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O Culto Espiritual

Panorama de 1Coríntios 11—14

Augustus Nicodemus Lopes


O que é 1Coríntios
Autoria
 O apóstolo Paulo, 1.1
 A autoria de 1 Coríntios é uma das que tem sido menos
disputada, dentro do Corpus Paulinus.
 O uso de um amanuense, 16.21.
Data e Local
 Durante sua terceira viagem missionária.
 Ao fim de seus três anos de residência em Éfeso — 16.5-
9; At 19.10; 20.31.
 Data aproximada: 55 d.C.
O que é 1Coríntios
Ocasião e propósito
Paulo recebeu informações de diversas fontes
sobre problemas que estavam acontecendo na
Igreja de Corinto.
• Membros da casa de Cloé (1.11; cf. 11.18).
• Uma comissão que lhe trouxe uma oferta e
provavelmente uma carta da Igreja, 16.17.
• Outras fontes.
O que é 1Coríntios
Os Problemas da Igreja de Corinto
 Divisões (1—4)
 Frouxidão na disciplina da Igreja (5—6).
 Questões sobre o casamento (7).
 Divisão sobre liberdade cristã (8—10).
 Irregularidades no culto:
– Uso do véu (11:4-16)
– Ceia do Senhor (11:17-21)
– Mau uso dos dons espirituais (12—14)
 Heresia sobre a ressurreição (15).
O que é 1Coríntios
O Propósito de Paulo ao Escrever
1. Restaurar a unidade da Igreja,
2. Responder às questões práticas,
3. Corrigir as várias irregularidades em termos de
pensamento e conduta.
Tema da Carta
 Não há um tema um tema que unifique a carta
toda. Paulo responde a várias questões diferentes,
e aborda assuntos também diversos.
 Nosso alvo: problemas no culto (11—14)
Os Espirituais de Corinto
 Evidências de sua existência
– 3.1 – “Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a
espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em
Cristo”.
– 12.1 – “A respeito dos [dons] espirituais, não quero,
irmãos, que sejais ignorantes”.
– 14.37 – “alguém se considera profeta ou espiritual,
reconheça ser mandamento do Senhor o que vos
escrevo”.
 Quem eram?
– O partido de Cristo? 1.12: “Refiro-me ao fato de cada
um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e
eu, de Cefas, e eu, de Cristo.
Os Espirituais de Corinto
 Relação com falar em línguas e profetizar
 Outras características:
– Opositores de Paulo
– Falavam línguas de anjos: “Ainda que eu fale as
línguas dos homens e dos anjos… (13.1).
– Já reinavam sem Paulo: “Já estais fartos, já estais
ricos; chegastes a reinar sem nós…” (4.8).
– Julgavam o seu ministério: “A minha defesa perante
os que me interpelam é esta” (9.3).
– Relação entre espiritualidade e dons espetaculares
Os Espirituais de Corinto
 Influência nos Problemas do Culto
– Mulheres espirituais desejava participar do culto nas
mesmas condições e igualdade que os homens –
abaixo o véu.
– Já que a espiritualidade se mede pelas manifestações
carismáticas, Deus está conosco na Ceia.
– As manifestações carismáticas – especialmente
línguas – têm prioridade no culto.
– A espiritualidade no culto está relacionada com a
manifestação das línguas e outros dons.
O Uso do Véu no Culto
O Uso do Véu – 11.3-16
 Qual era o problema
– “Toda mulher, porém, que ora ou profetiza com a
cabeça sem véu desonra a sua própria cabeça,
porque é como se a tivesse rapada” (11.5).
– “Julgai entre vós mesmos: é próprio que a mulher
ore a Deus sem trazer o véu?” (11.13)
 A causa do problema
– Talvez movimentos feministas no mundo romano.
– Mais provável: implicações falsas de receberem dons
espirituais como os homens.
O Uso do Véu – 11.3-16
 No antigo Oriente Médio, o véu fazia parte do
vestuário das mulheres honradas. Era símbolo da
submissão feminina.
– Fazia parte do vestuário da mulher israelita: “Naquele
“ dia, tirará o
Senhor o enfeite dos anéis dos tornozelos, e as toucas, e os
ornamentos em forma de meia-lua; os pendentes, e os braceletes,
e os véus esvoaçantes; ... e os véus grandes” (Is 3.18-23).
– Era sinal de submissão em relação aos homens: “ [Rebeca]
perguntou ao servo: Quem é aquele homem que vem pelo campo
ao nosso encontro? É o meu senhor, respondeu. Então, tomou
ela o véu e se cobriu” (Gn 24.65).
– Ficar sem véu era vergonha: “Desce
“ e assenta-te no pó, ó virgem
filha de Babilônia; assenta-te no chão, pois já não há trono, ó
filha dos caldeus, porque nunca mais te chamarás a mimosa e
delicada. Toma a mó e mói a farinha; tira o teu véu, ergue a
cauda da tua vestidura…” (Is 47.1-3).
O Uso do Véu – 11.3-16
 Em proporções semelhantes, o uso do véu por mulheres
honradas era costume nas cidades gregas, onde Paulo
fundou igrejas.
Na sociedade de Corinto, era um sinal de autoridade sobre a
mulher o homem orar ou profetizar com a cabeça descoberta; a
mulher, por sua vez, deveria cobrir a cabeça nestas atividades.
Conseqüentemente, era uma vergonha para o homem cobrir a
cabeça, pois sugeria uma reversão da relação apropriada. (John
MacArthur)
 Ao cobrir a cabeça durante o ato de orar e profetizar, a
mulher cristã estava demonstrando que estava debaixo
da liderança eclesiástica masculina.
O Uso do Véu – 11.3-16
 Princípios de Paulo Deus
– O princípio teológico, 11.3-7.
 A escada hierárquica que
começa na Trindade: “Quero,
entretanto, que saibais ser
Cristo
Cristo o cabeça de todo
homem, e o homem, o
cabeça da mulher, e Deus, o
cabeça de Cristo” (11.3). Homem
 Diferença de funções mas
igualdade do ser
Mulher
O Uso do Véu – 11.3-16
– O princípio escriturístico (11.8-10) referindo-se
ao relato da criação do homem e da mulher.
 A procedência na criação: “O homem não foi feito
da mulher, e sim a mulher, do homem”.
 O propósito da criação: “O homem não foi criado
por causa da mulher, e sim a mulher, por causa do
homem.”
 Conclusão: “Portanto, deve a mulher, por causa
dos anjos, trazer véu na cabeça, como sinal de
autoridade”.
– Ressalva: 11.11-12.
O Uso do Véu – 11.3-16
– O princípio da natureza, 11.13-15.
“Julgai entre vós mesmos: é próprio que a mulher ore a Deus
sem trazer o véu? Ou não vos ensina a própria natureza
ser desonroso para o homem usar cabelo comprido? E que,
tratando-se da mulher, é para ela uma glória? Pois o cabelo
lhe foi dado em lugar de mantilha”.
 O que é “a natureza”? Provavelmente: senso natural de
propriedade, aliada ao costume e à diferenciação entre os
dois gêneros
– O princípio do consenso, 11.16.
“Se alguém quer ser contencioso, saiba que nós não temos tal
costume, nem as igrejas de Deus.”
O Uso do Véu – 11.3-16
 O que a Mulher Cristã Devia Fazer:
– Pode profetizar e orar, mas usando o véu:
“Portanto, deve a mulher, por causa dos
anjos, trazer véu na cabeça, como sinal de
autoridade” (11.10).
 Implicações para Nós
– O direito da mulher participar do culto
– Ela participa debaixo de autoridade – não
exercendo
– Os argumentos são teológicos – não culturais
A Ceia do Senhor
A Ceia do Senhor – 11.17-34
 O Problema
– A festa do ágape
“Estes homens são como rochas submersas, em
vossas festas de fraternidade, banqueteando-se
juntos sem qualquer recato…” (Judas 12).
– Havia contendas e conflitos internos,
11.17-19
– Embriagados e glutões, 11.20-22.
A Ceia do Senhor – 11.17-34
 O Princípio: Cristo é o centro da Ceia
– Os elementos apontam para ele, 11.23-25.
 “...fazei isto em memória de mim”
 O pão: “... Isto é o meu corpo”
 O vinho: “... É a nova aliança no meu sangue”
– A celebração fala de sua vinda, 11.16.
 “...anunciais a morte do Senhor até que ele venha”
– Os indignos são réus do corpo de Cristo, 11.17
 “... Será réu do corpo e do sangue do Senhor”
A Ceia do Senhor – 11.17-34
 Aplicações Práticas
– Auto-exame, 11.28-32.
 Não para abster-se, mas para participar da
forma correta.
 A causa: comer e beber juízo
 Deus já estava julgando a igreja
 O auto-exame evitaria o juízo de Deus.
– Esperar uns pelos outros, 11.33.
– Matar a fome em casa, 11.34.
]

O Uso dos Dons Espirituais no Culto


Dons no Culto – 12.1-31
O Problema
– Paulo tinha recebido uma carta dos coríntios
contendo diversas perguntas sobre o culto
 “A respeito”, 12.1 com 7.1,25; 8.1; 16.1
– Estas perguntas tinham a ver com o uso dos dons no
culto e os “espirituais”
– Paulo também havia tomado conhecimento de vários
problemas ocorrendo no culto
 Ênfase nos dons espetaculares
 Falta de ordem e interpretação no culto (línguas)
 Profetas falando sem controle
 Ao final, não havia edificação no culto.
Dons no Culto – 12.1-31
Os Princípios empregados por Paulo

 O Espírito glorifica a Cristo através dos dons, 12.1-3.


– A questão era: como reconhecer um “espiritual”?
– Causa da pergunta: “espirituais” dizendo bobagens.
– O princípio: O Espírito sempre exalta a Cristo
 A unidade dos dons: oriundos do Deus Triúno, 12.4-6.
– Paulo deseja corrigir as disputas em torno dos dons
– Os dons são diversos (dons, serviços e realizações)
– Contudo, procedem do Deus Triúno (Espírito, Senhor e Deus)
– Aquilo que devia nos unir é exatamente aquilo que mais nos
separa!
Dons no Culto – 12.1-31
 O propósito dos dons: servir aos outros , 12.7-10.
– Eles foram dados “... Visando um fim proveitoso”, v.7
– Observações sobre esta primeira lista de dons:
 A lista reflete a situação de Corinto
 Cada dons listado é dado para a edificação dos outros
 Cada um recebe diferentes dons “... a um ... a outro...”
 O mesmo Espírito concede estes dons “... mesmo Espírito”
– O ponto: corrigir o uso egoísta dos dons.
 A soberania de Deus em distribuir os dons, 12.11
– Ele é o que com concede os dons espirituais
– Ele faz isto “como lhe apraz”
– Ele os distribui individualmente.
– Paulo deseja corrigir a busca frenética pelos dons considerados
mais espirituais.
Dons no Culto – 12.1-31
 O Espírito, pelos dons, promove a unidade da Igreja,
12.12-13.
– A analogia do corpo, 12.12
– O batismo com o Espírito, 12.13
 Todos os crentes verdadeiros já foram batizados com o
Espírito: “...em um só Espírito, todos nós fomos batizados”
 Todos “beberam” deste Espírito
 Isto ocorreu quando foram incluídos no corpo de Cristo
 Precisamos dos dons dos outros, 12.14-26.
– Nesta seção, Paulo enfatiza estes pontos:
 Todos somos necessários ao corpo de Cristo
 A variedade e a unidade no corpo de Cristo
Dons no Culto – 12.1-31
 A Igreja deve procurar os dons mais
importantes, 12.27-31ª
– Observações sobre a segunda lista de dons:
 Reflete a Igreja como corpo de Cristo (não igreja local).
 Os dons são colocados em ordem de importância
 Mostra que ninguém tem todos os dons.
– “Procurai com zelo os melhores dons”, 12.31a.
 Ordem ou ironia?
 Os “melhores dons” são os primeiros da lista, que são os
dons da Palavra, em contraste com o último, línguas.
 Há um caminho mais excelente, 12.31b.
O Amor como Caminho
Mais Excelente
O Amor – 13.1-13
 A Raiz dos Problemas no Culto em Corinto
– Conceito errado de espiritualidade
 Ser espiritual estava associado às manifestações carismáticas
 Isto explica porque a igreja, mesmo cheia de problemas
morais e doutrinários, se considerava espiritual.
 Perda do foco no que é principal
 O Princípio: O Amor é o Caminho mais Excelente
– O amor é maior que os dons, 13.1-3.
 Línguas, 13.1
 Profecia, conhecimento e fé milagrosa, 13.2
 Contribuição e martírio, 13.3
O Amor – 13.1-13
– O amor resolve todos os problemas, 13.4-7
 O que o amor é, 13.4ª
 O que o amor não faz, 13.4b—6a
 O que o amor faz, 13.6b-7
– O amor jamais acaba, 13.8-13
 Dons vão acabar quando vier o perfeito, 13.8-10
– O fechamento do cânon?
– A maturidade em amor?
– A vinda de Cristo
 Duas ilustrações, 13.11-12
– De menino a homem
– O espelho e a realidade
 O amor permanece para sempre, 13.13
Línguas e Profecia
Línguas e Profecia – 14.1-25
 O tema deste capítulo
– Aqui Paulo retoma 12.31ª.
 “...Procurai com zelo os melhores dons”, 12.31a
 “ ...Procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente
que profetizeis”, 14.1
– Se a igreja quer dons espirituais, que busque os
melhores, ou seja, os dons da Palavra.
– Para a edificação da igreja, o melhor é a profecia –
não, línguas.
– Paulo desenvolve vários princípios para firmar este
ponto.
Línguas e Profecia – 14.1-25
1) No culto temos que dar prioridade ao que
edifica a Igreja, 14.1-5.
 O conceito de “edificação”
– Conhecimento e aceitação da verdade
– Passa necessariamente pelo entendimento
 O que são “[outras] línguas”?
– Idiomas estrangeiros e não glossolalia
– Voltadas para Deus e não para o homem
 O que Paulo entende por profecia
– Ela edifica, exorta e consola (ver Atos 15.32).
– Pregação ex tempore movida pelo Espírito Santo nas
reuniões
 Por que profecia é superior às línguas
Línguas e Profecia – 14.1-25
2) Para que sejam aproveitados, os
dons têm que ser inteligíveis, 14.6-
12ª.
 Paulo se inclui nesta regra “se eu for
ter convosco”... 14.6
 A orquestra desafinada, 14.7
 O trombeteiro confuso, 14.8-9
 Os dois estrangeiros, 14.10-12ª.
Línguas e Profecia – 14.1-25
3) A espiritualidade não é contrária ao
entendimento, 14.12b-17
 Progredir: procurar interpretar as
línguas, 14.12
 Não há edificação sem
entendimento
 O interesse na edificação do outro
Línguas e Profecia – 14.1-25
4) A prioridade do inteligível, 14.18-19
 A opção do apóstolo inspirado
5) As línguas são sinal para os
incrédulos, 14.20-22
 A maldição do pacto, Deut 28.49
 Confirmado por Isaías (28.11-12)
 Sinal da ira de Deus
Línguas e Profecia – 14.1-25
6) É válido não parecermos loucos,
14.23-25
 Caso imaginário: incrédulo entrando em
culto em que todos estão falando línguas.
 As línguas não interpretadas não mostram
que Deus está no meio da Igreja, mas
sim, o profetizar.
 O efeito da profecia no coração do
incrédulo
Regras para o Culto – 14.26-40
 Regra geral: fazer tudo para a
edificação, 14.26.
1) Quanto às línguas, 14.27-28
– Quando houver, 14.27
– Quando não houver intérprete,
14.28
Regras para o Culto – 14.26-40
2) Quanto aos profetas, 14.29-33ª.
– O número deles
– A necessidade de julgamento
– O critério: impulso divino
– Todos podem profetizar
– O auto-domínio do profeta
Regras para o Culto – 14.26-40
3) Quanto às mulheres, 14.33b-35
– O que significa a ordem de silêncio?
 Proibição absoluta?
 Não falar em línguas?
 Não tagarelar?
 Não participar do julgamento dos profetas.
– Harmoniza com 11.5
– Explica 14.35
Regras para o Culto – 14.26-40

4) Quanto à acatar a palavra de


Paulo, 14.36-38
5) Não procure, não proiba, 14.39
6) Princípio geral: ordem e
decência, 14.40

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