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Os desafios para a evangelização dos ribeirinhos na Amazônia

Aliança Evangélica Pró-Ribeirinhos – AEPR

O trabalho missionário entre os povos ribeirinhos da Amazônia completou mais de um século.


Entretanto, este segmento ainda consta na lista dos grupos menos evangelizados do Brasil. O
isolamento geográfico e a falta de natural exposição ao evangelho pautam as principais
dificuldades para alcançar e discipular essas populações. Estatísticas do IBGE e de outras
pesquisas estimam a existência de até 35 mil comunidades ribeirinhas e cerca de três milhões
de pessoas vivendo no interior da selva amazônica, longe das sedes de municípios e isolados
por algum grau de dificuldade de acesso. Desse total de pessoas, cerca de um milhão não tem
ninguém próximo que lhes poderia apresentar o evangelho.

Há décadas, mais de setenta denominações e organizações missionárias vem atuando, em


algum grau, entre os povos amazônicos. Diversas estratégias e métodos para evangelização e
plantação de igrejas vem sendo praticadas. Algumas delas mostrando-se bastante efetivas, já
outras não conseguiram estabelecer igrejas locais com capacidade de multiplicação.

O chamado missionário do Senhor para sua igreja compreende a evangelização e o discipulado


– o que só é possível por meio de um relacionamento significativo. Mas como discipular os
ribeirinhos mais isolados, uma vez que o acesso a eles é difícil e as oportunidades “naturais”
para estabelecer vínculos são raríssimas?

Desafios

Este é o maior desafio para as iniciativas evangelizadoras na Amazônica nos dias de hoje. O
custo pessoal e financeiro para se manter o contato regular com estas comunidades é
altíssimo. Viagens por vias fluviais podem durar vários dias, por via aérea custam milhares de
reais e são impossíveis por via terrestre. Deslocar a família para morar em meio às
comunidades, abdicando das facilidades da vida na cidade, impõe um custo pessoal e familiar
enorme – principalmente quando os filhos entram na adolescência e precisam dar
continuidade aos estudos.

Além disso, as igrejas locais pelo interior são pequenas, muitas delas com lideranças leigas e
com sérias limitações econômicas para custear as viagens necessárias até as comunidades não
alcançadas.
Percebemos que ainda há uma grande concentração de igrejas, projetos e organizações
missionárias em Manaus, capital do Amazonas, ou nas proximidades das áreas urbanas da
região, consequentemente, negligenciando os territórios mais carentes do evangelho. Este
fenômeno deve-se, primariamente, a questões de logística, suprimentos e serviços, mas
também por falta de estratégias que considerem essas limitações, a ponto de deslocar o
potencial já existente para locais mais necessitados.

Na hipótese de se conseguir superar todas as barreiras de transporte, estratégia, recursos e


pessoas, ainda há de se enfrentar as restrições de acesso adequado às aldeias e comunidades
– limitação que o poder público não cessa de impor. Essas restrições prejudicam ainda mais
comunidades carentes dos serviços públicos de saúde e educação, contribuindo para o alto
índice de analfabetismo. A dificuldade na leitura também implica no discipulado, já que se
espera que o discipulando tenha livre acesso ao conteúdo das Escritura Sagradas.

A Aliança Evangélica Pró Ribeirinhos (AEPR) tem procurado trazer luz sobre estes desafios e
proporcionar um ambiente de diálogo e compartilhamento de informações, experiências,
recursos e estratégias para alcançar os mais isolados. Fundada em 2013, por um grupo de mais
de 20 igrejas e organizações baseadas no Amazonas, a AEPR promove encontros, eventos e
apoio para que as organizações e pessoas aliançadas ampliem suas visões e iniciativas para
essas áreas isoladas. Já realizou 10 encontros em 6 anos, sendo 8 fóruns e 2 congressos
mobilizadores, todos em Manaus. No interior do estado, já mobilizou diversos outros
encontros no esforço de descentralizar as ações da capital.

A partir das experiências junto às organizações aliançadas, a AEPR identifica como as principais
necessidades para o avanço do evangelho na região o preparo de líderes, a capacitação de
igrejas multiplicadoras, o treinamento bíblico e teológico adequados à realidade, o
desenvolvimento de programas sustentáveis de evangelização e discipulado em áreas remotas,
e a disponibilização de meios, recursos e estratégias missionárias relevantes e efetivas
localmente e a novas iniciativas. Além disso, outros desafios também se impõem, tais como o
fortalecimento dos que já estão no campo missionário e precisam de cuidados e renovo, a
criação de um banco de dados unificado com informações de pesquisas para planejamento
estratégico dos programas missionários, e a ampla divulgação das demandas de missões
amazônicas, de modo a se mobilizar a igreja brasileira a investir mais na região.

Existe a tendência de priorizar as tarefas mais fáceis, ou as que geram resultados mais
rapidamente, mas sabemos que as soluções para os desafios da evangelização da Amazônia
exigem outros caminhos. É preciso intencionalidade, definição de propósito, planejamento
coletivo e disposição para altos investimentos em nome do Reino de Deus, para se alcançar as
áreas mais remotas da Amazônia. A obra missionária é muito maior do que qualquer
organização missionária ou denominação religiosa. Por isso, é fundamental construir parcerias
estratégicas para alcançar os isolados.

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