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Vol

ume1
OS PIONEIROS,
ELLEN G. WHITE

E A DOUTRINA DA TRINDADE
NO ADVENTISMO
VERDADES QUE EDIFICAM

OS PIONEIROS,
ELLEN G. WHITE

E A DOUTRINA DA TRINDADE
NO ADVENTISMO

GILBERTO G. THEISS
Copyright Gilberto G. Theiss

O conteúdo não pode ser reproduzido no


todo ou em parte por quaisquer meios (mecânicos,
eletrônicos, xerográficos, fotográficos, gravado,
estocagem em banco de dados ou qualquer outra),
a não ser citações breves, com indicação de fonte.

Printed in Brazil / Impresso no Brasil

Revisão Ortográfica: Patrícia Vilela das Neves Theiss

Ficha catalográfica elaborada por


Uariton Boaventura – CRB 5/1587

T377m Theiss, Gilberto G.

Os pioneiros, Ellen G. White e a doutrina da


trindade no Adventismo / Gilberto G. Theiss. – Sobral:
Editora e Gráfica Sobral, 2016.

65 p.

ISBN: ********************

1. Trindade – Perspectiva adventista.


2. Pioneiros – Igreja Adventista do Sétimo Dia
- Bíblia – Novo Testamento. 3. White, Ellen G. –
Escritos. I. Título.

CDD 231.044
SUMÁRIO
PÁGINA 11 - Acervo literário de Ellen White e possíveis
adulterações para advogar a doutrina da Trindade

PÁGINA 15 - Desenvolvimento do acervo


literário de Ellen G. White

PÁGINA 21 - A acusação de adulteração

PÁGINA 25 - Citações originais e traduções


para o português

PÁGINA 33 - E quanto ao Espírito Santo?

PÁGINA 41 - Conclusão

--------------------------------------------------------

PÁGINA 43 - Entendimento progressivo dos pioneiros sobre


a Trindade

PÁGINA 47 - O contexto de 1892 e algumas publicações

PÁGINA 55 - Outros pioneiros em defesa da Trindade

PÁGINA 59 - Conclusão

--------------------------------------------------------

PÁGINA 61 - Bibliografia

PÁGINA 63 - Leitura adicional sugerida


PREFÁCIO À SÉRIE

A história da Igreja Adventista apresenta


acontecimentos desafiadores e ao mesmo tempo
emocionantes. É impossível, para aqueles que
amam a verdade, não se encher de admiração e
espanto pela maneira como a história desta igreja
se delineou ao longo dos séculos. Uma mão
invisível trabalhou intensamento em cada partícula
do passado deste movimento com indescritível
solidez.
No que diz respeito à atuação sobrenatrual
de Deus no cuidado e guia a Seu povo, com base
nesta evidência, podemos respirar profundamente
e dizer: “Eu creio que o presente e o futuro não
serão diferentes do passado, o Senhor permanecerá
conosco até o fim”.
Nesta mesma direção, sob o ar da revelação,
Ellen G. White exclamou com indizível clareza,
“Cobro ânimo e sinto-me abençoada ao reconhecer
que o Deus de Israel ainda está guiando o Seu povo,
e continuará com ele até ao fim” (Testemunhos
Seletos, vol. 3, p. 439).
Também fez afirmações contundentes de
que, “Não há necessidade de duvidar, de temer
que a obra não terá êxito. Deus está à frente da
obra, e Ele porá tudo em ordem. Se, na direção da
obra, houver coisas que careçam de ajustamentos,
Deus disso cuidará, e operará para corrigir todo
erro. Tenhamos fé em que Deus há de pilotar
seguramente ao porto a nobre nau que conduz
o povo de Deus” (Review and Herald, 20 de
setembro de 1892”.
Foi enfática ao afirmar que, “Deus tem na
Terra uma igreja que é Seu povo escolhido, que
guarda os Seus mandamentos. Ele está guiando,
não ramificações transviadas, não um aqui e outro
ali, mas um povo” (Testemunhos Para Ministros,
p. 57-62).
Também reconheceu que, “Embora
existam males na igreja, e tenham de existir até o
fim do mundo, a igreja destes últimos dias há de
ser a luz do mundo poluído e desmoralizado pelo
pecado. A igreja, débil e defeituosa, precisando ser
repreendida, advertida e aconselhada, é o único
objeto na Terra ao qual Cristo confere Sua suprema
consideração” (Igreja Remanescente, p.46).
Acrescentou com muita convicção que,
“Deus tem um povo em que todo o Céu se acha
interessado, e eles são o único objeto na Terra,
precioso ao coração de Deus. Que todos os que
lerem estas palavras lhes dêem toda a consideração”
(Igreja Remanescente, p.38).
E não podia deixar de citar uma das mais
belas declarações de resoluta confiança para o
povo de Deus do que esta: “Nada temos que
recear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos
a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os
ensinos que nos ministrou no passado” (Mensagens
Escolhidas, v. 3, p. 162).
De fato, um povo sem passado é um povo
sem história e consequentemente sem identidade.
Não é o caso da Igreja Adventista do Sétimo dia,
um movimento profético que surgiu com uma
mensagem profética para um tempo profético.
Você e eu somos este movimento que, desde seu
surgimento, vive por um propósito bem definido:
alertar o mundo do juízo vindouro.
A série “Verdades que edificam” propõe
ajudar a igreja quanto à realidade dos fatos muitas
vezes distorcidos para sustentar uma suposta
verdade. Nesta série, em especial, o conteúdo aborda
o que realmente Ellen G. White afirmou sobre a
Trindade, o que os arquivos originais apresentam
e o que os pioneiros adventistas escreveram a este
respeito. Com certeza haverá deleite àquele que
realmente deseja averiguar os fatos, confirmando-
os conforme os documentos demonstram. Sugiro
que leia este livreto desprovido de convicções,
com oração e muita humildade.

Gilberto G. Theiss
Gilberto G. Theiss

ACERVO LITERÁRIO DE ELLEN


WHITE E POSSÍVEIS ADULTERAÇÕES
PARA ADVOGAR A DOUTRINA DA
TRINDADE

Introdução

D esde os primórdios do movimento


Adventista, o tema específico da Trindade foi
algumas vezes discutido e amplamente debatido
por muitos pioneiros. A compreensão, embora
truncada, foi gradativa e, especialmente, após
a publicação do livro “O Desejado de Todas as
Nações”, a revelação deixou a imparcialidade de
lado para se tornar uma contundente posição

11
Os Pioneiros, Ellen G. White e a Doutrina da Trindade

Adventista do Sétimo dia.


No entanto, esta imparcialidade e
discussão têm sido ressuscitada em nossos
dias promovendo apostasia, além de sustentar
movimentos separados ou revoltados com a igreja.
Um dos argumentos que tem causado maior dano
e diluído a fé de muitos estudantes do assunto é
a implacável acusação de que os escritos de Ellen
G. White, quando traduzidos, foram adulterados
para advogar, provar e defender a doutrina da
Trindade.
Devido a grande credibilidade nos escritos
de Ellen G. White, este tipo de argumentação
pode ser incisiva e demasiadamente forte para
convencer e minimizar a confiança na própria
organização. Infelizmente, muitas das pessoas
que recebem informações equivocadas e
enganosas como esta, absorvem a ideia sem ao
menos buscar as fontes e evidências necessárias
para colocar à prova tal ensinamento. Satanás e
os inimigos da igreja sabem disso e por esta razão
são muito bem sucedidos ao levantar suspeitas.
Muitos membros se agarram à mentira com muita
facilidade, e, consequentemente, a disseminam, e
em alguns casos até morrem por ela. Temos que

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Gilberto G. Theiss

ter em mente que, embora a mentira seja mentira,


ela tem o poder de persuadir e de enganar. Joseph
Goebbels pareceu compreender bem este fato ao
afirmar que “a mentira repetida mil vezes torna-
se em verdade. Por este motivo, o propósito
deste artigo é permitir ao leitor a possibilidade de
observar os escritos fotocopiados dos originais de
Ellen White quanto ao que ela realmente escreveu
sobre o tema proposto. Suas cartas, algumas
escritas a punho e outras datilografadas, mesmo
com mudanças sinonimizadas, expõem fielmente,
suas palavras da forma como originalmente foram
traduzidas para o português, evidência esta que o
leitor poderá tirar por conclusões.

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Os Pioneiros, Ellen G. White e a Doutrina da Trindade

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Gilberto G. Theiss

DESENVOLVIMENTO DO ACERVO
LITERÁRIO DE ELLEN WHITE

Algumas acusações de adulteração dos


escritos de Ellen G. White para advogar a doutrina
da Trindade tem a ver com a participação de
assistentes literários permitidos pela autora.
Alegam que foi a exagerada dependência dos seus
assessores, por sua deficiência gramatical, que
contribuiu para algumas adulterações1. Portanto,
1 Informações como esta são encontradas em diversos sites eletrô-
nicos. Com o objetivo de não provocar um incentivo de divulga-
ção de tais sites, justamente por não apresentarem informações
e pesquisas sérias, seus nomes, títulos e autores foram omitidos
propositalmente.

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Os Pioneiros, Ellen G. White e a Doutrina da Trindade

este adendo tem como finalidade apresentar uma


síntese clara e objetiva das razões que implicaram
na formação e organização de assistentes literários
de Ellen G. White, seguindo de perto o exemplo
de alguns profetas bíblicos.
A formação dos escritos de Ellen G. White
compostos por cartas, diários, artigos, periódicos
e livros totalizam cerca de 100.000 páginas.2
Acredita-se que Ellen G. White, possivelmente,
esteja na terceira posição de escritores mais
traduzidos da História e a escritora norte-
americana mais traduzida em todos os tempos.
Em 1915, ano de seu falecimento, havia vinte e
quatro livros publicados e mais dois em mãos dos
editores para possível publicação. No entanto,
após 1990, de sua autoria, 128 livros já se
encontravam publicados.3
Embora ela tenha escrito muitas cartas
e livros, de fato, como bem conhecido, Ellen G.
White não era uma estudante brilhante e muito
menos possuía formação universitária. Esta
2 WHITE, Ellen G. Mensagens Escolhidas, cap. 12 a 18.
3 Pode-se obter uma lista completa do acervo literário incluindo
cartas, folhetos e periódicos de Ellen White em Centro de Pesquisa
Ellen White (Patrimônio Literário White) no Instituto Adventista
de Ensino do Nordeste (IAENE). Km 197, BR 101, Cachoeira-
-BA, Bairro Capoeiruçu. 44300-000.

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Gilberto G. Theiss

verdade, casada com os critérios para se testar um


profeta, clarifica como verdade o fato de ter sido
chamada por Deus para um ministério especial.
Como bem expressou Hebert Douglas, “Seria
difícil dizer que a extraordinária obra literária de
Ellen G. White é produto apenas da inteligência e
invenção humanas”, e ainda afirmou que,

“Seus contemporâneos, conhecedores


de sua formação e educação mínima, também
estavam convencidos de que uma sabedoria mais
do que humana era responsável pela incisiva e
impressionante eloquência demonstrada por ela
tanto no prelo como no púlpito”.4

Sua fragilidade não era apenas acadêmica,


mas, em grau elevado, física. Diante deste
impasse, ela muitas das vezes precisou dar uma
pausa temporária até que Deus a auxiliasse
dando-lhe força e condições para prosseguir.
Reconhecia claramente que era amparada e
fortalecida por alguém fora dela: “O Senhor é que
me tem fortalecido, e abençoado, e sustido por
Seu Espírito.”5
4 DOUGLAS, Herbert. Mensageira do Senhor, p. 108..
5 WHITE, Ellen G. Manuscrito 4, 1891, citado em Arthur White,

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Os Pioneiros, Ellen G. White e a Doutrina da Trindade

Devido à intensidade de escritos em


contraste com sua diminuta capacidade intelectual
e física, outra esclarecida verdade é que, com o
passar do tempo, algumas pessoas incorporaram
a equipe de auxílio para dar-lhe suporte
neste exaustivo trabalho. Há uma carta bem
esclarecedora escrita a G. W. Amadon em 1906
apresentando a maneira como suas assistentes a
ajudavam:

“Recolhi-me à noitinha, depois do sábado,


e repousei bem sem dor ou incômodo até às dez
e meia. Não consegui dormir Eu havia recebido
instruções [do anjo assistente], e raramente fico
na cama depois de tais instruções me sobrevieram
[...] Saí da cama e escrevi durante cinco horas,
tão rápido quanto a pena podia traçar as linhas.
Depois, descansei na cama por uma hora, e dormi
parte do tempo”,

ela continua,

“Coloquei a matéria nas mãos de minha


copista e, na segunda-feira de manhã, ela me
Ellen G. White, Mensageira da Igreja Remanescente, 2º ed. (Tatuí,
SP: CPB, 1993).

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Gilberto G. Theiss

esperava, tendo sido colocada no meu escritório


no domingo à noite. Havia quatro artigos prontos
para eu reler e fazer quaisquer correções
necessárias. A matéria está pronta agora, e parte
dela seguirá hoje para o correio.”6

Ellen G. White, com o objetivo de tornar


mais eficiente as correções, envio e preparo de
matérias para publicação, além da ajuda de seu
esposo, desenvolveu uma enérgica organização de
assistentes de redação tanto voluntárias quanto
remuneradas.7 Esta estratégia de permitir o auxílio
de assistentes não apenas partiu dela e de seu
esposo, mas também se tornou uma necessidade
devido ao grande volume de material que ela era
incumbida a escrever. Às vezes algumas pessoas
ficam um tanto que túrbidas ante o conceito de
um profeta fazer uso de assistentes literários e,
de certa forma, acabam não compreendendo
a maneira como Deus fala e guia o profeta. Não
deveria ser novidade, Ellen G. White utilizava
assistentes literárias pelas mesmas razões que os
escritores bíblicos o faziam. A este respeito, bem
ponderou Alberto Timm que, “Se os profetas não
6 WHITE, carta 28, 1906, citado em ibdem, p. 332.
7 WHITE, Ellen G. Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 89.

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Os Pioneiros, Ellen G. White e a Doutrina da Trindade

podem expandir e clarificar conceitos previamente


enunciados, como explicar então as diferentes
perspectivas de determinados eventos descritos
nos evangelhos sinóticos de Mateus, Marcos e
Lucas?”. 8 Neste caso específico, ela conhecia as
suas limitações de tempo e aptidões literárias,”9
e, por esta razão, uma equipe de auxiliadores era
bem vinda para o aperfeiçoamento e atualização
de seus escritos.10

8 TIMM, Alberto R. Revista do ancião 2005.


9 DOUGLAS, Herbert E. Mensageira do Senhor, p. 110.
10 Maiores detalhes ver Carta 11, 1884, citada em Mensagens
Escolhidas, v. 3, p. 96-98.

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Gilberto G. Theiss

A ACUSAÇÃO DE ADULTERAÇÃO

A s acusações de adulterações de alguns


escritos para advogar a Trindade não procedem e
muito menos condizem com uma análise séria e
criteriosa. Também têm sido habituais afirmações
alegando deturpação direta do original para o
inglês - de onde são traduzidas as obras para o
português. Estas acusações não são comuns em
literaturas, elas são encontradas exaustivamente
pela comunicação eletrônica - internet. Muitas
das informações encontradas pela internet que,
de forma bem incisiva, afirmam categoricamente

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Os Pioneiros, Ellen G. White e a Doutrina da Trindade

a adulteração das cartas de Ellen G. White por


parte da liderança para advogar a Trindade,
não passam de palavras sem fundamentação,
ou seja, palavras ao ar, enquanto que outras
dão aparência de estarem substancialmente
embasadas. O grande problema é que muitas
pessoas se contentam com as poucas informações
transmitidas enquanto que outras se satisfazem
com um simples jargão depreciativo à igreja. Se
todos levassem a sério o que leem e pesquisam,
levando em consideração “o todo” em detrimento
do “parcial”, além do contexto e caso, creio
que o número de apostasias causadas por esta
negligência seria consideravelmente pequeno
comparado ao atual.
Por este motivo, a seguir serão
apresentados os escritos originais de Ellen G.
White com as principais citações concernentes à
Trindade fazendo um paralelo entre os escritos
originais e as traduções para o português. As
cartas podem ser melhor visualizadas no arquivo
anexo em CD que acompanha este livro. O objetivo
é mostrar que a argumentação levantada, ou
acusação feita contra os tradutores e a igreja, não
são coerentes. Desta forma, tendo acesso a estes

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Gilberto G. Theiss

escritos originais, será mais fácil mostrar que


a igreja, por mais débil e defeituosa que pareça
ser, jamais maquinou uma ação tão diabólica
de traduzir erroneamente as visões e conselhos
da mensageira do Senhor. Somente uma mente
muito sagaz e um sentimento muito controverso
à igreja para chegar a tais conclusões e ainda
espalhar essas informações como se fossem a
mais pura verdade.
Analisaremos as principais citações
mostrando sua fonte para que tais comparações
possam dar-nos mais credibilidade e segurança.

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Os Pioneiros, Ellen G. White e a Doutrina da Trindade

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Gilberto G. Theiss

CITAÇÕES ORIGINAIS E TRADUÇÕES


PARA O PORTUGUÊS

N esta sequência, serão apresentadas a


citação em português e as imagens escaneadas
dos originais poderão ser vistas e comparadas.
O leitor perceberá que Ellen G. White conservou
algumas cartas escritas a punho enquanto que
outras conservou apenas as datilografadas.
É importante salientar que os auxiliadores
literários eram pessoas de sua confiança e as
cartas datilografadas passaram por suas mãos
para devidas correções antes de serem assinadas
e confirmadas. Outro fato também relevante

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Os Pioneiros, Ellen G. White e a Doutrina da Trindade

é que não faremos uma análise em todas as


cartas de Ellen G. White que tratam deste tema,
pois o objetivo é reavaliar apenas as principais
cartas por julgar que seja suficiente. Caso o leitor
tenha interesse em ver todas as cartas, elas são
acessíveis em qualquer centro de pesquisa Ellen
G. White.
A primeira citação a ser avaliada é a que
foi publicada em 1906, observe: “Há três pessoas
vivas pertencentes ao trio celeste; em nome
destes três grandes poderes - o Pai, o Filho e o
Espírito Santo - os que recebem a Cristo por fé viva
são batizados, e estes poderes cooperarão com
os súditos obedientes do Céu em seus esforços
para viverem nova vida em Cristo”11.
Esta citação encontra-se no livro
Evangelismo, p. 615, e foi compilada em 1946.
No entanto, a impressão apareceu em 1906
publicada pela mesma autora. Na imagem da
página seguinte podemos ver nitidamente que tal
conspiração de adulteração jamais houve.

11 WHITE, Ellen G. Evangelismo, p. 615 -A citação original se


encontra em Manuscrito 21, de 9 de janeiro de 1906, escrito em
novembro de 1905.

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Gilberto G. Theiss

A citação original se encontra em


Manuscrito 21, de 9 de janeiro de 1906, escrito em
novembro de 1905 como pode ser comprovado
abaixo.

Na próxima imagem, escaneada de


uma página do diário de Ellen G. White, onde
é encontrado o original, não editado da cópia

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Os Pioneiros, Ellen G. White e a Doutrina da Trindade

escrita à mão do manuscrito 21, 1906, que se lê:


“Aqui estão as três personalidades vivas
do trio celestial, nas quais cada alma arrependida
dos seus pecados, recebe Cristo por fé viva, para
aqueles que são batizados em nome do Pai, e do
Filho e do Espírito Santo”12.

Na próxima imagem, encontramos a


seguinte citação:
“A obra está colocada diante de cada alma
que reconhece sua fé em Jesus Cristo pelo batismo,
e se tornou um recipiente da promessa das três
pessoas “o Pai, o Filho e o Espírito Santo”13.

12 Idem. Manuscrito 21, 1906.


13 Manuscrito 57, 1900, publicado no comentário bíblico adven-
tista do sétimo dia.

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Gilberto G. Theiss

Portanto, outra evidência da fidelidade


de tradução. Na verdade, verifica-se forte
comprovação dos fatos, de que não houve
nenhuma intenção malévola de tradução. Os
escritos de Ellen G. White, por si, advogam a
doutrina como correta.
O Manuscrito 271 acrescenta esta citação:
“O Pai, o Filho e o Espírito Santo, poderes
infinitos e oniscientes, recebem aqueles que
verdadeiramente entram em relação de concerto
com Deus”14. Podemos confirmar na carta de
Ellen G. White a mesma transcrição. Observe na
figura abaixo, incluindo a figura seguinte com a
assinatura de confirmação da autora:
14 Manuscrito 271, 1900 (Publicado em Sevent Day Adventist
Bible Comentary, 6:1075)

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Os Pioneiros, Ellen G. White e a Doutrina da Trindade

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Gilberto G. Theiss

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Os Pioneiros, Ellen G. White e a Doutrina da Trindade

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Gilberto G. Theiss

E QUANTO AO ESPÍRITO SANTO?

Das pessoas da Divindade, o Espírito


Santo tem sido o mais atacado e desacreditado por
alguns movimentos dissidentes. No entanto, neste
tópico, analisaremos alguns textos históricos de
Ellen G. White escritos a punho ou datilografados
e assinados por ela, autenticando o que a igreja
tem ensinado há décadas a respeito da Terceira
Pessoa da Divindade.
A citação encontrada no livro Evangelismo,
p. 616 e 617, é uma das cartas mais acusadas de
fraude. Portanto, faremos uma breve análise e
comparação com o texto original para tirarmos as

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Os Pioneiros, Ellen G. White e a Doutrina da Trindade

dúvidas. O texto reza assim:

“Precisamos reconhecer que o Espírito


Santo, que é tanto uma pessoa como o próprio
Deus, está andando por esses terrenos”.15 “O
Espírito Santo é uma pessoa, pois dá testemunho
com o nosso espírito de que somos filhos de Deus.
Uma vez dado esse testemunho, traz consigo
mesmo Sua própria evidência. Em tais ocasiões
acreditamos e estamos certos de que somos filhos
de Deus [...]. O Espírito Santo tem personalidade,
do contrário não poderia testificar ao nosso
espírito e com nosso espírito que somos filhos de
Deus. Deve ser também uma pessoa divina, do
contrário não poderia perscrutar os segredos que
jazem ocultos na mente de Deus. “Por que qual
dos homens sabe as coisas do homem, senão o
espírito do homem, que nele está? assim também
ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito
de Deus” (ICo 2:11). O princípio da potestade
do mal só pode ser mantido em sujeição pelo
poder de Deus na terceira pessoa da Divindade, o
Espírito Santo”.16
15 WHITE, Ellen G. Manuscrito 66, 1899..
16 Idem, Evangelismo, p. 616-617 e está localizada em Special
Testimonies, Série A, nº 10, pág. 37. A palavra Trindade não será

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Gilberto G. Theiss

E continua, “Cumpre-nos cooperar com


os três poderes mais alto no Céu- o Pai, o Filho
e o Espírito Santo - e esses poderes operarão por
meio de nós, fazendo-nos coobreiros de Deus”17.
Nas imagens seguintes, podemos sanar
nossas dúvidas observando, com atenção, que não
há alteração na tradução a ponto de prejudicar a
crença. A citação original é verídica e pode ser
encontrada em um dos Patrimônios Literários de
Ellen G. White. A única modificação encontrada e
que não confere com a citação original é a palavra
trindade. Ellen G. White faz uso de Godhead que
significa divindade. No entanto, a utilização de
Godhead não modifica o sentido da doutrina.

Original datilografado:

encontrada na citação original, mas tal tradução não altera o senti-


do de toda a expressão. Com esta palavra ou não, a revelação está
falando de três pessoas divinas..
17Idem. Evangelismo, 616, 617; Manuscrito 20, 1906, p.9.

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Os Pioneiros, Ellen G. White e a Doutrina da Trindade

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Gilberto G. Theiss

Original escrito a punho

Alguns, talvez bem intencionados,


porém desprovidos de coerência nos resultados
hermenêuticos, afirmam que não há uma
distinção clara entre Espírito Santo e Jesus. Para
não dar margem a tal pensamento, é bom vermos
Ellen G. White afirmando que ambas são pessoas
distintas. No Manuscrito 93, diz: “O Espírito Santo
é o Consolador, em nome de Cristo. Ele personifica
Cristo, contudo é uma personalidade distinta”18
(Observe a imagem abaixo).

Outra citação que tem sido fortemente


18 WHITE, Ellen G. No Manuscrito 93, 1893, Publicado em
Manuscript Releases, 20:323-325.

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Os Pioneiros, Ellen G. White e a Doutrina da Trindade

atacada e creditada de adulteração é a encontrada


no livro O Desejado de Todas as Nações. Observe:
“O pecado pode ser resistido e vencido
apenas através da poderosa agência da terceira
pessoa da Divindade, a qual viria com energia não
modificada e na plenitude do poder divino”19
Esta citação foi publicada pela primeira
vez em 1898 e hoje se encontra no mesmo livro.
A imagem da página seguinte, escaneada do
original, demonstra claramente que não houve
tradução equivocada. Embora a palavra Trindade
não esteja na carta, qualquer pessoa sensata
saberia discernir que esta mudança não causa
nenhuma implicação ao sentido de toda a frase
e contexto. Alguém ainda poderia questionar se
realmente esta carta veio de Ellen G. White. É
importante conhecer que ela raramente preservou
os manuscritos escritos a punho. Depois de
transcritas, com sua aprovação, as cartas eram
catalogas e usadas para as edições de seus livros
e periódicos. Esta confiança da parte de Ellen G.
White em não manter alguns de seus manuscritos
escritos a punho pode ser uma clara evidência de
sua credibilidade na manutenção e cuidado das
19 Idem, O Desejado de Todas as Nações, p. 671.

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Gilberto G. Theiss

citações ao longo dos anos que se seguissem.

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Os Pioneiros, Ellen G. White e a Doutrina da Trindade

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Gilberto G. Theiss

CONCLUSÃO

C omo ressaltado neste presente livro,


foram inseridas apenas algumas poucas citações
por julgar que sejam suficientes. No entanto, caso
ainda haja dúvidas a este respeito, sugiro que
visite um de nossos centros de pesquisa Ellen G.
White no Brasil (UNASP C. 2, IAENE ou FAAMA)
e faça uma revisão dos fatos. As evidências da
autenticidade das traduções são evidentes, e
precisamos crer que Deus mesmo se mantém na
fiscalização de Sua obra e na manutenção de Suas
Doutrinas. Ellen G. White mesma considerou tais
fatos, afirmando “Sou animada e beneficiada ao

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Os Pioneiros, Ellen G. White e a Doutrina da Trindade

compreender que o Deus de Israel ainda guia Seu


povo, e continuará com ele até o fim.”20 Também
acrescentou que “A obra está sobre a supervisão
do bendito Mestre [...] O intenso anelo de ver a
igreja impregnada de vida tem de ser temperado
com inteira confiança em Deus”21 E para ser mais
contundente,
“Não há necessidade de duvidar, de
temer que a obra não tenha êxito. Deus está à
frente da obra, e Ele porá tudo em ordem. Se,
na direção da obra, houver coisas que careçam
de ajustamento, Deus disso cuidará para corrigir
todo erro. Tenhamos fé em que Deus há de pilotar
seguramente ao porto a nobre nau que conduz o
povo de Deus.”22
A história da igreja tem demonstrado
como o sobrenatural tem convivido com o natural.
Deus tem sido presente nesta igreja ao longo
desses anos e com certeza ainda permanecerá
até o fim. Sei que nem tudo é mar de rosas, mas
não há dúvidas que, em se tratando de questões
doutrinárias, Deus não permitiria que ela fosse
maculada.
20 WHITE, Ellen G. Testemunhos para a Igreja, v. 2, p. 406.
21 Idem. Testemunhos Seletos, v. 2, p. 353, 354.
22 Idem. A igreja Remanescente, p. 68

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Gilberto G. Theiss

ENTENDIMENTO PROGRESSIVO DOS


PIONEIROS SOBRE A TRINDADE

Muitos debates e confrontos se


levantaram nos primórdios do adventismo com
o objetivo de impedir que certas doutrinas
estranhas se infiltrassem no seio da igreja. Mas,
conceitos estranhos e doutrinas duvidosas
eram de certa forma os meios mais eficazes
para forçar os teólogos e pastores da época a
estudarem com mais profundidade os temas
propostos e controversos. Assim como outros

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Os Pioneiros, Ellen G. White e a Doutrina da Trindade

assuntos complexos e preconceituosos, o tema da


divindade de Jesus, Espírito Santo ou da Trindade
ganharam um pequeno espaço em algumas dessas
discussões no meio adventista, principalmente
pelo fato de tal crença ser creditada à origem
pagã do catolicismo1. Essa discussão, no princípio,
não era nada amistosa, mas aos poucos, ao longo
dos anos, as diferenças teológicas a esse respeito
foram diminuindo. Podemos separar esse período
em pré 1898 e pós 1898, por ter sido neste ano a
primeira impressão do livro “O Desejado de Todas
as Nações” que trouxe grande luz sobre a essência
da natureza de Jesus, influenciando grandemente
alguns pioneiros que ainda mantinham certas
dúvidas quanto à co-erternidade de Cristo2.
Mesmo antes da publicação de “O Desejado
de Todas as Nações”, e da influência das visões

1 SHWARZ, Richard W. e GREENLEAF, Floyd, Portadores de


luz, p. 161
2 WHIDDEN, Woodrow, MOON, Jerry e REEVE, John W. A
Trindade, p. 223

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Gilberto G. Theiss

de Ellen G. White, houve entre alguns pioneiros,


um progressivo entendimento deste tema que
culminou em declarações extra-oficiais da crença
da Igreja Adventista na Divindade e Eternidade
do Filho junto com o Pai e da natureza pessoal e
divina do Espírito Santo. E será exatamente isto
que veremos a seguir.

45
Os Pioneiros, Ellen G. White e a Doutrina da Trindade

46
Gilberto G. Theiss

O CONTEXTO DE 1892 E ALGUMAS


PUBLICAÇÕES

Na data de 1892, um estudo publicado


pela Review and Herald, usou pela primeira vez,
de forma abrangente e positiva, o termo Trindade.
O devido estudo foi publicado num conjunto de
dezenas de outros estudos para confirmar no que,
até o momento, os Adventistas do Sétimo dia
definitivamente acreditavam.
A desmistificação da palavra Trindade
começa neste período com nenhuma

47
Os Pioneiros, Ellen G. White e a Doutrina da Trindade

contrariedade dos principais pioneiros da igreja.


É importante lembrar que nos períodos entre
1846 e 1888 a maioria dos adventistas haviam
rejeitado o conceito da Trindade3, e apresentavam
diversas divergências quanto à natureza da
pessoa de Cristo, Sua igualdade com o Pai e sua
co-eternidade. Uns acreditavam que Jesus era
essencialmente Deus, porém inferior ao Pai,
enquanto que outros acreditavam que, em algum
momento, na eternidade, o Filho teria vindo à
existência.
Analisaremos a partir de aqui, algumas
importantes considerações de alguns renomados
pioneiros do movimento, que nos darão a
compreensão de que suas descrenças na divindade
e eternidade de Jesus não suportaram o tempo
e a luz posterior que Deus lhes daria através de
diligente estudo. A progressiva compreensão
poderá ser notada nestas citações:
3 Ibdem, p. 217. Ver também: MOON, Jerry. O debate adventista
sobre a Trindade, Parousia ano 4, nº 2, p. 21.

48
Gilberto G. Theiss

W.W. Prescott4 - 1896 (Antes) - “Assim


como Cristo nasceu duas vezes, uma vez na
eternidade...e de novo na carne”5

W.W. Prescott – 1919 (Depois) - Depois


assumiu: “Fui ensinado como o irmão Daniells...
de que a Trindade era algo herético...sem contudo
pensar por mim mesmo, ou estudar, eu supus que
estava certo. Mas eu descobri algo diferente...
como entendo agora, deidade envolve eternidade.
Você não pode ler as Escrituras e conceber sem
eternidade”6

Uriah Smith7 - 1865 (Antes) - “... o primeiro


4 W. W. Prescott, educador e administrador. Em 1885 tornou-se
diretor do Battle Creek College e foi, durante algum tempo (1891-
1892), simultaneamente, diretor de dois outros colégios – Unio e
WallaWalla. Ajudou a fundar o que hoje se conhece na Austrália
como Avondale College. Posteriormente trabalhou como erudito e
administrador, exerceu grande influência sobre a obra educacional
mundial da denominação. Nascido em 1855 e falecido em 1944.
DOUGLAS, Herbert E. A mensageira do Senhor, p. 250.
5 PRESCOTT, W. W. Review and Herald, 14 de Abril de 1896.
6 Ibdem, p. 62, 1919
7 Uriah Smith. Pastor, escritor e redator. Tornou-se adventista
observador do sábado em 1852, unindo-se no ano seguinte à equipe

49
Os Pioneiros, Ellen G. White e a Doutrina da Trindade

ser criado”8. “Embora através de meios não


claramente identificados nas Escrituras, Cristo
havia sido trazido à existência ou gerado”9

Uriah Smith – 1881 (Depois) - “Mas a


linguagem não implica necessariamente que ele
foi criado [...] ele próprio veio à existência de
uma forma diferente.”10 Ao comentar a frase, “O
princípio da criação” de Apocalipse 3:14.

Alguns, até mesmo bem intencionados,


afirmam que Uriah Smith não havia se convencido
completamente deste assunto. A resposta a
esta indagação poderia ser entendida à luz da
da Review and Herald. Desde aquele tempo até sua morte, seu nome
apareceu no expediente da revista, a maior parte das vezes como
editor. Foi o primeiro instrutor bíblico do Battle Creek College e
secretário da Associação Geral. Escreveu alguns livros, dos quais o
mais conhecido é Thought son Daniel and the Revelation. Nascido
em 1832 e falecido em 1903. DOUGLAS, Herbert E. A mensageira
do Senhor, p. 251.
8 SMITH, Uriah. Thoughts Critical and Patriarcal, on the Book of
Revelation p. 59
9 Ibdem
10 Ibdem, p. 74

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Gilberto G. Theiss

impressão da primeira edição de “O Desejado de


Todas as Nações”. Urias Smith faleceu em 1903,
portanto ele presenciou em 1898 as afirmações
de Ellen G. White neste volume de que Jesus
não possuía vida derivada e nem emprestada11.
Também pode conhecer a declaração contundente
no mesmo livro a favor do Espírito Santo que
assim declara: “Ao pecado só se poderia resistir e
vencer por meio da poderosa operação da terceira
pessoa da Trindade, a qual viria, não com energia
modificada, mas na plenitude do divino poder”.12
Este argumento pode ser uma referência
plausível do desenvolvimento progressivo e
teológico para os pioneiros do movimento, e
especialmente para Smith, pelo fato dele devotar
grande confiança no ministério profético de Ellen
G. White para a igreja remanescente.
De qualquer forma, temos uma citação de
1896 onde Smith admitia louvar o Espírito Santo,
11 WHITE, Ellen G.. O Desejado de Todas as Nações, p. 530
12 Ibdem, p. 761.

51
Os Pioneiros, Ellen G. White e a Doutrina da Trindade

pois estava equiparado ao Pai e ao Filho em


Mateus 28:1913.
Em 1903 Smith reconheceu três seres ou
três agentes para a nossa salvação14.

James White15 - 1846 (Antes) - “O antigo


credo trinitarista ausente nas escrituras...de
13 SMITH, U. In the Question chair, Adventist Review and
Sabbath Herald, doravante Review, 27/10/1896.
14 SMITH, u.The Spirit of Profhecy.General ConferenceBulletin,
14 de março de 1903.
15 Tiago [James] Springer White. Um dos três co-fundadores da
igreja Adventista do Sétimo dia, sendo os outros dois sua esposa
Ellen e amigo José Bates. Foi professor durante dois anos, amas
logo que completou 21 anos de idade uniu-se ao movimento
milerita e, empunhando um diagrama, começou a pregar. Relata-
se que, durante os meses de inverno de 1842-1843, Tiago levou
mais de 1000 pessoas a Cristo. Depois do desapontamento de 22 de
outubro de 1844, associou-se a outros Cristãos no estudo da Bíblia,
em busca de maiores esclarecimentos. Em1846 aceitou a verdade
o sábado e, em 1849, começou a publicar a revista PresentTruth.
À medida que crescia o número dos adventistas guardadores do
sábado, ele insistiu para que constituíssem uma organização. Isso
resultou na formação da Associação Geral , em 1863. Tiago liderou
o desenvolvimento da obra editorial, educacional e médica da
igreja. Durante muitos anos foi editor da Review and Herald. Atuou
como presidente da Associação Geral durante três mandatos (1865-
1867-1871; 1874-1880). Nascido em 1821 e falecido em 1881.
DOUGLAS, Herbert E. A mensageira do Senhor, p. 253.

52
Gilberto G. Theiss

que Jesus é o eterno Deus”16James White –


1876 (Depois) - “Os adventistas dos sétimo dia
compreendem a divindade de Cristo de forma tão
parecida com os Trinitaristas que não receamos
qualquer debate aqui”17
Um ano mais tarde, em 1877, James White
declara abertamente sua crença na igualdade do
Filho para com o Pai, e ainda condenou qualquer
ensinamento que faça Cristo inferior para com o
Pai”18.

J. H. Waggonner – (Antes) - “A Bíblia faz


silêncio sobre a Trindade.”19

J.H Waggonner – 1883 (Depois) - Em 1883,


Waggonner reconheceu que o Espírito Santo
partilha os atributos do Pai e do Filho.20

16 WHITE, James. The Day Star, Jan. 21.


17 Idem. Review and Herald, 12 de Out. De 1876.
18 Ibdem, 29 de Nov. de 1876, p. 72.
19 WAGGONNER, J.H. The Atonement, p. 173.
20 TAYLOR, 1953.

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Os Pioneiros, Ellen G. White e a Doutrina da Trindade

Os registros históricos vistos até então são


evidentes em mostrar que, no mínimo, mudanças
no pensamento no que diz respeito à Trindade
foram gradativamente permeando o parecer
de alguns pioneiros. Nos capítulos seguintes,
cavaremos um pouco mais para encontrar algum
tipo de solo que possa dar sustento e respaldo à
crença no meio adventista. A história, estudada
com seriedade, não falha em nos apresentar a
verdade.

54
Gilberto G. Theiss

OUTROS PIONEIROS EM DEFESA DA


TRINDADE

S. Spears, em artigo de 1889 transformado


em livreto e publicado pela igreja em 1892 defende
“A doutrina bíblica da Trindade.” N. Downer, em
artigo, declarou que as três pessoas da Trindade
tiveram parte na ressurreição de Cristo.21
Lee S. Wheeler, observou, citando Efésios
4:4-5: “É digno de nota que nesta como em
muitas outras partes da Escritura, o Espírito como
sendo um é mencionado como distinto do Pai e
21 DOWNER, N. Review, 6 de abril de 1876.

55
Os Pioneiros, Ellen G. White e a Doutrina da Trindade

do Filho.”22
D. Hildereth escreveu: “Tire o Espírito
Santo da Bíblia e ‘nada’ que reste é digno de ser
falado.”23
Joseph Clark defendeu o Espírito Santo
como uma realidade em si mesmo, e um agente
de Deus.24
P. Bollman escreveu: “O Espírito Santo é
divino e Criador de todas as coisas”.25
A.J. Morton declarou: “A divindade do
Espírito Santo, de Cristo e a do Pai e Cristo não
pode ser separada”.26
Alonzo T. Jones foi editor da Review
and Herald por muitos anos. Em sermão na
Sessão da Conferência Geral de 27 de fevereiro
de 1895 defendeu que “O Espírito Santo é um
representante pessoal de Deus”. Também, que
22 WHEELER, L.S. The Communion of the Holy Spirit, Review,
21 de abril de 1891, p. 244.
23 HILDERETH, D. Review, 01 de abril de 1862.
24 CLARK, J. Review, 10 de março de 1874.
25 BOLLMAN, P. Signes of the Times, 04 de novembro de 1889..
26 MORTON, A. J. Signes of the Times, 26 de outubro de 1891.

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Gilberto G. Theiss

há uma unidade do Espírito Santo com o Pai e o


Filho.27
Stephen N. Haskel, no artigo “O Espírito
Santo” declara que a relação entre o Pai, Filho e
Espírito Santo é um mistério.28
G.C Tenny, que em 1883 usara “it” (“Isto”,
em inglês, normalmente usado para coisas)
para o Espírito Santo declarou em 1896 que o
Espírito Santo era inteligente, tinha existência
independente e passou a suar o pronome pessoal
“he” (“ele”, normalmente para pessoas).29
S.M.I.Henry, escritor denominacional
declarou em 1898 que: “Os pronomes usados em
conexão com o Espírito devem levar-nos a concluir
que ele é uma pessoa – uma personalidade...”.30
R.A Underwood, que havia sido
antitrinitariano a princípio, expõe, segundo ele
27 JONES, A. T. General ConferenceBulletin, 27 de fevereiro de
1895..
28 HASKELL, S. N. Review, 28 de novembro de 1899.
29 BOLLMAN, P. TENNY, G. C. Review and Herald, 9 de junho
de 1896..
30 HENRY, S. M. I. The Abindig Spirit, p. 271.

57
Os Pioneiros, Ellen G. White e a Doutrina da Trindade

mesmo declara, a sua mudança de compreensão,


a partir do estudo da Bíblia.
Na revista Review and Herald de 3 de maio
de 1898, ele diz que o Espírito é uma pessoa e que
não deveríamos permitir que Satanás destruísse
nossa fé “na personalidade dessa pessoa da
Divindade – o Espírito Santo.”
Em relação à sua opinião anterior,
Underwood declarou:
“Mas nós queremos a verdade porque
ela é a verdade, e nós rejeitamos o erro porque
é o erro, apesar de qualquer ponto de vista que
nós possamos anteriormente ter sustentado ou
qualquer dificuldade que nós possamos ter tido
ou possamos ter agora quando nós vemos o
Espírito Santo como uma pessoa”.31

31 UNDERWOOD, R.A. Review and Herald, 3 de maio de 1898..

58
Gilberto G. Theiss

CONCLUSÃO

Com o passar do tempo, assim como


outras doutrinas que foram sendo incorporadas
ao quadro de crenças adventistas, a Trindade
foi superando as discussões contrárias,
conquistando gradativamente espaço cognitivo
entre os principais pioneiros da igreja. As visões
reveladoras dadas a Ellen G. White sobre a
Divindade de Cristo e do Espírito Santo, tendo
como marco a publicação do livro “O Desejado de

59
Os Pioneiros, Ellen G. White e a Doutrina da Trindade

Todas as Nações”, teve um impacto importante


para a fundamentação da crença no ano de
1898, que consequentemente levou a igreja a se
posicionar definitivamente no ano de 1931, onde
expressou total aceitação a esta doutrina. Muitos
líderes e membros que viviam neste ano, foram
membros atuantes no período de Ellen G. White
e mantiveram sua crença assim como nos anos
anteriores - a favor da Trindade. Portanto, em
torno de 1900 a igreja já desfrutava de consenso
sobre o tema conforme os testemunhos da época
evidenciam clarificadamente.32

32 SILVA, Demóstenes N. A Trindade, p.124.

60
Gilberto G. Theiss

BIBLIOGRAFIA

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ministério profético de Ellen G. White. 3. ed. São Paulo: Casa
Publicadora Brasileira, 2009.

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________________. O desejado de todas as


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________________; PAGANI, Cesar Luis.


Testemunhos para a igreja. v. 2. Tatuí: Casa Publicadora
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________________. Testemunhos seletos:

62
Gilberto G. Theiss

conselhos para a igreja, selecionados de “Testimonies for


the church”. V. 2. Tradução de Isolina Waldvogel, Rafael de
Azambuja Butler. 6. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira,
2009.

________________. Mensagens escolhidas.


Tradução de Isolina A Waldvogel, Luiz Waldvogel. 4. ed. V. 3.
São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2010.

LEITURA ADICIONAL SUGERIDA

CASALI, Victor. Historia de las Doctrinas Adventistas.


Centro de Investigación White: Universidad Adventista Del
Plata, p. 131-132

DEMÓSTENES, N. S. Perguntas e Respostas sobre a


Trindade, p. 117-130.

PAROUSIA, Ellen G. White e a compreensão da


Trindade, p. 11-26.

PAROUSIA, O debate adventista sobre a Trindade,


p. 19-30.

63
Os Pioneiros, Ellen G. White e a Doutrina da Trindade

WOODROW whidden, Jerry Moon, John W. Reeve.


A Trindade, p. 207-215.

THEISS, Gilberto G. A história revelada e a verdade


confirmada, p. 69 – 150 (ver desenvolvimento doutrinário
da IASD e a doutrina da trindade).

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Gilberto G. Theiss

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