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Rua João Marques Oliveira, 819,

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Buraquinho, Lauro de Freitas, BA.
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Coordenação:
Pr. Gilberto Oliveira Basilio
Tatiana Santos Rodrigues Penteado

Coordenação executiva
Pr. Moisés Moacir
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Willian Carvalho Ferreira

Produção editorial
Pr. Helio Carnassale

Colaboração
Pr. Luciano Barbosa Ferreira - Diretor AB
Pr. Marcio Santos de Souza - Diretor Associado AB
Pr. Vitelmo da Silva Vieira - Diretor MSe
Pr. Alexandre Ferreira de Souza - Diretor ABaC
Pr: Gleydson da Silva - Diretor ABN
Pr: Marcelo Baldoino da Silva - Diretor MBSo
Pr. Willian Jackson da Silva Santos - Diretor Associado MBSo
Pr. José Mário Oliveira Acácio - Diretor MiBES
Pr. Rodrigo de Souza Tergilene - Diretor da ABS

Diagramação
Tiago Rodrigues Costa
Prefácio 5

Sermão 1 | 03 de janeiro 6
Um Deus que se comunica

Sermão 2 | 07 de fevereiro 11
Os profetas nas Escrituras

Sermão 3 | 06 de março 16
O remanescente e o testemunho de Jesus

Sermão 4 | 03 de abril 22
O chamado de Ellen Gould Harmon

Sermão 5 | 01 de maio 29
O propósito para a manifestação moderna do dom profético

Sermão 6 | 05 de junho 34
As provas bíblicas para testar um profeta

Sermão 7 | 03 de julho 39
Como enfrentar dificuldade com confiança

Sermão 8 | 07 de agosto 44
Os principais temas nos escritos de Ellen White Parte I

Sermão 9 | 04 de setembro 48
Os principais temas nos escritos de Ellen White Parte II

Sermão 10 | 02 de outubro 52
Princípios de Interpretação Profética

Sermão 11 | 06 de novembro 56
A tríplice benção

Sermão 12 | 04 de dezembro 61
A revelação profética
Prezados pastores, líderes e
irmãos da União Leste Brasileira,
É com grande alegria que compartilhamos com vocês os
materiais preparados para as quartas-feiras proféticas de 2023. O
tema geral deste ano é “A Manifestação moderna do dom profético”,
e temos o prazer de disponibilizar 12 sermões acompanhados por
apresentações em Power Point. Nossa intenção é enriquecer os
cultos de oração de nossas igrejas e grupos com esse valioso
conteúdo.
Os sermões foram elaborados pelo pastor Helio Carnassale,
um dedicado pastor jubilado, que serviu à Igreja em diversas
áreas por mais de 40 anos. Em 2021, ele encerrou oficialmente
seu ministério como Diretor do Espírito de Profecia, Assuntos
Públicos e Liberdade Religiosa para a Divisão Sul-Americana,
sede oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia para a América
do Sul. Atualmente, ele reside em Tatuí, SP, ao lado de sua esposa
Vania, e continua a servir voluntariamente.
Nossa esperança é que, por meio desses sermões, a igreja
possa crescer em fé e confiança na Palavra revelada por Deus,
reconhecendo a manifestação moderna do dom profético presente
na vida, ministério e obra de Ellen G. White. Sobre o futuro de
seus escritos, ela mesma escreveu:
“Abundante luz tem sido comunicada a nosso povo nestes
últimos dias. Seja ou não poupada minha vida, meus escritos
falarão sem cessar e sua obra irá avante enquanto o tempo durar”
(1 Mensagens Escolhidas, p. 55).
Que todos nós sejamos profundamente abençoados por
essa maravilhosa revelação. Através do estudo e compreensão
desses sermões, possamos nos aproximar ainda mais de Deus e
fortalecer nossa fé no cumprimento das profecias.
Atenciosamente,

Pr. Gilberto Basílio


Diretor de Publicações e Espírito de Profecia
da União Leste Brasileira da IASD
03 de janeiro

Um Deus que
1| se comunica

Leitura Bíblica: Hebreus 1:1, 2

Introdução

Nosso Deus é um Deus que se comunica. Fomos criados à


Sua imagem e semelhança (Gn 1:26, 27) para viver em comunhão
com Ele. Ellen White, ao escrever sobre a comunicação direta
que Adão e Eva tinham com Deus, afirmou: “O santo casal não
era apenas filho sob o cuidado paternal de Deus, mas aluno
recebendo instrução do sábio Criador. Eram visitados pelos
anjos e podiam ter comunhão com seu Criador, sem nenhum
véu de separação” (Patriarcas e Profetas, p. 26).

Além disso, o Comentário Bíblico Adventista (vol. 1, p. 216)


afirma, com base em Gênesis 3:8, que “as visitas periódicas de
Deus perto do final do dia sempre haviam sido ocasiões de
deleite para o casal”.

Entretanto, com a entrada do pecado, aconteceram mudanças


drásticas. A natureza de Adão e Eva havia mudado e não podiam
mais falar face a face com Deus. O profeta Isaías (59:2) escreveu:
“As vossas iniquidades fazem separação entre vós e vosso Deus,
e os vossos pecados encobrem o Seu rosto de vós”.

O pecado verdadeiramente nos separa de Deus.

Mas como Deus transpôs esse abismo causado pelo pecado?


Esse é o tema que vamos estudar.
QUARTAS-FEIRAS PROFÉTICAS 7

I. Um Deus que se comunica


a) Deus retoma a comunicação com o ser humano
O pecado não impediu Deus de se comunicar com a raça
humana. Ao invés de falar face a face com suas criaturas, Ele
passou a falar a todos por meio da consciência individual (Rm
2:15). Jesus afirmou que o Espírito Santo convenceria “o mundo
do pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16:8). Além disso, a natureza
também revela muito do caráter de Deus, deixando os seres
humanos “indesculpáveis” (Rm 1:20).

b) Deus falou com Seus servos


Antes de Moisés, Deus havia se comunicado com a raça
humana por meio de seus servos. Assim aconteceu com Enoque
(Jd 14, 15), Noé (Gn 5 a 9), Abraão (Gn 12 a 24) e outros patriarcas.
Para a nação de Israel, Deus se comunicava por meio de Urim e
Tumim, duas pedras preciosas que estavam no peitoral do sumo
sacerdote (Êx 28:30). No entanto, com Moisés, Deus conversava
diretamente.

c) Deus Se revelou por meio de sonhos e visões


O impressionante texto de Números 12:6-8 explica a forma
como Deus falava com os profetas, por meio de sonhos e visões,
e a maneira especial como se comunicava com Moisés, boca a
boca. Por isso, a excelência do ministério profético de Moisés é
um tipo da obra do Messias (Dt 18:15).

II. Os Profetas - Comunicadores


por Excelência

a) Deus tem revelado Sua vontade por meio de profetas


“Embora Deus tenha empregado muitos métodos, o profeta
foi a forma mais reconhecida de comunicação divina”, afirma
Herbert Douglass, em seu livro “Mensageira do Senhor” (p. 9).
8 UM DEUS QUE SE COMUNICA

Os profetas têm sido os canais mais visíveis no sistema divino


de comunicação. Em Amós 3:7 lemos: “Certamente o Senhor
Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar seu segredo
aos seus servos, os profetas”.

b) 40 Reis X 30 Profetas
No total, há 40 reis, somando o reino unificado e depois os
dois reinos divididos. “Desde o tempo de Saul, o primeiro rei,
até os dias da desolação em que tanto Israel como Judá foram
levados cativos, 30 profetas são mencionados pelo nome na
Bíblia, além de outros anônimos, juntamente com os filhos dos
profetas” (Mensageira do Senhor, p. 11).

c) Razões pelas quais Deus usou os profetas para Se revelar


Herbert Douglass (Mensageira do Senhor, p. 10) menciona o
autor adventista T. Housel Jemison, que listou oito razões pelas
quais Deus usou profetas ao invés de recursos dramáticos ou
espetaculares. São elas:
1. Os profetas prepararam o caminho para o primeiro advento
de Cristo.
2. Como representantes do Senhor, mostraram que Deus
valorizava o ser humano.
3. Os profetas eram um lembrete constante de que a instrução
divina estava próxima.
4. As mensagens proféticas cumpriram o mesmo propósito
que uma comunicação pessoal do Criador.
5. Os profetas foram uma vívida representação do poder
transformador de Deus.
6. A presença dos profetas provou o povo com respeito à
atitude deles para com Deus.
7. Os profetas fizeram parte do plano da salvação, ilustrando
o chamado que Deus faz a todos para se envolverem na pregação
de Sua mensagem ao mundo.
8. A contribuição mais notável dos profetas foi a participação
deles na entrega da Palavra Escrita.
QUARTAS-FEIRAS PROFÉTICAS 9

III. A Obra dos Profetas


a) O Significado do Termo Profeta
O profeta era chamado para receber uma mensagem da
parte de Deus e transmiti-la ao povo. No Antigo Testamento (AT),
duas palavras hebraicas, chozeh e ro’eh, geralmente traduzidas
por “vidente”, são usadas para destacar o papel do profeta como
recebedor da mensagem divina. Já no papel de transmissor da
mensagem, a palavra nabi, “profeta”, foi usada mais frequentemente.

Já no Novo Testamento (NT), o correspondente do hebraico


nabi é a palavra grega prophetes, transliterada como profeta,
cujo significado é “falar em nome de”.

O verdadeiro profeta é aquele que fala em nome de Deus.

b) Samuel como Profeta


A obra dos profetas é ilustrada por meio da história do profeta
Samuel. “A vida de Samuel é uma ilustração clara e profunda de
como o Espírito de Profecia pode ser eficiente no programa de
Deus na Terra” (Mensageira do Senhor, p. 11). A nação de Israel
perdeu sua vocação espiritual, igualando-se aos demais povos
nas práticas idólatras. Durante o sombrio e prolongado tempo
dos juízes, Israel foi subjugado pelas nações vizinhas.

Quando Samuel foi chamado para exercer o ofício profético,


nos é dito que “naqueles dias a palavra do Senhor era mui rara;
as visões não eram frequentes” (1Sm 3:1). Eli, o sumo sacerdote,
era idoso e seus filhos, Hofni e Finéias, “eram filhos de Belial, e
não se importavam com o Senhor” (1Sm 2:12).

O relato bíblico diz que “o jovem Samuel crescia em estatura


e no favor do Senhor” (1Sm 2:26). À medida que o jovem se
desenvolvia e amadurecia, sua liderança espiritual foi sendo
reconhecida. “Crescia Samuel e o Senhor era com ele, e nenhuma
de todas as suas palavras deixou cair por terra. Todo o Israel,
desde Dã até Berseba, conheceu que Samuel estava confirmado
como profeta do Senhor” (1Sm 3:19, 20).
10 UM DEUS QUE SE COMUNICA

c) A Fidelidade do Profeta e o Agir de Deus


A fidelidade de Samuel como mensageiro de Deus tornou
possível ao Senhor reverter a desgraça de Seu povo em grandes
bênçãos e prosperidade. Ele também foi usado pelo Senhor para
estabelecer as Escolas dos Profetas. Elas serviram para proteger
e instruir os jovens, firmando-os nos caminhos do Senhor e
preparando-os para se tornarem líderes em Israel.

Posteriormente, quando Samuel já era idoso, o povo pediu


um rei, ao invés de ser governado diretamente pelo Senhor.
Mesmo sendo rejeitado para governar Israel, Deus não rejeitou
Seu povo. Ele não retirou o dom profético e não deixou de chamar
mensageiros e enviar mensagens de advertência e orientação
para os Seus filhos.

Conclusão
Hoje tivemos a oportunidade de recordar como Deus se
comunicou com Seus filhos, muitas vezes e de muitas maneiras,
por meio dos profetas. Mas nestes últimos dias, Ele nos falou
por meio do Filho, o Senhor Jesus, revelação máxima de Deus.
Portanto, nosso convite hoje é para que possamos voltar os
olhos para Jesus, “Autor e Consumador da fé” (Hb 12:2), a fim de
encontrarmos graça, perdão e salvação.

Somos convidados também a agradecer ao Senhor por Seu


esforço ao longo dos tempos até os nossos dias para nos assegurar
a revelação de Sua vontade. A palavra profética, tanto da Bíblia
como dos escritos do profeta moderno, Ellen White, foi-nos dada
como manifestação do profundo amor e misericórdia de Deus
pela humanidade, pois Ele não deseja que “nenhum pereça, senão
que todos cheguem ao arrependimento” (2Pe 3:9).

Qual será a nossa resposta a esse tão grande amor de Deus


e que resposta daremos ao empenho divino de Se comunicar
conosco, a fim de nos revelar Sua vontade?
07 de fevereiro

2| Os profetas nas
Escrituras
Leitura Bíblica: Oséias 12:13

Introdução

Nas páginas das Escrituras Sagradas, encontramos uma rica


história de homens e mulheres a quem Deus outorgou o dom
profético. Esses profetas foram obedientes e fiéis, apesar de suas
fraquezas e falhas. Mantinham um relacionamento pessoal com
Deus e estiveram dispostos a receber e transmitir a revelação
divina com responsabilidade.

Neste sermão, vamos recordar a história de alguns desses


profetas e seu papel na vida do povo de Deus.

I. Os Patriarcas como Profetas


Os profetas bíblicos eram indivíduos chamados por Deus
para desempenhar um papel religioso independente. Eles não
herdavam esse ofício, nem eram nomeados politicamente.

Vamos considerar alguns dos primeiros profetas da Bíblia:


a) Enoque - Embora saibamos pouco sobre Enoque, a Bíblia
nos diz que ele andou com Deus e foi transladado ao Céu sem
passar pela morte (Gn 5:24). Ele integra a galeria dos heróis da
fé em Hebreus 11:5, e profetizou sobre a volta de Jesus e o juízo
final em Judas 14, 15.

b) Noé - Apesar de não ser tradicionalmente considerado


um profeta, a Escritura revela que Noé era justo e andava com
Deus (Gn 6:9). Aos 480 anos de idade, Deus o escolheu para
12 OS PROFETAS NAS ESCRITURAS

transmitir a mensagem do Dilúvio, revelando-lhe a destruição


do mundo, e o orientou a construir a arca e chamar as pessoas
ao arrependimento. Ele é chamado de “pregador da justiça” em
2 Pedro 2:5.
c) Abraão - Foi o primeiro a ser chamado de profeta no Antigo
Testamento. Deus o mencionou como profeta quando falou com
Abimeleque (Gn 20:7), destacando sua intercessão pelo rei.

d) Moisés - O primeiro filho da nação de Israel a ser chamado


profeta (Dt 18:15). Deus o preparou ao pastorear rebanhos antes
de liderar as ovelhas de Israel. Moisés é reconhecido como um
dos maiores profetas bíblicos, quando Josué afirmou que “nunca
mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés” (Dt
34:10). Realmente não houve profeta como Moisés até o tempo
do Messias, acerca de quem Paulo escreveu que Ele não só foi
maior que todos os profetas, mas “o resplendor da glória e a
expressão exata de Deus” (Hb 1:3).

II. Profetas e Reis


a) Profetas como representantes de Deus
Os sacerdotes representavam o povo diante de Deus, mas os
profetas representavam Deus diante do povo. Eles falavam com
clareza e coragem, apontando os pecados do povo e dos líderes.

b) A coragem dos profetas


A independência dos profetas bíblicos tornou possível que
um profeta tivesse a coragem de apontar para Davi o pecado
de adulterar e matar (2Sm 12:1-13). O mesmo Natã, depois de
concordar com Davi quanto ao seu desejo de construir uma casa
para o Senhor, teve suficiente coragem para voltar à presença do
Rei e transmitir-lhe que ele não construiria o templo e sim seu
sucessor (2Sm 7:1-3 e 12-17).
Quando Acabe e Jezabel aprofundaram a idolatria no Reino
do Norte, Elias e outros profetas lutaram contra essa terrível
QUARTAS-FEIRAS PROFÉTICAS 13

apostasia e alguns profetas do Senhor foram mortos por causa


dessa oposição (1Rs 18:4). Na triste história da morte de Nabote,
por causa dos caprichos do casal real, Elias apareceu proclamando
que no mesmo lugar em que os cães haviam lambido o sangue
do inocente, cães lamberiam o sangue de Acabe (1Rs 21:19). Em
1Reis 22:37, 38 está o cumprimento dessa profecia.

c) Voz de autoridade
Os profetas falavam com autoridade suprema, revelando a
vontade de Deus. Suas palavras não só exprimiam os desígnios
do Senhor, mas também desafiavam as decisões reais, os falsos
conselhos dos sacerdotes e ainda repreendiam o povo e os
falsos profetas.

III. Profetisas em Israel


Embora Israel não tivesse sacerdotisas, havia profetisas
que desempenharam papéis importantes. Cinco mulheres são
chamadas de profetisa no Antigo Testamento.

a) Mirian - chamada de profetisa em Êxodo 15:20, foi irmã


de Moisés e Arão e apesar de alguns tropeços, desempenhou
importante papel na coliderança do povo de Israel, confirmado
por Miqueias (6:4).

b) Débora - foi juíza e liderou a batalha contra Sísera ao lado


de Baraque, na guerra para libertar Israel das mãos do domínio
cananita. Ela foi chamada de profetisa em Juízes 4:4.

c) A mulher de Isaías - foi chamada de profetisa (Is 8:3)


pelo próprio marido, muito provavelmente como uma referência
honrosa à esposa, muito mais do que por ofício.

d) Hulda - vivia em Jerusalém no tempo de Josias e foi


chamada de profetisa. Enviou uma mensagem de advertência
ao Rei, registrada em 2Reis 22:14-20.
14 OS PROFETAS NAS ESCRITURAS

e) Noadia - aparece na história fazendo parte dos conspiradores


contra o Neemias, ao lado de Tobias e Sambalá e de outros
profetas que queriam aterrorizar esse servo de Deus e impedir
a reconstrução de Jerusalém (Nm 6:14).

IV. Profetas no Novo Testamento


A palavra profeta ou profetisa aparece 160 vezes no Novo
Testamento (NT), sendo 93 vezes nos Evangelhos e 34 vezes no
livro de Atos. Na maioria são referências aos profetas do AT, sendo
usada poucas vezes para pessoas que viviam nos tempos do NT.

A importância do ofício permanece, como vemos nos


exemplos abaixo:
a) Zacarias – de quem está escrito que “cheio do Espírito
Santo, profetizou” (Lc 1:67). Sua esposa Isabel também foi cheia
do Espírito Santo e saudou a Maria, sua prima, como a mãe do
Messias (Lc 1:41-43).

b) João Batista - de nenhum outro profeta bíblico se afirma


ter sido cheio do Espírito desde o ventre, a não ser João Batista
(Lc 1:15). João está numa categoria à parte. Ele foi o precursor do
Messias (Mt 3:1-3), o Elias prometido, assim também reconhecido
por Jesus, que afirmou que “entre os nascidos de mulher, ninguém
apareceu maior do que João Batista” (Mt 11:11).

c) Jesus - de Jesus se diz que era profeta umas 20 vezes. Na


maioria dos casos, as pessoas é que O chamavam assim (Mt 21:11;
Lc 24:19). Porém em Marcos 6:4 e Lucas 4:24, o próprio Senhor
referiu-se a si mesmo como profeta.

d) Outros - Fora dos Evangelhos encontramos poucos profetas


mais. Somente 8 são mencionados por nome, sendo 5 da Igreja
de Antioquia: “Barnabé, Simeão, Lúcio, Manaén e Saulo” (At 13:1).
QUARTAS-FEIRAS PROFÉTICAS 15

Outros citados nominalmente são: “Judas e Silas” que foram


para Antioquia (At 15:32). Depois desses, só mais um profeta é
mencionado por nome - trata-se de Ágabo, da Judeia (At 21:10).
Pode-se ainda acrescentar a essa restrita lista, as quatro filhas
de Felipe (At 21:9), e “alguns profetas que eram de Jerusalém” (At
11:27) e ainda parece terem existido outros profetas em Corinto
(1Co 14:29-32).

Apesar de não serem tantos os profetas do NT, Paulo, na carta


aos Efésios e na primeira carta aos Coríntios, afirma que “Deus
estabeleceu na igreja ... profetas ... com vistas ao aperfeiçoamento
dos santos, para o desempenho do seu serviço, para a edificação
do corpo de Cristo” (Ef 4:11, 12) “visando a um fim proveitoso”
(1Co 12:7). Paulo ainda afirma que é do Espírito a iniciativa de
realizar essas coisas, distribuindo os dons como “lhe apraz, a
cada um individualmente” (1Co 12:11).

Conclusão
Hoje, refletimos sobre a presença e a importância dos profetas
nas Escrituras. Por meio desses homens e mulheres escolhidos por
Deus, Sua vontade foi revelada e o povo foi guiado e protegido.

No texto que lemos a princípio, Oséias 12:13 encontramos


que “por meio dum profeta, o Senhor fez subir a Israel do Egito,
e por um profeta foi ele guardado”. Este texto destaca duas das
principais funções de um profeta – 1) conduzir, guiar, dirigir; e 2)
guardar o povo de Deus.

A ausência da profecia pode levar ao desvio espiritual (Pv


29:18), e por isso devemos louvar ao Senhor por nos amar o
suficiente para nos presentear com revelações maravilhosas por
meio de Seus profetas. Essas mensagens continuam a abençoar
nossa caminhada rumo à eternidade.
06 de março

3| O Remanescente e o
Testemunho de Jesus
Leitura Bíblica: Apocalipse 12:17

Introdução
Durante o período de apostasia liderado por Acabe e Jezabel,
o profeta Elias acreditava ser o único fiel ao Deus de Israel. No
entanto, Deus revelou que ainda existiam 7.000 que não haviam
se curvado a Baal, desconhecidos por Elias.

Ao longo da história, Deus preservou um remanescente fiel.


Embora nem sempre fosse visível, sempre existiu um grupo de
fiéis. Hoje, também há membros fiéis em todas as igrejas, que
são considerados como o povo de Deus.

Apocalipse 18:4 faz um apelo para o final dos tempos: “retirai-


vos dele, povo meu” (Ap 18:4). Muitos que estiverem em Babilônia
sairão e se unirão à igreja remanescente visível de Deus, descrita
em Apocalipse 12:17.

Em Apocalipse 12:17, encontramos três marcas distintivas


que identificam o remanescente fiel de Deus no fim dos tempos:
1. O tempo do seu surgimento.
2. A guarda dos mandamentos de Deus.
3. O testemunho de Jesus.

I. O Tempo do Surgimento do Remanescente


Apocalipse 12:17 indica claramente o tempo em que o
remanescente surgiria. Esse período profético é descrito de
QUARTAS-FEIRAS PROFÉTICAS 17

três maneiras diferentes nos livros de Daniel e Apocalipse, mas


refere-se ao mesmo período:
a) 42 meses (Ap 11:2).
b) 1.260 dias (Ap 11:3 e 12:6).
c) Um tempo, tempos e metade de um tempo (Dn 7:25 e Ap
12:14).

Os adventistas, com base em eventos históricos, entendem


que essa profecia se cumpriu no período de 538 a 1798. Os
principais eventos desse período são:
a) 538 - O Imperador Justiniano concedeu oficialmente ao
bispo de Roma o papel de defensor da fé, acumulando poder
religioso e civil.
b) 1798 - O General Berthier, sob ordens de Napoleão Bonaparte,
levou cativo o papa Pio VI, destituindo-o do trono papal.

II. A Guarda dos Mandamentos de Deus


O remanescente, contra quem Satanás está irado, deveria
surgir após 1798 e manifestar sua obediência aos mandamentos
de Deus, incluindo os Dez Mandamentos, conforme Êxodo 20.
Isso inclui o quarto mandamento, que estabelece o sábado como
dia de adoração a Deus.

O segundo sinal para identificar o remanescente é sua lealdade


à lei moral de Deus, obedecendo a TODOS os mandamentos,
reconhecendo a importância do sábado, e compreendendo que
“qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto,
se torna culpado de todos” (Tg 2:10).

III. O Testemunho de Jesus


Essa é a terceira marca do remanescente. A expressão
“Testemunho de Jesus” tem duas interpretações possíveis no
Novo Testamento:
18 O REMANESCENTE E O TESTEMUNHO DE JESUS

a) O testemunho que uma pessoa dá a outras.


b) O testemunho que alguém dá sobre Jesus.
Das 21 vezes que a expressão “Testemunho de Jesus”
aparece nos escritos de João (Evangelho, Cartas e Apocalipse),
14 referem-se à primeira opção e 7 à segunda. Em Apocalipse 1:2
e 1:9, a expressão está em harmonia com a primeira interpretação,
referindo-se ao testemunho que Jesus dá aos apóstolos.

Os dois primeiros textos em Apocalipse onde ocorre a


expressão “Testemunho de Jesus”, estão no capítulo 1:2, 9, e estão
em harmonia com a primeira interpretação (isto é, o testemunho
que Jesus dá a uma ou mais pessoas) e estabelecem o modelo
para os usos posteriores no livro.

“A Palavra de Deus”, que também ocorre nesses dois versos,


é geralmente entendida como aquilo que Deus disse. Para os
cristãos da época de João, não havia dúvidas que se referia ao
conteúdo das Escrituras até então disponíveis (Jo 5:39), o que
chamamos hoje de Antigo Testamento.

“O Testemunho de Jesus”, que é mencionado junto com


“Palavra de Deus” aponta para o testemunho que Jesus deu aos
apóstolos, como Pedro, Paulo e o próprio João, que também eram
profetas, e não para o testemunho que alguém deu sobre Jesus.

Tanto em Apocalipse 1:2 quanto em 1:9, vemos um paralelo


entre a “Palavra de Deus” e o “Testemunho de Jesus”. A “Palavra
de Deus” e o “Testemunho de Jesus” descrevem o conteúdo da
pregação de João pela qual ele foi exilado. E o fato de estarem
juntos nos ensina uma lição preciosa. Não devemos separar a
“Palavra de Deus” do “Testemunho de Jesus”.
Em Apocalipse 19:10, João apresenta algo novo. Lemos assim:
“Prostrei-me ante os seus pés para adorá-lo. Ele, porém, me
disse: Vê, não faças isso; sou conservo teu e dos teus irmãos que
QUARTAS-FEIRAS PROFÉTICAS 19

mantém o testemunho de Jesus; adora a Deus. Pois o testemunho


de Jesus é o espírito da profecia.”

O anjo diz a João que a adoração é devida somente a Deus.


Ele, o anjo, não deveria ser adorado por ser conservo de João
e dos seus irmãos, que mantinham o testemunho de Jesus. E o
anjo encerra dizendo que o testemunho de Jesus é o espírito
da profecia.

O que significam essas duas expressões – irmãos que mantém


o testemunho de Jesus, e o testemunho de Jesus é o espírito da
profecia? Precisamos recorrer a João e a Paulo para obter correta
compreensão dessas duas expressões
1. “Teus irmãos que mantém o testemunho de Jesus”
Em Apocalipse 22:8, 9, encontramos uma passagem que nos
ajuda a entender essa expressão. Novamente João se prostra
diante do anjo para o adorar e o anjo novamente diz a João
para não adora-lo e acrescenta: “eu sou conservo teu, dos teus
irmãos, os profetas” (Ap 22:9). Nesse texto fica claro a quem o
anjo se referiu em Apocalipse 19:10, ao dizer que era conservo de
João e “dos teus irmãos que mantém o testemunho de Jesus”.
O anjo não está se referindo aos irmãos da igreja em geral, mas
a um grupo específico identificado agora, pelo mesmo anjo, em
Apocalipse 19:9, como sendo os profetas.

2. “O testemunho de Jesus é o espírito da profecia”


O dom de profecia aparece nas três listas bíblicas sobre dons
espirituais: Romanos 12, 1 Coríntios 12 e Efésios 4. Em nenhuma
dessas listas há qualquer referência ao tempo em que esses dons
deveriam ser dados. Em 1 Coríntios 12:11, Paulo afirmou que: “um
só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as
a cada um como lhe apraz, a cada um, individualmente.”

É decisão soberana do Espírito Santos distribuir os dons


espirituais. Entendemos claramente que os dons espirituais
20 O REMANESCENTE E O TESTEMUNHO DE JESUS

deveriam acompanhar a igreja ao longo de sua atuação neste


mundo. A pessoa que recebe dom de profecia é chamada de
“profeta” (1 Co 12:28; Ef 4:11).

Assim, o “Testemunho de Jesus”, chamado de Espírito da


Profecia, não é um dom geral dado a todos os membros da
igreja, mas é um dom concedido pelo Espírito Santo, a um grupo
específico de pessoas, a quem a Bíblia chama de profetas.

Conclusão

Concluímos que o remanescente é a igreja visível que deve


surgir após 1798 e será identificada pela guarda dos mandamentos
de Deus, incluindo o sábado, e pela presença do testemunho de
Jesus, que é a manifestação moderna do dom profético, chamado
de Espírito de Profecia. O testemunho de Jesus é dado por meio
de profetas, que recebem uma revelação especial para auxiliar o
remanescente durante os tempos finais.

“Os adventistas não afirmam ser a igreja universal de Cristo.


A igreja universal é mais ampla do que qualquer denominação.
Ela é visível e invisível na medida em que consiste daqueles
que creem e seguem Jesus. A verdadeira igreja é composta
daqueles que creem nele. Deus os conhece. Os adventistas,
por outro lado, afirmam ser o remanescente visível e especial
do fim dos tempos de Apocalipse 12:17” (Ekkehardt Müeller, em
A universalização da Igreja no Novo Testamento”, escrito para
Mensagem, missão e unidade da Igreja, Instituto de Pesquisas
Bíblicas da Associação Geral da IASD).

É impossível para a Igreja Adventista manter sua identidade


profética como remanescente, sem reconhecer e aceitar as
características de Apocalipse 12:17 - tempo de surgimento,
QUARTAS-FEIRAS PROFÉTICAS 21

guarda dos mandamentos e testemunho de Jesus. Na verdade,


os Adventistas do Sétimo Dia são a única igreja que cumpre
conjuntamente esses três requisitos. Nenhuma outra.

Os adventistas do sétimo dia compreendem as características


do remanescente e reconhecem a manifestação moderna do
dom profético em Ellen G. White. Sabendo das grandes provas
que a igreja remanescente passaria no final dos tempos (2 Ts
2:9, 10) Deus separou uma mensagem específica para orientar
e guiar o Seu povo, e a entregou por meio de uma mensageira,
que recebeu a manifestação moderna do dom profético. Ellen
G. White cumpriu os requisitos e as provas bíblicas do que é ser
um profeta.

Essa mensagem profética é um presente do amor e misericórdia


de Deus para Seu povo, orientando-os em sua jornada. Nos
próximos temas, exploraremos os propósitos e importância da
manifestação do dom profético.

Que Deus nos abençoe e nos capacite a reconhecer no


“testemunho de Jesus” uma prova inquestionável de Seu amor
e cuidado por Seus filhos.
03 de abril

4| O Chamado de Ellen
Gould Harmon
Leitura Bíblica: Apocalipse 10:9-11

Introdução
O texto de Apocalipse 10:9-11 é considerado pelos adventistas
como a previsão profética para o surgimento do movimento
adventista. Ellen White, uma figura central nesse movimento, teve
uma profunda consideração por Guilherme Miller, dedicando
cinco capítulos do livro “Grande Conflito” a ele. Ela escreveu
sobre Miller: “anjos de Deus vigiam o precioso pó deste servo
de Deus, e ele ressurgirá ao som da última trombeta” (Primeiros
Escritos, p. 258).

Os primeiros cálculos feitos por Miller indicavam que a volta


de Jesus ocorreria em algum dia entre 21 de março de 1843 e 21
de março de 1844, período que ficou conhecido como “o ano do
fim”. Embora isso não tenha se cumprido, essa primeira decepção
parece não ter impactado negativamente a pregação millerita.

Em agosto de 1844, numa reunião campal realizada em


Exeter, New Hampshire, Samuel S. Snow, até então um millerita
desconhecido, apresentou argumentos extraídos da tipologia
bíblica sobre a purificação do santuário. Essa mensagem ficou
conhecida como “o clamor da meia da meia-noite”, conforme
a nova interpretação da parábola das 10 virgens, de Mateus 25.
Muitos saíram dali convictos que Jesus voltaria precisamente em
22 de outubro de 1844. Esse foi o ponto máximo do millerismo. A
data específica e a confiança irrestrita nos cálculos proféticos,
serviram apenas para intensificar o desapontamento que viria.
QUARTAS-FEIRAS PROFÉTICAS 23

I. O Dia Seguinte
Após a decepção de 22 de outubro de 1844, muitos crentes
abandonaram a fé, enquanto os que permaneceram se dividiram
em “adventistas da porta aberta” e “adventistas da porta fechada”,
em alusão ao texto de Mateus 25:10, que descreve as virgens
prudentes entrando com o noivo para as bodas, enquanto a porta
se fechava para os demais.

Os adventistas da porta aberta acreditavam que estavam


CERTOS quanto ao EVENTO da volta de Cristo, mas criam que os
cálculos proféticos estavam errados e que nada havia acontecido
em 22 de outubro.

Já os adventistas da porta fechada acreditavam que algo


tinha ocorrido em 22 de outubro de 1844. Criam que os CÁLCULOS
PROFÉTICOS ESTAVAM CORRETOS, mas discordavam quanto ao
que de fato teria acontecido. Adotaram a convicção que somente
seriam salvas as pessoas que haviam aceitado a mensagem da
volta de Cristo até 22 de outubro de 1844.

II. O Surgimento dos Adventistas Sabatistas

Adventistas sabatistas é como ficaram conhecidos aqueles


que deram origem à Igreja Adventista do Sétimo Dia. Os líderes e
fundadores desse grupo, José Bates, Tiago White e Ellen Harmon,
aceitaram a mensagem da volta de Jesus. Ellen, que já havia
sido excluída da Igreja Metodista, recebeu visões de Deus que
a impulsionaram a compartilhar a mensagem recebida. Em uma
de suas visões, ela viu um caminho reto e estreito onde o povo
do advento estava viajando para a Nova Jerusalém.

Bates e Tiago eram da Conexão Cristã, uma denominação


com forte ênfase no restauracionismo. Já Ellen e a família Harmon
24 O CHAMADO DE ELLEN GOULD HARMON

eram metodistas. Ela e mais seis, de um total de 10 pessoas de


sua casa, foram excluídas da Igreja Metodista da rua Chestnut,
da cidade de Portland, em setembro de 1843, onde Miller havia
pregado duas vezes, em março de 1840 e junho de 1842.

Ellen Harmon escreveu sobre dois momentos marcantes


de sua experiência com a expectativa da breve volta de Jesus.
Antes e depois de 22 de outubro de 1844.

Antes: “Esse foi o ano mais feliz de minha vida. Meu coração
transbordava de alegre expectativa; mas sentia grande dó e
ansiedade pelos que se achavam desanimados e não tinham
esperança em Jesus. Unimo-nos, como um só povo, em fervorosa
oração para alcançar uma verdadeira experiência e inequívoca
prova de nossa aceitação da parte de Deus” (1 Testemunhos para
a Igreja, p. 54).

Depois: “Ficamos desapontados, mas não desanimados.


Resolvemos refrear-nos da murmuração naquela severa prova pela
qual o Senhor nos estava purificando das escórias e refinando-nos
como o ouro no fogo; resolvemos submeter-nos pacientemente
ao processo de purificação que Deus julgava necessário para nós,
e aguardar com paciente esperança de que o Salvador remisse
Seus filhos provados e fiéis” (Vida e Ensinos, p. 54).

Bates, Tiago e Ellen estavam entre aqueles que acreditavam


na doutrina da porta fechada e por isso, se afastaram daqueles
que insistiam em marcar novas datas para a volta de Cristo. Havia
ainda outros crentes que, como eles, tinham convicção de que todo
aquele movimento não havia sido em vão. Queriam encontrar na
Bíblia a razão de sua decepção. Além de serem poucos, estavam
isolados uns dos outros, espalhados pelo norte central e nordeste
dos Estados Unidos.
QUARTAS-FEIRAS PROFÉTICAS 25

III. O Chamado

Em meio à dor, decepção e confusão, Deus se manifestou


em uma visão a Ellen, chamando-a para a missão profética.

Ela havia completado 17 anos em 26 de agosto de 1844.


Seu estado de saúde havia se agravado com as tristezas do
desapontamento e Elizabeth Haines, uma amiga apenas um
pouco mais velha do que ela e que também morava em Portland,
convidou-a para passar alguns dias em sua casa. Era o final do
mês dezembro de 1844. Foi numa reunião de oração, no culto da
manhã, onde estavam presentes apenas cinco mulheres, que o
Senhor deu a Ellen a primeira visão. Ela descreveu assim:

“Enquanto eu estava orando junto ao altar da família, o


Espírito Santo me sobreveio, e pareceu-me estar subindo mais e
mais alto da escura Terra. Voltei-me para ver o povo do advento
no mundo, mas não o pude achar, quando uma voz me disse: ‘Olha
novamente, e olha um pouco mais para cima’. Com isto olhei mais
para o alto e vi um caminho reto e estreito, levantado em lugar
elevado do mundo. O povo do advento estava nesse caminho,
a viajar para a cidade que se achava na sua extremidade mais
afastada” (Primeiros Escritos, p. 14).

A visão completa pode ser lida em Primeiros Escritos, Vida e


Ensinos ou Testemunhos Para a Igreja, volume 1. Os depositários
do patrimônio de Ellen G. White, entenderam que: “Nessa visão,
o Senhor descreveu-lhe a jornada do povo do Advento para a
Nova Jerusalém. Conquanto essa visão não explicasse a razão
do Desapontamento — explicação esta que só podia provir do
estudo da Bíblia — ela deu-lhes a certeza de que Deus os estava
guiando e continuaria a guiá-los em sua peregrinação rumo da
cidade celestial”. (Primeiros Escritos, p. 16).

Uma semana depois, Ellen recebeu uma segunda visão, que


26 O CHAMADO DE ELLEN GOULD HARMON

está registrada no livro Vida e Ensinos, p. 65, quando lhe foi dada
a ordem para compartilhar a mensagem recebida. Foi lhe revelado
que sua missão não seria fácil, mas que o Senhor estaria ao lado
dela. Devido à fragilidade de seu estado de saúde, ela resistiu
inicialmente, mas acabou aceitando humildemente o chamado,
confiando que Deus a sustentaria.
As condições para a jovem Ellen seriam extremamente difíceis.
Ela teria que enfrentar muita desconfiança e oposição. Seria
considerada mais uma fanática, com problemas neurológicos,
afirmando ter revelações especiais da parte de Deus. Em parte,
foi por isso que, por quase 40 anos, Ellen continuou tendo visões
em público, exatamente para confirmar a validade do fenômeno
espiritual, semelhante aos profetas bíblicos.

Assim que Ellen aceitou o chamado, passou a aproveitar cada


oportunidade que surgia para apresentar as mensagens que estava
recebendo. Foi numa dessas viagens, em 1845, que ela conheceu o
jovem ministro Tiago White. Tiago ficou plenamente convencido
da autenticidade das visões que ela recebia. Aí começou uma
amizade que resultou no casamento deles, ocorrido em 26 de
novembro de 1846, na cidade de Portland.

IV. O Papel de Ellen G. White na Formação


Doutrinária dos Adventistas

Ellen White desfrutou de um papel de confirmação nas


doutrinas da igreja. Suas visões ajudaram a validar a autenticidade
e a base escriturística das crenças desenvolvidas pelos adventistas
sabatistas.

Deus usou pessoas como Hiran Edson, Rachel Preston, Thomas


Preble, José Bates e outros, como instrumentos especiais para
desenvolver e sistematizar as razões de crença desse pequeno
QUARTAS-FEIRAS PROFÉTICAS 27

grupo. E eles se valeram das publicações para se comunicarem


com seus irmãos.

O papel de Ellen White nesse processo foi sempre de


confirmação. Tanto a doutrina do sábado como a doutrina da
volta de Cristo já existiam antes de Ellen White começar seu
ministério profético. Devemos entender claramente que os
primeiros adventistas eram um povo da Bíblia, e suas doutrinas
distintivas foram definidas em resultado de intenso estudo das
escrituras e oração e não em função das visões dadas à Ellen
White.
Mas suas visões livraram os adventistas de muitos enganos.
Exemplos:
1) sua primeira visão confirmou a validade dos cálculos
proféticos, mas o que de fato havia acontecido em 22 de outubro
de 1844, veio em resultado do estudo da Bíblia, por meio de Hiran
Edson e dois outros irmãos.
2) Outro engano que o dom profético livrou os adventistas
sabatistas, foi o erro de marcar datas para a volta de Cristo.
Assim, o papel profético sempre de confirmação das doutrinas
e nunca de sua origem ou estabelecimento.

Além disso, Ellen White confirmou claramente a verdade


das doutrinas do santuário e do sábado. Pouco depois desses
anos, os adventistas sabatistas entenderam que a doutrina da
porta fechada não se harmonizava com as verdades bíblicas que
haviam descoberto. Como resultado, desenvolveram um senso
de identidade, um senso de missão e um senso de urgência,
para que essa mensagem fosse pregada “a cada nação, e tribo,

Conclusão
O surgimento da Igreja Adventista do Sétimo Dia não foi fruto
do acaso, mas sim da obra de Deus. Ellen G. White desempenhou
28 O CHAMADO DE ELLEN GOULD HARMON

um papel importante na confirmação e fortalecimento das doutrinas


adventistas. Por trás de todos esses acontecimentos podemos
ver a “mão de Deus ao leme”. A resposta para essa pergunta está
em 2 Crônicas 20:20: “Crede no Senhor vosso Deus e estareis
seguros, crede nos Seus profetas e prosperareis”.

Ao terminar esta mensagem, fica um conjunto de decisões


a serem tomadas:
1) reconhecer o papel profético da Igreja Adventista do
Sétimo Dia;

2) ser dedicados estudantes da Bíblia e perseverantes na


oração;
3) fazer com que os escritos de Ellen G. White, também
conhecidos como “Espírito de Profecia”, sejam uma fonte individual
de segurança e prosperidade espiritual;
4) permitir que o Senhor desperte em nós o senso de missão
e urgência que marcou a vida dos pioneiros adventistas;
5) pregar o evangelho com ousadia para vermos o retorno
de Cristo em nossa geração.

Como adventistas, devemos reconhecer o dom profético


presente na igreja e ser dedicados estudantes da Bíblia. Os
escritos de Ellen White, o “Espírito de Profecia”, devem ser uma
fonte de segurança espiritual para nós. Sigamos o exemplo dos
pioneiros adventistas, pregando o evangelho com ousadia e
aguardando a volta de Cristo em nossa geração.

P.S. Este sermão é um resumo do artigo O papel do dom profético na


construção da identidade adventista, da autoria do Pr. Helio Carnassale. Encontra-
se disponível no portal da Divisão Sul-Americana, onde foi postado na Coluna
do Espírito de Profecia.
01 de maio

O propósito para a
5| manifestação moderna
do dom profético
Leitura Bíblica: Lucas 24:25, 27

Introdução
No tema anterior, exploramos as condições religiosas de
1844, que criaram o cenário para a manifestação moderna do dom
profético e o chamado de Ellen Gould Harmon. Neste sermão,
abordaremos três dos principais propósitos que justificaram a
necessidade dessa atuação profética na época.

Ellen Gould Harmon, mais tarde Ellen Gould White, foi


desligada da Igreja Metodista junto com sua família por aceitar
a mensagem da breve volta de Jesus. Com um fervoroso desejo
de fazer a vontade de Deus, ela foi chamada para ser mensageira
e escritora em uma época de incertezas e dúvidas, com apenas
17 anos.

Com uma vida caracterizada por equilíbrio, fidelidade,


simplicidade, espiritualidade e perseverança, ela tornou-se
cofundadora da Igreja Adventista do Sétimo Dia e exerceu grande
influência em sua fase formativa. Em seu longo ministério de
quase 70 anos, Ellen sempre direcionou o foco de seus irmãos
para a pessoa do Senhor Jesus e para a Bíblia.

I. Propósito 1 – Exaltar a pessoa


do Senhor Jesus
“Então lhes disse Jesus: Ó néscios e tardos de coração
para crer tudo o que os profetas disseram! ... E começando por
Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que
a Seu respeito constava em todas as Escrituras” (Lc 24:25, 27).
30 O PROPÓSITO PARA A MANIFESTAÇÃO MODERNA DO DOM PROFÉTICO

Nesses versos do Evangelho de Lucas, testemunhamos parte


do diálogo que Jesus teve com os discípulos que retornavam
para Emaús, profundamente entristecidos com os eventos que
culminaram na crucificação de Jesus. No mesmo dia de Sua
ressurreição, o Senhor apareceu a eles no caminho e explicou o
que estava escrito a Seu respeito nas Escrituras. Esse texto revela
que a Palavra de Deus, como revelação divina para Seu povo, nos
guia a Jesus. O próprio Cristo afirmou: “Examinai as Escrituras,
porque julgais nelas a vida eterna e são elas que testificam de
mim” (Jo 5:39).

Ellen White expressou profundo amor, consideração e respeito


por Cristo, proferindo uma das mais impactantes declarações
sobre a pessoa do Senhor Jesus. Escreveu: “Cristo, seu caráter e
obra, é o centro e circunferência de toda verdade. Ele é a cadeia
que liga as joias de doutrina. Nele se encontra o inteiro sistema
da verdade” (Nossa Alta Vocação, p. 11). De fato, nossa existência
e significado estão intrinsecamente ligados a Jesus.

Um episódio da vida de Ellen White, relatado por sua neta


Ella May White Robinson na Enciclopédia Ellen G. White (p. 599),
ilustra sua profunda devoção a Cristo. Durante um sermão, Ellen
fez uma pausa e, com os olhos erguidos como se contemplasse
diretamente o rosto de Cristo, exclamou: “Oh Jesus, como eu te
amo! Como eu te amo!”.

Esse registro destaca o propósito de exaltar a pessoa de Jesus,


em contraste com falsos profetas que buscam atenção para si
mesmos. Em seus extensos escritos de mais de 100 mil páginas,
Ellen White jamais se exaltou ou colocou a pessoa do mensageiro
acima da mensagem. Sua vida foi marcada por humildade e sua
autoridade sempre derivou das Escrituras Sagradas.
QUARTAS-FEIRAS PROFÉTICAS 31

II. Propósito 2 – Chamar nossa atenção


para a Bíblia
Para introduzir o segundo propósito que justifica a manifestação
moderna do dom profético, consideremos as palavras do apóstolo
Paulo: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino,
para a repreensão, para a correção, para educação na justiça” (2
Tm 3:16). Em tempos em que a revelação profética é questionada
até mesmo entre cristãos, percebemos ainda mais a necessidade
de uma voz profética que nos guie de volta à Bíblia.

Desde o início de seu ministério, Ellen White destacou a


importância da Bíblia. Para ela, as Sagradas Escrituras são a
regra de fé e prática, a única norma autorizada, dada por Deus,
como revelação de Sua vontade. Já em 1851, nos primeiros anos
de seu ministério, ela escreveu: “Recomendo-vos, caro leitor,
a Palavra de Deus como regra de vossa fé e prática. Por essa
Palavra seremos julgados. Nela Deus prometeu dar visões nos
‘últimos dias’ não para uma nova regra de fé, mas para conforto
do Seu povo e para corrigir os que se desviam da verdade bíblica”
(Primeiros Escritos, p. 78).

Em outro trecho de seus escritos, ela afirmou: “Os testemunhos


não estão destinados a comunicar nova luz; e sim a imprimir
fortemente na mente as verdades da inspiração que já foram
reveladas” (2 Testemunhos para a Igreja, p. 605). Ellen White não
considerava seus escritos como luz adicional ou complemento
das Escrituras; seu propósito era levar as pessoas de volta à
Palavra de Deus.

Noutra afirmação, feita na parte final de seu longo ministério,


suas convicções sobre a Bíblia permaneciam inalteradas. Ela
escreveu em 1901: “O Senhor deseja que estudeis a Bíblia. Ele
não deu alguma luz adicional para tomar o lugar de Sua Palavra.
Esta luz deve conduzir as mentes confusas à Sua Palavra, a qual,
32 O PROPÓSITO PARA A MANIFESTAÇÃO MODERNA DO DOM PROFÉTICO

se for comida e assimilada, é como sangue que dá vida à alma”


(3 Mensagens Escolhidas, p. 29).

Ao encerrar sua última participação em uma conferência


geral da Igreja Adventista em 1909, Ellen White, segurando a Bíblia
nas mãos, recomendou enfaticamente: “Irmãos e irmãs, eu lhes
recomendo este livro” (Ellen White: mulher de visão, p. 503). Ela
poderia ter dito muitas coisas, mas escolheu, como suas últimas
palavras ao povo reunido, recomendar a Palavra de Deus.

III. Propósito 3 – Auxiliar-nos diante dos


poderosos enganos do tempo do fim

Além de exaltar a pessoa de Jesus e chamar nossa atenção


para a Bíblia, a manifestação moderna do dom profético teve um
terceiro propósito: ser uma fonte de auxílio diante dos enganos
do tempo do fim. O apóstolo Paulo alertou sobre os enganos do
iníquo, que operará com sinais e prodígios de mentira: “Ora, o
aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com
todo poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo engano
de injustiça...” (2Ts 2:9-10).

Ellen White afirmou: “Deus revelou o que deve acontecer


nos últimos dias, para que Seu povo possa estar preparado para
enfrentar a tempestade da oposição e da ira” (Conselhos para a
Igreja, p. 344). Embora não saibamos todas as provações que os
tempos finais trarão, temos a segura promessa de que os filhos
fiéis de Deus não serão abandonados sem guia e proteção.

A presença do dom profético entre o remanescente fiel


desempenhará o papel essencial de orientar o povo de Deus
em meio aos poderosos enganos do tempo do fim. Como disse
o teólogo adventista Ranko Stefanovic: “Satanás fará todo
esforço possível para enganar e destruir o remanescente,
QUARTAS-FEIRAS PROFÉTICAS 33

mas o Apocalipse mostra que o povo fiel de Deus terá o dom


profético para guiá-lo através desses tempos difíceis” (El libro
de Apocalipsis – Revelación para los últimos días, p.95).

Conclusão
Neste estudo, destacamos três dos principais propósitos
para a manifestação moderna do dom profético:

1. Exaltar a pessoa de Jesus.


2. Chamar nossa atenção para a Bíblia.
3. Auxiliar-nos diante dos poderosos enganos do tempo do
fim.
Diante das vozes confusas e enganosas que nos cercam, é
evidente a necessidade dessa atuação profética em nosso tempo.

Ellen White nos exorta a considerar suas instruções como dignas


de confiança e seguir a luz que ela recebeu, não para substituir a
Bíblia, mas para nos conduzir de volta às verdades já reveladas.
Ela nos deixou a seguinte recomendação: “As instruções dadas
nos primeiros tempos da mensagem, devem ser conservadas
como instruções dignas de confiança para se seguirem nesses
dias finais. Os que são indiferentes a esta luz e instrução não
pensem que escaparão dos laços, acerca dos quais, temos sido
claramente avisados...” (1 Mensagens Escolhidas, p. 41).

Que possamos responder humildemente ao chamado de


Deus para receber as bênçãos que Ele nos concede por meio da
revelação profética, tanto nas Escrituras Sagradas quanto nos
escritos de Ellen G. White. Que sejamos guiados pela voz segura
do dom profético, mantendo-nos firmes na fé até a eternidade.
05 de junho

6| As provas bíblicas para


testar um profeta
Leitura Bíblica: Mateus 24:5, 11, 24

Introdução
O sermão profético de Jesus, registrado em Mateus 24,
adverte sobre os perigos dos falsos profetas. Três vezes Ele
menciona essa ameaça nos versos 5, 11 e 24. Surge a dúvida sobre
se os profetas bíblicos e Ellen G. White podem ser considerados
igualmente inspirados. Como adventistas, cremos que não há
diferentes graus de inspiração - ou o profeta é inspirado ou não é.

Outra questão é se há diferença de autoridade entre profetas


canônicos (que escreveram livros da Bíblia) e não canônicos. As
Escrituras confirmam que essa diferença de autoridade não existe.
Profetas como Elias, Eliseu e João Batista, que não escreveram
livros da Bíblia, têm a mesma autoridade que os profetas canônicos.
Portanto, como adventistas, cremos que não há diferença na
autoridade profética.

Devemos estar atentos e capacitados para discernir se um


profeta é falso ou verdadeiro. A Bíblia, por sua vez, nos fornece
os testes para comprovar o dom profético, e este será o tema do
nosso estudo de hoje.

I. Confirmando a revelação - Isaías 8:20


De acordo com este texto, os ensinamentos de um profeta
mais recente não devem contradizer os ensinamentos dados
anteriormente por profetas que vieram antes. Cada vez que um
profeta fala, suas palavras precisam estar em harmonia com as
declarações dos profetas que o precederam.
QUARTAS-FEIRAS PROFÉTICAS 35

Imaginemos o que aconteceria se o profeta Isaías tivesse


trazido uma mensagem contraditória à de Moisés. Ou se Jeremias
ou Daniel estivessem em contradição com Isaías. A Bíblia não
seria a Palavra de Deus.

Uma prova da autoridade profética é encontrada na segunda


carta de Pedro: “pois jamais qualquer profecia foi dada por
vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte
de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2Pe 1:21). O Espírito
Santo foi o agente divino na revelação e inspiração dos profetas,
produzindo harmonia nas Escrituras.

Em toda a Bíblia, Antigo e Novo Testamentos, assim como


nos escritos de Ellen G. White, não são encontradas contradições
ou incoerências, pois esses profetas falaram inspirados pelo
mesmo Espírito Santo.

II. Por seus frutos - Mateus 7:16, 20


No sermão da montanha, Jesus também nos adverte sobre
os falsos profetas. Ele deixa claro nos versos 16 e 20 de Mateus 7
que “pelos seus frutos os conhecereis”. Observar os frutos da vida
de uma pessoa é diferente de julgar seu caráter, algo que Jesus
nos orientou a não fazer. No entanto, quando se trata daqueles
que se apresentam falsamente como profetas, é necessário
observar os frutos para verificar se estão em harmonia com a
mensagem bíblica.

É preciso considerar os frutos da vida dos pretensos profetas


e de seus seguidores. Os frutos levam tempo para amadurecer,
até mesmo no mundo natural. Portanto, não se deve apressar esse
julgamento e é preciso aguardar pacientemente a manifestação
dos frutos.

Ellen G. White teve um ministério de pouco mais de 70 anos.


Foram sete décadas para observá-la e considerar os frutos de
36 AS PROVAS BÍBLICAS PARA TESTAR UM PROFETA

sua vida. Ela nunca assumiu ser infalível, ao contrário, sempre


reconheceu sua condição de pecadora e falha. No entanto, sua
vida como filha, irmã, amiga, esposa, mãe, vizinha, membro de
igreja, serva e mensageira de Deus foi coerente com os preceitos
bíblicos e com as mensagens que transmitiu.

III. Cumprimento das previsões -


Jeremias 28:9 e Deuteronômio 18:22
Essas duas referências bíblicas estabelecem claramente que
as previsões de um profeta em relação a acontecimentos futuros
precisam se cumprir para que seja considerado verdadeiro.

Devemos levar em conta os elementos condicionais de uma


profecia. Vários profetas bíblicos fizeram profecias condicionais.
Um exemplo clássico desse tipo de profecia é encontrado no
livro do profeta Jonas. A cidade de Nínive seria destruída, caso
o povo não se arrependesse. Mas, caso se arrependesse, Deus
não destruiria a cidade. Houve arrependimento e, portanto, Deus
não a destruiu. Jesus até mesmo se referiu a Jonas no Novo
Testamento, reconhecendo-o como um profeta verdadeiro.

Ao longo de seu ministério, Ellen G. White fez previsões


que se cumpriram com incrível exatidão. Suas predições sobre
a Guerra Civil Americana, ocorrida entre 1861 e 1865, são um dos
exemplos mais impressionantes. Em 12 de janeiro de 1861, três
meses antes do conflito começar, Ellen teve uma visão sobre a
Guerra Civil e falou brevemente sobre os terrores que estavam
por vir. Naquele momento, pouquíssimas pessoas nos Estados
Unidos previam uma guerra civil.

Outro exemplo é a visão que Ellen G. White teve em 24 de


março de 1849, em Topshan, Maine, sobre as batidas misteriosas
na casa da família Fox, em Hydesville, Nova York. Ela relatou que
as batidas eram obra de Satanás e que fenômenos semelhantes
QUARTAS-FEIRAS PROFÉTICAS 37

se tornariam mais comuns, revestidos de roupagem religiosa.


Quando observamos o espiritismo atual, podemos constatar
quão exatas foram as previsões de Ellen White.

IV. Confessando Jesus - 1 João 4:1-3


Neste texto, o apóstolo João nos convida a testar os espíritos
para ver se procedem de Deus. Ele nos adverte a não aceitar
inocentemente qualquer pessoa que se declare profeta sem que
seja testada de acordo com um critério específico. João estava
preocupado com o surgimento de falsos mestres, que causariam
grande confusão no meio do povo de Deus. Um profeta verdadeiro
deve provar sua autenticidade.

Para verificar a origem verdadeira de um profeta, João orienta


a observar se essa pessoa reconhece a verdadeira doutrina da
encarnação do Filho de Deus e se sua vida reflete o efeito dessa
crença. Aquele que ama a verdade deve ensinar e enfatizar que
o Filho de Deus se fez homem para salvar os pecadores.

Na Meditação Diária de 2022, intitulada “Acima de Todo


Nome”, na introdução escrita pelos editores, encontramos as
seguintes palavras: “O profundo amor de Ellen G. White por seu
Redentor pode ser identificado nos mais de 840 nomes que ela
usou para se referir a Jesus em seus escritos publicados. [...] Para
cada necessidade, ela tem uma forma de se referir a Jesus” (p.
3-4). Ela utilizou mais de 840 nomes diferentes para se referir a
Jesus em seus escritos, mostrando como via Jesus de Nazaré
como o Deus infinito e eterno. Essa foi sua perspectiva sobre
Ele. Vejamos esta citação:

“Como somos privilegiados em poder ir a Jesus exatamente


como estamos e lançar-nos sobre Seu amor. Não temos nenhuma
esperança a não ser em Jesus. Só Ele pode nos alcançar com
Sua mão para nos erguer das profundezas do desânimo e da
desesperança...” (Para Conhecê-Lo, p. 80).
38 AS PROVAS BÍBLICAS PARA TESTAR UM PROFETA

Conclusão
Neste tema, analisamos as provas bíblicas para testar se um
profeta é ou não verdadeiro. Ao final de cada tópico, constatamos
como Ellen G. White foi aprovada em todos os quatro testes:

1. Confirmando a revelação
2. Por seus frutos
3. Cumprimento das previsões
4. Confessando Jesus

Jesus profetizou que, no fim dos tempos, muitos falsos


profetas surgiriam com enganos tão sutis que, se possível,
enganariam até mesmo os escolhidos. Por isso, Ele nos deixou
mensagens de advertência para não cairmos nesses enganos.
Louvemos a Deus e agradeçamos ao Senhor por essa bênção
que é a luz de Sua Palavra.

Que o Senhor Deus nos ilumine para que possamos reconhecer


que Ellen G. White cumpriu fielmente os requisitos bíblicos
estabelecidos para se testar um profeta. Que sejamos abençoados
por seu ministério e que seus escritos sejam uma fonte de bênçãos
para nossa vida.
03 de julho

7| Como enfrentar dificuldades


com confiança
Leitura Bíblica: Romanos 8:28

Introdução
O ano de 1891 foi marcante na vida de Ellen White. Em 21 de
fevereiro, conforme registrado na Enciclopédia Ellen G. White
(p.77), ela escreveu uma carta à sua irmã gêmea, Elizabeth, fazendo
um apelo para que entregasse a vida a Jesus. Lizzie, como era
chamada, morreu em 21 de dezembro daquele mesmo ano, e não
se sabe ao certo se aceitou a Cristo como Salvador.

De 5 a 25 de março, aconteceram em Battle Creek, Michigan,


as reuniões da 29ª conferência geral dos adventistas. Durante a
assembleia, Ellen White recebeu um chamado para ir à Austrália,
mesmo estando perto de completar 64 anos. Ao lado de seu filho,
William C. White, ela desembarcou em Sydney, em 8 de dezembro.

I. Respeito à liderança da Igreja


Já na Austrália, aos 64 anos, Ellen White escreveu em 10 de
julho de 1892, sobre esse chamado: “Por vezes, antes de vir da
América, pensava que o Senhor não requereria de mim ir a um país
tão distante, na minha idade e quando me achava prostrada pela
sobrecarga de trabalho. Segui, porém, a voz da Associação Geral,
como sempre procurei fazer quando eu mesma não tinha toda
a clareza” (2 Mensagens Escolhidas, p. 239). Ela nos dá exemplo
de fé, coragem, dedicação e submissão à igreja e sua liderança.

O exemplo de Ellen White nos faz refletir sobre como devemos


respeitar a Igreja e seus líderes, mesmo sendo pecadores e falhos.
40 COMO ENFRENTAR DIFICULDADES COM CONFIANÇA

Sobre a igreja, ela escreveu: “Embora existam males na igreja e


tenham de existir até ao fim do mundo, a igreja destes últimos
dias há de ser a luz do mundo poluído e desmoralizado pelo
pecado. A igreja, débil e defeituosa, precisando ser repreendida,
advertida e aconselhada, é o único objeto na Terra ao qual Cristo
confere Sua suprema consideração” (Conselhos para a Igreja, 244).

II. Enfrentando lutas e enfermidades


Durante o período em que morou em Melbourne, Ellen White
ficou gravemente enferma com malária e reumatismo inflamatório.
Ela descreveu essa experiência como o mais terrível sofrimento
de sua vida. Mas esse fardo teve um lado alegre. Escreveu ela:
“Meu Salvador parecia estar bem ao meu lado. Sentia sua santa
presença em meu coração e era grata. Os meses de sofrimento
foram os mais felizes de minha vida, por causa da companhia
do meu Salvador” (Enciclopédia Ellen G. White, p. 78). Mesmo
sem poder explicar e entender o sofrimento, Ellen White sentiu
a preciosa força vinda da presença de Jesus ao seu lado.

Muitas coisas em nossa vida podem ser inexplicáveis ou


difíceis de entender. Como cristãos, somos chamados a aprender a
aceitar aquilo que não compreendemos. Mas essas circunstâncias
podem se tornar oportunidades para perceber a especial presença
do amoroso Senhor ao nosso lado, transformando dificuldades
em bênçãos. Ellen White escreveu sobre isso:

“Tudo quanto nos tem confundido acerca das providências


de Deus será esclarecido no mundo vindouro. As coisas difíceis
de serem compreendidas terão então explicação. Os mistérios
da graça nos serão desvendados. Naquilo em que a nossa mente
finita só via confusão e promessas desfeitas, veremos a mais
perfeita e bela harmonia. Saberemos que o amor infinito dispôs as
experiências que nos pareciam as mais difíceis. Ao reconhecermos
o terno cuidado dAquele que faz todas as coisas contribuírem
QUARTAS-FEIRAS PROFÉTICAS 41

para o nosso bem, regozijar-nos-emos com júbilo inexprimível


e repleto de glória” (9 Testemunhos para a Igreja, p. 286).

Apesar de toda a luta contra uma enfermidade prolongada,


Deus deu forças à sua serva para produzir quatro maravilhosos
livros durante sua permanência na Austrália. A Enciclopédia
Ellen G. White, p. 87, registra que, em 1892, foi lançado o livro
“Caminho a Cristo”, sua obra mais traduzida. Esse foi o primeiro
volume preparado com a expressa intenção de Ellen White de dar
mais ênfase à pessoa de Cristo e exaltar nosso Salvador. Depois
vieram: “O maior discurso de Cristo” (1896), “O Desejado de todas
as nações” (1898) e “Parábolas de Jesus” (1900).

III. Como Ellen White reagiu


a uma pandemia
Em 13 de agosto de 1894, Ellen White escreveu uma carta a
Stephen N. Haskell, expressando profunda preocupação com
as pessoas que estavam morrendo devido ao vírus influenza. Ela
relatou: “Em Nova Gales do Sul, fomos provados e testados com
a epidemia de gripe. Quase todas as famílias foram atingidas nas
cidades e no campo. Alguns estão agora muito, muito doentes.
Suas vidas estão penduradas por um fio. Oramos pelos enfermos
e fizemos o que pudemos financeiramente e agora esperamos
o resultado. [...] Em um só dia, na semana passada, houve onze
funerais. [...] Fui severamente atacada e não posso participar de
reuniões há quatro semanas; mas não desisti de levantar cada dia.

“Escrevi minha cota de páginas quase todos os dias, apesar


de tossir, espirrar e sangrar pelo nariz. Quase todo mundo ao
redor sofreu, mas agradeço ao Senhor por estar melhorando e
tenho boa coragem no Senhor. Faremos tudo o que pudermos
em nome do Senhor. [...] O povo de Deus está sendo provado e
testado e que Deus me conceda ser capaz de ajudá-los durante
esse tempo. [...] Que eu possa me apegar a Jesus com mais firmeza
do que nunca” (Carta 30, 13 de agosto de 1894).
42 COMO ENFRENTAR DIFICULDADES COM CONFIANÇA

De acordo com registros históricos, o mundo sofreu, em 1889


e 1890, uma terrível pandemia do vírus influenza (H2N2) conhecida
como “gripe russa”. Estima-se que cerca de 1 milhão de pessoas
morreram. É muito provável que, em 1894, Ellen White tenha
enfrentado uma nova onda dessa epidemia, muito semelhante
ao que recentemente experimentamos. Sua forma de lidar com
essa pandemia serve de exemplo para nós ao enfrentarmos nossas
próprias lutas e desafios.

Destacam-se alguns aspectos de sua atitude em relação à


crise que estava enfrentando:

1) não se entregou à doença, apesar de estar gravemente


afetada e confinada em quarentena;
2) manteve uma atitude positiva e corajosa em meio à dor;
3) não perdeu o foco na missão, continuando seu trabalho
como escritora mesmo sem sair de casa;
4) preocupou-se com o sofrimento das pessoas ao redor;
5) expressou gratidão ao Senhor por estar melhorando;
6) não apenas orou, mas também ajudou financeiramente
os necessitados e apoiou o povo de Deus;
7) fez da crise um motivo para se apegar ainda mais a Jesus.

Conclusão
Ellen White nos deixou um tremendo exemplo de como
enfrentar provações e dificuldades pessoais e familiares. Pode
ser que membros de nossa igreja estejam passando por lutas
e aflições no momento. Não nos esqueçamos das palavras de
Jesus: “No mundo passais por aflições; mas tende bom ânimo;
Eu venci o mundo” (João 16:33).

Não permitamos que o desânimo tome conta do nosso


coração. Na verdade, não há melhor remédio para qualquer onda
QUARTAS-FEIRAS PROFÉTICAS 43

de desgraça do que se apegar firmemente a Deus, manter o foco


na missão, continuar servindo ao Senhor e ajudar a diminuir
o sofrimento dos que estão ao nosso redor. Esse é o papel do
cristão e de uma igreja servidora.

Que o Senhor nos encha de coragem para não desanimar e


que, mesmo nos dias difíceis, possamos testemunhar do grande
amor de Deus.
07 de agosto

8| Os principais temas nos


escritos de Ellen G. White,
Parte 1

Leitura Bíblica: 1 Pedro 5:7

Introdução
O Dr. George R. Night, teólogo, professor, historiador e
reconhecido como um dos grandes escritores da Igreja Adventista
do Sétimo Dia, apresenta uma interessante análise dos escritos
de Ellen G. White em sua obra “Introdução aos Escritos de Ellen
G. White”.

Nesse trabalho, ele destaca os principais assuntos presentes


nos escritos dela. Ele faz questão de ressaltar que “esses temas
não são os únicos que podiam ser escolhidos, mas possivelmente
sejam os fundamentais e os que se destacam de forma proeminente
em sua obra” (p. 145).
Neste sermão, abordaremos três desses temas:
1. O amor de Deus
2. O grande conflito
3. Jesus, a cruz e a salvação

I. O amor de Deus - 1 João 4:8


O amor de Deus é, sem dúvida, um dos assuntos mais abordados
nos escritos de Ellen White. Na série “Conflito”, composta por
cinco volumes (Patriarcas e Profetas, Profetas e Reis, O Desejado
de Todas as Nações, Atos dos Apóstolos e O Grande Conflito), as
três primeiras palavras do primeiro volume e as últimas palavras
do último volume são “Deus é amor”.
QUARTAS-FEIRAS PROFÉTICAS 45

Essa ênfase no amor de Deus decorre da importância central


desse tema na grande controvérsia entre o bem e o mal. A
autora enfatiza o amor de Deus em cada oportunidade possível.
A razão está no fato de que “a realidade do amor de Deus é o
ponto principal da grande controvérsia entre o bem e o mal.
Em consequência disso, ela enfatiza o amor de Deus em cada
oportunidade”, afirma Night.

Um exemplo desse destaque ao amor de Deus pode ser


encontrado no livro “O Desejado de Todas as Nações”, onde ela
descreve Jesus como “Deus conosco”. Ela escreveu, no primeiro
capítulo: “O Senhor Jesus Cristo [...] veio à Terra entenebrecida
pelo pecado, para revelar a luz do amor de Deus e para ser ‘Deus
conosco’” (p.19). No parágrafo seguinte ela afirmou: “Ver-se-á
que a glória que resplandece na face de Cristo é a glória do
abnegado amor. À luz do Calvário se patenteará que a lei do amor
que renuncia, é a lei da vida para a terra e o céu” (p. 20).

Ellen White enaltece o amor de Deus em toda a sua obra,


dando contexto e direção a todos os outros temas presentes
em seus escritos.

II. O grande conflito - Apocalipse 12:7


Um segundo tema fundamental presente na obra de Ellen
White é o grande conflito entre Cristo e Satanás. Satanás busca
constantemente manchar o caráter amoroso de Deus, para que
as pessoas O vejam com desconfiança e temor, considerando-O
severo e implacável. Deus, por sua vez, luta contra essa má
compreensão do Seu verdadeiro amor.

Esse conflito é centralizado na pessoa de Jesus e em Seu


sacrifício de amor em favor da humanidade. Ellen White enfatiza
escreveu: “a história do grande conflito entre o bem e o mal, desde
o tempo em que a princípio se iniciou no Céu até a derrocada
final da rebelião e extirpação total do pecado, é também uma
46 OS PRINCIPAIS TEMAS NOS ESCRITOS DE ELLEN G. WHITE, PARTE 1

demonstração do imutável amor de Deus” (Patriarcas e Profetas,


p. 33).

Night afirma que “a demonstração do amor de Deus no


conflito com Satanás, constitui o núcleo dos cinco volumes da
Série Conflito. Proporciona também o marco teológico que dá
direção e contexto ao resto de seus escritos” (Introducción a los
escritos de Elena G. de White, p. 148). Os conceitos do amor de
Deus e do grande conflito conduzem naturalmente ao terceiro
grande tema que permeia toda a obra de Ellen White.

II. Jesus, a cruz e a salvação – Romanos 5:8


Ellen White não apenas apresenta Jesus em luta contra
Satanás no contexto do grande conflito, mas O apresenta como
o Salvador pessoal que oferece esperança ilimitada a um mundo
perdido. Para ela, Jesus não foi apenas um amigo ou mestre sábio,
mas o Salvador que morreu na cruz em favor de cada pecador.

Em uma comovente descrição, ela afirma que Cristo foi


tratado como nós merecíamos para que pudéssemos receber
o tratamento que Ele tinha direito. “Cristo foi tratado como nós
merecíamos, para que pudéssemos receber o tratamento a que
ele tinha direito. Foi condenado pelos nossos pecados, nos
quais não tinha participação, para que fôssemos justificados
por Sua justiça, na qual não tínhamos parte. Sofreu a morte que
nos cabia, para que recebêssemos a vida a que Ele pertencia”
(O Desejado de todas as nações, p. 25).

“A fé na salvação em Cristo, ou seja, a justificação pela fé,


é um ensinamento que está presente em todos os escritos de
Ellen White. Pela fé nos apropriamos das bênçãos da salvação
que foi conquistada na cruz” (Introducción a los escritos de
Elena G. de White, p. 152). Para Ellen White, toda a obra de Cristo
– encarnação, vida, sofrimento, morte, ressurreição, ascensão
QUARTAS-FEIRAS PROFÉTICAS 47

e ministério intercessor, aparecem como o tema central para a


compreensão do cristianismo.

Escreveu ela: “O sacrifício de Cristo como expiação pelo


pecado, é a grande verdade em torno da qual se agrupam as outras.
A fim de ser verdadeiramente compreendida e apreciada, toda
verdade da palavra de Deus, de Gênesis a Apocalipse, precisa
ser estudada à luz que dimana da cruz do calvário” (Obreiros
Evangélicos, p. 315).
Para ela, nada era mais importante do que o conjunto da obra
de Cristo em favor da humanidade. Por essa razão, ela apelou tantas
vezes para que a pessoa do Senhor Jesus fosse exaltada na vida
de ministros e crentes. Jesus Cristo deve ser nosso suficiente
Salvador e Intercessor. A Ele unicamente seja toda glória.

Conclusão

Hoje, vimos como o amor de Deus, o grande conflito e Jesus,


a cruz e a salvação são temas fundamentais nos escritos de Ellen
G. White. Deus nos revela Seu caráter amoroso, enfrentando o
conflito com Satanás em prol da humanidade, e oferece a salvação
por meio de Jesus Cristo. Não nos esqueçamos que: “Deus amou
ao mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho Unigênito, para
que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna” (Jo 3:16).

Que possamos compreender e apreciar a grandeza desses


temas proféticos e nos achegar a Deus através de Seu amor e do
sacrifício de Cristo, para enfrentarmos as batalhas da vida com
confiança e esperança. Que o Senhor nos abençoe em nossa
jornada de fé rumo à eternidade.
04 de setembro

9| Os principais temas nos


escritos de Ellen G. White,
Parte 2

Leitura Bíblica: Salmo 119:11

Introdução
Na mensagem anterior, destacamos os três primeiros temas
mais abordados nos escritos de Ellen G. White: O amor de Deus,
o grande conflito e Jesus, a cruz e a salvação.

Agora, abordaremos mais três temas fundamentais presentes


em seus escritos:
1. A centralidade da Bíblia
2. A segunda vinda de Cristo
3. O cristianismo prático e o desenvolvimento do caráter
cristão.

1. A centralidade da Bíblia - Salmo 119:105


Ellen White enfatizou constantemente a Bíblia como a única
regra de fé e prática para os cristãos. Para ela, as Escrituras
Sagradas expressam a vontade revelada de Deus e fornecem o
conhecimento que conduz as pessoas a uma relação salvífica
com Jesus.

Ela declarou: “Em Sua Palavra, Deus conferiu aos homens o


conhecimento necessário para a salvação. As Santas Escrituras
devem ser aceitas como autorizada e infalível revelação de Sua
vontade. Elas são a norma de caráter, o revelador das doutrinas,
a pedra de toque da experiência religiosa” (O Grande Conflito,
p. IX).
QUARTAS-FEIRAS PROFÉTICAS 49

Em outra declaração, ela comparou seus escritos com a Bíblia,


afirmando que Deus deu uma “luz menor” para guiar as pessoas à
“luz maior”. “Pouca atenção é dada à Bíblia e o Senhor deu uma luz
menor para guiar homens e mulheres à luz maior” (O Colportor
Evangelista, p. 125). Isso não implica em uma menor qualidade ou
grau de inspiração em seus escritos, mas sim que sua obra tem o
propósito de conduzir as pessoas à luz maior, que é a pessoa de
Jesus Cristo e às Sagradas Escrituras, que são a lâmpada para os
nossos pés e luz para o nosso caminho (Sl 119:105).

Ellen White sempre ressaltou a importância das Escrituras e


nunca colocou seus escritos acima delas. Ela exortou as pessoas
a lerem, estudarem e investigarem a Bíblia, compreendendo que
toda doutrina e verdade deveriam ser provadas somente pela
Palavra de Deus.

II. A segunda vinda de Cristo -


Mateus 24:30, 31
A segunda vinda de Cristo foi um tema de grande relevância
nos escritos de Ellen G. White. Desde sua conversão, em 1840,
durante o movimento milerita, a ideia da proximidade da vinda
do Senhor passou a dominar sua vida com grande impacto. Esse
tema está intrinsecamente ligado a todos os principais assuntos
sobre os quais ela escreveu.

Ellen White colocou a vinda de Jesus como o centro dos


ensinos e pregações. Ela enfatizou que todos os sermões deveriam
revelar claramente a expectativa da volta do Filho de Deus e que
a vinda de Cristo era a esperança dos cristãos, devendo estar
presente em todas as palavras, atos, relacionamentos e amizades
(Evangelismo, p. 220).

Para o Dr. George R. Night, a visão de Ellen G. White quanto a


iminente volta do Senhor, “não somente era uma realidade futura,
mas tinha um senso de proximidade que demandava urgência
50 OS PRINCIPAIS TEMAS NOS ESCRITOS DE ELLEN G. WHITE, PARTE 2

na pregação de sua mensagem a todo mundo, no menor tempo


possível” (Introducción a los escritos de Elena G. de White, p. 150).

Ela escreveu: “Fazei ressoar um alarme. Dizei às pessoas


que o Dia do Senhor está perto e apressa-se grandemente.
Ninguém fique sem ser advertido. [...] Não temos tempo a
perder” (Evangelismo, p. 218). E mais: “A segunda vinda do Filho
do homem deve ser o tema maravilhoso a ser mantido perante o
público. Esse assunto não deve ser omitido de nossos sermões”
(Evangelismo, p. 220).

Ellen White também relacionou estreitamente seus escritos


sobre a volta de Jesus aos livros de Daniel e Apocalipse, cujos
cenários do fim dos tempos encontraram um lugar especial em
seus ensinamentos.

III. O cristianismo prático e o desenvolvi-


mento do caráter - Provérbios 4:18
Para Ellen G. White, a fé cristã deve ter influência em todos
os aspectos da vida. “O verdadeiro cristianismo transforma
a pessoa de dentro para fora. Muda o coração e quando essa
transformação é verdadeira, se revela nas relações familiares, na
escola, no trabalho e até no uso do tempo livre” (Introducción a
los escritos de Elena G. de White, p. 163).

De acordo com George R. Night, ela destacou que o cristianismo


prático é uma religião percebida nas ações, e o cristão genuíno
viverá em conformidade com os princípios do reino de Deus,
expressando o amor em suas ações e vivendo de maneira
semelhante a Jesus.

A mudança para um viver de acordo com a vontade de Deus


acontece pela graça de Cristo, que é implantada no coração do
crente. “Quando uma pessoa se converte a Deus, supre-se-lhe
QUARTAS-FEIRAS PROFÉTICAS 51

um novo gosto moral, um novo motivo impelente, e ela passa a


amar as coisas que Deus ama [...] pois sua vida está ligada à vida
de Jesus” (1 Mensagens Escolhidas, p. 336). O desenvolvimento
do caráter cristão é resultado do amor divino que atua na vida
diária, moldando-a à semelhança de Jesus.
Da mesma maneira como o amor é característica principal
de Deus e se encontra no âmago do grande conflito, deve estar
no centro do desenvolvimento de um caráter puro e santo, que
se expresse na dimensão prática da vida cotidiana. Ela escreveu:
“Onde quer que haja união com Cristo, aí há amor. Quaisquer outros
frutos que produzamos, se faltar o amor de nada aproveitarão. O
amor a Deus e ao próximo é a própria essência de nossa religião”
(1 Mensagens Escolhidas, p. 337).
Com este pensamento, completamos a apresentação dos
principais temas encontrados nos escritos de Ellen G. White,
onde foram destacados seis dos principais assuntos encontrados
nos seus escritos. Como afirmou o Dr. George Night, “não são os
únicos [...], mas possivelmente sejam os assuntos fundamentais
e os que se destacam proeminentemente em toda sua obra”
(Introducción a los escritos de Elena G. de White, p. 145). Eles nos
ajudam a entender a sua base teológica e servem para integrar
os diversos fios de seu pensamento que integram uma rede
unificada de conceitos.

Conclusão
Que o Senhor nos ajude a amar e compreender as bênçãos
da revelação profética. Que os escritos bíblicos e do Espírito de
Profecia, nos estimulem a prestar atenção nas mensagens de
advertência e amor, deixadas para nosso bem e salvação. Que
a breve volta do Senhor Jesus Cristo, seja para nós, de fato, a
nossa “bendita esperança” (Tt 2:13). E que sejamos “tais como
os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e
apressando a vinda do dia de Deus” (2Pe 3:11, 12).
02 de outubro

10| Princípios de
Interpretação Profética
Leitura Bíblica: 2 Pedro 1:20, 21

Introdução
Na Enciclopédia Ellen G. White (p. 997), encontramos uma
declaração que nos faz pensar: “Ler os conselhos de Ellen G.
White é uma coisa; compreendê-los é outra bem diferente”. Esse
tem sido e continua sendo um grande desafio para pastores e
membros da igreja. Como podemos ler, entender e interpretar
corretamente os escritos proféticos?

Um erro comum a ser evitado é a auto interpretação. Isso


tem levado a existência de milhares de denominações cristãs,
mesmo com todas adotando a Bíblia como livro sagrado.

Nesta quarta-feira profética, abordaremos o tema de como


evitar interpretações distorcidas dos textos sagrados.

I. Mesma inspiração, mesmos critérios


de interpretação
O Dr. Gerard Pfandl, que por muitos anos serviu na Associação
Geral, escreveu: “Sendo que não cremos em graus de inspiração,
temos que reconhecer que a inspiração da Sra. White é igual à
dos profetas do Antigo e Novo Testamentos. Portanto, quando
usamos e interpretamos o que ela escreveu, devemos aplicar
os mesmos princípios de interpretação a seus escritos, que
aplicamos para interpretar as Escrituras” (El Don de Profecía,
p. 131).
QUARTAS-FEIRAS PROFÉTICAS 53

Dois textos bíblicos importantes nos ajudam a entender


que a Bíblia é sua própria intérprete (2 Pedro 1:20, 21) e que não
devemos estabelecer doutrina com base em um único texto
bíblico (Isaías 28:10). Esses mesmos princípios se aplicam ao ler
o Espírito de Profecia.

Ellen White escreveu: “Os próprios testemunhos serão a chave


que explicará as mensagens dadas, como texto escriturístico é
explicado por texto escriturístico” (1 Mensagens Escolhidas, p. 42).

Desde os dias em que Ellen White estava viva, a interpretação


distorcida de seus escritos era um problema que ela não conseguia
resolver. Ela lamentava a influência de mentes sobre outras mentes,
levando a interpretações errôneas de seus escritos.

Ela escreveu: “Como escrever de maneira a ser compreendida


por aqueles a quem dirijo importante assunto, constitui um
problema que não consigo resolver. Mas procurarei escrever
muito menos. Devido à influência de uma mente sobre a outra,
os que compreendem mal podem levar outros a fazer a mesma
coisa, pela interpretação que dão aos assuntos de minha pena.
Um os interpreta como acha que devem ser, de acordo com suas
ideias. Outro dá sua explicação ao assunto escrito, e a confusão
é o infalível resultado” (3 Mensagens Escolhidas, p. 79).

Devemos agir com muito cuidado nesse campo da interpretação


profética. Não podemos interpretar os escritos proféticos da
forma como desejamos ou de uma maneira que atenda às nossas
preferências. Nem mesmo usar citações isoladas e fora de seu
contexto para justificar nossas posições. Vamos considerar
alguns princípios de interpretação, que servirão de auxílio na
correta compreensão dos textos proféticos. Há muitos outros
princípios que devem ser considerados, mas nesta mensagem,
apenas três serão apresentados.
54 PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO PROFÉTICA

II. Princípios de interpretação profética


1. Considere o contexto histórico - tempo, lugar e circunstâncias.
É essencial levar em consideração as informações básicas de
tempo, lugar e circunstâncias em que as palavras foram escritas,
para compreender corretamente a mensagem transmitida pelo
profeta. Ellen White escreveu: “Quanto aos testemunhos, coisa
alguma é ignorada; coisa alguma é rejeitada; mas o tempo e o
lugar, porém, têm que ser considerados” (1 Mensagens Escolhidas,
p. 57).

Ignorar esse princípio pode levar a interpretações que não


fazem sentido atualmente, como a orientação dada às mulheres no
século 19 sobre o comprimento de suas saias, para que encurtassem
a saia em 20 centímetros. Foi um bom conselho para um tempo
em que as saias se arrastavam pelo chão. Embora a orientação
sobre a higiene seja válida, o contexto histórico específico deve
ser compreendido.

2. Estude o contexto ampliado


Muitas pessoas baseiam suas compreensões dos escritos de
Ellen White em fragmentos ou declarações isoladas. No entanto,
ela advertiu que essas citações fora de contexto podem levar a
interpretações errôneas e impressões prejudiciais. Ela afirmou:
“Citam metade de uma frase, e omitem a outra metade, a qual se
fosse citada, mostraria que o seu raciocínio é falso” (3 Mensagens
Escolhidas, p. 82).

É importante ler o parágrafo completo, assim como os


parágrafos anteriores e posteriores, para obter uma compreensão
adequada. Além disso, deve-se verificar a coerência com outras
declarações proféticas. “Quando declarações são separadas de
seu contexto e colocadas ao lado de raciocínio humanos, fazem
parecer que seus escritos defendem aquilo que condenam”,
afirmou Ellen White (Enciclopédia Ellen G. White, p. 999).
QUARTAS-FEIRAS PROFÉTICAS 55

3. Evite interpretações extremistas


Ellen White enfatizou a importância do equilíbrio e moderação
em suas orientações. Interpretar seus escritos de maneira
extremista pode levar à criação de conselhos que ela nunca
escreveu. Ela alertou contra esse comportamento, incentivando
a compreensão sábia de sua vontade.

Tratando da reforma pró-saúde seu conselho foi: “Ora, o


Senhor quer que sejamos sábios e compreensivos quanto ao que
constitui Sua vontade. Não devemos dar motivos para sermos
considerados extremistas. Isso seria uma grande desvantagem
para nós e para a verdade que Deus nos incumbiu de transmitir
ao povo”. Ela continuou aconselhando:
“Vemos os que escolhem as expressões mais fortes dos
testemunhos e sem fazer uma exposição ou um relato das
circunstâncias em que são dados os avisos e advertências, querem
impô-los em todos os casos. Assim eles produzem maléficas
impressões na mente das pessoas” (3 Mensagens Escolhidas,
p. 285-86). Dessa maneira o resultado é um grande malefício.

Conclusão

Deus deseja que os escritos inspirados sejam fonte de


bênçãos e harmonia entre os irmãos. Devemos evitar impor nossos
pensamentos e convicções sobre os outros. Ao ler e aprender
dos escritos proféticos, que sejamos criteriosos e respeitosos,
buscando a verdadeira compreensão das mensagens deixadas
por Sua mensageira.

Que o Senhor nos capacite a ter discernimento ao estudar os


escritos de Ellen G. White, de modo que possamos escolher a boa
parte e nos enriquecer com suas bênçãos (Lucas 10:42). Amém.
06 de novembro

11| A Tríplice Bênção


Leitura Bíblica: Isaías 58:13, 14

Introdução
Neste tema, abordaremos um princípio bíblico essencial
para a nossa saúde e bem-estar espiritual: a guarda do sábado,
que estabelece o sétimo dia como consagrado ao Senhor. O
mandamento do sábado é o único dos preceitos do decálogo
que contém as credenciais de Deus como Criador.

Leiamos Isaías 58:13, 14: “... se chamarem ao sábado de ‘meu


prazer’ e ‘santo dia do Senhor, digno de honra’; se guardarem o
sábado, não seguindo os seus próprios caminhos, não pretendendo
fazer a sua própria vontade, nem falando palavras vãs, então
vocês terão no Senhor a sua fonte de alegria. Eu os farei cavalgar
sobre os altos da terra e os sustentarei com a herança de Jacó,
seu pai. Porque a boca do Senhor o disse”.

I. As profecias do antigo Israel


O Comentário Bíblico Adventista, Vol. IV, pág. 14-15, no artigo
intitulado “O Papel de Israel nas Profecias do Antigo Testamento”,
destaca sete bênçãos, de múltiplos aspectos, que compunham
a herança de Jacó, prometida em Isaías 58 para os guardadores
do sábado, nos tempos do antigo Israel:
1. Santidade de caráter.
2. Bênçãos da saúde.
3. Intelecto superior.
4. Habilidade na agropecuária.
5. Perícia profissional superior.
QUARTAS-FEIRAS PROFÉTICAS 57

6. Prosperidade incomparável.
7. Grandeza nacional.
Comentando sobre o cumprimento dessas promessas, Ellen
White escreveu: “Essas promessas de prosperidade e de uma
missão bem-sucedida deviam ter encontrado cumprimento
em grande medida durante os séculos seguintes ao retorno dos
israelitas das terras do seu cativeiro. Era desígnio de Deus que
toda a Terra fosse preparada para o primeiro advento de Cristo,
assim como hoje o caminho está sendo preparado para a Sua
segunda vinda” (Profetas e Reis, p. 412).

Uma pergunta muito importante precisa ser feita: quais


dessas bênçãos dadas para o povo de Israel no passado podem
ser aplicadas ao Israel espiritual hoje?

No mesmo artigo que acabamos de citar, encontramos a


resposta: “O princípio fundamental pelo qual podemos dizer, sem
medo de errar, quando uma promessa ou predição particular do
Antigo Testamento, feita originalmente ao antigo Israel literal,
deve se cumprir com o Israel espiritual é – quando um escritor
inspirado posterior faz tal aplicação dela. [...] Contudo, ir além do
que é claramente demonstrado por um autor inspirado – tanto
no contexto imediato da passagem do Antigo Testamento, no
Novo Testamento, ou no Espírito de Profecia – é substituir o
claro assim diz o Senhor por opinião pessoal” (páginas 23, 24).

Portanto, os adventistas do sétimo dia creem que somente


os autores do Novo Testamento e os escritos inspirados de Ellen
G. White são as únicas fontes reconhecidas e autorizadas a fazer
aplicações (chamadas de aplicações secundárias) das profecias
do Antigo Testamento, que estavam destinadas a se cumprir no
Israel literal.

Estabelecido esse conceito, estaremos seguros para buscar o


que Ellen White declarou a respeito dos que guardam o sábado e
58 A TRÍPLICE BÊNÇÃO

que bênçãos prometidas ao Israel literal ainda podem ser usufruídas


hoje, por aqueles que obedecem ao quarto mandamento.

II. As bênçãos sabáticas prometidas


Há dois parágrafos escritos por Ellen White que são
especialmente reveladores, quanto às bênçãos atuais que
podemos desfrutar com a guarda do sábado:

1. “Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo.


Ele santificou e abençoou o sétimo dia e fez dele Seu sagrado
memorial. [...] Os que fazem isto, guardando todos os mandamentos
de Deus, podem reclamar as promessas contidas em Isaías 58:11-
14. A instrução dada neste capítulo é plena e positiva. Os que
deixam o trabalho no sábado podem reclamar o divino conforto
e consolação” (Medicina e Salvação, p. 215).

2. “Aqueles que santificavam o Senhor Deus no próprio


coração mediante uma estrutura estritamente religiosa da
mente, e que buscavam aproveitar as horas santas em observar
o sábado da melhor maneira que lhes era possível, e honravam
a Deus ao chamar o sábado deleitoso — a esses, beneficiavam
especialmente os anjos com luz e saúde, e era-lhes comunicada
força especial” (1 Testemunhos Seletos, p. 292).

Aos que reconhecem a soberania do Criador e obedecem


a Deus, separando o quarto mandamento como santo dia do
Senhor, é-lhes assegurado, pela manifestação expressa da
autoridade profética moderna inspirada, a bênção de Isaías 58:14,
que compreende:
luz – vigor intelectual e bênção de sabedoria;
saúde – vigor para o corpo e emoções saudáveis;
força especial – vigor espiritual capaz de resistir ao mal.

A Bíblia revela que vivemos um mundo dominado pelo


pecado e que suas trágicas consequências – doenças e morte,
QUARTAS-FEIRAS PROFÉTICAS 59

dentre tantas outras – são originadas por Satanás, o “deus


deste século” (2Co 4:4). A fé e a obediência não atuam como
antídoto contra o sofrimento e as enfermidades, mas uma vida de
obediência aos mandamentos divinos certamente nos conduzirá
a uma experiência de conforto e consolação, mesmo se formos
chamados a enfrentar os reveses desta vida.

III. Declarações proféticas sobre o


significado do sábado para nós

1. Grandes bênçãos e dia de alegria


“Grandes bênçãos estão compreendidas na observância
do sábado e a vontade divina é que seja um dia de alegria para
nós” (3 Testemunhos Seletos, p. 16).

2. Sinal entre Deus e Seu povo


“O sábado é um sinal de afinidade entre Deus e o Seu povo”
(3 Testemunhos Seletos, p. 17).

3. Elo de ouro
“O sábado é um elo de ouro que une Deus e o Seu povo” (3
Testemunhos Seletos, p. 18).

4. No grande conflito
“A questão do sábado será o ponto controverso no grande
final conflito” (3 Testemunhos Seletos, p. 19).

5. Um sinal especial
“Assim como o sábado foi o sinal que distinguiu Israel
quando saiu do Egito para entrar em Canaã, é também o sinal
que deve distinguir o povo de Deus que sai do mundo para entrar
no repouso celestial” (Conselhos para Igreja, p. 266).
60 A TRÍPLICE BÊNÇÃO

Conclusão
Além de pôr em prática as recomendações sanitárias de
nosso país e adotar os oito remédios naturais como estilo de vida
saudável, o povo de Deus ainda pode reclamar a tríplice bênção,
estudada no tema de hoje, como resultado de guardar o sábado.
Não podemos prever como o Senhor agirá, mas estamos seguros
de que Ele fará cumprir Seu propósito em nós. Que possamos
reafirmar nossa decisão de ser obedientes aos mandamentos
divinos, incluindo a guarda do sábado.

Sabemos que as promessas de Deus se cumprirão plenamente


apenas na eternidade, mas o Senhor ainda reserva para este tempo,
bênçãos especiais para Seus filhos fiéis. Que o Espírito Santo
nos habilite a viver em harmonia com Sua vontade e a desfrutar
as dádivas do Seu eterno amor.
04 de dezembro

12| A revelação profética

Leitura Bíblica: 2 Crônicas 20:20

Introdução
Hoje vamos refletir com base nos capítulos 17 a 20 do segundo
livro de Crônicas, onde analisaremos a trajetória do rei Josafá,
suas ações corretas e deslizes cometidos. Buscaremos extrair
valiosas lições para nossas vidas a partir desse relato.

I. Capítulo 17 - Destaques
Verso 1 - Início do reinado de Josafá, cujo nome significa
Jeová julga ou Jeová é meu juiz.
Versos 3 e 4 - O Senhor foi com Josafá, pois andou segundo
os mandamentos de Deus.
Verso 9 - Josafá ensinou o povo de acordo com a lei do Senhor.
Verso 12 - Josafá não ficou acomodado, edificou fortalezas
e cidades.
Verso 19 - Josafá treinou 1.160.000 soldados.

II. Capítulo 18 - Destaques


Verso 1 – Josafá, apesar de ser temente a Deus, cometeu um
grave erro - aparentou-se com Acabe, casando o seu filho Jeorão
com Atalia, filha de Acabe e Jezabel.

O restante do capítulo conta a história do apoio de Josafá


a Acabe, que poderia ter acabado em tragédia.
62 A REVELAÇÃO PROFÉTICA

III. Capítulo 19 - Destaques


Verso 1 - O erro de Josafá ao apoiar Acabe, poderia ter lhe
custado a vida.
Verso 2 - Jeú, o profeta que foi o historiador do reinado de
Josafá, também o repreendeu por seu apoio ao ímpio Acabe.
Verso 3 - Deus observa nossos erros, mas também vê as boas
coisas que fazemos e se compadece de nós.
Verso 4 - Josafá não era um líder de gabinete, permanecendo
sentado em seu trono. Visitava e percorria o reino, como um
verdadeiro pastor, exortando o povo para que se voltasse para
o Senhor.

IV. Capítulo 20 - Destaques


Verso 1 - Moabe, Amom, Meunitas (uma tribo que vivia a 20
kms ao sul da cidade de Petra), decidiram atacar o povo de Deus.
O inimigo de nossa vida espiritual está sempre nos atacando.
Verso 2 - Por conta da semelhança ortográfica entre Síria e
Seir, deve-se entender Seir, que eram os descendentes de Esaú,
conforme se pode ler no verso 10. Os inimigos já estavam em
En-Gedi, que ficava cerca de 80 kms ao sul de Jerusalém.
Verso 3 - Josafá “teve medo”, apesar de ter um exército
treinado de 1.160.000 soldados. Ele buscou ao Senhor e apregoou
um jejum. Atitudes de contrição. É assim que devemos reagir
quando somos atacados pelo inimigo - com oração e jejum
Verso 4 – O povo de Judá respondeu positivamente ao seu
rei, ao ver seus esforços para leva-los a uma experiência mais
profunda com Deus.
Versos 6-12 - destaques da oração de Josafá.
6 - “Na Tua mão está a força e o poder, e não há quem possa
resistir.”
QUARTAS-FEIRAS PROFÉTICAS 63

- o reconhecimento de onde vem a força e o poder.

12 - “… porém os nossos olhos estão postos em Ti.”


- É em Deus que devemos concentrar nossa atenção.

13 - “Todo o Judá estava em pé diante do Senhor” - crianças,


mulheres e filhos.
- Como é bom adorar a Deus em família, sem faltar ninguém.

Verso 14 - Deus se manifestou por meio do profeta Jaaziel.

Verso 15 - Mensagem de Jaaziel:


“Dai ouvidos ... ao que vos diz o Senhor.”
“Não temais nem vos assusteis por causa desta grande
multidão.”
“Pois a peleja não é vossa, mas de Deus.”

Verso 16 - Ladeira de Ziz - 20 kms a sudoeste de Belém e 30


kms de Jerusalém. Os inimigos estavam muito perto da capital
do reino de Judá. O perigo era assustador.

Verso 17 - As orientações dadas por Deus, por meio de Jaaziel:


“Neste encontro, não tereis de pelejar.”
“Tomais posição, ficai parados e vede o salvamento que
o Senhor vos dará.”
“Não temais, nem vos assusteis; amanhã saí-lhes ao
encontro …”
“Porque o Senhor é convosco.”

As ordens do Senhor sempre são acompanhadas por Suas


promessas. Isso nos dá coragem e ânimo para seguir em frente.
Versos 18-19 - Josafá reagiu às promessas do Senhor com
adoração, acompanhado pelos levitas, que conduziram um serviço
de louvor, cantando muito e em alta voz.
64 A REVELAÇÃO PROFÉTICA

Verso 20 - Ler
Aqui está a grande MOTIVAÇÃO para obedecermos a Deus e
prestarmos atenção à revelação profética. Na obediência haverá
segurança e prosperidade.
Ellen White escreveu:
“Abundante luz tem sido comunicada a nosso povo nestes
últimos dias. Seja ou não poupada minha vida, os meus escritos
falarão sem cessar e sua obra irá avante enquanto o tempo
durar” (1 Mensagens Escolhidas, p. 55). A palavra profética nos
acompanhará até o fim dos tempos.
Ela profetizou que no final dos tempos, haveria uma onda de
ataques ao Espírito de Profecia:
“Será ateado contra os testemunhos um ódio satânico. A
operação de Satanás será perturbar a fé das igrejas neles, por esta
razão: Ele não pode achar caminho tão livre para introduzir seus
enganos e prender almas em suas mentiras se as advertências e
repreensões e conselhos do Espírito de Deus forem atendidos”
(1 Mensagens Escolhidas, p. 48).
Verso 21 - Como enfrentar uma guerra ficando parados, apenas
indo ao encontro dos inimigos, com cantores e instrumentistas?
A ordem para louvar ao Senhor na frente da batalha, parecia
completamente descabida e sem lógica. Uma verdadeira loucura.
Algumas ordens do Senhor ainda podem parecer absurdas, mas
o Senhor tem o controle de todas as coisas.
Verso 22 - O valor da obediência e seus preciosos resultados.
Aqueles que creem na palavra profética e nas promessas do
Senhor, são ricamente abençoados.
Versos 23-24 - Os inimigos se destruíram a si mesmos.
Impressionante o modo como o Senhor agiu e ainda age em favor
de Seus filhos, que confiam na Sua palavra e em Suas promessas.
Versos 25-26 – Saquearam um grande despojo e acharam
QUARTAS-FEIRAS PROFÉTICAS 65

riquezas abundantes. Eles se ajuntaram no Vale de Beraca (Vale


da Bênção) e louvaram ao Senhor. No livro Profetas e Reis, p.
203, lemos que eles cantaram nesse louvor, os salmos 46 e 48,
da autoria de Davi.

Conclusão
Comentando sobre esse episódio, Ellen White escreveu:
“Deus foi a força de Judá nesta crise, e é Ele a força de Seu
povo hoje. Não devemos confiar em príncipes, ou pôr o homem
no lugar de Deus. Devemos lembrar que os seres humanos são
falíveis e falhos, e que Aquele que tem todo o poder é nossa
forte torre de defesa. Em qualquer emergência devemos sentir
que a batalha é Sua. Seus recursos são ilimitados, e as aparentes
impossibilidades farão que a vitória seja ainda maior” (Profetas
e Reis, p. 202).
Precisamos aprender a confiar na segura palavra profética,
tanto da Bíblia como da manifestação moderna do Dom Profético.
Agindo assim experimentaremos segurança e prosperidade
espiritual.
Anotações:

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