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"A Humanidade do Filho de Deus é Tudo para Nós" 1

Pr. Daniel Ferraz - Traduzido por Marcell Dalle Carbonare

Portanto, convém-nos atentar com mais diligência para as coisas que já temos ouvido, para que
em tempo algum nos desviemos delas. Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme,
e toda a transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição, como escaparemos nós, se não
atentarmos para uma tão grande salvação? (Hebreus 2:1-3, ênfase fornecida) 2

INTRODUÇÃO

Ao procurar a verdade na Palavra de Deus, o “tema do grande conflito”, a original “guerra no


céu”, a luta entre o bem e o mal, a polêmica entre Cristo e Satanás (Apocalipse 12:7-9), deve ser
o fundamento e guia para nosso raciocínio. Este tema apresenta nossa participação nesse conflito
e nossa liberdade para escolher de que lado queremos estar. Assim, somos confrontados com
duas ideologias contrárias e opostas: a verdade de Deus e as mentiras do Diabo.3 Por exemplo, as
insinuações e argumentos que o Diabo usou para convencer “um terço” (Apocalipse 12:4) dos
anjos de que ele estava correto em acusar Deus de ser arbitrário, e que os princípios de Seu
governo soberano eram autocentrados e errôneos, devem ter sido bem convincentes. Mas, por
mais bem sucedido que seu raciocínio possa ter sido, era distorcido, mal representado, errado e
cheio de mentiras (João 8:44).

Uma divisão irreconciliável entre duas alegações e ideologias muito diferentes e opostas ainda
permanece no tema do grande conflito. Portanto, seria inconcebível afirmar que precisamos da
interpretação do Diabo, sobre o motivo de ter sido ele expulso do céu, para chegar a uma “visão
equilibrada da verdade” ou ao “panorama completo”. Seria ridículo tentar combinar as
reivindicações do Diabo com as reivindicações de Deus, e professar ter alcançado uma ‘visão
razoável’; propondo uma reconciliação entre os dois campos, buscando trazer ‘unidade’ na
‘diversidade’ de alegações e ideologias opostas e contraditórias, na forma de algum tipo de
solução amalgamada, nova, de meio termo, conciliatória e “sem preconceitos”.

Argumentar que reivindicações opostas são meramente polos diferentes da mesma verdade não se
encaixa com o tema do grande conflito apresentado na Bíblia. Esse raciocínio é falacioso e deve
ser descartado. Assim é quando procuramos descobrir a verdade sobre o pecado, a salvação ou
qualquer outro assunto. Temos o que Deus diz e o que o Diabo diz, e devemos fielmente aderir
ao que Deus revelou. Se nos aproximarmos humildemente, Ele nos recompensará, ajudando-nos
com Seu Santo Espírito,4 com a habilidade de claramente distinguir entre os dois, mesmo que os
argumentos filosóficos e contrários pareçam muito convincentes e razoáveis.

Em última análise, e contrariamente à filosofia grega e a opinião prevalecente em nossos dias, a


verdade é absoluta,5 pertence a Deus, e não pode ser misturada com meias verdades e mentiras
do Diabo. Em nossa busca pela verdade acima de tudo, devemos reconhecer três coisas. A
primeira é que existe apenas uma fonte de verdade, Jesus Cristo, a Palavra de Deus. A segunda,
é que as reivindicações de Deus e Sua Palavra foram, estão, e estarão sempre sob constante
ataque. E em terceiro lugar, sempre parecerá haver um enganoso e convincente argumento para a
verdade, até que o inimigo da verdade seja finalmente destruído (Apocalipse 20:10, 14).

O PROBLEMA DO PECADO

Definições de Pecado

O pecado é um relacionamento rompido entre Deus e o homem, a ruptura de uma comunhão


face a face e dependência do Doador da vida. Quando Adão e Eva pecaram no jardim do Éden,
escolheram agir contrariamente às simples diretrizes da Palavra de Deus e de Sua lei de amor.
Como resultado, o pecado e a morte entraram e destruíram a experiência humana (Gênesis
3).6 Consequentemente, o pecado tem fundamentalmente dois componentes: 1) o efeito
enfraquecedor da transgressão de Adão passou a nós através da lei da hereditariedade7 em
natureza humana caída, pecaminosa e inclinada para o pecado, da qual ninguém é culpado,8 e 2)
nossos próprios atos pecaminosos, pelos quais somos responsáveis e sujeitos. As Escrituras dizem
que quando cometemos atos de pecado, isso se dá porque escolhemos responder ao impuslo e à
“concupiscência da carne” de nosso próprio coração humano não regenerado e poluído pelo
pecado (Tiago 1:12-15, 27; Josué 24:15; Salmos 119:1).

A Bíblia claramente define os atos pecaminosos e suas consequências, caso deles não haja
arrependimento: “Todo aquele que comete pecado também transgride a lei: porque o pecado é a
transgressão da lei” (1 João 3:4, ênfase fornecida). “O salário do pecado é a morte” (Romanos
6:23). “Tudo o que não provém da fé é pecado” (Romanos 14:23). Nós escolhemos pecar. Isso
ocorre quando somos enganados por um desejo pervertido e efêmero, um prazer egoísta, e
desobedemos à lei de Deus contida em Sua Palavra. Assim, ficamos sob a influência e controle
do pecado.
Pecar alimenta e fortalece a natureza carnal e a concupiscência da carne humana pecaminosa.
Por nós mesmos somos incapazes de vencer esse ciclo vicioso, a não ser que nos voltemos para
Jesus Cristo, nosso substituto pelo pecado e exemplo no grande conflito.

Pecado Original

Quando escolhemos quebrar a lei de Deus, somos culpados apenas por nossa própria
transgressão. Sendo assim, a única coisa que herdamos da queda de Adão, e como
uma consequência de sua queda, é uma natureza humana enfraquecida, a carne caída e pecaminosa.
Porém, de maneira alguma recebemos qualquer culpa, ou merecemos qualquer punição, pelo
pecado de Adão. Crer nisso seria contrário ao testemunho unificado das Escrituras e tornaria
necessário aceitar o ensino católico romano, bem como protestante, do dogma do “pecado
original”.9

Subsequentemente, seríamos compelidos a crer e praticar o erro do batismo infantil. Mas bebês
recém-nascidos não podem ser culpados pelo pecado de Adão. Nem podem ser condenados pela
transgressão dele. Além disso, não podem ser culpados e condenados por aquilo que eles não
tinham conhecimento. Tome como exemplo o povo de Israel. Por causa de seus próprios
pecados, murmuração, incredulidade, e rebelião, eles foram proibidos de entrar na Terra
Prometida. Porém, seus filhos inocentes foram permitidos a entrar porque não haviam sido
capazes de decidir, nem de participar dos pecados de seus pais. “Vossos meninos, entretanto, dos
quais dizeis que seriam tomados como presa, vossos filhos que ainda não sabem discernir entre o
bem e o mal, eles é que lá estarão; eu darei a terra a eles para que a dominem” (Deuteronômio
1:39, ênfase fornecida).10 Ellen G. White afirmou na declaração a seguir: “Ao surgirem os
pequeninos, imortais, de seu leito poento, imediatamente seguirão o caminho, voando, para os
braços maternos. Reencontrar-se-ão, para nunca mais se separarem. Muitos dos pequeninos,
porém, não terão mãe ali. Em vão nos pomos à escuta do arrebatador cântico de triunfo por parte
da mãe. Os anjos acolherão os pequeninos sem mãe e os conduzirão para junto da árvore da vida.11

Em nenhum lugar a Palavra de Deus menciona nem ensina o “pecado original”. Ela nunca
ensina que alguém é culpado e merece condenação e morte pelos pecados e crimes cometidos
por outrem (Ezequiel 18:2-4, 20; Jeremias 31:29, 30; Romanos 2:5, 6; 6:23; 1 Coríntios 10:13;
Gálatas 6:7, 8; Apocalipse 20:12, 13; 21:8). Esse seria um retrato monstruoso e injusto de Deus,
e constitui uma posição que nem mesmo os tribunais terrrestres defenderiam com justiça.

O ensino do “pecado original” veio do paganismo grego,12 e foi canalizado adiante por
Agostinho, bispo de Hipona, no norte da África (d.C 354-430) - ele próprio muito influenciado
pela filosofia grega – para dentro da Igreja Católica Romana e mantido pela maioria dos
protestantes desde a Confissão de Augsburgo, em 1530 d.C. Hoje, o dogma depende
principalmente de uma má exegese do Salmo 51:5 e de uma interpretação de Romanos 5:12, 18,
19 (juntamente com o restante do livro de Romanos) inconsistente com o completo testemunho
das Escrituras. Os cristãos devem seguir a revelação divina acima da prevalecente e difusa
tradição religiosa da Igreja Católica Romana e da filosofia grega.

Intencionalmente ou não, é a falsa crença no “pecado original”, e as pressuposições que derivam


dela, que logicamente requerem que Cristo assuma a natureza humana antes da queda,13 para
ostensivamente libertá-lo da presumida culpa do “pecado original”. O próximo passo lógico é
aceitar a falsa crença da imaculada conceição de Maria, de modo que Cristo pudesse ter recebido
uma natureza humana sem pecado. Se aceitarmos isso, então devemos ir além e aceitar que os
católicos romanos estão corretos em venerar Maria como a “mãe de Deus”, e até mesmo como
“co-redentora”. Mas essas dificilmente são posições que cristãos bíblicos podem fundamentar.
Uma falsa crença a respeito da natureza do pecado leva a uma falsa crença a respeito da natureza
da salvação. Uma falsa crença a respeito da natureza da salvação traz o risco de manter pessoas
perdidas.

O dogma do “pecado original” é anticristão,14 uma vez que vai contra, e procura estabelecer-se
no lugar dos verdadeiros ensinos da Bíblia a respeito da natureza humana de Cristo. Então,
inevitavelmente devemos admitir que, qualquer conclusão que seja alcançada em relação ao
efeito da queda de Adão (e a natureza do pecado transmitido na queda), também logicamente
determinará nossas conclusões a respeito da natureza humana de Jesus Cristo.15

A PALAVRA DE DEUS DIZ QUE CRISTO TOMOU A NATUREZA HUMANA


CAÍDA DO HOMEM

Na plenitude do tempo, “O Filho o homem16 veio salvar o que se tinha perdido” (Mateus 18:11).
“Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão” (Mateus 1:1), “o Verbo se fez carne” (João 1:14), foi
“nascido de mulher” (Gálatas 4:4). Ele era “da semente de Davi segundo a carne” (Romanos 1:3),
“mas tomou sobre Si a semente de Abraão” (Hebreus 2:16). Ele também “tomou sobre Si a forma
de servo, e foi feito em semelhança de homens...na forma de homem” (Filipenses 2:7, 8),
“em semelhança de carne pecaminosa” (Romanos 8:3); Assim, “Deus foi manifesto na carne” (1
Timóteo 3:16). 17
Que tipo de carne?

Tomada de maneira simples e como se lê, a Palavra de Deus dá uma resposta clara e inequívoca:

E, visto como os filhos participam da carne e do sangue também ele participou das
mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o
diabo; E livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à
servidão. Porque, na verdade, ele não tomou os anjos, mas tomou a descendência de
Abraão. Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser
misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do
povo. Porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são
tentados. (Hebreus 2:14-18)

Pergunta: Quão participantes da “carne e sangue” (caídos), são os filhos e filhas que Jesus Cristo
veio salvar? Resposta: Completamente.

Jesus “também ele, participou da mesma” natureza humana caída, enfraquecida, afetada e
infectada pelo pecado, para que, pela total dependência e confiança no Pai, Ele pudesse eliminar
o poder do pecado ao pagar o salário do pecado, a morte na cruz em um corpo humano com
natureza humana caída e enfraquecida pelo pecado.

Ele tornou-Se um de nós ao tomar,18 em Sua encarnação, o mesmo material humano, caído e
enfraquecido - “carne pecaminosa” (Romanos 8:3) - que temos como resultado da queda.19 A
natureza humana sem pecado antes da queda não podia morrer, mas a carne humana
pecaminosa depois da queda podia morrer. Esse é o tipo de natureza humana, “carne
pecaminosa”, que a Bíblia ensina que Cristo assumiu em Sua encarnação e, finalmente, até Sua
morte na cruz.

Essa condescendência em relação a nós, e identificação com seus “irmãos”, é tão incrível que
Paulo precisa repetir: “Porque ele não tomou sobre si a natureza e anjos [isto é, de um ser não
caído], mas ele tomou sobre si a semente de Abraão” (Hebreus 2:16, ênfase fornecida). Quando
é que Abraão viveu? Depois da queda!20 E caso ainda não tenhamos entendido, Paulo sobe para
um crescendo de repetição: “Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos” (Hebreus
2:17, ênfase fornecida). Quantas vezes precisamos dizer que Jesus tomou sobre Si uma
humanidade afetada pelo pecado, uma carne humana pecaminosa, assim como era depois da
queda, a fim de tornarmos clara essa verdade?
Esse texto não infere que Jesus cometeu atos pecaminosos. Se assim fosse, Ele não teria sido
capaz - ao herdar a carne e o sangue (de Sua mãe humana, Maria) - de “aniquilar aquele que
tinha o poder da morte, isto é, o diabo” (Hebreus 2:14). Além do mais, a realidade de que Jesus
“sofreu tendo sido tentado” (Hebreus 2:18) sublinha o fato de que Ele recusou e resistiu, pelo
poder de Deus, a cometer qualquer ato pecaminoso. Sendo esse indiscutivelmente o caso, somos
mais tarde assegurados na epístola aos Hebreus de que “não temos um sumo sacerdote que não
pode compadecer-se de nossas fraquezas [da carne]; mas um que foi tentado em todos os pontos como
nós, mas sem pecado” (Hebreus 4:15, ênfase fornecida).

Em Sua encarnação, Cristo tomou a natureza caída e enfraquecida da humanidade, a “carne


pecaminosa”, a mesma humanidade dos homens e mulheres a quem Ele veio salvar. Esse era o
ponto em Ele condescender em tornar-Se um homem. Biblicamente, não pode ser de outro
modo. Era essa verdade que preparou e capacitou Jesus Cristo a “salvar perfeitamente os que por
Ele se chegam a Deus” (Hebreus 7:25), o que significa nos salvar completamente do poder de
nossa carne pecaminosa, e assim cessarmos de pecar (2 Timóteo 2:19).

As Escrituras dizem que se, em nossa natureza humana caída, diariamente nos rendermos ao
senhorio de Cristo, somos cristãos convertidos. Não mais somos vencidos por Satanás através da
fraqueza de nossa natureza humana caída, mas estamos debaixo do poder do Espírito mediante a
fé em Cristo. Fomos transportados “das trevas para a luz”, fomos convertidos, transferidos do
poder de Satanás para o poder de Deus (Atos 26:18). “Digo, porém: andai em Espírito, e não
cumprireis a concupiscência da carne” (Gálatas 5:16, ênfase fornecida).

Essa é a extensão do plano divino da salvação, que é quão longe e quão baixo Ele estava
preparado para ir a fim de nos salvar do poder de nossa natureza caída e pecaminosa. Isso é
alcançado porque Jesus tomou sobre Si a mesma “carne pecaminosa” da natureza humana caída à
qual somos sujeitos, e derrotou o poder do pecado nessa mesma natureza humana caída e
pecaminosa. Assim como Jesus dependia de Deus e recebia dEle forças para realizar tudo o que
Ele fez,21 assim também nós podemos nos render completamente a Cristo e experimentar vitória
e salvação do pecado:

Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não
andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque a lei do espírito de vida, em Cristo
Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte. Porquanto o que era impossível à lei, visto
como estava enferma pela carne, Deus, enviando o Seu Filho em semelhança de carne
pecaminosa,22 e pelo pecado, condenou na carne o pecado: para que a justiça da lei pudesse
se cumprir em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o espírito.
(Romanos 8:1-4, ênfase fornecida).

Devemos ser transformados e transferidos do poder de Satanás (exercido através da carne de


nossa natureza humana caída) para o poder de Cristo, no espírito da mente do novo homem
criado em Cristo. Esse é o verdadeiro efeito sobre os crentes, e a real natureza da “tão grande
salvação” de Deus sobre aqueles, “Seus irmãos”, a quem Jesus não teve medo de tornar-Se
semelhante.

TEÓLOGOS CONTEMPORÂNEOS: NATUREZA HUMANA CAÍDA DE CRISTO

Todos os cristãos conhecem o conceito de que o Filho do Homem tomou a natureza humana,
motivo pelo qual Ele é chamado de Filho do HOMEM, bem como o Filho de DEUS. Mas a
questão vital é: que tipo de natureza humana Cristo adotou em Sua encarnação? Ele adotou a
natureza humana pura, sem pecado, que Deus criou antes da queda (pré-lapsariana)? Ou Jesus
assumiu a natureza humana da humanidade que Ele encarnou-Se para salvar - a natureza do
homem afetado, enfraquecido e degradado pela queda (pós-lapsariana)?

Pode ser surpreendente para muitos que alguns dos teólogos protestantes mais célebres da
segunda metade do século XX, como Karl Barth, Emil Brunner, Rudolf Bultmann, Oscar
Cullmann, J. A. T. Robinson, etc., declararam abertamente que a natureza humana de Cristo
era a do homem após a queda.23

Karl Barth, por exemplo, após afirmar que Jesus Cristo é “verdadeiramente Deus,” habilmente
articulou a extensão a que a natureza humana de Cristo era semelhante à nossa, afetada pela
queda de Adão:

Ele [Jesus] não era um homem pecador. Mas internamente e externamente


Sua situação era a do homem pecador. Ele não cometeu o pecado de Adão. Mas Ele viveu
sua vida humana na mesma condição a qual esteve limitado pelo pecado de Adão.
Permanecendo sem culpa, Ele tomou sobre Si as consequências da culpa de Adão e as
consequências da culpa de todos nós. Livremente Ele entrou em solidariedade e necessária
associação com nossa existência caída e perdida. Esse era o preço a ser pago para que
“pudesse” haver revelação Divina e reconciliação para todos nós.24
É de fundamental importância notar que Barth chegou a tais declarações através da Bíblia e das
cartas de Paulo, especialmente o livro de Hebreus. Ele usou aquilo que Deus revelou para
formular seu entendimento, definição e descrição da natureza humana que Cristo adotou em Sua
encarnação. Tendo assim apoiado satisfatoriamente suas conclusões, Barth acrescentou:

“Seja como for, um fato permanece, que não deve ser enfraquecido, nem obscurecido: isto é,
que a natureza [humana] tomada por Deus em Cristo é idêntica à nossa natureza, à dos
homens colocados sob o estandarte da queda. Se não fosse esse o caso, então como Cristo
poderia ser como um de nós? E de que modo seria Ele de interesse para nós? Sendo assim,
o Filho de Deus não só tomou nossa natureza, mas entrou na condição de nossa
angústia como homens condenados, caídos e separados de Deus. A única coisa em que Ele
diferia de nós é que Ele não tomou parte na revolta contra Deus; Ele foi marcado por nossa
culpa, mas Ele não participou do pecado que a causou; e Ele foi feito pecado, sem ter cometido
pecado. Tudo isso, no entanto, não deveria impedir que reconheçamos, sem restrições ou
reservas de qualquer tipo, que Ele foi completamente um conosco, e nada do que é humano foi
estranho a Ele”.25

A maneira pela qual esse e outros teólogos declaram sua hipótese sobre a natureza humana caída
de Cristo não deve nos assustar e nos levar a acreditar que eles exagerem a questão, e, portanto,
errem. É fácil ter essa impressão, dado que tivemos maior exposição à agora difundida cristologia
católica romana. Esta prolifera o conceito da natureza humana de Cristo pré-queda através de
propaganda astuta e altamente refinada, e modos de comunicação que se infiltraram
amplamente em todos os níveis de educação superior com seus sistemas de pensamento.

UM SÉCULO DE TESTEMUNHO ADVENTISTA CONSISTENTE

Em seu livro, Tocado Por Nossos Sentimentos: Uma Pesquisa Histórica do Conceito Adventista Sobre
a Natureza Humana de Cristo (traduzido do título original em francês), o tardio Jean R. Zurcher,
erudito suíço de fala francesa e administrador da igreja, forneceu um registro único e exaustivo,
de 1844 a 1994, um século e meio de documentos e declarações oficiais da Igreja Adventista, a
respeito da natureza humana de Cristo. Durante 100 anos, de 1852 a 1952, os
adventistas ensinaram a visão pós-queda da natureza humana de Cristo como a inquestionável posição
oficial adventista.
Então Zurcher revela como a mudança aconteceu, e o absoluto caos e confusão teológica que
penetraram na IASD de 1952 até os dias de hoje através do ensino alterado, anti-bíblico e
essencialmente católico romano.26 Atualmente, a maioria dos protestantes, e uma parcela
crescente na IASD hoje (a maior parte inconscientemente), tem aceitado que Cristo tomou a
natureza de Adão antes da queda.

Consistentemente com a posição oficial adventista, o “movimento da carne santa”, estabelecido


entre 1898 e 1899 em igrejas adventistas da Conferência de Indiana, e fundado pelo
pastor/evangelista S. S. Davis (e favorecido por todo o Comitê da Conferência de Indiana), foi
corretamente condenado pelos líderes da Conferência Geral e por Ellen G. White, uma vez que
erroneamente “afirmava que Cristo tomou a natureza de Adão antes da queda e que, portanto,
possuía ‘carne santa.’”27

ESPÍRITO DE PROFECIA: A CRISTOLOGIA DE ELLEN WHITE

“A humanidade do Filho de Deus é tudo para nós. É a corrente de ouro que liga nossa alma a
Cristo, e por meio de Cristo a Deus. Isto deve constituir nosso estudo. Cristo era um verdadeiro
homem; Tornando-Se homem, Ele deu provas de Sua humildade. Ainda assim, era Deus na
carne. Ao atentarmos para este assunto, bem faríamos em atender as palavras ditas por Cristo a
Moisés na sarça ardente: “Tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa”
(Êxodo 3:5). Deveríamos deter-nos sobre este estudo com a humildade do aprendiz, com o
coração contrito. E o estudo da encarnação de Cristo é campo frutífero, que recompensará o
pesquisador que cave fundo em busca de verdades ocultas.28

Em Cristo foram unidas a humanidade e a divindade. Sua missão era reconciliar o homem a
Deus, unir o finito ao infinito. Essa era a única maneira pela qual homens caídos poderiam ser
participantes da natureza divina. Tomar a natureza humana capacitou Cristo a entender as
provas e sofrimentos do homem, e todas as tentações com as quais ele é assediado. Anjos,
que não conheciam o pecado, não poderiam simpatizar com o homem em suas provas
particulares. Cristo condescendeu em tomar a natureza do homem e foi tentado em todos os pontos
como nós, para que Ele pudesse saber como socorrer todos os que fossem tentados.29

A grande obra da redenção poderia ser levada a efeito apenas com redentor tomando o lugar
do caído Adão. Com os pecados do mundo depositados sobre Si, Ele iria transpor o terreno em
que Adão caiu. Ele suportaria o teste no qual Adão falhou em resistir, e que seria quase que
infinitamente mais severo do que aquele trazido a Adão para suportar. Ele venceria em favor do
homem e conquistaria o tentador, para que por Sua obediência, Sua pureza de caráter e firme
integridade, Sua justiça fosse imputada ao homem, para que por meio do Seu nome o homem pudesse
vencer o inimigo por conta própria.

Que amor! Que incrível condescendência! O Rei da glória propôs a humilhar-Se até a
humanidade caída! Ele seguiria os passos de Adão. Tomaria a natureza caída do homem e se
envolveria para confrontar o forte inimigo que triunfou sobre Adão. Ele venceria Satanás, e
fazendo isso abriria, para aqueles que creriam nEle, o caminho para a redenção da queda e
fracasso de Adão. (Review & Herald, 24 de fevereiro de 1874, ênfase fornecida)

O ponto dessas declarações, referindo-se à humildade de Cristo em assumir a humanidade


caída,30 é consistente com as Escrituras:

1. Por claramente enfatizar que, em Sua obra de salvação pela humanidade, Jesus precisava
alcançar o homem em sua situação caída, para que Ele pudesse ser tanto nosso
substituto quanto exemplo, mostrando assim ao homem o caminho para obter vitória
sobre o pecado.

2. Por claramente enfatizar que, como homem, Jesus não tinha nenhuma vantagem sobre
nós - o mesmo poder divino para vencer o pecado que estava disponível a Ele
também está disponível a nós, pois tem a mesma fonte – a dEle e de nosso amorável Pai
celestial. Ele provou isso ao tomar a mesma carne caída e pecaminosa que nós.

Ellen G. White permaneceu consistente com as Escrituras ao manter que, mesmo enquanto
bebê e criança, Jesus ainda assim não tinha nenhuma vantagem sobre nós:

Mesmo o bebê nos braços maternos pode permanecer como sob a sombra do
Onipotente, mediante a fé de uma mãe que ora. João Batista foi cheio do Espírito Santo
desde seu nascimento. Se vivemos em comunhão com Deus, também nós podemos
esperar que o Espírito divino molde nossos pequenos já desde os primeiros momentos.31

Jesus foi colocado num lugar em que Seu caráter seria provado. Era-Lhe necessário estar
sempre em guarda, a fim de conservar Sua pureza. Estava sujeito a todos os conflitos que
nós outros temos de enfrentar, para que nos pudesse servir de exemplo na infância, na
juventude, na idade varonil.32
Ao estudar as declarações de E. G. White sobre o tópico, é importante perceber que,
“dependendo das circunstâncias e do ponto específico em consideração, os mesmos conceitos são
algumas vezes apresentados de modo tão diferente que às vezes podem parecer contraditórios”.
Assim como na exegese básica e responsável, o contexto é vital, e devemos “evitar a tentação de
confiar em declarações isoladas”.33

Um exemplo disso é o mau uso da pessoal e não publicada “carta a Baker”, escrita (em 1895 e
descoberta em 1955) para garantir que ele não deixasse a impressão de que Cristo participou do
pecado em si. Essa carta é frequentemente citada com a omissão da valiosa declaração a seguir:34
“O exato momento em que a humanidade uniu-se à divindade, não é necessário para nós saber.
Devemos manter nossos pés sobre a Rocha, Cristo Jesus, como Deus revelado na
humanidade.”35

Deve ser lembrado, e está bem indicado por David Qualls “que uns poucos parágrafos de uma
carta manuscrita não publicada, para um indivíduo de quem pouco se sabe a respeito de seus
ensinos nessa área, quando comparados com suas declarações volumosas e inegavelmente claras
em obras bem divulgadas, como O Desejado de Todas as Nações [sua completa e publicada obra
explicando a respeito de Cristo e Sua vida], fornece pouca razão para mudar o curso da história
no ensino adventista sobre esse assunto. No entanto, foi isso o que aconteceu.”36

MUDANÇA NO ENSINO ADVENTISTA

Preparando o Caminho

Mudar a Igreja Adventista do Sétimo Dia de sua posição oficial consistentemente sustentada
sobre a natureza humana caída de Cristo, de 1852 a 1952, representou uma tarefa formidável.
Herbert Douglass, testemunha ocular37 dos eventos e experiente teólogo, chama isso de uma
colisão de “duas placas tectônicas”, e a tentativa de mesclar duas teologias (o calvinismo e a
forma adventista de arminianismo) que tinham um “Grand Canyon” de distância entre
si.38 Estavam tentando o impossível.

Em 1957, os eventos que levaram à aberta propagação de Questões Sobre Doutrina (QSD), a
interpretação anti-adventista a respeito da natureza humana de Cristo, estão claramente
declarados mas não são tão amplamente conhecidos no adventismo hoje. Eles permanecem de
certa forma isolados em alguns históricos, porém reveladores, livros adventistas de 1957 e
1970.39
Um dos proponentes mais fortes e ativos desse “terremoto teológico” da nova interpretação anti-
adventista, propondo a natureza humana de Cristo pré-queda, era LeRoy Edwin
Froom.40 Froom registrou esses importantes eventos com certo detalhe.41 Na verdade, ele admite
que esses movimentos iniciais “abriram caminho para um empreendimento corretivo,”42 em uma
tentativa de nos recuperarmos da deficiência43 “de certas declarações publicadas anteriormente e que
não haviam sido repudiadas, relativas às Verdades Eternas.”44 Froom estava se referindo a
declarações em livros adventistas como Estudos Bíblicos: Doutrinas Fundamentais das Escrituras
Sagradas, que ensinava a posição adventista oficial a respeito da natureza humana caída de
Cristo. Froom refere-se a essa posição como um “equívoco”,45 o “último vestígio de arianismo”,46
algo “lamentável” e que precisava ser “expurgado”.47 Como se a verdade, a qual foi obtida por tão
alto preço e mantida por tanto tempo, devesse agora ser esmagada debaixo dos pés como se fosse
algum inseto repugnante!

Em janeiro de 1955, em uma nota editorial na Our Hope, o Dr. E. Schuyler English declarou
que os adventistas do sétimo dia são uma igreja que “deprecia a obra e a pessoa de Cristo”. A
base para esse “mal entendido”, segundo Froom, era que o Dr. English entendia que os
adventistas sustentavam que Cristo, durante Sua encarnação, “‘participou de nossa natureza
caída, pecaminosa’. Com essa expressão ele estava claramente aludindo à tão citada nota da
antiga edição de Estudos Bíblicos”.48

Essa nota supostamente “infame” no livro Estudos Bíblicos, você pode ler por si mesmo. Ela está
sob o título “Uma Vida Sem Pecado”, nas páginas 173 e 174.49 As primeiras quatro perguntas
estabelecem que Cristo não cometeu pecado, apesar de ser tentado exatamente como nós, como
é indicado nas seguintes perguntas e respostas:

5. De qual natureza Cristo participou em Sua humanidade?

“E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também Ele participou das mesmas coisas;
para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo.” Heb. 2:14.

6. Quão plenamente participou Cristo de nossa humanidade comum?

“Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo
sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo.” Verse 17. [Agora, aí vem a
nota!]
NOTA - Em sua humanidade Cristo participou de nossa natureza pecaminosa, caída. Se assim
não fosse, Ele não seria “feito como Seus irmãos”, e não seriaa “tentado em todos os pontos
como nós”, não venceria como temos de vencer, e não seria, portanto, o completo e perfeito
Salvador que o homem necessita e deve ter para ser salvo. A ideia de que Cristo nasceu de uma
mãe imaculada e sem pecado, não herdou tendências para o pecado, e por essa razão não pecou,
O remove do domínio de um mundo caído, e do próprio lugar onda a ajuda é necessária. Do lado
humano, Cristo herdou exatamente o que todo filho de Adão herda, - uma natureza pecaminosa.
Do lado divino, desde Sua concepção Ele foi gerado e nasceu do Espírito. E tudo isso foi feito
para colocar a humanidade em um plano vantajoso, e para demonstrar que do mesmo modo todo o
que é “nascido do Espírito” pode obter semelhantes vitórias sobre o pecado em sua própria carne
pecaminosa. Assim cada um deve vencer como Cristo venceu. Apoc. 3:21. Sem esse nascimento
não pode haver vitória sobre a tentação nem salvação do pecado. João 3:3-7.

7. Onde Deus, em Cristo, condenou o pecado, e obteve para nós a vitória sobre as tentações e o
pecado?

“Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando Seu
filho em semelhança de carne pecaminosa, e pelo pecado, condenou na carne o pecado.” Rom. 8:3.

NOTA - Deus, em Cristo, condenou o pecado, não por se pronunciar contra ele meramente
como um juiz sentado no tribunal, mas vindo e vivendo na carne, na pecaminosa carne, e ainda
assim sem pecar. Em Cristo, Ele demonstrou que é possível, por Sua graça e poder, resistir à
tentação, vencer o pecado, e viver uma vida sem pecado na pecaminosa carne.50

A posição oficial adventista sobre a natureza humana de Cristo, apresentada acima, e em outros
livros adventistas, não depende de “declarações lamentáveis que ainda persistem em alguns de nossos
livros”,51 como Froom e outros queriam nos fazer crer. Mas era e é baseada, como sempre foi o
caso, sobre uma sólida evidência bíblica e uma doutrina cristã sadia. Mesmo assim, essa bela
seção do livro Estudos Bíblicos veio debaixo da faca para ter removida a declaração de que “Cristo
participou de nossa natureza pecaminosa, caída”, e até mesmo a referência bíblica chave da
“carne pecaminosa” em Romanos 8:3.52
Questões Sobre Doutrina

Em 1957, o livro Questões Sobre Doutrina foi publicado. Esse livro “facilmente se qualifica como
o livro mais divisivo da história adventista do sétimo dia. Um livro publicado em grande parte
para ajudar a trazer paz entre o adventismo e o protestantismo conservador, seu lançamento
trouxe prolongada alienação e separação entre as facções adventistas que se formaram ao redor
dele”.53

Os eventos que levaram a toda a “dança do QSD”54 foram no mínimo intrigantes. Em 1949,
Toby E. Unruh, presidente da Conferência dos Adventistas do Sétimo Dia do Leste da
Pensilvânia, escutou a uma transmissão de rádio feita pelo Dr. Donald Grey Barnhouse, e ficou
tão impressionado por sua apresentação da “Justificação pela Fé”, que Unruh escreveu a
Barnhouse uma carta o dizendo isso (28 de novembro de 1949). O Dr. Barnhouse ficou surpreso
que Unruh, um adventista do sétimo dia, achasse sua apresentação tão abençoada, uma vez que
Barnhouse sabia que o entendimento adventista da justificação pela fé era diferente da percepção
calvinista evangélica.55 Então Barnhouse ofereceu a Unruh um encontro para um almoço. Como
base para sua discussão, Unruh enviou a Barnhouse uma cópia do livro Caminho a Cristo. Depois
de ler o livro, Barnhouse escreveu em um artigo na revista Eternity: “com respeito à Justificação
pela Fé, esse livro é “falso em todas as suas partes” trazendo a “marca do engano”, promove
“universalismo…meias verdades e erros satânicos…”56 Com isso, Unruh decidiu não responder.

Surge então Walter Martin, especialista evangélico em seitas não-cristãs. Ele estava dando os
toques finais em seu livro, O Império das Seitas, no qual ele categorizava os adventistas do sétimo
dia como uma das “cinco maiores seitas”: Testemunhas de Jeová, Ciência Cristã, Mórmons,
Uni[versalismo]itarianismo, e Adventistas do Sétimo Dia.57 Mas como ele sentiu que precisava
pesquisar melhor sobre os adventistas do sétimo dia, pediu a Unruh por um encontro com
Froom e os principais líderes adventistas em Washington, D.C. O resto é história.58

Alguns fatos pertinentes precisam ser destacados nessa conjuntura. Nos primeiros estágios,
Froom conduziu uma pesquisa para saber onde os líderes adventistas se posicionavam quanto à
natureza humana de Cristo; “quase todos”59 concordavam com o ensino bíblico e do Espírito de
Profecia, de que Jesus tomou a carne humana caída e pecaminosa na encarnação, mas Froom
ignorou a pesquisa e continuou em frente.

O “grupo representativo de líderes adventistas do sétimo dia, obreiros bíblicos e editores”,60 por
quem o QSD foi aclamado, compreendia “o trio QSD”: LeRoy Edwin Froom, Walter E. Read
e Roy Allan Anderson. Apesar de serem homens capazes e respeitados, eles não eram teólogos
treinados, e M. L. Andreasen foi excluídodas reuniões. Apesar de aposentado, Andreasen era
um dos principais teólogos sistemáticos adventistas, e um especialista no livro de Hebreus e na
expiação bíblica.

Os quatro pontos de controvérsia doutrinária que os evangélicos tiveram com os adventistas


foram:

1) que a expiação de Cristo não foi completada na cruz;


2) que a salvação é resultado da graça e das obras da lei;
3) que o Senhor Jesus Cristo era um ser criado, e não desde a eternidade; e
4) que Jesus participou da natureza pecaminosa e caída do homem em sua encarnação.61

Basicamente os evangélicos estavam dizendo que, se qualquer denominação acreditasse em


qualquer um dos pontos acima, ela deveria ser classificada como uma seita. Deve ser dito que
o QSD continha muita verdade adventista, e consequentemente, o segundo e o terceiro pontos
foram adequadamente refutados. No entanto, o QSD lamentavelmente comprometeu e diluiu o
primeiro ponto, em relação ao ministério sacerdotal de Cristo no santuário celestial e a “expiação
final”. O quarto ponto foi contradito.

Quando Barnhouse e Martin discutiram com o Trio QSD sobre “o problema da


encarnação”62 durante as 18 conferências entre 1955 e 1956, Martin afirmou que eles foram
assegurados de que “a maioria da denominação [IASD], sempre creu (a natureza de Cristo
enquanto na carne) ser sem pecado, santa e perfeita, apesar do fato de que certos de seus
escritores ocasionalmente imprimiram visões contrárias e completamente repugnantes à maioria
da igreja”.63 Combinado com a flagrante e completa imprecisão e calúnia da reivindicação acima,
estava a afirmação igualmente difamatória “declarada”64 pelos adventistas de que “eles tinham
entre seus membros alguns da ‘ala lunática,’ assim como existem extremistas irresponsáveis em
todas as áreas do cristianismo fundamental”.65

Ao tentar restringir (de uma só vez) o significado de centenas de declarações de Ellen G. White
sobre a natureza humana de Jesus, Roy Allan Anderson declarou: “Em apenas três ou quatro
lugares em todos esses conselhos inspirados encontramos tais expressões como ‘natureza caída’
ou ‘nature pecaminosa’”.66 Mas ele parecia ignorar o fato de que em apenas um livro, O Desejado
de Todas as Nações, haviam declarações abundantes que claramente transmitem o significado que
ele negava!67 Mesmo nas limitações deste artigo, demonstramos que a alegação flagrante de
Anderson é incorreta.
Aparentemente, QSD não melhorou de maneira significativa a percepção de Barnhouse sobre os
adventistas do sétimo dia. Foi relatado que ele disse:

Tudo o que estou dizendo é que os adventistas são cristãos. Eu ainda acho que suas
doutrinas são algumas das mais absurdas de qualquer grupo de cristãos no mundo. Creio
nisso sem sombra de dúvidas. Na verdade, a doutrina do Juízo Investigativo é a mais
flagrante proposição para “livrar a cara” que já existiu a fim de encobrir o desastre do
fracasso da vinda de Cristo em 1844, como dito por eles.68

Houve resistência constante e consistente – consternação, advertências e oposição sólida – aos


“ajustes” no QSD com relação à expiação, o remanescente, e à natureza humana de Cristo. Tais
críticas foram feitas por Francis Nichol,69 M. L. Andreasen (nas suas Cartas às Igrejas), o
inconfundível Raymond Cottrell,70 Kenneth Wood e Herbert Douglass, apenas para citar
alguns. O documento foi ignorado e não foi apresentado aos delegados.

Tão louvável quanto possa parecer a tentativa de convencer os líderes de outras denominações a
aceitarem os adventistas do sétimo dia como cristãos “tradicionais” (na opinião deles), o processo
e objetivo de “alterar a enfraquecida imagem do adventismo”, 71 que levou ao comprometimento
e diluição da verdade bíblica, foi um exercício em paródia teológica e um repúdio da verdadeira e
essencial cristologia bíblica. Esta foi uma parte desempenhada por alguns assuntos de Questões
Sobre Doutrina, que mudou as crenças adventistas do sétimo dia em doutrinas-chave72

Um exemplo da extensão da reação ao QSD é claramente demonstrado pelo seguinte


”documento de apoio” preparado por advogados para uma proposta de resolução a ser
apresentada aos delegados da Sessão da Conferência Geral de 1958, em Cleveland, Ohio:

Que seja resolvido que, tendo em vista a evidência apresentada, o livro Questões Sobre
Doutrina não representa a fé e a crença da Igreja Adventista do Sétimo Dia e é
repudiado nos cinco pontos seguintes:

1) Contém espécimes de desonestidade acadêmica e intelectual.


2) Contém duplicidade.
3) É inadequado.
4) Contém erro.
5) É a obra-prima da estratégia de Satanás para derrotar o propósito de Deus para a
Igreja Adventista do Sétimo Dia.73
Ser “aceito” por outras denominações, às quais fomos comissionados para pregar a mensagem
dos três anjos de Apocalipse 14, nunca foi um mandado divino para o povo remanescente de
Deus tão viciosamente sob ataque (Apocalipse 12:17). Pregar a extensão do amor de Deus na
verdade presente – aquela do “evangelho eterno” (Apocalipse 14:6), advertir de que
“Babilônia…caiu, caiu, e se tornou morada de demônios” (Apocalipse 18:2, ênfase fornecida) e
proclamar a voz de Deus chamando, “Sai dela povo meu, para que não sejais participantes dos
seus pecados, e para que não recebam das suas pragas” (Apocalipse 18:4, ênfase fornecida)74 –
isso sim é mandado divino.

A “mudança tectônica” no adventismo foi admitida abertamente e apresentada de maneira


ousada como sendo “corretiva”. Mas isso foi feito através de meios e métodos questionáveis. Não
houve uma boa fundamentação bíblica para a mudança, e inclinou-se sobre uma apresentação
distorcida de citações de Ellen White, as quais foram agrupadas sob alguns títulos tendenciosos
e ausência de referências bíblicas.75 Foi impulsionado principalmente pela relutância em sermos
chamados de seita, e pelo falso senso de segurança e satisfação que vem de “sermos aceitos”.

Mesmo se toda essa busca fosse digna, como vimos o alvo não foi alcançado, e as consequências
para a igreja remanescente de Deus foram inimagináveis. Assim, o tão falado “empreendimento
corretivo”76 pretendido para o QSD, e tudo o que isso envolvia, foi inútil, repreensível, e em si é
digno de repúdio, mas certamente não é digno de republicação após o tal hiato de 40 anos.

Kenneth Wood, ex-editor da Review and Herald e presidente do Conselho de Curadores do


Patrimônio Ellen G. White demonstrou a profundidade das implicações em seu perspicaz
comentário:

É minha profunda convicção que, antes que a igreja possa proclamar com poder a última
advertência de Deus ao mundo, ela deve estar unida na verdade a respeito da natureza
humana de Cristo.77
CONCLUSÃO

A Bíblia diz que a “tão grande salvação” de Deus e Sua solução para o grande problema do
pecado é superior ao próprio problema: o divino Filho de Deus condescendeu em nascer na raça
humana caída, viveu uma vida sem pecado em “carne pecaminosa”, e morreu uma morte
imerecida na cruz para “condenar na carne o pecado” e nos libertar do poder do pecado em
nosso corpo mortal.

A Bíblia ensina que nós herdamos os efeitos, e não a culpa, do pecado de Adão. Adão transmitiu
a nós uma “carne pecaminosa”, uma natureza humana caída, enfraquecida, com uma inclinação
para pecar. Nisso não tivemos escolha, mas pecar é nossa própria escolha. Entender
corretamente esses elementos do pecado nos ajudará a entender a natureza da humanidade de
Cristo, o que então nos dará o entendimento bíblico do que a salvação do pecado realmente é, e de
como funciona a conversão. Sendo assim, a pergunta - “era Jesus apenas nosso substituto pelo pecado,
ou era Ele também nosso exemplo em vitória sobre o pecado?” - será respondida corretamente.

Para encontrarmos a verdade a respeito dessas questões, temos fundamentalmente dois sistemas
teológicos básicos sobre os quais construir. Há o sistema católico romano/calvinista/evangélico,
cujas afirmações predominantes são: a visão agostiniana da soberania de Deus; todos nascemos
pecadores; necessidade de batismo infantil; pecaremos até Jesus voltar e nunca obteremos
completa vitória sobre nossos pecamos; Romanos 7 descreve o homem convertido; Jesus é
apenas nosso substituto; salvação não é verdadeiramente nossa escolha, mas a escolha de Deus;
Jesus nasceu com uma natureza humana sem pecado como a de Adão antes da queda; Sua
natureza humana não era como a nossa; Ele tinha vantagem sobre nós; Maria, a mãe de Jesus,
tinha que ser imaculadamente concebida.

Sendo assim, as descrições cruciais da salvação, o “novo nascimento,” ser “nascido do Espírito,”
ser uma “nova criação,” “participar da natureza divina,” ter Cristo “habitando” em nós, “justiça
pela fé,” ser “santo” assim como nosso “Pai ceslestial é Santo,” são incapazes de serem
corretamente entendidas, e consequentemente, persiste o perigo de que permaneçamos em
nossos pecados.

E então há a forma adventista de arminianismo, que defende que todos somos nascidos com
tendências para o pecado; No entanto, se vivermos completamente rendidos e dependentes de
Deus, assim como Cristo foi, podemos experimentar salvação “dos” nossos pecados agora;
Romanos 7 descreve um legalista e, portanto, um homem não convertido; “Cristo em vós, [é] a
esperança de glória” (Colossenses 1:27). Jesus é nosso substituto e nosso exemplo de vida
vitoriosa. A salvação depende de nossa escolha; Jesus nasceu com uma natureza humana caída
como a de Adão depois da queda; Sua natureza humana era como a nossa; Ele não tinha
vantagens sobre nós; Maria não foi imaculadamente concebida.

Assim, descrições cruciais da conversão podem ser entendidas corretamente e toda a Bíblia
assume uma nova profundidade de significado. O estudo da humanidade do Filho de Deus é
tudo para nós, e nos trará a profunda recompensa da experiência e compreensão da obra vital de
salvação do pecado.

O contexto da carta pessoal de E. G. White ao pastor W. L. H. Baker precisa ser entendido, e


não utilizado para anular as suas claras e consistentes declarações de que Cristo assumiu a nossa
natureza humana enfraquecida pela queda, como apresentado em O Desejado de Todas as Nações.
A confusão no debate a respeito da natureza humana de Cristo começa quando somos cativados
e confundidos pela sofisticação das filosofias humanas, e não nos mantemos no que as Escrituras
claramente ensinam. O problema não é a Divindade de Cristo, mas Sua humanidade. Não
podemos tentar resolver o debate a respeito da natureza humana de Cristo através da amalgação
das interpretações pré-queda e pós-queda. É questão de uma ou de outra.

QSD foi o definitivo cavalo de Tróia que “oficialmente” abriu as comportas da teologia católica
e calvinista no divinamente estabelecido sistema de crenças adventista do sétimo dia. Esse livro
efetivamente procura reverter um século de ensino adventista oficial a respeito da natureza
humana caída e silenciar nosso testemunho a respeito do juízo investigativo e do remanescente.
Se já houve uma “neutralização do adventismo”, foi essa! E tudo isso destinava-se a “ajudar a
trazer paz entre o adventismo e o protestantismo conservador”? Mas o preço é alto demais, a
verdade de Deus não pode ser contradita ou alterada sem impunidade (Apocalipse 22:18, 19)!

Como adventistas hoje, precisamos desesperadamente saber da verdade a respeito dessa parte da
história de nossa igreja e das mudanças feitas a ensinos adventistas distintivos que se introduziram
como resultado (Judas 4). Isso nos ajudará a entender a divisão interna com respeito aos padrões
de vida cristã, nossa identidade remanescente, nossa missão e mensagem proféticas, as razões
para a demora da segunda vinda de Cristo. Nos ajudará a tomar partido pelo verdadeiro
adventismo, com todos os seus ensinos inter-relacionados, e assim estarmos preparados para o
derramamento do Espírito Santo e o breve retorno de Cristo.

Finalmente, QSD foi o catalizador de uma perseguição intensa, destrutiva, insustentável, e


ingenuamente estabelecida, àqueles que buscam guardar “a fé que uma vez foi entregue aos
santos” (Judas 3). Aqueles adventistas do sétimo dia de sua igreja e de minha igreja, que de
maneira cristã ensinam e seguem os ensinos da Bíblia e dos escritos de Ellen G. White
(especialmente com relação ao viver santo, perfeição cristã e mensagem de saúde) muitas vezes
tem sofrido perseguição, sob a forma de ridicularização, o que é consistente e semelhante ao
precedente “oficialmente” aceito e estabelecido, de “ala lunática”, “extremistas irresponsáveis” e
uma coleção de outros termos depreciativos. Esse comportamento abominável precisa de
arrependimento e a justificativa para ele deve ser repudiada. Como o Diabo tem feito sua guerra!
(Apocalipse 12:17).

As apostas são extremamente altas, como Zurcher apontou: Se estivermos errados a respeito da
natureza humana de Jesus, arriscamos estar errados a respeito de todo aspecto do plano da
salvação. Podemos falhar em entender a realidade redentiva da graça concedida por Jesus aos
humanos, para libertar a humanidade do poder do pecado.

Ellen White enfatiza essa verdade fundamental: “Tende em mente que a vitória e a obediência
de Cristo são as de um verdadeiro ser humano. Em nossas conclusões, cometemos muitos erros
devido a nossas idéias errôneas acerca da natureza humana de nosso Senhor. Quando atribuímos
à Sua natureza humana um poder que não é possível que o homem tenha em seus conflitos com
Satanás, destruímos a inteireza de Sua humanidade.78

A Bíblia diz que “toda transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição; Como
escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação?” (Hebreus 2:2, 3, ênfase
fornecida).

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REFERÊNCIAS

1. Uma frase favorita de Ellen G. White, The Youth’s Instructor, Oct. 13, 1898,
and: Mensagens Escolhidas, vol. 1 (Washington, DC: Review and Herald Publishing
Association, 1958), 244.
2. Todas as referências escriturísticas e citações são da versão King James, a não ser que
seja indicado.
3. Para enganar os filhos e filhas de Deus, o Diabo dominou a arte 1) de desafiar aquilo
que Deus disse e insinuar dúvidas (Gênesis 3:1, 4), e 2) do engano que se baseia no uso
da verdade misturada com erro (Gênesis 3:4, 5).
4. Ele “permanecerá convosco para sempre” (João 14:16); “ele vos ensinará todas as coisas”
(João 14:26); e “o Espírito da verdade . . . os guiará a toda a verdade” (João 16:13).
5. Jesus disso, “Eu sou o caminho, a verdade e a vida: ninguém vem ao Pai, senão por mim”
(João 14:6, ênfase fornecida). Jesus também disse, “Para isso eu nasci, e para isso vim ao
mundo, para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz”
(João 18:37, ênfase fornecida).
6. Perceba também: “Portanto, da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um
homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens, porque
todos pecaram” (Romanos 5:12).
7. Ver por exemplo: Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações (Oakland, CA: Pacific
Press Publishing Association, 1898), 49, e, Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 1
(Washington, DC: Review and Herald Publishing Association, 1958), 267, 268.
8. “Todavia, a morte reinou desde o tempo de Adão até o de Moisés, mesmo sobre aqueles
que não cometeram pecado semelhante à transgressão de Adão, o qual era um tipo daquele que
haveria de vir.” (Romanos 5:14).
9. A Igreja Católica Romana ensina que nascemos pecadores, e que o “pecado original...é
universal. Toda criança é portanto contaminada em seu nascimento com a mancha da
desobediência de Adão...Por isso o batismo, que lava do pecado original, é tão essencial
para um recém nascido quanto para um adulto, para alcançar o reino do céu.” Cardinal
James Gibbons, Faith Of Our Fathers (Baltimore: John Murphy & Co., 1891), 311
(ênfase fornecida), ver também, 303-319. Da mesma forma, o “pecado original” tem
sido crido pela maioria dos protestantes desde a Confissão Protestante de Augsburgo
em 25 de junho de 1530, d.C. It reads: “Artigo II Confessa o Pecado Original. Desde a
queda de Adão, todos os homens descendendo dele por geração comum são nascidos em
pecado, o qual os coloca sob condeação e traz morte eterna a todos os que não são nascidos
de novo pelo batismo [batismo infantil] e pelo Espírito Santo”. (J. A. Wylie, A História
do Protestantismo, Parte 1 (Mourne Missionary Trust, Church Road, Carginagh,
Kilkeel, Co. Down. N. Ireland), 597 (ênfase fornecida).
10. Deus considerou inocentes os bebês dos pais culpados, e assim eles poderiam entrar na
Terra Prometida, que era uma figura de nossa futura herança prometida. Note também
que Jesus de modo algum se refere aos bebês e aos pequeninos como sendo culpados no
nascimento, ou em qualquer momento, pela transgressão de Adão ou de qualquer outra
pessoa (Mateus 18:2-4, 5, 10, 14; 19:14).
11. Ellen G. White, Mensagens Escolhidas vol. 2 (Washington, DC: Review and Herald
Publishing Association, 1958), 260 (ênfase fornecida).
12. “A visão popular [da filosofia grega] era de que a culpa era herdada, ou seja, que os filhos
são punidos pelos pecados de seus pais”. S. H. Butcher, Some Aspects of the Greek Genius,
123 (London, England: Macmillan, 1904). Essa “visão popular”, apesar de repudiada
pelas Escrituras, foi trazida ao catolicismo por Agostinho, que foi muito influenciado
por ideias gregas pagãs. Do catolicismo ela passou para a maioria das denominações
protestantes da atualidade.
13. A noção agostiniana tem frequentemente sido repetida, de que se Jesus fosse nascido em
carne caída e pecaminosa, “então Ele próprio precisaria de um Salvador” (Roy Allan
Anderson, Ministry, 13 de setembro de 1956). Mas isso pressupõe culpa no momento do
nascimento, ou seja, “Pecado Original”, o qual é contrário ao claro e unificado
testemunho das Escrituras.
14. 2 João 7; 1 João 4:3, 4.
15. Norman Gully escreveu que os dois entendimentos conflitantes a respeito da natureza
humana de Cristo “vem de dois entendimentos diferentes do que constitui pecado”
(Adventist Review, 25 de janeiro de 1990).
16. “Filho do Homem” era o título favorito de Cristo.
17. Toda a ênfase nessa seção foi fornecida pelo autor.
18. “Nós” aqui tem o significado bíblico; aqueles convertidos pelo poder interior de Jesus
Cristo.
19. Depois que João, o discípulo amado, escreveu a respeito dos convertidos, “que
nasceram, não de sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas
[grego: ek—“de”] Deus,” ele então pronuncia [com um kai --“e” explicativo] “e o Verbo
se fez carne, e habitou entre nós” (João 1:13, 14).
20. Abraão é um dos “irmãos” - “filhos” que “são participantes de carne e sangue”, de quem
Jesus não se envergonhou de ser chamado irmão (Hebreus 2:11).
21. Jesus disse, “Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma” (João 5:30); “As palavras
que eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as
obras” (João 14:10, ênfase fornecida).
22. Nota: As Escrituras dizem que Cristou tomou a “carne [humana] pecaminosa”, que todos
herdamos de Adão após sua queda. A Palavra de Deus não diz que Jesus tomou
a carne [humana] sem pecado, tal qual Adão tinha antes da queda.
23. J. R. Zurcher, Tocado Por Nossos Sentimentos: Uma Pesquisa Histórica do Conceito
Adventista Sobre a Natureza Humana de Cristo (Hagerstown, MD: Review and Herald
Publishing Association, 1999). Traduzido por Edward E. White, o original em
francês: Le Christ Manifesté en Chair: Cent cinquante années de Christology Adventist 1844
– 1994 [Christ Manifested in the Flesh: One Hundred and Fifty Years of Adventist
Christology 1844 – 1994] (Haute-Savoie, França: Faculdade Adventista de Teologia,
Collonges-sous-Salève, 1994).
24. Karl Barth, Dogmática, vol. 1, part 2 (Edinburgh: T & T Clark, 1956), 152, citado em
Zurcher, op. cit., edição francesa, 12 (ênfase e tradução fornecidas), edição americana,
24.
25. Ibid. (ênfase fornecida).
26. A Enciclopédia Católica Romana declara “In the Constitution Ineffabilis Deus, de 8 de
dezembro de 1854, Pio IX pronunciou e definiu que a Abençoada Virgem Maria ‘no
primeiro instante de sua concepção, por um único privilégio e graça concedida por
Deus, em vista dos méritos de Jesus Cristo, o Salvador da raça humana, foi preservada e
isenta de toda mancha de pecado original” (ênfase fornecida). Essa falsa premissa, de
acordo com o dogma católico romano, logicamente sustenta e atribui a Jesus uma
natureza humana pré-queda. Ver também, J.A.T. Robinson, O Corpo, Um Estudo em
Teologia Paulina (London: SCM Press, LTD, 1952), 37, 38.
27. Zurcher, op. cit., 107. Ver todo o capítulo, 107-115.
28. Ellen G. White, Mensagens Escolhidas vol. 1, p. 244 / The Youth’s Instructor, 13 de
outubro de 1898, (ênfase fornecida).
29. Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, Vol. 2 (Oakland, CA: Pacific Press
Publishing Association, 1869), 201 (ênfase fornecida).
30. Ver uma seleção de declarações similares em O Desejado de Todas as Nações, 24, 49, 111,
112, 116, 117, 122, 123, 266, 311, 312, 641, e 763.
31. O Desejado de Todas as Nações, 512 (ênfase fornecida).
32. O Desejado de Todas as Nações, 71.
33. Zurcher, op. cit., edição americana, 54.
34. Por exemplo, Questões Sobre Doutrina, 1957, 62.
35. Para a citação completa, ver Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, Vol. 5, 1128,
1129, ênfase fornecida).
36. Análise de David Qualls do livro de J. R. Zurcher, Tocado Por Nossos Sentimentos: Uma
Pesquisa Histórica do Conceito Adventista Sobre a Natureza Humana de Cristo, publicado
em GreatControversy.org, 1º de novembro de 2004, 10, 11.
37. Herbert Douglass, na época membro do Comitê do Comentário Bíblico Adventista do
Sétimo Dia, trabalhou em escritórios da Conferência Geral em Washington D.C.,
adjacente ao que o trio do QSD se reunia.
38. Hebert E. Douglass, Uma Bifurcação Na Estrada: Questões Sobre Doutrina/A Divisão
Histórica do Adventismo de 1957 (Coldwater, MI: Remnant Publications, 2008), 15.
39. Em resumo, na introdução de Questões Sobre Doutrina (Washington, DC: Review and
Herald Publishing Association, 1957), 7-10. LeRoy Edwin Froom, Movement of
Destiny (Washington, DC: Review and Herald Publishing Association, 1970), 420-428;
465-475; e 476-492.
40. Diretor Ministerial da Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, 1941–1950;
autor e professor emérito de teologia histórica da Universidade Andrews.
41. Movement of Destiny, 465-475.
42. Ibid., 468 (ênfase fornecida).
43. O próprio Froom declarou: “Anteriormente tínhamos sido deficientes”, ibid., 467 (ênfase
fornecida).
44. Ibid. (ênfase fornecida).
45. Ibid., 465, 469 (ênfase fornecida).
46. Essa alegação de Froom é tão inacurada quanto chocante. O arianismo nega a divindade
de Cristo, decorrente da crença de que Jesus Cristo foi o primeiro ser criado; isso nunca
foi amplamente mantido nem jamais foi a posição adventista oficial!
47. Ibid., 465 (ênfase fornecida).
48. Ibid., 469.
49. A mesma paginação e texto exato está na edicação de 1949 do livro Estudos Bíblicos:
Doutrinas Fundamentais das Escrituras Sagradas, Review and Herald Publishing
Association, Washington D. C. (USA version), com direitos autorais em Londres,
Inglaterra.
50. Todas as ênfases no original.
51. Movement of Destiny, 467 (ênfase fornecida).
52. Tocado Por Nossos Sentimentos, 154, 155.
53. Questões Sobre Doutrina, Edição Anotada. Introdução Histórica e Teológica por George
Knight (Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 2003), xiii.
54. Uma Bifurcação Na Estrada (A Fork in the Road), 16.
55. Douglass lembra que esta carta, e que ela devia ser enviada para Barnhouse, era um
“mistério para muitos de nós em Washington durante a década de 1950…” Ministry,
agosto de 2004, 16.
56. Donald Grey Barnhouse, “Discernimento Espiritual, ou Como Ler Livros Religiosos,”
Eternity (junho de 1950), como citado em Uma Bifurcação Na Estrada (A Fork in the
Road), 16.
57. Walter R. Martin, O Império das Seitas (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1955), 12,
como citado em Uma Bifurcação Na Estrada (A Fork in the Road), 17.
58. Para mais detalhes e implicações, ver: capítulo 10, “O Novo Marco Histórico
Adventista”, Tocado Por Nossos Sentimentos, 153-166; Uma Bifurcação Na Estrada (A Fork
in the Road), 17-21. Ver também as palestras de Norman McNulty, “A História de
Questões Sobre Doutrina,” e “A Apostasia de Desmond Ford,” disponível
em www.audioverse.org. Essas fontes são vitais a qualquer um interessado em saber
porque há perda de identidade e missão, juntamente com discordâncias teológicas em
todos os níveis da Igreja Adventista do Sétimo Dia atualmente.
59. Questões Sobre Doutrina (Andrews University Press, edição de 2003), xiii, como citado
por Herbert E. Douglass, na Ministry, em 16 de agosto de 2004.
60. QSD, 1957, página do verso da capa.
61. Ibid., xv.
62. Tocado Por Nossos Sentimentos, edição francesa, 129, ênfase fornecida (a edição em inglês
traduz incorretamente “le probleme” como “the doctrine”, 156).
63. Donald Grey Barnhouse, “Os Adventistas do Sétimo Dia são Cristãos?”,
Eternity (setembro de 1956).
64. Tocado Por Nossos Sentimentos, edição francesa, 129.
65. Walter Martin, ibid. Esta reivindicação flagrante, inconcebível, inacreditável, infundada
e insustentável precisa ser derrubada! Observe apenas uma porção dos proeminentes
homens da liderança e ministério adventistas que fazem parte da tal “ala lunática” e dos
“extremistas irresponsáveis”: Francis Nichol, W. H. Branson, Ray Cottrell, Don
Neufeld, K. H. Wood, H. E. Douglass, (todos vivendo em Washington durante a
década de 1950), bem como um século de liderança adventista, como Tiago White, (ver,
Zurcher, op. cit., pp. 46, 48,) E. J. Waggoner, A. T. Jones, S. N. Haskell, W. W.
Prescott, Uriah Smith, M.C. Wilcox, G. W. Reaser, G. B. Thompson, M. E. Kern, M.
C. Snow, C. P. Bollman, Meade MacGuire, C. B. Haynes, I. H. Evans, L. A. Wilcox,
William Wirth, E. F. Hackman, A. G. Daniells, Oscar Tait, Allen Walker, Merlin
Neff, E. W. Howell, Gwynne Dalrymple, T. M. French, J. L. McElhany, C. Lester
Bond, E. K. Slade, J. E. Fouton, D. H. Kress, Frederick Lee, L. H. Wood, A. V.
Olson, Christian Edwardson, J. C. Stevens, F. M. Wilcox, A. W. Truman, F. G.
Clifford, Varner Johns, Dallas Young, J. B. Conley, Fenton Edwin Froom, W. E. Read,
J. A. McMillan, Benjamin Hoffman, L. H. Ruddy, M. L. Andreasen and E. G. White
(de Herbert Douglass, op. cit., p. 19). A mesma expressão “ala lunática” foi
recentemente utilizada pelo professor Gary Bradley, enquanto ensinando biologia na
Universidade de La Sierra, referindo-se aos ASDs que crêem no relato da criação de
Gênesis em seis dias literais (ver Jack Stripling, Creating Controversy,
www.insidehighered.com, 9 de setembro de 2009). Devemos aceitar calúnia e difamação
como argumentos válidos contra a verdade bíblica e aqueles que a sustentam?
66. Roy Allan Anderson, “Humano, Mas Não Carnal,” Ministry (Setembro de 1956), 13.
67. Ver uma seleção de declarações esquecidas em O Desejado de Todas as Nações, 24, 49,
111, 112, 116, 117, 122, 123, 266, 311, 312, 641 e 763.
68. Conversa telefônica em 16 de maio de 1958, entre Al Hudson (impressor adventista e
primeiro ancião) e o Dr. Barnhouse, como citado em Uma Bifurcação na Estrada (A Fork
In The Road), 79.
69. Uma Bifurcação na Estrada (A Fork in the Road), 37.
70. Ibid., 36.
71. LeRoy Edwin Froom, Movement of Destiny, 465-475.
72. Isso causou divisão e confusão na soteriologia adventista, e seriamente rebaixou o
divinamente estabelecido sistema de doutrinas do adventismo e seu claro e unificado
entendimento de sua identidade remanescente, missão e proclamação da mensagem dos
três anjos de Apocalipse, capítulos 14 e 18.
73. Uma Bifurcação Na Estrada (A Fork in the Road), 79.
74. A totalidade de Apocalipse 18:2-4 precisa ser lida para se apreciar as aberrantes
características que Deus denuncia em Babilônia, de onde Ele diz para Seu povo sair.
75. QSD, 1957, 647-660.
76. Movement of Destiny, 468.
77. Tocado Por Nossos Sentimentos, 19.
78. Ellen G. White, Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia vol. 7 (Washington, D.C.:
Review & Herald Publishing Association, 1953-1957), 929, (ênfase fornecida).

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