos e não merecem ser colocados m mesma categoria de
algumas das demais organizações religiosas.
que pareciam não se relacionar com o contexto da passagem original. Por exemplo, em Mateus 2:18, o
escritor do evangelho aplicou a profecia de jeremias 31:15, sobre o pranto de Raquel por seus filhos, à
matança dos bebês do sexo masculino efetuada por Herodes em Belém. Obviamente, ]ererias não sabia
nada sobre esse trágico evento, mas o contexto ampliado tanto de Mateus 2:18 como de ]ereinias 31:15
de fato justific? a interpretação de Mateus. Para miores informações, ver o artigo de Richard Davidson
"New Testament Use of the Old Testament", disponível em: <http://www.andrews.edu/~davidson/Pu-
bli cations/Messianic%20Prophecies/ NT_use_of_the_OTpdí. > ; ver também: Comen fári.o Bi'bJi.co .4 dt/c#fi'sÍ4
do Sétimo Dia, v. 5, p. 298, 299 .
t9 Em preparação para escrever este livro, li uma vez todo o corpo principal desse documento, e, várias vezes,
algumas partes dele.
2°Ver Questões sobre Doutrina, p. 7 , 8.
2] Walter R. Martin, 77ic r"/À Abo#f Scvc#Íhd4y 4dvc#fi.sm, p. 7, itálicos acrescentados.
22 Para uma lista desses livros, ver a nota de rodapé 6 da página 15.
23 Todos os livros de Goldstein foram publicados pela Pacific Press: Í844 il4:4dc Sf."p/c,1988; F4Jsc 84/4mccs,
1992.. Graf f iti in the Hoty of Holies, 2003.
OUESTÕES EM DANIEL 7
PRINCÍPI0S PARA A
INTERPRETAÇÃO DAS
PROFECIAS DE DANIEL
Taddoooe:uàsaanb|:Tàsosno,burdeo?:suípzrooi::|easstlã:tlE:ne|Set|á,eeEp:r.aaT|dpesemeesç:::,S:umn::=à::
de dúvida, entre as partes da Bíblia mais desafiadoras de se entender. Por essa razão,
antes de mergulhar no livro de Daniel, precisamos considerar três questões que afe-
tarão significativamente a maneira de interpretar esse livro.
sonho representa apenas os quatro reis de Babilônia não se encaixa com os pés de
í-erro misturado com barro.
0 fato de que o estabelecimento do reino eterno de Deus ainda está no fiituro e
de que os detalhes do sonho de Nabucodonosor se encaixam tão claramente na his-
[ória mundíal desde seus dias são fortes evidências de que o método historicista de
in[erpretar as profecias de Daniel é preferível ao método preterista. Seria impossível
chegar ao entendimento adventista do juízo investigativo usando o preterismo.
0 méfodo/wfíwJ.J/cz. Os futuristas também entendem que as profecias de Daniel têm
im cumprimento histórico, e, muito provavelmente, concordem com a interpreta-
Çáo de Daniel 2 dos historicistas que apresentei aqui. A diferença está em sua inter-
pretação de Daniel 7 e 8. Os futuristas aplicam os poderes perseguidores desses dois
cipítulos - os dois "chifres pequenos" -a um anticristo do tempo do fim, durante a
ribulação (a que os adventistas se referem como "o tempo de angústia"), em vez de
i um papado da era medieval.Assim, há um enorme período durante a ldade Média
sobre o qual, na opinião deles, as profecias de Daniel não fàlam nada.3 Discutirei
Dmiel 7 e s em detalhes na sequência deste livro. Por isso, não comentarei mais sobre
csscs capítulos aqui, exceto para dizer que o método futurista também descarta o
cntendimento adventista do juízo investigativo.
3. 0 princípio dia-ano
0 terceiro item importante ao buscarmos interpretar as profecias de Daniel é conhe-
cido como "princípio dia-ano". De acordo com esse conceito, na profecia bíblica,
um dia simbólico representa um ano literal. Daniel 7, 8 e 9 contêm um período de
tempo simbólico que os adventistas interpretam de acordo com esse princípio.
Creio que existe uma sólida base bíblica para o princípio dia-ano. Será mais Íácil
para mim, porém, comentar sobre isso depois de examinarmos os detalhes de Daniel
7, 8 e 9. Enquanto não o fazemos, interpretarei esses períodos de tempo de acordo
com o princípio dia-ano, sem tentar substanciá-lo a partir da Bíblia. Os que desejam
ver o que tenho a dizer sobre o assunto antes de ler minha explicação sobre Daniel 7
a 9 poderão ir ao capítulo 27 deste livro.
A:|aadâ:1à:Sa|tsê:ã:n:::P.rne,tearde:s:Sd:sr.oufi:|Crlanse:,ee:varnol.e#ees:aorlaasç.aiTpar:::::::smp:le::
tar atenção a uma interpretação que é largamente aceita atualmente: a de que o
chifie pequeno de Daniel 8:9 a 12 representa um rei selêucida chamado Antíoco
IV Epifânio. Esse ponto de vista foi adotado tanto por Desmond Ford como por
Raymond Cottrelt. Expositores adventistas conservadores, porém, têm interpretado
historicamente os chifres pequenos, tanto de Daniel 7 quanto de Daniel 8, como
representantes do papado. Neste capítulo, explicarei a suposta relação de Antíoco com
esses chifres e por que a rejeito.
0 "chifte pequeno
Em seguida, Daniel viu algo muito estranho: "E de uma delas", disse ele, "saiu uma
ponta mui pequena, a qual cresceu muito para o meio-dia, e para o oriente, e para a
terra formosa" (v. 9,ARC). Note que Daniel disse que esse chifie ®equeno) saiu "de
uma delas". Quem são "elas"?Vúios intérpretes entendem que esse termo é uma refe-
rência aos quatro chifies - o que significaria, naturalmente, que o ``chifie pequeno"
(ou "ponta pequena", ARC) saiu de um dos quatro chifi-es do bode.Voltaremos a essa
questão crucial no capítulo 12 deste livro.
Entretanto, o "chifre pequeno" não permaneceu pequeno por muito tempo.
Daniel disse que ele "cresceu muito". Tendo conquistado grandeza, ele se enfure-
ceu. 0 profeta disse que o chifre "cresceu até atingir o exército dos céus; a alguns do
exército e das estrelas lançou por terra e os pisou. Sim, engrandeceu-se até ao prín-
cipe do exército; dele tirou o sacrificio diário e o lugar do seu santuário foi deitado
abaixo" (v.10,11).
Note a quem se dirigiam os ataques do chifi.e pequeno:
• Ao exército e às estrelas
• Ao príncipe do exército
• Ao santuário
• Aos rituais do santuário
Acho que não é arriscado dizer que a maioria dos intérpretes entende que as
estrelas e o exército são uma referência ao povo de Deus, e que o chifi-e os pisoteando
significa sua ação de persegui-lo. 0 chifie também atacou o "príncipe do exército".
Algumas traduções recentes da Bíblia trazem a palavra p#'Í%ÍÍ% com "P" maiúsculo,
sugerindo a. divindade desse ser (ver, por exemplo, a NAS82 e NKjv).
Os dois últimos alvos do ataque do chifre foram o santuário e seus rituais. Isso
é muito importante porque significa que ele atacou o centro de adoração a Deus.
0 mais trágico nisso é que o chifre teve êxito -o verso 12 diz que ele "prosperou".
Esses ataques aos santos de Deus, ao príncipe e ao sistema sacrifical naturalmente
levantam a pergunta sobre quando essa terrível condição chegaria ao fim. De fato, é
isso que o verso 13 pergunta: ``Depois, ouvi um santo que fàlava; e disse outro santo
àquele que fdava: Até quando durará a visão do sacrificio diário e da transgressão
assoladora, visão na qual é entregue o santuário e o exército, a fim de serem pisados?"
E é dada a resposta:"Até duas riiil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será puri-
ficado" (v.14).
A pergunta é: 0 que esse chifie representa? Como a maioria dos intérpretes atuais
entende que ele representa o rei selêucida, Antíoco IV Epifânio, apresentarei um
pouco de sua história.
Ouem foi Antíoco lv Epifânio?
Antíoco reinou sobre o que é conhecido como o império selêucida, uma das qua-
tro seções em que foi dividido o império grego após a morte de Alexandre, o Grande.
Ele governou por 11 anos -de 175 a.C. até sua morte, em 164. Seu império consis-
tia em grande parte da Síria e ]udeia.
Uma das ambições de Antíoco era forçar os judeus a adotar a cultura secular grega,
ou seja, ser ``helenizados" (do termo grego Hc/J4s, nome utilizado pelos gregos para
seu império). Alguns judeus eram favoráveis à helenização, mas outros, os conserva-
dores, eram ferrenhos opositores. Antíoco apontou um homem chamado Menelau,
t-avorável à helenizaçâo, como sumo sacerdote no templo em ]erusalém. Os judeus
conservadores resistiram fortemcmte a Menelau, e, enquanto o rei estava em uma
campanha militar no Egito, eles se amotinaram e forçaram o sumo sacerdote a fugir
de ]erusalém.Ao voltar do Egito,Antíoco executou os líderes do motim, erigiu uma
imagem do deus grego Zeus no pátio do templo dejerusalém e sacrificou um porco
no altar de sacrificio.Também proibiu os judeus de oferecer seus sacrificios, baniu os
sábados e dias de festas e tornou ilegal o rito da circuncisão.A imagem de Zeus ficou
erguida por quase três anos.
Horrorizados pelo banimento de sua religião e pela profanação do templo, os
judeus se uniram sob a liderança de um homem chamado Juda,s Macabeus, que orga-
nizou um exército para lutar contra Antíoco e os selêucidas. Os livros apócrifos de
Macabeus contam a história da guerra contra os selêucidas. Os macabeus derrotaram
Antíoco e, três anos depois do dia em que Antíoco levantou a imagem de Zeus, eles
o expulsaram de ]erusalém, purificaram ritualmente o templo e restabeleceram a reli-
gião judaica conservadora. Com a derrota do rei, os judeus desfrutaram cerca de cem
anos de independência, seu único período de liberdade desde o cativeiro babilônico.
Essa condição foi interrompida pelos romanos em 63 a.C.
Atualmente, a maioria dos eruditos bíblicos, tanto liberais quanto conservadores,
entendem que o chifre pequeno de Daniel 8:9 a 12 representa Antíoco IV Epifânio.
E as semelhanças são impressionantes. 0 chifie pequeno aparenta brotar de um dos
quatro chifres que substituíram o grande chifie entre os olhos do bode, e Antíoco
era um rei do império selêucida, que era uma das quatro divisões do império de
Alexandre. A visão de Daniel também se encaixa com o ataque de Antíoco ao povo
judeu (as "estrelas" e o "exército" da visão de Daniel), seu santuário e o banimento -
a retirada - de seus sacrificios. Essa é, de longe, a interpretação mais aceita em rela-
ção ao chifie da visão do capítulo s de Daniel. Qualquer observador razoável pode
entender por que essa interpretação faz sentido para tantas pessoas. Contudo, ela tam-
bém tem problemas significativos, os quais veremos a seguir.
soõrcmcg#e!.rtz", e o verso 9 revela que o chifre pequeno "crescc# m#Í'fo" (itálicos acres-
centados). Note a progressão: de ``se engrandecia" para "se engrandeceu sobrema-
neira" e para ``cresceu muito". A Medo-Pérsia, representada pelo carneiro, era um
grande império. A Grécia, representada pelo bode, era um império ainda maior - e
não foi por outra razão que ele conquistou a Medo-Pérsia. Entretanto, o maior de
todos os poderes era o chifre pequeno.
Antíoco simplesmente não se encaixa nessa descrição. Seu reino não era maior
do que a Medo-Pérsia e a Grécia. Ele era um rei sem muita importância, de uma das
quatro divisões do império grego de Alexandre.
2. 0 crcscí`mc#fo do cftfrc. Quando Antíoco começou seu reinado, o império selêu-
cida incluía a Síria e ajudeia. Daniel 8:9 diz que o chifre "se tornou muito forte para
o 5#/, para o or!.c#fc e para a fcrrt2 g/ort'os4" (itálicos acrescentados). A maioria dos intér-
pretes entende a expressão "terra doriosa" como uma referência à terra dos judeus,
isto é, a Judeia. No entanto, se Antíoco reinava sobre essa região no tempo em que
começou seu reinado, então seria incorreto dizer que ele c/cscc% naquela direção. Na
verdade, os macabeus reconquistaram a Judeia e expulsaram Antíoco. Assim, longe de
crcsccr naquela direção, esse rei já havia pcntí€.do esse território no tempo de sua morte!
Dariel também disse que o chifre pequeno cresceu na direção do sul e do oriente.
Antíoco, de fato, conduziu uma campanha militar contra o Egito, que está ao sul da
Síria, mas fói uma campanha muito curta. Ele retornou à Judeia, derrotado pelos
romanos, sem travar nem mesmo uma batalha! Quanto ao oriente, o império selêu-
cida havia se estendido até a Índia, mas os antecessores de Antíoco perderam o con-
trole daquela região. Antíoco tentou reconquistá-1a, mas seu êxito foi apenas parcial.
Assim, ele não cresceu nas direções mencionadas por Daniel.
3. 0 4f4q%c do c#frc cm Jc]#Í#árí.o. Da,niel 8:11 diz: "[0 chifre] tirou o sacrificio diá-
rio e o lugar do seu santuário foi deitado abaixo."Antíoco, de fato, deu um fim aos
sacrificios e a outros serviços no templo de ]erusalém. Contudo, ele não "deitou
abaixo o lugar do Seu santuário". A palavra "1ugar" vem do hebraico mcíkot##, que
significa "alicerce". A fim de cumprir essa parte da predição profêtica, Antíoco teria
de destruir o próprio santuário: a estrutura, a edificação, mas ele não fez isso. No que
diz respeito ao relato histórico, o rei deixou o templo intacto.
4. Os 2.300 di'4s. Daniel 8:14 dá um tempo específico ao período de 2.300 tar-
des e manhãs, depois do qual, o santuário seria restaurado. Interpretados como 2.300
dí'cz5 1iterais, iss.o representa um período de 6,3 anos, mas a profanação do templo de
]erusalém por Antíoco durou três anos, que são apenas 1.095 dias, não 2.300.
Em um esfórço para fazer com que o número 2.300 se encaixe nos fàtos da histó-
ria, muitos intérpretes presumem que as palavras ``tardes" e "manhãs" se referem aos
sacrificios da, tarde e manhã, e contam cada sacrificio separadamente. Duas ril e tre-
zentas tardes e manhãs correspondem a 1.150 dias, o que fica mais perto do período
de tempo em que o santuário de jerusalém permaneceu profanado. Entretanto, isso
significa 55 dias a mais do que 1.095 dias.Assim, essa parte da profécia de Daniel não
se alinha com os fatos históricos do ataque de Antíoco ao templo de]erusalém. Isso é
especialmente significativo, tendo em vista que os intérpretes preteristas afirmam que
ANTÍOC0 EPIFÂNIO
o livro foi escrito em meados do 2Q século a.C. Nesse caso, um autor que escrevesse
mquele período certamente saberia a quantidade exata de tempo em que o santuá-
rio ficou desolado, e teria mencionado o tempo com maior precisão.
J. 0 c##c c o fcmpo doJ3m. Quando Gabriel intepretou a visão do capítulo 8, uma das
primeiras coisas que ele disse para Daniel é que "esta visão se refere ao tempo do fiin"
(v.17). 0 verso 19 diz: "Esta visão se refere ao tempo deterininado do fim."Assim, o anjo
disse duas vezes para o profeta que sua visão no capítulo s devia se estender até o tempo do
fim. Dificilmente, porém, os tiiês anos da profanação do templo de ]erusalém por Antíoco
se estenderiam até o tempo do fim!
6. 0 po#oít2mci compJcfo. Uma das minhas mais significativas objeções à interpreta-
ção de Antíoco Epifânio é que as visões tanto de Daniel 7 quanto de Daniel s des-
crevem o conflito universal entre o bem e o mal e sua solução, o que os adventistas
tém tradicionalmente chamado de ``o grande conflito". Isso fica evidente pelo fato de
Daniel 7 mostrar Deus efetuando o julgamento do animal terrível e espantoso e de
s€u chifre pequeno, destruindo-os e estabelecendo, no lugar deles, Seu reino eterno.
Isso descreve o processo pelo qual Deus dará fm à história do pecado. Obviamente,
Daniel 7 e s não se referem às atividades de Antíoco IV Epifânio, que era, afinal, ape-
ms um ator de menor importância nesse drama.
Os seis problemas com a interpretação Antíoco que compartilhei com você
neste capítulo estão entre as ra.zões pelas qua,is os adventistas do sétimo dia rejeitam
Antíoco IV Epifânio como o chifi.e pequeno de Daniel 8.
mente em Daniel
0entendimento 7. Os capítulos
adventista s e 9 acrescentam
do juízo investigativo informações importantes,
está fundamentado principal-
que dependem do capítulo 7 para o conceito básico dejuízo. Neste e nos próxi-
mos capítulos deste livro, discutirei várias questões que os adventistas do sétimo
dia têm levantado sobre o juízo em Daniel 7.
A primeira questão é sobre o momento em que o juízo deverá ocorrer, em
relação à segunda vinda de Cristo. Os adventistas creem que ele deverá começar
em algum momento ¢Ítícs da segunda vinda de Jesus, e Daniel 7 é uma das prin-
cipais evidências para essa conclusão. Acho que não é arriscado dizer, porém,
que a maioria dos cristãos acredita que o juízo final ocorrerá Ím segunda vinda
de Cristo, e eles fazem objeção ao nosso conceito de um juízo no Céu, ini-
ciado algum tempo 4#fcs do retorno de Jesus. Em anos recentes, Desmond Ford
tem desafiado nosso ponto de vista de um juízo investigativo no Céu anterior
ao advento.
Perto do fim deste capítulo, comentarei rapidamente sobre uma segunda ques-
tão: a objeção de que 160 anos é tempo demais para o juízo final. Ele não precisa de
tanto tempo assim para fazer o que quer fazer. Contudo, antes de entrar nessas ques-
tões, vamos dar uma rápida olhada na visão de Daniel 7.
Ao Filho do Homem é dado domínio sobre os reinos do mundo (ver v.14). Isso,
em resumo, é a visão do capítulo 7 de Daniel.
Aqui está um esboço da visão:
Símbolo Cumt}rimento
Leão Babilónia
Urso Medo-Pérsia
Leopardo Grécia
Animal terrível e espantoso Roma
Os dez chifres Nações europeias
Chifre pequeno Papado
Juízo
Filho do Homem
Reinos do mundo dados ao
Filho do Homem
Note que os três últimos itens da lista não estão representados por símbolos. Daniel
os descreveu literalmente.
O juízo em Daniel 7
Nossa atenção está no juízo e na ação de dar os reinos do mundo para o Filho do
Homem nos versos 9 a 14. Precisamos, então, passar algum tempo examinando essa
parte da visão. Os versos 9 e 10 nos dão um retrato vívido dojulgamento:
Continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e o Ancião de Dias Se
assentou; Sua veste era branca como a neve, e os cabelos da cabeça, como a pura
lã; o Seu trono eram chamas de fogo, e suas rodas eram fogo ardente. Um rio de
fogo manava e saía de diante dele; nrilhares de milhares 0 serviam, e miríades
de rniríades estavam diante Dele; assentou-se o tribunal, e se abriram os livros.
0 verso 9 começa com Daniel vendo ``tronos", no plural, sendo postos. 0 que são
csses tronos e para que propósito servem?
Do verso 10 em diante, notamos que a cena é a de umjulgamento, e o que aparen-
temente estamo5 vendo na primeira parte do verso 9 é a preparação da corte para o
processo judicial que virá a seguir. Daniel diz que, estando preparada a corte,"o Ancião
de Dias Se assentou". Seu trono é descrito como se tivesse "rodas [de] fogo ardente".
No livro Esfwdos Sc/ccí.oÍ%d" cm J#f€rp/€f¢fõo Pro/éfí.c4,William Shea diz: "[. „] esta des-
crição realça a ideia de movimento sobre o cenário de atividade. [...] A dedução é que
foi por meio de alguma espécie de locomoção relacionada com essas rodas que, assen-
tado sobre Seu trono, Deus entrou na câmara de audiência quando Se encontrou com
Sua hoste angélica."í lsso sugere uma abertura formal de uma sessão dejúri.
Também é possível que, como nos tribunais de hoje, a hoste de anjos tenha se levan-
tado quando o Ancião de Dias entrou, pois, o verso 10 diz que os ririlhões de anjos
CELESTIÀL
estavam em pé2 diante Dele. Shea comenta que "talvez a ênfase não esteja tanto sobre
as hostes que estão diante de Deus quanto sobre seu levantamento para demonstrar sua
honra e respeito por Ele ao chegar em Seu trono-carruagem".3
0 verso 10 ainda diz que ``assentou-se o tribunal". Em outras palavias, quando o juiz
tomou seu lugar na corte, todos os demais se assentaram. Isso também ezplica a razão para
o uso do plural para os "tronos" que foram postos. Foi nesses tronos que os milhões de
anjos que estavam ao redor do Ancião de Dias se assentaram.
Agora, o verdadeiro propósito dessa sessão de júri fica aparente: os livros foram
abertos. Parece óbvio que as decisões da corte serão baseadas nas informações con-
tidas nesses livros. Terei mais a dizer sobre os livros mais tarde, neste capítulo. Nossa
primeira pergunta sobre esse julgamento é: Quando ele ocorre?
Na citação acima, Ford diz duas coisas que clarificam seu conceito de um
juízo pré-adv.ento. Para ele, "a verdade do julgamento pré-advento" é que "desti-
nos estão sendo julgados e selados enquanto Cristo ainda é o sumo sacerdote lá
no alto". De acordo com Ford, o juízo pré-advento ocorre sempre que Jesus toma
uma decisão a respeito do destino de alguma pessoa como parte de Seu ministé-
rio como sumo sacerdote; pois, "em cada ponto de Sua intercessão, Cristo sabe se
os professos crentes estão verdadeiramente com Ele". Ford também faz referên-
cia a 1 Coríntios 4:4, que diz: "Porque de nada me argui a consciência; contudo,
nem por isso me dou porjustificado, pois quem me julga é o Senhor." Ford, então,
diz que o texto "fala de um juízo pré-advento de todos, feito por nosso Senhor."
A HORA D0 JUÍZ0 EM
Portanto, para o autor, o juízo pré-advento é efetuado por Deus durante a vida de
[odos os seres humanos.
Assim como outros cristãos, Ford também fala de um julgamento que ocorrerá
por ocasião da segunda vinda de Cristo. Ele diz: "É verdade que o julgamento sobre
o qual as Escrituras falam vindica ajustiça de Deus para com o Universo no sentido
de tornar públicas as justas decisões divinas. M4s í'sso ocorrc #4 dí.t;i'são mome#fó#c4 cJof
rivos por ocasião do aduento e nas ressurreições posteriores. ''5
Não discordo de Ford sobre o fato de Deusjulgar as pessoas durante a vida delas.
É claro que Ele faz isso! 0 juízo investigativo não tem de ser um tempo em que
Deus decide tudo. Quando ocorrer esse julgamento, Ele terá tomado Suas deci-
sões. Também não discordo de que haverá um "grande dia do juízo" por ocasião
da segunda vinda de Cristo, no sentido de que será nesse dia que as pessoas obte-
rão sua recompensa. 0 problema é que a versão de Ford sobre o juízo pré-advento
é um caso relativamente privado. Em certo sentido, ele ocorre inteiramente na
cabeça de Deus e, nesse caso, ninguém tem a oportunidade de examinar os veredi-
tos e questioná-1os, antes que o Senhor os efetue.
0 juízo investigativo pré-advento, da maneira como os adventistas o entendem,
é um evento fórmal, público, que abre aos anjos o julgamento que Deus vem efetu-
ando. Seu propósito é revelar o amor e o cuidado com que o Senhor tem conside-
ndo cada caso e ajustiça de Suas decisões.Aos anjos é dada a oportunidade de fazer
qualquer pergunta a Deus, antes que Ele conceda às pessoas vida sem fim ou, pesaro-
samente, dê-1hes a sentença de morte eterna.
Assim, a pergunta é se os adventistas estão certos em sua conclusão de que deve
haver umjulgamento público no Céu 4#fcs da segunda vinda de Cristo, ou se a forma
i-echada do julgamento por ocasí.ão do segundo advento - contemplada por Ford e
muitos outros cristãos - é que está certa. A partir de um exame cuidadoso das evi-
dências, concluí que as Escrituras apoiam em grande medida a posição adventista.
Encontro indícios escriturísticos tanto em Daniel quanto em Apocalipse, mas come-
çarei com Daniel.
0 juízo em Daniel 7
VcÍ5os ]3 c 14. Um exame cuidadoso da descrição do juízo feita por Daniel
no capítulo 7 deixa muito claro que o processo começará 4#fc5 e não #4 oc4s!.Õo da
`inda de Cristo. Paniel disse que, após o julgamento mencionado nos versos 9 e
10, ``um como o Filho do Homem" se aproximou do trono de Deus. Note que o
Filho do Homem veio "com as nuvens do Céu" (v.13). À primeira vista, somos
lembrados das descrições que existem no Novo Testamento de Jesus voltando à
Terra nas nuvens, em Sua segunda vinda (ver, por exemplo, Mt 24:30; Ap 1:7).
Todavia, a vinda que Daniel viu claramente #õo é o segundo advento de Cristo,
porque o profeta vê o Filho do Homem Se aproximar do Ancião de Dias no Céu,
não na Terra.
A Novaversão lnternacional (NVI) diz que o Filho do Homem "Se aproximou
do Ancião e foi co#d%zÍ.do à sua presença" (itálico acrescentado), e a versão New King
NA €ORTE €ELESTIAL
]ames diz: "Ele veio ao Ancião de Dias, e cJcs 0 trouxeram para perto Dele" (itálico
acrescentado). Quem são "eles" que "conduzem" o Filho do Homem até a presença de
Deus? Aparentemente, foi dado a Dariel um vislumbre de uma cerimônia formal na
qual jesus foi escoltado até a presença do Pai, possivelmente por uma comitiva de anjos
formada dentre os milhões que estão em pé diante do trono divino. 0 propósito dessa
grandiosa entrada do Filho do Homem na sala do tribunal e Sua apresentação diante do
Ancião de Dias é o seguinte:
Durante os anos em que fui pastor, dei muitos estudos bíblicos sobre Daniel 7, e
sempre dizia àqueles com quem estava estudando que o verso 14 era uma predição
da segunda vinda de Cristo. Entretanto, uma cuidadosa leitura do texto deixa claro
que esse não é bem o caso. 0 verso 14 tem em vista a segunda vinda de Cristo, ms
o que está ali descrito prcccdc esse evento. É dada ao Filho do Homem a autoridade
de destruir os reinos da Terra e estabelecer Seu reino eterno, mas isso ocorre 4#fcs de
Sua segunda vinda.
Vamos rever a ordem dos eventos até este ponto:
0 ponto é que o julgamento no Céu pwccdc a segunda vinda de Cristo. Uma evi-
dência disso é que os vereditos do julgamento são dados antes do retorno de jesus.
Essas sentenças incluem a condenação do animal terrível e espantoso e do chifie
pequeno (v.11, 25, 26), a vindicação dos santos (v. 21, 22) e a entrega ao Filho do
Homem e aos santos da autoridade para possuir o mundo (v.14, 21, 22). Se esses vere-
ditos são dados antes da segunda vinda de Cristo, então, obviamente, o julgamento
que os confere também tem de ocorrer antes do advento do Senhor. Seria dificil dei-
xar isso ainda mais claro do que está no capítulo 7 de Daniel.
L7c/sos 26 c 27. Encontramos a mesma ordem de eventos esboçada nos versos
26 e 2:J ..
Mas, depois, se assentará o tribunal para lhe tirar o domínio, para o destruir
e o consumir até ao fim. 0 reino, e o domínio, e a majestade dos reinos
debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o Seu
reino será reino eterno, e todos os domínios 0 servirão e Lhe obedecerão.
Preste muita atenção à ordem dos eventos nesses versos. 0 verso 26 começa
com o tribunal tomando assento. Seu veredito é que seja tirado do chifre pequeno
A HORÀ D0 JÜÍZ0 EM
o domínio sobre o mundo, dando-o aos santos. De novo, a segunda vinda de Cristo
está à vista, mas a,inda não ocorreu. Assim, essa passagem também apresenta o julga-
mento de Daniel 7 4Í3fcs do segundo advento de jesus, em vez de tendo lugar por occi-
_<i.õo de Sua vinda.
Vcrso 22. Outra declaração anterior em Daniel 7 nos ajuda a entender quando o
julgamento ocorrerá, em relação à segunda vinda de Cristo. 0 verso 22 diz: "Veio o
Ancião de Dias e fez justiça aos santos do Altíssimo; e veio o tempo em que os san-
tos possuíram o reino." Note que, aqui, os santos de fato pos5`#cm o reino (ver tam-
bém o v.18). É claro que isso acontecerá na segunda vinda de Cristo.Assim, o verso
22 nos ajuda a determinar a relação existente entre o julgamento e a volta de ]esus,
pois menciona ambos os eventos, com o julgamento ocorrendo primeiro. As pala-
\Tas "c tJc£.o o fcmpo em que os santos possuíram o reino" sugerem a passagem de um
certo período de tempo entre o julgamento e a possessão do reino pelos santos (itá-
hcos acrescentados).
Novamente, o ponto é que o juízo não ocorre po/ oc4si.õo do segundo advento de
Cristo, mas prccccíc Sua vinda.
Os /í.y/oJ dc D4í%.cJ 7. Um fator existente em Daniel 7 contribui para a compreen-
são da relação cronológica do julgamento com a segunda vinda de Jesus. De acordo
com o verso 10, anjos e livros estão envolvidos nessejuízo. Se esse fosse o único lugar
nas Escrituras que mencionasse livros no Céu, poderíamos ficar incertos quanto
ao conteúdo deles. Entretanto, outras partes da Bíblia mencionam a existência de
h`'ros no Céu e nos dão indicações sobre o que eles contêm, ou seja, um registro
do professo povo de Deus que contém pensamentos, palavras e ações (ver Sl 56:8;
Ml 3:16; Fp 4:3;Ap 20:12-15; 21:27).Admito que esses livros também contêm um
registro da história do mundo e do envolvimento de Deus nela. Daniel nos informa
que eles serão usados no juízo e serão abertos c#4#4#fo mj./Ãõcs dc 4Íçjos rodci'4Í74 o
ír`.iw de Deus.
Livros são simplesmente um método de manter registros para referência futura.6
Uma vez que Deus é onisciente, F[e certamente não precisa de anotações a fim de
Se lembrar de algo. Assim, podemus dizer com segurança que os livros presentes na
i-ena de julgamento de Daniel são para o beneficio dos anjos que estão em volta do
trono divino.
Ford diz:"É certo que Deus efetua a obra dojuízo investigativo por causa dos anjos?
[...] Não, os próprios anjos conhecem os pensamentos e intenções de nosso coração."7
Permita-me discordar. Os anjos não são oniscientes e, portanto, não podem conhe-
cer os pensamentos e intenções do coração humano tal como Deus. Eles precisam
de registros precisos para preservar essas informações. E por isso que vemos os livros
m cena de julgamento em Daniel. 0 profeta diz especificamente que "se abriram os
livros" (v. 10). Em outras palavras, é dada aos anjos a oportunidade de examinar o
registro da conduta de Deus com o mundo e os que nele habitam.
ELs o rneu a,rgu:rnerLto.. Um exame dos registros por seres criados sugere a necessidade de
rcmpo pczm c#4mi.#ó-/os. Assim, o juízo descrito por Daniel no capítulo 7 tem de come-
çar 4Ígwm ícÍ74po 4r3fes da segunda vinda de Cristo, a fim de dar aos anjos a oportunidade
NA CORTE CELESTIAL
de rever os livros do começo ao fim. Isso não pode ocorrer "na divisão momentânea
dos vivos", quando ]esus voltar. 0 julgamento tem de preceder Seu advento, para que
os anjos tenham a oportunidade de examinar totalmente os registros.
0 jui'zo em Apocalipse
A descrição do juízo apresentada em Apocalipse também sugere que ele ocorrerá
algum tempo antes da segunda vinda de Cristo. Duas passagens são particularmente
relevantes para o conceito pré-advento sobre o tempo em que ocorre o julgamento.
4poc4/ÍÍ%c ]4..6 e 7. Essa passagem registra o que comumente os adventistas se
referem como "a mensagem do primeiro anjo" e contém uma referência significa-
tiva ao juízo: "Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno
para pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo,
dizendo, em grande voz:Temei a Deus e dai-Lhe glória, pois é chegada a hora do Seu
juízo; e adorai Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas."
Duas ideias nesse texto são particularmente importantes para nossa discussão.A pri-
meira é que esse anjo tem "um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre
a terra". Cla,ramente, o evangelho ainda está sendo pregado durante o tempo em que
o anjo proclama sua mensagem. Pessoas ainda estão sendo salvas para o reino de Deus.
Assim, a proclamação desse anjo precede o segundo advento, pois Cristo não virá até
que a pregação do evangelho seja terminada (ver Mt 24:14).
0 segundo ponto significativo em Apocalipse 14:6 e 7 é o anúncio do anjo de
que ``é chegada a hora do Seu juízo". Note: é chegada, não chcg4ió. Claramente, o
julgamento divino no Céu ocorre ao mesmo tempo em que o evangelho está sendo
pregado. Desse modo, ele tem de começar 4#fe5 da segunda vinda de Cristo, não por
occis!.Õo de Seu advento.
4poc4/i¢sc Í6..4 4 6. Com Apocalipse 16, aprendemos que o juízo de Deus tam-
bém sc~ó co%c/w!'do antes da segunda vinda de Cristo. Apocalipse 16 descreve as sete
pragas que devastarão o mundo imediatamente antes da volta de Jesus. Note o que
dizem os versos 5 e 6:
A data do julgamento
Daniel 7 não nos dá uma data exata para o início do juízo investigativo, mas a
Éase que conclui o verso 25 apresenta uma pista sobre o tempo aproximado em
que o julgamento deve começar. Novamente, ele ocorre 4Ítfes da segunda vinda de
Cristo, não por oc4si.Õo de Seu advento. Falando do chifre pequeno, o verso 25 diz:
•-os santos lhe serão entregues nas mãos, por um tempo, dois tempos e metade de
um tempo."
A palavra aramaicas traduzida como "tempo" nesse verso é `i'dd4ÍÇ. 0 mesmo
termo ocorre no capítulo 4, que narra a história do sonho de Nabucodonosor
com a grande árvore. Apenas a cepa foi deixada depois de cortarem a árvore, e
um vigilante celestial clamou que o coração do rei seria transformado em um
coração de animal, e "sete tempos" ( `Í.dd4#) ``[passariam] sobre" ele (v.16). Muitos
intérpretes entendem que `í.dd4#, nessa passagem, significa "anos''. A versão New
King ]ames e a Nova Versão lnternacional (NVI) acrescentam notas de rodapé
para a palavra fcmpoJ no verso 16, indicando "anos" como uma tradução alterna-
ti`-a.9 0s adventistas do sétimo dia têm tradicionalmente interpretado a palavra
ífnipo em Daniel 7:25 também como "ano". Em muitas versões inglesas, a forma
no plural /cwpos é, na verdade, uma tradução de uma forma dual de `Í.dd4# - isto
é...duas vezes".]° Aqui está a maneira como esse período de tempo é calculado
matematicamente:
Você pode estar se perguntando por que esses cálculos estariam baseados em
inos com 360 dias em vez dos costumeiros 365 ou 366 dias. Ocorre que isso
Está fimdamentado em uma apresentação dupla dessa profecia em Apocalipse 12.
0 `-erso 6 de Apocalipse 12 diz que "a mulher, porém, fugiu para o deserto, onde
Hie havia Deus preparado lugar para que nele a sustentem durante mí./ d#zc#fos
í .`-f_çsc#f4 cÍ{.4s" (itálicos acrescentados). Contudo, o verso 14 usa a linguagem de
Daniel 7:25 para dizer o mesmo: "E foram dadas à mulher as duas asas da grande
iguia, para qu.e voasse até ao deserto, ao seu lugar, aí onde é sustentada d#/4#fc
•" Ícmpo, fcmpos c mcf4dc cíc #m fcmpo, fora da vista da serpente" (itálicos acres-
i-entados). Podemos, então, estar certos de que o "tempo, tempos e metade de um
[€mpo" de Daniel 7:25 deve ser interpretado como três anos e meio de 360 dias
c2da um.
A próxima pergunta é: Esses três anos e meio devem ser interpretados como
tc.mpo literal ou simbólico? Com base no princípio dia-ano (o que discutiremos em
dctalhe no capítulo 27), os adventistas têm interpretado a declaração de Daniel como
s]mbólica, com um dia representando um ano de tempo literal. A profecia completa,
cntão, compreende 1.260 anos.
CELES"ÀL
538. Os adventistas e outros historicistas têm explicado que os ostrogodos haviam cer-
cado Roma no tempo da carta de]ustiniano e, assim, o papa não pôde exercer o poder
que a carta lhe conferia. No entanto, em 538, o exército imperial expulsou os ostm
godos de Roma, abrindo o caminho para o papa começar a exercer as prerrogativas
que lhe foram dadas pela carta.
Voltando a atenção para a profecia de Daniel, é importante notar que os 1.260
anos são o teippo dado para que o chifre pequeno exercesse seu poder. Esse númem
não estabelece a data do julgamento, mas podemos esperar que o juízo tenha come-
çado depois desse período. De fato, pelos cálculos dos adventistas, ele começou em
1844, menos de 50 anos depois.Veremos mais sobre isso nos últimos capítulos destc
livro. De novo, o ponto é que o juízo descrito em Daniel 7:9 e 10 ocorrerá 4#fcs di
segunda vinda de Cristo, não po/ ocasí.Õo de Seu advento.
básica é que, se o juízo começou em 1844,. então ele vem acontecendo por mais
de 160 anos; certamente, nem Deus nem os anjos precisam de tanto tempo para
re\-isar os registros celestiais e entregar o reino ao Filho do Homem. Também
não é necessário tanto tempo para que os anjos revisem a vida dos santos e para
a declaração de Jesus de que eles são merecedores da salvação. Por exemplo, Ford
diz: "É dificil convencer até mesmo os neófitos em religião de que o Deus onis-
|-iente leva tanto tempo esmiuçando as evidências sobre Suas criaturas, especial-
mente quando as Escrituras afirmam tão claramente que Ele lê os pensamentos
e as intenções de cada alma, e que cada coração está aberto para Ele."" "Estamos
bem fundamentados ao concluir que, em 1844, Cristo começou uma nova forma
de ministério que continua por mais de 14 décadas antes que Seus santos vivos
POssam ver Sua face?"15
Responderei à objeção de Ford de quatro maneiras. Primeira: Deus, provavel-
mente, não desejasse. que o juízo investigativo continuasse por 160 anos. Se a igreja
ü`-esse cumprido sua inissão nos anos após 1844,Jesusjá teria voltado.
Segunda, a objeção de que 160 anos é tempo demais para o juízo divino sempre
t-oi. para mim, um tanto estranha. 0 Senhor está no Céu; nós, na Terra. Quem somos
nós para dizer a Ele quanto deve durar o processo de julgamento? Muitas vezes pode
nos parecer que o tempo de Deus é demasiadamente lento. Ele deixou 4 mil anos
passarem depois da queda de Adão e Eva para enviar o Messias. Alguns impérios da
irisão de Daniel duraram centenas de anos. 0 império romano durou pelo menos 500
anos. Por que deveríamos ficar surpresos com os mais de 160 anos de dura.ção da fase
dc juízo apresentada em Daniel 7?
Minha terceira resposta aos comentários de Ford citados acima é que, na pri-
meira citação, ele presume que o juízo beneficia Deus, dando-Lhe a oportunidade
de esiniuçar as evidências sobre Suas criaturas. No passado, muitos adventistas assu-
miram que esse era o caso, mas essa não é a compreensão da igreja hoje. Indiquei no
capítulo 4 que, atualmente, os adventistas entendem que o julgamento existe para o
beneficio dos anjos, não de Deus. 0 processo revela aos anjos as razões para as deci-
sóes de Deus sobre cada um de Seus filhos.
Quarta: a objeção de que 160 anos é tempo demais para o julgamento divino
presume que o juízo no Céu é algo contínuo. Contudo, é absolutamente plausível
que o processo ocorra em estágios, com pausas entre as sessões, que podem durar
úrios anos. Nó§ simplesmente não sabemos o suficiente sobre essejulgamento para
expressar uma opinião sobre quanto tempo ele deve durar.
Somos humanos, e é compreensível que queiramos ver 4m4##Õ o julgamento ter-
minado e ]esus de volta para nos redimir! Entretanto, Deus tem um ritmo próprio
pam deixar a história cumprir Sua vontade.
Cmduindo
A principal questão deste capítulo é se o juízo final de Deus, o qual é mencionado
úrias vezes nas Escrituras, terá lugar por oc4sÍ'ão da segunda vinda de Cristo ou algum
tempo cíÍGíe§ dela. Muitos cristãos, inclusive Desmond Ford, entendem que o julgamento
ocorrerá por oc4si`õo do retorno de Jesus, mas o ,ensinamento adventista sobre o juízo
investigativo requer que ele ocorra no Céu algum tempo cz#fcs disso. As evidências que
apresentei deixam claro que a posição adventista tem forte suporte bíblico.
como dual, denotando, assim, `dois tempos" (v. 4, p. 917). Na Revised Standard version, Daniel 7:25 diz
"duas vezes".
1t Ver Marvin Moore, 4poc4/Í`psc fj, p. 43-52.
L2 MaLachí Martín, The Keys of This Blood, p. 22.
\3 Cítaào em.. Comentário Bíblico Aduentista do Sétimo Dia, v. 4, p. 911.
t4 Desmond Ford, "Daniel 8: 14", p. 277.
i5 ibid., p. 293.
0 JUÍZ0 E 0S PECADOS
DOS SANTOS
Oà;gvée::lrstaa:scar:,eoTuq::oupmorí:á|::::óds:t::v:aa:sal=:no.r|traan::SmdooÉueí:so,::,voe:tlsgea:
professo povo, de modo que eles possam ver a justiça de Suas decisões sobre cada
um. Para isso, será necessário que os anjos façam uma revisão dos pecados dos santos.
DCLsmond Ford, todavia, insiste em afirmar que a principal função do julgamento de
Daniel 7 é condenar o perverso chifre pequeno, e que o processo não tem nada que
ttr com os pecados dos santos. Ele diz:
É o chifi.e pequeno que está sendo investigado, não os santos que soffem. Os
livros guardam os reãstros das transgressões intencionais dos seguidores de
Satanás, não as fàlhas dos que adoramjeová.í
Note as palavras de Ford: "É o chifie pequeno que está sendo investigado, não os
sintos que sofiem", "os santos nunca são o objeto da investigação divim", e "não há
absolutamente mda ali sobre os santos sendo analisa,dos pela corte celestial". 0 a,utor
cri essencialmente correto quanto a Daniel 7 não cJi.zcr que o julgamento no Céu antes
da segunda vinda de Cristo vri considerar os pecados dos santos. Acrescentarei que o
capítulo também não declara diretamente que os pecados do quarto animal e do chi-
fic pequeno estão sendo investigados. Os pecados do chifie pequeno estão registrados no
t€iso 25, e a conclusão razoável é que ojuízo investigará aqueles pecados, mas Daniel nâo
diz isso. 0 ponto da visão é o embate entre o chifie pequeno e os santos, e o objetivo do
i]lgamento é a solução desse conflito, não os pecados do chifie pequeno ou dos santos.
Os pecados dos santos não são mencionados em Daniel 7 porque são os san-
tos que estão sendo atacados. Suas transgressões não são o objeto da discussão nessa
profecia em particular, mas isso não significa que o juízo não irá considerar seus
pecados, como veremos posteriormente. 0 que a profecia diz é que um veredito é
NA CORTE
proferido para ambos os lados. 0 quarto animal e seu chifre pequeno são condenados
(v. 11, 26), e ``[o Ancião de Dias] fez justiça aos santos do Altíssimo" (v. 22). Eles são
vindicados. A implicação óbvia é que o julgamento examina tanto o chifre pequeno
quanto os santos; pois, se a sentença é proferida em favor deles, então eles tiveram de
ser investigados.
Duas conclusões são muito óbvias nesses textos: (1) 0 povo de Deus comparecerá
ao juízo final, e (2) seus atos, bons ou maus, serão levados em consideração nesse
processo.Assim, embora a exposição de Daniel sobre o julgamento no capítulo 7 não
mencione os pecados dos santos, ojuízo, assim como é descrito em outros lugares da
Bíblia, Í.#cJwí. esses pecados. Daniel 12: 1 diz que, na ressurreição, ao Cristo voltar,"será
salvo o Teu povo, todo aquele que for achado inscrito no livro". A declaração de que
o povo de Deus será "achcido inscrito no livro" é, obviamente, uma declaração sobre o
juízo. Quando é que o povo santo será "4cÃ4do inscrito no livro"? Evidentemente, no
tempo dojulgamento mencionado em Daniel 7:9 e 10, que é o único outro lugar nos
escritos de Daniel em que os livros são mencionados no contexto do juízo.
A única maneira, de concluir que ojulgamento de Daniel 7 nada tem que ver com
os pecados dos santos é acreditar que Deus planeja conduzir doisjuízos finais: um que
está descrito em Daniel 7 e outro que é mencionado em outras partes da Bíblia. Mas
isso não faz sentido para mim. Parece mais razoável assumir que o juízo de Daniel 7
é o mesmo indicado por outros escritores bíblicos e que, ao colocarmos tudo juntq
temos um quadro mais completo do julgamento final no Céu.
0 JÜÍzO E 0S
Então podemos dizer que, embora Daniel não declare diretamente, o juízo sobre
o qual ele fala no capítulo 7 envolverá uma revisão da vida dos santos, incluindo
tanto seus atos bons quanto maus. É certo que há um sentido de dia do juízo na
maneira como as Escrituras descrevem a segunda vinda de Cristo. No entanto, não
consigo imagimr que Deus irá esperar até a volta de Jesus para trazer os pecados dos
santos ao julgamento! Se eles forem mesmo trazidos - e as Escrituras deixam claro
que serão - então é muito mais razoável concluir que serão investigados no juízo
pré-advento, em vez de algum julgamento - seja qual for - que ocorra por ocasião
do retorno de ]esus.
Embora o texto não diÉ4 que Satanás acusou Josué de não ser digno, isso está
implícito na passagem. Note que o diabo se opõe ao Anjo do Senhor. E qual é a
resposta do Anjo? Ele repreende o inimigo, dizendo que Josué é um tição tirado
do fogo. 0 Anjo do Senhor, então, tira as vestes sujas do sumo sacerdote, veste-lhe
com trajes finos e diz: "Eis que tenho feito que passe de ti a tua iniquidade."A visão
0 JUÍZ0 E 0S PECADOS DOS
de Zacarias é uma perfeita descrição da justificação pela fé, por meio da qual Deus
remove nossos pecados e nos veste com o manto da justiça de Cristo. Também é
uma notável representação do esforço que Satanás faz para impedir que isso ocorra.
Fica óbvio que o inimigo quer dizer que a pecaminosidade de Josué o desqualifica
para o favor de Deus.
Semelhantemente, penso que, quando Apocalipse 12: 10 chama Satanás de "acusa-
dor de nossos irmãos", as referidas acusações são as mesmas feitas contraJó e Zacarias
- o inimigo está afirmando que o povo de Deus é indigno de Seu favor. De que mais
Satanás acusaria o povo de Deus?
Aqui está o ponto: em Apocalipse 12, as acusações do diabo são um ataque direto
aos santos. Por causa da íntima relação existente entre Apocalipse 12 e Daniel 7, essa
conclusão contribui em grande medida para nosso entendimento sobre as investidas
contra os santos de Daniel 7. Embora o foco histórico de Daniel 7 esteja m persegui-
ção do povo de Deus pelo papado medieval no tempo da inquisição, Apocalipse 12 nos
mostra que o poder por detrás do chifiie pequeno é Satanás, e que seu ataque aos santos
riclui acusá-los diante do Senhor como indignos de Seu favor. Por isso, fcmos dc co#sÍ'dc-
rflr cssc cif4qwc em #oss4 4w¢/Í.cifõo dc D¢#í.c/ 7. Há duas outras evidências bíblicas que jus-
tificam plenamente essa abordagem: (1) os livros celestiais incluem um registro da vida
dos que compõem o povo de Deus, e (2) seus atos, tanto bons quanto maus, serão revis-
tos no juízo final.
Se o que eu disse está correto - e acredito que esteja - então note por qwc os
pecados dos santos são considerados. Não é porque Deus e Cristo os evocam, pois
Eles perdoaram esses pecados. Também não é porque os anjos os revelam. É porque
S4f4#ás os frt7z À foíM! Ele é o acusador do povo de Deus. Chamo sua atenção para um
parágrafo de 0 Grflítdc Co#J]í.fo, de Ellenwhite, o qual citei em um ca.pítulo anterior:
Enquanto ]esus faz a defesa dos súditos de Sua graça, Satanás acusa-os
diante de Deus como transgressores. 0 grande enganador procurou levá-
los ao ceticismo, fazendo-os perder a confiança em Deus, separar-se de
Seu amor e violar Sua lei. Agora aponta para o relatório de sua vida, para
os defeitos de caráter e dessemelhança com Cristo, que desonraram a seu
Redentor, para todos os pecados que ele os tentou a cometer; e por causa
disto os reclama como súditos seus.4
Isso nos traz o outro pensamento que Ford expressou em uma das citações que
compartilhei com o leitor no começo deste capítulo. Ele disse: ``Se [os santos] esti-
verem mantendo uma correta relação, um concerto, com Deus, a situação deles não
está, em tempo algum, aberta a questionamento."5 Certamente isso é correto no que
diz respeito a Deus e a Cristo. Entretanto, definitivamente não é verdade quanto a
Satanás. Ele questiona, sÍ.m, a condição dos santos. Essc é sc% p4pe` como czc#s4dor. Então,
permita-me repetir: a razão para que sejam revistos os pecados dos santos durante o
juízo final não é Deus, Cristo ou os anjos trazê-1os à tona; é porque Satanás faz isso!
Os livros de registro são a resposta divina, e, quando os anjos completarem sua revisão
NA CORTE CELESTIÀL
da vida dos santos, eles ficarão satisfeitos ao ver que o Senhor está certo e o inimigo
está errado. Ficará demonstrado que todas as alegações de Satanás contra os que são
verdadeiramente santos de Deus não têm fundamento. 0 trágico, porém, é que, em
alguns casos, as acusações são corretas - alguns dos que afirmaram estar do lado de
Deus m verdade estão do lado de Satanás (ver Mt 7:22, 23; 25:11,12), embora o
Senhor soubesse da condição espiritual dessas pessoas o tempo todo.
Assim, mesmo que Ford estivesse correto em sua afirmação de que Daniel 7 não
declara que os pecados dos santos serão considerados no juízo ao qual a passagem se
refere, a descrição desse evento em outros lugares da Bíblia deixa muito claro que
as ações do povo de Deus, tanto boas quanto más, scxõo revistas no julgamento no
tempo do fim. Isso é bíblico.
t Desmond Ford, "Daniel 8:14", p. 353. Essa citação é parte do comentário de Ford sobre Daniel 8:14, não
seu comentário sobre o juízo de Damel 7. Contudo, seu argumento em relação aos pecados dos santos é o
mesmo para ambos os capítulos de Daniel.
2 ibid., p. 355.
3 ibid., itálico do original.
4 Ellen G.Whice, 0 Grt2#dc Cowj3i'Co, p. 484.
5 Ford, "Daniel 8:14", p. 355.
OUESTÕES EM DANIEL 8
ONDE ESTÁ ROMA
EM DANIEL 8?
mançl::8d:s::s:anpcíl,:|:a,rea::|à:t:1:adaodsv;:t:::as::::ríaz|:à:V.ersítàE:tlqvuo:Teo:soasirnet.eerf|rde:
ao longo dos anos. Assim, é importante que dediquemos algum tempo para exami-
mr cuidadosamente esse assunto. Começarei com uma comparação da visão de Daniel
registrada no capítulo s com as visões dos capítulos 2 e 7.
Nos capítulos anteriores deste livro, observei a natureza paralela dos capítulos 2 e
7 de Daniel. Os quatro metais do capítulo 2 representam os mesmos poderes políti-
cos retratados pelos quatro animais do capítulo 7: Babilôiiia, Medo-Pérsia, Grécia e
Roma. Os pés de ferro mesclado com barro de Daniel 2 representam o esfacelamento
de Roma pelas tribos bárbaras, assim como os dez chifres da cabeça do quarto ani-
mal do capítulo 7. Finalmente, tanto o capítulo 2 quanto o capítulo 7 terminam com
o estabelecimento do reino eterno de Deus. A pergunta que temos de fazer sobre
Daniel s é se ele é paralelo aos capítulos 2 e 7.
Três símbolos e uma declaração do anjo Gabriel em Daniel s são claramente para-
lelos aos outros dois capítulos:
No capítulo 9 deste livro, indiquei que muitos eruditos entendem que o chi-
fre pequeno representa Antíoco IV Epifinio. A razão mais óbvia para essa con-
clusão é que ele foi um rei grego de uma das divisões do império de Alexandre,
e, à primeira vista, parece que o chifre sai de um dos quatro chifres do bode.
Entretanto, estudantes historicistas da profecia (incluindo adventistas) interpretam
o chifre pequeno de Daniel 8 como uma representação de Roma tanto na fase
pagã quanto na papal.
• Daniel s diz que o carneiro era "grandioso", o bode era "muito gran-
dioso" e o chifre, "excessivamente grandioso" (versão KingJames). Entre-
tanto,Antíoco não foi maior do que os impérios medo-persa e grego. Ele
foi um governador irrelevante do império selêucida.
• Os territórios conquistados por Antíoco não cresceram na direção que
Daniel disse que eles cresceriam.
• Antíoco não destruiu o templo de Jerusalém, conforme foi profetizado
sobre o chifre pequeno.
• Ele também não profanou o santuário por 2.300 dias, nem mesmo por
1.150 dias.
• 0 tempo do fim não veio após o acesso de fúria de Antíoco em]erusalém.
• Antíoco não se encaixa no panorama das profecias de Daniel.
Uma razão importante pela qual os historicistas rejeitam esse rei como a interpre-
tação do chifre pequeno de Daniel s é que ele não se encaixa nas várias especifica-
Ções dadas pelo profeta para aquele símbolo.
Compar¢ÇÕ9 dos c#i/rcs. Os atos dos chifres de Daniel 7 e s são muito parecidos.
Ambos atacam a Deus, Seu povo e Sua verdade. No capítulo 7, o chifre pequeno
ataca a lei de Deus e, no capítulo 8, o santuário. Isso tem levado muitos intérpre-
tes - possivelmente a maioria - a considerar que os chifres pequenos dos capítu-
los 7 e s representam a mesma entidade maligna. Naturalmente, isso apresenta um
problema para aqueles que entendem que o chifre pequeno do capítulo s repre-
senta Antíoco porque, dessa forma, eles têm de encontrar uma maneira de fazer
com que o chifre pequeno do capítulo 7 também signifique Antíoco. Porém, no
capítulo 7, o chifre pequeno cresce no animal terrível e espantoso, que simbo-
liza Roma. Como poderia Antíoco ser retratado como um poder que cresce no
ONDE ESTÁ ROMA EM
império romano, sendo ele parte do império grego, que foi predecessor de Roma?
Os eruditos que desejam que o chifre pequeno de Daniel 7 represente Antíoco
tentam fazer com que isso funcione dividindo a Média e a Pérsia em duas entida-
des separadas. Aqui está um esboço dessa interpretação:
Le ão B a,bilô nia
Urso Média
Leopardo Pérsia
Animal terrível e espantoso Grécia
Chifre pequeno Antíoco
Existem vários problemas com essa explicação. Primeiro, ela acaba com a unidade
entre os capítulos 2 e 7. A imagem do capítulo 2 tem quatro metais que representam
Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia e Roma. Parece razoável que os quatro animais do
capítulo 7 se refiram àquilo que os quatro metais do capítulo 2 representam. É um
t-ato histórico que Babilônia foi sucedida pela Medo-Pérsia, pela Grécia e por Roma.
Portanto, se separarmos a Média e a Pérsia para fazer com que o chifre pequeno da
cabeça do animal terrível e espantoso represente Antíoco, acabaremos com a unidade
eristente entre os capítulos 2 e 7.
0 segundo problema é que, em Daniel 8:20, o anjo intérprete do profeta lhe disse
que um único carneiro representava a Média e a Pérsia. Se a Média e a Pérsia estão
representadas por um único animal no capítulo 8, parece razoável que elas sejam retra-
tadas por um único símbolo no capítulo 7. Também existe uma significativa seme-
mança entre o urso de Daniel 7 e o carneiro do ca,pítulo 8. 0 urso se levantou sobre
um dos seus lados, e o carneiro tinha dois chifres, um dos quais cresceu mais que o
outro. Assim, parece lógico entender o urso e o carneiro como representantes do
mesmo poder, ou seja, a Média e a Pérsia combinadas.
0 terceiro problema é que o leopardo tinha quatro cabeças, análogas aos quatro
chifi.es do bode grego do capítulo 8. Além disso, as quatro asas do leopardo sugerem
a velocidade com que Alexandre, o Grande, conquistou o império medo-persa, e elas
são paralelas ao detalhe que está no capítulo 8, ou seja, que o bode correu contra o
carneiro com tal velocidade que suas patas nem mesmo tocavam o solo.Assim, é bem
lógico pensar que o leopardo representa a Grécia, não a Pérsia.
Por essas razõçs, concluo que o urso do capítulo 7 representa tanto a Média
quanto a Pérsia, e o leopardo representa a Grécia, não a Pérsia.
Aítfi'oco e os dcz cÃfr€s. Ainda há outro problema com a interpretação de Antíoco
como chifi-e pequeno, que tem a ver com os símbolos de Daniel 2 e 7 para a der-
rocada do império romano no 3Q, 4Q e 5Q séculos d.C. Essa queda é representada em
Daniel 2 pelos pés e dedos de ferro e barro e, em Daniel 7, pelos dez chifres. De
acordo com Daniel 7:24, o chifre pequeno se levanta cJcpoÍ.s dos dez chifres. Se o ani-
mal terrível e espantoso representa a Grécia, então esses dez chifres têm de se encaixar
m história grega anterior a Antíoco, de maneira que esse rei possa surgir entre eles.
Todavia, não há como fazer isso. Os chifres só fazem sentido à luz do esfacelamento
NA CORTE CELESTIAL
do império romano, vários séculos depois de Antíoco ter saído de cena. Portanto,
o chifre pequeno de Daniel 7 não pode representá-lo.
Concluindo, os problemas associados com a identificação do chifre de Daniel 7
como Antíoco parecem incontornáveis para mim.
ponta mui pequena" (ARC, itálicos acrescentados). As duas palavras sigrificativas são
dc/4s (de + elas) e sc#.%. Começarei comentando sobre o pronome e/cÜ.
0 cz#fcccdc#fc cÍc elas.A pergunta é: Qual é o antecedentet do termo c/4s, de onde
saiu o chifre pequeno? 0 verso s dá duas possibilidades. Citarei esse verso outra
`-ez e destacarei cada uma das possibilidades. ``E o bode se engrandeceu em grande
maneira; mas, estando na sua maior força, aquela grande ponta fói quebrada; e subi-
ram no seu lugar quatro km#f4s] também notáveis, para os quatro t;c#fos do céu."
(ARC, itálico acrescentado) . Então, Daniel disse: ``De uma dcJ4s saiu uma ponta mui
peque-[...].„
Cabe a pergunta: 0 chifre pequeno (ou ponta, na versão ARC) saiu dos quatro
chifi.es ou de um dos quatro ventos? A razão mais óbvia para concluir que o chifre
pequeno saiu de um dos quatro chifres é que os quatro chifres e o chifre pequeno
são todos cÃfres. Na vida real, os chifres não saem de ventos. Parece razoável, então,
que o chifre pequeno cresça a partir de outro chifi.e. Entretanto, os símbolos usa-
dos na profecia apocalíptica frequentemente desafiam a realidade. Leões e leopardos
não têm asas; bodes não têm chifres entre os olhos, muito menos correm sem tocar o
chão. Na vida real, chifi-es não têm olhos nem bocas, não fàlam, não tentam mudar as
leis de Deus nem atacam o santuário. Assim, embora a ideia de um chifie sair de um
dos quatro ventos pareça bizarra, tendo em vista nossa compreensão de mundo nor-
mal, ela não é mais estranha do que alguns dos outros símbolos presentes nas profe-
cias de Daniel.
A segunda consideração para determinar o antecedente da palavra c/4s é que,
nomalmente, o antecedente de um pronome é o substantivo que precede o pronome
mis de perto. Por exemplo, suponha que eu diga: "Quando João chutou a bola,
sua chuteira saiu do pé. Então, ele cg apanhou." 0 termo antecedente do pronome
Ú é ``bola" ou "chuteira"? A resposta mais natural é que o antecedente de ``a" é
•.chuteira", pois essa palavra é o substantivo que precede o pronome "a" mais de perto.
Semelhantemente, os quatro ventos estão mais próximos do pronome "a" do que as
quatro pontas, o que faz de ``ventos" o antecedente mais lógico.
4 p4/4wrfl #cbrfl!'m pcwfl "s4Í'#". De acordo com os intérpretes que aceitam o chi-
fie pequeno como símbolo de Antíoco, o chifre pequeno c/t'scc# a partir de um dos
quatro chifres da cabeça do bode. Várias palavras hebraicas estão traduzidas como
"crescer" em nossas bíblias, dependendo do matiz que o autor deseja dar. Daniel,
porém, não usou n£nhuma daquelas palavras ao descrever a origem do chifi.e pequeno.
0 termo que ele usou foi y4f54. Essa expressão ocorre mais de mil vezes no Antigo
Testamento em hebraico.2 0casionalmente, ela é traduzida como "crescer" (ver, por
exemplo,Jó 31:40), mas esse não é o significado básico. A tradução mais comum é
"sair de algum lugar". Por exemplo, Gênesis 2:10 diz "E s4Í'¢ [y4fs4] um rio do Éden
para regar o jardim" (itálico acrescentado) e, em Gênesis 15:4, Deus disse para Abraão:
•`Este não será o teu herdeiro; mas aquele que de tuas entranhas sc#'r, este será o teu
herdeiro" (ACF, itálico acrescentado). Em sua tese doutoral sobre Daniel 8:9 a 14,
Martin Proebstle diz: "Na Bíblia hebraica, yczf5cz nunca é usado para o desenvolvi-
mento de chifres, e o verbo usado [para o desenvolvimento de chifres] na visão de
Daniel 8 é 4J4h (Dn 8:3, 8). Semanticamente, é dificil apoiar a ideia de que, no verso
ga, o chifre crcscc, em vez de s4Í., de um deles".3
Um dos usos mais frequentes de yafscz no Antigo Testamento se refere ao sentido
de um exército "sair" para a batalha. Por exemplo, em sua oração de dedicação do
templo, Salomão disse: "Quando o Teu povo s4í'r [y4fs4] à guerra contra o seu inirigo,
[...] ouve Tu nos Céus a sua oração" (1Rs 8:44, 45; itálico acrescentado). Números
1:20 fala dos ``filhos de Rúben, [...] todos os homens de vinte anos para cima, todos
os capazes de sc%'r [yczf5c!] à guerra" (itálico acrescentado). Por todos os 21 versos
seguintes, a mesma expressão é repetida para cada tribo. 0 uso militar da palavra yc!fscg
se encaixa com as tentativas de Antíoco para ocupar o Egito e subjugar osjudeus, mas
é especialmente apropriado para as conquistas militares dos romanos quando derrota-
ram a Grécia e assumiram o controle da região do Mediterrâneo.
Voltando a Daniel 8:9, o chifre pequeno sc#'# de algo, e as duas opções são: (1)
ele saiu de um dos quatro chifres, ou (2) ele saiu de um dos quatro ventos. 0 ponto
de vista de que o chifi.e pequeno scH'# de um dos quatro chifres da cabeça do bode
certamente é razoável. 0 significado de yczfs4 (sair) faz de "ventos" uma opção mais
plausível do que qualquer outra palavra hebraica. É mais fácil pensar em um chifre
s4í.#do de quatro ventos do que pensar nele cr€scc#do a partir de um dos quatro ventos.
]acques Doukhan, que foi criado como judeu, fhando hebraico, e que leciona
no Departamento de Antigo Testamento do Seminário Teológico da Universidade
Andrews, fez o seguinte comentário sobre a origem do chifre pequeno:
0 crcscc.mc#/o do cÃfrc pcq%c#o. 0 que significa, então, o chifre pequeno que sai de
um dos quatro ventos? A maioria dos intérpretes entende que "os quatro ventos"
se referem às quatro direções da bússola. Em relação ao chifi-e pequeno, Daniel diz:
"se tornou muito forte para o sul, para o oriente e para a terra gloriosa". Isso é uma
alusão aos pontos cardeais, para os quais o chifre pequeno cresceria.
Observei no capítulo 9 que o reino de Antíoco #Õo ficou muito maior do que
quando ele iniciou seu reinado.A realidade é que sua derrota para os macabeus o dei-
xou mais fiaco do que ele já era.Assim, o reino desse rei não cresceu para o oriente
nem para o sul, como a profecia especifica. Também não cresceu na direção da "terra
gloriosa" Oudeia), porque elejá controlava aquela região no começo do seu reinado e,
ONDE ESTA ROMA EM
no fim de seu governo, veio a perdê-1a. Por outro lado, do ponto de vista dos escrito-
r€s bíblicos, o império romano veio do ocidente, se expandindo para o oriente e o
sul, subjugando a]udeia, a terra gloriosa. É absolutamente verdade que Roma se tor-
nou excepcionalmente grande em comparação com a Medo-Pérsia (o carneiro) e a
Grécia (o bode). Desse modo, Roma cumpriu as especificações de Daniel sobre a ori-
gim do chifi-e pequeno. Essa é outra razão que favorece o ponto de vista de que o chi-
fiie pequeno representa Roma, em vez de Antíoco.5
Em conclusão, nem a intepretação que considera Antíoco como o chifre pequeno
nem a interpretação que aceita Roma nesse papel são simples de entender. Ambas
tém problemas que requerem explicações. Em minha opinião, a,s dificuldades rela-
|ionadas com a primeira interpretação são significativamente maiores e mais dificeis
de resolver. As evidências que apresentei neste capítulo me deixam convencido de
que considerar o chifre pequeno como Roma faz mais sentido do que interpretá-1o
como Antíoco.
0 antecedente de um pronome é o substantivo que ele representa. Por exemplo, o verso s diz que "0 bode
se engrandeceu sobremaneira; e, na sua força [...]". 0 substantivo que antecede s#4 é o bode.
Ver Frank 8. Holbrook, Symposi.wm oÍ? D4#Í.c/, p. 395.
.Matin Proebstle, "Truth and Terror", p.101.
.|acques 8. Doukhan, Scg#dos de D4Í%.c/, p.129, colchetes do original.
Alguns comentaristas adventistas consideram a gramática dos versos s e 9 - em particular os tempos dos
`-erbos - decisiva para determinar que o chifi.e pequeno tem sua origem em um dos quatro ventos (ver, por
exemplo, Gerhard Hasel,"The `Little Horn", em Symposi.#m om Dawí'c/, p. 388, 389) . Outros acham que esse
argumento é inconclusivo (ver Proebstle, "Truth a.nd Terror", p.125,126).
A OUE SANTUÁRI0
DANIEL S SE REFERE?
(PARTE 1)
Er3:v:eao:teunbt:oddoeslms|í:i|:ausa:rda?Joe:E:;oã..o4::1:,,,:mpoes:,g:nná:q.u::dnl:ta.aqp|:ui:r:
que parte da resposta viria no dia seguinte. Quando Hiram Edson caminhava em
meio a um milharal para visitar outros crentes desapontados naquela manhã de 23
de outubro, uma forte impressão caiu sobre ele: o santuário mencionado em Daniel
8:14 não era a Terra, mas o santuário celestial. Daquele dia em diante, um grupo
de adventistas têm sustentado firmemente a crença de que o santuário mencionado
em Daniel 8:14 é o celestial e não o terrestre.
Contudo, essa crença tem sido desafiada tanto por pessoas de dentro quanto de
fora de nossa igreja. Raymond Cottrell foi um dos que discordaram dessa conclusão.
Ele escreveu: "No livro de Daniel, como também por todo o Antigo Testamento, o
`santuário' é sempre, sem exceção, o Templo de Jerusalém. Para que a analogia entre
Daniel 8:14 e o livro de Hebreus seja válida, seria essencial demonstrar, a partir do
contexto, que Daniel, aqui, refere-se intencionalmente ao santuário do Céu em vez
do Templo de Jerusalém, como ele consistentemente faz em outras passagens."[
DANIEL 8:10
0 verso 10 diz: "[0 chifre pequeno] cresceu até atingir o exército dos céus; a
alguns do exército e das estrelas la,nçou por terra e os pisou." Você deve se lembrar
de que o verso 9 diz que o chifre pequeno "se tornou muito forte para o sul, para
o oriente e para a terra gloriosa". Esse é um movimento horizontal, para os lados e
ao longo da superficie daTerra. É um boa descrição do desenvolvimento do impé-
rio romano, que cresceu "horizontalmente" pela Europa, Oriente Médio e norte
da África. 0 verso 10, por sua vez, mostra o chifre pequeno crescendo ``até atingir
o exército dos céus". É um movimento vertical -isto é, pma cí.m4, em vez de p4r4
os /4dos. 0 que isso representa? Um exame cuidadoso dos versos 10 a 12 sugere um
movimento em direção ao Céu.
Satanás e seus anjos envolvendo Miguel e Seus anjos em uma batalha que resulta no
inimigo sendo "atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos" (v. 9). Assim, parece
muito razoável aplicar a ação do chifre pequeno - lançar para a terra "alguns do
exército e das estrelas" - em primeiro lugar à perseguição do papado medieval ao
povo de Deus, mas também, em um sentido secundário, a Satanás, que travou uma
guerra contra Miguel e Seus anjos. Apocalipse 12:4 diz que o dragão 1ançou um
terço das estrelas à Terra.
Em sua tese doutoral sobre Daniel 8:9 a 14, Martin Proebstle dedica 20 páginas
a um exame detalhado da gramática e sintaxe das palavras "o exército dos céus"
no verso 10. Ele conclui que, "sendo um poder humano, o chifre aparentemente
luta contra outros poderes humanos.Assim, `o exército dos céus' deve ser entendido
como uma referência ao povo de Deus. Em uma escala maior, o chifre [...] tipifica
o papel de um demônio transcendente e antidivino, que trava uma guem contra
os anjos bons e contra o próprio Deus. Semelhantemente, a expressão `o exército
dos céus' se refere à hoste de santos que está no exército de Deus na Terra, mas, ao
mesmo tempo, sugere o exército celestial que também está envolvido nesta bata-
lha cósmica''.4
Desse modo, a lição mais significativa a ser extraída do ataque do chifre pequeno
de Daniel contra o exército dos céus e as estrelas é que essa descrição se refere ao
conflito universal entre o bem e o mal - o que os adventistas, historicamente, têm
chamado de "o grande conflito". Antíoco desempenhou um pequeno papel nessa
guerra, mas a descrição de Daniel chega até o Céu!
Voltemos à pergunta do título deste capítulo: "A que santuário Daniel 8 se
refere?" Será, estritamente, ao santuário na Terra, ou o chifre pequeno estende
seu alcance ao s;ntuário no Céu? Tenho sugerido que as evidências indicam que
a expressão "o exército dos céus" inclui não somente o povo de Deus na Terra
(o significado primário da frase), mas também os anjos no Céu, a quem o chifre
pequeno, que representa Satanás e seus agentes terrestres, também ataca. De que
maneira ele poderia fazer isso? 0 inimigo certamente não poderia atacar os anjos
com algum tipo de perseguição fisica.Também não poderia combatê-1os no Céu,
ântes de ser expulso dali. Sugiro que esse ataque aos anjos tem o sentido de insultá-
los por sua lealdade a Deus e a Seu povo (ver, por exemplo, a última parte do capí-
tulo 19 deste livro).
NA CORTE CELESTIAL
A sugestão de que "o exército dos céus" no verso 10 inclui mais do que o povo
de Deus naTerra -podendo ser, em algum sentido, entendida como uma referência
aos anjos celestiais - dá a partida para a busca da solução à pergunta se o santuário
dos versos 10 e 11 está no Céu. 0 verso 11 dá a resposta final.
DANIEL 8:11
sobre algum ser divino ministrando como sacerdote no santuário terrestre. Por
outro lado, o 1ivro de Hebreus, no Novo Testamento, fala detalhadamente sobre o
ministério de Cristo no santuário celestial. Isso nos traz para mais perto da ideia de
que o santuário de Daniel s está no Céu.
Como poderia um chifre pequeno terrestre e humano alcançar o Céu e tomar
o ministério sumo sacerdotal de Cristo? Tratarei disso nos próximos capítulos.
Por enquanto, é suficiente dizer que o chifre ataca o plano de salvação - algo que
Satanás faz, tanto pessoalmente quanto por intermédio de seus agentes humanos.
Proebstle conclui sua discussão da terceira cláusula de Daniel 8:11 com essas
palavras: "A cláusula descreve uma ação pela qual os alicerces metafóricos do san-
tuário do príncipe do exército, consistindo dos princípios sobre os quais o santuá-
rio e seu sistema cúltico estão baseados, são derrubados pelo chifre pequeno."í2 Isso
nos leva a uma compreensão de como o chifre pequeno poderia atacar o santuário
de Deus no Céu. 0 verso 12 nos conduzirá a essa conclusão.
NA CORTE CELESTIAL
DANIEL 8:12
Daniel 8:12 diz: ``0 exército lhe foi entregue, com o sacrificio diário, por causa
das transgressões; e deitou por terra a verdade; e o que fez prosperou."
Daniel 8:12 termina dizendo que o chifre pequeno ``prosperou" -o que signi-
fica que a rebelião realmente teve sucesso! Então Daniel 8: 10 a 12 não descreve um
problema de curta duração. Essa si.fw¢fão co#fi'Í"4„ú por 4/gwm fcmpo.
Se a análise dos versos apresentados neste capítulo estiver correta, então o pro-
blema descrito em Daniel 8:10 a 12 se estende para muito além de Antíoco e, de
t-ato, além de toda a rebelião no planeta Terra. Ele alcança o santuário de Deus no
Céu. Essa conclusão é importante para o entendimento adventista de Daniel 8:14,
pois, desde meados de 1800, temos insistido que esse verso alude ao santuário celes-
üal, onde Deus, Cristo e os anjos estão engajados em um juízo investigativo. Se o
santuário que é "purificado" no verso 14 é o celestial, então o santuário que é ata-
cado nos versos 10 a 12 deve ser o mesmo.
Continuarei a discussão dessa importa,nte questão no próximo capítulo.
t A palavra "culto" se refere a qualquer tipo de adoração ou ritual religiosos, verdadeiros ou falsos.
` .Vartin Proebstle, "Truth and Terror", p. 231.
NA cmTE cELEs"ÀL
„ Ibid., p. 235.
„ Ibid., p. 242.
i2 ibid., p. 243.
i3 ibid., p. 290.
t4 A conclusão de Proebstle de que o exército do verso 12 se refere a um exército perverso em vez do exército
do povo de Deus dos versos 10 e 11 não é compartilhada por todos os eruditos adventistas. Os argumentos de
ambos os lados são bastante téciiicos e vão além do escopo deste livro.
t5 No hebraico de Daniel 8:12, a palavra pcs#4' não inicia o verso; ela vem no final, depois da palavra f4mi.d.
É por isso que Pro€bstle traduz o verso da maneira conforme o compreende, a saber, "E um exército será
orgarizado em rebelião corLtra o tamid."
16 jacques 8. Doukhan, Segrgdos dc D4#t.c/, p.128.
A OUE SANTUÁRI0
DANIEL S SE REFERE?
(PARTE 11)
C::n:::eo::n:àsfr=sosãdoodporí:ac:;t:]éooa::enrtLuoárí]:o:àeps:L€;,::roqnudee,::e:ee=::etteunag:
Seu plano de salvar homens e mulheres do pecado. Se isso for verdade - se o santuá-
rio de Daniel 8:10 a 12 se refere de algum modo ao santuário no Céu -o que isso
significa, ou significará, no que diz respeito às atividades do chifre pequeno?
Começaremos a responder a essa pergunta considerando a relação do chifie pe-
queno com o santuário celestial. Não importa se alguém acredita que o chifi.e peque-
no representa Antíoco Epifânio ou o papado da ldade Média, todos os intérpretes o
identificam como uma organização humana e, conforme indiquei no capítulo an-
terior, seria extremamente ridículo sugerir que algo humano pudesse atacar o san-
tuário de Deus, que, provavelmente, esteja localizado a milhares, talvez a milhões
de anos-1uz do planeta Terra. Nem mesmo Satanás e seus anjos poderiam fazer isso.
Entretanto, relembrarei aqui uma sugestão de Martin Proebstle que citei no capítulo
anterior: "A cláusula [Dn 8:11c] descreve uma ação pela qual os alicerces metafóri-
i-os do santuário do príncipe do exército, consistindo dos princípios sobre os quais o
santuário e seu sistema cúltico estão baseados, são derrubados pelo chifre pequeno."í
Devemos ter em mente que o propósito do santuário celestial é salvar seres huma-
nos. Assim, embora eles não possam litera]mente alcançar o Céu e destruir o santuá-
rio, podcm distorcer os princípios de salvação sobre os quais o santuário funciona.
0 plano de salvação está baseado na pressuposição de que seres humanos entenderão
e aceitarão isso. Contudo, as pessoas podem desenvolver ensinamentos tão falsos sobre
o ministério sacerdotal no santuário celestial, a ponto de esses ensinamentos anularem
o ministério de Cristo na mente dos que neles acreditam.
O papado
Durante os últimos 150 anos, os adventistas do sétimo dia têm mantido (assim como
cr} protestantes da Refórma antes deles) que essa distorção da verdade sobre a salvação é,
de fato, exatamerite o que ocorreu com os ensinamentos do papado. Em seguida, apre-
sentaremos algumas das doutrinas católicas que contradizem essa verdade bíblica.
Daniel Apocalipse
0 chifi.e pequeno tenta mudar a lei de Deus; ele 0 dragão persegue os que guardam os
deita por tem a verdade (a lei). inandamentos.
12:6,14; 13:5
7 ..2:5
1.260 dias; tempo, tempos e metade de um
Tempo, tempos e metade de um tempo.
tempo; 42 meses.
7:25 13:6
0 chifie pequeno fàla contra o Altíssimo. A besta que sai do mar blasfema contra Deus.
8:10 12:4
0 chifre pequeno lança parte das estrelas a.o chão. 0 dragão atira um terço das estrelas do céu à terra.
À OÜE §ANTUÁRlo DANIEL S SE REFERE?
7:1-7 13:2
Quatro bestas - um leão, um urso, um leopardo A besta que sai do mar parece com um leopardo,
e um animal terrível e espantoso - se levantam tem a boca de um leão, os pés de um urso e o
do mar. dragão 1he dá seu trono e autoridade.
13:6
8:11
A besta que sai do mar blasfema contra o
0 chifie pequeno ataca o santuário de Deus
tabernáculo de Deus e Seu santuário.
Assim, existem pelo menos sete semelhanças entre as visões relatadas em Daniel 7
e s e as visões citadas em Apocalipse 12 e 13. Portanto, o livro de Apocalipse nos dá
uma visão ampliada do mesmo conflito entre o bem e o mal que Daniel descreve nos
capítulos 7 e 8. Também é evidente que Satanás, em Apocalipse 12, e a besta que sai
do mar, em Apocalipse 13 são paralelos aos chifres pequenos de Daniel 7 e 8. Os chi-
fi.es pequenos de Daniel e o poder da besta de Apocalipse 13 são simplesmente subs-
titutos de Satanás, por intermédio de quem ele atua para conseguir seus propósitos
na Terra. Proebstle nota que "atrás da realidade simbolizada pelo chifre está nada mais
do que o arqui-inimigo, a figura satânica".2
0 4fciqwc dc Scif4#ós 4o 54#f#óÍÍ.o cm 4poc4Jí.psc f 3. Examinemos mais de perto
Apocalipse 13:6, que diz que a besta que saiu do mar "abriu a boca em blasfê-
mias contra Deus, para Lhe difamar o nome e difamar o f4bcrícácw/o, a saber, os
que habitam no céu" (itálico acrescentado). Há duas razões para considerar que
o ataque da besta ao "tabernáculo" de Deus seja uma investida contra o santuário
celestial. A primeira razão é que a palavra grega para ``tabernáculo" em Apocalipse
13:6 é 5ké#é. Em Hebreus 8:1 e 2 é dito: "possuímos tal Sumo Sacerdote, que Se
assentou à destra do trono da Majestade nos Céus, como Ministro do santuário e
do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem."Aqui, ské#é cla-
ramente se refere ao santuário celestial. 0 Novo Testamento, portanto, usa a pala-
vra nesse sentido.
A segunda razão é que eruditos bíblicos conservadores concordam que]oão escre-
veu Apocalipse em algum momento da última década do primeiro século. Isso seria
entre 20 e 30 anos após a destruição deJerusalém e do templo, e entre 60 e 70 anos
depois da morte de Jesus na cruz, a qual colocou um fim aos serviços do santuário
terrestre.3 Assim, se naquele momento João viu a besta que saiu do mar blasfemando
contra o santuário de Deus, este teria de ser o santuário celestial. 0 templo/santuário
da Terra e seus serviços não existiam mais.
Sugiro, então, que a entidade retratada em Daniel 8:11 e Apocalipse 13:6 ata-
cando o santuário celestial seja mais do que um poder humano.Apocalipse nos ajuda
a entender que o poder real por trás dos chifres pequenos de Daniel 7 e s é o pró-
prio Satanás.A besta apocalíptica que sai do mar também recebe poder e autoridade
de Satanás, o dragão (Apocalipse 13:2). Portanto, o diabo não é apenas o poder por
trás dos ataques do papado ao santuário celestial. Ele não é apenas o instigador. Sugiro
que é ele mesmo, Satanás, quem ataca o santuário celestial, e seu ataque tem muito
mais potencial de destruição do que o poder humano.
Como Satanás ataca o santuário
Como Satanás ataca o santuário? Tenha em mente que o santuário celestial é
inteiramente relacionado com o plano de Deus de salvar os seres humanos.]esus está
intercedendo por Seu povo #o s4#f#órí.o ccJcsfí'4J. Ele perdoa os pecados #o s4Ícfwó/t'o
cc/csf!'¢/. Ele cobre os crentes com Sua justiça 4 pcwf!.r do scJÍ£fí/órí'o cc/csfí.a/.Tudo isso e
muito mais é parte de Seu ministério mediador #o scz#Í#órí.o cc/csf!.4/. Assim, quando
o livro de Daniel e o de Apocalipse sugerem que Satanás está atacando o santuá-
rio celestial, o que eles realmente querem dizer é que ele está atacando o plano da
sa.+va,ç~íLo. E cori:Lo ele £az ±sso? Desempenhando seu papel de acusador do pouo de Deus.
Apocalipse 12:10 o chama, especificamente, de "o acusador de nossos irmãos, o
mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus". No capítulo 4 deste
livro, indiquei outros dois textos bíblicos que mostram Satanás acusando o povo
de Deus. Vamos relembrar.
4 cic#s4ÇÕo dc S4f4#ós co#fr#/ó, Jó 1:7 registra o início de uma conversa entre
Deus e Satanás a qual, aparentemente, foi instigada pela acusação feita pelo ini-
migo de que Deus não teria seguidores fiéis na Terra. 0 Senhor disse a Satanás:
``Observaste o Meu servo]ó? Porque ninguém há naTerra semelhante a ele, homem
íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal" (v. 8). E Satanás responde:
"Porventura,]ó debalde teme a Deus? Acaso, não o cercaste com sebe, a ele, a sua
casa e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e os seus bens se mul-
tiplicaram na terra" (v. 9,10).
Em essência, Satanás está afirmando que Jó tinha motivos egoístas para servir a
Deus e, por isso, não era, nem de longe, fiel como o Senhor estava afirmando. No
decorrer da história, naturalmente, Deus permite que o inimigo prove Jó até o
limite, e o patriarca mantém sua lealdade a Deus. Meu objeto, no entanto, não é a
lealdade de Jó. É a altiva acusação de Satanás de que ]ó era indigno do favor de Deus.
4 4c%sc!ÇÕo dc S4f4Ícás co#frfl/os#é. Vemos uma situação semelhante em Zacarias 3,
em que o sumo sacerdote Josué "estava diante do Anjo do Senhor, e Satanás estava
à mão direita Dele, para se Lhe opor", isto é, opor-se ao Anjo do Senhor (v. 1).
Embora o texto não diga explicitamente que o inimigo estava acusando josué de
ser indigno do favor divino, esse parece ser claramente o enfoque da narrativa. E o
que faz o Anjo do Senhor? Ele tira as roupas sujas de Josué e o veste com roupas
limpas e novas. Isso é um símbolo dajustiça de Cristo que cobre Seu povo. Saf4#ás
não gosta disso porque ele estava acusando Josué de ser indigno do j;auor de Deus!
Portanto, Satanás aparece como acusador do povo de Deus em dois lugares da
Bíblia, além do livro de Daniel. Nesses dois lugares, a acusação básica é que o
povo de Deus é indigno do favor divino. Isso é crucial para nossa compreensão
do ataque do chifre pequeno ao santuário de Daniel 8:10 a 12. Visto que é do san-
tuário celestial que ]esus administra o plano de salvação, qualquer investida contra
esse plano atinge também o santuário celestial.
No nível humano, terrestre, o ataque do chifre pequeno ao santuário celestial foi
cumprido pela distorção papal da verdade sobre o plano de salvação. Se as pessoas
viessem a ter uma compreensão errônea do plano, elas não seriam beneficiadas por
ele. Este é o propósito de Satanás: evitar que o povo venha a entender o plano de sal-
vação, de maneira que não possa se beneficiar.
No entanto, o inimigo também ataca o santuário de Deus e Seu plano de salva-
ção. Ele faz isso acusando o povo santo de ser indigno do favor divino, do perdão e
da vida eterna, razão pela qual Jesus morreu, ao passo que Cristo diz que, por meio
de Suav graça., eles são dígnos!
Enquanto Jesus faz a defesa dos súditos de Sua graça, Satanás acusa-os
diante de Deus como transgressores. 0 grande enganador procurou levá-
los ao. ceticismo, fazendo-os perder a confiança em Deus, separar-se de
Seu amor e violar Sua lei. Agora aponta para o relatório de sua vida, para
os defeitos de caráter e dessemelhança com Cristo, que desonraram a seu
Redentor, para todos os pecados que ele tentou-os a cometer; e, por causa
disso, os reclama como súditos seus.4
Satanás, o poder por trás do chifre pequeno, a,taca o santuário de Cristo no Céu
ao acusar, perante os anjos, o povo de Deus de ser indigno da salvação que Cristo
oferece.
A ousada rebelião
Em Daniel 8:12, o profeta escreveu que ``um exército será organizado belo chi-
fre] em rebelião contra o f4mí'd".6 Em outras palavras, o chifre pequeno organizará
um exército de seus seguidores para ir contra o ministério mediador de Cristo. Como
devemos entender isso?
Tenha em mente que Satanás não é o único anjo caído na Terra. Apocalipse
12:3 e 4 nos diz que, quando o diabo foi expulso do Céu, arrastou com ele um
terço dos anjos. Não consigo imaginar que ele, apenas, esteja acusando o povo
de Deus de ser indigno de salvação. Incansáveis, os anjos que o acompanharam
trabalham com ele dia e noite para tentar e perturbar os crentes, fazer com que
cedam à tentação e, então, acusá-los de ser indignos da graça divina. Infelizmente,
em alguns casos, eles estão certos. Alguns professos cristãos estão, em realidade,
cobertos com sua justiça própria, confiando que suas obras irão salvá-los, em vez
de depender da justiça de Cristo. Entretanto, Satanás e seus anjos não apresentam
acusações apenas contra esses em falta. Eles acusam cada um dos crentes de serem
indignos da graça de Deus.
Daniel disse que o chifre pequeno "deitou por terra a verdade". Satanás e
seus anjos não 1imitam seus esforços para enganar homens e mulheres com suas
falsidades. Para ter certeza, apontam para eles suas miras. Os anjos maus estão
fazendo todo o esforço possível para distorcer a verdade em relação aos santos de
Deus também .diante dos anjos no Céu. Eles fazem um ataque blasfemo contra o
ministério de Cristo no santuário celestial. É uma rebelião arrogante e deliberada
contra o Senhor.
Daniel 8:10 a 12 nos diz muito mais do que um antigo rei selêucida (Antíoco)
atacando os judeus em Jerusalém e na ]udeia, profanando seu santuário. Esse foi
um ato menor no drama. De fato, essa profecia se relaciona com o conflito entre o
bem e o mal que vem se desenrolando em nosso planeta - e em todo o Universo
- por pelo menos 6 mil anos. E Deus tem permitido que ele aconteça. Daniel
estava certo quando disse que o chifre pequeno "prosperou" (Dn 8:12). 0 Senhor
deu a Satanás tempo para que colocasse em ação seu plano de governar nosso
A OÜE SÁNTÜÁRlo DANIEL S SE REFERE?
mundo para ficar demonstrado o que ele faria com todo o Universo se lhe fosse
dada oportunidade.
U::v::gou:::qóubevàaon.ohs|fií::eàqu:::t:od;po:1osá:àe::s::ooSp::Ê:|:eerseosaoq?aen:ue::
rio. É o clamor angustiado "Deus, onde estás?", que vem dos lábios de milhões
de pessoas em sofrimento ao redor do mundo. Quando a vida nos traz dificulda-
des, oramos: "Ó Deus, até quando teremos de enfrentar esta dor? Quando trarás
este terrível estado de coisas a um fim?" Essa é a súplica das almas sob o altar em
Apocalipse 6:10: ``Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas,
nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?"
Encontramos essa mesma pergunta após o devastador ataque do chifre pequeno
ao povo de Deus, ao príncipe e ao santuário. "Depois, ouvi um santo que fàlava; e
disse outro santo àquele que fàlava: Até quando durará a visão do sacrificio diário e
da transgressão assoladora, visão na qual é entregue o santuário e o exército, a fim de
serem pisados?" (Dn 8:13).
Os santos
Aparentemente, a pergunta "Quanto tempo?"í foi feita por um anjo. Daniel disse:
•`Depois, ouvi #m so#fo que fàlava; e disse outro s4#fo àquele que fflava" (itálicos acrescen-
tados). 0 pmfeta não nos diz quem são esses santos. Embora não forneça nomes, ele nos
dá algumas pistas. Primeiro, em Daniel 7:9 e 10, ele retrata ri]hões de anjos ao redor do
tiono de Deus, e parece muito prowável que teiiha sido um desses anjos quem fez a per-
gunta de Daniel 8: 13. Encontramos outra pista em Daniel 8: 15 e 16, em que alguém oiidena
a Gabriel que e}plique a visão ao profeta. Parece razoável concluir que Gabriel era um dos
anjos do verso 13 -pmvavelmente aquele que respondeu à pergunta "Quanto tempo?".
Em outras palavras, é provável que tenha sido Gabriel quem deu a resposta que lemos no
`-erso 14. Contudo, antes de examinarmos a resposta, precisamos analisar a pergunta mais
detalhadamente; pois, se compreendermos mal a pergunta, é possível que obtenhamos a
resposta errada ou, no míiiimo, entendamos mal a resposta que obtivermos.
Dado nosso conhecimento do terrível ataque do chifre pequeno dos versos 10 a
12, naturalmente esperaríamos que o anjo perguntasse: "Quando terminará o ataque
do chifre pequeno?" Mas não foi isso que ele disse. Em vez disso, perguntou: " [Quanto
tempo] durará a visão?" Essas duas perguntas são bem diferentes uma da outra. A fim
de assegurar que você entenda a diferença entre elas, repito-as abaixo:
Analisando a pergunta
Duas diferenças entre essas perguntas são particularmente relevantes para nossa
discussão: (1) "Quando?" ycr5#s "Quanto tempo?" e (2) o ataque do chifi-e pequeno
vcrç#f a visão.
Qw¢Ícdo? versus Q#4#fo fcmpo.? Uma ilustração simples poderá esclarecer a pri-
meira diferença entre essas duas perguntas. Suponhamos que eu esteja programado
para sair no dia 7 de março para uma viagem de negócios. Se mjnha esposa pergun-
tasse "Quando você volta?", minha resposta seria: "No dia 14 de março." Entretanto,
se ela perguntasse "Quanto tempo você estará fora?", minha resposta seria: "Uma
semana.'' A resposta apropriada para a segunda pergunta exigiria que minha esposa
fizesse um rápido cálculo aritmético para saber quando eu retornaria. Uma rápida
olhada no calendário lhe diria que, se eu sair de viagem no dia 7 de março, minha
viagem de uma semana terininará em 14 de março.
Voltando à pergunta do anjo, note que ela foi ``Quanto tempo?", não "Quando?".
Porque a pergunta foi feita dessa maneira, precisamos conhecer tanto o ponto de par-
tida como a extensão do período para poder calcular o ponto final. 0 verso 14 nos
dá a extensão do período: 2.300 dias, o que discutirei no próximo capítulo.Vários
capítulos depois, determjnaremos o ponto de início do período envolvido, o que nos
perritirá calcular o ponto em que ele termina.
0 4faqwc do chfrc pcqwc#o versus 4 y!.íão. A pergunta que o anjo poderia ter feito,
``Quando terminará o ataque do chifi-e pequeno?", interroga apenas sobre o ponto
em que terminam as atividades destruidoras do chifre pequeno. A pergunta que ele
realmente fez, "[Quanto tempo] durará a visão?", questiona acerca da extensão do
tempo coberto por toda a visão, a qual teve início com o carneiro medo-persa.
A última parte da pergunta do anjo menciona quatro elementos que estão incluí-
dos na visão: ``[Quanto tempo] durará a visão do [1] sacrificio diário e da [2] trans-
gressão assoladora, visão na qual é entregue o [3] santuário e o [4] exército, a fim
de serem pisados?"Você notará que cada um desses itens tem que ver com o chi-
fie pequeno e seu ataque ferino. A partir disso, alguns intérpretes têm concluído
que a pergunta do anjo sobre o tempo é restrita ao período do chifre pequeno.
Entretanto, observarei mais uma vez que a pergunta do anjo foi "[quanto tempo]
durará a tJí.sÕo?"
A palavra hebraica traduzida como "visão" é ft4zoÍ?. Ela ocorre três vezes nos dois
primeiros ver.sos do capítulo 8. Daniel diz: "[1] No ano terceiro do reinado do rei
Belsazar, apareceu-me uma visão [ftcízo#], a mim, [...]. [2] E vi na visão [Í!4zoít] [...]
[3] vi, pois, na visão [h4zo#] [...]" (ARC). Nesses versos que introduzem a visão do
capítulo 8, a palavra h4zo% claramente se refere a toda a visão. No verso 17, a voz
ordena ao anjo Gabriel: "Entende, filho do homem, pois esta visão [#4zo#] se reftre
ao tempo do fim." Ele, então, começa sua explanação com o carneiro medo-persa.
o primeiro animal da visão (v. 20). Assim, outra vez a palavra #4zoít se refere a toda
a visão. Devemos entender, portanto, que a pergunta do verso 13 "[quanto tempo]
durará a visão [Ã4L2`o#]?" se refere a toda a visão e não apenas ao período do ataque
do chifre. 0 significado desse detalhe ficará evidente em um capítulo posterior.
aüÁNTO TEMPO SENHOR?
A pequena lista
Ao perguntar "Quanto tempo?", o anjo traz à tona pelo menos dois dos elementos
que os três versos anteriores haviam retratado como o ataque do chifi.e pequeno e um
possível terceiro item. Ele tinha em mente o f4mí.d (o que muitas versões bíblica.s cha-
mam de "sacrificio diário"), o exército e, possivelmente, o santuário. Digo "possivel-
mente" porque a palavra hebraica traduzida como "santuário" é qoJcs#, o significado
básico daquilo que é ``santo". A palavra hebraica para "santuário" é mí'qd4s¢, que tem
relação com qocícsh, mas não quer dizer a mesma coisa. Mí.qcícüà é usada somente no
verso 11, que diz: "o lugar do seu santuário [m!.qdash] foi deitado abaixo". No verso
13, o anjo literalmente perguntou: ``[Quanto tempo] durará a visão do sacrificio diá-
rio e da transgressão assoladora, visão na qud é entregue o [santo] [qodcs#] e o exér-
cito, a fim de serem pisados?" Ele não perguntou sobre o santuário (mi'qcJ4s#), e esse
é um ponto significativo, que discutirei em maiores detalhes no próximo capítulo.
Os versos 10 a 12 retratam o chifre pequeno atacando algumas coisas e pessoas.
Como observei acima, o verso 13 relaciona vários desses objetos do ataque do chifre
pequeno, mas deixa fora as estrelas (v.10), o príncipe do exército (v.11) e a verdade
(v.12). No entanto, o a,njo mencionou a "transgressão".
0 termo hebraico para "transgressão" usado nesse verso é pcsÁc7', o qual apareceu
pela primeira vez no verso 12: ``por causa das transgressões bcs#4'] [...]." Indiquei no
capítulo anterior que a palavra pcs#o' significa "rebelião", no sentido de uma esco-
lha aberta e deliberada de desobedecer ao Senhor. 0 ataque do chifre ao povo de
Deus, ao príncipe e ao santuário certamente pode ser qualificado como uma inves-
tida deliberada contra Deus! Trata-se de uma rebelião abominável! Na pergunta do
verso 13, o anjo chamou o ataque do chifre de "transgressão cÜso/czdom" (itálico acres-
centado). 0 termo hebraico sh4mc# quer dizer "estar desolado" ou "estar horrori-
zado". A última expressão pode estar mais próxima do significado que Daniel tinha
em mente - uma rebelião hom'vcJ. Isso destaca o sentimento de horror que devemos
ter com respeito à rebeldia do chifre pequeno.
Uma questão importante é se a lista de itens da pergunta do anjo, nos versos 10 a
12, é deliberadamente pequena. Isto é, o anjo estava perguntando apenas sobre esses
elementos específicos? A resposta razoável parece ser "não". Os quatro itens que ele
trouxe dos três versos anteriores são uma espécie de resumo. Ele rea,lmente parece
perguntar: "Quando é que focJos os terríveis problemas associados ao ataque do chi-
fie pequeno serão corrigidos?"
Assim, um. anjo perguntou ao outro a,njo: "Quanto tempo durarão o carneiro, o
bode e o rebelde chifie pequeno da visão? Quando terminarão os eventos observa-
dos nessa horrível visão?" A resposta vem no verso 14, que consideraremos no pró-
.ümo capítulo.
Nota do tradutor: A versão New King ]ames, utilizada pelo autor, usaL a expressão "Quanto tempo?" no
`-erso 13, como também é o caso da Nova Versão lntemacional, em português. Para manter a coerência do
argumento do autor, manteremos a expressão "Quanto tempo?" em colchetes, em vez de "Até quando?",
que é a expressão utilizada na versão Almeida Revista e Atualizada e na versão Almeida Revista e Corrigida.
APURIFICAÇÃO
D0 SANTUARIO
F:noa|::::;eescuhsepgaarT:ssâ4PÊ?tl:lusc::r4t'otà:tàuqeu:ol::ocuonGhuel;:ebremmee¥;llf:s:a:reeí:zirasa'
para que fique registrado, aqui está o que ela diz: "Ele me disse:Até duas mil e trezen-
tas tardes e manhãs; e o santuário será purificado."
Como observei no capítulo 5, ao longo da maior parte da carreira de Miller como
pregador, ele não fixou uma data específica para a segunda volta de Cristo. Ele acei-
tou 22 de outubro de 1844, quase duas semanas antes do Grande Desapontamento.
De qualquer maneira, a data de 22 de outubro está baseada no Dia da Expiação
judaico, não em Daniel 8:14.
Para melhor entendermos esse assunto, podemos dividir Daniel 8: 14 em três partes:
A primeira parte, "Ele me disse", certamente não precisa ser comentada. Resuriiida-
mente, no verso 13, dois santos estão envolvidos em uma conversa sobre quanto tempo
durariam os eventos revelados na visão dos versos 3 a 14, e um deles dá a resposta que está
registrada no verso 14. É interessante observar que o anjo que respondeu à pergunta se
dirige diretamente a Daniel. 0 proftta relata: "Ele mc disse" (itálico acrescentado), não
"Ele disse para o owfMo `s4#fo'''. Contudo, não posso dizer se esse detalhe tem algum efei-
A PURIF[CAÇÃO D0 SANTUÁRlo
As palavras do verso 14c são particularmente cruciais pam uma compreensão correta do
texto: "Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o jc]#fwcíw.o será p##/rido."
Santuário
No capítulo anterior, indiquei que a palavra hebraica para "santuário" é mt.qd4Ls#,
palavra usada por Daniel quando ele escreve:``o lugar do Seu santuário [mí.qd¢sÃ] foi
deitado abaixo" (Dn 8:11). Porém, a palavra hebraica traduzida como "santuário"
tanto no verso 13 como no 14 é qocíesÁ, o significado básico daquilo que é "santo".
Qual é, então, a diferença entre qodcsft e mi.qdcü#?
A palavra hebraica qoc7cJ# é usada para designar pessoas, 1ugares e coisas santas. Ela
ocorre três vezes em Daniel 8:13.As duas primeiras vezes são quando um "j4#fo" fha
À PURIFl€A ÃO D0 SANTUÁRlo
com outro "scií£fo" (itálico acrescentado). Na terceira vez, ela é traduzida como "san-
tuário", no verso 14. A pergunta é se a frase no verso 14 talvez devesse ser traduzida
como "e o s4#fo será purificado".
Não quero sugerir que a palavra s4Ítfwórí.o nas Bíblias em português seja uma
tradução equivocada. 0 santuário é um importante tema dos versos 10 a 12. No
Antigo Testamento, a palavra qodcs# ocorre principalmente nos livros de Êxodo,
Levítico, Números e Ezequiel. Isso sugere que a palavra é usada especialmente em
relação ao santuário, uma vez que esse é o tema principal desses livros. E a maio-
ria dos comentaristas concorda que qocícs#, em Daniel 8:14, significa ``santuário", e
quase todas as versões traduzem dessa forma.
Entretanto, talvez seja significativo que o anjo tenha usado a palavra s4#fo (qodcsÃ)
em vez de s4#fwórí.o (mi.qdasÃ), tanto no verso 13 como no 14.Tenha em mente que
o verso 14 é a resposta para a pergunta do anjo sobre quanto tempo seria permi-
tido que a visão continuasse, isto é, o ataque do chifre pequeno dos versos 10 a 12.
Lembre-se também de que o santuário não é a única coisa que o chifre pequeno
atacou: ele atacou o povo de Deus (o exército e as estrelas), o Príncipe, os serviços
(Í4mí.4) do santuário de Deus e a verdade, tudo isso é santo. Houvesse Daniel usado
a palavra hebraica para "santuário" (mí'qd4s#), poderia parecer que a solução do verso
14 estivesse dirigida apenas para o santuário que foi destruído no verso 11. Em vez
disso, a palavra s¢#Ío (¢odcsb) sugere que deve haver uma solução para todas as coi-
sas santas que foram atacadas nos versos 10 a 12: o povo, o Príncipe, o santuário, os
serviços e a verdade. Proebstle conclui:
Purificado
A palavra hebraica traduzida como ``purificado" em Daniel 8:14 (tanto na K]V
como m NKJV) é Í%`f5d4q. Essa é a fórma passiva do verbo fscid4q. Muito se tem
escrito acerca d.e fs4d4q e de %i'f5cJ4q. Assim, tudo o que podemos fazer aqui é resumir
os pontos que são especialmente relevantes para o nosso estudo.
Ts4dc[q c "pwr%"do ". Os adventistas têm associado a palavra "purificado" de Daniel
8:14 com a purificação do santuário no Dia da Expiação de Levítico 16. Muitos crí-
dcos - tanto adventistas como não adventistas - desafiam essa associação, visto que a
palavra hebraica para "purificado" em Levítico 16 é f4hc/, não fs4d4q -o significado
básico daquilo que é "correto", "direito" e ``justo". Portanto, dizem os críticos, uma
correlação direta entre Daniel 8:14 e Levítico 16 não se justifica.
No entanto, é preciso ter em mente duas outras considerações. A primeira é
que as versões remotas do Antigo Testamento em outras linguagens diferentes do
NA CORTE CELESTIAL
hebraico são quase unânimes em traduzir Í%.fsd4q como "purificado".2 Isso é espe-
cialmente significativo com respeito à Septuaginta porque ela é a tradução grega do
Antigo Testamento feita pelos judeus, que entendiam a própria língua (o hebraico)
muito bem.3
A segunda consideração é a conclusão a que chegou o Dr. Richard Davidson,
diretor do Departamento de Antigo Testamento do Seminário Teológico Adventista
do Sétimo Dia, em um artigo publicado vários anos atrás noJowr%¢/ o/ f#c 4dtJcÍ?f!.sf
T7%oíogi."/ Soci.cfy. Davidson comparou a palavra hebraica fs4d4q com outras palavras
paralelas a essa na poesia do Antigo Testamento.4 Ele concluiu que os termos usados
em paralelo com fs4d4q sugerem três significados para a palavra.
Com respeito ao segundo item acima, Davidson indica que, em Jó 4:17 e 17:9,
fs4d4q é usada em forma paralela a fci#cr, a palavra traduzida como ``purificado" em
Levítico 16. Ts4d4q também é usada em paralelo com a palavra hebraica z4k4h, que
significa "ficar puro" (ver ]ó 15:14; 25:4; Sl 18:20). Portanto, embora "purificado"
possa não ser o significado mais básico de fs4c74q, ela pode ter esse sentido.
0 wsoj#rí'dí.co dc tsadaq.Também é significativo para a nossa discussão o fato de que o
Antigo Testamento fi-equentemente usa fs4d4q em contexto jurídico. Richard Davidson
declara que,"de acordo com uma contagem, das 117 ocorrências de fscdcq [uma forma
variante de Í54d4¢] no Antigo Testamento, 67 (ou 57%) são encontradas em um con-
texto legal". Ele conclui que "nesses ambientes legais, fica claro que fscdcq assume um
significado ampliado com a conotação de `vindicação".6 Seguem três exemplos:
• Moisés instruiu o povo: "Em havendo contenda entre alguns, e vierem a juízo,
os juízes os julgarão, justificando [fsc!d4q] ao justo e condenando ao culpado"
(Dt 25:1).
• Em seu esforço para enfraquecer o governo de seu pai e se estabelecer como rei
de lsrael,Absalão disse ao povo: "Ah! Quem me dera serjuiz na terra, para que
viesse a inim todo homem que tivesse demanda ou questão, para que lhe fizesse
justiça [fs4.d4q]" (2Sm 15:4).
• Salomão disse: ``0 quejustifica [fs4d4q] o perverso e o que condena o justo abo-
mináveis são para o SENHOR, tanto um como o outro" (Pv 17:15).
OS 2.300 DIAS
Essa é uma indicação clara de que os 2.300 dias constituem uma profecia tempo-
ral. E, de fato, quase todos os intérpretes de Daniel entendem os 2.300 dias como um
período na história.A questão concernente a Daniel 8:14 não é se essa é uma profe-
cia temporal, e os adventistas do sétimo dia não estão errados por entendê-la como
uma profecia temporal. A verdadeira questão é qw4#fo fcmpo o verso está indicando.
Devemos entender os 2.300 dias como literais ou simbólicos?
Os que adotam a interpretação literal aplicam esse período de tempo a dias lite-
rais durante o reinado de terror imposto aos judeus por Antíoco. Duzentos anos atrás,
muitos intérpretes de profecias entenderam que os 2.300 dias representam anos, e
vários deles afirmavam que o período terminava em 1843,1844 ou 1847.8 Contudo,
tanto quanto sabemos hoje, os adventistas do sétimo dia são os únicos a adotar o
ponto de vista de que os 2.300 dias simbolicamente representam 2.300 anos literais
que começaram no período medo-persa e se estenderam até meados de 1800. Farei
um resumo das questões básicas envolvidas em cada interpretação.
A intepretação literal
No capítulo 9, indiquei que a profànação do santuário em ]erusalém por
Antíoco Epifânio durou três anos. Porém, três anos correspondem a apenas 1.095
dias. Por outro lado, 2.300 dias correspondem a seis anos e quatro meses. Muitos
dos que adotam a interpretação de Antíoco querem deixar o número 2.300 o mais
próximo possível dos fatos históricos. Assim, eles assumem que as palavras m4Í£hõ
e fc"dc se referem aos sacrificios vespertinos e matutinos do sistema sacrifical
judaico. Então, ao interpretar a metade das unidades de 2.300 como sacrificios da
tarde e a outra metade como sacrificios da manhã, eles chegam ao total de 1.150
dias -metade dos 2.300 dias. Isso fica mais perto da extensão de tempo em que o
templo de jerusalém permaneceu profanado, mas ainda permanece com 55 dias a
mais do que os 1.095 de Antíoco. Para muitos eruditos, isso é perto o suficiente -
é o melhor que podem fazer para que os fatos se encaixem em sua interpretação.
Essa interpretação 1iteral, por mais instável que seja, é, obviamente, necessária no
caso de Daniel s representar Antíoco.Assim, a pergunta básica é: Seria esse verdadei-
ramente o caso? Nos capítulos 9 e 12, apresentei evidências de que não é.Assim, não
farei mais comentários sobre essa questão aqui.
A interpretação simbólica
A interpretação adventista dos 2.300 dias como 2.300 anos é baseada no princípio
dia-ano, no qual um dia, na simbologia profética, equivale a um ano de tempo lite-
ral. Uma vez que discutirei esse princípio em detalhes no capítulo 27, limitarei minha
discussão aqui a duas outras questões: (1) como o contexto de Daniel 8:14 influen-
cia a interpretação dos 2.300 dias e (2) o significado das palavras f4ÍcJc e m4#hã na lín-
gua hebraica.
0 co#fcxfo. A visão de Daniel termina no verso 14. Assim que a visão termi-
nou, o anjo Gabriel apareceu a Daniel (ver v.16), e Gabriel disse: "Entende, filho
do homem, pois csf4 y!.são sc re/c# 4o fcmpo dofim" (v.17; itálicos acrescentados).
Dois versos depois, Gabriel disse: "Eis que te farei saber o que há de acontecer no
último tempo da ira, porque esta visão se refere ao ícmpo cícfc/mí'#4do cJoufim" (v.19;
itálicos acrescentados). Portanto, o período de 2.300 dias supostamente se estende
até o tempo do fim.
No capítulo anterior, indiquei que o anjo perguntou: "[Quanto tempo] durará
a t/i'sÕo?", não "Quando terminará o czf4q#c cJo c#í//c pe¢we#o?" (itálicos do autor).
0 problema está no período coberto por toda a t;i.sÕo. A visão de Daniel come-
çou com o carneiro medo-persa. Isso significa que os 2.300 dias devem começar
durante o período medo-persa, e, desde aí, se estender até o tempo do fim, o qual os
adventistas e muitos outros cristãos acreditam ser o nosso tempo. Seis anos e qua-
tro meses seriam, obviamente, um espaço de tempo muito curto durante o impé-
rio medo-persa. Isso nos deixa sem opção, senão a de interpretar as 2.300 tardes e
manhãs de maneira simbólica.
As tardes e manhãs se refirem aos sacriflcios diários? Poucos pa,rãgraÂos a,cL:ma,
mencionei que muitos intérpretes entendem que as "tardes e manhãs" do verso
1+ se referem aos sacrificios das tardes e manhãs de Levítico. Isso estaria correto?
Começarei fornecendo as palavras na linguagem original que estão traduzidas como
•.tardes" e "manhãs".
A palavra hebraica para ``tarde" é erctJ, e para "manhã" é boqcr. Ambas estão no
singular no hebraico e não há conjunção entre elas. Além disso, as palavras tradu-
zidas como "duas mil e trezentas" vêm após cw boqcr. Assim, uma leitura literal
em português seria: "tarde-manhã duas mil e trezentas", não "duas mil e trezentas
urdes e manhãs".
A ordem das palavras fmdc-m4#ÃÕ é significativa. Os adventistas argumentam
contra a ideia de que em Daniel 8 essas palavras sejam linguajar do santuário. Uma
das evidências que favorecem nossa posição é que qua,ndo se fria de sacrificios diários
no Antigo Testamento, a ordem das palavras sempre é m4í4hõ-fcwdc, nunca fcí#t7c-mcz-
Íi/iõ.9 A ordem das palavras de Da,niel, f4Mdc-mcí##ã, está mais evidente no relato da
iTiação, que diz: "Houve tarde e manhã, o primeiro dia" (Gn 1:5) (ver também v. 8,
13,19, 23, 31). Com esse entendimento, a interpretação óbvia de "tarde-manhã duas
ril e trezentas" é de dias inteiros, não dias pela metade.
0 assunto da criação é importante por outra razão. 0 ataque do chifre pequeno
ao exército, ao príncipe do exército, ao f4mí.cJ, ao santuário e à verdade foi bastante
destruidor. PÇ>r isso, a restauração seria uma obra de crí.4Ção ou, ta,1vez mais correta-
mente, de rccri.4fõo. Proebstle disse: "Depois da pergunta [no versículo 13] sobre até
que ponto no tempo a situação destruidora vai continuar, o primeiro pensamento
desencadeado pela resposta é a respeito da criação. Portanto, a criação se opõe à des-
truição."í° "A noção de criação se encaixa como um oposto da destruição efetuada
pelo chifre e seu exército. Assim, a forma singular de `tarde-manhã' cria a expecta-
d\-a de um ato criativo, mas esse ato criativo virá somente depois de um período de
•2.300 tardes-manhãs'."11
Uma vez que dedicarei os capítulos 20 e 21 para uma discussão sobre o Dia da
Expiação, aqui farei apenas um comentário sobre isso. Na visão de Daniel 8, a Medo-
Pérsia é representada por um carneiro e a Grécia, por um bode. Significativamente,
nos serviços do santuário israelita, carneiros e bodes eram sacrificios comuns, e
ambos eram sacrificados no Dia da Expiação (ver Lv 16:15, 3, 24). Aqui está,
portanto, outra razão para entender o verso 14 em termos de Dia da Expiação.
Proebstle faz um comentário significativo: "Se a terminologia cúltica [do santuá-
rio] da visão de Daniel s leva à crença de que a frase `tarde-manhã' deva deno-
tar um dia que vai de uma tarde até a outra tarde e que tenha significado cúltico,
cumpre optar por uma referência ao Dia da, Expiação que explicitamente vá de
uma tarde até a outra.''12
0 ponto de Proebstle é facilmente verificado. Um importante texto com que
os adventistas provam que o sábado deve começar e teminar ao pôr do sol é
Levítico 23:32, que diz: "de uma tarde a outra tarde, celebrareis o vosso sábado."
0 que muita gente não percebe é que esse texto está no contexto do Dia da
Expiação. Como parte de uma passagem que dá instruções sobre a maneira de
observar o Dia da Expiação, o verso inteiro diz: ``Sábado de descanso solene [o Dia
da Expiação] vos será; então, afligireis a vossa alma; aos nove do mês, de uma tarde
a outra tarde, celebrareis o vosso sábado." 0 ponto é que o Dia da Expiação -
como qualquer outro dia pela contagem hebraica -começa à tarde (ao pôr do sol),
continua pela manhã e termina à tarde (ao pôr do sol). Embora a manhã não seja
mencionada nas instruções sobre como observar o Dia da Expiação, a sucessão de
períodos de tempo é, claramente, "tarde-manhã-(tarde)", assim como encontra-
mos em Daniel 8:14.
Em conclusão, intérpretes de Daniel 8:14 têm dado uma va,riedade de expli-
cações para a "purificaçâo" do ``santuário" após "tarde-manhãs duas mil e trezen-
tas".A explicação adventista difere, de várias e significativas maneiras, dessas outras.
Entendemos que o santuário está no Céu, e sua purificação significa uma vindica-
ção judicial de todas as coisas santas que o chifre pequeno atacou nos versos 10 a
12. E entendemos que as 2.300 tardes e manhãs são dí.¢s, os quais devem ser inter-
pretados como ¢#os, de acordo com o princípio dia~ano.Também entendemos que
o verso 14 se refere à obra do julgamento, que é um a.ntítipo do Dia da Expiação
no santuário terrestre. E me parece que existe uma base razoável nas Escrituras
para cada uma dessas conclusões.
Tudo isso.faz com que comecemos a entender Daniel 8:14. Contudo, há mais
coisas para considerar.
intitulado "The `Little Horn,' the Heavenly Sanctuary and the Time ofthe End:A Study ofDaniel 8:9-14".) .
3 Proebstle não dá muito crédito às versões antigas. Em um comentário pessoal, ele disse: "É possível que os
tradutores, especialmente os da Septuaginta, pensassem que Daniel 8:14 se cumpriu com a purificação do
templo no tempo dos macabeus."
+ Com fi.equência, a poesia bíblica expressa o mesmo pensamento duas vezes, de uma forma ligeiramente
diferente. Isso é chamado de "paralelismo" (ver, por exemplo, Sl 5:1; 6:1; 15:1).
5 Richard Davidson, "The Meaning of Ni'Ísó4q in Daniel 8: 14", p.107-119.
6 Ibid.
T Proebstle, "Truth and Terror", p. 400, 402.
8Vcr Edwín Froom, The Prophetic Faith of Our Fathers, v. 4, p. 404.
9Ver Nm 28:4; 2Rs 16:15; 1Cr 16:40; 2Cr 2:4; 13:11; 31:3; Ed 3:3.
" Proebstle, "Truth and Terror", p. 364, 375.
] 1 lbid., p. 394.
12 Ibid., p. 390.
A PURIFIC,AÇÃO D0
SANTUARI0 E 0S
PECADOS DOS SANTOS
P;:rTfi::saçdãeoLt::staanuor;,ç€:;dv:nídsL::;ãoos,addoves:àL::aásrLdoods:tàma:L:ía8::Faapfi:rn::dpoar:uue:
juízo investigativo que começou no Céu em 1844. 0 propósito dessejuízo investiga-
tivo é revisar a vida dos santos com o finalidade de apagar seus pecados dos livros de
registro do Céu ou, no caso dos que não forem achados dignos, reter o registro de
seus pecados. Temos dito que a purificação do santuário sobre a qual Daniel fala é o
antítipo celestial do Dia da Expiação levítico, o qual aponta para o cancelamento dos
pecados dos santos.Tratarei do serviço 1evítico, inclusive o Dia da Expiação, nos pró-
ximos quatro capítulos. Este capítulo concentra-se na purificação do santuário e nos
pecados dos santos em Daniel 8:14.
Por pelo menos cem anos, os críticos do entendimento tradicional adventista têm
apontado para um problema contextual importante em nossa interpretação de Daniel
8:14. Nos versos 10 a 12, o perverso chifre pequeno ataca o povo de Deus, a ver-
dade, o Príncipe e o santuário que pertence ao Príncipe. 0 verso 12 conclui dizendo
que o chifre pequeno teve sucesso em seu ataque. E, no verso 13, um anjo pergunta
quanto tempo vai durar a terrível devastação do povo de Deus e de Seu santuário,
mostrada nessa visão.
A resposta vern no verso 14: "Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o san-
tuário será purificado." Mas, se o contexto tem alguma coisa que ver com a interpre-
tação desse texto, essa purificação do santuário não parece estar relacionada com a
remoção dos pecados dos s4#fos do santuário, senão com a reversão dos atos nefastos
do c#fre j)cqwc#o. Se o santuário precisa ser purificado de algum pecado, são os peca-
dos do perverso chifre pequeno que precisam ser removidos, não os pecados dos san-
tos. Desmond Ford se manifestou sobre o assunto de maneira sucinta no manuscrito
de Glacierview:
Oual santuário?
A primeira questão que precisamos resolver é se o santuário mencionado em
Daniel 8:14 está no Céu ou na Terra. A maioria dos intérpretes contemporâneos
aplica o santuário de Daniel 8 ao templo de jerusalém que Antíoco Epifânio ata-
cou em 168 a.C., o qual, natura,1mente, era o santuário terrestre. Guilherme Miller
achava que o santuário representava toda a Terra, e nenhum dos que esperavam a
vinda de Jesus em 22 de outubro de 1844 questionou essa interpretação até que
jesus não apareceu.Já no dia seguinte -na manhã de 23 de outubro -Hiram Edson
teve a revelação de que o santuário a ser purificado era o santuário celestial. Desde
então, os adventistas têm mantido esse ponto de vista.Tenho três razões para con-
cordar com ele.
e várias das versões modernas da Bíblia reconhecem isso, pois usam o "P" maiús-
culo para a palavra "Príncipe" (Commdcmfc, m versão New American Standard).
0 Príncipe do exército obviamente tem um santuário, pois é dito que o chifre
pequeno lança-o por terra e lhe remove o f4mí`ó, isto é, os serviços regulares do
santuário. Portanto, o Príncipe também é um sacerdote. É bem provável que esse
Príncipe seja Cristo, visto que o Novo Testamento nos informa que Cristo é um
sacerdote, e que Ele serve no santuário celestial (ver Hb 8:1, 2). Essa é a minha
terceira razão para concluir que o santuário que é purificado em Daniel 8:14 é o
santuário de Cristo no Céu.
A pergunta é: Como o chifie pequeno "deitou abaixo" o santuário no Céu? A res-
posta, naturalmente, é que ele não o fez no sentido literal. Ih vez disso, segundo a
interpretação histórica adventista, o papado "deitou abaixo" o santuário celestial ao
atacar os princípios estabelecidos por Deus, pelos quais o santuário funciona, distor-
cendo, assim, o plano da salvação que Cristo ali está administrando. No capítulo 14,
indiquei que o papado faz isso quando induz o povo a buscar salvação por meio de
um sacerdócio humano e a substituir o ministério mediador de Cristo pela assim
chamada mediação de Maria. Com esses e outros falsos ensinamentos, o papado tem
anulado tão efetivamente a mediação de Cristo no santuário celestial que é como se
tivesse alcançado o Céu e anulado o papel sacerdotal de Cristo em nosso favor.4
Essa é uma forma de entender a purificação do santuário do verso 14. Mesmo
assim, ainda não resolvemos o problema contextual, ou seja, a purificação do santuá~
rio do verso 14 tem que ver com os peca.dos dos santos, ao passo que os versos ante-
riores parecem tratar exclusivamente dos pecados do maligno chifre pequeno. Como
indicou Ford em seu manuscrito de Glacierview: "Que não passe despercebido: o
contexto não diz nada sobre os crentes ultrajando o santuário."
desafiadora afirmação de que eles não são dignos de salvação -são resolvidos de uma
vez por todas nessaL oca,s±~a,o. Por isso é necessário hwer um juízo inuestigatiuo.
LíÍ.#cí!'c¢r os s4#fos c o sci#fwárí'o. Nas versões Almeida Revista e Corrigida e Almeida
Revista e Atualizada de Daniel 8:14, esse juízo está representado como a pt##"Çõo
do santuário.A versão inglesa Revised Standard traduz o termo como resf4#rzzr o san-
tuário a seu estado correto. Acredito que a melhor palavra seja t;Í'Ícc7Í'cm lsso se justi-
fica inteiramente considerando que a palavra hebraica traduzida como "purificado"
nas versões Revista e Corrigida e Revista e Atualizada de Daniel 8:14 é #í.fsd4q,
a forma passiva de fsc!c7czq, que, no Antigo Testamento, é comumente usada no con-
texto jurídico.
Sob a hábil direção de ]esus, os anjos do Céu vindicarão cada indivíduo pertencente
ao povo de Deus da culpa concemente a cada uma das filsas acusações de Satanás. Essa
vindicação do ministério de jesus também é uma vindicação do santuário. Esse enten-
dimento da vindicação, ou purificação, do santuário fica especialmente evidente no
juízo de Daniel 7. 0 verso 22 diz que, em resposta ao ataque do chifie pequeno con-
tra os santos, "justiça [foi feita] aos santos do Altíssimo". Em outras palavras, por meio
desse juízo eles são vindicados.
Note que os que tomam decisões nessa ocasião são os anjos,5 não Deus. Ele tomou
Sua decisão sobre o merecimento de cada ser humano ser salvo no tempo em que
aquela pessoa viveu e morreu. É no juízo investigativo que os livros são abertos para
que os anjos os examinem. Sobre isso é a cena de Daniel 7:9 e 10. Quando essejulga-
mento for concluído, cada anjo do Céu declarará que todas as decisões de Deus sobre
a salvação de Seu povo são justas. Haverá uma confirmação das decisões de Deus
tanto no que diz respeito aos que estão salvos como aos que estão perdidos.
Por 150 anos, os adventistas têm afirmado que os pecados perdoados dos santos
são mantidos nos livros de registro do Céu até o tempo do juízo. É extremamente
importante entender que os registros são mantidos ali com o único propósito de
responder aos ataques de Satanás contra os santos no juízo. Quando os anjos virem
a palavra "perdoado" escrita sobre o registro desses pecados e quando lerem os
motivos que levaram o povo de Deus a buscar o perdão, eles declararão que Deus
foi justo em cada uma das decisões que tomou.
Então o registro dos pecados dos santos será para sempre apagado dos livros do
Céu. Por causa dos pecados ali registrados, Satanás tem acusado os santos de serem
indignos do perdão de Deus. É um ataque direto ao plano de salvação e ao sa,ntuá-
rio celestial, de onde se origina a salvação. Daniel 8:10 e 11 representa isso, sim-
bolicamente, como um ataque do chifre pequeno ao povo de Deus (estrelas), o
Príncipe Uesus), o santuário e os serviços (f4mi'J).A resolução vem no verso 14, que
fala da vindicação dos santos e da remoção de seus pecados do livro de registros do
Céu. Isso "purifica" o santuário celestial dos pecados dos santos e repele o ataque
de Satanás, por meio do chifre pequeno.
Francamente, fico/c/i.z em saber que o registro dos meus pecados permanece nos
livros do Céu até o juízo porque também sei que a palavra ``perdoado" está escrita
ao lado de cada um deles. Portanto, posso estar seguro de que, quando eu entrar no
8ELESTIAL
Céu, um enorme comitê de boas-vindas estará a postos para me dar um forte abraço
e dizer o quanto eles estão felizes por me verem ali!
Se você e eu estivermos mantendo uma relação constante com jesus, não preci-
samos temer o juízo. Também não precisamos ficar apreensivos quanto ao registro
de nossos pecados que tem sido mantido nos livros do Céu. Em vez disso, devemos
louvar a Deus por ter conservado um registro preciso de todas as coisas, inclusive
do nosso arrependimento e do perdão divino. Devemos louvar a Deus porqueJesus,
nosso Mediador, fará uma apresentação justa e precisa da nossa situação quando nosso
nome for chamado no juízo. E, quando tudo isso terminar, Ele será vindicado em
cada uma de Suas decisões. E se Ele é vindicado, nós também somos.
Mal posso esperar para encontrar meu comitê de boas-vindas!
SANTUARI0 TERRESTRE
Os sacrifícios
Deus tinha um problema. Ele nos criou como seres humanos e nos ama. Ele quer
ter um relacionamento conosco. Ele quer habitar entre nós (ver Êx 25:8) . Infelizmente,
somos imperfeitos. Caímos em vários tipos de pecado, e esses pecados tornam impos-
sível que Ele tenha conosco o relacionamento que deseja ter. A fim de ter esse
relacionamento, Ele teria que descobrir uma forma de lidar com nossas imperfei-
Ções, mantendo, ao mesmo tempo, a integridade de suas leis. Sobre isso era o sistema
sacrifical israelita. Ele possibilitava que Deus tivesse um relacionamento amoroso com
Seu povo e mantivesse, ao mesmo tempo, Suajustiça quando eles violassem Suas leis.
De que consistia esse sistema sacrifical?
Cada manhã e cada tarde, o sacerdote imolava um cordeiro e oferecia o corpo do
animal sobre o altar de sacrificio. Isso era chamado de sacrificio da "manhã e tarde"
(ver lcr 16:40; 2Cr 2:4; 13:11; 31:3). Mas, não é esse o aspecto do sistema sacrifical
israelita que focalizarei neste capítulo. Nossa preocupação aqui é com os sacrificios
individuais dos israelitas.
Quando um israelita cometia um pecado, era necessário que ele trouxesse um
sacrificio animal para o santuário. Por meio desse ato, o indivíduo reconhecia ter
violado a lei de Deus. 0 sacrificio também mostrava que o pecador estava arre-
pendido, ainda que Levítico não diga nada sobre arrependimento. Dependendo de
quem fosse o pecador: um sacerdote, um líder ou uma pessoa comum, o sacri-
ficio requerido era um novilho, um bode ou um cordeiro.As pessoas que não tives-
sem meios para trazer um desses animais podiam trazer duas pombas ou, no caso
de extrema pobreza, uma oferta de fina farinha de trigo.3 No caso do novilho, do
bode ou do cordeiro, o pecador colocava a mão sobre a cabeça do animal e o imo~
lava cortando-lhe a garganta, seccionando a veia jugular. 0 sacerdote, então, derra-
mava o sangue do animal em uma vasilha. Se o pecador era uma pessoa comum ou
um líder, o sacerdote espalhava um pouco do sangue nas pontas do altar de sacri-
ficio, que ficava no pátio (ver Lv 4:25, 30). Quando um sacerdote pecava, ou no caso
de um pecado cometido por toda a congregação, o sacerdote levava um pouco do
sangue para o Lugar Santíssimo, o primeiro compartimento do santuário, o asper-
gia sete vezes diante do véu e, depois, o espalhava nas pontas do altar de incenso (ver
Lv 4:6, 7,17,18). 0 sacerdote então retirava a pele do animal e queimava algumas
partes dele sobre o altar de sacrificio (ver Lv 4:10,19, 20, entre outros).
Esse ritual parece um tanto estranho para nós. Roy Gane observa em seu livro
C%Jf 4#d Chczrflcfcr [Culto e Caráter]:
nível mais elevado: a poluição não fisica, que consiste de impurezas rituais
e falhas morais, é purgada do santuário, em nome dos israelitas (v.18,19,
33). Embora as atividades, por si mesmas, não produzam esse objetivo por
meio de causa e efeito, como seria de se esperar na vida corriqueira, elas
servem como um veículo para a transformação que ocorre no aspecto do
significado simbólico.4
t Havia seis dias de festa anuais no calendário israelita (ver Lv 23; Nm 28; 29); mas, quando os adventistas
f;àlam do "serviço anual", geralmente eles têm em mente apenas o Dia da Expiação.
2 Altar Cdll., Cult and Character: Purfication Qfféríngs, Day of Atonement, and Theodicy; e ljeuitícus and Numbers.
3 Uma das nossas fontes primárias de informação sobre essas ofertas sacrificais é Levítico 4 e 5.
4 F`oy Gane, Cult and Chamcter, p.17.
ATRANSFERÊNCIA
D0 PECAD0 PARA
0 SANTUÁRIO
D;saç:eo|Smppr::á:::odsod:ohslss:óeri:eanddv|e=:l:::,:ot5::sáesraênntcul:r:ooep:CJaudí:ot:=Ves:td|3a?|:oa.
Entretanto, também têm ocorrido significativos questionamentos acerca dessa ideia.
Elletj.Waggoner, um nome célebre em 1888, questionou a ideia inteira sobre a trans-
ferência de pecado. Ele disse: "0 pecado não é uma entidade, mas uma condição que
só pode existir atrelado a uma pessoa", portanto, "é impossível que possa haver algo
como a transferência de pecados para o santuário do Céu, o que poluiria o lugar".Í
No entanto, que o pecado pode ser transferido de um indivíduo para o outro fica
óbvio a partir do fato de que Cristo levou nossos pecados na cruz (ver ls 53:4-6,11;
1Pe 2:24). A ideia de transferir o pecado para o santuário, portanto, não deveria ser
tão surpreendente. Gane indica que "em um ritual, uma entidade não material (o
pecado, por exemplo) pode ser tratada como se pertencesse ao domínio material, de
modo a estar sujeita a uma interação e manipulação fisicas".2 Portanto, a questão não
é tanto sc o pecado pode ser transferido, mas o que 5íÉÍ£%" transferir.
Discutirei o significado da transferência de pecado mais tarde neste mesmo capítulo.
Por enquanto, é suficiente notar que parece bastante óbvio que os pecados dos israelitas
entraram no santuário porque, no Dia da Expiação, eles tinham de ser purificados/orfl
do santuário. Se eles tinham de ser removidos, então, de alguma maneira, eles devem ter
entrado ali. Mas como? Quando? Sob que circunstâncias?
A explicação tradicional adventista é que o pecado de um israelita era transferido
para o santuário no momento em que ele trazia o sacrificio e passava pelo ritual que
descrevi no capítulo anterior. Contudo, alguns eruditos entendem a transferência do
pecado cometido para o santuário de maneira bem diferente. Os pecados dos israe-
litas, dizem eles, não esperavam até que eles trouxessem seus sacrificios para, então,
ser transferidos para o santuário. Os pc"dos i.4m pc"fl o s4#fwórí.o #o momc#fo cm qt# o
pouo os cometia.
Então qual das posições é a correta? Seriam os pecados transferidos para o san-
tuário no moniento em que eram cometidos ou somente depois de o pecador tra-
zer seu sacrificio? Passemos a examinar tanto o ponto de vista adventista tradicional
como o de alguns eruditos.
0 ponto de uista tradicional aduentista. De acordo corn esse porLto de v±sta, a travns~
ferência do pecado para dentro do santuário era um processo com duas etapas.
Presumindo que o pecador tivesse se arrependido de seu pecado ao chegar até o
santuário com seu sacrificio, o primeiro passo era a transferência do pecado come-
tido para sua oferta, geralmente um animal. Gane diz: "A oferta material como
um todo, animal ou grãos, absorve o mal do ofertante, purificando-o." No caso de
à TRANSFERÊNÊ!A D0 PECAD0 PÀRÁ 0
um sacrificio, o animal toma sobre si a pena de morte que o pecador devia. cumprir.
Isso, naturalmente, é um tipo do grande sacrificio de Cristo por meio do qual Ele
tomou nossos pecados sobre Si e pagou a pena de morte causada por eles.
0 segundo passo, no entendimento adventista, era a transferência do pecado que
fora absorvido pelo animal para o santuário. Quando o animal era imolado, o sacer-
dote derramava um pouco do sangue em uma bacia e o espalhava nas pontas do altar
de sacrificio que estava no pátio, ou no altar de incenso, dentro do lugar santo. Os
adventistas sempre disseram que, por meio desse processo, o pecado era transferido
para o sa.ntuário. Gane disse: "Por meio [...] das ofertas de purificação desempenha-
das no santuário, a imperfeição removida dos ofertantes era transferida para o santuá-
rio deYahweh. Agora, a imperfeição, de uma forma controlada, está no `campo' Dele,
ou seja, passa a ser um problema Dele."4
Esse é o ponto de vista tradicional adventista sobre como os pecados c#frt2tJczm no
santuário. Mas como s4Í'om de lá? A resposta para essa pergunta é muito simples: no
Dia da Expiação, os sacerdotes espargiam o sangue do bode do Senhor sobre a arca
do concerto, que estava dentro do lugar santíssimo, sobre os móveis do lugar santo
e sobre o altar de sacrificio, que ficava no pátio (ver Lv 16: 15-18). Esses rituais pur-
gavam os pecados dos israelitas do santuário. Depois disso, o sumo sacerdote con-
fessava aqueles pecados sobre o bode expiatório, transferindo-os para o bode, que
era banido para o deserto longínquo, de onde não conseguia mais voltar. Assim, os
pecados dos israelitas eram para sempre removidos tanto do povo como também
do santuário.
0 poÍ€fo dc t;Í'sf4 cJc 4Ígí/#s crwdí`fos. Um ponto de vista alternativo é que os pecados
dos israelitas eram transferidos para o santuário no momento em que eram cometi-
dos.5 Desmond Ford endossa essa posição. Em seu manuscrito de Glacierview, ele diz:
"Mesmo na Terra, o santuário era contaminado pelo 4Ío de pecar, não pela sua confis-
sào."6 Em outras palavras, os pecados iam para o santuário no momento em que eram
cometidos, não mediante o sacrificio ritual.
Os eruditos que adotam esse ponto de vista o apoiam com três textos, um de Leví-
tico e dois de Números. Cito esses textos abaixo com as palavras relevantes em itálico.
• Levi'tico 20:2 e 3 - ``Também dirás aos filhos de lsrael: Qualquer dos filhos
de lsrael, ou dos estrangeiros que peregrinam em lsrael, que der de seus fflhos a
Moloque .será morto; o povo da terra o apedrejará. Voltar-Me-ei contra esse
homem, e o eliminarei do meio do seu povo, porquanto deu de seus filhos a
Moloque, contaminando, assim, o A4lcw s¢Ícfwórí'o c pro/offl4#do o Meu santo nome."
• Números 19:13 -"Todo aquele que tocar em algum morto, cadáver de algum
homem, e não se purificar, co#fczm!.#4 o fc!bcr#ócw/o cÍo SENHOR".
• Números 19:20 - "Quem estiver imundo e não se purificar, esse será eliminado
do meio da congregação, porquanto co#f4mi'#ow o s4Ícfwórí.o óo SENHOR".
As palavras em itálico nesses textos deixam bem claro que o pecado contaminava
o santuário - ele era para lá transferido - m momc#fo cm qwc crfl comcfi'do. É por isso
NA CORTE CELESTIAL
que Ford disse que "o santuário era contaminado pelo 4fo de pecar, não pela sua con-
fissão". Os textos que citei acima foram usados por ele para apoiar essa declaração.7
Assim, se o pecado era transferido para dentro do santuário no momento em que
era cometido, como ele saía de lá? Segundo a compreensão dos eruditos que adotam
esse entendimento, quando o sacerdote aplicava o sangue de um sacrificio individual
nas pontas do altar, era o altar que era purgado do pecado. Afiml, se o pecado era
transferido para o sa,ntuário ao ser cometido, então, no momento em que o pecador
trazia seu sacrificio para o santuário, era o santuário - não o pecador - que precisava
ser purgado do pecado.Jacob Milgrom, grande conhecedor dos rituais do santuário
israelita, disse: ``Ao tingir o altar com o [...] sangue, ou ao trazê-lo para dentro do san-
tuário, [...] o sacerdote pwrg4 os mc%'s s4gítzdos oíy'cfos c órc4s do s4#f#árí.o em nome da
pessoa que causou a contaminação daquelas coisas por meio de sua impureza fisica ou
ofensa inadvertida."8 É assim que alguns eruditos, inclusive Ford, interpretam a trans-
ferência do pecado pa,ra dentro e para fora do santuário.
É importante notar que, de acordo com essa teoria, o sistema levítico não purgava
o pecado do israelita que trazia o sacrificio; ele apenas removia o pecado do santuá-
rio, isto é, de Deus. Isso tem profundas implicações para a teologia cristã. A morte
de Cristo na cruz, que é o antítipo de todos os sacrificios levíticos, remove de nós os
nossos pecados, ou somente remove o pecado do santuário celestial, isto é, de Deus?
Analisemos as evidências mais detalhadamente.
Analisando as evidências
Começarei nosso exame detalhado das evidências resumindo os dois pontos
de vista:
Então o pecado era transferido para o santuário no momento em que foi come-
tido ou ele era transferido quando o pecador trazia seu sacrificio? A resposta é: dü
d#4s coí'sos, dependendo do tipo de pecado. A língua hebraica tem várias palavras paia
pecado, assim como ocorre na língua portuguesa. Além da própria palavra pcc¢do, às
vezes também dizemos í.#Í.qwi'dcidc, m4/ e rebcJÍ.ão.As três palavras hebraicas mais comuns
para pecado são #4ff4'f, ¢twí£ e pcs#4'. Já encontramos a palavra pcsÃ4' em capítulos
A TRÀNSFERÊNCIA D0 PECADO PARA 0 SÀNTÜÁRIO
a considera como ``um termo amplo que denota um feito que viola um relaciona-
mento/parceria existente".9 4t#o# significa ``ser culpado de um erro" e é comumente
traduzida como "iniquidade".
Sabemos que esses três tipos de pecado eram transferidos para o santuário por-
que todos os três eram removidos do santuário no Dia da Expiação. Levítico 16:21
diz que, quando o sumo sacerdote punha as mãos sobre a cabeça do bode vivo, era
para confessar "todas as iniquidades dos filhos de lsrael, todas as suas transgressões e]°
todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do bode".
Como esses pecados cítfít3r¢m no santuário? Nenhum deles,jamais, é mencionado
por nome ao ser transferido do pecador para o santuário, mas as evidências sugerem
que os pecados pcsft4' chegavam ao santuário de uma forma, e os pecados h4ff4'f e
4w;ow, de outra. Precisamos examinar essas formas mais detalhadamente.
1. Pcc4dos Pesha'. Alguns parágrafos acima, compartilhei com você três textos que
declaram que certos pecados contaminavam o santuário no momento em que eram
cometidos. A Bíblia não usa nenhuma das três palavras hebraicas para pecado nesses
textos, mas um exame cuidadoso deixa claro que todos aqueles pecados eram peca-
dos pcs#4', uma rebelião deliberada contra Deus.tt Levítico 20:2 e 3 condena o culto
ao deus pagão Moloque, para quem os cananeus sacrificavam seus filhos. Esses sacri-
ficios seriam atos de óbvia rebelião contra o Deus do Céu. Essas ofertas seriam como
se você e eu abandonássemos a ft cristã e fôssemos para a Índia adorar um dos mui-
tos deuses hindus. Chamamos isso de apostasia, que é um ato de óbvia rebelião. Era
isso que um israelita fazia ao adorar o deus pagão Moloque.
Esse ato de apostasia maculava o santuário - e era transferido para ele - no mo-
mento em que era cometido. Frequentemente, Deus perdoava os pecadores de seus
pecados pc5ha' quando eles se arrependiam (ver, por exemplo, Êx 34:7; S132:1;
Is +3:25), mas o perdão vinha diretamente do Senhor. 0 sistema sacrifical provia per-
dão somente para os pecados ft4ff4'f e 4wo#.í2
0 outro tipo de pecado que contaminava o santuário no momento em que era
cometido era a recusa deliberada de seguir o ritual requerido para a purificação da
impureza cerimonial. Números 19:20, já citado anteriormente, diz: "Quem estiver
imundo e não se purificar, esse será eliminado do meio da congregação, porquanto
i-..Íií4mi'wow o scz#fçiárí.o do SENHOR" (itálicos acrescentados; ver também v.13). A recusa
do homem de participar de um ritual de purificação que era requerido indicava um
espírito rebelde e fàlta de vontade de se arrepender. Era uma recusa em consentir com
a condição dada por Deus para a purificação. Esse era um óbvio pecado pc5#4' de rebe-
hão contra as leis de Deus, pelo qual, de tão sério, o indivíduo tinha de ser "eliminado
do meio da congregação". Na linguagem de hoje, diríamos que o indivíduo deveria
ser cortado da igreja, ou seja, ter seu nome removido do rol de membros.]3 Não havia
sacrificio para pecados pcs#4' de rebelião, que eram a razão da contaminação do san-
tuário no momento em que eram cometidos e transferidos para o santuário. Gane diz:
-A contaminação automática do santuário quando o pecado é cometido somente é
atestada em certos tipos de pecados cúlticos sérios para os quais não há expiação sacri-
fical disponível: o sacrificio a Moloque (Lv 20:3) e a ousada recusa de ser purificado
da impureza por haver tocado em um cadáver (Nm 19:i3, 20)."í4
2. Pcc4dos hatta't c awon. 0 serviço sacrifical lidava apenas com os pecados h4ffa'f
e 4tvo#. Com efeito, o próprio sacrificio era chamado de sacrificio h4ff4'f, razão pela
qual algumas traduções para o português chamam-no de "oferta pelo pecado". Gane
indica que esses sacrificios eram ordenados também para a purificação de impure-
zas rituais que não envolviam a prática de ações errôneas (embora elas pudessem ser
consideradas como se tivessem o mesmo estado de pecaminosidade que resulta de
um ato pecaminoso) . Portanto, o/crf4 pc/o pcmcJo é um termo imdequado. Gane chama
esse sacrificio de "ofertas pela purificação"í5, porque elas purificavam tanto dos atos
pecaminosos como das impurezas fisicas rituais. Os sacrificios #4ffcz'f estão descri-
tos em Levítico 4, em que, dependendo da versão bíblica, são chamados de peca-
dos por erro (ARC), pecados por ignorância (ARA) ou pecados sem intenção (NVI)
(ver os v. 2,13, 22, 27). Parece que, embora o pecador pudesse estar ciente de seu
ato, ele não percebia que aquele ato era pecaminoso no momento em que o come-
tia. Em outras palavras, esses pecados não eram atos de rebelião contra Deus. Gane os
chama de "pecados não desafiadores".íó Os pecados Ãaffci'f e 4two#, os quais não são
atos deliberados de rebelião, são os que eram transferidos para o santuário quando o
pecador trazia seu animal e passava pelo processo sacrifical.
Levítico, porém, realmente não diz que esses pecados eram transferidos para o
santuário. Sabemos disso por conta de uma cuidadosa análise do que era purgado de
pecado quando o pecador trazia seu sacrificio para o altar. Os detalhes são bastante
técnicos, então, preste muita atenção ao que segue.í7
Purgando o pecado
A segunda metade de Levítico 4:26 declara o propósito do ritual sacrifical: ``o
sacerdote fará expiação por ele [o pecador], no tocante ao seu pecado, e este lhe será
perdoado". A palavra "expiação" vem da palavra hebraica k!¢p#r, da qual deriva o
tão conhecido dia de festa judaico, yom KÍ.Í?p#r (yom significa "dia", e, daí vem "Dia
da Expiação"). Entretanto, há uma tradução melhor para ¢íÍ)pwr, que é "purgar". Se
usarmos essa palavra, Levítico 4:26 ficará assim: "o sacerdote fará [a purgação dc seu
pecado], e este lhe será perdoado." Pelo resto do nosso estudo, usarei a palavra pwrgw
ern vez de expiqr ou expiação.
Gane dá destaque a essa crucial questão com a seguinte pergunta: "Quando o
sacerdote leva para fora o alvo de uma oferta de purificação efetuando uma purga-
ção (k!`f)j)w), o que ele purga? Ele remove o mal do altar onde aplicou o sangue ou
do ofertante que pecou?"18
Se a resposta para essa pergunta for que o ritual sacrifical purgava o pecado do altar
(ou seja, do santuário), então o pecado já tinha sido transferido para o santuário no
momento em que fói cometido e já não mais estava no pecador. Por outro lado, se o
ritual sacrifica] removia o pecado do pecador, então ele (o pecado) não teria sido trans-
ferido para o santuário ao ser cometido. Qual será o caso?
A TRAN§FERÊNC!À D0 PECAD0 PÂRÃ 0
A resposta está na segunda metade de Levítico 4:26, que citarei novamente com
as palavras relevantes em itálico: "o sacerdote fará expiação por c/c [o pecador], no
tocante ao seu pecado, e este lhe será perdoado."A palavra por nesse verso é uma tra-
dução da preposição hebraica mí.Í®, e muitas versões bíblicas a traduzem como por
(ver ARA, ARC, NVI). Contudo, mi.# também pode ser traduzida como a preposi-
Ção indicadora de procedência dc. Note a diferença de significado nas duas tradu-
Ções possíveis:
A primeira tradução nada sugere sobre onde o pecado residia quando o peca-
dor trazia seu sacrificio para o santuário. Ele podia estar no pecador ou no santuá-
rio. Seja como for, o sacerdote purgava o pecado pc/o Úor + o) pecador, ou seja, em
nome dele.A segunda tradução, porém, não deixa dúvida sobre onde o pecado resi-
dia quando o pecador trazia seu sacrificio - o sacerdote purgava o pecado cJc (indi-
cando procedência) + ele (o pecador). Fica claro que, se o pecado ainda residisse
sobre, ou no, pecador quando ele trazia seu sacrificio para o santuário, então ele não
era transferido do pecador para o santuário no momento em que ele cometia o
pecado. Em vez disso, ele era transferido para o santuário por meio da participação
do pecador no ritual sacrifical.
Gane analisou detalhadamente a preposição hebraica mí.Íc em seu livro C#/f 4#d
Chcm3cfer [Culto e Caráter]. Ele preparou uma ta.bela de duas páginas mostrando
todas as ocorrências de Í#!.# ligadas à purificação do santuário.]9 Ao término de
sua análise, fez a seguinte declaração: "A análise sintática controlada. das fórmulas
[de kí.pptJr] que declaram os alvos/funções/significados dos vários tipos de ofertas de
purificação me forçou a chegar à inevitável conclusão de que [...] as ofertas de puri-
ficação [oferecidas em nome dos pecadores] [...] removem o mal de seu(s) ofertan-
te(s), em vez do sa,ntuário."2°
Se Gane estiver certo -e acredito que esteja -o pecado permanecia no pecador
até que ele trouxesse seu sacrificio. Então era transferido para o santuário por meio
do ritual sacrifical. Assim, o relato do sistema sacrifical de Levítico apoia o ponto
de vista adventista tradicional de que os sacrificios de israelita,s pecadores removiam
o pecado do pecador, não do santuário, e o pecado era transferido para o sa,ntuário
nessa ocasião, não quando era cometido.
0 que acabo de compartilhar com você pode parecer uma discussão técnica que
importa apenas para os eruditos, com pouca relevância para gente como você e eu.
Entretanto, a questão da transferência do pecado é muito relevante para o entendi-
mento adventista sobre o santuário e o juízo investigativo, como veremos agora.
povo de Deus, diante dos anjos leais, de serem indignos do favor divino. Satanás tem
feito isso ao longo dos séculos e dos milênios da história daTerra.
Pensemos agora em uma conversa imaginária entre Satanás e um anjo celestial, a
quem chamarei de Rafael. Essa "conversa" aconteceu 3 mil anos atrás.
Satanás se aproxima de Rafael, que estava pronto para voar de volta para o
Céu, e diz: "Posso falar um pouco com você, por favor?"
Rafael faz uma pausa e olha para Satanás. Faz-se um desconcertante silên-
cio. Finalmente, Rafael responde: "Está bem..."
Satanás se aproxima um pouco. Há um estranho brilho em seus olhos.
Com voz zombeteira, ele diz:"Fique sabendo que seu Mestre aceitou o rei
Davi.Aposto que você sabe do adultério dele."
"É, eu ouvi falar sobre isso."
"E seu Mestre planeja manter aquele pecador miserável como um dos que
pertencem a Ele?"
"Ele diz que Davi se arrependeu."
``Ah, sim! E/c sc cwcpc#dc# muito! Aí ele se casa com a mulher e dorme
Gane indicou que a transferência de pecado para o santuário significa que "agora,
a imperfeição, de uma forma controlada, está no `campo' dele, ou seja, passa a ser um
problema dele". Gane está fúando do santuário terrestre, e seu ponto é que a transfe-
rência do pecado do pecador para o santuário significa que Deus assumiu a respon-
sabilidade pelo pecado até o Dia da Expiação, quando ele será removido do santuário
e transferido para o bode expiatório.
Acredito que o mesmo princípio se aplica ao santuário celestial. Diante das acusa-
Ções de Satanás contra nós, que suscitam sérias perguntas na mente dos anjos,]esus
assume a responsabilidade por nossos pecados confessados e perdoados c[fé o/.wízo.
No meu modo de entender, a transferência dos nossos pecados para o santuário
celestial significa que eles estão escritos nos livros de registro do Céu, esperando pelo
juízo. Mas, de acordo com o que índíca a crono]oãa de Daníeí 7:9 e ío, esses ]ívros de
registro não têm estado disponíveis para que os anjos os examinem ao longo da maior
parte da história do mundo. Portanto, um sigrrificado adicional da transferência de
pecados para o santuário celestial é que, até o juízo (que, segundo entendemos, está em
curso agora), Cristo tomou sobre Si a responsabilidade pelo nosso perdão. Sua resposta
para todas as acusações de Satanás e para quaisquer perguntas que essas acusações pos-
sam suscitar na mente dos anjos foi simplesmente: "Até o julgamento, confie em Mim."
É importante notar que somente pecados que foram transferidos para o santuário
por meio de sacrificio a.nimal podem ser perdoados. Como já vimos, pecados de rebe-
lião também eram transferidos para o santuário, e esses pecados pcsft4' tinham de ser
removidos do santuário no Dia da Expiação,22 mas sem o beneficio do perdão para
o pecador. Todos os pecados do professo povo de Deus estão ariotados nos livros de
registro do Céu e serão considerados nojuízo.23
Pecados de rebelião serão exibidos como prova contra aqueles que os cometeram,
e essas pessoas serão condenadas. Por outro lado, aqueles cujos pecados foram per-
doados serão considerados inocentes, visto que seu arrependimento e confissão, bem
como o perdão de Cristo, estão registrados ao lado de seus pecados. Como nosso
mediador e grande advogado de defesa, Cristo nos representará contra todas as acusa-
Ções de Satanás. E por isso que não devemos temer o juízo!
Essa discus.são foi bastante extensa e um pouco técnica, mas estou certo de que
você pôde reconhecer sua relevância para nosso estudo sobre o juízo investigativo.
Mais uma vez, demonstrei aqui que a interpretação adventista do ritual sacrifical do
Antigo Testamento com sua transferência de pecado, do pecador para o santuário, tem
forte apoio bíblico.
p. 268-270.
6 Desmond Ford, "Daniel 8: 14", p. 348; itálico do original.Ver também p. 5 e 290 para declarações similares.
-Ibid., p. 348; itálico do original.
3 ]acob Milgrom, Sf#dí'cs t.fe Cwíf}`c T7ico/ogy 4#cJ Tcrmí'#o/ogy. Leiden: Brill,1983, p. 75, citado em: Roy Gane,
que podia resultar em execução, eliminação daquele indivíduo de sua linhagem genealógica e a negação
de uma futura ressurreição.
+ FLoy Gane, Cult and Character, p. 27 4.
-3 Ibid., p. 50.
-Ibid., p. 233.
- Para um discussão completa, ver Roy Gane, "Purification Offering: Purgartion of Sanctuary or Offerer?"
: Ibid., p.110,111.
D:;,:::cd:am,eêç:::s,:?Sá::ivimae::n::a,moeaedv:Sn,doods:C::o4419.,oo:oaduv:nt:àt,aísti::
do Dia da Expiação do santuário terrestre. Após o primeiro desapontamento, na pri-
mavera de 1844, alguns adventistas vieram a acreditar que havia uma relação entre
a segunda vinda de Cristo e o Dia da Expiação. A Sct;cÍ?f¢-dqy 4dyc#fí.sf E#cycJopcdi.4
[Enciclopédia Adventista do Sétimo Dia] explica como era a compreensão milerita:
assim como ``no encerramento do Dia da Expiação, o sumo sacerdote saía e abençoava
a congregação que o esperava", eles também acreditavam que "Cristo sairia do santís-
simo em Sua segunda vinda para abençoar o povo que o aguardava".] Entretanto, os
mileritas também acreditavam que aTerra era o santuário a ser purificado na segunda
vinda de Cristo. A SctJc#fÁ-d4y 4cJtJc#fi.sf Ewcyc/opcdí'4 indica que "ninguém explicava
como o santíssimo [...] poderia ser o próprio Céu nem como o santuário poderia ser
a Terra, que seria purificada com fogo por ocasião da segunda vinda".2
0 significado imediato dessa atenção ao Dia da Expiação pe]os mileritas é que
os levou a estabelecer a data de 22 de outubro de 1844. Não existe, naturalmente,
nenhuma evidência bíblica direta para essa data específica. 0 estabelecimento dessa
data em particular surgiu da reflexão dos mileritas sobre os dias das festas do calen-
dário judaico e do seu cumprimento no antítipo. Samuel Snow explicou esse ponto
de vista (embora provavelmente não o tenha originado) na reunião campal de Exeter,
New Hampshire, de 12 a 17 de agosto de 1844. Snow argumentou que a Páscoa e o
Pentecostes se cumpriram no antítipo no mesmo dia em que essas festas ocorreram no
tipo. Ou seja,Jesus, a verdadeira Páscoa, foi crucificado #o mcsmo di.¢ d4 PÉsco4/.wc74Í.",
e o derramamento do Espírito Santo no Pentecostes aconteceu #o mcsmo df.4 cÍ4 Fcsf4
d4s Scma#45/.wd4í.c4. Do mesmo modo, raciocinou Snow, o Dia da Expiação deveria ser
cumprido #o mcsmo cíÍ'¢ d4qwcJ4/csfa #o míc#dórí'oj.wd4i'co. 0 ano de 1844 já havia sido
estabelecido com base em Daniel 8:14. 0 que ffltava era determinar q%4#do, naquele
ano, o Dia da Expiação iria acontecer. E, de acordo com o calendário dosjudeus caraí-
tas,3 em 1844, o Dia da Expiação ocorreria em 22 de outubro. Foi desse raciocínio que
nossos pioneiros obtiveram a data de 22 de outubro de 1844.
A essa altura, todos presumiam que a purificação do santuário de Daniel 8:14 se
referia à purificação da Terra com fogo por ocasião da segunda vinda de Cristo. No
entanto, Cristo não veio em 22 de outubro de 1844. Isso levou à revelação dada a
Hiram Edson, em 23 de outubro, de que o santuário estava no Céu, e que "em vez
de nosso Sumo Sacerdote s4i'/ do santíssimo do santuário celestial [naquela data] [...]
Ele, naquele dia, c#frow pela primeira vez no segundo compartimento desse santuá-
rio".4 A única vez que o sumo sacerdote ministrava no lugar santissimo do santuário
n qH du "Í" ÃO E 0 moBLEMA DO MAL
terrestre era no Dia da Expiação, de modo que a conclusão de Edson, de que Cristo
entrou no segundo compartimento do santuário celestial em 22 de outubro, signifi-
cava que, naquele dia,]esus inaugurou Seu ministério do Dia da Expiação celestial.
Os adventistas ainda tinham muito para aprender sobre o santuário celestial e o
Dia da Expiação, como também tinham muito para desaprender. Entretanto, desde
aquele início primitivo, desenvolvemos a ideia de que o antítipo do Dia da Expiação
é um juízo investigativo que ocorrerá no Céu antes da segunda vinda de Cristo.
Assim, é necessário que examinemos mais de perto o Dia da Expiação.
que o santuário era purgado (kí'Í)pwr) e purificado (f4#c/) dos pecados dos israelitas no
Dia da Expiação.
j. 4 pwrg4ÇÕo do povo. Um dos propósitos mais importantes do serviço do san-
tuário israelita era purgar não apenas o santuário do pecado como também o pró-
prio povo de seu pecado. A elimimção do pecado era um processo de duas etapas.
A primeira ocorria ao longo do ano. Quando as pessoas traziam seus sacrifícios ani-
mais para o santuário, seus pecados eram purgados (ki'ppwr) deles, sendo transferidos
para o santuário, ou seja, para Deus. Como resultado desse ritual, o povo era per-
doado. Entretanto, a responsabilidade por aqueles pecados não era de Deus e, por isso,
o segundo estágio da purgação ocorria no Dia da Expiação, quando o santuário era
purificado dos pecados Oá perdoados) que ali se acumularam ao longo do ano. Como
resultado, o próprio povo experimentava uma forma adicional de purgação. E por
isso que Levítico diz que, no Dia da Expiação, "[o sacerdote] fará expiaçâo por c;ój."
(v. 30; itálico acrescentado), isto é, pelo povo.
E 0 PR0BLEMA D0 MAL
Contudo, há pelo menos duas diferenças entre a purgação do pecado que ocor-
ria ao longo do a,no e a purgação que ocorria no Dia da Expiação. A primeira dife-
rença é que somente a purgação dos serviços diários provia perdão. A palavra perdoar
não ocorre sequer uma vez em Levítico 16. Ela tampouco ocorre nas outras palavras
que estabelecem os rituais para o Dia da Expiação (ver Lv 23:26-32; Nm 29:7-11).
A segunda diferença é que a purgação do Dia da Expiação era corporativa, não indi-
`idual.Todos os pecados de todas as pessoas eram removidos do santuário de uma só
`-ez. Naquele dia, o santuário era purgado até mesmo dos pecados pcsÃ4' dos israelitas
rcbeldes. A purgação não provia perdão para aqueles que haviam cometido pecados
pcsh4', pois, como já mencionei, a palavra p%cío¢r não ocorre em nenhuma das des-
crições do Dia da Expiação.
4. 4 pwr%cação do pom Vimos, anteriormente, que o santuário era purificado do
pecado no Dia da Expiação. Levítico diz que, como resultado desse ritual, as pró-
prias pessoas eram também pwr%c4d¢5 de seus pecados: ``Naquele dia, se fará expia-
ção por vós, para pwr%cw-tJos; e sereis pwr%mcJos de todos os vossos pecados, perante
o SENHOR" (16:30; itálicos acrescentados). A palavra hebraica para ambas as flexões
de "purificar" nesse verso é f4#cr, a mesma palavra usada em Levítico para dizer que
o santuário foi purificado do pecado no Dia da Expiação.A mesma palavra é usada
para descrever a purificação do povo.
Durante todo o ano, os pecados dos israelitas eram expurgados (¢i4píw/ indivi-
dualmente, e eles eram perdoados. Mesmo assim, as pessoas não eram purificadas des-
scs pecados. A palavra f4her, "purificar", não ocorre no serviço diário em conexão
com a purgação das faltas morais do povo, assim como o perdão dos pecados não era
provido pelos rituais do Dia da Expiação. E a purificação (f4#cr) do Dia da Expiação
era corporativa. As pessoas podiam, naturalmente, considerar-se purificadas de seus
pecados como indivíduos, mas o ritual de purificação era efetuado para todos ao
mesmo tempo.
Portanto, o propósito do Dia da Expiação era completar uma purgação (k!Í)pwr)
riml, corporativa do santuário, removendo dali o pecado. E o resultado dessa purga-
ção era a purificação (f4#cr) tanto do santuário como do povo.
j. 4 rcmofão dos pcc4cJos cJo czcmp4mc#ío. 0 propósito final do Dia da Expiação era
remover do santuário, do povo, como também do acampamento, os pecados cometi-
dos pelos israelitas. Essa remoção era permanente. E era o ritual do bode expiatório
que conseguia isso. Levítico diz, especificamente, que, depois de pôr as mãos sobre a
cabeça do bode, o. sumo sacerdote devia "[confessar] todas as iniquidades [4wo#] dos
filhos de lsrael, todas as suas transgressões k%s/cc!'] e todos os seus pecados [#4ffcz'f];
e os h)or] sobre a cabeça do bode" (v. 21). Note que as três palavras hebraicas para
pecado são mencionadas nesse texto. Ao longo do ano, #cifí4'f e 4t/Jo# foram transfe-
ridos para o santuário mediante os sacrificios de purificação feitos pelo povo, e os
pecados pcs#4' de israelitas rebeldes iam diretamente para o santuário no momento
cm que eram cometidos (ver capítulo 19). No Dia da Expiação, o santuário era pur-
gado (k!Í7pwÍ) de todos esses pecados, os quais eram postos no bode emissário, que
kvava esse nocivo fardo para longe do acampamento.A transferência de pecados pwfl
NA CORTE CELESTIAL
o santuário durante o ano pode não estar claramente definida em Levítico, mas sua
transferência pw4/or4 do santuário é declarada de maneira bem explícita.
• Ambos os bodes são chamados de o/cyícz pc/o pcmdo na maioria das traduções por-
tuguesas (ver v. 5. "Ritual de purificação" é uma tradução melhor porque o bode
vivo não era uma oferta para Deus; ver meus comentários abaixo).
• E%pi'4ÇÕo era feita com ambos os bodes (a respeito do bode do Senhor, ver v.15.
16; a respeito do bode emissário, ver v.10).
• 0 bode emissário devia "/caw sobre si" todas as iniquidades dos filhos de lsrael
"para terra solitária" (v. 22; itálico acrescentado).
E, naturalmente, servir como oferta e expiação pelo pecado e levar o pecado, tudo
isso era parte do papel de Cristo no plano de salvação. E por isso que alguns comen-
taristas têm chegado à conclusão de que o bode emissário representa alguns aspectos
da obra de Cristo por nossa salvação.
Outros estudiosos têm interpretado que o bode emissário é Satanás. É possível que
você saiba que os adventistas do sétimo dia têm adotado esse último ponto de vista.
E, por essa interpretação, temos enfi-entado severa condenação da parte dos críticos,
pois estes afirmam que esse ponto de vista faz de Satanás aquele que expia nossos peca-
dos, aquele que leva sobre si nosso pecado. Um dos nossos críticos mais recentes, Dale
Ratzlaff, é um ex-pastor adventista e professor de religião que promove um ministé-
rio dedicado a fazer oposição a alguns dos ensinamentos da lgreja Adventista tentando
tirar tantas pessoas quanto possível do adventismo. Em sua revista ProcJam4f!.oÍ7./, Ratzlaff
escreveu: ``Alguns ensinam que o bode emissário representa Satanás. Pessoalmente,
depois de um estudo muito detalhado, acho que isso é o cúmulo da blasfêmia.""
Assim, o bode emissário representa Cristo ou Satanás? A resposta que faz mais sen-
tido para mim é que ele não representa nenhum dos dois, embora a interpretação de
que ele representa Satanás esteja mais próxima da verdade. Explicarei a razão para issQ
Poucos parágrafos acima, mencionei que o termo em português bodc cmí.ssári'o ê
uma tradução da palavra hebraica 4z4zcJ, que alguns intérpretes consideram como
0 DIA DÁ EXPIA
uma palavra composta. 0 que parece ser mais provável é que czz4zcJ seja uma pala-
\Ta simples, o nome de alguém ou de alguma coisa diferente de bode. Isso parece
evidente pelo fàto de o verso s dizer que o sumo sacerdote ``lançará sortes sobre os
dois bodes: uma,pwt2 o SENHOR, e a outra,pwtz o bode emissário" (itálicos acrescenta-
dos). 0 hebraico diz, literalmente: ``Uma sorte paraYahweh e a outra sorte para 4z4-
zc/." Um dos bodes é pczm Yahweh Oeová), isto é, para seu uso.Visto queYahweh é
claramente um ser pessoal, parece muito lógico entender 4z4zc/ também como um
ser pessoal, e que o bode é desigmdo p4m ele - em outras palavras, para seu uso (de
Azazel). Portanto, o próprio bode não é Azazel; é pczm Azazel.
Então quem ou o que é Azazel? Levítico 16 é o único lugar em toda Bíblia em
que a palavra ocorre, e Levítico não nos diz quem ou o que é Azazel. 0 texto sim-
plesmente usa esse nome.íí Mas Levítico nos dá algumas pistas.
Durante todo o ano, quando um israelita pecava, ele trazia seu sacrificio animal
para o santuário, o imolava e o sacerdote efetuava o ritual apropriado. Indiquei no
i-apítulo 19 que esse ritual transferia o pecado da pessoa de si mesma para o animal,
e do animal, para o santuário. A transferência do pecado para o santuário significava
que Deus tomava sobre Si a responsabilidade por aquele pecado. Entretanto, não era,
de fato, um pecado de Deus. Ele estava simplesmente tomando, temporariamente, a
rcsponsabilidade por aquele pecado.
No Dia da Expiação, todos os pecados acumulados no santuário durante o ano
lnterior eram removidos não apenas do santuário, mas também da presença do pró-
prio Deus. Esses pecados eram postos no bode emissário, e o bode era banido para
tim deserto longínquo, de onde nunca pudesse voltar. 0 fato de que o bode emis-
sirio era designado p¢rw Azazel sugere que o bode era mandado para o deserto com
o propósito de entregar os pecados dos israelitas p4r# Azazel. Em outras palavras, a
m-po#s4b£./Í.d4dc por esses pecados era removida de Deus e do santuário, sendo trans-
portada para Azazel.
Mas quem é Azazel? Gane comenta:
Assim, parece bastante razoável concluir que Azazel é Satanás, e que o bode emis-
sirio era, simplesmente, o veículo que transportava os pecados dos israelitas para ele.
Gane chama o bode emissário de "um `caminhão de lixo' ritual carregando resí-
d[ios tóxicos controlados para Azazel".]4 Ele indica que "o bode do Senhor pertencia
NA [ORTE
ao Senhor e era oferecido para o Senhor, mas também rcprcse#f4tM o Senhor. [...].
Portanto, o bode que pertencia a Azazel e era para ele enviado dcv!.4 f4mbém rcprcsc#Íw
4z4zcJ"." Quando um advogado representa alguém, ele £da em lugar daquela pes-
soa, pode assinar documentos por aquela pessoa e, em certo sentido, é aquela pessoa.
Da mesma forma, o bode que carregava os pecados dos israelitas para Azazel repre-
senta Azazel e, nesse sentido, pode ser considerado como Azazel.
Indiquei anteriormente que os adventistas têm sido severamente criticados por
identificar o bode emissário como Satanás. Em resposta, demonstrei que o bode
emissário não era imolado e oferecido como sacrificio. Gane diz que "o bode para
Azazel não é um sacrificio".í6 "Não se pode conceber [o bode vivo] como uma
oferta, mas como um veículo para carregar o pecado para longe. 0 que a comuni-
dade envia para Azazel nem é tanto o bode em si mesmo, mas o pecado que ele car-
rega." A conclusão de que Azazel é uma figura demoníaca também é sugerida em
Levítico 17:7, em que Deus adverte os judeus contra o culto aos demônios.A pala-
vra "demônios" nesse verso vem do hebraico sci'í.yr, e seu significado pode ser, den-
tre outros, "bode macho".
Na metade da década de 1950, o autor evangélico Wálter R. Martin fez uma
detalhada investigação sobre os ensinamentos adventistas. Embora discordasse da
doutrina do juízo investigativo, ele fez o seguinte comentário sobre nosso entendi-
mento em relação ao bode emissário como Satanás: "Os adventistas do sétimo dia
têm um conceito único sobre o bode emissário; mas, à luz de sua muito bem escrita
explanação, nenhum crítico pode mais, com honestidade, acusá-1os de heresia no
que diz respeito à expiação do nosso Senhor. Os adventistas têm declarado inequi-
vocamente que Jesus Cristo é a única propiciação pelo pecado e que Satanás não
tem parte alguma na expiação do pecado."ís
E a ideia de que o bode emissário ajuda a expiar os pecados dos israelitas?
Levítico diz claramente que o bode emissário ``será apresentado vivo perante o
Senhor, para/4zc/ cxp!`c]fõo por meio dele" (Lv 16:10; itálicos acrescentados). Na
teologia cristã de hoje, a palavra "expiação" se refere à atividade salvífica de Cristo
em favor de seres humanos pecadores. Sendo assim, parece uma franca heresia
sugerir que o bode emissário tem alguma parte no processo de expiação. 0 que
devemos manter em mente é que a palavra hebraica traduzida como "expiação"
é ki'ppwr, que significa "purgar", e que o bode emissário tinha, cJc/4fo, um papel
a desempenhar na purgação ou remoção do pecado do santuário, mas apenas no
sentido de que ele era o veículo que carregava os pecados do povo para longe do
acampamento. Esse é, claramente, um aspecto da purgação ou remoção do pecado,
mas não tem relação com o p4g4mc#fo pelo pecado ou com swbsfí`fwí.r pecadores.
Gane comenta: "A tradução costumeira de [kí'ppwr] como `expiar',junto à pode-
rosa associação entre `expiação' e substituição na teologia cristã, tem ofuscado o
significado do ritual do bode vivo para muitos cristãos. Mas, uma vez que perce-
bemos que [k!.ppwr] se refere à remoção do mal e não especifica substituição, que é
somente um tipo de `expiação', o ritual de purificação do bode de Azazel faz bas-
tante sentido."19
Portanto, minha conclusão é:A identificação adventista do bode emissário como
o próprio Satanás (nosso ponto de vista tradicional) ou como "pwfl Satanás" (uma
compreensão mais recente) não é "o cúmulo da blasfêmia" a que nossos críticos
têm se referido. Em vez disso, ela representa uma parte importante do processo de
remover totalmente o pecado do povo de Deus no Dia da Expiação, tanto no tipo
como no antítipo.
OD[fiDDAÁi|EP|A7ç#
N;ocna,paíiu::t:::s2e21àver:,ultnudblrqouàle::e4,4?:Ss=:|Seers|t:::n:::::ftearraa=:PGurra|:|::çpoesda:
santuário de Daniel 8:14 como o antítipo do Dia da Expiaçâo levítico. Os adventis-
tas do sétimo dia têm mantido esse ponto de vista desde então. Mas será que ele está
correto? 0 que Daniel 8:14 diz sobre o santuário pode ser razoavelmente interpre-
tado, a partir da própria Bíblia, como o correspondente celestial do Dia da Expiação?
Essa é a pergunta que responderemos neste capítulo.
É possível que a ideia de que o Dia da Expiação em Levítico estava relacionada
com Daniel 8:14 nunca tivesse ocorrido aos primeiros adventistas, não fósse pela
maneira peculiar com que esse verso foi traduzido na versão King]ames: "E ele me
disse: Até dois mil e trezentos dias; então o santuário será p#w/3"do" (itálico acres-
centado).] Com a mente concentrada no Dia da Expiação, esses adventistas compa-
ravam a palavra "purificado" de Daniel 8:14 com o mesm palavra encontrada em
Levítico 16:19 (ARC): "E daquele sangue espargirá sobre ele com o seu dedo sete
vezes, e o purificará das imundícias dos filhos de lsrael, e o santificará."]untando as
palavras "purificado" de Daniel 8: 14, e "purificará", de Levítico 16: 19, eles concluí-
ram que as duas deviam se referir à mesma coisa.Assim, Daniel 8: 14 era sobre a puri-
ficação do santuário celestial! Era sobre o Dia da Expiação celestial! Como é que
não perceberam isso antes!
Naturalmente, por não ter um sólido conhecimento das línguas bíblicas, eles
não sabiam que a palavra hebra.ica traduzida como "purificado" em Daniel 8:14 é
a forma passiva de fs4dciq, ao passo que a palavra hebraica traduzida como "purifi-
cará" em Levítico 16: 19 é f4ftcr. Ts4d¢q significa "ser justo", "ser direito", enquanto
f4#cr significa "ser limpo", "ser puro". As duas ideias são semelhantes, mas não são a
mesma coisa. Assim, o fato de ambas as palavras fàlarem de purificação na versão
King ]ames, como também na versão Almeida Revista e Atualizada em português,
não vem a ser., necessariamente, uma base forte sobre a qual possamos fazer uma liga-
Ção entre Daniel 8:14 e o Dia da Expiação levítico.
Os críticos da antiga interpretação adventista fóram rápidos em apontar esse pro-
blema. Ford, por exemplo, disse que fs4cí4q "não tem nenhuma conexão vital com
o f4hcr do ritual de purificação de Levítico 16. Portanto, f4#cr não é encontrado em
Daniel 8, nem s4cí4q [a maneira com que Ford translitera a palavra hebraica] é encon-
trado em Levítico |6".2
Isso significa que Daniel 8:14 não tem relação com o Dia da Expiação no san-
tuário celestial? De jeito nenhum. Mas a ligação entre as duas coisas é mais sutil
que a aparente semelhança entre as palavras "purificado" e "purificará" em Daniel
c Levítico. Começarei a apresentar o caso dessa ligação compartilhando com você o
que considero ser a mais forte evidência de que Daniel 8:14 está £dando sobre o Dia
da Expiação no santuário celestial.
presença de Deus "com as nuvens do céu" nos faz lembrar o sumo sacerdote entrando
no lugar santíssimo no Dia da Expiação, protegido pela nuvem de fumaça que saía do
ricensário. Martin Proebsde comenta: "No contexto de um templo, a vindà de alguém
como o filho do homem `com as nuvens do céu' naturalmente traz à mente a entrada do
sumo sacerdote com a nuvem de incenso, no Dia da Expiação."7
Por essas razões, concluo que a visão de Daniel do Ancião de Dias (Dn 7:9,10)
reflete o modelo celestial do Dia da Expiação no santuário levítico. E, naturalmente,
esses versos descrevem um julgamento celestial.
o contexto realmente assim sugere, [então] pcs#4' tem que ser colocadoj t
atividade do Dia da, Expiação, o único ritual cúltico que trata do pcsÃ4'.'
J. Qodesh cm D4#i.c/ 8..14. No capítulo 16 deste livro, observei que a p
tuário" no verso 14 é uma tradução da palavra hebraica qodcs#, que signifi
"sagrado". Essa palavra ocorre várias vezes em Levítico 16, sete das qua
rências claras ao lugar santíssimo (v. 2,16,17, 20, 23, 27, 33).Além
palavra qocícsft ocorrem várias vezes em Levítico 16, como nos versos 4 e 3
ela é um adjetivo descrevendo as vestes de Arão como "vestes s4#/4j".Assi
qodcsà em Daniel 8:13 e 14 fornece o que Proebstle chama de ``conexão
gica"í° entre esses dois versos e o Dia da Expiação de Levítico 16.
6. 4 fí4cÍ#fõo grcgcz. Embora as palavras traduzidas como "purificará" e "
em Levítico 16: 19 e Daniel 8: 14 sejam diferentes no original hebraico, a S
que é a tradução original do Antigo Testamento para o grego, usa a mes
kcíf##i.zo, tanto em Levítico como em Dariel. Esse é, sem dúvida, um dos
influenciaram os tradutores da versão KingJames a usar a mesma palavra
inglesa de Daniel 8:14.`` Presume-se que os eruditos judeus, ao traduzire
Testamento para o grego, estavam bastante conscientes da diferença entre
de Levítico e Daniel, e o fato de que usaram a mesma palavra no grego
eles viram o mesmo significado tanto em Levítico como em Daniel.
Fiz uma relação de seis sugestões para entendermos que Da,niel 8:14
um processo do Dia da Expiação no santuário celestial. Aqui estão elas,
to resumido:
Essas são minhas razões para concluir que Daniel 7 e 8, especialmente 8:14, são
sobre o Dia da Expiação celestial.
0 1ivro de Ford, D4#í.cJ, foi publicado em 1978, apenas dois anos antes de ele
apresentar seu manuscrito no acampamento de verão de Glacierview, Colorado. Em
Glacierview, ele manteve sua opinião de que Daniel 8:14 aponta para um Dia da
Expiação celestial:
Embora nos dias da posição original dos adventistas sobre Daniel 8:14
muitos eruditos daquele tempo rejeitassem qualquer significado escato-
1ógico para esse texto, a última metade do século tem visto uma inversão
dessa tendência. Hoje, muitos eruditos não adventistas reconhecem Daniel
8:14 como escatológico, aplicando o estabelecimento do reino de Deus,
e sendo equivalente em significado ao retrato do juízo de Daniel 7:9 a 13.
CORTE
Em resumo, Daniel 8:14 aponta para o mesmo juízo de Daniel 7:9 a 13, um
juízo sobre poderes malignos que resulta no estabelecimento do reino de
Deus e na vindicação dos santos. Esse evento é o Dia da Expiação antitípico,
o qual, embora tenha sido cumprido na cruz, é consumado no juízo final.t4
Uma restrição que eu faria para essas declarações, especialmente para o que Ford
disse em Glacierview em 1980, é que ele entende que o Dia da Expiação começou
com a cruz, ao passo que os adventistas do sétimo dia entendem que ele começou em
1844. Ford baseia em Hebreus sua conclusão sobre o começo do Dia da Expiação
com a cruz. Examinaremos Hebreus nos capítulos 28 a 31 deste livro.
Conclusão
0 Grande Desapontamento de 22 de outubro de 1844 proveu uma correção
imediata e necessária para o ponto de vista de Guilherme Miller de que o santuário
de Daniel 8:14 representava a Terra, a qual seria purificada com fogo por ocasião da
segunda vinda de Cristo. Em não mais que 24 horas, Hiram Edson chegou ao enten-
dimento de que o santuário estava no Céu e que, "em vez de nosso Sumo Sacerdote
5.4f'r do santíssimo do santuário celestial para vir àTem no décimo dia do sétimo mês,
no fim dos 2.300 dias, Ele, pela primeira vez naquele dia, c#fío# no segundo compar-
timento daquele santuário"." Os primeiros adventistas juntaram pwr#mcío de Daniel
8:14 com a palavra pwr#cmó de Levítico 16:19 e concluíram que Daniel 8:14 apon-
tava para um Dia da Expiação antitípico. Desde aquele tempo até os dias de hoje, os
adventistas têm insistido que Daniel 8:14 de fato aponta para o Dia da Expiação no
santuário celestial.
Como mencionei no começo deste capítulo, estudiosos da língua hebraica têm
desafiado essa interpretação indicando que há uma diferença entre as palavras do ori-
ginal hebraico para "purificar" e "purificado" em Levítico e Daniel. Contudo, parece-
me que houve algo de providencial quanto â interpretação milerita e dos primeiros
adventistas. Ci:eio que Deus queria que nossos pioneiros adventistas fizessem a asso-
ciação entre o Dia da Expiação em Levítico e o juízo e a restauração do santuário em
Daniel. É quase certo que eles não teriam feito essa conexão na.quele tempo se a ver-
são KingJames não usasse a palavra "purificado" em Daniel 8:14. É bem possível que
a mais ampla evidência que apresentei neste capítulo nunca lhes tivesse ocorrido m
década posterior a 22 de outubro de 1844. Foi, portanto, vantajoso para eles não terem
compreendido que as palavras "purificar" e "purificado" em Daniel e Levítico vinham
de duas palavras hebraicas diferentes. Essa distinção tem sido apontada repetidas vezes
desde 1844, mas ela #õo Í.#4iti/i.cJ4 4 co#c/#sõo oríÉÍ.ffczJ. A comparação entre Levítico 16 e
Daniel 7 e s que fiz neste capítulo sustenta a validade da conclusão original.
0 DIA DÀ EXPIÃCÃO EM DÁNIEL 7
' Nota do tradutor: A versão Almeida Revista e Atualizada diz: "Ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes
c manhãs; e o santuário será purificado."
2 Desmond Ford, "Daniel 8:14", p. 349.
3 Webster's Neu) TMorld Dictionary of the American l.anguage. s.v."Tbeodícy" .
+ FLoy Gane, Cult and Chamcter, p. 305-309.
s lbid., p. 306
6 ibid., p. 306, 307.
-Martin Proebstle, "Truth and Terror", p. 659.
i lbid., p. 491.
9 ibid„ p. 492, 493.
" Ibid., p. 493.
" Nota do tradutor: 0 mesmo se aplica às versões Almeida Revista e Atualizada e Almeida Revista e Cor-
rigida, em português.
i2 ibid., p. 491.
L` Ford, D4#Í`c/, p.175.
" Ford, "Daniel 8:14", p. 645.
'S ibid., p. 397.
L:roqa:.ósu:aGá::dán?:::p;entê::,notojuorsa:,dev:n5s|taasdsaa:axt;Sitaa;ã:o.::eçs::àméaree:Sol:
ver os pecados confessados e perdoados do justo. Esse é um dos conceitos teológicos
básicos que eles desenvolveram para explicar o que aconteceu em 22 de outubro de
1844 (ver capítulo 6).
Os adventistas ainda sustentam a ideia de que os pecados do povo de Deus serão
removidos ao ser concluído o juízo investigativo. Dois exemplos serão suficientes.
0 primeiro ê do Tratado de Tleologia Aduentista do Sétimo Dia..
]á faz mais de cem anos que E11en White escreveu seus livros e, no entanto,
visto que seus pontos de vista são autoritativos para os adventistas do sétimo dia,
aquilo que ela disse sobre a remoção dos pecados continua a ter relevância para
nós. Escrevendo no capítulo sobre o juízo investigativo no livro 0 Grflí?dc Co#L#i.fo,
ela disse: "Todos os que verdadeiramente se tenham arrependido do pecado e
que pela fé hajam reclamado o sangue de Cristo, como Seu sacrificio expiató-
rio, tiveram o perdão acrescentado ao seu nome nos livros do Céu; tornando-
se eles participantes da justiça de Cristo, e verificando-se estar o seu caráter em
harmonia com a lei de Deus, seus pecados serão riscados e eles próprios havi-
dos por dignos da vida eterna.''2 Ela também disse: "Pecados de que não houve
arrependimento e que não foram abandonados não serão perdoados nem apa-
gados dos livros de registro, mas ali permanecerão para testificar contra o peca-
dor no dia dé Deus.„3
Que fazer com a ideia de que os pecados do povo de Deus não serão apagados até
a conclusão do juízo investigativo? Significará que, pelos milhares de anos passados
os pecados do povo de Deus ficarão registrados contra eles, aguardando uma decisão
pelo juízo investigativo? Será que a Bíblia ensina que nossos pecados são apagados no
momento em que Deus os perdoa? Que tipo de certeza da salvação o povo de Deus
pode ter, se seus pecados ainda permanecem gravados nos livros de registro do Céu
depois de terem sido confessados pelo crente, e esses terem recebido o perdão de
Deus? Indiquei no capímlo 3 que qualquer ensinamento é fàlso se ele compromete
Ã0 00S PECADOS
|(Pet:';:;1atá;1::Su:::esncaeo:t:,:,o"S-)#;:Sçé:-itnet,eá:e:|::.C::eDe:curs:;`eê,ge?,r:ipxo;si?3e2r:|0,::
lico acrescentado).4
A Bíblia também fàla de apagar (ou remover, riscar) pcc4dos. Por exemplo, ao con-
fessar sua relação adúltera com Bate-Seba, Davi orou: "Segundo a multidão das Tuas
misericórdias, 4p¢g4 4s mí.##4s frji#ígr€ssõcs. [...]. Esconde o rosto dos meus pecados e
4p4g4 fod4s 4s mí`##cÜ Í.#!.qwí.d¢dcs" (Sl 51 :1, 9; itálicos acrescentados).5
Quando é que Deus apaga os pecados de Seu povo? Em lsaías 43:25, Deus diz:
"Eu, Eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de Mim e dos teus
pecados não Me lembro." Esse texto sugere que os pecados do povo de Deus são
apagados no momento em que são confessados e perdoados. Pedro sugere o mesmo.
Em um de seus sermões para o povo de Jerusalém, ele disse: "Arrependei-vos, pois, e
convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados, a fim de que, da presença do
Senhor, venham tempos de refi.igério" (At 3:19, 20). Isso implica que, assim que as
pessoas se arrependem e se convertem, seus pecados são apagados.
Comentando a declaração de Pedro, o Comc#fórí.o Bi'bJÍ.co 4dyc#fi.sf# do Séfí.mo Dí`4
diz: ``0 resultado imediato para os que aceitaram o apelo de Pedro ao arrependimento
foi o perdão dos pecados. Nesse sentido, pode-se considerar que o cancelamento dos
pecados ocorreu imediatamente. Contudo, em seu sentido final, o apagar definitivo
dos pecados ocorrerá logo antes do segundo advento de Cristo, em conexão com o
encerramento de Sua obra como sumo sacerdote."6 Isso, naturalmente, é a teologia
padrão adventista quanto à remoção dos pecados.
O /'wíg4mc#fo c os pcc4dos dos s4#Íos. Desconheço qualquer declaração explícita
na Bíblia que diga que os pecados dos santos serão mantidos nos livros de registro
do Céu até o juízo. Entretanto, essa é uma conclusão razoável extraída daqui-
lo que sabemos sobre o juízo e daquilo que sabemos sobre o Dia da Expiação.
A pergunta-chavé é: Os pecados dos santos serão trazidos para ser revistos no juízo?
Se os pecados dos santos não forem revistos no juízo, então é razoável concluir que
eles foram perdoados e apagados dos livros de registro do Céu no momento em
que foram confessa,dos. Por outro lado, se os pecados dos santos forem revistos no
juízo, é razoável concluir que eles são mantidos nos livros de registro de Céu até
o julgamento.
No capítulo 11 deste livro, apresentei evidências de que os pecados de todos os
que têm professado ser seguidores de Deus - o povo de Deus -sc~Õo revistos no juízo,
como claramente afirmam os seguintes textos:
Eclesiastes 12:14 -"Porque Deus há de trazer ajuízo todas as obras, até as
que estão escondidas, 4#cr se/.4m bo4s, q%cr scj4m mós" (itálicos acrescentados).
Mateus 12:37 -"Pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras,
serás condenado."
2 Coríntios 5:10 - "Porque importa que todos nós compareçamos
perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba scgw#cío o bcm ow o
mci/ que tiver feito por meio do corpo" (itálicos acrescentados).
Portanto, a Bíblia deixa claro que o juízo levará em conta fodos os pecados, inclu-
sive os pecados dos santos. Para que isso aconteça, naturalmente, esses pecados têm
que ser mantidos nos livros de registro do Céu até o juízo e serão apagados como
uma consequência do juízo. A Bíblia não diz se os pecados de cada pessoa serão
apagados no momento em que o nome dela fór considerado ou se os pecados
de todos os santos serão apagados de uma só vez quando o juízo for concluído.
No entanto, o ritual do Dia da Expiação sugere que a remoção será corporativa, isto
é, feita de uma só vez.
0 Dí.4 d4 Exp!`ciçõo. Nos rituais levi'ticos, a remoção completa do pecado do povo
era um processo de três etapas. As duas primeiras ocorriam todos os dias do ano.
Na primeira, o pecado era transferido do pecador para um animal, que então era imo-
lado.A segunda etapa, imediatamente após a primeira, era a transferência do pecado da
vítima sacrifical para o santuário. A terceira etapa era a remoção corporativa dos peca-
dos de todo o povo de Deus do santuário, onde esses pecados foram acumulados ao
longo do ano. Isso ocorria uma. vez por ano, no Dia da Expiação. 0 sumo sacerdote
depositava esses pecados no bode emissário, que os levava a Azazel.
A Bíblia não deixa dúvida sobre o significado da primeira etapa no antítipo.A trans-
ferência de pecado de um pecador para a vítima sacrifical representava Cristo levando
nossos pecados sobre a cruz e pagando a pena de morte por eles (ver lpe 2:24; Is 53:12).
Entretanto, a Bíblia não discute o significado antitípico da transferência do pecado
para o santuário no serviço diário, nem discute o significado antitípico da transferên-
cia de pecado do santuário para Azazel uma vez por ano, no Dia da Expiação. Mesmo
assim, as duas coisas eram partes importantes do ritual 1evítico que deviam ter algum
equivalente no plano de salvação.
Como primeiro passo na tentativa de uma explicação, é importante notar que a
transferência qe pecado da vítima sacrifical para o santuário ocorria dcpoi.s da morte
do animal. Somente pecados perdoados eram transferidos para o santuário por
meio do processo sacrifical. Portanto, não importa a maneira pela qual essa trans-
ferência de pecado da vítima sacrifical para o santuário seja cumprida no santuário
celestial, ela acontece por c4#s4 d4 morte de Cristo, e os únicos pecados que são trans-
feridos são os que foram perdoados.
No capítulo 19, compartilhei com você uma declaração de Roy Gane que é rele-
vante aqui: "Por meio [...] das ofertas de purificação desempenhadas no santuário,
a imperfeição removida dos ofertantes era transferida para o santuário de Yahweh.
Agora, a imperfeição, de uma fórma controlada, está no `campo' Dele, ou seja, passa
a ser um problema Dele." Comentando a declaração de Gane, eu disse: "Ao aceitar
o pecado dentro do santuário, Deus tomou a imperfeição moral do pecador sobre
Si mesmo. 0 pecador foi perdoado, não precisando mais responder pelo erro come-
tido. Deus assumiu a responsabilidade pelo pecado, e essa responsabilidade perma-
neceu sobre Ele até o Dia da Expiação, quando foi removida até mesmo de Deus."
Novamente, a pergunta é: Qual é o significado de tudo isso no antítipo, o santuá-
rio celestial? 0 que significa para Deus aceitar a responsabilidade por nossos peca-
dos? E o que significa a remoção desses pecados do santuário celestial durante o Dia
da Expiação do Céu?
Desde o princípio, os adventistas do sétimo dia têm dito que a transferência dos
pecados já perdoados p4rfl o santuário celestial significa o registro deles nos livros do
Céu, e a transferência do pecado pcw/orfl do santuário no Dia da Expiação repre-
senta a remoção desses pecados desses livros por ocasião do Dia da Expiação do Céu,
o juízo investigativo. Isso é uma interpretação, visto que nem o Antigo Testamento
nem o Novo Testamento realmente dizem isso. Contudo, essa me parece ser uma
±Üterpreta,ç~a,o raLzoãNel, desde que possa estar em harmonia com o euangelho.
intermédio de lsaías, "Eu te remi", embora a transação legal que garantiria essa reden-
ção ainda estivesse várias centenas de anos no futuro.
Nesse mesmo sentido, proponho que Deus tenha proclamado por intermédio de
lsaías que os pecados de lsrael/`ó fí.#Ãcím 5!.do czp4gtzdos, embora, nesse caso, a transação
legal mediante a qual esses pecados seriam realmente apagados ainda estivesse mui-
tos anos no futuro.
Então por que os pecados do povo de Deus têm de ficar preservados no registro do
Céu, uma vez que já foram perdoados? Novamente, proponho que não seja porque
Deus dcscjc trazê-los outra vez à tona, mas porque Satanás os f~tzMá à tona na presença
dos anjos, no juízo investigativo pré-advento, e Deus deverá responder a essa acusação.
Entretanto, isso não precisa ser uma ameaça à certeza que o povo de Deus tem quanto a
sua aceitação por Deus. Note, mais uma vez, a declaração de Ellenwhite que citei algu-
mas páginas atrás: "Todos os que verdadeiramente se tenham arrependido do pecado e
que pela fé hajam reclamado o sangue de Cristo, como seu sacrificio expiatório, tive-
ram o perdão acrescentado ao seu nome nos livros do Céu; tornando-se eles partici-
pantes dajustiça de Cristo, e verificando-se estar seu caráter em harmonia, com a lei de
Deus, seus pecados serão riscados e eles próprios havidos por dignos da vida eterna."
0 ponto importante é que os pecados apagados no juízo final são aqueles dos
quais o povo de Deus já se arrependeu e que já foram perdoados pelo sangue de
Cristo, sendo, consequentemente, registrados nos livros do Céu como perdoados. São
apagados no juízo os pecados dos indivíduos que se tornaram "participantes da jus-
tiça de Cristo", aqueles cujos caracteres estão "em harmonia com a lei de Deus".8 No
juízo, quando Satanás declara o povo de Deus como seus súditos por conta de "todos
os pecados que ele os tentou a cometer",9 os infdíveis registros do Céu mostrarão
que os filhos de Deus já se arrependeram desses pecados e já os confessaram. Nos
registros celestiais, a palavra "perdoado" já estará estampada ao lado de cada um
desses pecados, comprovando que as alegações de Satanás não têm nenhuma base.
Visto que o povo de Deus tem um Mediador no santuário celestial, eles podem ter
absoluta certeza de que as deturpações de Satanás serão totalmente expostas como
falsas, e os anjos pronunciarão a completa inocência do povo de Deus.
A questão dos pecados do povo de Deus no juízo é crucial porque qualquer mal-
entendido pode comprometer a certeza da salvação que Deus quer que todos nós
experimentemos. Alguns adventistas do passado sustentaram sérios equívocos sobre esse
tema, e o resultado tem sido uma ansiedade no que diz respeito à aceitação deles pelo
Senhor. Isso é bastante lamentável. Entretanto, esses equívocos não são diferentes de
outros, concernentes a ensinamentos bíblicos que o povo de Deus tem mantido ao
longo de séculos, que também têm levado a uma ansiedade espiritual desnecessária.
Satanás está tentando constantemente distorcer nossa compreensão da Palavra e, com
muita fi-equência, tem obtido êxito. 0 desafio para todos os cristãos é chegar a um
entendimento correto da Palavra de Deus, de modo a poder experimentar a paz que
excede todo o ent.endimento. Às vezes, leva um pouco de tempo até que o entendi-
mento amadureça, tanto na mente das pessoas como em nossos ensinamentos corporati-
`.os. Isso tem sido verdade quanto ao ensinamento adventista sobre o juízo investigativo
e temas a ele relacionados, como a remoção dos pecados. Insisto, porém, que esses ensi-
rmmentos são biblicamente corretos quando compreendidos apropriadamente.
oLaedç:::ásteaàd4o5;é:i.::ed,.ea.=r:fr.::me:u:8o4S42i:à:pdo:sís::,o,seíeopcaomnecl|usí:ááá::
o juízo investigativo começou no Céu em 1844. Essa data provém da interpretação
de Daniel 8:14 e 9:24 a 27. Gerhard Hasel, professor no Seminário Teológico Ad-
ventista da Universidade Andrews, disse que Daniel 9:24 a 27 é "uma da.s [passagens]
mais controversas de todo o Antigo Testamento".t Ele citou um intérprete que cha-
mava a história da interpretação desses textos de "o Pântano Sinistro" da crítica do
AntigoTestamento".2
Portanto, é com certo receio que entro no "pântano".Apesar disso, Daniel 9:24
a 27 desempenha um importante papel na interpretação adventista de Daniel 8 e 9,
e por isso precisamos tratar desses versos. 0 que vou compartilhar com você neste
capítulo e nos três seguintes tem muito que ver com a maneira como os adventis-
tas têm entendido Daniel 9.A discussão é um tanto técnica, e isso vai requerer aten-
ção redobrada.
Começarei indicando que Daniel 8 nos dá uma ideia bastante geral de quando
os 2.300 dias começaram. No verso 13, um "santo" -muito possivelmente um anjo
-disse a outro ``santo": "Quanto tempo durarão os acontecimentos anunciados por
esta visão?" (NVI). Sabemos que essa visão começou com o período medo-persa,
representado pelo carneiro. 0 império persa foi a principal força que permaneceu
no Oriente Médio desde 539 a.C. até 331 a.C., de modo que os 2.300 anos devem
começar em algum ponto entre essas duas datas.Ao somarmos 2.300 anos a cada uma
daquelas datas, encontramos que os 2.300 anos devem terminar em algum ponto
entre 1762 d.C. e 1970. É um longo período: 208 anos. Quando, dentro desses 208
anos, os 2.300 dias começaram e, por conseguinte, quando terminaram? Infelizmente,
Daniel 8 não nos diz. Felizmente, Daniel 9 o faz.
Examinemos agora a relação existente entre Daniel 8 e Daniel 9.
seus dias. 0 pronunciamento do verso 14, de que o santuário seria restaurado, deve
ter soado a ele como uma boa notícia.
Nos versos 20 a 27 do capítulo 8, Gabriel explicou para Daniel uma grande parte
da visão apresentada no capítulo. E concluiu dizendo: "A visão da tarde e da manhã
[isto é, dos 2.300 dias], que foi dita, é verdadeira; tu, porém, preserva a visão, porque
se refere a dias ainda mui distantes" (v. 26). Infelizmente, nesse ponto, Daniel "[enfra-
queceu] e [esteve] enfermo por alguns dias" (v. 27). Assim, a explicação de Gabriel
sobre a purificação do santuário e dos 2.300 dias foi interrompida.
Vamos nos colocar no lugar de Daniel por um momento. Ele nasceu emjerusalém
e ali viveu durante a primeira fase de suajuventude. Ele havia observado a apostasia dos
seus contemporâneos judeus e tinha ouvido as severas repreensões de jeremias con-
tra eles (ver, por exemplo,Jr 2 e 3.) Ele conhecia muito bem a predição de Jeremias
de que os babilônios invadiriam a Judeia e destruiriam jerusalém (verJr 4:5-31.) Deve
ter sido assustador para Dariiel viver durante o cumprimento dessa terrível predição.
Para piorar, os babilônios o capturaram, e a vários de seus amigos, levando a todos para
Babilônia, onde foram treinados para servir na corte real. Quando recebeu a visão do
capítulo 8, Daniel já havia servido fielmente Nabucodonosor e dois ou três outros reis
de Babilônia por várias décadas. Apesar disso, ele sempre foi led e lamentou profimda-
mente a situação de seu povo.
Daniel sabia muito bem que Jeremias previra que, depois de 70 anos de cativeiro,
os judeus recuperariam sua naçâo (ver]r 25: 11,12; 29:10) . Ele também entendia que
o tempo para isso acontecer se aproximava. Porém, Gabriel estava dizendo que 2.300
tardes e manhãs deveriam passar antes que o santuário fosse purificado. 0 enfia-
quecimento (ou desmaio, segundo a versão New King James) de Daniel sugere que
alguma coisa nesse anúncio o chocou. Entretanto, ele não disse o que o havia cho-
cado. Sabemos que Gabriel não voltou imediatamente após o enftaquecimento de
Daniel. De fato, Daniel ficou sem ouvir nada de Gabriel por 11 anos, tempo sufi-
ciente para os 70 anos quase terminarem; e Daniel estava ficando preocupado.Teria
sido a rebelião de seu povo tão terrível a ponto de Deus querer adiar a volta deles?
Daniel reagiu de duas maneiras. Primeiro, estudou as profecias de Jeremias sobre os
70 anos (Dn 9:2). Segundo, orou intensamente pedindo que Deus perdoasse os peca-
dos do povo e que levasse a nação de volta para seu território (v. 4-19). Essa é uma
boa lição para nós. Quando estivermos preocupados com alguma questão importante
da vida, precisamos fazer duas coisas que Daniel fez: procurar uma resposta na Bíblia
e pedir a Deus que nos oriente. Se assim fizermos, podemos estar certos de que o
Senhor nos guiará para a resposta correta, assim como fez com Daniel.Vejamos o quc.
Ele disse a Daniel.
A explicação de 6abriel
Em resposta à oração de Dariel, Deus novamente enviou Gabriel para perto do
proféta. Gabriel disse: "Daniel, agora, saí para fàzer-te entender o sentido. [...] consi-
dera, pois, a coisa e crifc#dc 4 tJÍ.sÕo" (v. 22, 23; itálicos acrescentados) . Nossa argumenta-
ção até aqui já deve ter deixado bem claro que a visão que Gabriel veio explicar pan
Daniel foi a do capítulo 8. Um pouco antes, indiquei que Gabriel havia explicado a
maior parte da visão logo depois que Danie] a recebeu (ver Dn 8:17-26).A única parte
que ficou sem explicação foi a dos 2.300 dias e a restauração do santuário (Dn 8:26).
Essa foi a parte da visão que Daniel achou tão chocante, a ponto de desmaiar e adoe-
cer. Foi o que,11 anos depois, o 1evou a estudar as profecias de]eremias e orar intensa-
mente para que seu povo voltasse para sua pátria. E Gabriel veio parajunto de Daniel
precisamente para aliviar a mente do profeta da preocupação com o que ele imaginava
ser uma mudança de ideia da parte de Deus quanto a permitir que os judeus voltas-
sem para aJudeia. Meu ponto aqui é: uma cuidadosa comparação entre Dairiel 8 e 9
deixa óbvio que o principal propósito da profecia das 70 semanas de Daniel 9:24 a 27
era responder à pergunta de Daniel sobre a profecia dos 2.300 dias no capítulo 8:14.
Há evidências ainda mais específicas para apoiar essa conclusão. Duas palavras
hebraicas nos capítulos s e 9 foram traduzidas como "visão" nas Bíblias em português:
h4zo# e m4r'cÃ.A língua portuguesa não tem uma palavra que seja exatamente equi-
`-alente àquelas duas palavras; porém, o uso da palavra wi.sÕo para elas até funciona para
uma leitura mais causal do texto. 0 significado específico de cada uma dessas pala-
`Tas hebraicas pode ser de grande ajuda para que compreendamos o significado pre-
ciso do que Gabriel disse no capítulo 9.
A explicação de William Shea3 sobre o significado dessas palavras pode nos aju-
dar. Ele diz:
[Mlczr'eft] vem da raiz rtz'á, que é o verbo comum usado 1.140 vezes no AT
[Antigo Testamento] para passa,r a ideia de ver. HÕzô# vem de /aõzcz e ocorre
com pouca fiequência no AT e geralmente se refere (embora não exclusiva-
mente) ao ato mais específico de ver uma visão profética. [...]. [Mlc7r'cÁ] alude
àquilo que pode ser visto com os olhos naturais. [...]. Geralmente, deve ser
notado que, nessa conexão, [m#'c#] se refere a algum aspecto da aparência de
indivíduos, ou seres pessoais.4
Note a última frase. Shea diz que ``[mcw'cÃ] [geralmente] se refere a algum aspecto
da aparência de indivíduos, ou seres pessoais". Portanto, no verso 16, em que Gabriel
recebe a ordem de "[dar] a entender a este a [mcw'cft]", ele está sendo orientado a
explicar para Daniel a conversa ocorrida entre os dois santos dos versos 13 e 14, par-
ticularmente a de.claração de um deles de que o santuário seria purificado depois de
2.300 tardes e manhãs.
Com essa compreensão de mflr'ch em mente, vejamos como essa palavra e também
/i4zoÍc são usadas em Daniel 8. Nos versos 1 e 2, Darriel disse:"No ano terceiro do rei-
nado do rei Belsazar, eu, Daniel, tive uma yí.sÕo [#cizoíc] [...] e [nessa 7Mzo#] vi que estava
junto ao rio Ulai" (itálico acrescentado).As duas ocorrências de ft4zoít obviamente se
referem à visão inteira de Daniel no capítulo 8:3 a 14.5
A palavra portuguesa tJi.sõo ocorre em seguida, no verso 13, em que um santo diz
para o outro: "Quanto tempo durarão os acontecimentos anunciados por esta t/Í.são
[h4zo#]?" (NVI). Novamente, h¢27oít corresponde à visão inteira.
NA CORTE CELESTIÀL
As 70 semanas
É interessante notar, porém, que, em sua explicação no capítulo 9:24 a 27,
Gabriel não mencionou nem os 2.300 dias nem a profecia dos 70 anos de Jeremias.
Em vez disso, ele falou sobre a principal preocupação de Daniel, o destino do povo
judeu. Em sua oração, Daniel suplicou: ``abre os olhos e olha para a nossa desola-
ção e para a cidade que é chamada pelo Teu nome [...]. Ó Senhor, ouve; ó Senhor,
perdoa; ó Sen.hor, atende-nos e age; não Te retardes, por amor de Ti mesmo, ó Deus
meu; porque a Tw4 cÍ.d4dc e o Tc# potm são chamados pelo Teu nome" (v. 18,19;
itálicos acrescentados).
Agora note as primeiras palavras da explicação de Gabriel: "Setenta semanas estão
determinadas sobre o Tct/ potJo e sobre a Tw4 s4Í?fcz cÍ.dcicJc" (v. 24; itálicos acrescenta-
dos). Gabriel começou sua explicação com o assunto que mais preocupava Danie].
Ele disse que 70 semanas tinham sido "determinadas", ou separadas, para os judeus
("Teu povo") e Jerusalém ("Tua santa cidade"). Isso bastava para Daniel. Seu povo
voltaria para a terra deles e a cidade seria reconstruída. Meu palpite é que, diante
0 INÍclo DOS 2.300 DIAS
dessa resposta, ele nunca mais passou nenhuma noite em claro se preocupando com
as 2.300 tardes e manhãs.
No entanto, o retorno dos judeus e a reconstrução de Jerusalém são história antiga
para nós. Queremos saber exatamente quando, dentro do período de 208 anos entre
1762 e 1970, esses 2.300 anos teriam terminado. Será que a resposta de Gabriel a
Daniel nos dá ess4 informação?
A resposta é sim. Ela está na palavra hebraica 7i4f¢Á:.6 Gabriel disse: "Setenta sema-
nas estão determinadas [hcif4k] sobre o Teu povo e sobre a Tua santa cidade" (v. 24).
0 que significa h4fcik? As versões em português Almeida Revista e Atualizada
e Almeida Revista e Corrigida traduzem h4f4¢ como "determinadas", enquanto a
Novaversão lnternacional a traduz como "decretadas". Os adventistas do sétimo dia,
ao longo dos anos, fóram bastante consistentes em afirmar que Ã4fak significa ``cor-
tar". É isso que Daniel 9:24 quer dizer?
A melhor maneira de saber o sigiiificado de uma palavra na Bíblia é procurá-1a
em outros lugares, especialmente na própria Bíblia, mas a palavra, h4f4k não ocorre em
nenhum outro lugar no Antigo Testamento. Assim, só nos resta procurar sua utilização
em outras fontes hebraicas antigas, como a Mishná e o Tàlmude.7 William Shea fez um
cstudo detalhado sobre h¢f4k m literatura hebraica antiga.Visto que a defiiiição dessa
palavra é crucial para o entendimento adventista sobre os 2.300 anos, citarei inteira-
mente as conclusões de Shea:
As palavras mudam de significado com o tempo, como bem sabe qualquer pes-
soa que tenha tentado ler obras originais de Camões.Assim, é possível que no tempo
de Daniel, #4f4k significasse algo diferente do que teria passado a significar cente-
nas de anos mais tarde, quando a Mishná foi escrita. Isso, mturalmente, é um problema
tanto para os que entendem #4f¢k como "decreto" como para os que a entendem
como "corte". Sobre esse ponto, Shea comenta:
Trabalhando com o princípio da filologia semítica de que os significados
ampliados das raízes foram desenvolvidos a partir de conceitos concretos
na direção de conceitos abstratos, devemos colocar "corte" com a conota-
ção original protossemítica de [...] Ã4Í4Á!. Portanto, do ato de cortar veio a
ideia de cortar uma decisão9 e, finalmente, somente decidir. [...].
Podemos resumir essa discussão sugerindo que h4f4Á: deriva, originalmente,
da ideia de "cortar", e essa ideia ainda predomina em seu uso na Mishná
hebraica. [...]. Podemos [também] sugerir que a ideia de "cortar" fosse,
provavelmente, ainda mais predominante no tempo de Daniel do que no
período mishnaico. í°
Shea não é o único erudito a sugerir que "cortar" é o significado original de h4f4k.
Em sua tese doutoral, T7tc CÃroffo/ogy o/D4#!.cJ 9..24-27, Brempong Owusu-Antwi
notou que vários outros eruditos afirmaram a mesma coisa." E Desmond Ford
disse: "Todos lexicógrafos declaram que [7mfczé] significa literalmente `cortar fora",t2
e, ``Cftaí#4k [a maneira de Ford transliterar #4f4k] significa `corte' ou `decreto'."
tempo de Guilherme Miller até o presente, os adventistas têm dito que os 490 dias/anos
foram corf4doí do período (mais longo) de 2.300 dias/anos.[4 0 raciocírio é simples.
•A única parte da visão do capítulo s que Gabriel não havia explicado para
Daniel foi a purificação do santuário e os 2.300 dias.
• Os primeiros 19 versos do capítulo 9 tornam óbvio que a purificação do san-
tuário, os 2.300 dias e sua relação com os 70 anos da profecia de ]eremias eram
uma fónte de grande preocupação para Daniel.
• Embora, no capítulo 9, não se faça nenhuma menção de Gabriel aos 2.300 dias
quando ele veio até Daniel, ali é dito que ele contou a Daniel que viera explicar
o m¢r'cft, isto é, a parte da visão do capítulo s que trata da purificação do santu-
ário e dos 2.300 dias.
• As 70 semanas foram "cortadas", o que significa que elas foram ct7rfczdc# cíc um
todo maior, ou seja, os 2.300 dias que Gabriel viera explicar.
• Portanto, o ponto de início dos 2.300 dias é o mesmo ponto de início das
70 semanas.
Gerhard Hasel, "Interpretations of the Chronology of the Seventy Weeks", em 70 I4/ccks, Lct;i'fi.c#s, N4ftm
``.ÍProphecy,p.5.
=_|. A. Montgomery, 4 Commc#f4ry o% D4#i.e/, ICC (1927), p. 400, cita.do por Gerhard Hasel, "Inter-
pretations of the Chronology of the Seventy Weeks", em 70 T47ccÁ2s, LetJ!.fí.cwj, N4f#w o/Propftccy, p. 6.
: William Shea foi professor no Seininário Teolóãco Adventista da Universidade Andrews, em Berrien
Springs, Michigan.Também foi membro do lnstituto de Pesquisa Bíblica da Associação Geral.
•William Shea,"The Rela.tionship Between the Prophecies ofDaiiiel s and Darriel 9", em T7% S4#cfíMry a#cJ
Íhc Afo#c'mc#f, p. 232.
= .1 visão propriamente dita parece ter terminado no verso 12. Os versos 13 e 14 são audição, não visão; eles
são uma parte da explicação da visão que Daniel recebeu nos versos 3 a 12. Entretanto, Daniel parece ainda
continuar em um esta.do de visão ao ouvir os dois santos fdando nos versos 13 e 14.
' .1 palavra utilizada em Daniel 9:24 é Í!cftí4k, a forma passiva de ftc!f4k.
-0 Tdmud é um comentário sobre a lei, costumes e históriajudaicos escrito por antigos rabinos.A Mishnah
t-az parte do ltimud, embora com frequência se refiram a ele como se fosse um corpo de escritos separado.
Ib,d., p. 242.
` Nota do tradutor: Embora a expressão "cortar uma decisão" não faça sentido em português, ela é utiliza-
da em inglês. 0 autor, em nota de rodapé, lembra a expressão c#ffi.#g 4 c#cck, que, em português, significa
•`preencher e assinar um cheque", o que denota uma decisão de pagar o valor registrado no cheque. Outra
expressão inglesa similar é cÍ/fíi.#g 4 dccJ/, que significa "fechar um negócio", "fazer um trato", que também
denota uma decisão.
-Ibid.,p. 243
• Biempong Owusu-ALncw±, The Chroriology of Daniel 9:24-27, p. 228.
= Desmond Ford, D4#t.c/, p. 225.
:-` I=ord, "Daniel 8: 14", p. 288.
:. Guilherme Miller entendeu que as 70 semanas tinham sido "cortadas" do período (mais longo) de 2.300
dias.Ver Gerard Da:rnsteegt, Foundations of the Seuenth-day Aduentist Message and Mission, p. 36, nota de ro-
dapé 178.
:S lbid.
0 PROPÓSIT0 DAS
70 SEMANAS
V:ceênJtidt:V::mde::sm:notiev:,rgsa::1r:omne,::pl|::P:ridao;?|nT,:raezd:oucit|e|:::epxôpreàl:
sol ou ao ouvir uma sublime peça musical. Pense como o artista que pintou o pôr
do sol ou o compositor que escreveu aquela linda música deve ter se sentido no
momento em que estava pintando ou compondo! Todos nós temos, de tempos em
tempos, momentos inspiradores e, quando a inspiração está relacionada com algo para
o qual temos talento, sentimos uma alegria muito especial ao fazermos aquilo.
Daniel deve ter se sentido assim quando Gabriel veio até ele, pois foi em forma
de poesia que ele escreveu aquilo que Gabriel lhe disse. Não chega a surpreender,
pois o fato de que o povo de Daniel retornaria a sua terra e reconstruiria sua cidade
era uma excelente notícia. No capítulo anterior deste livro, exaininamos as duas pri-
meiras linhas do poema de Daniel 9:24, que era sobre as 70 semanas. No restante do
verso 24, que discutirei neste capítulo, Gabriel explicou o propósito das 70 semanas.
Visto que a passagem está em formato de poesia, será mais ficil analisá-1a verso por
verso. Numerei os versos a fim de fàcilitar a discussão.
William Shea indica que, pelo menos os seis últimos versos de Daniel 9:24, estão
divididos em três pares:í
Primeiro par
1. "Para fazer cessar a transgressão"
2. "Para dar fim aos pecados"
Segundo par
3. "Para expiar a iniquidade"
4. ``Para trazer a justiça eterna"
Terceiropar .
5. "Para selar a visão e a profécia"
6. "E para ungir o Santo dos Santos"
Nas duas primeiras linhas do verso 24, Gabriel havia acabado de dizer a Dairiel
que 70 semanas foram "postas de lado" para seu povo e sua cidade:jerusalém. Os
adventistas do sétimo dia entendem que Gabriel quis dizer que Deus estava esten-
dendo a provação da nação judaica por 70 semanas, que correspondem a 490 dias,
ou 490 anos, segundo o princípio dia-ano.2 Esse período de provação começou em
457 a.C. e terminou em 34 d.C. Explicarei os cálculos matemáticos por trás dessas
0 PROPÓSIT0 0AS 70 SEMÁNAS
datas no próximo capítulo; nossa principal preocupação neste capítulo é com aquilo
que Gabriel disse que iria ocorrer dwrfl#fc esses 490 anos. É isso que os seis últi-
mos versos da poesia encontrada em Dariel 9:24 nos contam. Na discussão a seguir,
comentarei cada um dos seis versos.
0 primeiro par
No primeiro par de versos, Gabriel apontou para ajusta sociedade que Deus que-
ria que os judeus estabelecessem durante seus 490 anos de provação.
L!`##4 Í.. ``Pcií# /flL2íc/ ccssc# 4 frtz#sgrcssõo". A palavra hebraica para "transgressão"
nessa frase é pcs#4', que, como já vimos em vários capítulos anteriores, significa pri-
mariamente "rebelião". Antes de seu cativeiro, de 605 a.C. até 586 a.C„ os judeus
dnham se rebelado contra Nabucodonosor. Contudo, sua principal rebelião foi con-
tra Deus, e isso os levou ao exílio em Babilônia. Então, Gabriel estava fflando para
Daniel que Deus daria aos judeus 490 anos para que acabassem com sua rebelião e
demonstrassem sua lealdade para com Ele. Como coloca William Shea, "a fi-ase de
abertura da [explicação de Gabriel] delimita um período de provação durante o qual
o povo de Deus é chamado para manifestar sua lealdade, e não a sua rebelião, para
com E|e".3
Lí##4 2.. "Pzwfl dc"jm 4os pcc#dos". A palavra hebraica para "dar fim" é Ã4ftzm, que sig-
nifica "selar'', "completar" ou "dar fim".4 Quase todas as traduções portuguesas da Bil)1ia
reconhecem como "dar fim" o significado da e2pressão de Gabriel.
A palavra hebraica para "pecados" nesse verso é h4ff4'f, que, como vimos nos capí-
tulos anteriores, significa pecado em geral. Essa cláusula, portanto, complementa a
anterior.]untas, elas são um incentivo aos judeus para "darem um fim a,o estado peca-
minoso de sua sociedade, [...] [e] construir uma sociedade reta".5 Tivessem feito isso,
eles ainda seriam o povo por meio do qual Deus comunicaria Seu amor e mensagem
de salvação ao mundo. No entanto, o Novo Testamento indica que, infelizmente, não
foi essa a escolha deles.
0 segundo par
0 segundo par de versos diz o que ]esus iria fazer perto do fim das 70 semanas
da provação judaica.
LÍ.#hcí 3.. "P#r¢ cxpÍ'c" 4 Í'#!.qwí'd¢dc". A palavra hebraica para "iniquidade" é 4t#o#,
que significa "ser culpado". Portanto, Daniel 9:24 inclui as três palavras hebraicas
básicas para pecadó: pcsÃ4' ("rebelião"), Ã4ff4'f ("pecado") e 4t/w ("iniquidade"). 0
úrico capítulo do Antigo Testamento em que essas três palavras ocorrem juntas é
Levítico 16, que descreve as atividades do Dia da Expiação. Assim, Daniel 9:24 tem
fortes matizes do Dia da Expiação. E, naturalmente,Jesus, por meio de Sua morte
m cruz, cumpriu todos os sacrificios do serviço do tabernáculo israelita, inclusive
os que eram oferecidos pelo sumo sacerdote no Dia da Expiação. 0 restante do Dia
da Expiação do Céu se cumpre no juízo investigativo que está sendo efetuado agora
mesmo no santuário celestial e terininará com a erradicação final do pecado no lago
de fogo, ao findar o riiilênio.
A palavra hebraica para ``reconciliação" em Daniel 9:24 é kí.ppwr. Em Levítico, essa
palavra denota o propósito dos sacrificios que os israelitas traziam para o santuário
por seus pecados ao longo do ano. Por exemplo, Levítico 4:26 diz que, como resul-
tado do sacrificio do pecador, "o sacerdote fará expiação [Á#'ppwr] por ele, no tocante
ao seu pecado, e este lhe será perdoado". Portanto, Gabriel estava contando para
Daniel que em algum ponto durante os 490 anos de provação,Jesus morreria pelos
pecados do mundo e, dessa maneira, expiaria a iniquidade.
Linha 4: "Para trazer a justiça eterna". ]á encontramos esse conceíto em Da.riel,
embora não nessas palavras. Daniel 7:27 diz que, como resultado dojuízo investigativo,
o domínio sobre o mundo será dado para o Filho do Homem e Seus santos, e "o
Seu reino será reino eterno, e todos os domínios o servirão e Lhe obedecerão".Todo
o serviço e toda a obediência do mundo prestados ao Filho do Homem no reíno
eterno de Deus significam o mesmo que "justiça eterna".
Hoje, ainda anelamos o estabelecimento do reino eterno de Deus. Então o que
Gabriel quis dizer em Daniel 9:24, quando afirmou que ajustiça eterm seria estabe-
lecida durante os 490 anos da provação judaica?
Com fi.equência,Jesus fàlava de Seu "reino" como uma realidade em Seus dias. Por
exemplo, na parábola do joio e do trigo, Ele disse: "0 reino dos céus é semelhante a
um homem que semeou boa semente no seu campo" (Mt 13:24; itálico acrescentado).
Note que o verbo "é" está no presente. A parábola não mostra o estabelecimento do
domínio de ]esus sobre o mundo até Sua segunda vinda (ver v. 41-43). No entanto, a
parábola inteira descreve "o reino dos céus" como se ele já tivesse sido estabelecido.
0 mesmo é verdade quanto à parábola das dez virgens e à dos dez talentos em Mateus
25. As duas começam com Jesus declarando como ``é" o reino de Deus, para, depois,
declarar a irissão e a condição de Seu povo no mundo antes de Sua vinda.
Nesse sentido, o reino de Deus significa a mudança que ocorre na mente e no cora~
Ção dos que aceitamJesus como salvador.A Bíblia se refere a essa mudança como "con-
versão" ou "novo nascimento" (ver Mt 18:3;Jo 3:1-8). Embora as pessoas do tempo
do Antigo Testamento experimentassem a conversão,Jesus obteve a base legal para essa
transformação por meio de Sua morte na cruz. É nesse sentido que Gabriel disse que a
"justiça eterna" seria instaurada durante os 490 anos do tempo de provação dos judeus.
A justiça eterna que experimentaremos após a segunda vinda de Cristo começa em
nossa vida quando aceitamos Jesus e experimentamos Seu poder transformador.
0 terceiro par
No terceiro par de versos, Gabriel menciona para Daniel duas coisas que iriam
acontecer no fim das 70 semanas ou 490 anos.
LÍ.##4 J.. "P#/fl scJczr 4 t;í.sÕo c ¢ pro/ccJ.4". No hebraico, essa frase consiste de três pala-
vras: 7MÍ4m, traduzida como ``selar"; h4zoít, que significa "visão"; e #cwÍ', que significa
"profeta". Exaininemos cada uma dessas palavras.
H4f4m. Muitas versões bíblicas em português traduzem essa frase como "Pzm
scJw [ft4f¢m] a visão e a profecia" (itálicos acrescentados). Traduzida dessa maneira, a
palavra h4f4m dá a entender que o cumprimento exato da profecia das 70 semanas
Ô PRÜPCS!T0 DAS 70
Deus atuaria por meio da igreja cristã. Esse é o pano de fundo que precisamos para
compreender as palavras de Gabriel pa,ra Daniel dizendo que parte do propósito das
70 semanas era ``dar fim a visão e proféta". Shea comentou: "Estêvão é o último pro-
feta a falar para o povojudeu como o povo escolhido de Deus. Mas sua voz foi silen-
ciada com sua morte por apedrejamento. Ao silenciá-lo, eles também silenciaram a
voz profttica a eles endereçada com um fim [...]. "No que diz respeito ao próprio
povo de Daniel, `visão' e `profeta' foram selados, ou lhes dado fim, com a rejeição
desse último profeta que lhes fora enviado, de acordo com Atos 7."9
LÍ.Í£ha 6. "Epcm ##g!.r o S4#fo dof S4#fo5". A questão-chave aqui é a identidade do
"Santo dos Santos". Durante os primeiros anos do cristianismo, intérpretes aplicaram
o termo à unção dejesus como o Messias por ocasião de Seu batismo. Entretanto, as
palavras hebraicas qodcsà qod4shí`m sugerem uma intepretação diferente. Essas palavras
ocorrem mais de 40 vezes no Antigo Testamento, à parte do livro de Daniel, sempre
se referindo ao santuário, não a pessoas.[°Tanto quanto eu saiba, todos os intérpretes
adventista,s de hoje concordam que qodcsh qocí¢sÃf.m em Daniel 9:24 se refere ao san-
tuário, não a Cristo. Uma vez que o único santuário válido ao fim das 70 semanas
era o santuário celestial, a "unção" desse santuário se refere a sua dedicação ou inau-
guração no tempo em que Cristo começou Seu ministério, após subir para o Céu.
Há cerca de dois mil e quinhentos anos, Deus apresentou um tremendo desafio
espiritual para Seu povo com a profecia das 70 semanas. Sua visão para o povo esco-
lhido atual é tão ambiciosa quanto foi no passado. Nosso desafio é, pelo poder do
Espírito Santo, cumprir essa visão hoje.
t William Shea, "The Prophecy of Daniel 9:24-27", em 70 W7geÁ:s, Lt/i.fí.cws, 4#d fhc N4f#re o/Prop#ccy, p. 79-84.
Meus comentários neste capítulo são, em grande medida, baseados na análise de Shea.
2 Discutirei o princípio dia-ano em detalhes no capítulo 27.
3 Shea, "The Prophecy of Daniel 9:24-27", em 70 74Íccks, LcvÍ.fi`cws, 4Í}d fhc N4fwre o/Prop#ccy, p. 78.
4 Ibid.
5 Ibid., p. 79.
6 Nota do tradutor: Diferentemente, a versão em português Almeida Revista e Atualizada inclui o artigo "a-
antes de "visão": "para selar a visão e a profecia".
7 Shea, p. 81.
8 Ibid.
9 Ibid., p. 82.
t° Uma possível exceção é 1 Crônicas 23:13, ainda que muitas versões traduzam qodesÁ qod4shi.m nesse verso
como "coisas sântíssimas" (NVI), ou "Santo dos Santos" (ARA), não uma pessoa santa, e Shea concoiú
(ver 70 Semanas, Ijuiticus, and the Nature of Prophecy, p. 8&) .
°DCA°sMÓEgçgEEMRFl¥
Ofaudeasçâ::lr:l,aqdualss,gl.Zoerrtfduaas?,dpoarcao:t:euuap:::,eÀqFae|a7v:ase5:"a"n„a;:inuhf:áleç:a:::ãa:
cronológica. Ela significa um período de sete dias. Se multiplicarmos 70 semanas
pelos sete dias de uma semana, chegamos a 490 dias. Como, então, devemos enten-
der essas 70 semanas ou 490 dias? Será que Gabriel tinha em mente um período lite-
ral de 490 dias, que corresponde a pouco mais de um ano e um terço? Quando esse
período deveria começar e quando deveria terminar? Sem as respostas para essas per-
guntas, o anúncio feito por Gabriel para Daniel de que 70 semanas tinham sido sepa-
radas para o seu povo não tem significado.
Felizmente, Gabriel passou a explicar de maneira muito específica quando come-
çariam e terminariam as 70 semanas. Eis o que ele disse: ``Sabe e entende: desde a
saída da ordem para restaurar e para edificar ]erusalém, até ao Ungido, ao Príncipe,
sete semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as circunvalações se reedificarão,
mas em tempos angustiosos."
Note a informação bastante específica que Gabriel deu a Daniel sobre o começo e
o fim das 70 semanas:"Dcsdc a saída da ordem para restaurar e para edificar]erusalém,
4fé ao Ungido, ao Príncipe [...]" (itálicos acrescentados). No restante deste capítulo,
analisarei essas palavras pronunciadas por Gabriel ao fflar com Daniel. Começarei
compartilhando com você a interpretação tradicional adventista, esperando que este
capítulo lhe convença de que ela é inteiramente bíblica.
Os adventistas do sétimo dia têm sido consistentes em dizer que o decreto pro-
mulgado porArtaxerxes, em 457 a.C., é aquele a que se referiu Gabriel. 0 anjo disse
que, daquele ponto até o aparecimento de Cristo, haveria sete semanas mais sessenta
e nove semanas, ou 483 dias. Isso corresponde a 483 anos, dentro do princípio dia-
ano. Sem dúvida, você sabe que, no tempo antes de Cristo, os números pelos quais os
anos eram identificados diminuíam à medida que o tempo avançava: 457, 456, 455,
etc. Uma vez que 457 é menor que 483, temos que subtrair 457 de 483 e somar o
restante ao tempo depois de Cristo, como demonstrado abaixo:
Mesmo assim, devemos fazer um pequeno ajuste nesse cálculo. Uma vez que não
existe o ano 0 entre 1 a.C. e 1 d.C., devemos somar um ano ao nosso cálculo.Assim,
Jesus, o Messias, devia aparecer em 27 d.C.
Você deve saber que a palavra hebraica mcssí.4Ã significa "o ungido". jesus foí
ungido para Sua missão por oca.sião de Seu batismo, quando o Espírito Santo desceu
sobre Ele em forma de pomba. Acho isso extremamente sigriificativo. Os mais deta-
lhados dados cronológicos do Novo Testamento, encontrados em Lucas 3:1 a 3, dãc+
nos informações muito precisas sobre quando Jesus foi batizado. Lucas escreveu: ``No
décimo quinto ano do reinado de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da
judeia, Herodes, tetrarca da Galileia, seu irmão Filipe, tetrarca da região da ltureia e
Traconites, e Lisânias, tetrarca de Abilene, sendo sumos sacerdotes Anás e Caifás, veio
a palavra de Deus aJoão, filho de Zacarias, no deserto. Ele percorreu toda a circunvi-
zinhança do ]ordão, pregando batismo de arrependimento para remissão de pecados."
0 décimo quinto ano do reinado de Tibério Cesar foi quase certamente 27 d.C.9
Assim, de acordo com os cálculos que apresentei acima,]esus chegou no tempo exato!
É assim que ps adventistas do sétimo dia têm tradicionalmente interpretado Daniel
9:25, mas essa interpretação não tem sido imune a desafios.
0 primeiro desafio a essa interpretação tem que ver com o significado da palaL
vra que é traduzida como offtícm m versão Almeida Revista e Atualizada: ``desde .
saída da orcícm para restaurar e para edificar Jerusalém" (itálico acrescentado). A pah-
vra hebraica para "ordem" é cí4bcm, que tem o sigrificado primário de "palavra", iiias
que, em alguns contextos, pode significar "decreto", "matéria", "coisa" e até "causa"..
Ela significa especialmente "ordem" ou "decreto" quando é usada no sentido de um
ordem dada por Deus ou um rei da Terra,. 0 anjo Gabriel usou a palavra d4b4Í quando
disse a Daniel: "No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem [dczbw] [...] " (v. 23). Nesse
`-erso, era claramente Deus quem ordenava a Gabriel que interpretasse a visão para
Daniel. Por isso, alguns intérpretes têm sugerido que a "ordem [cí4bc"] para restau-
nr e edificar]erusalém" do verso 25 era simplesmente uma parte da ordem dada por
Deus a Gabriel no verso 23. Raymond Cottrell adotou essa interpretação. Ele disse:
-Contextualmente, a `palavra' que `saiu [...] para resta,urar e edificar Jerusalém é a
mesma `palavra' que `saiu' [...] em resposta à oração de Daniel. [...]. Gabriel garante
para Daniel que o própn.o Dc#s, não algum monarca terrestre,já respondeu sua fervo-
iosa oração! Obviamente, essa `palavra' é de natureza que somente o próprio Deus
poderia emitir, e não algum rei terrestre!"5
De onde Cottrell tirou a ideia de que somente Deus poderia emitir um decreto
para restaurar e edificar Jerusalém? Quem disse que um rei humano não poderia
cmitir um decreto desses? Longe de #cgcw que um rei humano poderia fazer essa pro-
chmação, o contexto sugere que um rei humano cÍ#í.fí.ri'4 o tal decreto. Tenho que
concordar com Brempong Owusu-Antwi, que, em sua tese doutoral, T7% C#ro#oJogy
ty~D4#Í.cJ 9..24-27 [A Cronologia de Daniel 9:24-27], disse: ``0 contexto da expressão
de Daniel 9:25 envolve uma proclamação que mudaria a situação política e fisica de
jerusalém. [...]. Portanto, cronologicamente, d4bcm faz sentido no contexto de Daniel
9:24 a 28, em que é considerada como uma `palavra' histórica, isto é, um pronuncia-
mento, uma ordem e afins, que pode ser marcada concretamente em uma situação
histórica pela qua,1 ela foi emitida."6
Com "palavra' histórica [...] que pode ser marcada concretamente em uma situa-
Ção histórica", Owusu-Antwi quer dizer uma "palavra" ou "decreto" huma,no que
podemos datar em um tempo específico da história humana. Portanto, a conclusão
mais lógica é que um rei humano emitiria -e emitiu -o d4bc", ou seja, a "ordem [ou
decreto] para restaurar e para edificar Jerusalém". Embora Cottreu não esteja só em
sua interpretação de que a dcibcv do verso 25 é a mesma dczbm de Deus pa,ra Gabriel
no verso 23, acredito que estou correto ao afirmar que a maioria dos eruditos consi-
dera que essa d4b4r se refere a uma ordem dada por um rei terrestre.
do rei Ciro em 538 a.C. qd 1:1-4); (2) a ordem de Artaxeixes para Esdras em
457 a.C. (que, aparentemente, envolveu autoridade para erigir os muros deJeru-
salém, conforme Ed 7:6, 7; 9:9); (3) a ordem, em 445 a.C., para Neeinias recons-
truir os muros (tarefa que Esdras não pôde cumprir). Dessas opções, a (1) deve
ser eliminada por acontecer longe do tempo do ministério de Cristo; a (3) acon-
tece demasiadamente tarde, a menos que os anos lunares sejam utilizados no
cômputo.Apenas a (2) acontece de acordo com os anos solares regulares, pois dá
o resultado de 27 d.C., ou o começo do ministério de Cristo.t°
Por não haver uma única palavra sobre a reconstrução de Jerusalém no decreto pro-
mulgado por Artaxerxes em 457 a.C., muitos eruditos têm concluído que esse decreto
não cumpriu as especificações da predição de Gabriel sobre a reconstrução de]erusalém.
Por outro lado, um decreto de Artaxerxes em 444 a.C., o qual discutiremos abaixo,
deu autorização específica para que Neemias completasse a construção dos muros de
jerusalém. É por isso que alguns eruditos enxergam esse decreto como aquele que cum-
priu a declaração de Gabriel de que as 70 semanas começariam com uma ordem para
restaurar e edificar Jerusalém.
Assim, que justificativa existe para considerar o decreto de Artaxerxes de 457 a.C.
como aquele que marcou o início das 70 semanas?
€ELE§TIÁL
não à reconstrução.
Owusu-Antwi tira a seguinte conclusão de sua análise do uso bíblico da pala-
vra hebraica swb em Daniel 9:25: "Todas as formas H¢ÃÍ.Í de swb [usadas] com `terra',
`cidade' ou `reino' como seu objeto direto [...] evidenciam um significado de restau-
parar com a obra". No entanto, note mais uma vez que Artaxerxes nunca disse que a
reconstrução estava sendo feita sem seu consentimento. E ele não suspendeu a constru-
Ção permanentemente; ele a suspendeu temporariamente até dar a ordem de reiniciá-hL
Parece razoável concluir, então, que a reconstrução de Jerusalém h4t;i.4 sido autorizada,
e que tanto os iirimigos dosjudeus como o rei reconheceram isso.
P#rfc 4. 0 último verso do capítulo diz algo muito interessante: "Cessou, pois, a oh
da Casa de Deus, a. qual estava ern ]erusalérn., e isso até do segundo ano do reinado de Dario.
rei da Pérsia" (v. 24; itálicos acrescentados). Há duas coisas singulares nesse verso. Os 18
versos anteriores são sobre os judeus construindo a c€.d4dc sob o comando de ArtaxerxE
e, sobre a ordem do mesmo Artaxerxes eles suspenderem a construção. Mas o verso 24
se refere outra vez a Dario, que precedeu Artaxerxes como rei da Pérsia. 0 verso taim
bém diz que a obra da casa "de Deus" cessou, não que a construção da cidade. Qual ê
a explicação para essa singularidade? Um esboço resuinido das quatro partes do capí-
tulo 4 poderá ajudar a esclarecer o problema e nos levar a uma solução. Note, especiaL
mente, as duas palavras, fcmpJo e/c"s4/ém, as quais eu italizei, e note também os nomcs
dos reis, os quais eu escrevi em negrito.
Note a progressão de fcmpío sob Ciro e Dario (parte 1), paraJcms4Íc'm sob Arta-
xerxes ¢artes 2 e 3), e de volta para o fcmpJo sob Dario @arte 4). Por que esse vai e
vem de Dario para Artaxerxes e de Artaxerxes para Dario? Por que essa mudança do
templo para a cidade de Jerusalém e, então, de volta para o templo?
A melhor explicação parece ser que o principal propósito de Esdras no capítulo 4
foi mostrar a oposição aos projetos de reconstrução dosjudeus, tanto do templo como
da cidade, e, por isso, ele inseriu os versos 6 a 23, sobre a reconstrução ócJc"s4Jéí7t,
em seu relato sobre a reconstrução do fcmpJo. Portanto, o relato da suspensão da obra
do templo sob Dario começa nos versos 1 a 5, faz uma pausa para, nos versos 6 a 23,
inserir um relato parentético sobre a suspensão da obra de reconstrução de ]erusalém
autorizada, anos mais tarde, por Artaxerxes, e volta, no verso 24, à suspensão da obra
do templo ocorrida anos antes sob Dario.A Novaversão lnternacional reconhece esse
problema colocando um subtítulo antes do verso 6 (no qual começam as partes 2 e 3)
que diz: "A oposição nos reinados de Xerxes e Artaxerxes".
Assim, embora a Bíblia realmente não cíiÉ4 isso, é muito provável que Artaxerxes
dcJ#fo tenha autorizado a reconstrução de Jerusalém em seu decreto de 457 a.C., e
Esdras 4 registra a reação a esse decreto pelos inimigos dosjudeus.William Shea disse:
"Por que o decreto [de restaurar e edificar]erusalém] a,parece em Esdras 7 quando a
referência à reconstrução está em Esdras 4? 0 1ivro de Esdras não está organizado em
uma ordem cronológica estrita. Isso é especialmente verdade quanto ao material do
capítulo 4. Seu propósito era registrar os contínuos esforços dos inimigos dos judeus
para impedir tanto a reconstrução do templo como da cidade."í7
Naturalmente, isso levanta a pergunta: "Por que Artaxerxes autorizaria a recons-
trução de ]erusalém em 457 apenas para rescindi-la na metade do andamento do
projeto de construção?" Shea levanta essa pergunta, e sua resposta é que Artaxerxes é
conhecido, a partir de fontes históricas, por ter sido um indivíduo instável, que podia
ser facilmente influenciado a mudar de ideia.ís Parece ter sido isso o que aconteceu
no caso de sua autorização e,1ogo, desautorização da reconstrução de ]erusalém.
Concluindo, a evidência bíblica sugere que Artaxerxes dc/#fo autorizou os judeus
a reconstruírem sua cidade no tempo de seu primeiro decreto, em 457 a.C., e o seu
decreto, como registrado em Esdras 7, simplesmente omite esse detalhe. Ele mudou
de ideia quando os inimigos dos judeus protestaram. Poucos anos depois, outra vez
mudou de ideia, permitindo que os judeus continuassem a reconstruir a cidade. Esse
foi o propósito do seu segundo "decreto", o qual passaremos a considerar agora.
jejuou e orou por vários dias. Aparentemente, o imperador era uma pessoa atenta,
pois notou a tristeza de Neeririas e lhe perguntou o que ocorrera. Quando Neeinias
lhe contou o que havia acontecido com os muros e portões de ]erusalém, o rei disse:
``Que me pedes agora?" (Ne 2:4). Neemias pediu perinissão para ir pessoalmente a
Jerusalém para supervisionar a construção dos muros e dos portões.Também pediu para
Artaxerxes escrever duas cartas: uma autorizando-o a viajar para a judeia e, a segunda,
autorizando que a madeira para o pFojeto de construção fosse retirada da floresta real.
0 imperador atendeu aos pedidos de Neemias. Ele escreveu as duas cartas e autori-
zou Neemias a tirar uma licença de seu trabalho como copeiro.Tudo isso ocorreu em
444 a.C.,13 anos depois de o mesmo rei Artaxerxes ter escrito seu primeiro decreto
autorizando a restauração do governo para os judeus e a reconstrução de jerusalém.
Muitos eruditos conservadores consideram o segundo "decreto" de Artaxerxes
como aquele que cumpriu a predição de Gabriel sobre a reconstrução de ]erusalém,
porque ele especificamente autorizava Neemjas a reconstruir os muros da cidade.
Contudo, há vários problemas com essa conclusão.
Primeiro, você deve ter notado que venho colocando a palavra "decreto" entre
aspas quando me refiro ao segundo decreto de Artaxerxes. Fiz isso porque esse assim
chamado ``decreto" era, na verdade, nada mais que duas cartas autorizando Neemias
a viajar para aJudeia, construir os muros de Jerusalém e obter material de construção
das florestas reais (Ne 2:7, 8). Não foi um decreto real como os que foram promulga-
dos por Ciro em 538, Dario em 520, e Artaxerxes em 457, chamados, cada um delcs.
de decreto (ver Ed 6:3, 8; 7:12,13). Os decretos de Ciro e Artaxerxes autorizavam
qualquerjudeu a voltar para a]udeia, se assim desejasse, e, em ambos os casos, milhares
responderam positivamente. Mas as cartas de Artaxerxes para Neemias em 444 nunca
foram chamadas de decretos. Elas simplesmente autorizavam Neemias, como indiu'-
duo, a viajar para aJudeia para conduzir a reparação dos muros deJerusalém.
Segundo, a informação sobre a derrubada dos muros e portões de ]erusalém che-
gou para Neemias como uma #ofíci'4. Essa informação certamente não seria umi
notícia para ele - que dirá #of!'ci.45 pcrf#rb4doms - de que Nabucodonosor havia des-
truído os muros deJerusalém 150 anos antes. Neemiasjá teria sabido disso desde su
infância. 0 que parece muito mais provável é que a reconstrução já tivesse come-
Çado com os muros de Jerusalém, e Neemias teria ficado chocado com a notícia diE
que os inimigos dos judeus não somente fizeram parar a reconstrução, como também
derrubaram algumas partes do muro. Teria sido essa a interferência feita pelos inimi-
gos dos judeus durante a, reconstrução de Jerusalém registrada em Esdras 4 e que jí
discuti algumas págims atrás.
Terceiro,Neemiasnãorecebeuautorizaçãoparareconstruirací'd4dcde]erusdénj
Em resposta a seu requerimento, foi-lhe dada permissão apenas para reconstruir -
mw/os da cidade.
Quarto, Neemjas e seus companheiros judeus completaram a construção dmt
muros e portões de ]erusalém em apenas 52 dias (ver Ne 6:15). Dificilmente elcS.
teriam terminado a tarefa em tão pouco tempo se estivessem reconstruindo tud®
o que Nabucodonosor destruíra 150 anos antes. Parece muito mais provável que |
FIM nAs óg
única coisa que os judeus tivessem para completar sob a liderança de Neemias fosse a
parte do muro ainda não terminada no momento em que os inimigos os obrigaram
a parar, além daquilo que esses mesmos inimigos tinham destruído.
Quinto, uma razão muito convincente para rejeitar a autorização de Artaxerxes
para Neemias como o cumprimento da predição de Gabriel é que ela não se encaixa
com a cronologia dessa predição.Você deve se lembrar de que Gabriel disse que 483
anos (69 semanas) passariam desde a promulgação do decreto para restaurar e cons-
truir ]erusalém até o Príncipe-Messias. Um pouco antes, neste capítulo, indiquei que
483 anos cobrem exatamente o tempo decorrido desde o decreto de Artaxerxes, em
457 a.C. até 27 d.C., precisamente o ano do batismo de Cristo. Quando esses mesmos
483 anos são calculados a partir da autorização de Artaxerxes para Neemias recons-
truir os muros de Jerusalém em 444 a.C., eles se estendem até 40 d.C., vários anos
depois de Cristo voltar para o Céu. 0 período de 483 anos simplesmente não fun-
ciona com a data de 444, mas se encaixa perfeitamente com a data de 457.
Portanto, evidências tanto da história secular como da Bíblia apoiam a conclusão
de que o decreto que cumpre a predição de Gabriel sobre a "ordem para restaurar e
para edificarJerusalém" como o ponto em que começam as 69 (e as 70 semanas) é
aquele promulgado por Artaxerxes 1 em 457 a.C. Por tudo isso, considero a conclu-
são adventista sobre as 70 semanas e a sua relação com os 2.300 dias de Daniel 8:14
muito razoável, a partir de uma perspectiva bíblica.
Em conclusão, devo observar que Daniel 9:25, com sua predição muito específica
sobre o tempo da primeira vinda de Cristo, dá-nos a certeza de que, verdadeiramente,
a Bíblia é divinamente inspirada, pois somente um ser que conhece o fúturo poderia
ter feito uma predição cronológica tão precisa centenas de anos antes. Estou certo de
que Daniel teria preferido que o Messias chegasse em seus dias, assim como deseja-
mos que Cristo Se apressasse e voltasse em nossos dias. Mas o nosso calendário não
é o calendário de Deus.jesus voltará "na plenitude do tempo" (Gl 4:4), assim como
veio no tempo certo, cerca de 2 mil anos atrás.
Gostaria de observar, também, que o mesmo Deus que cuidou das preocupações
de Daniel também cuida das suas e das minhas preocupações. Ele pode não enviar um
anjo em pessoa como fez com Daniel, mas nos guiará em nossa busca por respostas e
na solução para os problemas que enfrentamos.
' De fato, existem evidências de que,já em meados do 2Q século a.C., os essênios de Qumran interpretavam
Daniel 9:25 como uma referência ao esperado Messias (ver Gerhard Hasel, "Interpretation of the Chro-
nology of the Seventy Weeks", em 70147€cÁ:s, IÁ't;Í.f!.cÍ/s, N4f#% o/PropbcqJ, p. 47) . Os essênios eram uma seita
ultraconservadora de judeus que víveram em uma comunidade perto do Mar Morto chamada Qumran
por aproximadamente 200 anos, até a destruição de ]erusalém em 70 d.C. pelos romanos. Seus escribas
escreveram os Rolos do Mar Morto.
2 Todas essas datas são discutidas por Arthur]. Ferch, "Commencement Date for the 70 Week Prophecy", em
70 Til4eeks, I-euiticus, Nature of Prophecy, p. 64-7 4.
3 Digo "quase certamente" porque tem sido questionado se Lucas utilizou o método judaico ou o romano
para calcular o 15Q ano de Tibério Cesar. No artigo sobre a cronologia do Novo Testamento, o Comc#fóri.o
Bf'é}/Í'co J4dtJe#fi.5Í4 do Séfi'mo Dí.4 conclui que o "mais provável" é que ele tenha usado o método judaico, que
NA CORTE CELESTIAL
dataría o 159 ano de Tibêrío Césai corno 27 d.C. (ver Comentário Bt'blico Aduentista do Sétimo Dia, v. 5, p.
239-244, especialmente p. 244).
4Vcr Brernpong Owusu-Ant"T±, The Chronology of Daniel 9:24-27, p.128.
5 Cottrel, "The `Sanctuary Doctrine", p. 25; itálicos acrcscentados.
6 0wusu-Antw±, The Chronology of Daniel 9:24-27, p.130,131.
7 Sígfiied H. Horn e Lynn H.Wood, T7®c CÃrowo/qg}; o/Ezrti 7, p.117.
8Wüter R. Martin, 77cc Tr#fji ,4boí/f Sct/c#fh-d4y J4dtJcÍ3ft.sm, p.174. Martin cita o livro de Horn e Wood para
apoiar essa declaração. Para um resumo das evidências que dão apoio à data de 457 a.C., ver Owusu-Antwi,
The Chronology of Daniel 9:24-27, p. 295-299 .
9 Ponto de origem, ponto de partida..
]° H4rpcr Sfí/dy Bi.bíc, p.1313; itálico do original.
]' Ver Arthur J. Ferch, "Commencement Date for the 70 Week Prophecy", p. 69.
" O`wusu-ALn:C"71, The Chronology of Daniel 9:24-27, p.132.
i3 ibid., p.131-136.
" Nota do tradutor: Nessa passagem, como nas duas seguintes (e em todo o livro, exceto quando o contrário
é indicado), o autor utiliza a versão New King ]ames, em que a palavra hebraica s#b é traduzida como
``restaurar". A maioria das versões em português traduz sÍ/b como "restituir"` Para manter a coerência do
argumento do autor, optamos por traduzir as passagens, em vez de citá-las m versão em português.
" Ibid., p.135-136.
" Isso não pode se referir ao decreto de Artaxerxes de 444 a.C. porque, no caso desse decreto, os inimigos dos
judeus tentaram impedir a construção dos muros de jerusalém, mas Neemias e seus companheiros judeus
resistiram e completaram o projeto.
`7 William Shea, "The Prophecy of Daniel 9:24-27", em 70 I4Íccks, IÁ"i.fí.cws, N4Íwrc o/PropÁciq;, p. 87; ver tam-
bém Owusu-ArLtwí, "e Chronolog]! of Daniel 9:24-27, p. 294, 295.
„ Ibid., p. 88.
t9 A história está relatada em Neemias 1 e 2.
NmsÁdicionai§
aü Capítulo
A DATA PARA 0 FIM
DAS 70 SEMANAS
Sà.ã.,7i,sae:uaen:sí4d?:n=s:3àoz::çsaer.=aen:e4á7q:.eci,s:ênvtf:fi:l.ffiapt:=i:dffo:=oe:ap3í:
tulo 24, compartimei com você a base teológica para identificar o martírio de Estevão
como o ponto de término das 70 semanas.A questão aqui tem que ver com a parte cro-
nológica dessa conclusão. Existe alguma evidência bíblica para endossar 34 d.C. como o
ano da morte de Estêvão?
A resposta é sim, com base na cronologia disponível sobre a vida do apóstolo Paulo.
Devo a William Shea a explicação abaixo.
Sabemos que Paulo (que, nesse tempo, ainda se chamava Saulo) estava presente
quando Estêvão foi apedrejado, porque Atos 7:58 diz que ele ficou de guarda sobre as
roupas das testemunhas, e o capítulo 8:1 diz que "Saulo consentia na sua morte".A his-
tória relatada em Atos não fornece informação cronológica suficiente para datarmos o
martírio de Estêvão. Entretanto, é possível chegar a uma data aproximada para a conver-
são de Paulo, que deve ter ocorrido poucos meses depois da morte de Estêvão.
Durante sua segunda viagem missionária, Paulo passou um ano e meio em Corinto.
Por volta da metade de sua estadia ali, os judeus o trouxeram perante um tribunal
romano porque "[Paulo persuadia] os homens a adorar a Deus por modo contrário à
lei" (At 18:13). Um homem de nome Gálio ouviu o caso e prontamente o conside-
rou encerrado, tomando como base o fato de que esse caso estava relacionado com
a lei judaica e não com a romana. Shea indica que "o mandato de Gálio como pro-
cônsul pode ser datado de 51 a 52 d.C. com base na inscrição encontrada em Delfi, a
qual faz menção a ele".] Existem dados cronológicos suficientes, no Novo Testamento
(ver, por exemplo, G11:18; 2:1), para que, retrocedendo no tempo, desde 51 a 52 d.C.
até 34 d.C., cheguemos ao ano da conversão de Pau]o e do martírio de Estêvão. Shea
concluiu que "embora o ponto possa não ser provado cabalmente, a data mais razoá-
vel disponível para o apedrejamento de Estêvão é 34 d.C.".2
[ William Shea, ``The Prophecy of Damel 9:24-27", em 70 M/ccks, IÁ"í.Ít.c#s, N4f#re oJPop¢cqJ, p.104.
2 Ibid.
A SEPTUAGÉSIMA
SEMANA E
FINAL DE J
[snefetL:zr=oe:t:Lopqéus:L:a:Secn]:tsí::a:oqa:::à:aseLpea::rD=:Loe:.n£=3:r:çtoefÊa£±as:deoGnaebcre]se:
sários 490 anos para que Jerusalém e seu templo fossem restaurados, pouco tempo
depois de termjnado esse período, ambos seriam destruídos. A pergunta não é sc eles
seriam destruídos, mas quem seria o responsável por sua destruição. Como veremos,
a questão é a identificação do "príncipe" dos versos 26 e 27.
Esses dois versos consistem de 12 lin`has poéticas. Analisarei algumas delas mais
detalhadamente, enquanto as outras, especialmente as que são um tanto obscuras,
comentarei de forma resumida. Outra vez, dei números às linhas para facilitar a
discussão.
I.inhas 1 e 2: "Depois das sessenta e duas semanas, / será morto o Ungido e já não estafá."
0 Ungido [Messias] desse verso é Jesus Cristo. As palavras "será morto" se referem a
Sua crucifixão.A palavra hebraica é k4rj3fh, que sugere que a morte do Messias seria vio-
lenta. K4Íflf# es.tá na voz passiva, o que significa que a morte seria infligida 4o Messias
por outros.Tudo isso é verdade quanto à morte de]esus.Além disso, o texto diz que o
Messias seria morto dcpoi.s de 62 semanasí, isto é, cJcpoi.s de Sua unção em 27 d.C. Isso
também é verdade quanto a Cristo, uma vez que Ele foi crucificado, muito provavel-
mente, em 30 d.C. ou 31.2
A versão Almeida Revista e Atualizada diz que o Messias seria morto "e já não
estará". A Novaversão lnternacional diz que "já não haverá lugar para Ele". Shea
começa sua discussão sobre essas palavras dizendo: "Seja qual for o significado dessa
declaração [...]."3 As palavras hebraicas são cÍ.# /o, que Shea traduz como "Não haverá
A SEPTUASɧlMÁ §EMANA E 0 DE§T!Nü FINAL DE
para ou por Ele".4 Essas palavras não dizem quem ou o que estaria indisponível para
o Messias. Shea argumenta que as palavras significam que Jesus não teria ninguém
disponível por Ele, isto é, estaria totalmente abandonado. Certamente, isso foi verdade
quanto a Cristo, pois até Seus amigos "deixando-O, fugiram" (Mt 26:56; ver também
Mc 14:50). Raymond Cottrell argumenta que cíÍc significa que ``o príncipe morto
não teria sucessor".5 Isso, naturalmente, também seria verdade quanto a Cristo.
Linhas 3 e 4: "E o pouo de um príncipe que há de uir / destruirá a cidade e o santuário:'
A destruição da cidade e do santuário possivelmente se refira à destruição de ]erusalém
e do templo em 70 d.C. Quem seria, então, o "príncipe que há de vir''? Uma inter-
pretação muito comum é que ele é uma pessoa muito má, pois viria destruir]erusalém
e o templo. Raymond Cottrell adotou esse ponto de vista.6 0s dispensacionalistas,
que empurram a última das 70 semanas para o tempo do fim, afirmam que esse
príncipe mau será o anticristo, por ocasião da tribulação (aquilo que os adventistas
chamam de "tempo de angústia").Visto que não há fundamento exegético para sepa-
rar a última das 70 semanas das primeiras 69, descartarei esse ponto de vista sem
mais comentários.
Entretanto, duas outras interpretações merecem nossa consideração. Uma delas
é que o príncipe do verso 26 é Tito, o general romano que liderou o ataque contra
]erusalém. Nessa interpretação, o povo desse príncipe que há de vir seriam os exérci-
tos de Tito, que, como se sabe, de fato destruíram Jerusalém. A outra interpretação é
que o príncipe nesse verso é a mesma pessoa que o Príncipe-Messias do verso 25, isto
é,jesus. Nessa interpretação, o "povo do príncipe" seriam osjudeus, que, por causa de
sua rebelião, foram a causa última da destruição da própria cidade.
Qual delas, então? Note que nada no texto do verso 26 requer que o príncipe
seja uma pessoa má. É o "povo" do príncipe que há de vir para destruir a cidade e o
templo, não o próprio príncipe. 0 verso anterior se refere ao "Ungido [Messias], o
Príncipe", a quem muitos intérpretes cristãos nos últimos 2 mil anos têm interpre-
tado como Jesus Cristo. A linha 2 do verso 26 ffla do "Messias" sendo morto depois
de 62 semanas, e a linha 3 fala do "príncipe". Em outras palavras, o verso 26 demons-
tra esses dois títulos de Jesus e usa cada um separadamente. Portanto, me parece que o
príncipe do verso 26 é ]esus.7
Línhas 5 e 6: "E o seu fim será num dilúuio, e até ao fim hauerá guerra; desolações são
dcfcrmí'#4d4s. " Os exércitos romanos de fato invadiram a ]udeia como se fosse "um
dilúvio". Quando capturaram a cidade, eles destruíram o templo e não deixaram
quase nada de pé, fazendo a palavra dcso/4Çõcs uma descrição adequada da cidade
depois da invasão.
Linha 7: "Ele firáfirme aliança com muitos, por uma semana. " Urm díis questões £un-
damentais nesta linha é a identificação de "ele". Se o príncipe da linha 3 for o gene-
ral romano Tito, então a palavra c/e se refere a Tito. Por outro lado, se o príncipe for
jesus, então a palavra "ele" se refere a]esus.
Gabriel disse que o ``ele" da linha 7 faria uma "firme aliança com muitos, por #m4
scm4#4" (itálicos acrescentados).A palavra sc#"Í" aqui é uma referência óbvia à última
das 70 semanas. Se identificarmos o "ele" como Tito, então uma, pergunta óbvia é:
NA CSRTE CELESTIAL
Como Tito teria feito uma aliança de uma semana com alguém? Não há evidência
histórica de que ele tenha feito isso. Além disso,Tito destruiuJerusalém em 70 d.C.,
muito depois de 34 d.C., quando aquela "uma semana", a septuagésima e última
semam da profécia, terminou. Por outro lado, se o ``ele" da linha 7 for o Messias, que
é jesus, e se o concerto for o mesmo que Deus fez com o antigo lsrael, então ]esus
dc/4fo tentou fazer essa aliança com osjudeus. 0 período comprobatório dos judeus
continuou após a morte deJesus, em 34 d.C., e, durante esse tempo, Deus continuou
se esforçando para fazer o povo judeu aceitar Jesus como seu Messias por meio da
pregação dos apóstolos. Infelizmente, todo o esforço foi em vão: algum tempo depois,
os judeus apedrejaram Estêvão, o último dos profetas que Deus lhes enviara, fazendo
com que fossem rejeitados como povo escolhido. É assim que os adventistas sempre
entenderam a linha 7, e eu creio que eles estejam corretos em fazê-lo.
Linhas s e 9 : "Na metade da semana, / f irá cessar o sacrif láo e a of irta de manüares. " Q:uando
interpretamos a palavra ``ele" como Jesus, é natural que consideremos que, por meio de
Sua morte,Jesus deu fim ao sistema sacrificaljudaico. Os judeus continuaram a oferecer
Seus sacrificios até a destruição do templo em 70 d.C.; mas, após a morte de Cristo, es-
ses sacrificios pararam de ter qualquer significado aos olhos de Deus. 0 véu rasgado do
templo sinalizava o fim desses sacrificios (ver Mt 27:51 ; Mc 15:38`; Lc 23:45) . Mais uma
vez: essa é uma interpretação adventista padrão, e acredito que ela seja correta.
Linhas 10 a 12: ``Sobre a asa das abominações i)irá o assolador, até que a destruição, que está
dcíc/mi.#¢dci, sc dcmzmc 5obrc cJe. " Os elementos lexicais "sobre a asa de" são, aparentemente,
uma e2pressão idiomática que significa "imediatamente depois" ou "de consequência
imediata". No verso 25, Gabriel predisse a reconstrução de Jerusalém e a restauração
de parte da autoridade política dos judeus. Entretanto, isso não duraria muito. Nas três
linhas finais do verso 27, Gabriel predisse o destino final de Jerusalém: ela seria deso-
lada, isto é, totalmente destruída. Quem causou essa desolação - o assolador - foi, natu-
ralmente, o imperador romano e suas forças.
Tristemente, o que começou como uma esperançosa predição de restauração dos
judeus termjnou com sua rebelião e destruição; não haveria mais restauração. No
entanto, os judeus se apegaram à crença de que eles são o povo escolhido de Deus.
Como é fácil pensar que se tem o favor de Deus, quando na verdade, não tem!
` Gabriel fàlou sobre "sete sermnas e sessenta e duas semams", um total de 69 semanas. Assim, a declaração
"depois das sesseiita e duas semanas" sigmfica no fim das 69 semanas.
2 0s dados disponíveis atualmente são insuficientes para determinar cabalmente o ano em que Cristo foi
crucificado. Para uma discussão detalhada sobre esse assunto, ver o Comc#fórí.o Bí'b#co 4dvcmfí.sf4 do Séfi.mo
DÍ.a, v. 5, p. 249-268; Wmiam Shea., "The Prophecy of Daniel 9:24-27", em: 7014ÍeeÁ!s, Lct/!.fi'cí/s, jrv4fwrc o/
Propftccy, p.102, 103.
3William Shea, "The Prophecy ofDaniel 9:24-27", em 70 WécÁ:s, Lct/i.fi.cws, N4j#rc o/Prop#ecy, p. 92.
4 Ibid.
5 Raymond F. Cottrell, "The `Sanctuary Doctrine", p. 25.
6 Ibid.
7 ]esus não destruiu nem jerusalém nem o templo, mas previu a destruição de ambos por causa da rebelião
dosjudeus (ver Mt 23:37 -24:2; Lc 21:20).
0 PRINCÍPI0 DIAIANO
V;:LLanscívpe]Zo:Suízd::fiàraê:::afe::a:;]onccaíL:à:]cdaL:::::sennetsat:]àvbr:L.]cE::::erduomcaon:]:;::
ral. Assim, os 1.260 dias de Daniel 7:25 e Apocalipse 12:6 e 14 representam 1.260
anos; os 2.300 dias de Daniel 8:14 representam 2.300 anos; e as 70 semanas de Daniel
9:24 a 27 representam 490 anos.
Os preteristas acham que o princípio dia-ano é fàlho. Os futuristas, também. Eu
não acho, contudo, que eles acreditem que esse princípio seja falho porque haja algo
errado com o próprio princípio. Desconfio que a principal razão para não aceita-
rem o princípio dia-ano é que ele não se encaixa no paradigma de interpretação das
profécias apocalípticas deles. A ideia de contar um dia profético como um ano lite-
ral somente faz sentido quando as profecias são interpretadas de acordo com o para-
digma historicista.
Os preteristas acreditam que as profecias de Dariel se cumpriram quase ao mesmo
tempo em que foram escritas. Eles interpretam as figuras antagônicas a Deus de
Daniel, os chifi-es pequenos de Daniel 7 e 8, como representantes de Antíoco IV
Epifanio. Portanto, os preteristas negam que essas profecias tenham qualquer relação
com os longos períodos da história durante a era cristã. Naturalmente, o princípio
dia-ano não faz sentido para eles; é tempo demais para que possa ser encaixado em
seu esquema de interpretação!
Os futuristas geralmente reconhecem que os animais ferozes de Daniel 7 repre-
sentam os reinos de Babilônia, Média e Pérsia, Grécia e Roma. Entretanto, eles iden-
tificam o chifre pequeno como um anticristo do fim do tempo que reinará durante
a tribulação, que será os sete anos finais da história da Terra. E eles interpretam o
tempo, tempos e metade de um tempo de Daniel 7:25 como os três anos e meio
literais de que consiste a primeira parte dos sete anos de tribulação. De acordo com
essa interpretação, há uma enorme lacuna em Daniel 7, entre o 5Q século d.C. e a
tribulação do fim do tempo, da qual a profecia não trata. E por isso que os futuristas
também não veém nenhuma necessidade de um princípio dia-ano.
Por outro lado, para os intérpretes historicistas de Daniel, o princípio dia-anó
é crucial.As profecias que começam em 457 a.C. e 538 d.C. e que vão até os nos-
sos dias requerem a extensão de tempo que esse princípio fornece. Neste capítulo,
examinarei as evidências bíblicas que dão suporte para o princípio dia-ano como
um método válido para interpretar os períodos de tempo da profecia apocalíptica.
Começarei com as evidências escriturísticas que os adventistas têm apresentado ao
longo de nossa história.
A expljcação adventista tradiciona[
Desde os dias de Guilherme Miller até o presente, os adventistas têm apontado
para dois textos bíblicos em apoio ao princípio dia-ano. 0 primeiro é Números
14:34. 0 capítulo inteiro é sobre a rebelião dos israelitas nas fronteiras de Canaã,
quando a maior parte do povo cedeu ao relatório pessimista dos dez espias. Deus disse
para Moisés que, por lsrael ter se recusado a atravessar o rio ]ordão e conquistar sua
nova pátria, eles teriam que vagar pelo deserto por 40 anos. "Segundo o número dos
dias em que espiastes a terra,, quarenta dias, cada dia representando um ano, levareis
sobre vós as vossas iniquidades quarenta anos e tereis experiência do Meu desagrado."
Note as palavras "segundo o número dos dias em que espiastes a terra, quarenta dias,
cada dia representando um ano". Essa é a ideia por trás do princípio dia-ano.
0 segundo texto que temos usado está em Ezequiel 4. Nesse capítulo, Deus, por
intermédio de Ezequiel, dá aos rebeldes israelitas uma mensagem em forma de pará-
bola, a qual o profeta representaria como em um drama. Ezequiel deveria levar sobre
si as iniquidades do povo deitando-se sobre seu lado esquerdo por 390 dias, e no seu
lado direito, por outros quarentas dias, um dia por ano em que eles se rebelaram con-
tra Deus. 0 verso 7 diz: "Quarenta dias te dei, cada dia por um ano." Novamente,
note a ideia de um ano por um dia.]
Esses dois textos -Números 14:34 e Ezequiel 4:7 -constituem a principal evi-
dência bíblica dada pelos adventistas do sétimo dia para o princípio dia-ano de inter-
pretar os períodos de tempo de Daniel e Apocalipse.
Em séculos passados, muitos estudiosos da Bíblia interpretavam as profecias de
Daniel e Apocalipse de acordo com o princípio dia-ano. Hoje, porém, quase todos os
intérpretes -conservadores e liberais -negam a validade desse princípio.Até mesmo
alguns adventistas do sétimo dia negam o princípio dia-ano. Desmond Ford o afir-
mou, em 1978, em um extenso apêndice do seu livro D4Í%.cJ.2 Mas, no manuscrito
que apresentou dois anos depois em Glacierview, ele perguntou: "O#cíc csfcí 4 p/o#4
do princípio dia-ano? Números 14:34 e Ezequiel 4:7 e Daniel 9:24 a 27 são versos costu-
meiramente apresentados, mas eles certamente não cumprem o que lhes é exigido. (Nenhurna
dessas passagens declara ser uma regra para todas as profecias simbólicas que um dia
signifique um ano.)" E Raymond Cottrell chamou o princípio dia-ano um "pseu-
doprincípio" para o qual "não há, em absoluto, base bíblica".4
Ford e Cottrell estão certos? Começarei concordando que, em nenhum lugai, a
Bíblia dcc/wt7 diretamente o princípio dia-ano. Nenhum dos textos que citei acima
realmente dcc/c% isso. Portanto, Ford e Cottrell estão certos ao dizer que a Bíbha não
dccJ4~4 o princípio dia-ano palavra por palavra. Contudo, também devo apontar que,
em nenhum lugar, a Bíblia dccJcwfl a doutrim da trindade. Mesmo assim, muitos cristãos,
inclusive os adventistas do sétimo dia, creem que ela é um dos ensinos fundamentaís
do cristianismo. Cremos que a trindade pode ser facilmente cJc/i.t"d4 a partir do que a
Bíblia diz a respeito de Deus, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Do mesmo modo, pro-
ponho que o princípio dia-ano também pode ser dcri.t/4do a partir das Escrituras, muito
embora as Escrituras não o declarem como tal.
Então quais são as evidências bíblicas a partir das quais derivamos o princípio dia-ano?
As profecias de longo prazo de Daniel
Tenha em mente que o princípio dia-ano caminha de mãos dadas com o método
historicista de interpretar as profecias bíblicas. Os historicistas entendem que as pro-
fecias de Daniel cobrem milhares de anos da história, começando com o tempo do
próprio profeta e continuando, em um fluxo ordenado, até o fim do mundo, ou, no
caso de Daniel 8, até o tempo do fim. As declarações concernentes ao tempo de
Daniel 7 e s estão nesse contexto. Os 1.260 dias do capítulo 7:25 e os 2.300 dia,s
do capítulo 8:14, se interpretados literalmente, correspondem a 3,5 e 6,3 anos, res-
pectivamente, o que é pouquíssimo tempo para abranger os longos períodos que o
método historicista requer. Assim, é óbvio que, pelo método historicista, esses perío-
dos fc##4m de ser interpretados simbolicamente. Isso não deveria nos surpreender,
visto que Daniel 7 e s são altamente simbólicos, com seus animais e chifres represen-
tando grandes nações.
Se estivéssemos começando a interpretar esses períodos pela primeira vez, que uiri-
dade de tempo acharíamos que cada dia representa? Nós, os humanos, dividimos o
tempo de quatro maneiras primárias: horas, dias, meses e anos. As horas estão fora de
cogitação para a interpretação desses períodos de tempo, assim como os dias. Mesmo se
usássemos os meses para efeito de cálculo, ficaríamos com pouquíssimo tempo: 42 meses
para o tempo, tempos e metade de um tempo, e 76,7 meses para as 2.300 tardes e
manhãs. Assim, se os períodos de tempo simbólicos de Daniel 7 e s tiverem alguma
relevância para o método histórico-crítico de interpretar essas profecias, eles têm que
ser interpretados como anos. E, como indiquei no capítulo 10, a palavra aramaica para
"tempo" na expressão "tempo, tempos e metade de um tempo" é `Í'cíd4Í€, a mesma pala-
vra que aparece em Daniel 4:16, que muitos intérpretes entendem como "anos".
Cumpre indicar também que, quando João repetiu a profecia dos 1.260 dias de
Daniel em Apocalipse 12, ele também aplicou isso à perseguição do povo de Deus
por um longo período.A perseguição ocorreria entre a ascensão de Cristo e a crise do
tempo do fim (ver v. 6 e 14). Portanto, o contexto tanto de Daniel como de Apocalipse
deixa óbvio que três anos e meio litera.is são totalmente inadequados para cobrir o
vasto período de história envolvido.
Alguns críticos do princípio dia-ano têm objetado que nem Daniel 7:25, 8:14,
nem 9:25 usam palavras aramaicas para di.c{. Ellet J.Waggoner, conhecido pelos even-
tos de 1888, levantou esse argumento após sua saída da lgreja Adventista. Ele disse:
"Aqui [em Daniel 8:14] é-nos dito para acreditar que temos um termo para o dia
figurativo o qual nunca é usado na Bíblia para a palavra `dia.' [...]. Há uma única
palavra hebraica que em todos os lugares é traduzida corno `dia' nas Escrituras em
hebraico. Nunca terão pensado por que uma exceção deveria ser feita aqui?"
Com respeito à crítica de Waggoner, observarei que, se o anjo que fflou sobre tar-
des e rnanhãs em Daniel 8:14 tinha em mente um período de tempo, e todos os intér-
pretes concordam que ele tinha, então temos que entender que essas tardes e manhãs
compreendem 4Íg#m4 unidade de tempo. E todos parecem concordar que o significado
pretendido é df'czs. Alguns intérpretes entendem como 2.300 metades de um dia, (1.150
dias inteiros); outros, como 2.300 dias inteiros. De umjeito ou de outro, todos chegam a
NA CORTE €ELESTIAL
um período de tempo marcado por dí.4s. Sendo assim, o que há de errado com interpre-
tar "tardes e manhãs duas ril e trezentas" como 2.300 dias, como fazem os adventistas?
A própria ausência da palavra literal dí.¢ nas linguagens originais em que foram
escritas as profecias de Daniel 7, 8 e 9 é uma das melhores evidências de que a lingua-
gem é simbólica. William Shea comenta: "A utilização de unidades de tempo inco-
muns, não empregadas corriqueiramente para computar o tempo, tais como `tarde
e manhãs', `tempos' e, de certa forma, até `semanas', dá apoio à ideia de que alguma
coisa a mais do que apenas tempo literal está envolvida aqui. Unidades incomuns
como essas se encaixam melhor com tempo simbólico e provavelmente tenham sido
escolhidas para enfatizar esse ponto."6
Gerhard Pfandl, um dos diretores associados do lnstituto de Pesquisa Bíblica,7
indica que a expressão "tempo, tempos e metade de um tempo" de Daniel ocorre
outra vez em Apocalipse 12:6 como "mil duzentos e sessenta dias", em Apocalipse
12:14 como "tempo, tempos e metade de um tempo'' e em Apocalipse 13:5 como
"quarenta e dois meses". Por outro lado, ele diz, "a expressão natural `três anos e seis
meses' não é usada sequer uma vez".8 Ele, emão, cita o autor do século 19,Thomas R.
Birks, que disse: "0 Espírito Santo de alguma maneira parece exaurir todas as frases
pelas quais o intervalo poderia ser expresso, excluindo sempre aquela forma que seria
usada naturalmente em escritos ordinários, e é invariavelmente usada nas Escrituras,
em outras ocasiões, para denotar um período literal. Essa variação tem um maior sig-
nificado se aceitamos o sistema dia-ano, mas é bastante inexplicável em qualquer outro
ponto de vista."
Alguém pode objetar que não há consistência no símbolo empregado para unida-
des de tempo: tempo, tempos e metade de um tempo em Daniel 7; tardes e manhãs
em Daniel 8; e semanas em Daniel 9. Isso não deveria ser um problema, pois Daniel
representou nações no capítulo 2 como metais e barro; no capítulo 7, como arrimais
selvagens e no capítulo s como animais domésticos e chifres. Sendo assim, não nos
deveria surpreender que Da.niel tenha usado uma variedade de símbolos para repre-
sentar o tempo.
9Q século d.C." Para apoiar sua declaração, Shea cita evidências da literatura helê-
nica, da literatura de Qumran e de intérpretes judeus pós-Qumran. Mencionarei dois
exemplos.
0 Livro dos]ubileus foi escrito entre 135 e 105 a.C., e, ali, a palavra scm4Ím ocorre
mais de 80 vezes.A partir de um exame desse livro, Shea diz:"Fica claro que essas refe-
rências a `semanas' devem ser interpretadas com base no princípio dia-ano."t2 Ele pros-
segue citando o exemplo da idade que Noé tinha no tempo de sua morte, que era 950
anos (ver Gn 7:6; 9:28). 0 Livro dos Jubileus se refere a esse período como 19 jubi-
leus, dí% scm4#4s e cinco anos. Um jubileu é igual a 49 anos. Eis aqui como fimciona
este esquema.
Uma das evidências mais fortes a favor do princípio dia-ano são as 70 semanas de
Daniel 9:24 e 25. 0 verso 24 diz: "Setenta scm4wcJs estão determinadas sobre o teu
povo e sobre a tua santa cidade", e o verso 25 fala de "sete semanas e sessenta e duas
scmci#czs" (itálico acrescentado).
William Shea observa que "todos os comentaristas de Daniel concordam que os
eventos profetizados em Daniel 9:24 a 27 poderiam não ter sido completados den-
tro de 70 semanas literais ou um ano e cinco meses.''2° Escrevendo na H4rpcr Sf#dy
Bi.é)/c, Harold Lindsell disse: "Uma conclusão parece por si só evidente. Cada scmcííicz
ou `#cpf4cJ'2í deve ser um período de sete anos ou um total de 490 anos."22
A razão pela qual os eruditos geralmente concordam em interpretar as "sema-
nas" de Daniel como anos é simples: seja você um preterista, um futurista ou um
historicista, o fato é que 69 ou 70 semanas literais simplesmente não constituem
tempo suficiente para a reconstrução do templo e da cidade de jerusalém. Portanto,
em Daniel 9, até os preteristas, que veem o principal cumprimento das profecias
de Daniel ocorrendo no 2Q século a.C., têm que lidar com a mesma questão que
os historicistas enfrentam nas profecias temporais de Daniel 7 e 8, ou seja, aplicar
uma declaração profética sobre tempo para uma realidade histórica de longo prazo.
Quando o período de tempo literal é muito curto para caber no nosso paradigma
interpretativo, então todos nós, preteristas, futuristas e historicistas, não temos escolha
senão interpretar dí.4s como um símbolo de 4#os.
Entretanto, alguns intérpretes chegaram a esses anos de Daniel 9:24 e 25 de duas
maneiras. A palavra hebraica para "semanas" nesse trecho é sh4é)#4. Alguns preteris-
tas e futuristas preferem traduzir sÃ4bw¢ como "setes" (NVI), #cpf4ds ou ÃcZ)domds
(em inglês, as duas últimas palavras significam "grupos de sete").Ao evitar a tradução
``semana", que envolve dias, eles podem interpretar "anos" como o significado /!.fcrtzí
de sh4b#4 em vez de ter que chegar a essa conclusão por meio do processo simbólico
do dia-ano. Isso acaba sendo atraente para os preteristas e futuristas porque, se eles
puderem chegar ao significado de "anos" para o termo s#4Ó#fl sem ter que interpretar
dias como um símbolo de anos, então não precisarão aplicar o princípio dia-ano para
as profecias temporais de Daniel nos capítulos 7 e 8. Shea comenta:
Uma razão para essa abordagem na tradução [traduzir shcib%4 como "setes",
bcpf4cícs. ou #cbdomc7s] é separar a profecia das 70 semanas de Daniel 9
de outras profecias do livro e colocá-1a sozinha em uma classe distinta.
0 efeito disso é embotar as implicações do princípio dia-ano defendido
pelo sistema de interpretação historicista.
Se for negada ao princípio dia-ano sua função na interpretação de Daniel
9:24 a 27, então os preteristas e também os futuristas ficam livres para
negar sua aplicação em outra,s profecias temporais. Por outro lado, se for
válido aplicar o princípio dia-ano para os "dias" das "semanas" de Daniel 9,
então será lógico aplicar o mesmo princípio para os "dias" nas profecias
temporais encontradas em outras partes do livro de Daniel.23
Então o termo sÃ46í/4, em Daniel 9:24 a 26, deveria ser traduzido como "sema-
nas" ou como "setes"?
A palavra fÃ4b#cz ocorre 13 vezes no Antigo Testamento, fora do livro de Daniel.
0 problema em traduzi-1a como "setes'', hcpf4ds ou #cõdomds em Daniel 9 é que quase
todas as versões em português traduzem sh4bw4 como "semanas" em cada uma des-
sas ocorrências. De fàto, JÃcib%4 ocorre em Daniel 10:2 e 3 e, ali, ela é traduzida como
"semanas". Sete das 13 ocorrências de sâb#ó! fora do livro de Daniel estão 1igadas à
Festa das Semanas dos israelitas (ver Êx 34:22; Nm 28:26; Dt 16:10).24 Dificilmente
faria sentido traduzir esse termo como "Festa dos Setes"!
Shea conclui que "o uso [de s#4áw4] em outros lugares de Daniel, outros lugares do
AT, no hebraico não bíbhco e nas línguas seiníticas cognatas indicam que essa palavra
deNe ser tra,duzida corrio ¢sem:zLnas' . Nenhum apoio pode ser obtido de qualquer dessas fintes
paia tmdu2ir essa pala"a de qualquer outra maneira senão `semanas" .25
Alguns críticos têm notado que a palavra sÃ4b#4 apresenta desinência masculina
em Daniel 9:24 e 25, enquanto que em outros lugares do Antigo Testamento ela
apresenta desinência feminina. 0 comentário de Shea sobre esse fàto é bastante sim-
ples: "A desinência masculim plural dessa palavra em Daniel 9, em contraste com
sua desinência feminina plural nos demais lugares do AT, tem significado apenas para
indicar que ela é um dos muitos substantivos da língua hebraica com gênero dual."26
Funciona!
Concluirei essa discussão sobre o princípio dia-ano apontando seu exato cumpri-
mento em Daniel 9:24 e 25. Expliquei isso de maneira detalhada no capítulo 25 deste
livro e aqui só resumirei a discussão.
0 decreto de Artaxerxes de "restaurar e edificarjerusalém" foi emitido em 457 a.C.
Essa data parece ser tão sólida quanto outra data qualquer na história antiga. Exatamente
69 semanas mais tarde (483 anos, no princípio dia-ano), em 27 d.C.,Jesus foi batizado.
Não existe uma profecia nas Escrituras com um cumprimento mais exato do que essa.
Isso coiffirma a validade do princípio dia-ano, dando-nos confiança para usá-1o em
outras profecias apocalípticas temporais.
Alguns críticos têm feito objeções quanto a transferir o princípio dia-ano de Daniel 9
para as profecias temporais de Daniel 7 e s tomando como base o fato de que as profe-
cias de Daiiiel 7 e s são altamente siinbólicas, enquanto o capítulo 9, incluindo os comen-
tários de Gabriel para Daniel, é bastante literal. Portanto, conforme esse argumento, é
inapropriado aplicar um princípio de interpretação de uma passagem literal para uma pas-
sagem simbólica.
Pergunto: Quem dísse isso? Por que um método de interpretação em um con-
texto literal não pode ser aplicado a um método de interpretação simbólico se aquele
nos ajuda a entender este?
Embora seja verdade que Daniel 7 e s sejam altamente simbólicos, eles não sâo
inteiramente assim. Os santos do capítulo 7 são literais, assim como o Ancião de
Dias, os anjos em volta do trono e ojuízo ao qual todos comparecem. No capítulo 8,
o príncipe do exército é literal, assim como o santuário e a verdade que é lançada
0 PRINCÍPI0 DIA-ANO
ao chão. Todas as profecias simbólicas precisam de a,lguns aspectos literais para fazer
sentido. Uma passagem profética que seja completamente simbólica pode ser extre-
mamente dificil de interpretar. Um caso desses é Apocalipse 8:6 a 12, com suas qua-
tro primeiras trombetas, as quais muitos adventistas entendem como simbólicas. Essa
passagem é, de fato, tão simbólica que é dificil encontrar dois intérpretes adventistas
que estejam de acordo quanto a seu significado.
Meu ponto é que, assim como muitas profecias simbólicas incluem alguns ter-
mos literais, também a explicação de Gabriel para Daniel no capítulo 9:24 a 27, que
é sobretudo literal, inclui alguns termos simbólicos. Quem pode dizer, então, que um
princípio de interpretação que funciona em um tipo de profécia não pode fimcionar
em outra?
Inúmeros outros argumentos têm sido apresentados tanto a favor quanto contra o
princípio dia-ano, mas tudo isso que compartilhei com você neste capítulo é suficiente
para me convencer de que ele tem um sólido fiindamento bíblico.27
: Alguns críticos objetam que, enquanto em Números um dia representa um ano literal, em Ezequiel, um
ano representa um dia literal. Contudo, a rela.ção dia-ano é a mesma em ambos os casos.
2 Desmond Ford, apêndice F em D4#Í'c/, p. 300-305.
:` Ford, "Daniel 8:14", p. 295; itálico do original.
` Raymond Cottrell, "The `Sanctuary Doctrine", p. 23.
5 Citado em: D. Ford, "Daniel 8: 14", p. 60.
bwí"a:rn She&, Selected Studies in Prophetic lnterpretation, p. 74.
- 0 lnstituto de Pesquisa Bíblica é um departamento da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia.
` Gerhard Pfandl, "The Year-Day Principle", Rcj]ccfí.o#s, p.1 -3.
9 Thomas R. Birks, Fi.rsf E/cmc#f5 o/ S4cr€d Prop#ccy (London: William E. Painter,1843), p. 352, citado em:
em português.
:6 Nota do tradutor: Na versão New King]ames, usada pelo autor,jó 10:5 diz:"São os seus dias como os dias
de um homem mortal? São os seus anos como os dias de um homem poderoso?"
•.-Shea, Selected Studies in Prophetic lnterpretation, p. 83.
EaJdaan;1::udà2:::s,ocahàã:uf|::r:s::1;tí:ioadnaeft,g::v:tí-,.me-seguintecarta,en-
"B-Í-B-L-I-A é o 1ivro do meu Deus,
artigos sobre esse assunto para a 4#drcws U#í.tJcr5i.fy Scmí`#4ry Sf#dí'cs H3studos do
Seirinário da Universidade Andrews]. Richard Davidson, professor ]. N. Andrews,
escreveu dois artigos sobre Hebreus para a Í4#drcws U#!.t;cÍJi.fy Scmí.#4ry Sfwdí.cs que
considero muito úteis. Felix Cortez, que é um dos professores do Departamento
de Novo Testamento da Universidade Andrews, escreveu sua tese doutoral sobre
Hebreus na Universidade Andrews. Finalmente, Carl Cosaert, professor na Faculdade
de Teologia da Universidade Walla walla, escreveu sua dissertação de mestrado sobre
o termo f4 ft4gí'4 ("o santuário") na Septuaginta, nos pseudoepígrafos e nos escri-
tos de Filo e Josefo. Sua dissertação e também um artigo sobre o mesmo tópico que
escreveu para a 4#c7rcw;s UÍ%.vc/sí'fy Scm!.#wy Sf#dz.cj foram muito úteis. Posso não
chegar a citar esses autores diretamente, mas vou me referir a seus mais persuasivos
argumentos, comentando-os.
Passemos, então, às questões de Hebreus!
Os textos problemáticos
Hiram Edson teve a "visão do milharal" na manhã do dia 23 de outubro de 1844.
A partir dessa "visão", ele concluiu que, "em vez de nosso Sumo Sacerdote s4Í.r do
lugar santíssimo do santuário celestial para vir à Terra no décimo dia do sétimo mês,
Ele, no fim dos 2.300 dias, pela primeira vez c#f/ow naquele dia no segundo com-
partimento desse santuário".2 0s adventistas têm mantido esse ponto de vista sobre
o santuário desde então. Entretanto, os críticos de nossa interpretação têm apontado
para vários textos em Hebreus que deixam claro que jesus entrou no lugar santís-
simo do santuário celestial em 31 d.C. Considere os textos seguintes, notando espe-
cialmente as palavras que destaquei.
Esse texto diz quejesus é nosso sumo sacerdote e que Ele entrou na presença de
Deus "por trás do véu". As palavras por fMós do t;éw são significativas porque o lugar
santíssimo do santuário ficava atrás de um véu ou cortina.Assim, o autor de Hebreus3
parece estar dizendo que, no momento em que ele escreveu seu documento,]esus já
havia entrado no lugar santíssimo. 0 problema fica óbvio: ao longo de sua história,
os adventistas têm sustentado que ]esus não entrou no lugar santíssimo do santuário
celestial até 1844. Por outro lado, vários textos do Novo Testamento deixam muito
claro que, mesmo na era neotestamentária,Jesus estava ou em pé ou sentado à des-
tia, de Deus, o que sugere que Ele estaua no lugar santíssímo do santuário celestial. Hebreus
6:19 chega a colocá-Lo "por frós cío tJéw"!
Desmond Ford contestou fortemente a ideia de que Jesus esperou até 1844 para
entrar no lugar santíssimo do santuário celestial. 0 capítulo 2 do manuscrito de
Glacierview consiste em mais de cem págims, nas quais ele discute seu entendi-
mento do santuário em Hebreus. No começo do capítulo, Ford declara o que con-
sidera como sua tese central: "Hebreus afirma claramente que, em cumprimento do
tipo do Dia da Expiação, Cristo, por meio do evento cruz/ressurreição/ascensão,
entrou no ministério prefigurado pelo scg##do compartimento."4 A lógica de Ford
pode ser reduzida a um simples silogismo:
Ford cita vários textos semelhantes de outras partes do Novo Testamento que
declaram que, imediatamente após a ascensão, Cristo Se sentou com Deus em Seu
trono e/ou ficou à destra de Deus.5 Ford diz que essas declarações evidenciam de
forma clara que Jesus entrou em Seu ministério do Dia da Expiação em 31 d.C.6
Comentando especificamente Hebreus 6:19 e 20, Ford diz que essa passagem
"afirma, sem qualquer ambiguidade, que o antítipo do Dia da Expiação veio com a
morte e a ascensão de Cristo''.7Visto que Hebreus 6:19 é um dos textos frequente-
mente citados por nossos críticos, restringirei meus comentários neste capítulo em
grande medida à analise desses dois versos.
A resposta awentista
Umas das respostas dos primeiros adventistas ao problema apresentado por Hebreus
6:19 e 20 foi a de Elmer E. Andross, que por muitos anos serviu a igreja como pro-
fessor, evangelista, inissionário e administrador. Em 1911, Andross publicou um livro,
NA comE cELESTIAL
4 Morc E#ccJJc#f MÍ.#Í'sfq; [Urii Ministério Mais Excelente] , no qual tomou a posição
de que a passagem de ]esus para ``trás do véu" foi comparável à entrada de Moisés no
lugar santíssimo do santuário terrestre por ocasião da inauguração do santuário em vez
da entrada de Arão no santuário por ocasião do Dia da Expiação (ver Êx 30:22-30;
40:1-16; Lv 8:10-13; Nm 7:1-89). Disso, Andross concluiu que ``de maneira seme-
1hante, Cristo, depois de apresentar Sua oferta no Calvário, passou para `trás do véu' do
santuário celestial, ungiu a arca do testamento [concerto] e, com Seu sangue, conduziu
o serviço de coÍ#¢g#qíõo".8 Note a palavra destacada, co%¢grtzçõo. Andross defendia que
Hebreus 6:19 e 20 era sobre a consagração e inauguração do santuário efetuadas por
Cristo e não sobre Seu ministério no Dia da Expiação celestial. Ele também concluiu
que, após ter inaugurado o santuário celestial, incluindo o lugar santíssimo, Cristo saiu
desse compartimento e Se assentou com Deus em um trono, no lugar santo.9
Mais recentemente, alguns adventistas têm observado que havia três véus no san-
tuário terrestre: um na entrada para o pátio (Nm 3:26), outro entre o pátio ^e o lugar
santo (Êx 26:36) e um terceiro separando o lugar santo do lugar santíssimo (Ex 26:31,
33). Eles argumentam que o véu a que se refere Hebreus 6:19 e 20 não é, necessa-
riamente, aquele que separa o lugar santo do lugar santíssimo. 0 Trjzf4do dc Tcoíogi.4
4dt#Í£Cc'sf¢ do Séfí'mo Dí.4 diz: "0 termo em si mesmo não pode ser usado para determi-
nar qual dos véus se tem em vista."í° Depois de uma linha de raciocínio bastante com-
plexa, o Trtzf4cJo declara: "0 texto não discute o lugar específico dentro do santuário
celestial no qual Cristo entrou depois de Sua ascensão. 0 fato de haver Cristo entrado
no santuário sigiiifica que Ele tem pleno acesso a Deus.íí
Por outro lado, alguns eruditos adventistas têm concluído que, pelas palavras "atrás
do véu", o autor de Hebreus dc/#fo quis se referir ao véu entre o lugar santo e o
lugar santíssimo. Richard Davidson disse: "A referência do autor de Hebreus ao véu em
Hebreus 6: 19 e 20, seguindo o uso da LXX [Septuaginta] , muito provavelmente, tivesse
em vista o `segundo' véu, isto é, o véu antes do lugar santíssimo."í2
0s livros de Êxodo, Levítico e Números constituem nossa principal fonte de
informações sobre o santuário terrestre, seu mobiliário e seus serviços. Esses livros
mencionam somente duas ocasiões em que alguém entrou no lugar santíssimo. Uma
fói quando Moisés colocou a arca do concerto no lugar santíssimo e a dedicou com
óleo; a outra foi no Dia da Expiação anual. Portanto, Hebreus 6:19 e 20, que ffla de
]esus entrando no lugar santíssimo do sa,ntuário celestial "atrás do véu", é sobre a
inauguração .do santuário celestial ou sobre o Dia da Expiação celestial.A pergunta é:
Qual das duas coisas o autor de Hebreus tinha em mente?
Ford presume que Cristo estar à destra de Deus significa #cccss4ri'4mcítfc que Ele estava
desempenhando o ministério do Dia da Expiação. Entretanto, há duas razões para
questionar essa conclusão.
A prímeira é que j;alta a linguagem do Dia da Expiação. A prL:rneLra. coi:sa a, ser nota,da
é que nada no contexto imediato de Hebreus 6:19 e 20 sugere uma interpretação
relacionada ao Dia da Epiação. Do começo ao fim, o capítulo 6 é um incentivo para
que os leitores não desaiiimem da fé em Jesus. Nos versos 1 a 8, o autor diz que é
impossível alguém renovar a ft depois de abandoná-1a. Nos versos 9 a 12, ele diz a seus
leitores que tem certeza de que eles nunca abandonarão a fé. Nos versos 13 a 18, ele
apresenta Abraão como aquele que pacientemente abraçou a fé, mesmo quando pare-
cia que Deus não havia cumprido Sua promessa. E o autor começa o capítulo 7, que é
uma sequência imediata de 6:19 e 20, com a história sobre Abraão dando o dízimo a
Melquisedeque.A partir disso, é evidente que o contexto ariterior e posterior a 6:19 e
20 não tem nenhuma relação com o Dia da Expiação, o que lança dúvida sobre os ver-
sos serem ou não sobre o miiiistério de Cristo no Dia da Expiação celestial.
A segunda razão é a presença da linguagem de inaugwação. Por outro La.do, o corLtexto
imediato apoia a conclusão de ElmerAndross de que o tema de Hebreus 6: 19 e 20 é a
inauguração do santuário celestial. Como introdução a essa linha de raciocínio, gosta-
ria de chamar sua atenção para Êxodo 40. Os versos 1 a 11 contam como Moisés colo-
cou vários móveis em seus devidos lugares e ungiu cada um com óleo; os versos 12 a
16 descrevem a ordenação de Arão e seus filhos para o sacerdócio. 0 ponto para nossa
discussão ê que a inauguração do santuário e a ordenação de Arão e seus filhos como sacerdo-
tes firam parte da mesma cerimônia.
0 raciocínio do autor de Hebreus é bastante simples. Em Hebreus 5:5 e 6 ele
disse: "Assim, também Cristo a Si mesmo não Se glorificou para se tornar sumo
sacerdote, mas o glorificou aquele que Lhe disse: [...] Tu és sacerdote para sem-
pre, segundo a ordem de Melquisedeque." 0 autor estava se referindo ao tempo em
que Deus apontou Jesus para ser sumo sacerdote. No verso 10 do mesmo capítulo,
ele disse ainda mais especificamente que Jesus foi "#omc4do por De#s s#mo s%erdofc,
segundo a ordem de Melquisedeque" (itálicos acrescentados). 0 chamado de Deus
para Jesus ser sumo sacerdote é análogo ao apontamento e ordenação de Arão como
sumo sacerdote. E, em Êxodo, a ordenação dos primeiros sacerdotes, incluindo a do
primeiro sumo sacerdote, era parte da mesma cerimônia de imuguração do santuário.
Então, note que, em Hebreus 6:19 e 20, o autor novamente fha de jesus "[Ícr-Sc]
Íor#4do sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque" (v. 20; itá-
hco acrescentado). Essa é uma referência sem qualquer ambiguidade ao tempo em
que Jesus começou Seu ministério sacerdotal, o qual, no santuário terrestre, coinci-
diu com o tempo em que o santuário foi inaugurado. Portanto, o contexto da decla-
ração de Hebreus 6:19 e 20 de que Jesus foi para "trás do véu" ycrcí4dc!'rflmc#fc apoia
a ideia de inauguração.
Dado o fato de que não existe, em absoluto, uma referência ao Dia da Expia-
ção em Hebreus 5, 6 ou 7, e tendo em vista as repetidas referências ao longo des-
ses capítulos ao apontamento de Jesus como sumo sacerdote "segundo a ordem de
Melquisedeque", parece muito mais razoável entender 6: 19 e 20 como um antítipo da
inauguração do santuário terrestre e a ordenação de seus sacerdotes do que como um
antítipo dos serviços do Dia da Expiação terrestre. Felix Cortez comenta: "Hebreus
6:19 a 20 [...] deveria ser entendido no contexto de uma analogia à inauguração do
santuário por Moisés e não ao ritual anual do Dia da Expiação.""
Assim, embora nem o Dia da Expiação nem a inauguração do santuário celes-
tial sejam mencionados nominalmente em Hebreus 6:19 e 20, o contexto imediato
desses versos dejlt2fo indica um evento de inauguração/ordenação celestial em vez
de um evento de Dia da Expiação celestial. Essa conclusão é apoiada por uma aná-
lise cuidadosa de Hebreus 9 e 10, a qual consideraremos em dois capítulos poste-
riores deste livro.
g::eeàexsoudpoer4Vols:::::io::na,ao:::Çoãoú:t|::Sn::i:nmo:SÀêr::l:,sceouT:n::,suunmg:nsda::::
com óleo (ver v.12-16), o que também era uma função sacerdota].
0 autor de Hebreus reconheceu que Moisés tinha uma função sacerdotal. Em
Hebreus 3:1 e 2, ele diz: "Por isso, santos irmãos, que participais da vocação celestial,
considerai atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, ]esus,
o qual é fiel àquele que 0 constituiu, como também o era Moisés em toda a casa de
Deus." 0 autor comparou o papel deJesus como sumo sacerdote ao de Moisés, afir-
mando, em essência, que Moisés tinha um papel sacerdotal.
Moisés como administrador-chefi, um tipo de Deus. Corno coHfiirmação a,diciona,l daL
apropriação das funções sacerdotais de Moisés com as de Cristo, note que, quando
Moisés inaugurou o santuário e ordenou seus sacerdotes, ele estava atuando dentro
de seu papel como administrador-chefé do povo israelita. Igualmente, Hebreus deixa
claro que Deus, o Adininistrador-chefe do Universo apontou Cristo como sumo
sacerdote no santuário celestial (ver capítulo 5:1-6). Portanto, podemos dizer tam-
bém que, ao ordenarArão e seus filhos como sacerdotes, Moisés estava atuando como
um tipo de Deus, que apontou Cristo como sumo sacerdote no santuário celestial.
Essa conclusão é confirmada por diversos textos de Hebreus que se referem a Jesus
como sumo sacerdote "segundo a ordem de Melquisedeque" (ver Hb 5:6, 10; 6:20;
7:11,17, 21). Melquisedeque era rei (administrador, como Moisés) e também sacer-
dote (ver Hb 7), o que faz dele uma representação perfeita de Jesus, que também era
rei (administrador) e sacerdote.
0 ponto é: não importa a maneira como escolhemos ver Moisés, seja como
tipo de Cristo, antitípico sacerdote celestial, seja como tipo de Deus, o antitípico
Administrador-chefe do Universo, o resultado final é o mesmo: Hebreus 6:19 e 20 é
sobre a imuguração do santuário celestial e a ordenação de Cristo como nosso sumo
sacerdote celestial e não sobre o Dia da Expiação celestial.
Um assunto que apenas mencionei neste capítulo é a descrição que a Bíblia faz
de ]esus em pé ao lado de Deus ou sentado ao lado Dele em Seu trono. Esse será o
tópico do próximo capítulo.
t Não é isso que c) Comentário diz. Ver Comc#fóri.o Bi'bíí`co 4dvc#fí.sf4 do Sétimo Dia, v. 7, p. 471, 472.
2 Citado em: Sct##fÃ-d4y 4dvc#ft.sf Encyc/opcdí.4, s.v. "Edson, Hiram"; itálico do original.
-` Diz a tradição que Pa.ulo escreveu Hebreus. Muitos eruditos de hoje duvidam de ser esse o caso. Em vez de
entrar nesse debate, nos meus capítulos sobre Hebreus me referirei a quem escreveu esse livro, seja quem
fór, como "o autor".
` Desmond Ford, "D4Í%.cJ 8..14", p.160; itálico do original.
Sver Mc 16:19; Lc 22:69; Rm 8:34; Ef 1:20; Cl 3:1; Hb 10:12; 12:2; 1Pe 3:22.
6 Ford, "Daniel 8: 14", p.161.
-Ibid" p. 201.
Maá:p;:ioÊnetuesrleo:Csl::1,Crlonnc:.té:t:So:::à:::::,:uaer.dae:loar.aomn.qeur:Je::ss:àt,áusáer::
terrestre era um tipo do trono de Deus no Céu. Portanto, a declaração de queJesus
está sentado no trono de Deus no Céu sugere que Ele já havia entrado no lugar san-
tíssimo do santuário celestial no tempo em que Hebreus foi escrito.
Hebreus não é o único lugar no Novo Testamento que nos diz que ]esus estava
em pé ao lado de Deus ou sentado ao lado Dele em Seu trono. Em Apocalipse 3:21,
]oão cita Jesus: "Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se Comigo no Meu trono, assim
como também Eu venci e Me sentei com Meu Pai no Seu trono." É provável que
Apocalipse tenha sido escrito na última década do lé século, mas o lugar de ]esus no
(ou ao lado do) trono de Deus tem data de poucos dias depois de Ele ascender ao
Céu. Pedro disse a seus ouvintes no Dia de Pentecostes que Jesus tinha sido "exal-
tado [...] à destra de Deus" (At 2:33). E pelo menos dez outros textos no Novo
Testamento dizem a mesma coisa.
Então como lidar com o fato óbvio de que Jesus Se sentou à destra de Deus em
Seu trono no lugar santíssimo do santuário celestial por ocasião de Sua ascensão?
Como podem os adventistas dizer que, até 1844, Ele ainda não tinha entrado no lugar
santíssimo do Céu?
Local ou status?
A título de introdução da resposta para essa pergunta, precisamos perguntar o
que significa a declaração sobre Jesus Se sentar à destra de Deus. Proponho que,
embora "à destra de Deus" pareça muito com uma declaração sobre um /wgw, a
expressão tenha muito mais que ver com status. A passagem do Antigo Testamento
que o autor de Hebreus cita em apoio a sua declaração sobre ]esus Se sentar à des-
tra de Deus é Salmo 110:1, que diz: "Disse o SENHOR ao meu senhor:Assenta-te à
minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés." Sobre esse
texto, o Comc#fá/!'o BíbJ!.co 4dtJeí€fi.sfci cJo Séfi'mo Di'4 diz: "De acordo com a afirmação
de jesus, o diálogo ocorreu entre Deus, o Pai, e Deus, o Filho. Cristo está assentado
num lugar de alta honra no Universo, à destra de Seu Pai.''t Portanto, a ênfase prin-
cipal do texto não está no local. 0 ponto é o status real de Cristo.
Em outra,s partes do Antigo Testamento vemos a mesma ênfase no status como o
significado principal de se assentar à direita de alguém. Tàlvez você se lembre de que,
ao se aproximar o fim da vida de Davi, houve uma disputa para sua sucessão. 0 rei
tinha prometido a Bate-Seba que seu filho, Salomão, seria o sucessor. Mas o meio-
irmão de Salomão, Adonias, também queria ser rei e começou a conspirar para
realizar seu desejo. Quando Bate-Seba soube do esquema de Adonias, procurou Davi
e lhe disse: "Senhor meu,juraste à tua serva pelo SENHOR, teu Deus, dizendo: Salomão,
teu filho, reinará depois de mim e ele se assentará no meu trono" (1Rs 1 : 17) . Note que
as palavras "se assentará no meu trono" estão justapostas a ``reinará depois de mim".
Nesse caso, sentar no trono significa reinar.1 Reis 2:12 diz: ``Salomão assentou~se no
trono de Davi, seu pai, e o seu reino se fortificou sobremaneira." É óbvio que Salomão
deixou o trono muitas vezes; assim, vemos de novo que o principal significado de sen-
tar no trono é o status, não o local.
Essa ênfase é particularmente evidente em 2 Crônicas 6:3 e 10. 0 capítulo inteiro
é sobre a dedicação do templo de Salomão. No verso 3, Salomão, certamente em pé
sobre uma plataforma, "voltou, então, [...] o rosto, e abençoou a toda a congregação
de lsrael". Obviamente, Salomão não estava sentado em seu trono nesse momento.
No entanto, no verso 10, Salomão disse: "Assim, cumpriu o SENHOR a Sua palavra
que tinha dito, pois me levantei em lugar de Davi, meu pai, e me assentei no trono
de lsrael, como prometera o SENHOR." Uma vez que Salomão não estava literalmente
sentado no trono de lsrael quando proferiu essas palavras, a expressão ``me assentei no
trono de lsrael" tem que ser uma referência a seu status como rei de lsrael.Assentar-se
no trono era equivalente a ``ocupar o cargo de rei".
Do mesmo modo, as dec]arações do Novo Testamento, inclusive as de Hebreus,
de que, após a ascensão de Cristo, Ele "Se assentou à destra de Deus" ou ``Se assentou
com Deus em Seu trono", podem estar relacionadas com o local. Mas as evidências
do Antigo Testamento sugerem que o ponto principal é o elevado status de Cristo
como rei, não apenas o /#gw no qual Ele Se sentou.
isso sugere que a sala do trono de Deus no Céu inclui tudo aquilo que estava
simbolizado pela mobília de ambos os compartimentos do santuário terrestre.
Outro fator significativo a ser considerado nessa questão sobre a existência de um
véu no santuário celestial é o fato de que, quando ]esus morreu, o véu do templo foi
rasgado em dois, de cima para baixo. Os adventistas sempre interpretaram que isso
significava que os serviços do santuário terrestre tinham chegado ao fim e o minis-
tério de ]esus como nosso sumo sacerdote no santuário celestial tinha começado. Eu
concordo com essa interpretação.
Entretanto, creio que existe um significado adicional que pode ser anexado
a esse evento. 0 véu estabelecia uma separação entre o povo e Deus. Mesmo
os sacerdotes regulares estavam proibidos de ir além do véu, sob pena de morte.
Somente o sumo sacerdote podia entrar no lugar santíssimo, e apenas uma vez por
ano. Em outras palavras, o véu representava acesso limitado a Deus. Mas a morte de
Cristo pôs fim a esse sistema.Agora, todos os crentes têm acesso ilimitado a Deus.
Sugiro que o rasgar do véu do templo é um símbolo dessa nova realidade. E é
essa, precisamente, a lição que Hebreus ensina.Visto que Cristo morreu, e agora
é nosso Sumo Sacerdote no santuário celestial, cada cristão pode "[achegar-se],
com confiança, ao trono da graça" (Hb 4:16; ARC). 0 rasgar do véu do santuá-
rio terrestre simbolizava o fim daquele limitado sistema de aproximação de Deus
e o começo de um novo sistema no qual não haveria mais nenhum "véu" sepa-
rando Deus de Seu povo.
Desmond Ford mais ou menos concorda com a ideia de que o santuário celes-
tial tem uma sala e não duas. Ele diz: "Muitos comentaristas se referem à ausên-
cia de um véu no santuário celestial porque, desde a cruz, os dois compartimentos
se tornaram em um." Eu concordo com essa declaração. Entretanto, Ford também
disse que "o termo `santuário' uma vez usado para uma estrutura de duas partes,
agora se aplica para a única `sala do trono' no Céu".7 Em outras palavras, Ford vê o
santuário celestial inteiro como um antítipo somente do lugar santíssimo terrestre.
Eu, por outro lado, entendo que a remoção do véu significa que os dois compar-
timentos estão agora combinados em uma "sala", que é o antítipo tanto do lugar
santo como do lugar santíssimo.
A partir da perspectiva de Ford, o ministério que Cristo exerceu após Sua ascen-
são, em 31 d.C., deve ter sido exclusivamente um miiristério do lugar santíssimo, uma
vez que, segupdo ele entende, o santuário em que Cristo entrou era o lugar santís-
simo, nenhum outro. E uma vez que o único ministério que foi exercido no lugar
santíssimo do santuário terrestre ocorria no Dia da Expiação, o ministério de Cristo
no lugar santíssimo do Céu, que começou em 31 d.C., também deve ter sido um
ministério do Dia da Expiação. Portanto, Cristo não poderia ter comcç4do Seu minis-
tério do lugar santíssimo e do Dia da Expiação em 1844.
No entanto, em minha visão, a ausência de um véu no santuário celestial significa
que, em 31 d.C„Jesus entrou no lugar santo e, da mesma forma, entrou no lugar san-
tíssimo. Ou, dizendo de outra maneira, o santuário celestial incorpora tanto o lugar
santo como o lugar santíssimo de seu tipo terrestre. Isso significa que o ministério
SENTAD0 NO TRON0 DE OEUS
que Jesus exerceu depois de Sua ascensão tem sido, provavelmente, um ministério
tanto do lugar santo quanto do lugar santíssimo.
Isso significa que o santuário celestial tem apenas um lugar em vez de dois, como
no tipo? Não necessariamente. As evidências bíblicas sugerem que, dc/#fo, ele tem
dois locais.
partes. A primeira parte é o "lugar" em que ]esus Se sentou com Seu Pai em
31 d.C., e a segunda parte é o "1ugar" onde ocorre o juízo de Daniel 7. Cada uma
dessas partes pode ser considerada como o lugar santíssimo do Céu. Podemos
considerar o lo.cal no qualJesus Se sentou com Seu Pai em 31 d.C. como o lugar
santo do Céu visto que, muito embora o trono de Deus esteja localizado ali,
os dois compartimentos estão agora combinados em um. Assim, seria razoável
entender que, por 1800 anos, Cristo exerceu o tipo do ministério no santuário
celestial que é representado pela atividade dos sacerdotes durante o ano no lugar
santo do santuário terrestre.Ao mesmo tempo, podemos considerar que Daniel 7
descreve um segundo local no santuário celestial onde o Dia da Expiação celes-
tial e o juízo investigativo ocorrem. Esse seria o antítipo do lugar santíssimo do
Céu; mas, ao mesmo tempo, conteria todas as coisas do primeiro local, inclusive
o lugar santo do Céu.
NA comE €ELESTIAL
Assim será o Céu? Eu não sei; o que escrevi acima é apenas uma sugestão. 0 que
sei é que o Céu é vastamente diferente de tudo o que já experimentamos na Terra,
e que, ao explicá-1o para nós, Deus fica limitado a usar a linguagem e as imagens
que nos são familiares. Assim, acho que é um erro discutir demasiadamente sobre a
arquitetura celestial. Para nós, é suficiente saber que Jesus entrou na presença ime-
diata de Deus quando voltou para o Céu, cerca de 2 mil anos atrás. Para nós, é sufi-
ciente saber que um importantejuízo começou no Céu em 1844, e que essejuízo é
o antítipo do Dia da Expiação terrestre. Nessejuízo, será resolvido para sempre o pro-
blema do mal. Para nós, é suficiente saber que Jesus, o Filho do Homem, está envol-
vido em cada aspecto de nossa salvação, inclusive no Dia da Expiação escatológico do
Céu. E, finalmente, para nós, é suficiente saber que, a cada etapa do caminho, Pai e
Filho, seja em que "sala" for, estão trabalhando lado a lado para garantir que todos os
crentes sinceros possam encontrar o caminho que leva ao lar celestial.
t Ellen G.White, citado por Francis D. Nichol, ed., em Comc#fárí.o Bt'b/t.co 4dt;c#ft.sf4 do Se'fí.mo DÍ.4, v. 3, p. 988.
2 William G. ]ohnsson diz que considera "um escorregão" do autor [de Hebreus] 1ocalizar o altar de
incenso no ]ugar santíssimo. Ver seu livro Hcbrctvs, Séri.c BÍ'b/e 4Í#pl%cd (Nampa, Idaho: Pacific Press,
1994), p. 157.
`' Harold S. Camacho, "The Altar of lncense in Hebrews 9:3-4", p. 8, 9.
4 A preposição hebraica pode significar "para", "na direção de", "pertencente a" e assim por diante.
5 Richard Davidson, "Typology in the Book of Hebrews" em Jss#cs j.# fÁ€ BooÁ? oJHcbwtJJs, p.178,179; itálico
do original.
6 Nota do tradutor: 0 termo "pertencia" é usado em Hebreus 9:4 na versão Almeida Revista e Atualizada.
7 Desmond Ford, "Dcí#j.€J 8..14", p. 235, 239.
8 É interessante notar que, embora entenda que o mimstério do Dia da Expiação de Cristo no Céu tenha
começado por ocasião de Sua ascensão, Ford deixa claro no manuscrito de Glacierview que Daniel 8:14
de fàto a.ponta para um Dia da Expiação escatológico.
9 Wílliam Shea, Selected Studies on Prophetic lnterpretation, p. L19., itálicos acrescenta.dos.
0 TEMA DE HEBREUS
|Fear::nà::;.pr:rsaieTmT3maennotoéc6o5mdo:T.Jeur::ud:r2s:ã:ndoes6aâ,a.::àuma:àaon::,eo:i::
cristão, você tinha a plena esperança de que jesus voltaria em pouco tempo. Afinal,
o próprio Jesus prometeu que, depois de construir um lugar para Seu povo, Ele
voltaria, pois dissera: "e vos receberei para Mim mesmo, para que, onde Eu estou,
estejais vós também" Uo 14:3). Os anjos que falaram com os discípulos logo após
Sua ascensão também garantiram que Ele voltaria ``do modo que 0 vistes subir"
(At 1:11).
Depois de 25 anos sem que Jesus tivesse aparecido, sua fé está fraquejando, e você
está se perguntando se os cristãos não estavam totalmente equivocados. Os rituais
associados ao templo de jerusalém foram de grande significado para você em sua
juventude; na verdade, você ainda participa deles de vez em quando, assim como
muitos de seus amigos cristãos. Infélizmente, o preconceito contra os cristãos em
jerusalém e najudeia é opressor.A coisa mais comum é ridicularizarem os cristãos e,
além disso, muitas oportunidades econôinicas não estão mais disponíveis para você.
Sua situação é precária: parece que cadajudeu está constantemente procurando uma
desculpa para processar os cristãos. Então, um dia, você menciona para alguns de seus
amigos cristãos o seu pensamento de talvez retornar ao judaísmo, só para descobrir
que eles pensam como você.
Parece bem claro que o livro de Hebreus foi dirigido aos judeus cristãos que,
como acima descrito, estavam fraquejando na fé em ]esus e com a inclinação de
retornar para o judaísmo, o qual ainda tinha um forte apelo para eles. Um judeu
cristão maduro escreveu Hebreus para explicar para esses fraquejantes crentes o
significado real dos rituais que no passado foram tão significativos para eles. Seu
propósito era animá-los a manter viva sua fé em ]esus.
Naturalmente, a observância mais importante do ano religioso hebraico era o
Dia da Expiação.. Esse era o dia em que todos os pecados cometidos durante o ano
anterior eram removidos para sempre do acampamento de lsrael, e o povo podia
sentir que eles e o santuário tinham sido purificados espiritualmente.Assim, não nos
deveria surpreender que, em seu esforço para animar os vacilantes judeus cristãos,
o autor de Hebreus tenha feito várias referências ao Dia da Expiação. Alguns intér-
pretes veem tantas referências ao Dia da Expiação em Hebreus que o consideram o
principal tema do livro, a espinha dorsal da linha de raciocínio do autor. Desmond
Ford, por exemplo, diz: ``A obra sumo sacerdotal de Cristo é o principal tema de
Hebreus, e a única obra distintiva do sumo sacerdote era a do Dia da Expiação."í
"0 Dia da Expiação nunca está ausente da mente do apóstolo."2 Assim, o assunto
CELESTIAL
que quero considerar com você neste capítulo é o tema de Hebreus, especialmente
nos capítulos s a 10.
Entendo que a base para Ford considerar o Dia da Expiação como o principal tema
de Hebreus é dupla. Primeiro, ao longo do livro, o autor salienta a entrada de Cristo na
presença de Deus, ou seja, na sala do trono, a qual Ford vê unicamente como o antí-
tipo do lugar santíssimo do santuário terrestre. E uma vez que a única atividade no
lugar santíssimo do santuário terrestre eram os rituais do sumo sacerdote no Dia da
Expiação, Ford assume que todas as menções sobre Cristo em pé na presença do Pai
ou sentado com Ele em Seu trono são uma, referência ao Dia da Expiação. No capí-
tulo 2 do manuscrito de Glacierview, em que Ford trata de Hebreus, ele disse que
a tese central do capítulo era: "Hebreus afirma claramente que, no cumprimento do
tipo do Dia da Expiação, Cristo, por meio do evento da cruz-ressurreição-ascensão,
entrou no ininistério prefigurado pelo scg##do compartimento do santuário."3 Ford,
então, cita cada uma das referências de Hebreus quanto à presença de Cristo com Deus
e, também, Hebreus 6:19 e 20, que ffla da passagem de Cristo para "trás do véu". Eu
tratei desses textos nos dois capítulos anteriores; por isso, não repetirei a discussão aqui.
A segunda razão para Ford considerar o Dia da Expiação como o tema de Hebreus
são as referências ao Dia da Expiação nos capítulos s a 10.Vamos abordar esta questão
agora: o Dia da Expiação é, de fato, o tema principal de Hebreus s a 10? Argumenta-
rei que o tema é a nova e a velha aliança e, ao longo desses dois capítulos, o autor de
Hebreus salienta a superioridade da nova sobre a velha. Uma vez que cada uma delas
tinha um santuário, o autor também enfatiza a superioridade do sacrificio de Cristo e
Seu ministério no santuário celestial sobre os sacrificios e o ministério realizado pelos
sacerdotes no santuário terrestre.
Visto que um exame detalhado de Hebreus s a 10 iria além do âmbito do presente
capítulo deste livro, darei um resumo de seu conteúdo, citando apenas as palavras, fia-
ses e orações mais relevantes. Entre outras coisas, indicarei quatro inquestionáveis
referências ao Dia da Expiação e uma sobre a qual os comentaristas discordam. Os
leitores que têm familiaridade com o conteúdo de Hebreus s a 10 acompanharão
fàcilmente meu resumo. Para os que não têm, pode ser útil primeiro ler esses dois
capítulos a fim de entender meus comentários.
Hebreus s
0 oitavo c?pítulo de Hebreus está perfeitamente dividido em duas partes.
Ptzrfc ], t;cr5os 14 6. Nesses textos, o autor explica queJesus é o sumo sacerdote no
santuário celestial, do qual o santuário terrestre é uma cópia. No santuário terrestre
havia sacerdotes que ofereciam sacrificios, consequentemente, Cristo, o sumo sacer-
dote no santuário celestial, também deve ter ``o que oferecer" (v. 3). Essa parte do
capítulo termina com estas palavras: "Agora, com efeito, obteve ]esus ministério tanto
mais excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com
base em superiores promessas" (v. 6).A palavra central nesse verso é 4/í'¢Í?f4.
Ptzrfc 2, t;cÍsos 7 4 f j. No verso 7, o autor disse: "Porque, se aquela primeira aliança
tivesse sido sem defeito, de maneira alguma, estaria sendo buscado lugar para uma
DE HEBRELIS
segunda", e, nos vários versos que se seguem, ele cita uma longa passagem dejeremias
na qual o profeta predisse que Deus instituiria uma ``nova aliança com a casa de lsrael
e com a casa de Judá" (v. 8). Essa aliança não seria como a que Ele fez com os israe-
litas m saída do Egito (v. 9). Nessa nova aliança, Deus colocaria Suas leis na mente
e no coração deles (ver v.10). 0 verso final do capítulo diz: "Quando Ele diz Nova,
torm antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está
prestes a desaparecer."
Minha sugestão, como já disse antes, é que o tema dos capítulos s a 10 é o contraste
entre a nova e a velha aliança, e o ponto do autor é que a velha aliança é ineficaz para
promover mudanças espirituais autênticas na mente e no coração do povo de Deus, mas
a nova aliança pocíc, sim, promover essas mudanças. 0 autor usou os serviços do santuário,
inclusive o Dia da Expiação, como um exemplo da natureza ineficaz da velha aliança. Por
meio de contraste, ele indicou que o ministério de Cristo no santuário celestial é eficaz
para transformar mente e coração.
Hebreus 9
0 capítulo 9 está divido em quatro partes.
Pzzrfc 1, #ersos 1 4 ÍO. Nesses versos, o autor descreve o santuário do Antigo Tes-
tamento. 0 verso 1 diz: "Ora, a primeira aliança também tinha preceitos de serviço
sagrado e o seu santuário terrestre", e, nos nove versos seguintes, o autor descreve a
mobília dos dois compartimentos do santuário (v. 2-5) e o ministério exercido pelos
sacerdotes em ambos os compartimentos (v. 6-7). 0 verso 7 contém uma das incon-
testáveis referências ao Dia da Expiação em Hebreus s a 10. 0 autor diz que "o sumo
sacerdote entrava no Santo dos Santos, apenas uma vez por ano" (NVI). A declaração
sobre o ministério do sumo sacerdote ``apenas uma vez por ano" claramente aponta
para o Dia da Expiação.
No verso 8, o autor se refere ao santuário: "querendo com isto dar a enten-
der o Espírito Santo que ainda o caminho do Santo Lugar não se manifestou,
enquanto o primeiro tabernáculo continua erguido". 0 termo grego traduzido
como "Santo Lugar" na versão Almeida Revista e Atualizada é fõ# #c]gi.õ#, que é
a forma plural do singular fa h4gi'4.4 Intérpretes do livro de Hebreus diferem na
interpretação de f4 #4gi.4. Alguns acham que seja "santuário", enquanto outros
acham que é "lugar santíssimo". Essa é uma questão significativa sobre a qual fala-
rei no próximo c.apítulo.
P#rfc 2, t/c/5os Í 1 4 1J. Na segunda seção do capítulo 9, o autor descreve o minis-
tério de Cristo nos serviços do santuário celestial sob a nova aliança. 0 texto mais
controvertido dessa seção é o verso 12, que diz: ``não por meio de sangue de bodes e
de bezerros, mas pelo Seu próprio sangue, [Cristo] entrou no Santo dos Santos, uma
vez por todas, tendo obtido etema redenção."Algumas versões da Bíbha, inclusive a
Almeida Revista e Atualizada, dizem "Santo dos Santos" ou alguma variação disso,
uma indicação de que muitos intérpretes consideram o termo como uma outra refe-
rência ao Dia da Expiação de Hebreus s a 10. Examinarei esse verso em detalhes no
próximo capítulo.
NA CORTE CELESTIAL
Hebreus 10
como um meio para mostrar o quanto o ministério sumo sacerdotal de Cristo sob
a nova aliança é superior, comparado com o ministério dos sumos sacerdotes terres-
tres, sob a antiga aliança.
No entanto, ainda nâo estamos prontos para chegar a uma conclusão definitiva
sobre o Dia da Expiação de Hebreus 9 e 10. Para isso, é preciso que consideremos
várias outras questões.
(PARTE 1)
Jíd£;:n::t.ator:fae::á,:uaeoe,s::zuo:lnevnets:|::,s|vpor.oE:::::s:u:isTo:::::|Se.g:ràp.as::â.Crdeent::
lhado do livro de Hebreus há vários anos. Comecei com o capítulo 1, verso 1, e fúi
progredindo lentamente e com oração até o capítulo 10, escrevendo meus comentá-
rios, verso por verso, de maneira detalhada, à medida em que avançava. Quando ter-
minei, eu tinha chegado a certas conclusões definitivas, algumas das quais você lerá
neste capítulo.
No fim do capítulo anterior, indiquei que ainda precisamos considerar diversas
questões antes de chegarmos à conclusão definitiva sobre o Dia da Expiação do capí-
tulo 9 e 10. Este capítulo e o próximo tratarão dessas outras questões, que são bem
técnicas. A razão para discuti-las aqui é que, por mais de cem anos, essas questões têm
estado entre os principais argumentos dos críticos contra a crença adventista a res-
peito do juízo investigativo pré-advento no santuário celestial. Portanto, mesmo de
modo técnico, é imperativo que tratemos desses assuntos.
Por várias vezes, nas páginas seguintes, irei me referir à Septuaginta. Os eruditos reco-
nhecem que o autor de Hebreus se baseou fortemente na Septuaginta, um fato que, fie-
quentemente, acaba tendo bastante significado na interpretação do que ele quis dizer.
Hebreus 9:8
Nos versos que precedem Hebreus 9:8, o autor descreve a mobília do santuário
terrestre (v. 2-5) e o ministério dos sacerdotes (v. 6, 7). Depois, ele diz:"querendo com
isto dar a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do Santo Lugar [do grego:
f4 Ã4gi.4] não se manifestou, enquanto o primeiro tabernáculo [do grego: profés ské#és]
continua erguido." Os dois termos gregos que realcei, f4 h4gf.4 e p/ofés ské#és, são cru-
ciais para interpretar o verso 8.
Todos concordam que as palavras fci Ã4gí.¢ se referem ao santuário celestial.A pergunta
é se elas se refer.em ao santuário celestial como um todo ou apenas ao lugar santíssimo.
Os comentaristas se dividem sobre essa questão, embora eu considere seguro dizer que a
maioria prefere a interpretação de "lugar santíssimo". Na Nova versão lnternacional,
a expressão f4 #4gí`4 é traduzida como "Santo dos Santos", isto é,1ugar santíssimo.í
Essa questão é, de fato, crucial. Se por f4 Ãcígf'4 o autor de Hebreus quis se referir
ao santuário como um todo, isso abriria a possibilidade de Jesus ter começado um
tipo de ministério do lugar santo no santuário celestial em 31 d.C., o qual pode ter
sido seguido por um ministério do lugar santíssimo. Mas, se por f4 #4gí.4 o autor quis
se reférir exclusivamente ao lugar santíssimo do santuário celestial, então, obviamente
]esus deve ter começado apenas um ministério do lugar santíssimo/Dia da Expiação
no santuário celestial em 31 d.C. Examinaremos tanto f¢ h4gi.4 como píofés ské#és para
determinar se pelo primeiro termo grego o autor de Hebreus quis dizer o santuário
do Antigo Testamento inteiro ou apenas o lugar santíssimo.
Profés ské#és significa "primeiro tabernáculo".Antes de usar esse termo no verso 8,
o autor o usou nos versos 2 e 6, nos quais ele claramente se refere ao lugar santo do
santuário terrestre. Assim, à primeira vista, pareceria razoável entender que o termo
tem o mesmo significado no verso 8. Se esse for o caso, então o verso s poderia ser
parafraseaào assim: ``0 caminho para dentro do lugar santíssimo do santuário celes-
tial não podia ser aberto enquanto o lugar santo do santuário terrestre ainda estivesse
funcionando." Mas isso parece um pouco estranho. Por que a entrada de Cristo no
Í#gw scz#f/j.Jí.mo do Céu deveria depender de estar o /#gar s4#fo do santuário terres-
tre ainda funcionando? 0 ininistério de ambos os compartimentos não terminou ao
mesmo tempo, em 31 d.C.?2 Parece mais razoável dizer que a entrada de Cristo no
santuário celestial como um todo não poderia ter ocorrido enquanto qwci/¢w Í)#Í€
do santuário terrestre inteiro estivesse em funcionamento.
E, de fato, existe uma forte base contextual para isso. Como indiquei no capítulo
30, o tema de Hebreus s a 10 é a superioridade da nova aliança, com seu santuário
celestial, sobre a antiga aliança, com seu santuário terrestre. 0 autor de Hebreus dedica
a última metade do capítulo s para dar uma explicação sobre a antiga aliança e começa
o capítulo 9 com a declaração de que "a primeira aliança também tinha preceitos de
serviço sagrado e o seu santuário terrestre" (Hb 9: 1). Nos versos seguintes, ele descreve
a mobília e o ministério dos sacerdotes nesse santuário terrestre. 0 verso 8, então, volta
a considerar o santuário terrestre inteiro e seu antítipo no Céu.
Portanto, apesar do uso do termo pÍoíéf Jk-%-s no capítulo 9, parece razoável con-
cluir que, no verso 8, esse termo significa o santuário como um todo. Parafiaseado dessa
maneira, Hebreus 9:8 fica assim: "0 Espírito Santo está indicando com isso que o cami-
nho para dentro do santuário celestial como um todo ainda não havia se manifestado
enquanto o santuário terrestre ainda estava fiincionando." Isso me parece ser o jeito mais
lógico de entender Hebreus 9:8.
E o termo f4 hcigí'4? Quando o autor de Hebreus usou esse termo, ele tinha em
mente o santuário celestial como um todo ou somente o lugar santíssimo, como
creem muitos comentaristas?
Começarei minha resposta indicando que o autor de Hebreus era um judeu cris-
tão que entendia muito bem o judaísmo e o cristianismo. Podemos presumir que
ele teria usado o plural de Í¢ ÍMgí.4 em harmonia com o entendimento geral judeu
daquele tempo. Carl Cosaert, professor da Escola de Teologia da Universidade de
Wallawalla, escreveu sua dissertação de mestrado sobre esse assunto. Ele investigou o
uso das palavras gregas f4 h4gi'4 tanto no plural como no singular na Septuaginta, na
Pseudoepigrafia do Antigo Testamento e nos escritos de Filo e Josefo, os quais foram
contemporâneos, ou proximamente contemporâneos, do autor de Hebreus.3
Cosaert descobriu que a forma plural de fa Ã4gc.¢ nunca é usada em nenhuma des-
sas fontes para se referir ao lugar santíssimo. Ele descobriu, em vez disso, que "sem-
pre que a forma plural é usada sozinha [nessas fontes] , ela descreve com exclusividade
o santuário inteiro em geral.Além disso, sempre que é feita uma referência específica
ao lugar santíssimo, a forma plural nunca é usada sozinha. 0 1ugar santíssimo é refe-
rido ou com o uso da forma singular de #czgi.os, [...] algum termo qualificativo, [...]
ou, mais tipicamente, com uma forma da frase âgí.o# fõ# h4gí`ÕÍc".4
0 porito é que o autor de Hebreus, provavelmente, tenha usado o plural de f4
ft4gi'4 em harmonia com o uso dessa expressão na Septuaginta e em outras fontes con-
temporâneas. Isso dá suporte à tradução de Í4 #4gí.4 no verso s como "santuário" em
vez de "1ugar santíssimo".
Minha conclusão sobre essa discussão de Hebreus 9:8 é que existem excelen-
tes razões contextuais e culturais para traduzir f4 h4gi.¢ nesse verso como "santuário"
em vez de "1ugar santíssimo". E, com essa tradução, é inteiramente bíblico conside-
rar que Cristo começou um ministério do lugar santo no santuário celestial quando
subiu ao Céu em 31 d.C. e não um ministério exclusivamente do lugar santíssimo.
Consideraremos questões adicionais de Hebreus 9:8 e 9 no capítulo 33.
Hebreus 9:12
Hebreus 9:12 também tem sido muitas vezes interpretado como se Cristo tivesse
começado uma, forma de ministério no lugar santíssimo em Sua ascensão. Esse texto
diz: ``não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo Seu próprio sangue,
entrou no Santo dos Santos [do grego: plural de fa #c]gí.4], uma vez por todas, tendo
obtido eterna redenção." A maioria dos comentaristas e tradutores entende que o
autor de Hebreus quis dizer ``1ugar santíssimo". E por duas razões.
A primeira é que o plural de f¢ Ãc!gi.o no verso 12, provavelmente, signifique
a mesma coisa que significou no verso 8, seja o que for, e, uma vez que muitos
eruditos entendem que essa expressão do verso s significa lugar santíssimo, eles
transportam esse significado para o verso 12. Entretanto, como acabei de indicar,
"santuário" parece ser uma tradução mais apropriada para f¢ #4gí'4 no verso s e,
também, no verso 12.
A segunda é que os eruditos têm notado que o verso 12 diz que Cristo não entrou
no santuário celestial "por meio de sangue de bodes e bezerros, mas pelo Seu próprio
sangue". Um novilho e um bode eram sacrificados no Dia da Expiação no santuário
terrestre, o que leva as pessoas a pensar que o autor tinha em mente o ministério do
Dia da Expiação de Cristo no santuário celestial.A partir dessa perspectiva, ``lugar san-
tíssimo" também parece ser a tradução preferida de fa #cigí'cz.
Em resposta a isso, direi o que já foi observado acima: a forma plural de f4 h4gí'4
###cfl é usada em referência ao lugar santíssimo na Septuaginta, na Pseudoepigrafia
do Antigo Testamento ou nas obras de Filo e Josefo. Embora isso não seja uma evi-
dência conclusiva quanto ao significado de f4 Ã4g!.4 em Hebreus 9:12, elas são alta-
mente sugestivas. Embora a referência, a bodes, bezerros e touros nos versos 12 e 13
de fato pareçam sugerir um ritual do lugar santíssimo, um exame das palavras gregas
para esses animais tanto em Hebreus como em Levítico 16 -passagem que contém
a principal descrição das Escrituras sobre o Dia da Expiação - não lança nenhuma
dúvida sobre essa conclusão.
CORTE CELESTIAL
A palavra grega para "bezerros" no verso 12 é mosc#õÍ£, que é a mesma palavra que
a Septuaginta usa em Levítico 16:3 para o novilho sacrificado no Dia da Expiação.
Entretanto, a palavra para "bodes" em Hebreus 9:12 é frtzgõ#, ao passo que na versão
da Septuaginta de Levítico 16, a palavra tanto para o bode do Senhor como para o
bode emiss'ário é cÃ!'m4ros, e a palavra frtzgos (a forma singular) não ocorre uma vez
sequer nesse capítulo sobre o Dia da Expiação.As palavras frflgo5 e fr¢gó# não são usa-
das em nenhum outro lugar nos capítulos do Pentateuco que tratam do santuário,
com exceção de Números 7, em que ela ocorre 13 vezes. Números 7 é uma das pas-
sagens importantes do Pentateuco que tratam da f.#4#g#rtzçõo do santuário terrestre,
o que é uma evidência adicional em apoio à conclusão que tirei do capítulo 28, ou
seja, que a passagem de Cristo para ``trás do véu" em Hebreus 6:19 e 20 está ligada
à inauguração do lugar santíssimo e não ao Dia da Expiação.5
0 autor de Hebreus menciona outra vez bodes e bezerros no capítulo 9:19,
embora na ordem invertida: "bezerros e bodes". Dessa vez é inquestionável que o
contexto seja a ratificação e a inauguração da aliança. Davidson comenta que ``o autor
de Hebreus inequivocamente relaciona a ligação desses dois animais ao pa.no de
fundo da inauguração e não a,o Dia da Expiação".6
Em vista disso, a conc]usão de que o plural de f4 #4g!.4 em Hebreus 9: 12 deve ser tra-
duzido como "santuário", em vez de "1ugar santíssimo", tem significativo apoio bíblico.
Hebreus 10:19 e 20
Na versão Almeida Revista e Atualizada, Hebreus 10:19 e 20, e a primeira parte
do verso 22, diz: ``Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos [do
grego: plural de fci h4gí.4], pelo sangue deJesus, pelo novo e vivo caminho que Ele nos
consagrou pelo véu, isto é, pela Sua carne, [...] aproximemo-nos, com sincero cora-
Ção, em plena certeza de fé." Novamente, a palavra Sci#Ío dos Sfl#fos [santíssimo] na
versão Almeida Revista e Atualizada sugere que os tradutores entenderam Í4 h4gi'4
como uma referência ao lugar santíssimo. Entretanto, como já indiquei, o plural de f4
#¢gí.4, usado aqui pelo autor, não se referia exclusivamente ao luga,r santíssimo na lite-
raturajudaica daquela época. Isso imediatamente lança dúvida sobre a ideia de que o
autor de Hebreus quis dizer lugar santíssimo no capítulo 10:19 e 20.
Essa conclusão é apoiada pela comparação desses versos com Hebreus 6:19 e 20, que
eu analisei no capítulo 28 deste hvro. Note a semelhança entre estas duas passagens:
Hebreus6:19e20-"Aqud[esperança]temosporâncoradaahna,seguraefirme
e que penem além do véu, onde ]esus, como precursor, entiou por nós, tendo-
Se tornado Sumo Sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque."
Hebreus 10:19 e 20 -"Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo
dos Santos, pelo sangue deJesus, pelo novo e vivo caminho que Ele nos consa-
grou pelo véu, isto é, pela Sua carne."
jesus e Seu ministério sumo sacerdotal são os assuntos dessas duas passagens. Ambas
dizem queJesus passou para "além do véu" ou "pelo véu" e animam os crentes a abraçar
8 DIA DA EXPIÁ ÃO EM HEBREUS
essa esperança. Em minha discussão sobre Hebreus 6:19 e 20, expliquei por que ``para
além do véu" deve ser entendido como uma referência à imuguração do santuário
celestial e a nomeação de Cristo como sumo sacerdote nesse santuário, em vez de uma
referê'ncia ao Dia da E¥iação celestial. A natureza paralela desses versos sugere que
Hebreus 10:19 e 20 também deve ser entendido como inauguração.
Essa conclusão é apoiada pelo uso da palavra grega eg¢¢f'#Í.zo- no verso 20, a qual
a versão Almeida Revista e Atualizada traduz como "consagrou". Acho significativo
verificar que na parte do Pentateuco que trata dos rituais do santuário, da maneira
como está traduzida na Septuaginta, a forma do substantivo cgÁ?"'#i.zÕ ocorre ape-
nas quatro vezes, todas em Números 7.7 Como indiquei acima, Números 7 -o capí-
tulo inteiro - descreve em detalhes os rituais que eram realizados em conexão com a
inauguração do santuário. Por isso, a palavra co#s4grow (cgk¢Í.#Í'zÕ) em Hebreus 10:20
deve ser entendida como uma referência à inauguração do santuário celestial e não
ao Dia da Expiação.
Há uma evidência adicional que apoia essa conclusão dentro do próprio livro de
Hebreus.A palavra cgk#.#!'zÕ também ocorre em Hebreus 9:18: "Pelo que nem a pri-
meira aliança foi sancionada [cgÁ24!.ÍcÍ'zÕ] sem sangue." No capítulo 32 deste livro, indi-
carei que Hebreus 9:16 a 22 mescla os rituais associados à sançâo da aliança com a
inauguração do santuário. Assim, o uso de cgk4í'%i.zÕ em Hebreus 9:18 em conexão
com a inauguração do santuário apoia a interpretação de que Hebreus 10:20 tam-
bém é uma referência à inauguração do santuário. Portanto, mesmo se as palavras fct
h4gi.4 em Hebreus 10:20 de fato se referirem ao lugar santíssimo (uma conclusão que
o uso costumeiro do termo no lQ século d.C. contradiz), elas deveriam ser entendi-
das como uma referência à inauguração do santuário, não ao Dia da Expiação. Isso é
um apoio adicional para a mesma conclusão concernente a Hebreus 6:19 e 20, a que
cheguei no capítulo 28 deste livro.
Ainda precisamos investigar várias outras questões relacionadas ao Dia da Expiação
em Hebreus. Faremos isso no próximo capítulo.
t Nota do tradutor: 0 autor cita a versão New King ]ames, que traduz f4 hczgi.4 como "Holiest of.All" (Mais
San[o de Todos, ou seja, o Santíssimc)).A versão Almeida Revista e Atualizada traduz fci 7i4gí.4 como o "Santo
Lugar", enquanto a Novaversão lnternacional o traduz como "Santo dos Santos".
2 0s judeus continuaram a realizar os serviços no santuário terrestre (templo dejerusalém) até a destruição
do templo em 70 .d.C. Entretanto, pela perspectiva de Deus, esses sacrificios passaram a não ter mais
significado depois que Cristo fez o sacrificio supremo, de uma vez por todas, pelo pecado.
3 É quase certo que Hebreus tenha sido escrito antes de 70 d.C. Filo foi um filósofo judeu que viveu de
20 a.C. a. 50 d.C., e o historiador Flávio Josefo, que era de ascendência sacerdotal, viveu de 37 d.C. até
cerca de 100 d.C.
4 Carl P. Cosaert, "The Use of H4gt.o5 for the Sanctuary", p.102,103.
5 NormanYoung, porém, indica que "Filo, o filósofo judeu do lQ século [d.C.], usa frt{gos mais frequentemen-
te do que c#Í.m4ros para o bode ofertado pelo pecado no Dia da Expiação". "The Day ofDedication or the
Da'y of Atonement? The Old Testament Background to Hebrews 6:19-20 Revisited", 4#díct4Ü U#i.yeí5i.fy
Scmi.#4ry Sfwdi.cs 40, nQ 1 (Primavera de 2002), p. 65.
6 Richard Davidson, "Inauguration or Day ofAtonement?" p. 79.
7 Números 7:10,11, 84, 88.
0 DIA DA EXPIAÇÃO
EM HEBREUS 9 E 10
(PARTE 11)
|:.diqau;1r|nn:|;adpíàueloH3e?rqe::.mNuol:o;acp:,:|eonstaar:::ars|ocroe:,Sledxe:=n:mDolsafsasaE:fi::::;ã:
e descobrimos que outros temas predominam, como inauguração e alianças. Neste
capítulo, examinaremos quatro questões relacionadas com a discussão sobre o Dia da
Expiação em Hebreus.
A purificação em Hebreus
0 objetivo do Dia da Expiação terrestre era purificar o santuário dos pecados ali
acumulados durante o ano anterior e removê-los totalmente do acampamento de
lsrael. A palavra hebraica "purificar" em Levítico 16:19 e 30 é fa#cr. A Septuaginta
usa a palavra grega k4fhwí'zo-, que também significa "purificar". Essa palavra também
é usada em Hebreus 9:14, 22, 23 e 10:2.
Visto que k4f#4rí'zÕ é a palavra grega que a Septuaginta usa em Levítico 16 para
a purificação do santuário, ficamos naturalmente interessados em saber como o
autor de Hebreus usou essa palavra, pois ela pode nos dar algumas pistas de sua
interpretação sobre o Dia da Expiação. Examinando os quatro textos acima, des-
cobrimos que ele usou a palavra de duas maneiras.
Opri.í7%!'ro f!.po cíe wso..pwr%c4Ção do s4#fw4'ri.o. 0 autor de Hebreus usou a palavra
kcif#4rf.zÕ em contextos relacionados com a purificação do santuário. Encontramos
isso no capítulo 9:22 e 23, em que ele diz: "Com efeito, quase todas as coisas,
segundo a lei, se purificam [kczfJiflyí.zÕ] com sangue; e, sem derramamento de san-
gue, não há remissão. Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que sc
acham nos céus se purificassem [kczfh4rí.zÕ] com tais sacrificios, mas as próprias coi-
sas celestiais, com sacrificios a eles superiores."
Muitos comentaristas veem essa purificação do santuário como uma referência ao
Dia da Expiação celestial. Eles fazem essa conexão porque nos dois versos seguintes, o
autor fàla sobi:€ o Dia da Expiação: "Porque Cristo não entrou em santuário feito por
mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo Céu, para comparecer, agora, por nós.
diante de Deus; nem ainda para Se oferecer a Si mesmo muitas vezes, como o Sumo
Sacerdote cada ano entra no Santo dos Santos com sangue alheio" (v. 24, 25).
Uma vez que o autor flou do ministério do Dia da Expiação celestial depois die
ter se referido à purificação do santuário celestial, o contexto parece sugerir qucL
no verso 22, ele estava falando sobre a purificação do Dia da Expiação do santuí-
rio celestial realizada por Cristo. Entretanto, o contexto não tem que ver apenas com
o que vem dcpoi's de um texto em particular; ele também tem que ver com o qiie
vem 4#f€s. E, nesse caso, o que vem antes é, na verdade, uma parte do contexto mri
DA EXP!A ÃO EM HEBREÜS 9 E IC (PÁFiTE 1!
relevante do que o que vem depois. Nos versos 19 e 20, o autor explica -de maneira
um tanto imprecisa (ver a seção seguinte deste capítulo) - como Moisés ratificou a
antiga aliança ao espargir sangue sobre o povo e o santuário (ver Êx 24:1-8). Depois,
no verso 23, ele começa sua aplicação da nova aliança e do ministério de Cristo no
santuário celestial, dizendo que "as figuras das coisas que se acham nos Céus se puri-
ficassem com tais sacrificios [o sangue de animais], mas as próprias coisas celestiais,
com sacrificios a eles superiores".
Obviamente, o autor tinha em mente o ritual de ratificação que ele acabara de
descrever. Isso fica particularmente aparente pelo uso da palavra f4!.s: "Era necessário,
portanto, que as figuras das coisas que se acham nos Céus se purificassem [k4f7zcm'zÕ]
com Í¢Í.s sacrificios, mas as próprias coisas celestiais, com sacrificios a eles superio-
res."A palavra f4i.s se refere ao sangue aspergido quando Moisés ratificou a aliança e
não ao comentário do autor sobre o Dia da Expiação. Isso leva à conclusão de que
o autor estava relacionando esse aspecto particular da purificação do santuário celes-
tial ao tempo em que a aliança foi ratificada e não à purificação ocorrida no Dia
da Expiação.
0 segundo tipo de uso: purificação da consciência. Ern Hebreus 9..14 e 10-.2, o autor
usa a palavra k4Í#4ri'zÕ para descrever o efeito do sacrificio de Cristo na mente e
no coração de seus leitores. Em 9:14, ele diz que o sangue de Cristo ``purificará
[k4fh4/!`zÕ] a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!" e,
em 10:2, ele diz que os que "tendo sido purificados [k4fh4rí.zÕ] uma vez por todas,
não mais teriam consciência de pecados". E, naturalmente, Levítico 16:30 diz com
toda clareza que um propósito do Dia da Expiação era "[fazer] expiação por tJós,
para purificar-tJos [do grego: k4fÃ4/í'zÕ]; e sereis purificados [do k¢fh4ros, a forma
adjetivada de Á:4f#cm'zÕ] de todos os vossos pecados, perante o Senhor" (itálicos
acrescentados). A pergunta é: 0 autor de Hebreus estava falando da purificação
que o Dia da Expiação provia?
Há uma diferença significativa entre a purificação de lsrael realizada pelo Dia da
Expiação e a purificação que o autor de Hebreus desejava que seus leitores experi-
mentassem. No sistema de rituais levíticos, as pessoas eram purgadas individualmente
de seus pecados ao longo do ano a cada vez que traziam um sacrificio por seus peca-
dos. A purificação no Dia da Expiação, por outro lado, era para todo o acampamento.
Era uma remoção coletiva de todos os seus pecados do santuário, uma purificação
corporativa que a.contecia para todos, ao mesmo tempo, rio fim do ano religioso.
Em contraste, a purificação de que £úa Hebreus 9:14 e 10:2 era aplicada à cons-
ciência de cada leitor do livro, e Hebreus os assegurava que esse beneficio espiritual
estava imediatamente disponível para eles e para qualquer outro cristão. Assim, essa
purificação é mais parecida com a purgação do pecado que estava disponível para
os israelitas durante o ano, em vez da purificação coletiva pelos pecados recebida no
Dia da Expiação. Além disso, na descrição feita pelo autor do ritual de ratificação da
aliança, ele diz que Moisés ``aspergiu não só o próprio livro, como também sobre fodo
o povo" (Hebreus 9: 19, itálicos acrescentados), e ele também diz que essa purificação
da era neotestamentária é superior porque purifica a consciência.
CELESTIAL
Quando examinamos as descrições que o autor de Hebreus faz dos rituais levíti-
cos do santuário, descobrimos algumas diferenças entre o que ele diz e o que lemos
no Antigo Testamento. Um dos exemplos mais evidentes dessas ocorrências está em
sua descrição da ratificação da antiga aliança no capítulo 9:19 a 22 (comparar com
Êx 24:1-8). Cortez diz: ``Nessa conexão, é importante notar que a descrição feita
em Hebreus da inauguração da primeira aliança se desvia do relato de Êxodo 24:1 a
11 em diversos aspectos."2 Relaciono, abaixo, alguns dos pontos em que o relato do
Antigo Testamento e o de Hebreus são diferentes um do outro:
Por que o relato da ratificação da aliança em Hebreus difere de maneira tão sig-
nificativa dos relatos do Antigo Testamento? Por que o autor de Hebreus combina
os rituais da ratificação da aliança com a consagração do santuário? Cortez comenta:
"Esses desvios [...] são importantes para o argumento de Hebreus. Eles possibilitam a
descrição do sacrificio de Cristo como um evento complexo que incluiu [...] a con-
sagração do santuário celestial (9:23) e a inauguração do acesso sacerdotal dos cren-
tes â presença de Deus (10:19-23)."
0 ponto é o seguinte: o autor de Hebreus não estava necessariamente dando a seus
leitores uma análise detalhada, ponto por ponto, dos rituais do Antigo Testamento.
Em vez disso, ele adaptou esses rituais para que se encaixassem em sua argumentação.
Assim, embora possamos tirar algumas conclusões sobre o significado antitípico des-
ses rituais a partir do que ele disse, o uso impreciso desses rituais sugere que devemos
evitar ser demasiadamente dogmáticos.
• 0 autor reconhece que o juízo era futuro em relação a seus dias (9:27).
• Ele entendia que seria uma fase investigativa com o "depoimento de duas ou três
testemunhas" (10:28).
NA CORTE CELESTIAL
• Ele reconhecia que o juízo terminaria com uma fàse executiva (10:26-30).
• Ele coloca esse juízo no contexto do ministério de Cristo no lugar santíssimo
do santuário celestial e do Dia da Expiação (9:25-27).
Conclusão
Para resumir a discussão deste capítulo e dos dois anteriores: o argumento espe-
cífico do autor de Hebreus é que Jesus entrou na presença do próprio Deus e, por-
tanto, por intermédio Dele, cada um dos leitores poderia também entrar diante da
presença do próprio Deus e obter perdão e purificação dos pecados. Eles poderiam
ter a certeza dessa purificação pessoal, mesmo no sentido da purificação provida
pelo Dia da Expiação.
Isso não significa, porém, que o autor de Hebreus estivesse dando aos leitores a
última palavra sobre o significado antitípico do Dia da Expiação. 0 tema principal
de Hebreus s a 10 são as alianças. 0 Dia da Expiação é simplesmente uma ilustração
da superioridade do sacrificio e do ministério mediador de Cristo sob a nova aliança.
0 fato de que, em sua descrição, o autor tenha misturado vários rituais levíticos é
uma clara indicação de que ele não estava dando a seus leitores uma análise precisa,
ponto por ponto, de nenhum deles, inclusive do Dia da Expiação. A mais flagrante
evidência de que o autor não estava tentando dar uma aplicação detalhada do ritual
do Dia da Expiação terrestre para o ministério celestial de Cristo é o fato de que ele
ficou absolutamente em silêncio sobre o crucial rito do bode emissário e do plano
de Deus para acabar com o mal que ele ilustrava tão claramente.
Minha conclusão, portanto, é essa: Hcbrc#s #ão #os dó ¢ p4/¢vrt7ufi#4J sobrc o Di.c] d4
ExpÍ'4fão ceJcsfi.4J. Se hoje encontrarmos em outras partes da Bíblia evidências para
um Dia da Expiação antitípico, podemos nos sentir totalmente livres para analisá-1as
e aplicá-las em sua máxima abrangência sem temer que aquilo que Hebreus diz de
alguma maneira torne nossas conclusões inválidas. E essas evidências estão presen-
tes em outros lugares das Escrituras, como vimos em nossa análise de Daniel 7 e 8.
Desmond Ford reconheceu isso. No manuscrito de Glacierview, ele disse:
Agora, desejamos enfitizar que aquilo que é uerdade para o princípio dpotelesmá-
tico do reino de Deus, o ]ubileu, a Páscoa, a Festa do T;abemáculo também é iier-
dade para o Dia da Expiação. Hebreus 9 aplica esse tipo especialmente para a cruz,
mas 4pocalipse e Paulo o aplicam para a escatologia consumada, o último juí2o.7
alguma fórma, a co#sÍ/Í%4Ção do tempo do fim não possa ser considerada como um
cÍ/-mp/i.mc#fo. Para mim, isso é simplesmente umjogo de palavras. Se o Dia da Expiação
for co#swm4do no tempo do fim, então pelo menos esse aspecto do Dia da Expiação
será c#mpri'do no tempo do fim.
Em minha visão, é quase certo que o autor de Hebreus não conhecia tudo o que
conhecemos sobre a ap]icação do Dia. da Expiação para o tempo do fim. Nós enten-
demos esse aspecto do Dia da Expiação a partir do estudo de Daniel, mas o anjo de
Daniel lhe disse muito especificamente que certos aspectos de suas profecias foram
"encerrados" e selados até o tempo do fim (Dn 12:4). Portanto, o autor de Hebreus
não tinha que entender todas as aplicações escatológicas do Dia da Expiação encon-
tradas em Daniel. Concordo com dois comentários de Alwyn Salom sobre Hebreus:
N;:sooqe:t.u:::::::.:,::râ:ss:tã|om:Stâ::a,::mfi::::?,Sr::::o:odnilf:::,Sseen?r:Soasdsl::1v::
Ços diários e anuais nos santuários terrestre e celestial. Comparamos os serviços que
os sacerdotes israelitas realizavam cada dia durante o ano com o ministério de Cristo
no santuário celestial entre 31 d.C. e 1844, e também comparamos o ministério do
segundo compartimento terrestre com o de Cristo no Céu, de 1844 até o fecha-
mento da porta da graça.
Essa distinção, diz Ford, é estranha ao livro de Hebreus. Ele oferece pelo menos
três razões para essa conclusão: (1) não há um "primeiro compartimento" no Céu;
(2) Hebreus não reconhece a existência de um "serviço diário" no santuário celestial;
e (3) o rrinistério do primeiro compartimento no santuário terrestre era um tipo do
ineficaz ministério do sistema levítico do santuário. Examinaremos as razões de Ford
na ordem em que as apresentei acima.
cia a todo o j4#fwár!.o terrestre, enquanto Ford o interpreta como uma referência à cm
do santuário terrestre.
Fordjustifica isso com base no verso 9, que diz que o píofés sÁ:é#éJ -o 1ugar santo
do santuário terrestre - era uma parábola, um tipo, do miristério ineficaz da cm do
santuário do Antigo Testamento e que, por isso, ele não é um tipo de na,da no san-
tuário celestial durante a era cristã. Parece-me, todavia, muito mais consistente com
o tema das alianças de Hebreus s a 10 dizer que o santuário terrestre e seus rituais,
tanto do lugar sapto como do lugar santíssimo, são uma parábola, um símbolo, de
todo o ministério de Cristo no santuário celestial, tanto no lugar santo como no
lugar santíssimo.
Vamos assumir, por um momento, que Ford esteja certo, e que o primeiro com-
partimento do santuário terrestre seja um tipo do ministério ineficaz do santuário
terrestre, representando toda a era antes da cruz. Com isso, temos a estranha situação
em que o irinistério do primeiro compartimento no sa,ntuário terrestre era um tipo
de si mesmo! Isso não soa muito bem.
Também precisamos perguntar se o sacrificio de cordeiros e outros animais no
serviço diário representava a morte de Cristo na cruz. E precisamos perguntar se a
NÀ ÊCRTE €
aplicação feita pelo sacerdote do sangue dos animais sobre o altar de sacrificio no
pátio, ou sobre o altar de incenso no lugar santo, representava alguma coisa que Cristo
vem fazendo como nosso mediador no santuário celestial desde o Calvário. Se for
assim - e não vejo como alguém pode argumentar diferentemente -, então os servi-
Ços do primeiro compartimento do santuário terrestre não representavam, em abso-
luto, a cr# terrestre anterior à cruz. Eles representavam uma parte importante do r€cí/
plano divino de salvação que teria lugar quando os serviços do santuário terrestre
chegassem ao fim. Eles eram um tipo de alguma coisa no santuário celestial: a imo-
lação do cordeiro representa a morte de Cristo na cruz, e o ministério mediador dos
sacerdotes no altar de sacrificio no pátio e no altar de incenso no lugar santo repre-
senta o ministério de Cristo no santuário celestial para o perdão dos nossos pecados
durante a era neotestamentária (ver 1]o 1:9; 2:1).
No capítulo 29, argumentei que a sala do trono de Deus no santuário celestial é
uma combinação do "primeiro compartimento" com o "segundo compartimento".
Assim, é razoável presumir que o ministério de Cristo no santuário celestial desde 31
d.C. inclui o antítipo do ministério realizado pelos sacerdotes nos serviços diários do
santuário terrestre. Quando você e eu confessamos nossos pecados e buscamos o per-
dão de Deus,Jesus responde da grandiosa sala do trono de Deus com Seu ministé-
rio do primeiro compartimento. Parece-me que Hebreus 4:14 a 16 é uma excelente
representação do ministério do primeiro compartimento de Cristo no santuário
celestial: ``Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande Sumo Sacerdote que
penetrou os Céus, conservemos firmes a nossa confissão. Porque não temos Sumo
Sacerdote que não possa compadecer-Se das nossas fraquezas; antes, foi Ele tentado
em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto,
confiadamente,junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e achar-
mos graça para socorro em ocasião oportuna."
Para conc{uir
Em relação a este capítulo e aos quatro capítulos anteriores é possível concluir
que o autor de Hebreus está particularmente ansioso por fazer seus leitores entende-
rem que, enquanto o povo de Deus que viveu antes da cruz tinha um acesso muito
limitado a Deus no santuário terrestre, agora, cada crente tem acesso direto a Deus
por intermédio de Cristo, que está sentado à direita do Pai, dentro da grandiosa sala
do trono no Céu. ]á não existe mais um véu para proteger os sacerdotes e o povo
da presença de Deus. 0 grande templo do Céu inclui o lugar santo e o lugar santís-
simo do santuário terrestre, e Cristo está realizando os ministérios que ambos repre-
sentavam.Várias vezes, o autor de Hebreus ilustrou seu tema, fazendo referências ao
ministério anual do Dia da Expiação realizado por Cristo, mas aqui ele é impreciso,
combinando certos rituais e deixando de fora outros detalhes importantes. E o mais
notável: ele não faz, em absoluto, referência ao crucial ritual do bode emissário do
Dia da Expiação terrestre.
Devemos entender que a preocupação principal do autor era assegurar a seus
vacilantes companheiros judeus cristãos que o ministério celestial de Cristo era
G DIÀRIC EM
muito superior a. qualquer ritual dos quais eles pudessem participar no templo de
jerusalém. Cristo podia verdadeiramente purificar a mente e o coração deles do
pecado de uma forma que o sacrificio de cordeiros e bodes jamais poderia fazê-lo.
Entretanto, não devemos esperar que o autor de Hebreus tenha todas as revelações
sobre o santuário celestial e o cumprimento final do Dia da Expiação que encontra-
mos de maneira tão clara em Daniel, porque isso foi totalmente selado até o tempo
do fim (ver Dn 12:4, 9).
Muitos críticos do ensinamento adventista sobre um juízo investigativo no Céu,
que é um antítipo do Dia da Expiação terrestre, têm usado Hebreus como uma
de suas principais bases. Hebreus, dizem eles, contradiz e invalida totalmente o
entendimento adventista tradicional. Minha análise, porém, conclui diferentemente.
Existem fortes evidências bíblicas para apoiar a conclusão de que há, no Céu, um
juízo investigativo no tempo do fim, que é o antítipo do Dia da Expiação no san-
tuário terrestre. Embora Hebreus não desenvolva essa conclusão de maneira mais
ampla, ele, de fato, assim sugere e, de nenhuma forma, o contradiz.
0:|:d::nis:;:áos:àt,1|:ooá:aea;:eedsl::|Torqe:eb:j::.noyohitee.:àceer:iu,::::od:spprí::::
Santo a inspirou da mesma fórma que os inspirou. Entretanto, também afirmamos
que a Bíblia é o fundamento de nossa fé e que nossos principais ensinamentos estão
baseados nas Escrituras e não naquilo que E11en White disse. Por essa razão é que,
para compor este livro, extraí evidências sobre vários aspectos do juízo investigativo
das Escrituras. Poucas vezes citei Ellen White, e mesmo nesses exemplos, meu pro-
pósito não foi utilizá~1a primariamente como prova da correção do tópico sob con-
sideração; em vez disso, citei-a como um ponto de evidência, entre outros, quanto
àquilo que os adventistas historicamente têm acreditado sobre certos aspectos do
juízo investigativo.
Entretanto, visto que os adventistas consideram que ela foi inspirada por Deus,
ela tem dado forma em grande medida a nosso entendimento sobre o juízo inves-
tigativo. É apropriado, portanto, que dediquemos algumas páginas deste livro para
considerar o que essa autora disse. Note que muito mais poderia ser dito sobre Ellen
White e o juízo investigativo do que eu posso dizer neste capítulo.
Nos capítulos 3 e 4, tratei do entendimento de Ellen White sobre o juízo e sua
relação com a justificação pela fé e o grande conflito, de modo que não tratarei des-
ses assuntos aqui. Neste capítulo, destacarei quatro assuntos: (1) o ponto de vista de
Raymond Cottrell sobre E11en White como uma autoridade doutrinária; (2) a quem
Ellen White atribui a função de decidir, no juízo investigativo, quem obtém a vida
eterna, e quem não a obtém; (3) o que Ellenwhite disse sobre a relação entre o juízo
investigativo e a expiação; e (4) as implicações de uma visão na qual Ellenwhite disse
ter visto o santuário celestial.
Ellen White foi uma mensageira de Deus para a igreja remanescente. [...].
Parece-me que é preciso reconhecer a autoridade do ensinamento de E11en
White para que possamos estabelecer nossa interpretação de Daniel 8:1.4.3
não são encontrados nas Escrituras. Por exemplo, nosso ensinamento básico sobre o
conflito entre o bem e o mal é claramente bíblico, mas Ellenwhite inclui muitos
detalhes desse conflito que não estão nas Escrituras. 0 mesmo é verdade quanto ao
nosso entendimento sobre os eventos do tempo do fim; embora os conceitos bási-
cos sejam bíblicos, E11en White acrescenta muitas revelações.
Minha objeção à explicação de Cottrell sobre o juízo investigativo é que ele fez
de Ellenwhite a base do nosso entendimento sobre essa doutrina. Isso eu não posso
aceitar, nem penso que devemos aceitar. Neste livro, tenho mostrado o que acredito
ser uma firme base bíblica para a doutrina do juízo investigativo como um Dia da
Expiação no santuário celestial, iniciado em 1844.
• "Assistido po/ 4#/.os ccJesfí.c#`s, nosso grande Sumo Sacerdote entra no lugar santís-
simo, e ali comparece à presença de Deus a fim de [...] realizar a obra do juízo
de investigação."8
• "Uesus] ergue as mãos feridas perante o Pai c os sci%fos mjos."9
• "0 pecado pode ser escondido [...], porém, [a fflta] jaz descoberta pcrfl#fc os scrcs
ceiestiais:'io
• "Quão pouca solicitude é experimentada belos seres humanos] com referência
àquele registro que deve ser posto sob o o/hw dos scrcs cc`csfi'4i's/"ít
Essas declarações deixam evidente que E11en White entendeu claramente que os
anjos têm urn papel no juízo investigativo.
4 t% p4ssÍ.v4. Em todo o capítulo de Ellen White sobre o juízo investigativo, as
referências às decisões sendo tomadas estão consistentemente na voz passiva. A voz
passiva declara o que foi feito, mas não diz quem fez. Assim, a declaração de que
"a bola foi chutada" é uma oração completa; mas, a menos que ela prossiga e diga
"por José", sQmente podemos presumir quem chutou a bola. Ao escrever sobre
esse julgamento, Ellen White disse: "Aceitam-se nomes, e rejeitam-se nomes." Essa
é uma oração na voz passiva (sintética),í2 e E11enwhite não chegou a dizer quem
aceita e quem rejeita. Além disso, quando E11en White escreveu sobre "os que no
juízo forem `havidos por dignos",í3 ela não disse por quem eles foram tidos por
dignos. Não há uma declaração do tipo "por fulano ou sicrano" nessas citações.
É suficientemente fácil presumir que Deus é quem toma as decisões, mas as decla-
rações, na verdade, não c7Í.27cm isso.
Acho significativo que Daniel 7:21 e 22 também use a voz passiva em cone-
xão com decisões no juízo: "Eu olhava, e eis que essa ponta fazia guerra contra os
O JÜIZO
santos, e os vencia. Até que veio o ancião de dias, e/oÍ. d4cío o jwí'zo aos santos do
Altíssimo; e chegou o tempo em que os santos possuíram o reino" (ARC; itálicos
acrescentados) . É fácil assumir que foi o Ancião de Dias que deu juízo em favor dos
santos, mas Daniel não disse isso, uma vez que a frase está na voz passiva.
Igualmente, é fácil assumir que, na declaração de Ellen White sobre nomes
sendo aceitos e rejeitados, Deus é quem toma as decisões sobre o merecimento de
cada santo quanto à salvação. Entretanto, temos que manter essas palavras no con-
texto da repetida ênfase dada por Ellen White, nesse capítulo, sobre a participação
dos anjos no juízo. Proponho que são os anjos que aceitam e rejeitam os nomes, e
são os anjos que consideram os santos dignos da vida eterna.Visto que Deus pre-
side o julgamento, é apropriado ligá-Lo ao processo, e é nesse contexto que deve-
mos interpretar as declarações de Ellen White em que parece que é Ele quem
toma as decisões.
Como já disse antes, devemos entender os anjos aceitando e rejeitando nomes e
considerando os santos dignos da vida eterna como wm c#cÍosso dcíj cJcci'sõcs q#c Dcwsjá
fomoí/. Os anjos não determinam quem será salvo e quem se perderá. Deus é quem
faz isso. Ao julgar a salvação eterna das pessoas, os anjos estão meramente confir-
mando para eles ajustiça das decisões de Deus. Eles estão edificando sua fé najus-
tiça divina.
Há uma exceção nos casos da,s orações na voz passiva sobre decisões tomadas no
juízo. Pouco antes do término do capítulo sobre o juízo investigativo, Ellen White
escreveu: "Embora todas as nações devam passar em juízo perante Deus, Ele exa-
minará o caso de cada indivíduo, com um exame tão íntimo e penetrante como se
não houvesse outro ser na Terra."í4 Essa declaração está na voz ativa, o que signi-
fica que ela apresenta Deus como quem examina a vida de homens e mulheres; a
implicação é que Ele é quem toma as decisões no julgamento.
Responderei indicando que Deus, de fato, examina os detalhes da vida de cada
ser humano durante o tempo da vida e no momento da morte da pessoa. Isso,
naturalmente, inclui o exame daqueles que estão vivos agora, no tempo do juízo.
A pergunta é: É mesmo %ccc5só/í'o que o Deus onisciente examine a vida dos seres
humanos que viveram em épocas passadas para que, então, Ele possa decidir, no
juízo, quem é digno da salvação? Menciono esse ponto porque Ele é onisciente
e, por conseguinte, não precisa fazer isso, sendo um erro concluir, a partir dessa
declaração de E11en White, que Ele é quem toma as decisões no juízo. No pará-
grafo em que es.sa declaração aparece, E11en White faz um longo comentário sobre
a seriedade com que cada cristão deveria viver à luz do juízo, e me parece que
esse é o ponto para ela nessa declaração, e não se Deus é realmente quem revê a
vida e toma as decisões.
Uma questão relacionada com isso, da qual precisamos tratar resumidamente,
é uma declaração de E11en White em 0 GÍ4#dc Co#j3í'fo: "0 lntercessor divino
apresenta a petição para que sejam perdoadas as transgressões de todos os que
venceram pela fé em Seu sangue."í5 Isso parece sugerir que o povo de Deus tem
que esperar até o juízo para que seus pecados sejam perdoados, ao passo que a
Bíblia promete perdão imediato, assim que nossos pecados são confessados (ver,
por exemplo,1Jo 1:9).
Minha resposta para esse problema é muito simples: Ellenwhite conhecia muito
bem o ensinamento bíblico sobre a justificação pela fé. Quem já leu livros como
Caminho a Cristo, Parábolas deJesus, 0 Desejado de Tlodas as Nações e o ca,pttulo sobre
justificação pela fé em Mc#s4gcíü EscoJ#Í`d4s (v.1, p. 350-400), sabe que ela tinha
uma compreensão muito clara do evangelho. Repetidas vezes, ela assegurava aos
leitores tanto a garantia do perdão de Cristo quanto a aceitação deles no momento
em que se arrependiam e confessavam seus pecados.í6 0s escritores dizem, às vezes,
coisas que, à primeira vista, parecem contradizer aquilo em que acreditam ou que
mencionaram de maneira clara em outro lugar. 0 próprio Paulo fazia isso de vez em
quando (comparar Rm 3:20 com 2:13). Portanto, temos que considerar o principal
sistema de crença do autor como o alicerce para nossa interpretação dos seus escrí-
tos e interpretar declarações aparentemente contraditórias dentro desse contexto,
em vez de isolar a declaração aparentemente contraditória, e considerá-la como uma
representação da crença do autor. Representamos inadequadamente E11en White
quando distorcemos declarações como a que citei acima para fizer com que elas
contradigam outras declarações nas quais ela tem manifestado de maneira muito
clara suas crenças sobre ajustificação pela fé e o perdão do pecado.
0 parágrafo de 0 Grwí£cíc Co#j?!'fo que contém a declaração de E11enwhite sobre
o perdão começa com estas palavras: "0 mais profundo interesse manifestado entre
os homens nas decisões dos tribunais terrestres não representa senão palidamente o
interesse demonstrado nas cortes celestiais quando os nomes inseridos nos livros da
vida aparecerem perante o Juiz de toda a Terra."" Segue, então, a declaração sobre
]esus pedindo que Seu povo seja perdoado. Então, quem nas "cortes celestiais" está
manifestando "o mais profundo interesse" nos processos? Proponho que sejam os
anjos. E o ponto de E11enwhite é que, diante das acusações de Satanás contra os
santos, as quais os anjos estão 1evando em consideração,Jesus está pedindo aos 4#/.os
que eles aceitem Seu julgamento do caso de cada santo, que é "perdão e justifica-
Ção, amplos e completos".[8 E, naturalmente, eles aceitarão! Embora E11enwhite de
fato não o diga, isso é consistente com o que ela realmente manifesta nesse capítulo.
Na cidade vi um templo no qual entrei. Passei por uma porta antes de che-
gar ao primeiro véu. Este véu foi erguido, e eu entrei no lugar santo. Ali
vi o alta,r de incenso, o castiçal com sete lâmpadas e a mesa com os pães
da proposição. Depois de ter eu contemplado a glória do lugar santo,jesus
levantou o segundo véu, e eu passei para o santo dos santos.
No lugar santíssimo vi uma arca, cujo alto e lados eram do mais puro ouro.
Em cada extremidade da arca havia um querubim com suas asas estendidas
sobre ela.Tinham os rostos voltados um para o outro, e olhavam para baixo.
Entre os anjos estava um incensário de ouro. Sobre a arca, onde estavam os
anjos, havia o brilho de excelente glória, como se fora a glória do trono da
habitação de Deus.Jesus estavajunto à arca, e ao subirem a Ele as orações dos
santos, a fumaça do incenso subia, e Ele oferecia Suas orações ao Pai com o
fumo do incenso. Na arca estava a urna de ouro contendo o maná, a vara de
Arão que florescera e as tábuas de pedra que se fechavam como um livro.25
No capítulo 28, "Jesus Além do Véu", argumentei que, embora existam, provavel-
mente, dois ``lugares" no santuário celestial que são o antítipo do lugar santo e do lugar
santíssimo do santuário terrestre, o Pai e o Filho estão juntos em ambos os lugares, sem
a separação de um véu entre eles. Alguns adventistas podem querer argumentar que a
declaração de Pri.mci'ros Escrí.fos é uma evidência de que há dois compartimentos no
santuário celestial com um véu entre eles.
Entretanto, parece-me bastante óbvio que Ellen White estivesse descrevendo o
santuário celestial com uma linguagem tirada da descrição do santuário terrestre no
Antigo Testamento, e seria um erro assumir que o santuário celestial é literalmente
igual ao que e.1a retrata nessa declaração. A arca do concerto do santuário terrestre
é um tipo do trono de Deus no Céu, e os dois anjos em pé sobre a tampa da arca
representam a miríade de anjos em pé ao redor do trono de Deus (ver Dn 7:9,10;
Ap 5:11). Mas, seguramente, a sala do trono celestial é imensamente superior a sua
minúscula representação no santuário terrestre! Ellen white também disse que, den-
tro da arca, ela viu os dez mandamentos que "se fechavam como um livro'', a urna
contendo o maná e a vara de Arão que florescera.Alguém poderá até argumentar em
favor de tábuas dos dez mandamentos literais, mas me parece muito estranho supor
que a urm de maná e a vara de Arão que florescera existam no santuário celestial!
ELLEN WHITE E C JÜ!ZO
] Isso é, de fato, verdade quanto aos escritores do Novo Testamento. Eles frequentemente aplicavam profécias
do Antigo Testamento de maneira que nada tinham que ver com aquilo que o profeta quis dizer.Ver, por
exemplo, Mateus 2: 18, em que Mateus tomou a profecia deJereinias 31:15 sobre o pranto de Raquel pelos
seus filhos e a aplicou à mata.nça de bebês do sexo masculino por Herodes, em Belém.]eremias não tinha
isso em mente quando falou aquelas palavras.
2 FLayrnond E. CottreH," 1844, the lnuestigatiue Judgment, the Sanctuary" , p. 35.
3 ibid., p. 37.
4 Ellen G.White, "0 Grande ]uízo lnvestigativo", em 0 Grj2#de Co#j3i.fo, p. 479-491.
5 ibíd., p. 483.
6 Ibid.; três vezes na página 482 e uma vez na página 483.
7 Ibid., p. 479; itálico acrescentado.
8 ibid., p. 480; itálico acrescentado.
9 ibid., p. 484; itálico acrescentado.
" Ibid., p. 486,. itálico acrescentado.
" Ibid., p. 487; itálico acrescentado.
t2 Nota do tradutor: Embora essa oração esteja na voz passiva. sintética. (daí o uso da. partícula apassivadora
"se"), o agente, nesse caso, também é indeterminado, o que vem a ser o ponto do autor.
" Twhite," 0 Gmnde Conflito" , p. 482.
14 Ibid., p. 490.
„ Ibid., p. 484.
t6 Ver, por exemplo, o último parágrafo da página 41 de C4mi.#bo 4 Cri.sfo e Mc%s¢gcí# EscoJhi.d45, v. 1,
p. 382, 392.
17 White, " 0 Gr4Ítde Co%j]i.fo", p. 483, 484.
is ibid., p. 484.
ig ibid., p. 480; itálicos acrescentados.
2°Ver, por exemplo, Levítico 4:13-20.
2] George R. Knight, Qwcsfõcs Soõre DoÍ/Íri.#a, p. 251.
22 ibid., p. 260; itá]icos acrescentados.
23 White, Pri'wcÍ.ros Escrt.fos, p. 260; itálico acrescentado.
24 White, " 0 GÍ4#dc Co#j3t.fo", p. 480; itálico acrescentado.
25 TWLite, " Primeiros Escritos" , P. 32 .
COLOCAND0
TUDO JUNTO
Alqei:s:àeçeàt:shhwwoo:eà:1::::|:od:uÉral:ae|:dnv:nàtta|gdooiueís:::::e,Sot:=:1io.uo::.:::e:
significativas de Apocalipse, no Novo Testamento. Nos capítulos anteriores deste livro,
examinamos de modo detalhado esses variados elementos da crença, adventista sobre o
juízo investigativo. Em cada um deles, nossa principal pergunta tem sido: Isso é bíblico?
Isso pode ser razoavelmente demonstrado a partir das Escrituras? Concluí que sim.
Cada parte do ensinamento adventista sobre o juízo investigativo pode ser defendida
com base na Bíblia. Neste capítulo, quero colocar tudo junto, como um todo.
morte. 0 propósito do juízo investigativo é dar a esses seres celestiais uma oportu-
nidade para revisar a vida de cada ser humano que alguma vez tenha afirmado ser
um seguidor de Deus. Esse julgamento também dá a Satanás uma chance de apre-
sentar melhor sua acusação contra nós diante de Deus e dos anjos. Entretanto, você
e eu não precisamos temer os ataques dele porque podemos ter a certeza de que,
como nosso mediador,Jesus apresentará o nosso caso com perfeição diante dos
anjos, apontando nosso arrependimento, nossa confissão do pecado e Sua morte na
cruz, que expiou esses pecados. Ele apontará para a própria justiça, a qual cobriu
nossos pecados, e pedirá que nos sejam concedidos "perdão e justificação, amplos
e completos".2
No encerramento do juízo investigativo, Deus será vindicado em todas as Suas
decisões ao lidar com o pecado e os pecadores. Os anjos concordarão que todos
aqueles que confiaram em ]esus e foram vitoriosos em Seu nome merecem passar
a eternidade com eles em Seu reino, enquanto os rebeldes devem ser banidos para
sempre do Universo.
A palavra para isso é fcocJj'cc£.4, isto é, justificar Deus pela maneira como Ele tem
lidado com o problema do pecado.A crença adventista sobre o juízo investigativo deve
ser compreendida de acordo com o conceito de teodiceia ou não se harmonizará com
a crença bíblica sobre a justificação pela fé.
Teodiceia em Levítico
Uma das mais claras exposições do Antigo Testamento sobre a maneira de Deus
lidar com o pecado é encontrada em Levítico. Estudar esses rituais pode parecer
tedioso, mas eles são uma representação em miniatura do plano de Deus para salvar o
ser humano do pecado e do plano divino para eliirinar o pecado de todo o mundo
e até do Universo.
No sistema levítico, os pecadores tinham a cada dia do ano a oportunidade de
levar animais para o santuário como sacrificios por seus pecados. 0 pecado era trans-
ferido do pecador para o animal, e o animal era imolado como pagamento pelo
pecado. Naturalmente, o sangue dos animais não podia expiar o pecado humano (ver
Hb 10:1). Isso era apenas uma representação em miniatura do supremo sacrificio de
Cristo m cruz, por meio do qual Ele levou os pecados de cada ser humano.
Depois que o animal era morto, o sacerdote recolhia o sangue e o aspergia sobre
o altar do sacrificio do pátio ou sobre o altar de incenso no lugar santo. Por meio
desse ato de riediação após o sacrificio, o pecado era transferido para o santuário e
o pecador era perdoado. Isso representava o ministério mediador de Cristo em favor
dos pecadores no santuário celestial depois de Sua ascensão em 31 d.C. A mediação
de Cristo no santuário celestial aplica os beneficios de Seu sacrificio aos pecadores
individualmente, quando eles se arrependem de seus pecados, confessam-nos e bus-
cam o perdão.
No santuário terrestre, a transferência do pecado para o santuário significava que
Deus aceitava a responsabilidade temporária por ele. Entretanto, Ele não merecia
ser responsabilizado pelo pecado; Deus assumia essa responsabilidade com o único
propósito de aliviar o pecador no momento. Isso representa o fato de que, no santuá-
rio celestial, Deus assume a responsabilidade por nossos pecados para que possamos
ser perdoados. jesus aceitou essa responsabilidade em nome da Divindade quando
morreu na cruz (ver ls 53:4-6,12; 1Pe 2:24).
No santuário terrestre, todos os pecados da congregação eram removidos do san-
tuário no Dia da Expiação, sendo colocados sobre o bode emissário. 0 bode então
levava aquela carga nociva para Azazel, uma representação de Satanás. Isso ilustra o
fato de que Deus não pode ser considerado responsável por nossos pecados, e que
Ele não assumirá para sempre a responsabilidade por eles. Essa responsabilidade será,
oportunamente, lançada de volta para Satanás, o originador do pecado e, por sua
morte e a morte de todos os seus seguidores, a rebelião contra Deus que ele ini-
ciou será banida para sempre do Universo. ``Pecado e pecadores não mais existem.
0 Universo inteiro está purificado."3
É importante entender que os rituais levíticos eram uma representação da teodi-
ceia, isto é, o plano de Deus para livrar o mundo e o Universo do pecado.
Teodiceia em Daniel
que ver com teodiceia.Além disso, o carneiro e o bode dos versos 3 a s são animais
do santuário, em contraste com os animais selvagens do capítulo 7. De fato, dois car-
neiros e dois bodes eram usados no Dia da Expiação. Também há o fato de que a
purificação do santuário de 8:14 ocorre precisamente no mesmo ponto da linha da
história desse capítulo na qual ocorre o juízo na linha histórica do capítulo 7.Assim,
se o juízo do capítulo 7 for uma cena do Dia da Expiação celestial, então a purifi-
cação ou vindicação do santuário de 8:14 também o é.Além disso, o ataque do chi-
fre pequeno ao santuário no capítulo s é chamado de pecado de rebelião pc5ÍM' no
verso 13, e o Dia da Expiação era a única vez na rotina dos serviços levíticos em que
se lidava com os pecados pcs#4'. Finalmente, embora as palavras hebraicas traduzidas
como ``purificadas" em Daniel 8:14 e Levítico 16 sejam diferentes, os tradutores do
Antigo Testamento para o grego usaram uma única palavra grega para traduzir essas
duas palavras hebraicas.
Por essas razões, a purificação ou vindicação do san em Daniel 8:14 pode
ser entendida como um Dia da Fxpiação celestial. //
0 princípio dia-am
Cada uma das profecias de Daniel 7 e s inclui u período de tempo. Em Daniel
7:25, o tempo é dado como "tempo, tempos e metade e um tempo", o que Apocalipse
12:6 reinterpreta como 1.260 dias. Em Dariel 8:14 o período de tempo é de 2.300
tardes e manhãs, o que, de uma maneira ou de o ra, todos os intérpretes entendem
como dias. Entretanto, a maneira como interp amos esses ``dias" depende de como
interpretamos as visões como um todo. Os que entendem que as visões de Daniel 7 e
8 foram cumpridas na história a,ntiga interpretam os 1.260 dias e os 2.300 dias como
um tempo literal. E assim deve ser, pois interpretá-1os como anos seria estender as pro-
fecias para muitos séculos além do tempo do seu suposto cumprimento. Os adventis-
tas do sétimo dia, porém, interpretam os 1.260 dias e os 2.300 dias de acordo com o
princípio dia-ano, no qual um dia simbólico representa um ano literal. Uma das prin-
cipais razões para fazermos isso é que essa é a única maneira de encaixar esses períodos
de tempo em nosso método historicista, que vê as profecias se estendendo por milha-
res de anos ao longo da história do mundo.Além disso, os estudiosos da profecia têm
usado o princípio dia-ano para interpretar as profecias de Daniel por mais de 2 mil
anos, e o conceito básico do uso da palavra "dia" para representar um ano era parte do
pensamento judaico 2 rnil anos antes disso. Assim, não há nada particularmente novo
ou fora do comum quanto ao princípio dia-ano.
05 ].260 cJí.cis. Os adventistas do sétimo dia creem que os 1.260 anos começa-
ram em 538 d.C., quando o imperador romano Justiniano apontou o papa como o
líder de todas as igrejas cristãs, e se estenderam até 1798, quando o aprisionamento
do papa pôs fim às centenas de anos de poder político exercido pelovaticano sobm
as nações da Europa.
05 2.joo di'4s. Nós baseamos nosso cálculo dos 2.300 anos em Daniel 9. 0 capí-
tulo s nos diz que Gabriel intemompeu sua explicação sobre a visão do capítulo s exa-
tamente quando estava para começar a explicar os 2.300 dias, pois Daniel havia adoecido.
Êflm±N"D±3f
Mas isso não fez cessar o interesse do profeta em relação ao misterioso período de
tempo. 0 capítulo 9 de seu livro diz que, vários anos mais tarde, em resposta ao vigoroso
questionamento dele sobre o tempo para os judeus voltarem para sua, pátria e recons-
truírem o templo, Gabriel apareceu outra vez a Dairiel. Ele disse para o profeta que 70
semanas haviam sido "cortadas" para osjudeus, mas não disse de onde tinham sido corta-
das. Historicamente, os adventistas têm afirmado que elas foram cortadas dos 2.300 dias
de Daniel 8, uma vez que essa era a parte da visão que ainda não havia sido explicada.
4s 70 scmczí"s. No princípio dia-ano, 70 semanas representam 490 anos. Gabriel
deu a Daniel um evento específico para o começo desse período. Ele disse: "desde a
saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe,
sete semanas e sessenta e duas semanas" (Dn 9:25). Uma operação de aritmética sim-
ples nos diz que sete semanas somadas a 62 nos dão 69 seriams, um total de 483 dias,
ou 483 anos no princípio dia-ano. E o mais s premdefl€e é que, a partir da ordem
dada por Artaxerxes de "restaurar e edifi Jerusalém" em 457 a.C. até o batismo
de Cristo em 27 d.C„ decorreram e amente 483 anos! A profecia das 70 semanas,
então, confirma a validade do pri n#a:
io dia-ano, ao mesmo tempo em que dá a base
para o cálculo dos 2.300 anos de Daniel 8:14. Uma vez que as 70 semanas começa-
ram em 457 a.C., os 2.300 a 0 também começaram nesse te terminando em
1844 d.C., menos de 50 anos e ois do fim dos 1.260 anos de D ! Somente
o Deus que está no Céu poderia começar duas profecias de teii OS 2.300 dias e
os 1.260 dias) com mil anos de diferença entre elas, na história antiga, e terminá-las
com 50 anos de diferença, em nossos dias.
Esse entendimento das profecias de Daiiiel e a confirmação dada pelo batismo de]esus
no tempo exato compreende a razão pela qual os adventistas do sétimo dia dizem que a
purificação ou vindicação do santuário de Daniel 8:14 começou em 1844. E porque
a purificação do santuário de Daiiiel 8: 14 ocorre no mesmo ponto da linha histórica em
que ocorre o juízo do capítulo 7:9 e 10, concluímos que esse juízo, que chamamos de
juízo investigativo, também começou em 1844. Chegamos até a definir essa data como
22 de outubro de 1844, fiindamentados em uma analogia entre as diversas festas do ca-
lendário religioso levítico e o tempo de seu cumprimento no antítipo.
Concluindo
í Frank 8. Holbrook, "0 Grande Conflito", cm: T/4f4do dc TcoJogi.4 4dtJc#fi.sf4 do Séfi.mo Di`4, p.1104.
2 Ellen G.White, 0 G/íinde Coqfli.fo, p. 484.
`` Ibid., p. 678.
HE=H
J, -----\
OUE DIFERENÇA
ISS0 FAZ?
Empgr::anr:çá:.|Pfi::ap::ts:,C.a:ít.u',:;Élaz|huoT#áiladap.pr:suqnu,1:ae:antieu:,lgus:if|oess,mQe::
diferença a crença adventista sobre o juízo investigativo faz em sua. vida pessoal e
caminhada espiritual com Deus? Aqui estão algumas das respostas que obtive:
• ``Por que ter uma religião se não há um juízo para separar o bem do mal?"
• "0 juízo investigativo é como o ar: está sempre lá, e eu não penso sobre ele."
• "É um pouco assustador, porque Deus observa cada aspecto da ininha vida."
• "Tenh ouvido as pessoas discutindo sobre isso, mas eu me pergunto: Qual a
para tanta discussão? 0 juízo não faz a menor diferença no meu relaciona-
nto com Deus.„
lJhuoipoa::v=tTga:::=ori:ã:aa:::|q£:learesstoeà:ep|rsos::9ParaserJulg"
:::guqauned::
É c\àQ equena pesquisa não é nada científica, mas acredito que essas
poucas respos obtive apontam para um problema: os adventistas do sétimo
dia, em sua maio7;parte, estão cientes sobre nossos ensinamentos a respeito do juízo
investigativo, rr}aé essa crença não tem muito significado espiritual para eles. Antes
que fiquemos \'muito alarmados, vamos colocar tudo isso em perspectiva com outro
ensinamento q-ue é amplamente aceito como parte do cristianismo ortodoxo. Que
tipos de respostas obteríamos se fizéssemos uma pesquisa perguntando para as pes-
soas sobre o beneficio espiritual que elas recebem da doutrina da trindade? Essa dou-
trina tem profundas implicações espirituais; mas, para a maioria das pessoas, ela é, para
colocar nas palavras de um de meus entrevistados, como o ar: a trindade é impor-
tante como doutrina, mas e daí? Na verdade, nem mesmo pensamos muito sobre isso.
Devo me apressar para observar que, obviamente, não saímos por aí, dia após dia,
pensando sobre a trindade, o juízo investigativo e as outras 26 crenças fundamen-
tais. Na maioria da,s vezes, esses ensinamcmtos ficam no fundo de nossa mente, fora
do conhecimento consciente. Apesar disso, eles influenciam nossas atitudes a respeito
de nós mesmos e de Deus ao vivermos cada hora dos nossos dias. Por exemplo, como
você se sente quando faz algo errado?Você se sente culpado, é claro! E você tem esse
sentimento porque sabe que Deus o está julgando por aquilo que você fez. Nesse
momento, o ponto não é qw4#cJo ocorrerá o juízo. 0 ponto é simplesmente que você
sc sc#fcjulgado.Afinal, foi o próprio Jesus quem disse que uma das funções do Espírito
Santo em nossa vida é nos corivencer "do pecado, da justiça e do juízo" Uo 16:8).
Saber sobre o juízo de Deus contra o pecado nos ajuda a não ceder à tentação. E esses
CÔRTE €ELESTIÁL
;ooss'pa:àlálav:Su::e[tí:0|-dgm:rnot:.ósltodesteCapítuloéexamlnaressesaspectosposltl-
um:euu::r:àsapa#aGenera]Motors,aFordeachrys]erdec[dssemabr]rtodososseus
Um Deus razoável
Relacionada de perto com essa ideia está a percepção de que servimos a um
Deus muito razoável. Falando por intermédio de lsaías, Deus disse: "Vinde, pois, e
arrazoemos" (Is 1:18). Deus criou os seres humanos com inteligência e respeita essa
inteligência. Ele espera que queiramos entender Seus atos e, então, põe-se a explicá-
los para nós. Convenhamos, devemos ter fé em Deus, e por uma boa razão: Ele
pode ver muito além da nossa limitada perspectiva. Ele entende coisas que, para nós,
seriam impossíveis de entender. Dentro do que podemos entender, Ele nos convida:
" b7i.Í£dc, pois, e arrazoemos".
Um Deus razoável é, para mim, uma das grandes lições espirituais do juízo inves-
tigativo. Essa doutrina me diz que meu Deus não é arbitrário. Ele não é um dita-
dor divino. De fato, parte da razão pela qual eu posso confiar Nele é saber de Sua
üÜE 0lFEREN
:e:sJ:el:#aio¥e::¥O::ionetfs?:É;sÉ:eorqe::oAnã:e;:;ÊÉu,s:;õfi:;ods:d;ffiàql;eee::a:z;:qv:::tio;:
semEPÍ:oud::eá:so:rdaên_íaessçíeçõme:nqe:reaappL:ennad:gcoor:adoutrLnado„íZoLnvestLgat]Vo
eu não fique pensando sobre isso todo dia, o dia todo, a compreensã.o de que
íus é razoável e que respeita meus questiommentos traz paz para minha mente ao
igo do dia, mesmo quando não estou pensando sobre esse assunto.
£o\#ruat:ío%edt:.JUíZ°tnuesttgatwonosdtzquetemosumDeusrazoáuelquenostratacomo
0 juízo investigativo me diz que Deus éjusto.A recompensa eterna que cada pes-
soa recebe estará em harmonia com o tipo de vida que ele ou ela tem vivido.A ques-
tão principal é se temos confiado emJesus. Os que confiam Nele experimentam uma
mudança espiritual de mente e coração chamada de ``conversão", a qual permite que
eles observem as leis de Deus como resultado de um genuíno desejo de Lhe obede-
cer. Cada vez mais, a vida dessas pessoas refletirá a obediência às leis de Deus e a Seus
princípios morais. Essa obediência demonstrará que sua fé é genuína (verTg 2: 14-17)
e que estão qualificados para morar no reino eterno de Deus.
Por outro lado, os que se recusarem a viver em harmonia com as leis de Deus serão
responsáveis por perpetuar os problemas que o mal causa a nosso mundo. A esses não
será permitido um lugar no reino eterno de Deus, pois eles simplesmente continuariam
com as mesmas atitudes e práticas que têm causado tanto sofi.imento naTerra.
Deus é sumamente justo em Suas decisões sobre quem incluir ou excluir. Para
dissipar qualquer possível dúvida sobre a justiça de Suas decisões, Ele convocou um
enorme comitê composto de criaturas como nós mesmos para verificar a exatidão de
Suas decisões.Assim, embora você e eu possamos até ficar surpresos ao vermos algu-
mas pessoas no reino de Deus - e não vermos outras -poderemos estar certos de que
ali estarão todos os que mereceram estar e que os que ali não estiverem não estarão
porque não mereceram estar.
A doutrina do juízo inuestigativo nos ensina que podemos confiar na justiça de Deus.
Assegurando nossa experiência espiritual
Em seu livro 0 Grc{#cÍc Co#L#!'fo, E11enwhite fez uma declaração que algumas pes-
soas acham bastante assustadora.
Todos quantos desejem seja seu nome conservado no livro da vida, devem,
agora, nos poucos dias de graça que restam, afligir a alma diante de Deus,
em tristeza pelo pecado e em arrependimento verdadeiro. Deve haver um
exame de coração, profundo e fiel. 0 espírito levia,no e frívolo, alimentado
por tantos cristãos professos, deve ser deixado. Há uma luta intensa diante de
todos os que desejam subjugar as más tendências que insistem no predomí-
rio. A obra de preparação é uma obra individual. Não somos salvos em gru-
pos.A pureza e devoção de um, não suprirá a fflta dessas qualidades em outro.
Embora todas as nações devam passar emjuízo perante Deus, examinará Ele
o caso de cada indivíduo, com um exame tão íntimo e penetrante como se
não houvesse outro ser na Terra. Cada um deve ser provado, e achado sem
mancha ou ruga, ou coisa semelhante.í
' Essas palavras soam como se tivéssemos que ser absolutamente perfeitos para
podermos passar pelo escrutínio de Deus no juízo. Por causa de declarações como
€ssas, algumas pessoas acusam E11en White de ser legalista e de causar um medo inde-
/\\g)7éras
vido doadvertências
juízo. Contudo,
sobretemos que manterdos
as consequências emnossos
menteatos
quequando
a Bíblia também
estes nos dá
foremjulga-
dos.Algumas das palavras mais severas são ditas pelo próprio jesus. Ele declara: "toda
palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do juízo" (Mt
12:36). Paulo advertiu que "importa que todos nós compareçamos perante o tribu-
nal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por
meio do corpo" (2Co 5:10). E o autor de Hebreus disse: "Porque, se vivermos deli-
beradamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da ver-
dade, já não resta sacrificio pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível
de juízo e fogo vinga,dor prestes a consumir os adversários" (10:26, 27) E acrescenta:
"Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo" (v. 31).
0 ponto, apresentado tanto por Ellen White quanto pela Bíblia, é que devemos
estar atentos às instruções morais da Palavra de Deus e, com a ajuda divina, fazer o
melhor para v.encer os pecados que existem em nossa vida. Não podemos ser cris-
tãos descuidados.
A doutrina do juízo irwestigatiuo nos diz que nossa iJida será waliada; por isso, deuemos
estar atentos àquíío que fizemos.
#r#Lt:h°aspi]ã:s?,:,:a#to°s:aa:Ü=:'ad::;:rda::;ac:onjhueíçz:-:Sa::::Lçna°d:ec::ta:,ei-u°nsc:aapn::aa.
A boa notícia sobre o juízo é que ele está ligado às boas-novas de salvação.
Apocalipse 14:6 e 7 une o evangelho e ojuízo em uma única proclamação do tempo
do fim para o povo de Deus. 0 anjo que proclama que "é chegada a hora do seu
juízo" é o mesmo que tem ``um evangelho eterno para pregar aos que se assentam
sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo".
A doutrina do juízo iniJestigatiiJo nos diz que Deus está do nosso lado no juízo. Ele proi)eu
a justiça de Cristo para cobrir nossa pecaminosidade e, portanto, não precisamos temer o juízo.
juízo favorável: "Tu és justo,Tu que és e que eras, o Santo, pois julgaste estas coisas;
porquanto derramaram sangue de santos e de profetas, também sangue lhes tens dado
a beber; são dignos disso" (Ap 16:5, 6).
Daniel diz que, um dia, o controle que as forças do mal têm exercido sobre o
mundo será destruído (ver Dn 7:11, 26). Apocalipse 20 descreve um lago de fogo
que destruirá pecado e pecadores. Por outro lado, Daniel nos assegura que "a majes-
tade dos reinos debaixo de todo o Céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo"
(Dn 7:27). E os capítulos 21 e 22 de Apocalipse descrevem em detalhes um reino no
qual Deus "enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá,já não haverá
luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram" (Ap 21 :4).
Em Daniel e Apocalipse aprendemos que o co#J!i.fo cÍ4frc o bcm c o m4J wm dí.a 4c4-
b4Íó. E o juízo investigativo, que está acontecendo no Céu agora mesmo, ao você ler
essas palavras, desempenhará um papel crucial na resolução desse conflito. A dor e o
sofrimento pelos quais passamos neste mundo como resultado do pecado não con-
tinuarão para sempre. Assim, na próxima vez em que você se perguntar por que
Deus está permitindo que você ou alguém próximo sofra, deixe que o pensamento
sobre o juízo investigativo traga paz a sua mente.
A doutrina do juízo iwestigativo nos diz que estamos chegando perto do fim do mal.
A história do Adventismo
Em vários dos capítulos anteriores deste livro, expliquei a origem da doutrim
do juízo investigativo na história da lgreja Adventista do Sétimo Dia. 0 movimento
milerita e sua dissolução no Grande Desapontamento de 22 de outubro de 1844 são
uma parte crucial de nossa história. 0 mundo, inclusive a maior parte do mundo pro-
testante, zomba e nos diz que o juízo investigativo é pouco mais do que um astuto
instrumento para explicar nosso embaraço diante do Grande Desapontamento. Mas
um exame cuidadoso dos fatos ligados ao movimento de Guilherme Miller me con-
vence de que Deus o guiou para pregar daquela maneira, e Deus permitiu o Gra,nde
Desapontamento porque sabia que era isso que daria início a nosso movimento. Ao
longo da história do mundo, as crises têm sido grandes motivadores para o povo de
Deus - a cruz sendo o exemplo por excelência, e o Grande Desapontamento foi uma
crise de grande peso, para dizer o niínimo.
Assim, é imperativo que nunca esqueçamos nossa história. Uma das tragédias do
adventismo de hoje é que muitos de nossos membros - talvez a maioria - estejam
apenas vagamente cientes dessa história, e muitos não sabem absolutamente nada
sobre ela. Infelizmente, alguns dos que sabem alguma coisa acham que ela é embara-
çosa. Proponho que, sem essa história, seríamos meramente mais uma denominação
cristã no cenário religioso mundial.
A doutrina do juí2o inuestigatíuo nos diz quem somos e por que estamos aqui. j,
t
Nossa missão !
sustentado esse ponto de vista desde então. Esse e outros aspectos de nosso ensina-
mento sobre o juízo investigativo têm sido severamente criticados ao longo dos anos,
fazendo com que muitos adventistas questionem sua validade. Alguns deixaram a
igreja, e muitos dos que ficaram têm questionamentos. Isso, invariavelmente, diminui
a eficácia de nosso testemunho, pois, para que proclamemos a mensagem com cora-
gem, temos que estar convencidos de que ela é verdadeira. E essa é uma das mais sig-
nificativas razões por que é importante entender que o juízo investigativo tem uma
sólida base bíblica.
A grande coinissão de Cristo nos chama para ``faze[r] discípulos de todas as nações"
(Mt 28: 19).Apocahpse 14:6 e 7, que descreve um anjo que desce do céu com o "evan-
gelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e
língua, e povo", dá a esse comissionamento um contexto do tempo do fim. A "pri-
meira mensagem angélica" é a grande comissão para nossos dias. Ela inclui três coisas:
• 0 evangelho
. 0 juízo
• 0 sábado5
\\ Note que o juízo é uma parte importante da mensagem do evangelho para nos-
jos dias. Isso significa que Deus 4w ¢% 4 procJ¢mcmo5. Isso não é uma tare£? fácil em
um mundo que ridiculariza ojuízo investigativo ou o condena. Mesmo assim, como
já vimos neste livro, esta é uma mensagem inteiramente bíblica; portanto, o fato de
o mundo não a aceitar é algo à parte. Ao longo da história, o povo de Deus tem
enfrentado o desprezo do mundo por sua mensagem bíblica, mas eles a proclamaram
mesmo assim. É o que nós também devemos fazer.
A doutrina do juízo inuestigatiuo é uma parte imi)ortante de nossa mensagem para o mundo.
Porpodem
que aslevar
pessoas acreditam
duas pessoas no que
a duas acreditam?
conclusões Por que asdiferentes?
completamente mesmas evidências
Esse fenômeno não ocorre apenas nos círculos teológicos. Ele ocorre na política.
Pouco depois de ser aclamado presidente dos Estados Unidos da América, Barack
Obama propôs uma profunda revisão no sistema nacional de saúde.Alguns membros
do congresso eram favoráveis à revisão; outros se opuseram. Todos estavam olhando
para as mesmas evidências básicas e chegaram a conclusões opostas.
Também ocorre na ciência. Alguns cientistas estão convencidos de que a maneira
como vivemos está levando o mundo para a mais terrível devastação ecológica.
Outros nos asseguram que a maneira como vivemos não tem nada que ver com isso,
pois tudo o que está acontecendo fàz parte dos altos e baixos normais da natureza.
Mas os dados examinados são os mesmos.
0 mesmo acontece em todas as áreas do conhecimento humano. Escolha seu
tema, estude-o por um tempo, e você encontrará pessoas que discordam quanto ao
significado das evidência,s. Por que isso? Por que as mesmas evidências podem ser
interpretadas de maneiras tão diferentes?
A razão para isso é que não existe objetividade total.Todos nós enxergamos as evi-
dências através de nossos respectivos vieses e de nossas ideias preconcebidas e, dessa
maneira, estamos prontos para provar que aquilo que pensamos está certo. E nor-
malmente podemos encontrar evidências para dar suporte a nossas pressuposições.
Devemos nos esforçar para ser o mais objetivo possível e, então, reconhecer que
somos humanos.
No primeiro capítulo deste livro, eu disse que, no começo do ano de 2007, eu
havia decidido que faria um estudo aprofundado de todos os aspectos dos ensina-
mentos adventistas sobre o juízo investigativo a fim de esclarecer definitivamente cer-
tas questões que tive por várias décadas. Devo admitir que eu estava predisposto a
chegar a uma conclusão positiva. Não 1amento por isso.Acho que, às vezes, mudamos
de ideia muito rapidamente. Seria fácil para mim olhar para os desafios dos críticos e
me unir a eles. Parte da razão pela qual não fiz isso é que eu acredito na missão his-
tórica da lgreja Adventista do Sétimo Dia. Essa foi uma parte importante de minha
predisposição para enxergar o juízo investigativo e os tópicos relacionados de maneira
positiva. Assim, eu decidi examinar os melhores e mais recentes pensamentos entre
os eruditos bíblicos da lgreja Adventista, refletir sobre o que aprendi e, então, tirar
minhas conclusões.
0 1ivro que você leu é o resultado disso. Estou certo de que não respondi a todas
as perguntas que podem ser feitas, mas acredito que abordei as principais. Fiz o
melhor que pude para considerar com seriedade as objeções dos críticos e examinar
as evidências bíblicas de ambos os lados. 0 resultado é a conclusão de que nosso ensi-
namento histórico sobre o juízo investigativo é verdadeiramente bíblico.
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