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1 Coríntios 11

1.1 Introdução
 Este capítulo tem vínculos temáticos tanto com os capítulos anteriores como
também com os posteriores.
- Liberdade Cristã em relação ao culto cristão (comp. cap. 8-10) (cf. BKN)
- Desordem no culto público (comp. cap. 12-14)
1. mulheres tomando mais liberdade do que deveriam ter
2. desordem na ceia do Senhor (11:17-34)
3. confusão nos dons espirituais (cap. 12-14)
 Nos capítulos 12-14 (como nos anteriores) o apóstolo continua confrontar o
espírito auto-indulgente por parte dos coríntios enfatizando o princípio:
glorificação a Deus e edificação da igreja (BKN).
 Paulo começou (11:2-16) e terminou (14:34-35) este trecho falando de liberdade
cristã no culto dirigindo se às mulheres.
 Os capítulos 11-14 são unidos pois trata de assuntos no âmbito do culto público.
 GODET afirma que Paulo entrou em novo assunto (saiu de liberdade cristã) e
agora trata de assuntos relacionado a culto público, primeiramente com algo mais
próximo ao assunto concluído, liberdade: o comportamento externo das mulheres
no culto cristão.
- Segue-se desordens que entraram na celebração da ceia
- depois, a administração dos dons espirituais (GODET, II:103-104).

1.1.1 Sequência de Assuntos


Os Dois assuntos principais são facilmente assinalados:
1. Uso do Véu (11:2-16) “eu vos louvo...”
2. A Ceia (11:17-34) “não vos louvo...”

1.1.2 Esboço

1.2 O Uso do Véu (11:2-16)

1.2.1 Introdução
 Parece que este parágrafo se trata de mulheres “orando” e “profetizando”
 Há um discurso acerca da aplicação generalizada deste parágrafo.
a. Há crentes na atualidade que afirmam ousadamente que a crente precisa usar
véu (obs. cobrir a cabeça com uma espécie de lenço; mas que não cobre o
rosto).
b. Outros crêem que era restrito ao contexto histórico.
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c.  pelo menos deve ser observado o princípio: autoridade e submissão
devida.

1.2.2 O Contexto Histórico


 Como acontece em outros pontos nesta carta (e.g. 7:1ss e 8:1ss), só dispomos da
resposta paulina. A ausência dos contexto, tanto a pergunta original como
situação em Corinto, dificulta a interpretação de algumas frases.
 WIERSBE (289) observa pelo menos três fatores:
1. a fé cristã proporcionava direitos iguais.
2. esta igualdade social era rara, ou até desconhecida, no ambiente greco-
romano
3. Isso dava para abusos entre os recém-convertidos
 Quanto ao uso do véu na sociedade oriental WIERSBE (289) observa (comp.
MORRIS, 121):
1. a mulher usava cabelo comprido
2. em público ela colocava “um xale sobre a cabeça para simbolizar sua
submissão e pureza
3. as prostitutas cultuais quebravam estes costumes
 Apesar da nova liberdade cristã, as irmãs deviam respeitar a ordem e
decência. Exibir sua liberdade desta forma seria “um gesto atrevido e blasfemo”
(WIERSBE, 289).
 MORRIS diz—“Aparecer um mulher de cabeça descoberta em público, era
agir de maneira ‘descarada’... Esta era a marca da mulher de baixa moral”
(MORRIS, 121)

1.2.3 Estrutura
Quiasmo em 1 Cor 11:2-16
(sugerido por WILLSEY lecionando “anthropology” NBS, 1995)
obs.: o elementos ora são contrastes, ora sinônimos. Precisa-se estudar mais
rigorosamente.
v. 2 “tradições”
v. 3 sequência de autoridade e consequentemente, ordem: Deus, Cristo, homen,
mulher
v. 5 sem véu é desonra... como rapada
v. 6 argumento do conhecimento/ prática geral
v. 7 o homem é imagem e glória de Deus; a mulher é glória do
homem
v. 8 a mulher (foi feita) do homem
v. 9 a mulher (criada) por causa do homem
{v. 10.a. por causa dos anjos}
 v. 10 a mulher deve usar véu
{v. 10.b como sinal de autoridade}
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v. 11 interdependentes no Senhor
v. 12 o homem é nascido da mulher
v. 12.b. “tudo vem de Deus”
v. 13-14 pergunta retórica apelando ao conhecimento geral e “natureza”
v. 15 cabelo é para ela uma glória... em lugar de mantilha
v. 16 “se alguém quer ser contencioso”
v. 16 “tal costume”

1.2.4 Esboço
WIERSBE: Paulo instruiu restaurar ordem na igreja baseado em três princípios:
1. redenção (11:3-7)
2. criação (11:8-12)
3. natureza (11:13-15)

LOWERY (em BKN)


Cinco razões porque insubordinação feminina não deve aparecer na igreja (BKN):
Argumentos baseados em revelação especial:
1. a orden divina—Deus, Cristo, homem, mulher (v. 3-6)
2. criação (v. 7-9)
3. anjos assistiam o culto (v. 10) (veja anotações, abaixo)
Argumentos baseado em revelação geral/ natural:
4. a distinção instintiva entre os sexos (uma sendo tamanho de cabelo)
 obs. 1: excessões quando há alguma necessidade; ou alguma
perversidade.
 obs. 2: o tamanho de cabelo aqui não se trata de uma medida
matemática mas de convenção social—conhecida pela cultura)
5. a igreja universal: Paulo não exigia um novo padrão mas simplesmente
manteve a linha de comportamento ao evitar excessos individuais sob o
manto de “liberdade.”
Conclusão
No caso de comida (cap. 8-10) Paulo tratou do problema mas também identificou
a raíz do problema: a busca de auto-interesse sem querer se submeter às
necessidades dos outros (10:24) nem se submeter à glória de Deus (10:31). Do
mesmo modo, lançar fora o véu simbolizava insubordinação e, portanto,
desrespeito a Deus (BKN).

MacArthur
O Princípio Afirmado (11:2-3)
O Princípio Aplicado (11:4-6)
O Princípio Defendido (11:7-10)
O Princípio Harmonizado (11:11-12)
O Princípio Correspondido (11:13-16)

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1.2.5 Mensagem
Introdução: Elogio (11:2)
Começa com elogio mas logo introduz a correção
11:2 “de fato” uma transição a um novo assunto (GODET, II:106) apesar que não
apareça a frase ( comp. 7:1, etc.)
11:2 “tradições”—algo repassado, o ensino oral (RYRIE, nota). Não se trata de
rituais inventados por homens que concorrem com a Bíblia
Instrução: Correção (11:3-12)
v. 3 “entretanto”—o elogio termina. Conj. de contraste, introduz outro tom.
v. 3 submissão não equivale a inferioridade (comp. mesmo Cristo com Deus)
Diferença entre “ser” e “função”
Definição e Distinção
Definições são importantes para discernir o movimento atual de “liberdades da
mulher.” É necessário observar duas categorias: existência e função. Divergência em
função não implica variação em existência ou valor.
 comp. os termos de GODET (II:108):
1. “comunidade de vida”
2. “desigualdade dentro da comunidade”
 No texto de 1 Cor 11, isso é ilustrado a três níveis: Deus-Cristo; Cristo-
homem; homem-mulher
 GODET esclarece que o homen não está posicionado espiritualmente entre
Cristo e a mulher. “Ela está sujeito ao marido no Senhor. É no Senhor que
ela ama o marido e é, por auxiliá-lo que ela vive para o Senhor. Da
perspectiva social ela é a sua esposa; da perspectiva redentora, ela é sua
irmã” (GODET, 110).
 nas palavras de Pedro, ambos marido e mulher são co-herdeiros da mesma
graça (1 Pd 3:7).
 As religiões pagãs, tanta as antigas como modernas, não conseguem
perceber esta distinção. A maioria aplicam a lei da selva ao fazê-la inferior.
Considerações
 Conforme Ef. 5, a mulher dever se submeter. O homem não deve subjugá-la.
Aliás, o contexto inteiro desenvolve uma auto-submissão entre a irmandade
cristã. Cristo não subjuga o crente, mas o crente se submete a Ele. O marido não
subjuga a esposa, mas ela se submete à liderança dele, submissão esta também
expressão de amor a ele. Ela o ama demonstrado por segui-lo.
 O marido demonstra sua submissão mútua por amá-la, amor este que procura o
bem da amada. Desta forma, o marido corretamente expressa submissão mutua
ao se submeter às necessidades dela (MACARTHUR, comentário de Efésios, in
loc).
 Portanto, há uma submissão mútua. No casamento há, e deve haver, submissão
nas áreas de responsabilidade tanto pelo marido como pela mulher. Por exemplo,
o marido deve se auto-submeter ao horário combinado para as refeições ou às

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normas da esposa como administradora da cozinha (WILLSEY, 9). Da mesma
forma a mulher deve se auto-submeter à liderança do marido e procurar
complementare a apoiá-lo.
Outras Comparações: Ser/ existência vs. Fazer/ função
 Gên 2
1. função: Gên 2:18-20 “auxiliadora...idônea” e
2. existência: Gên 2:23 “osso do meu osso e carne... chamar-se-á varoa.”
3. ambos são: “imagem de Deus”—Gên 1:27
 1 Cor 11
1. função: 11:8-10 diferentes; subordinação em autoridade (11:3)
2. existência: 11:11-12 iguais; coordenação em existência (11:12)
3. “no Senhor (nenhum) é independente (do outro)” (11:11) e “tudo vem de
Deus” (11:12).
  Portanto, submissão a autoridade não implica inferioridade de existência
(comp. Apostila SIBB “Análise de Gên 1-11” ref. a Gên 2).

11:4 MORRIS afirma que a igreja cristã começou nova prática (122).
 O judeu (homem) cobria a cabeça para orar
 Os gregos, tanto os homens quanto as mulheres, oravam com a cabeça
descoberta
 Conforme MORRIS, na igreja foi instituida nova prática—mulheres orar
com a cabeça coberta.
11:5 “toda mulher.. que ora, ou profetiza”
Aqui implica que a mulher orava ou profetizava no culto público?
 não parece que há censura do fato
 não indica se Paulo apoiou ou simplesmente reconheceu a existência da
prática
- comp. Ryrie, (nota 11:5), “não autorizadas por ele”
- obs. que em vários lugares Paulo cede/admite um certa prática sem
comentar na sua justificativa: e.g. 7:1.b; 8:4 (cf. comentaristas); 12:2-3.
- argumento de silêncio
 Apesar que seja raro, se vêem profetizas na Bíblia (Lc 2:36 Ana; Atos 21:9
as filhas de Filipe).
 À luz de 1 Cor 14:34-35 parece que não profetizavam de caráter oficial no
culto da igreja.
11:7 imagem de Deus (veja Gên 1:26). Omitir que a mulher é imagem de Deus neste
vs. não implica que ela não seja. Desde Gên 1 ensina que ambos são imagem de
Deus, pelo qual também são vice-regentes de toda criação—há conexão entre
“imagem de Deus” e “soberania.” Devido a polêmica e ênfase em 1 Cor 11, Paulo
faz distinção relativa entre o homem e a mulher (GODET, II:121)
11:10 “autoridade” exousia. Palavra de amplo aspecto. Sentido básico: “autoridade”
mas inclue também “direito, liberdade.”
 também usada no discurso do cap. 9
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 “Para uma mulher exercer sua liberdade de participar no culto sem cobertura
na cabeça, sendo símbolo da sua autoridade, ...desmentiria a sabedoria de
Deus (Ef 3:10)” (LOWERY em BKN).
 BKN diz que “autoridade” é um termo libertador comp.:
- 1 Cor 7:37 “domínio sobre o seu próprio arbítrio” (RA)
- 8:9 “que esta vossa liberdade não venha...” (RA)
- 9:4-6 “o direito de comer... também o [direito] de fazer-nos acompanhar;
não temos direito de...” (RA)
- 9:12, 18 “direito” (RA)
 Morris diz, “O sentido dado por Paulo, então, é que, ao cobrir a sua cabeça, a
mulher assegura o seu próprio lugar de dignidade e autoridade. Ao mesmo
tempo, ela reconhece a sua subordinação” (MORRIS, 124).
 VANGORDER sugere a resposta paulina à afirmação libertadora das irmãs
coríntias, “É verdade que tudo é lícito, porém tú estás em Corinto, e aparecer
sem véu seria desonroso ao teu marido” (VANGORDER, 99).
 “Tudo que viola a ordem divina é desonroso. O Senhor revestiu a mulher
com glória e esplendor no seu lugar divinamente ordenado. E ela é a glória
do homem. Para ele desatender, negar ou desprezar esta autoridade e ordem
divina faz com que ela desonra a si mesmo, seu marido e seu Senhor. Violar
esta ordem sempre tras caos no lar, na igreja e na criação” (VANGORDER,
99).
 Sra. Autoridade é esposa de Sr. Organização cujo sobrenome é Harmonia.
Suas filhas são Alegria, Beleza, Paz, Comunhão; e sobrinhas Coragem,
Honra, Firmeza e Certeza. A escrava Dona Libertina Moderna despreza esta
família sem “profissão.”
v 10 “anjos” LOWERY(em BKN) afirma que se trata de anjos bons que assistam o
culto.
(1 Cor 4:9; Ef 3:10; 1 Tim 5:21; cf Sl 103:20-21)
ele rejeita outras explicações inadequadas:
 demônios (anjos ímpios) cobiçavam as mulheres
 anjo, i.e. mensageiros—os pastores
 anjos bons aprendem das mulheres
 anjos bons são exemplos de subordinação
 anjos bons seria tentados pela insubordinação da mulheres.
11:11-12 Trazm glória a Deus, o homem e a mulher juntos em interdependência
mútua e complementando um ao outro (BKN). Não devem ser independentes nem se
achar superior ao outro. Subordinação não é sinônimo de inferioridade (veja vs. 3)

Conclusão (11:13-16)
Apelo ao conhecimento interno geral (comp. 10:13)
v. 15 A trad. desta preposição tras implicações exegéticas. Grg. anti (“anti”) (BKN).
a. Seu sentido costumeiro: “ao invés de; no lugar de”

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 A interpretação: o cabelo feminino foi dado no lugar de cobertura
física, portanto é uma cobertura e mulheres devem orar de cabelo
comprido, não curto
 Problema: não explica a necessidade dela cobrir ou descobrir a cabeça
em 1 Cor 11:5-6
b. outra interpretação: “como” no sentido de “para”
 A interpretação: A mulher tem uma cobertura natural e portanto deve
segui o costume de usa cobertura física no culto público.
 BKN prefere esta interpretação

1.2.6 Aplicação
O Uso do Véu na atualidade
 Há divergência no mundo cristão atual acerca de uso do véu... ou xale... ou
chapéu. Alguns acham que devemos continuar o uso de alguma cobertura, outros
ficam no princípio fundamental do texto, i.e. subordinação.
 De qualquer forma o cabelo e vestimento das crentes devem testificar do seu
caráter moral, sua voluntária submissão ao marido e sua devoção a Cristo”
(VANGORDER, 100).
 veja 1 Tim 2:9-10
 o uso do véu ou não, o que importa é manter a própria ordem divinamente
instituida.
 Paulo não era anti-feminista, pelo contrário, ele defende o lugar próprio da
mulher. Cristo e o Seu evangelho realmente elevam a feminilidade.

1.3 A Ceia do Senhor (11:17-34)

1.3.1 Introdução
Este é o principal ensino acerca da Ceia do Senhor. Os outros trechos são a descrição
da primeira ceia nos evangelhos. Há ref. também em 1 Cor 10:16-17.

Subentende-se que o aluno já está ciente da várias correntes teológicas acerca da Ceia
do Senhor: transubstanciação, consubstanciação, espiritual, memorial. Segue um
resumo:
a. transubstanciação (IC Romana): os elementos transformam-se literalmente
no corpo e sangue de Cristo
b. consubstanciação (Luterana): “o verdadeiro corpo e sangue de Cristo estão
presentes misturados aos elementos” (conforme RYRIE)
c. espiritual (Calvino): os elementos são símbolos, mas “tomá-los significa
participar de Cristo em sua presença redentora” (conforme RYRIE).
 um expressão, primeiramente da dádiva divina ao homem, e
somente secundariamente uma refeição comemorativa e ato de

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profissão. ...um meio de fortalecer a fé” (conforme BERKHOF,
Systematic Theology, rev. ed. 1946, pág 646)
não tem muito receio usar “sacramento.” Veja apêndice: “Ceia,
Comunhão, Sacramento ou Eucaristia.”
d. memorial (Zwínglio): Ryrie—“Realmente é um memorial, mas também
uma celebração na qual a presença de Cristo em seu povo afeta a comunhão
real” (T.B., 494).
 principalmente um ato de comemoração (conforme BERKHOF,
646)
 os Menonitas, entre outros, visavam somente como memorial, um
ato de profissão e meio de melhoramento moral (conforme
BERKHOF, 646)

1.3.2 O Contexto Histórico


(veja Ryrie, nota 11:20)
Nota-se que na primeira ceia, houve dois eventos distintos
Mt 26:17-25; v. 26-30 (veja a cronologia, RYRIE, nota 26:20)
Marcos 14:17-21; v. 22-26
Lucas 22:14-39 Não registra a distinção dos eventos, junta tudo; v. 21 “o traidor
está comigo à mesa.”
Jo 13:21-30 Judas saiu logo após tomar um pedaço de pão molhado.

Deve-se lembrar que na igreja primitiva havia duas partes da ceia (como na Páscoa e
a última ceia com o Senhor):
1. Havia uma refeição comunitária
 denominado o “agapê” grg. “amor”
 veja 1 Cor 11:17-22; 33-34; cf Judas 12
 por isso se chama a “ceia”
 comp. Mt 26:17-25/ Marcos 14:17-21. Este evento fazia parte da
Páscoa, um memorial da primeira Páscoa, o cordeiro no lugar do
primogênito, o livramento da escravidão ao Egito.
2. Após a refeição, participavam do ritual com pão e vinho
 chamado a “eucaristia” grg. “ações de graça” (lembramos que Jesus
“deu graças”)
 veja 1 Cor 11:23-27
 comp. Mt 26:26-30/ Marcos 14:22-26/ Lc 22:19-20. Este evento foi
instituído por Jesus na última páscoa. Portanto a Ceia do Senhor, isto é
o pão e o cálice, é um memorial da última páscoa, o Cordeiro de Deus, o
livramento da escravidão ao pecado

obs. que o evento total figurava a comunhão com a comunidade cristã e


comunhão com Cristo—comunhão no corpo com o cabeça. A comunhão com

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Cristo era o fundamento para comunhão entre os irmãos. No caso de Corinto,
parece ser um tipo de “junta” fornecido principalmente pelos abastados (vs. 21
“sua própria ceia”). Também parece que era refeição feita semanalmente.
Devido vários fatores partindo do nível econômico, haviam profundos problemas
na prática corintiana. Os ricos, que traziam mais comida, começaram logo ao
passo que outros ficaram sem comer. WIERSBE diz—“Es probable que la fiest
ágape semanal fuese la única comida decente que algunos de los miembros más
pobres tenían con regularidad”(WIERSBE, 117). (obs. que as diferença
econômicas facilmente afetam todas as outras facetas da vida. Requer um amor
absolutamente comprometida por ambas as partes para funcionar em
comunidade: a. consideração, generosidade e humildade pelo abastado; b.
compreensão, gratidão e humildade pelo necessitado)
obs. 2 No decorrer da história eclesiástica a sequência refeição-ritual variava
tanto pela época quanto pela região. GODET diz que Agustino indica que no
occidente era ritual-refeição. Desde então, a refeição desapareceu.
Ironicamente, o problema em Corinto era justamente a falta de amor no ágape.
Alguns irmãos soberbamente antecipavam a refeição. O texto não esclarece por que
havia outros atrasados, sugere-se que eram escravos ou funcionários que tinham que
satisfazer alguma responsabilidade. Certamente os problemas observavam a classe
socio-econômica.

1.3.3 Estrutura
O texto facilmente é divido nos vss. 17, 23

1.3.4 Esboço
O Problema/ Repreensão (v. 17-22)
A Prescrição (v. 23-32)
A Correção/ Instrução (v. 33-34)

Seguindo o texto da UBS III


Abusos da Ceia (v. 17-22)
Instituição da Ceia (v. 23-26)
Participação Indigna da Ceia (v. 27-34)

1.3.5 Mensagem
O Problema (11:17-22)
Apesar que não seja especificado, o problema era a soberba (WIERSBE, 117).
v. 17 “não vos louvo” comp. 11:2, 22
v. 18 “divisões” (veja v. 19)—como é esperado, problemas/ pecados não são isolados
mas fazem parte de uma teia. Como na igreja de Corinto, divisões tratava de um
excesso de soberba e uma falta de amor. Um mal hábito (“pecadinho”)
complexamente interliga com uma série de doutrinas/pensamentos incorretos. Em
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Corinto a soberba e falta de amor podem ser identificados com a raiz de todos os
problemas abordados no livro.
v. 19 adversidade elimina o mercenário
v. 19 “partidos” nota-se que “partidos” não são necessariamente organizações
políticos dentro da igreja. Se trata de toda espécie de fenda na união (v. 18
“divisões”).
v. 20 “não é a ceia do Senhor” Observe que a ceia tem uma função individual de
acordo com o coração do participante. Não há valor místico no ato em si.
 Jesus tomou elementos comuns nas refeições da época e transformou-los em
símbolos espirituais para o crente. O valor do simbolismo e a experiência na
participação dependia do coração do participante. Eis o problema em
Corinto (WIERSBE, 119).
 Porém, uma atitude errada traz juízo (vs. 29)
 A ceia lembrava o completo auto-sacrifício de Jesus, porém os coríntios
tornara-na em ato auto-centralizada e soberba.

A Prescrição (11:23-32)
A Instituição (v. 23-26)
v. 23 “eu recebi” O sentido normal é que Paulo, apesar de não fazer parte dos doze
presente com Jesus na última ceia, recebeu por direta revelação do Senhor Jesus
(GODET, II: 148). (GODET argumenta esta posição até em relação ao apo.).
v. 23 “recebi...entreguei” comp. 11:2 “tradições”
v. 24 “isto é o meu corpo” a fraze base p/ transubstanciação. Porém note que quando
Jesus falou a frase na primeira ceia, ela não podia ser compreendida de forma literal,
pois o corpo de Jesus não sofreu nenhuma alteração literal.
 Alega-se que a linha “consubstanciação” e “espiritual” sofrem de vestígios
católicos não purgados pela reforma protestante.
 veja Morris, 129. Corretamente rejeita a transubstanciação e
consubstanciação mostrando que o verbo “é” “pode indicar várias espécies
de identificação” (Morris, 128-129). Também ele rejeita o conceito
“zwingliano” porém não comenta mais. (veja Introdução; veja Apêndice:
“Ceia, Comunhão, Sacramento ou Eucaristia”)
v. 24 e 25 “em memória de mim”—A questão não é “Se é memorial?” mas “Se é
somente memorial?” As outras doutrinas da Ceia acrescentam valor mística ao
evento.
comp Jo 6 (esp. 41-71)
v. 24 “...meu corpo, que é dado por vós” veja Morris. A frase “que é dado” não é
original, porém é a idéia correta sendo inserida para tentar completar a sentença
gramaticamente (decisão legítima dos tradutores). Outros manuscritos inserem
“partido, quebrado” pelo mesmo motivo acima. Porém ROBERTSON esclarece
—“De fato o corpo de Cristo não foi quebrado (Jo 19:36). O pão foi quebrado, mas
não o corpo de Jesus” (ROBERTSON, IV:164).
v. 25 Nova Aliança
TMF. Natal, SIBB. Análise de 1 Coríntios: cap. 11, v. 2008.3 p. 10
veja Morris, 129
veja apêndice
v. 25 “todas as vezes”—tido por alguns grupos como “todas as vezes que reunirdes”
ou todas as vezes que tomardes uma refeição. Melhor compreender como trad. pela
ARA. Além disso, indica que o ritual não restrita a um dia por ano como feita na
Páscoa (GODET, II:159).
A sequência pão-vinho foi invertido no cap. 10 porque lá a ênfase era na assimilação
de fé—primeiramente perdão, simbolizado pelo vinho; segundamente a vida,
simbolizada pelo pão (GODET, II:160)

v. 26 “anunciais” O ritual é uma proclamação do evangelho, uma proclamação


simbólica, sem som; mensagem inauditivel.
Este vss. é um anúncio que visa aos homens, não a Deus. Também não um “ré-
sacrifício” de Cristo apresentado a Deus (contra a ICRomana, veja Morris, 130).

v. 26-32 As consequências práticas dos eventos descritos (GODET, II:161).


A Advertência (v. 27-32)
v. 27 cf. Ryrie, nota
GODET um pouco mais complexo, acha que inclue “sem memória agradecida
dos sofrimentos de Cristo, memória esta que implica necessariamente um
quebrantamento da vontade diante do pecado” (164).
v. 27 “réu do corpo e do sangue”—não apoia tran/consubstanciação pois o pecar
contra o símbolo consagrado é pecar contra o simbolizado. (ilustr.: tratamento com a
bandeira nacional, que em si é nada mais que tecido tinturado, porém como símbolo
da país passa a representar respeito ao país. É simplista achar que a bandeira
transforma em pedaço do país, ou que a pátria está “presente” no símbolo.)
v. 29 “discernir o corpo”
Provavelmente significa participação do crente em pecado traz juízo (não:
participação do incrédulo traz juízo sobre si)
v. 29 “o corpo” há que sugere que se refere à Igreja (cf. 12:13; Cl 1:18)
Morris diz mesmo sentido do vs. 27
BKN comentando os vss. 27-29 diz—
Provavelmente a aplicação que Paulo trazia era mais concreta... que consiste na
igreja sendo o corpo de Cristo (1 Cor. 12:12,27). Seu corpo, a igreja, também é
figurado pelo pão da ceia (5:7; 10:16-17). Portanto, pecar contra outro crente era
pecar contra Cristo (8:12). O ‘réu do corpo e sangue de Cristo’ era aquele que
desprezava o member mais pobre e desconsierava suas necessidades (11:21-22)”
(BKN, II:531-532).
Há uns contrastes do texto (BKN, II 532):
Se igreja “se examinasse” (dokimazeto—“examinar a fim de aprovar” v. 28) iria
descobrir que faltava a aprovação divina (dokimoi, v. 19) no seu comportamento.
“Deveriam procurar o irmão ofendido e pedir seu perdão.” “Somente por
reconhecer (diakrinon, “julgar corretamente”) a união do corpo do Senhor...
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poderiam evitar trazer “julgamento” (krima) sobre si.” ...A solução era um auto-
julgamento/exame (diekrinomen, v. 31; cf v. 28-29; 5:1-5; 10:12), auto-disciplina
(9:27) e promover união. A alternativa era Deus julgar (krinomenoi, v. 32),
disciplina esta já experimentada em Corinto.
v. 30 comp. 10:1-11. Aqui não explica a causa do toda doença, fraqueza e morte;
porém indica que seja uma disciplina divina. (obs. no sentido mais amplo, essas
cousas são resultado do pecado—de alguém...voltando até Adão).
v. 32 Não se trata de perca de salvação (cf. 5:5). Disciplina pertence a filhos;
condenação a incrédulos.

A Correção (11:33-34)
exercer auto-disciplina
v. 33 Esperai uns pelos outros
v. 34 Se não poder controlar a fome, coma em casa. Tome meios para evitar uma
situação incoveniente e assim destruir a comunhão.

Propósitos da Ceia do Senhor:


 Memorial do sacrifício de Jesus. Olhando para trás (1 Cor. 11:23-26.a)
A ceia “relembra sua vida (o pão), sua morte (o cálice), sua ressurreição e sua
presença viva (a própria celebração)” (RYRIE, T.B., 494).
 Proclamação do sacrifício de Jesus (no presente, externo—aos descrentes
presentes)
 Comunhão primeiramente com Cristo e segundo, com os outros beneficiados do
sacrifício de Jesus, a igreja. Olhando ao redor. (no presente, interno—com os
crentes presentes)
Comunhão com Cristo é possivel porque Ele ressuscitou e está glorificado.
(comp. Mt 28:20 “eis que estou convosco”; Apoc. 1:13, 20 “no meio dos
candeeiros”; 1 Cor 10:21)
 Examinação: Olhar para dentro; no presente, interno/pessoal—auto examine do
crente (1 Cor 11:27-28,31-32)
obs. Essa auto-avaliação tem finalidade de consertar o problema. Não é somente
uma procura na vida mas uma busca a corrigir. É irracional fazer revisão sem
expectativa de consertar. Abster da ceia repetidamente não é o conselho indicado
aqui, pelo contrário a idéia é de preparar para que possa tomar devidamente.
 Escatológico. Olhando para o futuro. (1 Cor 11:26.b“até que Ele venha…”)
A Ceia do Senhor é solene e sério. Discernir o corpo pode trazer tristeza mas
também deve incluir um tom de gratidão (Jesus agradeceu mesmo à beira do
sofrimento e morte) alegria e vitória. Jesus está vivo e voltará!

1.3.6 Aplicação
Na igreja local: Os irmãos nas igrejas devem resistir qualquer discriminação,
inclusive a socio-econômica. Aqui não se trata de um discurso socialista-capitalista

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mas de um comportamento uns com os outros sem respeito da situação geral do país
em que se acha. Se trata de como os irmãos se relatam na convivência cotidiana da
igreja local (cf. Tiago 2:1-13; comp. tb. vs. 15-17). Apesar que haja profundas
diferenças culturais, não devemos nos conformar às distinções.
Entre igrejas locais: Nossas igrejas devem procurar, se preocuparem e se esforçarem
a ter uma união não afetada pela média econômica da cada igreja. Apesar que o
poder requesitivo naturalmente produza uma sensação de autonomia/ poder em outras
áreas, assim ampliando as diferenças entre nós, podemos e devemos ter a capacidade
de ter comunhão em Cristo.
Na comunidade geral: O crente deve lembrar quem ele era: pecador caminhando ao
inferno transformado devido a graça de Deus. Portanto nunca deve se exaltar como
merecedor de mais honra. De igual modo, o crente deve lembrar quem ele é: filho de
Deus, salvo em Cristo Jesus, co-herdeiro com Cristo, portador de “todas as bençãos
celestiais em Cristo Jesus.” Portanto ele não deve definir seu tratamento com outros
conforme uma interpretação socio-econômica da pessoa. Não devemos ficar
cabisbaixo diante do rico nem desprezá-lo pela riqueza; nem devemos fazer o inverso
com o pobre ou mendigo. Devemos encarar o parecido rico e o parecido pobre da
mesmo forma—portadores da imagem de Deus necessitado da graça de Deus.
Compreensão da graça de Deus deve guiar a compreensão de si e dos outros.

1.3.7 Apêndice
Israel, A Igeja e a Nova Aliança
comp. Apostila SIBB “Velho Testamento II,” Jeremias.
Introdução
1 Cor 11:25 “Este é a nova aliança no meu sangue”

A Nova Aliança apresenta um dificuldade para o dispensacionalismo, provavelemente


sendo a maior do sistema. Isso se trata da questão—“Como está relacionado a Igreja
com a Nova Aliança?” A teologia do Pacto (das Alianças; ou enquadrado na linha
“da Reforma”) facilmente resolve isso afirmando que a Igreja substituiu Israel sendo
infiel (esta sendo esposa infiel) e portanto, a Igreja atualmente está sob a Nova
Aliança sendo que a Aliança é feita com a Igreja.
Por outro lado, o dispensacionalismo mantém uma forte distinção entre Israel e a
Igreja. Isso é baseado em uma interpretação consistente (hermenêutica normal).
Como previsto em Jer 31:31-34 (tb. Is 59:20-21; Jr 32:37-40; Ez 16:60-63; 37:21-28)
a Nova Aliança “será feita com toda a nação de Israel no futuro” (RYRIE, nota Jr
31:31-34). Não é possivel perverter tais afirmações com uma troca para “igreja.”
Portanto, historicamente os dispensacionalistas tiveram dificuldade compreender
exatamente como a Igreja enquadra nesta aliança claramente prevista para Israel.
Considerações
Hermenêutica: Interpretação normal de Jer. 31, et.al. O Antigo Testamento ensina
claramente que a Nova Aliança restaurará Israel.
A morte de Cristo claramente está relacionada à Nova Aliança.
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De alguma forma, o cálice que lembra o sangue de Cristo, “é a Nova Aliança.”
De alguma forma, uma parte da Nova Aliança já se fez (Atos 2:16-21 citando Joel
2:28-32).
De alguma forma, a Igreja está relacionada à Nova Aliança, porém
A Nova Aliança ainda não está em pleno vigor:
 quando ou onde foi ratificada com “a casa de Israel e com a casa de Judá” (Jr
31:31)
 estes ainda não são em prática povo conhecedor do seu Deus (Jr. 31:33-34)
 esta restauração ou salvação teria sido após Rom 11:26-27 (futuro do
indicativo)
Sugestões
1. Inadequados
 Houve dispensacionalistas que sugeriram duas “Novas Alianças”: uma para
Israel e outra para a Igreja. Isso trás um problema hermenêutico pois não há
indícios nas Escrituras que sugerem duas alianças pelo mesmo nome, além
da confusão óbvia que isto geraria. Hermeneuticamente é certo que Jesus
(Mt 26/ Marcos 14/ Lk 22) e Paulo (1 Cor 11) tinham em mente a Nova
Aliança descrita em Jer. 31.
 O pensamento da Teologia do Pacto afirma que Pedro (Atos 2) ré-
interpretou a profecia de Joel 2 para a Igreja, assim anulando qualquer
indício de cumprimento para Israel literal. Portanto, seguindo o exemplo
petrino (uma das interpretações da frase “o que ocorre é o que foi dito...,”
Atos 2:16) estamos no cumprimento da Nova Aliança. Afinal, “testamento”
significa “aliança” e estamos no “Novo Testamento.” Admite-se que esta
linha de pensamento é fácil de compreender e resolve a compreensão do
ensino neo-testamentário acerca da Nova Aliança. Por outro lado, abre para
um enorme equívoco hermenêutico.
 Pensamento dispensacionalista atual se divide entre o “Clássico” e o
“Progressivo.” O Progressivo tras muitas semelhanças à teologia do Pacto.
O Progressivo diz mais ou menos o seguinte—“A Nova Aliança se encontra
em uma fase ‘já era-ainda não.’” Desta feita a Nova Aliança já foi inagurada
porém ainda não se realizou/ consumada.
2. Melhores
 O Dispensacionalismo Clássico refinou o conceito de “duas alianças” para
“várias facetas” da aliança ou ainda “benefícios transbordantes” da Nova
Aliança. Conservam a idéia que a Nova Aliança é primariamente com Israel
porém nós, que compomos a Igreja (um corpos de judeus e gentios) como
convidados especiais do Messias, beneficiamos de aspectos da Nova
Aliança.

Conclusão
Na questão da Nova Aliança, o conhecimento atual não dá plena satisfação a todo o
ensino Bíblico. Os dois extremos—negar cumprimento literal a Israel ou imaginar
TMF. Natal, SIBB. Análise de 1 Coríntios: cap. 11, v. 2008.3 p. 14
duas Nova Alianças—leva a extremos Biblicamente insustentáveis. Prefer-se pensar
que o sangue de Cristo é a base de toda restauração, restauração esta tendo várias
facetas: com Israel, com os gentios, com a Igreja e com o universo natural (comp.
Rom 8:19). Perguntamos—“Quando houve a ratificação da Nova Aliança?” Em
nenhum lugar encontramos os discípulos, quanto menos a nação, entrar em outra
aliança com Deus. Portanto, sugere-se que a Nova Aliança será ratificada com Israel
por ocasião da Segunda Vinda de Cristo (a volta ao Monte das Oliveiras) apesar que a
morte do “testador” (Heb 9:15-16) ocorreu há quase dois milênios. Por outro lado, e
talvez melhor, é compreender uma fase inicial ou primordial no presente desfrutado
pelos gentios (comp. Rom 11:12). Observe o que diz RYRIE—“O sangue de Cristo é
a base da nova aliança (Mt 26:28); os seus ministros são os crentes em Cristo (2 Cor
3:6); ele terá ainda um aspecto de seu cumprimento em relação a Israel e Judá no
Milênio (conforme predito em Jr. 31:31-34)” (RYRIE, A Bíblia Anotada, nota Hb
8:6).
Outra questão lógico-hermenêutica é—“Será que semelhanças de
características provam identidade iqual?” Apesar que as bençãos espirituais atuais na
Igreja tenham semelhanças às previstas da Nova Aliança, isso não prova que estamos
na Nova Aliança, quanto menos explica as cláusulas claramente não existente (não
podemos “espiritualizar” as cláusulas que são inexistentes na autalidade). Logo, as
bençãos espirituais da Igreja não têm que serem identificados como a totalidade da
Nova Aliança. Nossas bençãos atuais são uma outra faceta de bençãos proveniente
do sangue de Cristo ou, possivelmente, são “pré-datadas” à Nova Aliança. “Embora
certos aspectos desta aliança foram cumpridos para os crentes na atual Dispensação
da Igreja... a aliança permanece ainda irrealizada para Israel de acordo com a
declaração explícita do v. 31”(SCOFIELD, rodapé Jer. 31:31).
Esta interpretação não está livre de problemas, portanto, preferimos conviver
com esta série de problemas do que as outras opções à mesa. É uma escolha entre os
sistemas teológicos menos vulneráveis.

Quanto aos Vocábulos: Ceia, Comunhão, Sacramento ou Eucaristia


Prefere-se usar os termos “ceia” ou “comunhão” (1 Cor. 10:16)
“ceia” lembra a refeição pascal
“comunhão” ressalta o simbolismo duplo: com Cristo e com os irmãos em Cristo.
O termo “sacramento” tem uma ampla história linguística porém na área teológica se
denomina um meio de graça, isto é um canal para transmitir graça. Por esse motivo
não se encontra no vocabulário batista por dois motivos:
1. a salvação não é concedida aos poucos (incrementada) mas vem em sua
totalidade a partir da fé;
2. a graça de Deus não é algo medida e acumulada.
Além destes, no contexto ICRomana é compreendido como um ré-oferta
sacrifical de Jesus.

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O termo “eucaristia” não é conveniente. Sua etimologia e uso primordial era correta
pois se deriva do grg. “ações de graça.” Porém na história eclesiástica assumiu
conotação sacramental proveniente da ICR.

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