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1.1 Introdução
Este capítulo tem vínculos temáticos tanto com os capítulos anteriores como
também com os posteriores.
- Liberdade Cristã em relação ao culto cristão (comp. cap. 8-10) (cf. BKN)
- Desordem no culto público (comp. cap. 12-14)
1. mulheres tomando mais liberdade do que deveriam ter
2. desordem na ceia do Senhor (11:17-34)
3. confusão nos dons espirituais (cap. 12-14)
Nos capítulos 12-14 (como nos anteriores) o apóstolo continua confrontar o
espírito auto-indulgente por parte dos coríntios enfatizando o princípio:
glorificação a Deus e edificação da igreja (BKN).
Paulo começou (11:2-16) e terminou (14:34-35) este trecho falando de liberdade
cristã no culto dirigindo se às mulheres.
Os capítulos 11-14 são unidos pois trata de assuntos no âmbito do culto público.
GODET afirma que Paulo entrou em novo assunto (saiu de liberdade cristã) e
agora trata de assuntos relacionado a culto público, primeiramente com algo mais
próximo ao assunto concluído, liberdade: o comportamento externo das mulheres
no culto cristão.
- Segue-se desordens que entraram na celebração da ceia
- depois, a administração dos dons espirituais (GODET, II:103-104).
1.1.2 Esboço
1.2.1 Introdução
Parece que este parágrafo se trata de mulheres “orando” e “profetizando”
Há um discurso acerca da aplicação generalizada deste parágrafo.
a. Há crentes na atualidade que afirmam ousadamente que a crente precisa usar
véu (obs. cobrir a cabeça com uma espécie de lenço; mas que não cobre o
rosto).
b. Outros crêem que era restrito ao contexto histórico.
TMF. Natal, SIBB. Análise de 1 Coríntios: cap. 11, v. 2008.3 p. 1
c. pelo menos deve ser observado o princípio: autoridade e submissão
devida.
1.2.3 Estrutura
Quiasmo em 1 Cor 11:2-16
(sugerido por WILLSEY lecionando “anthropology” NBS, 1995)
obs.: o elementos ora são contrastes, ora sinônimos. Precisa-se estudar mais
rigorosamente.
v. 2 “tradições”
v. 3 sequência de autoridade e consequentemente, ordem: Deus, Cristo, homen,
mulher
v. 5 sem véu é desonra... como rapada
v. 6 argumento do conhecimento/ prática geral
v. 7 o homem é imagem e glória de Deus; a mulher é glória do
homem
v. 8 a mulher (foi feita) do homem
v. 9 a mulher (criada) por causa do homem
{v. 10.a. por causa dos anjos}
v. 10 a mulher deve usar véu
{v. 10.b como sinal de autoridade}
TMF. Natal, SIBB. Análise de 1 Coríntios: cap. 11, v. 2008.3 p. 2
v. 11 interdependentes no Senhor
v. 12 o homem é nascido da mulher
v. 12.b. “tudo vem de Deus”
v. 13-14 pergunta retórica apelando ao conhecimento geral e “natureza”
v. 15 cabelo é para ela uma glória... em lugar de mantilha
v. 16 “se alguém quer ser contencioso”
v. 16 “tal costume”
1.2.4 Esboço
WIERSBE: Paulo instruiu restaurar ordem na igreja baseado em três princípios:
1. redenção (11:3-7)
2. criação (11:8-12)
3. natureza (11:13-15)
MacArthur
O Princípio Afirmado (11:2-3)
O Princípio Aplicado (11:4-6)
O Princípio Defendido (11:7-10)
O Princípio Harmonizado (11:11-12)
O Princípio Correspondido (11:13-16)
11:4 MORRIS afirma que a igreja cristã começou nova prática (122).
O judeu (homem) cobria a cabeça para orar
Os gregos, tanto os homens quanto as mulheres, oravam com a cabeça
descoberta
Conforme MORRIS, na igreja foi instituida nova prática—mulheres orar
com a cabeça coberta.
11:5 “toda mulher.. que ora, ou profetiza”
Aqui implica que a mulher orava ou profetizava no culto público?
não parece que há censura do fato
não indica se Paulo apoiou ou simplesmente reconheceu a existência da
prática
- comp. Ryrie, (nota 11:5), “não autorizadas por ele”
- obs. que em vários lugares Paulo cede/admite um certa prática sem
comentar na sua justificativa: e.g. 7:1.b; 8:4 (cf. comentaristas); 12:2-3.
- argumento de silêncio
Apesar que seja raro, se vêem profetizas na Bíblia (Lc 2:36 Ana; Atos 21:9
as filhas de Filipe).
À luz de 1 Cor 14:34-35 parece que não profetizavam de caráter oficial no
culto da igreja.
11:7 imagem de Deus (veja Gên 1:26). Omitir que a mulher é imagem de Deus neste
vs. não implica que ela não seja. Desde Gên 1 ensina que ambos são imagem de
Deus, pelo qual também são vice-regentes de toda criação—há conexão entre
“imagem de Deus” e “soberania.” Devido a polêmica e ênfase em 1 Cor 11, Paulo
faz distinção relativa entre o homem e a mulher (GODET, II:121)
11:10 “autoridade” exousia. Palavra de amplo aspecto. Sentido básico: “autoridade”
mas inclue também “direito, liberdade.”
também usada no discurso do cap. 9
TMF. Natal, SIBB. Análise de 1 Coríntios: cap. 11, v. 2008.3 p. 5
“Para uma mulher exercer sua liberdade de participar no culto sem cobertura
na cabeça, sendo símbolo da sua autoridade, ...desmentiria a sabedoria de
Deus (Ef 3:10)” (LOWERY em BKN).
BKN diz que “autoridade” é um termo libertador comp.:
- 1 Cor 7:37 “domínio sobre o seu próprio arbítrio” (RA)
- 8:9 “que esta vossa liberdade não venha...” (RA)
- 9:4-6 “o direito de comer... também o [direito] de fazer-nos acompanhar;
não temos direito de...” (RA)
- 9:12, 18 “direito” (RA)
Morris diz, “O sentido dado por Paulo, então, é que, ao cobrir a sua cabeça, a
mulher assegura o seu próprio lugar de dignidade e autoridade. Ao mesmo
tempo, ela reconhece a sua subordinação” (MORRIS, 124).
VANGORDER sugere a resposta paulina à afirmação libertadora das irmãs
coríntias, “É verdade que tudo é lícito, porém tú estás em Corinto, e aparecer
sem véu seria desonroso ao teu marido” (VANGORDER, 99).
“Tudo que viola a ordem divina é desonroso. O Senhor revestiu a mulher
com glória e esplendor no seu lugar divinamente ordenado. E ela é a glória
do homem. Para ele desatender, negar ou desprezar esta autoridade e ordem
divina faz com que ela desonra a si mesmo, seu marido e seu Senhor. Violar
esta ordem sempre tras caos no lar, na igreja e na criação” (VANGORDER,
99).
Sra. Autoridade é esposa de Sr. Organização cujo sobrenome é Harmonia.
Suas filhas são Alegria, Beleza, Paz, Comunhão; e sobrinhas Coragem,
Honra, Firmeza e Certeza. A escrava Dona Libertina Moderna despreza esta
família sem “profissão.”
v 10 “anjos” LOWERY(em BKN) afirma que se trata de anjos bons que assistam o
culto.
(1 Cor 4:9; Ef 3:10; 1 Tim 5:21; cf Sl 103:20-21)
ele rejeita outras explicações inadequadas:
demônios (anjos ímpios) cobiçavam as mulheres
anjo, i.e. mensageiros—os pastores
anjos bons aprendem das mulheres
anjos bons são exemplos de subordinação
anjos bons seria tentados pela insubordinação da mulheres.
11:11-12 Trazm glória a Deus, o homem e a mulher juntos em interdependência
mútua e complementando um ao outro (BKN). Não devem ser independentes nem se
achar superior ao outro. Subordinação não é sinônimo de inferioridade (veja vs. 3)
Conclusão (11:13-16)
Apelo ao conhecimento interno geral (comp. 10:13)
v. 15 A trad. desta preposição tras implicações exegéticas. Grg. anti (“anti”) (BKN).
a. Seu sentido costumeiro: “ao invés de; no lugar de”
1.2.6 Aplicação
O Uso do Véu na atualidade
Há divergência no mundo cristão atual acerca de uso do véu... ou xale... ou
chapéu. Alguns acham que devemos continuar o uso de alguma cobertura, outros
ficam no princípio fundamental do texto, i.e. subordinação.
De qualquer forma o cabelo e vestimento das crentes devem testificar do seu
caráter moral, sua voluntária submissão ao marido e sua devoção a Cristo”
(VANGORDER, 100).
veja 1 Tim 2:9-10
o uso do véu ou não, o que importa é manter a própria ordem divinamente
instituida.
Paulo não era anti-feminista, pelo contrário, ele defende o lugar próprio da
mulher. Cristo e o Seu evangelho realmente elevam a feminilidade.
1.3.1 Introdução
Este é o principal ensino acerca da Ceia do Senhor. Os outros trechos são a descrição
da primeira ceia nos evangelhos. Há ref. também em 1 Cor 10:16-17.
Subentende-se que o aluno já está ciente da várias correntes teológicas acerca da Ceia
do Senhor: transubstanciação, consubstanciação, espiritual, memorial. Segue um
resumo:
a. transubstanciação (IC Romana): os elementos transformam-se literalmente
no corpo e sangue de Cristo
b. consubstanciação (Luterana): “o verdadeiro corpo e sangue de Cristo estão
presentes misturados aos elementos” (conforme RYRIE)
c. espiritual (Calvino): os elementos são símbolos, mas “tomá-los significa
participar de Cristo em sua presença redentora” (conforme RYRIE).
um expressão, primeiramente da dádiva divina ao homem, e
somente secundariamente uma refeição comemorativa e ato de
Deve-se lembrar que na igreja primitiva havia duas partes da ceia (como na Páscoa e
a última ceia com o Senhor):
1. Havia uma refeição comunitária
denominado o “agapê” grg. “amor”
veja 1 Cor 11:17-22; 33-34; cf Judas 12
por isso se chama a “ceia”
comp. Mt 26:17-25/ Marcos 14:17-21. Este evento fazia parte da
Páscoa, um memorial da primeira Páscoa, o cordeiro no lugar do
primogênito, o livramento da escravidão ao Egito.
2. Após a refeição, participavam do ritual com pão e vinho
chamado a “eucaristia” grg. “ações de graça” (lembramos que Jesus
“deu graças”)
veja 1 Cor 11:23-27
comp. Mt 26:26-30/ Marcos 14:22-26/ Lc 22:19-20. Este evento foi
instituído por Jesus na última páscoa. Portanto a Ceia do Senhor, isto é
o pão e o cálice, é um memorial da última páscoa, o Cordeiro de Deus, o
livramento da escravidão ao pecado
1.3.3 Estrutura
O texto facilmente é divido nos vss. 17, 23
1.3.4 Esboço
O Problema/ Repreensão (v. 17-22)
A Prescrição (v. 23-32)
A Correção/ Instrução (v. 33-34)
1.3.5 Mensagem
O Problema (11:17-22)
Apesar que não seja especificado, o problema era a soberba (WIERSBE, 117).
v. 17 “não vos louvo” comp. 11:2, 22
v. 18 “divisões” (veja v. 19)—como é esperado, problemas/ pecados não são isolados
mas fazem parte de uma teia. Como na igreja de Corinto, divisões tratava de um
excesso de soberba e uma falta de amor. Um mal hábito (“pecadinho”)
complexamente interliga com uma série de doutrinas/pensamentos incorretos. Em
TMF. Natal, SIBB. Análise de 1 Coríntios: cap. 11, v. 2008.3 p. 9
Corinto a soberba e falta de amor podem ser identificados com a raiz de todos os
problemas abordados no livro.
v. 19 adversidade elimina o mercenário
v. 19 “partidos” nota-se que “partidos” não são necessariamente organizações
políticos dentro da igreja. Se trata de toda espécie de fenda na união (v. 18
“divisões”).
v. 20 “não é a ceia do Senhor” Observe que a ceia tem uma função individual de
acordo com o coração do participante. Não há valor místico no ato em si.
Jesus tomou elementos comuns nas refeições da época e transformou-los em
símbolos espirituais para o crente. O valor do simbolismo e a experiência na
participação dependia do coração do participante. Eis o problema em
Corinto (WIERSBE, 119).
Porém, uma atitude errada traz juízo (vs. 29)
A ceia lembrava o completo auto-sacrifício de Jesus, porém os coríntios
tornara-na em ato auto-centralizada e soberba.
A Prescrição (11:23-32)
A Instituição (v. 23-26)
v. 23 “eu recebi” O sentido normal é que Paulo, apesar de não fazer parte dos doze
presente com Jesus na última ceia, recebeu por direta revelação do Senhor Jesus
(GODET, II: 148). (GODET argumenta esta posição até em relação ao apo.).
v. 23 “recebi...entreguei” comp. 11:2 “tradições”
v. 24 “isto é o meu corpo” a fraze base p/ transubstanciação. Porém note que quando
Jesus falou a frase na primeira ceia, ela não podia ser compreendida de forma literal,
pois o corpo de Jesus não sofreu nenhuma alteração literal.
Alega-se que a linha “consubstanciação” e “espiritual” sofrem de vestígios
católicos não purgados pela reforma protestante.
veja Morris, 129. Corretamente rejeita a transubstanciação e
consubstanciação mostrando que o verbo “é” “pode indicar várias espécies
de identificação” (Morris, 128-129). Também ele rejeita o conceito
“zwingliano” porém não comenta mais. (veja Introdução; veja Apêndice:
“Ceia, Comunhão, Sacramento ou Eucaristia”)
v. 24 e 25 “em memória de mim”—A questão não é “Se é memorial?” mas “Se é
somente memorial?” As outras doutrinas da Ceia acrescentam valor mística ao
evento.
comp Jo 6 (esp. 41-71)
v. 24 “...meu corpo, que é dado por vós” veja Morris. A frase “que é dado” não é
original, porém é a idéia correta sendo inserida para tentar completar a sentença
gramaticamente (decisão legítima dos tradutores). Outros manuscritos inserem
“partido, quebrado” pelo mesmo motivo acima. Porém ROBERTSON esclarece
—“De fato o corpo de Cristo não foi quebrado (Jo 19:36). O pão foi quebrado, mas
não o corpo de Jesus” (ROBERTSON, IV:164).
v. 25 Nova Aliança
TMF. Natal, SIBB. Análise de 1 Coríntios: cap. 11, v. 2008.3 p. 10
veja Morris, 129
veja apêndice
v. 25 “todas as vezes”—tido por alguns grupos como “todas as vezes que reunirdes”
ou todas as vezes que tomardes uma refeição. Melhor compreender como trad. pela
ARA. Além disso, indica que o ritual não restrita a um dia por ano como feita na
Páscoa (GODET, II:159).
A sequência pão-vinho foi invertido no cap. 10 porque lá a ênfase era na assimilação
de fé—primeiramente perdão, simbolizado pelo vinho; segundamente a vida,
simbolizada pelo pão (GODET, II:160)
A Correção (11:33-34)
exercer auto-disciplina
v. 33 Esperai uns pelos outros
v. 34 Se não poder controlar a fome, coma em casa. Tome meios para evitar uma
situação incoveniente e assim destruir a comunhão.
1.3.6 Aplicação
Na igreja local: Os irmãos nas igrejas devem resistir qualquer discriminação,
inclusive a socio-econômica. Aqui não se trata de um discurso socialista-capitalista
1.3.7 Apêndice
Israel, A Igeja e a Nova Aliança
comp. Apostila SIBB “Velho Testamento II,” Jeremias.
Introdução
1 Cor 11:25 “Este é a nova aliança no meu sangue”
Conclusão
Na questão da Nova Aliança, o conhecimento atual não dá plena satisfação a todo o
ensino Bíblico. Os dois extremos—negar cumprimento literal a Israel ou imaginar
TMF. Natal, SIBB. Análise de 1 Coríntios: cap. 11, v. 2008.3 p. 14
duas Nova Alianças—leva a extremos Biblicamente insustentáveis. Prefer-se pensar
que o sangue de Cristo é a base de toda restauração, restauração esta tendo várias
facetas: com Israel, com os gentios, com a Igreja e com o universo natural (comp.
Rom 8:19). Perguntamos—“Quando houve a ratificação da Nova Aliança?” Em
nenhum lugar encontramos os discípulos, quanto menos a nação, entrar em outra
aliança com Deus. Portanto, sugere-se que a Nova Aliança será ratificada com Israel
por ocasião da Segunda Vinda de Cristo (a volta ao Monte das Oliveiras) apesar que a
morte do “testador” (Heb 9:15-16) ocorreu há quase dois milênios. Por outro lado, e
talvez melhor, é compreender uma fase inicial ou primordial no presente desfrutado
pelos gentios (comp. Rom 11:12). Observe o que diz RYRIE—“O sangue de Cristo é
a base da nova aliança (Mt 26:28); os seus ministros são os crentes em Cristo (2 Cor
3:6); ele terá ainda um aspecto de seu cumprimento em relação a Israel e Judá no
Milênio (conforme predito em Jr. 31:31-34)” (RYRIE, A Bíblia Anotada, nota Hb
8:6).
Outra questão lógico-hermenêutica é—“Será que semelhanças de
características provam identidade iqual?” Apesar que as bençãos espirituais atuais na
Igreja tenham semelhanças às previstas da Nova Aliança, isso não prova que estamos
na Nova Aliança, quanto menos explica as cláusulas claramente não existente (não
podemos “espiritualizar” as cláusulas que são inexistentes na autalidade). Logo, as
bençãos espirituais da Igreja não têm que serem identificados como a totalidade da
Nova Aliança. Nossas bençãos atuais são uma outra faceta de bençãos proveniente
do sangue de Cristo ou, possivelmente, são “pré-datadas” à Nova Aliança. “Embora
certos aspectos desta aliança foram cumpridos para os crentes na atual Dispensação
da Igreja... a aliança permanece ainda irrealizada para Israel de acordo com a
declaração explícita do v. 31”(SCOFIELD, rodapé Jer. 31:31).
Esta interpretação não está livre de problemas, portanto, preferimos conviver
com esta série de problemas do que as outras opções à mesa. É uma escolha entre os
sistemas teológicos menos vulneráveis.