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PARTE 3 – OS ESCRITOS JOANINOS – DEUS, O ESPÍRITO SANTO.

INTRODUÇÃO

 Concordo com Donald Guthrie quando afirma que “as declarações acerca do Parácleto em
João fornecem a chave para a correta compreensão da atividade do Espírito em Atos.”
 Por meio dos escritos de João podemos perceber o caráter do Espírito, de suas várias
funções e do modo como o Espírito é dado aos crentes.
1. DEUS, O ESPÍRITO SANTO – NO EVANGELHO.
 As declarações estão contidas nas seguintes passagens: João 14.15-17; 14.25,26; 15.26,27;
16.5-11; 16.12-15.
A. O caráter do Espírito
 Fora o título “Espírito Santo”, usado uma vez em João 14.26, há dois títulos distintivos
usados nessas passagens que comunicam algum aspecto de seu caráter.
o O primeiro é a palavra “Parácleto” (Jo 14.16; 14.26; 15.26; 16.7), traduzida de
maneira variada, como Consolador, Advogado, Conselheiro, ou simplesmente
Ajudador." Como o significado de sua raiz grega é “aquele que fica ao lado”, não há
dúvida de que existe um elemento de verdade nessas sugestões.
o O outro título, “o Espírito da verdade”, fala por si mesmo. A verdade é um tema
recorrente no Evangelho de João e não é surpreendente, portanto, que o espírito seja
descrito como a corporificação da verdade (Jo 14.17; 15.26; 16.13). No prólogo, a
graça e a verdade são vistas como vindo por meio de Jesus Cristo (1.17). Toda a
mensagem do Evangelho exalta a verdade acima do erro. O Espírito é, portanto, visto
como o guardião da verdade. O Espírito não somente participa da natureza da
verdade, mas também comunica a verdade.
 Há uma declaração que diz que o Espírito “procede do Pai” (Joh 15.26). Seja o que for que
isso signifique, sugere que o Espírito participa da mesma natureza que o Pai. Isso está em
harmonia com o caráter do Espírito, como visto em outros textos deste Evangelho. O
Espírito não apenas vem de Deus, mas é enviado pelo Pai e pelo Filho (cf. Joh 16.7; 14.26).
 Outro elemento é o caráter pessoal do Espírito. Isso vem à tona claramente na variedade de
funções que ele realiza, muitas das quais seriam ininteligíveis se não fossem consideradas
pessoais.
o o fato de que Jesus falou de outro Parácleto mostra que o Parácleto deve ser uma
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pessoa, assim como o próprio Jesus o era. Essas considerações superam


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completamente o gênero neutro do nome pneuma em grego.

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o Além disso, elas estão em total harmonia com o impressionante uso do pronome
masculino (ekeinos) para o Espírito em João 16.13 (colocado imediatamente antes de
pneuma), o que reforça a característica pessoal do Espírito.
 Outra característica do Espírito é sua presença permanente nos crentes (Jo 14.17). Jesus
afirma que a presença do Parácleto é para sempre (Jo 14.16), o que sugere que, uma vez que
o Espírito toma posse, ele passa a morar. A morada do Espírito é mais predominante nas
epístolas de Paulo. Entretanto, é importante reconhecer que a ideia não se origina em Paulo.
Essa foi uma parte essencial da promessa de Jesus acerca do Espírito.
B. As funções do Espírito
i. A principal função do Espírito Santo pode ser resumida como glorificar a Cristo
(Jo 16.14). O Espírito é essencialmente auto-ofuscante, nunca fala por sua
própria autoridade (Jo 16.13). Ele não busca sua própria glória, mas a glória de
Cristo.
 Implicações – qualquer movimento que alega possuir o Espírito e que
glorifica o Espírito, em vez de Cristo, deve ser visto como afastado do
ensino de Jesus acerca do Espírito.
ii. Outra função do Espírito é capacitar os crentes para testemunhar de Cristo (Jo
15.26). O Espírito dá testemunho de Cristo e os crentes, por meio do mesmo
Espírito, dão testemunho do mesmo Cristo.
 Implicações – Movimento missionário, há uma hgação direta entre essa
afirmação e as experiências do livro de Atos. Sem o Espírito, o
testemunho de Cristo nunca seria dado.
iii. O Espírito Santo é indispensável não somente para a tarefa de dar testemunho de
Cristo, mas também para fazer que os discípulos lembrassem e entendessem seu
ensino (João 14.26).
 Implicações – O Espírito seria o guardião da verdade. Essa promessa é
importante para a história subsequente do cânon, pelo menos no que diz
respeito aos Evangelhos. As tradições não se desenvolveram de uma
maneira desordenada, como alguns eruditos sugerem, mas sob a
orientação do Espírito.
iv. Outra atividade do Espírito é orientar, especialmente, a toda a verdade (Jo 16.13).
Isso é parecido com a última promessa, mas não é uma extensão dele. “Toda a
verdade” abrange o desenvolvimento da compreensão do significado da missão
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de Jesus, o significado de sua morte e ressurreição e a aplicação da fé


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recentemente estabelecida à vida.

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 Implicações – Na verdade, a promessa de guiar a toda a verdade
influencia a autoridade das epístolas. Novamente o Espírito evita o
desenvolvimento puramente casual e garante a preservação da verdade.
v. Há, ainda, mais um aspecto da atividade do Espírito na revelação, e ele está na
esfera do futuro (Joh 16.13).
 Implicações – A expressão muito geral “as coisas que hão de vir”, que o
Espírito deveria declarar, é suficientemente abrangente para incluir todo o
ensino escatológico das epístolas e de Apocalipse. É, portanto, importante
que, em seu Apocalipse, João estava em Espírito quando recebeu a ordem
de escrever em um livro aquilo que viu.
vi. Todas as funções do Espírito já mencionadas estão relacionadas aos crentes, mas
uma das declarações acercado Parácleto se refere ao mundo (Joh 16.8-11).
 Implicações – Essa passagem prediz a obra convencedora (ou
condenatória) do Espírito. O mundo seria convencido do pecado, da
justiça e do juízo.
C. O recebimento do Espírito
i. Várias passagens mostram que o Espírito é um dom do Pai (Joh 14.16,26) ou do
Filho (Joh 15.26; 16.7). A iniciativa não é do homem. A presença do Espírito não
pode ser merecida. Além disso, como em João 7.39, também em João 16.7 a
vinda do Espírito depende da partida de Jesus. Há uma clara divisão entre o
mundo, que não pode receber o Espírito, e os crentes, que o conhecem
(Joh14.17).
2. DEUS, O ESPÍRITO SANTO – NAS EPÍSTOLAS.
Em 1 João, há quatro passagens que apresentam vários aspectos do Espírito:
 Primeira João 3.24 afirma: “E nisto conhecemos que ele está em nós: pelo Espírito que nos
tem dado”. De forma semelhante, 1 João 4.13 invoca a presença do Espírito na vida dos
crentes como garantia do relacionamento deles com Deus. (// jO 15.1-17)
 1 João 5.6, da mesma forma que o Evangelho de João, afirma o papel de testemunha do
Espírito: “E o Espírito é o que testifica, porque o Espírito é a verdade” (cf. Jo 15.26; 16.13-
15). O versículo seguinte, 1 João 5.7, reitera de forma clara, embora difícil, o papel do
Espírito, junto com a água e o sangue, como testemunha por Jesus Cristo (cf. 5.6,10).
 1 João 4.1-6 estabelece um contraste contundente entre verdade e erro, culminando no
reconhecimento por parte dos crentes do “espírito da verdade e [d]o espírito do erro” (4.6).
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o Nesse contexto, a cristologia errada dos oponentes (4.2,3), a rejeição da autoridade


apostólica (v. 6) e a falta de amor (w. 7-12) demonstravam que eles não possuíam de
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modo algum o Espírito de Deus (w. 3,6,8). Eles representavam o espírito do
anticristo, não o Espírito de Deus (v. 3).
3. DEUS, O ESPÍRITO SANTO – NO APOCALIPSE.
 No livro de Apocalipse, o Espírito Santo é o Espírito da profecia. João 16.13 prenuncia isso,
passagem em que a declaração genérica: “[...] vos anunciará o que há de vir”, é abrangente o
bastante para incluir os ensinamentos escatológicos de Apocalipse, livro que equilibra e
complementa a ênfase do Evangelho de João na vida eterna como uma experiência atual dos
crentes (Ap 1.19; 4.1; 1.1; 22.6).
 Na conclusão de cada uma das epístolas para as sete igrejas, os destinatários são exortados a
ouvir o que Espírito lhes diz (Apoc. 2.7,11,17,29; 3.6,13,22). Isso é consistente com a ênfase
joanina no papel que o Espírito tem na revelação (Joh 14.26; 16.13; 1Jo 2.27).
 No livro de Apocalipse, há um único aspecto no retrato do Espírito Santo que é uma
referência aos “sete Espíritos” de Deus (Ap 1.4; 3.1; 4.5; 5.6). Desde que nas outras
passagens do livro de Apocalipse (1.10; 2.7,11,17,29; 3.6,13,22; 4.2; 17.3; 21.10), João
refere-se ao Espírito no singular; não há razão para pensar que ele se atém a uma
multiplicidade de Espíritos.
o Os sete Espíritos são mencionados em relação às sete estrelas (3.1), às sete lâmpadas
(4.5), às sete pontas e aos sete olhos (5.6). Provavelmente o número sete represente
perfeição.
o Pode-se basear a ligação do número sete com o Espírito a uma alusão a Isaías 11.2,
em que o Espírito é descrito em termos de atributos: “E repousará sobre ele [Cristo]
o Espírito do Senhor, e o Espírito de sabedoria e de inteligência, e o Espírito de
conselho e de fortaleza, e o Espírito de conhecimento e de temor do Senhor”. A
soma desses atributos (começando pelo “Espírito do Senhor”) é sete.

NA PRÓXIMA SEMANA

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