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O Autor G. K. Beale traz como tema de seu livro, uma teologia bíblica acerca da Idolatria.

E tem
como principal tema de discussão, aquilo que é o título do livro: Você se torna aquilo que
adora. Desenvolve assim uma ótica interpretativa de Isaías 6 acerca da idolatria, percorrendo
todo o antigo e novo testamento através desta ótica.

No entanto, antes mesmo de adentrar dentro do assunto da idolatria, em sua introdução do


livro ele mostra quais métodos interpretativos foram usados para chegarem a tal conclusão. E
creio que esta etapa do livro não deva passar desapercebido pelos leitores, pois é a base de
tudo que será desenvolvido no restante do livro.

Assim ele expõe duas regras interpretativas que será usada. i. A inspiração divina de toda a
Bíblia, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento. ii. As intenções do divino autor
comunicadas pelos autores humanos são compreensíveis para os leitores de nossos dias. E
através dessa abordagem desenvolve o seguinte método interpretativo: “vou empregar um
método que combina exegese histórico-gramatical com exegese contextual-canônica. Em
primeiro lugar, a exegese histórico-gramatical visa determinar o significado de uma passagem
examinando-a em seu contexto literário e histórico, levando em consideração dificuldades
gramaticais e sintáticas, variantes textuais, significados de palavras, figuras de linguagem,
contexto histórico (Antigo Oriente Próximo, judaico ou helenista) e teologia. Quando digo
exegese contextual-canônica, tenho em mente o estudo atento das alusões literárias de uma
passagem (quer do Antigo Testamento no próprio Antigo Testamento, quer do Antigo
Testamento no Novo Testamento, quer alusões nos escritos do mesmo autor; como, por
exemplo, Paulo poder estar fazendo uma associação com alguma coisa de uma de suas cartas
anteriores).”¹

No capítulo 1 do livro ele expõe o que chama de exemplo fundamental de que você se torna
aquilo que adora. Ele começa a expor como o capítulo 6 de Isaías se torna como modelo de
idolatria, e que caracteriza como toda a bíblia trata acerca deste tema. “Toda vez que se
observava que os órgãos do sentido espiritual não estavam funcionando, empregava-se um
tipo determinado de linguagem. Podemos chamá-la de “linguagem da disfunção dos órgãos
sensoriais”. Quando essa linguagem é utilizada no Antigo Testamento, quase sem exceção,
refere-se não apenas aos pecadores em geral, mas também a uma única espécie de pecado - o
pecado da adoração de ídolos! É preciso primeiro demonstrar isso e em seguida perguntar:
‘Por que se diz que os idólatras têm ouvidos, mas não ouvem, e tem olhos, mas não
enxergam?’”²

E a partir daí, Beale traça ligações e paralelos entre o texto de Isaías 6 e várias outras
passagens bíblicas tratando acerca da idolatria. Podemos citar como exemplos: Is. 29.15,16/
42.17-20/ 43.8,10/ 44.17-19/ Sl 115. 4-6/ 94. 7-11. E à luz de tais textos ele traça a tese na qual
é tema do livro – o castigo dos idólatras será torna-se semelhantes aos ídolos que adoram – e

¹Beale, G K. Você Se Torna Aquilo Que Adora. São Paulo, SP: Vida Nova, 2014. P22-
23.

²Beale, G K. Você Se Torna Aquilo Que Adora. São Paulo, SP: Vida Nova, 2014. P.40

³Beale, G K. Você Se Torna Aquilo Que Adora. São Paulo, SP: Vida Nova, 2014.
P.77,78.

⁴Beale, G K. Você Se Torna Aquilo Que Adora. São Paulo, SP: Vida Nova, 2014.
P.175,176
que portanto Israel deveria “Bendizer” e “Reverenciar” ao Senhor para torna-se parecido com
Ele e não com seus ídolos cegos e mudos.

No entanto o entendimento do autor acerca do versículo 13 de Isaías 6 é o que demonstra


como este capítulo funciona como paradigma para os demais textos bíblicos. “Mas, se ainda
ficar a décima parte dela, tornará a ser destruída. Como terebinto e como carvalho, dos quais,
depois de derribados, ainda fica o toco, assim a santa semente é o seu toco.” Acerca desse
versículo G K Beale comenta: “Isaías 6.13b, portanto, está declarando que a nação que
Yahweh concebera para ser a “semente santa” se havia tornado tão profana pela idolatria que
agora não era mais nem um pouco diferente das nações idólatras. A conclusão radical, mas
não sem precedente, do versículo 13b, de que até a remanescente (a “décima parte”) “semente
santa” se tornara idólatra, assinala o fim da existência teocrática tradicionalmente conhecida”.

Assim ele quer ensinar que o preceito teológico-bíblico expresso por Isaías 6 é que nos
tornamos semelhantes ao que adoramos, quer para o bem ou para o mal. Isaias quis adorar ao
Senhor e assim refletia sua santidade, enquanto que, o povo de Israel quis adorar a ídolos e
isso resultou em sua ruína.

Em seguida ele continua a averiguar a origem da idolatria no antigo testamento a partir do


capítulo 2 do livro. E começa a demonstrar como a ideia de que você se parece com o que
adora que Isaías ensina é mostrada nos primeiros escritos da bíblia. Ele começa fazendo uma
comparação entre Isaías e a alusão que ele fez do pentateuco. Entre eles: Dt 29.4/ 4,27,28/ Sl
115. E especialmente tenta mostrar a importância que a narração do bezerro de ouro teve
para as demais narrações de idolatria encontrada na bíblia. Assim Êxodo 32, onde mostra o
relato do bezerro de ouro, funciona juntamente com Isaías 6 como base e pano de fundo a
relação existente acerca da idolatria em toda a bíblia.

“Nesse aspecto, Êxodo 32 pode ser instrutivo, visto que Moisés descreve a primeira geração de
Israel que adorava o bezerro de outro de um modo que os assemelha a bezerros ou vacas
selvagens: passavam a ter 1) “dura cerviz” (Ex 32.9; 3 3 .3 ,5 ; 34.9) e não obedeceriam, mas 2)
foram “soltos” porque “Arão [os] havia deixado assim” (Ex 32.25),11 3) de modo que o povo
“depressa desviou-se do caminho” (Ex 32.8) e os israelitas precisavam ser 4) “reunidos”
novamente “na entrada” (Ê x 32.26), 5) para que Moisés conduzisse “este povo para o lugar”
que Deus lhe indicara (Ex 34.26).”³

Assim ele transcorre os 2, 3 e 4 mostrando a relação que esses dois textos principais (Is 6 e Ex
32) tem em relação a todos os demais relatos encontrados no restante de todo o antigo
testamento. Os capítulos 5 ao 8 vão mostrar como você se torna aquilo que adora a luz dos
textos citados acima, e de todo desenvolvimento encontrado no AT é refletido da mesma

¹Beale, G K. Você Se Torna Aquilo Que Adora. São Paulo, SP: Vida Nova, 2014. P22-
23.

²Beale, G K. Você Se Torna Aquilo Que Adora. São Paulo, SP: Vida Nova, 2014. P.40

³Beale, G K. Você Se Torna Aquilo Que Adora. São Paulo, SP: Vida Nova, 2014.
P.77,78.

⁴Beale, G K. Você Se Torna Aquilo Que Adora. São Paulo, SP: Vida Nova, 2014.
P.175,176
forma no novo testamento. E nesta sequência ele discorre os Evangelhos (cap.5), Atos (cap.6),
Escritos de Paulo(cap.7), Apocalipse (cap.8).

No capítulo 5, Beale demonstra como Jesus faz o uso de Isaias 6 nos 4 evangelhos. E assim
discorre como a forma de idolatria encontrada nos evangelhos difere daquela encontrada no
AT, no entanto, eles continuavam sendo idolatras pois adoravam a tradição judaica ao invés de
Deus e sua Palavra viva. Assim criam-se novas forma de idolatria no tempo de Jesus.
“Portanto, Mateus 15, Marcos 7 e outros textos relacionados mostram que a aplicação de
Jesus de Isaías 6.9,10 e 29.13 aos israelitas contemporâneos seus indicava que os
acontecimentos da época de Isaías estavam se repetindo: Israel estava sendo julgado por
idolatria — por dedicar-se não a Deus, mas a outra coisa. É bom lembrar qual era a punição
em Isaías 6.9,10, Deus estava dizendo: “Vocês gostam de ídolos? Se gostam tanto deles, então
vou fazer vocês ficarem semelhantes eles: os ídolos não veem, não ouvem, não entendem, nem
tem vida espiritual, e vocês vão ficar tão insensíveis espiritualmente e inanimados quanto esses
ídolos que adoram”. O Israel da época de Jesus estava ficando tão morto espiritualmente
quanto as tradições humanas vazias e rançosas às quais se dedicaram. As tradições mortas da
nação eram tão vazias de vida quanto os “sepulcros caiados, que por fora parecem belos, mas
por dentro estão cheios de ossos e de toda imundícia”, a que Jesus comparou expressamente
os líderes religiosos (M t 23.27-29), os principais mestres da tradição da época.”⁴

Assim Beale, sai discorrendo em todo o novo testamento acerca da idolatria, e de como os
idolatras se parecem com seus ídolos. E no capítulo 9 discorre sobre como fazer a inversão
disso, ou seja, a conclusão de tudo isso: Deixar de refletir a imagem dos ídolos para refletir a
imagem de Deus. E assim Isaías mostra como viria outro profeta comissionado que viria para a
reversão da incredulidade entre as nações e somente aí conseguiram ver e entender e refletir
a imagem do verdadeiro Deus: “assim causará admiração às nações, e os reis fecharão a sua
boca por causa dele; porque aquilo que não lhes foi anunciado verão, e aquilo que não
ouviram entenderão.” Isaías 52:15. O nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, virá e Ele, o próprio
Deus converterá esses idolatras em sua semelhança.

¹Beale, G K. Você Se Torna Aquilo Que Adora. São Paulo, SP: Vida Nova, 2014. P22-
23.

²Beale, G K. Você Se Torna Aquilo Que Adora. São Paulo, SP: Vida Nova, 2014. P.40

³Beale, G K. Você Se Torna Aquilo Que Adora. São Paulo, SP: Vida Nova, 2014.
P.77,78.

⁴Beale, G K. Você Se Torna Aquilo Que Adora. São Paulo, SP: Vida Nova, 2014.
P.175,176
¹Beale, G K. Você Se Torna Aquilo Que Adora. São Paulo, SP: Vida Nova, 2014. P22-
23.

²Beale, G K. Você Se Torna Aquilo Que Adora. São Paulo, SP: Vida Nova, 2014. P.40

³Beale, G K. Você Se Torna Aquilo Que Adora. São Paulo, SP: Vida Nova, 2014.
P.77,78.

⁴Beale, G K. Você Se Torna Aquilo Que Adora. São Paulo, SP: Vida Nova, 2014.
P.175,176

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