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sr
Adoro a
Sabedoria
de Deus
Itinerário de Jolin Weslevj,
o Cavaleiro do Senhor
BSllll
Editeo
Adoro a Sabedoria de Deus
Copyright © 2002, Unirnep, Copyright © 2011 [2a impressão), Editeo - Faculdade de Teologia / Umesp
Publicado pela Coordenação Nacional de Educação Cristã - CONEC,
pela Confederação das Sociedades Metodistas de Homens da Igreja Metodista
e pela Faculdade de Teologia da Igreia Metpdista/Umesp
ISBN 978-85-8046-006-3
CDO184 ed.
Jt
IfejiGtvLLiÁ
METODISTA
Av.. piassanguaba, no. 3031 Rua do Sacramento, no. 230, Rudge Ramos
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METODISTAS
'.vavw.nnetodista.orK.br — link confederardes Editora: adí—o/SJryieíocíhta. jt
DE HOMENS
José Carlos Barbosa
Adoro
a Sabedoria
~de Deus
Itinerário de John Wesletj,
o Cavaleiro do Senhor
Apresentação
[Segunda impressão]
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■
■
• .
John Wesley era uma personalidade complexa e inquieta. Estima-se que tenha
cavalgado mais de 400 mil quilômetros, pregado cerca de 42 mil sermões, escrito
milhares de cartas e publicado centenas de livros, tratados, panfletos, revistas e
um periódico. Ao falecer, em 1791, o movimento organizado por Wesley somava
mais de 71 mil pessoas na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos. Esse movimento
viria a se constituir na Igreja Metodista, atualmente presente em 138 países,
com uma comunidade de 70 milhões de participantes, organizados pelo World
Methodist Councii.
Além dos muitos sermões publicados e das milhares de cartas enviadas,
Wesley também manteve, durante grande parte de sua vida, um diário público
e outro mais reservado. Esses documentos ficaram para a história como
importante registro de seu pensamento, comportamento, doutrina, filosofia e
prática de vida. Trata-se de um material riquíssimo, ainda pouco explorado por
estudiosos e pesquisadores.
A obra que temos o prazer de apresentar não é uma obra acadêmica ou
histórica, mas aproveita essa rica herança. Trata-se de um devocional diário,
visando a propiciar inspiração e reflexão, ao estilo do nosso tão conhecido
No Cenáculo, porém, com uma peculiaridade: para cada dia, o autor apresenta
algum fato relevante relativo à vida de John Wesley, procurando coincidir dia
e mês.
Estudioso do metodismo e atual coordenador do Centro de Estudos e Pesquisas
sobre Educação e Metodismo (Cepeme/Unimep), o rev. José Carlos Barbosa soube
resgatar 365 “pérolas” da vida e obra de Wesley, transformando-as em pequenos
textos para serem lidos em poucos instantes, em qualquer momento do dia. E,
portanto, um livro fácil e agradável de ler, além de uma grande contribuição para o
conhecimento geral sobre a vida e obra do fundador do metodismo.
Seu lançamento é extremamente oportuno, já que, em 2003, celebram-se os 300
anos de nascimento de John Wesley. Com esse livro, os metodistas brasileiros terão
a oportunidade de acompanhar parte do extraordinário itinerário desenvolvido pelo
cavaleiro do Senhor, o fundador do movimento metodista.
Temos, portanto, a grande satisfação de apresentar este trabalho, convidando a
todos os leitores para adentrar o maravilhoso universo de John Wesley;
10
Prefácio
Renovando o Entusiasmo
Característico do Metodismo Histórico
12
Sumário
J A N E I R O 1 9
Foi uma verdadeira misericórdia Deus não ter ouvido a
minha oração.
F E V E R E I R O 5 1
Vocês não têm nada a fazer, senão salvar almas. Portanto,
gastem e sejam gastos nessa obra. Devem ir sempre, não
apenas ao encontro dos que precisam de vocês, mas dos que
necessitam mais.
M A R Ç O r 7 9
A B R I L 1 0 8
Quando as águas se esparramam demais, não são profundas.
MAiO 137
Por volta das 10 horas, meu irmão foi-me trazido em triunfo
por um grupo de amigos e declarou: “Eu creio”.
JUNHO 167
Caminhe pelo menos uma hora por dia ao ar livre. Se estiver
chovendo, caminhe na saia de jantar.
JULHO 192
Estou decidido a ser um cristão bíblico completo. Há alguém
disposto a seguir-me nesse caminho?.
AGOSTO 223
Nossas doutrinas principais são: arrependimento, fé e santidade.
Consideramos a primeira o pórtico da religião, a segunda a porta
e a terceira a religião em si mesma.
SETEMBRO 255
Tal caso nunca antes conheci, nunca li nada igual: uma pessoa
convencida do pecado, convertida a Deus e renovada em amor
em 12 horas.
OUTUBRO 285
Quero que os metodistas sejam exemplo permanente de sabedoria
e modelo em todas as coisas, grandes e pequenas.
NOVEMBRO 318
Você não pode ter um lugar no céu sem uma barba! Portanto,
rogo-lhe que deixe crescer a sua imediatamente.
DEZEMBRO 349
O melhor de tudo é que Deus está conosco.
Glossário vJVJwí
14
Introdução
13
Janeiro
20
pessoas contribuíram com 10 libras cada uma. Apesar da pouca solidariedade,
conseguiu juntar 200 libras, pouco, mas o suficiente para fazer efetivamente algo.
Acreditava que, se 40 ou 50 pessoas tivessem ofertado 10 libras, o seu plano teria
sido executado com perfeição,
22
Na conferência de 1756, foi assinado um pacto de unidade, em que
todos concordaram unanimemente que, enquanto fosse legal ou possível
continuar unidos, seria evitada a separação. Charles Wesley foi o grande
batalhador da não separação, lutando contra os ■finelquizedéquios”,
pregadores metodistas que queriam se tornar sacerdotes e empurravam
John Wesley na direção da separação. Para ele, “nada, a não ser a graça,
pode proteger nossos filhos, depois de nossa partida, de se transformar em
milhares de seitas e milhares de erros”.
28
por causa de uma palavra, nem por conta de poucas orações. Qualquer pessoa que
crê nos decretos pode mencioná-los sem pensar. Porém, se o ministro em qualquer
momento tratar deliberadamente a propósito da Predestinação Absoluta ou refutar
a Perfeição Bíblica, então, aconselho a todos os metodistas que saiam caladamente.
29
qualquer pessoa possa imaginar. Porém, esse não é o ponto; não vou discutir se a
religião é verdadeira ou falsa. (...) Meu argumento não está baseado nessa suposição.
Portanto, deixemos de lado todas as declarações sobre intolerância c perseguição
na religião! Suponhamos que toda palavra dita no Credo do Papa Pio seja certa,
suponhamos que o ConcOio de Trento seja infalível; ainda assim, insisto que nenhum
governo não católico romano deve tolerar pessoas de crenças católicas romanas. (...)
Aqueles que reconhecem o poder espiritual do Papa não podem garantir sua lealdade a
nenhum governo. Porém, todos os católicos romanos o reconhecem, portanto, não
podem garantir sua lealdade à Inglaterra, Pondo a religião de lado, está claro que,
apoiando-se em argumentos racionais, nenhum governo deve tolerar pessoas que não
possam assegurar sua lealdade e conduta pacífica a esse governo.
30
i r'
brancos, e todos os seus filhos devem ficar sem lugar onde repousar a cabeça? Vocês
podem suportar isso? Onde está a graddão? E a compaixão? Onde está o cristianismo?
E a humanidade? Onde está o interesse da causa de Deus? Ouem é sábio entre vocês?
Quem tem interesse no Evangelho? Quem está revestido de misericórdia? Que se levante
essa pessoa e se faça algo para resolver tal situação. Vocês todos levantem-se, como um
só corpo, e retirem o opróbrio. Vamos colocá-lo em pé mais uma vez. Pode ser que se
salve, ele e sua família. Façam isso logo.
31
de nossa educação. Mas as bênçãos que se seguem a esse trabalho de amor irão mais do
que equilibrar a cruz.
32
mais seis ou oito armados de porretes. Novamente, só depois de muita conversa
e bebida, eles também se foram.
No finai do relato, Jonathan Jones explica que tudo começou quando o rev.
sr. E., junto com outras pessoas, redigiu um documento afirmando que nunca
se reuniriam para ler, cantar ou orar, nem escutar o sr. Wesley. O documento foi
passado de mão em mão por toda a vizinhança e quem não o assinasse teria a
casa destruída. No relato de Humphrey Hands consta que o maior temor dos
metodistas era a possibilidade de negar o Mestre. Segundo ele, apesar de todas as
ameaças, com a graça de Deus, a grande maioria escolheu perder todas as coisas
do que negar a fé no Salvador.
34.
que cada um contribuísse com um penny por semana a um fundo de auxílio
aos pobres e doentes e para que também fossem trazidas roupas a serem
distribuídas aos necessitados.
Fascinado, desde o tempo de Oxford, com a possibilidade de ajudar na
cura das doenças, ele publicou uma coleção de receitas medicinais e estocou
remédios nas três principais casas de pregação. Auxiliado por um cirurgião e
um farmacêutico, chegou a organizar um “tipo de experiência emergencial”,
distribuindo remédios a doentes pobres. Em dezembro de 1746, anunciou à
sociedade de Londres sua intenção de “dar assistência médica aos pobres”,
todas as sextas-feiras, na Fundição, tornada um dispensário médico. Outras
medidas mais foram tomadas, entre elas a criação de uma pequena indústria
caseira de tricô destinada às mulheres pobres desejosas de aprender a
trabalhar nessa área.
Em janeiro de 1762 John Wesley vai à Irlanda. Depois de passar alguns dias
em Dublin, dirige-se à Newry e encontra a sociedade metodista em situação
muito precária. As ofensas e brigas haviam despedaçado a sociedade. Do grupo
de mais de cem pessoas, sobravam apenas 32. No culto da quarta-feira à noite
poucos participaram. A chuva tinha afugentado os ouvintes curiosos e, depois
do sermão, organizou o ágape, a festa do amor. Apesar do grupo pequeno, foi
uma experiência maravilhosa.
Wesley assinalou que Deus derramou seu espírito çom abundância. Muitos
saíram cheios de consolação, particularmente alguns vindos de Lisburn, a mais
de 32 quilômetros de distância, para participar do culto. Uma jovem de 16 anos
de idade passou por uma experiência muito bonita. Deus restaurou a luz da
sua face e lhe deu clara evidência de seu amor. Tudo ocorreu de forma tão
extraordinária que a sua alma parecia ser toda amor.
Por que o trabalho metodista na Escócia estaria passando por aquelas
dificuldades? Meses depois, em julho, ele se dirigiu até Portarlington, onde havia
uma sociedade pobre e morta. Não poderia ser diferente, pois seus pregadores se
fechavam em um quarto com 20 a 30 ouvintes. Achavam que o trabalho pastoral
consistia em cuidar apenas de um grupinho. Para que houvesse crescimento na
obra, seria necessário muito trabalho. Os frutos não nascem sozinhos. E preciso
trabalhadores que lancem as sementes, que as plantem.
Incomodado com aquela situação, Wesley dirigiu-se diretamente ao mercado
da cidade. Ali, bem no centro, ele proclamou com voz forte e segura: “Eis que
o semeador saiu a semear” (Mt 13.3). Com coragem e determinação, proclamou
a Palavra de Deus e uma verdadeira multidão o rodeou. Na manhã seguinte,
às 5 horas, o salão metodista estava repleto de pessoas, totalizando mais que o
dobro de sua capacidade. Às 8 horas, ele retornou ao mercado e pregou sobre
o texto “Como te deixaria, ó Efraim? Como te entregaria, ó Israel?” (Os 11.8).
Solenemente, a multidão escutou a proclamação da Palavra de Deus. Muitos
atenderam ao chamado e se converteram ao Senhor.
metodista, tendo incutido nos filhos John e Charles grande paixão pela salvação
das pessoas.
Em carta escrita ao marido, que por sinal deixou John encantado, ela destaca
determinadas circunstâncias que a levaram a zelar pela saúde espiritual dos filhos
e de muitos vizinhos. Recomenda ao marido não dar atenção às críticas, uma vez
que seu objetivo foi se esforçar no sentido de que as pessoas participassem da
Igreja e não profanassem o Dia do Senhor. Escolhia os melhores sermões e os
que falavam sobre o avivamento, e os lia perante o grupo. Não permitiu que outra
pessoa fizesse a leitura, conforme a recomendação do marido, pois não conseguiu
achar ninguém que pudesse ler bem, sem ficar soletrando boa parte do texto, e
também porque não havia entre os filhos alguém com voz forte o suficiente para
ser ouyido por todos.
, Eis alguns trechos da carta de Susanna a Samuel:
Como sou mulher, sou também dona de casa de uma família numerosa. E
ainda que o cargo superior das almas recaia sobre você, (...) em tua ausência
não posso fazer nada menos que velar sobre cada alma que deixas sob meus
cuidados, como um talento encomendado a mim sob uma confiança do
grande Senhor de todas as famílias, tanto do céu como da terra. E se eu
for infiel a Ele ou a ti, não cumprindo como melhorar esses talentos, como
poderei responder-Lhe quando Ele me exigir contas de minha mordomia?
Esses e outros pensamentos parecidos no começo me fizeram tomar muito mais
cuidado com as almas de meus filhos e empregados. (...) Pensei que era meu
dever dedicar parte do dia à leitura e à instrução de minha família (...). Decidi
começar com meus próprios filhos e utilizei o seguinte método: tomar uma parte
de cada noite para conversar com cada filho em separado. Na segunda, falo com
Moily; na terça, com Hetty; na quarta, com Nancy, na quinta, com Jacky; na sexta,
com Patty, no sábado, com Charles e no domingo, com Emily e Suky juntas.
Este foi o início da minha presente prática. O fato de oauas pessoas virem e
se unirem a nós foi acidental. (...) Assim, nosso grupo aumentou para quase
30 pessoas e raramente excedeu a 40 no inverno passado (...). Por fim, me
ocorreu que, mesmo não sendo homem, nem ministro, meu coração estava
sinceramente dedicado a Deus e eu me inspirava num verdadeiro zelo por sua
glória, podia fazer algo mais do que faço. Pensei que podia orar mais por eles
e falar com aqueles que converso com o mais cálido afeto, Com os poucos
vizinhos que antes vinham, passei a conversar com mais liberdade e carinho.
A partir de então, nosso grupo aumentava cada noite, já que eu não me atrevia a
negar a ninguém o pedido para entrar. No domingo, creio que ávemos mais. de 200
pessoas e muitos se retiraram, pois já não havia lugar na sala.
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21 de janeiro - O Fim do Mundo
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22 de janeiro - Impedidos de Pregar
John Wesley recebeu uma carta da sra. Parker, expressando a disposição dela
de descartar os pregadores metodistas, impedindo-os de pregar em sua capela.
Respondendo, em janeiro de 1784, Wesley afirma que tomou o tempo necessário
para replicar com calma as suas considerações.
A senhora me dá crês razões para descartar os pregadores metodistas: a primeira,
porque várias pessoas que haviam abandonado sua capela prometeram retornar
novamente, sob a condição de que não mais se permitisse aos metodistas pregar
ali; segunda, porque eles pregam sobre a perfeição cristã; e a terceira é que,
enquanto eles estavam pregando, várias pessoas foram afetadas de forma violenta.
Seriam válidas essas razões? Vamos considerá-las diante de Deus, com calma e
imparcialidade.
1. A senhora alega que várias pessoas que haviam abandonado sua capela prometeram
retornar novamente, com a condição de que não mais se permitisse aos metodistas
pregar na sua capela. Creio que a senhora nunca deveria ter reunido ou recebido
pessoas desse dpo. Que espírito papista tão rígido esse! Que fanatismo vil! O espírito
exato do calvinismo! Seguramente, ninguém que não seja calvinista deve estimulá-la,
nem por palavras nem por obras. Considero que a pessoa que age assim faz mais
é manter uma causa má, tão má quanto ela pode ser. .Pois, quem Deus reconhece
como eles [os metodistas] na Grã-Bretanha, Irlanda e América? Quem reconhece
Ele agora em Yorkshire, Cheshire, Lancashire, Cornwall? Na verdade, esses são os
sinais da nossa missão, prova de que Deus nos enviou. Sessenta mil pessoas olhando
para o céu e muitas delas regozijando-se em Deus, seu Salvador. A senhora viu um
exemplo disso em Leeds. Venha outra vez verificar se a obra é ou não de Deus (...).
2. A senhora diz que eles pregam a perfeição cristã. E a senhora, não o faz? Quem
não o faz prega os oráculos de Deus? Essa palavra bíblica significa nem mais nem
menos que “amar a Deus com todo nosso coração” (Mt 22,37), “ter o mesmo
sentimento que houve em Cristo” (Fp 2.5) e “andar como ele andou” (IJo 2.6).
3. A senhora afirma que, enquanto um deles pregava, várias pessoas caíram ao solo,
clamaram em voz alta e foram afetadas vioientamente. A senhora nunca leu os meus
joumals, ou a Narração, do dr. Jonatas Edwards, ou as Coleções Históricas, do dr. Gillies?
Não entende, então, que Deus, que faz todas as coisas com sabedoria, quis, durante
• quase 50 anos, quando atuou da forma mais poderosa, que esses sinais externos
(naturais ou não) acompanhassem a obra interna? Quem pode cridcar isso? Deixem
que Deus faça o que bem lhe parecer.
Portanto, tenho de pensar que nem essas razões, nem nenhuma outra,
podem justificar o rechaço dos mensageiros de Deus, e, consequentemente, que
todos os que o fazem ou os animam mantêm uma causa má.
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23 de janeiro - Casamento Tumultuado
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24 de janeiro - A Melhor Mulher do Mundo
Ela continuou e, às quatro da tarde, se tomou muito mais violenta. As ondas do mar eram
enormes e subiam aos céus. Os ventos rugiam e silvavam tão daramente como voz humana.
O navio não apenas se movia violentamente de um lado a outro, mas se sacudia com um
movimento tão desigual e ruidoso que qualquer pessoa só conseguia se sustentar com muita
r
dificuldade. Era impossível ficar em pé sem se apoiar em algo. A cada 10 minutos, ocorria
um duro golpe na popa ou na borda, dando a impressão de que as tábuas estavam sendo
estraçalhadas. Nesse momento, uma criança, banzada previamente. foi trazida para ser
recebida como membro da Igreja. Isso me fez recordar o profeta Jeremias comprando um
terreno no momento em que os caldeus estavam a ponto de destruir Jerusalém, e parecia
uma promessa do Deus misericordioso dirigida a ensinar-nos aqui na terra dos yiventes.
Depois das orações, passamos duas ou três horas conversando sobre o pertinente à
ocasião, confortando-nos em tranqüila submissão à sabedoria e à santa e afável vontade
de Deus. Agora a tormenta não nos parecia tão horrível como antes. Bendito seja o Deus
de toda consolação! As 7 horas fui ver os alemães. Fazia tempo que havia observado
a seriedade do seu comportamento. De sua humildade haviam dado constante prova,
realizando trabalhos para outros passageiros, que nenhum dos ingleses poderia fazer.
Por esse trabalho não desejavam nem recebiam pagamento, dizendo ser bom para seus
corações orgulhosos e que o Salvador tinha feito muito mais por eles. Cada dia encontravam
ocasião de mostrar tal espírito de mansidão que nenhuma ofensa poderia destruir. Se
eram empurrados, golpeados ou derrubados, se levantavam e se retiravam sem proferir
qualquer queixa. Havia agora a oportunidade de provar se estavam livres do espírito de
temor, assim como do orgulho, da cólera e da vingança. No meio da leitura dos Salmos, já
no início do serviço religioso, as águas embravecidas rasgaram a vela principal e cobriram
o barco, como se fossem cobertores, dando a impressão de que o mar nos tinha tragado.
Um terrível grito ouviu-se entre os ingleses. Os alemães, calmamente, continuaram
cantando. Mais tarde, perguntei a um deles: “Você não teve medo?5’. “Graças a Deus,
não”. Questionei ainda: “E suas mulheres e crianças não ficaram com medo?”. Ele
respondeu com toda a calma: “Não, nossas mulheres e crianças não temem a morte”.
Dirigi-me, então, aos ingleses que choravam e tremiam, Fiz ver a eles a diferença na hora
da prova entre aqueles que temem a Deus e aqueles que não o temem. As 12 horas, o
vento se acalmou. Esse foi o dia mais glorioso que vivi até agora.
uma vez que a dracma representava o total de 60 gramas, suficiente para matar
algumas dezenas de oessoas.
Alertado pelas denúncias do médico, o jornal Ga^etteer publicou editorial
extremamente crítico, afirmando que “algumas pessoas lêem correndo, que a
vida completa de Wesley é prova de que ele é dessa ciasse de leitor, e é dessa
maneira que ele lê as Escrituras e todos os demais livros”.
Na resposta enviada ao editor do jornal (25/jan./1776), Wesley aceita
humildemente a crítica de ter confundido dracma por grão, destacando que na
edição seguinte o erro seria corrigido. Faz ainda alguns comentários a respeito do
tom sarcástico presente no artigo sobre ele ler correndo as Escrituras e os demais
livros. Admite um pouco de verdade na afirmação do jornal e assinala que, por
muitos anos, ele e o irmão viajaram juntos, a pé, e, enquanto caminhavam pelas
estradas, um ia atrás do outro, lendo em voz alta algum livro de história, poesia
ou filosofia. “Leio enquanto caminho”, admite Wesley, “tinha muito trabalho e
pouco tempo disponível, já que as horas em que ficava em casa eram dedicadas
quase que exclusivamente a escrever”. No começo, lia a pé. Depois, passou a ler
montado no cavalo. Mais tarde, quando já estava com quase 70 anos de idade,
ganhou de amigos uma carruagem e passou a ler com mais conforto.
Alexander Knox estava com 12 anos de idade quando seu pai hospedou John
Wesley em sua casa, em Londonderry, na Irlanda. Isso aconteceu em 1765 e, depois
dessa ocasião, Wesley continuou visitando a família diversas outras vezes.
Apesar de a conversão de Alexander só ter ocorrido após a morte de Wesley,
pode-se dizer que as mais de 20 cartas recebidas por ele do líder metodista,
procurando estimulá-lo na caminhada cristã, foram fundamentais na decisão.
Alexander tornou-se pregador metodista e notável teólogo. Em uma dessas
cartas, de 21 de janeiro de 1776, John Wesley afirma que a enfermidade que tinha
debilitado a saúde do jovem devia ser vista como parte do projeto divino de dar
uma nova direção à sua vida.
Assim que recebi a sua caria, respondi abordando o seu problema específico. Não
entendo como essa carta não chegou ao seu destino. Talvez alguém a tenha interceptado.
Sua enfermidade continuará durante o tempo necessário para apagar as paixões da
juventude, mantê-io morto para o mundo e prevenir que busque a felicidade onde
ela nunca esteve e jamais poderá ser encontrada. Olhe a sua situação desse ponto de
vista: é uma grande bênção e uma prova de que Deus se preocupa e vela por você (...).
Não posso deixar de admirar a sabedoria e a bondade da Divina Providência com
relação a você. Como já tem todas as necessidades e comodidades da vida, como tem
um pai carinhoso e complacente e, por natureza, um temperamento alegre e livre, com
toda a probabilidade, despertaria a admiração e o afeto de seus familiares e amigos,
depositando neles sua felicidade, se não houvesse sido preparado um equilíbrio tão
maravilhoso para você. Uma enfermidade corrente, especialmente uma transitória,
não haveria cumprido esse propósito, nem lhe salvaria de admirar-se a si mesmo ou
de ser admirado por outros. Portanto, Deus o mantém muito tempo em sua escola, a
melhor escola onde a Infinita Sabedoria podia matriculá-lo, de modo que você possa
aprender compíetamente a ser manso e humilde de coração, e a buscar toda a sua
felicidade em Deus.
Para Wesley,
O caso é muito simples: a regra invariável do proceder de Deus mostra que, “ao que
não tem, ainda o que tem será tirado” (Mt 25,29). Portanto, é impossível reter o que
se recebe, sem melhorá-lo. E preciso complementar ainda que se acredite que, quanto
mais se recebe, maior a necessidade de se ter cuidado e trabalho, vigilância e oração,
prudência e diligência em todas as formas do viver. Alguém duvida de que aqueles
que se esquecem disso logo perdem o que receberam? Ai daqueles que os ensinar a
esquecer, a não vigiar, a não orar!
49
puro sem que haja crescimento. Para Wesley, í£é por essa razão que os pregadores
metodistas precisam continuar insistindo no assunto. Devem continuar
ensinando a doutrina da perfeição cristã. Qualquer líder ou pregador que fale
direta ou indiretamente contra essa doutrina não pode continuar pregador ou
líder metodista. Tal pessoa não deve permanecer, porque quem tem tal postura
não é um honesto”.
Em carta de 21 de julho de 1774, dirigida a Thomas Rankin, assistente
geral do movimento metodista na América do Norte, John Wesley salienta estar
refletindo muito sobre o que fazer para ajudar as pessoas a se interessar pela
busca da perfeição cristã. Reconhece ainda não ter estabelecido uma regra a ser
acolhida pela pessoa no exato instante da sua justificação. Diz que não há uma
regra que incentive a continuar caminhando até a perfeição, cabendo ser feito
algo exatamente.para aquela ocasião, pois se trata do momento mais importante
que todos os outros. Nessa hora a pessoa adquire a simplicidade das crianças
pequenas, ferve em espírito, pronta e disposta a cortar a mão direita ou arrancar
o olho direito (Mt 5.29-30). Acha necessário fazer algo, porque se continuar
permitindo que o fervor mingue será muito difícil trazer novamente as pessoas
até aquele ponto.
50
Fevereiro
52
- característica de adorar. Há apenas uma condição: o profundo desejo de salvar sua
alma. Isso já é suficiente e não se deseja nem se enfatiza mais nada.
53
o abandono do primeiro amor; por outro lado, o certo é como se verificou na
vida cristã do casal Ritchie; desde a primeira vez em que foram visitados pela-
salvação divina, nunca deixaram de crescer na graça e no amor.
57
que não, que o problema era ele e a família terem abandonado a igreja oficial. Ele
afirmou integrar uma igreja dissidente, mas que amava o bem e cria numa só Igreja
de Cristo e que o importante era participar dessa igreja.
Não houve meio de evitar a destruição. Um grupo maior destruiu todas as
janelas, levou embora muitas coisas da casa e confessou estar preparando uma lei
que deveria em breve ser jurada por todos. Parkes retrucou que só se submetería
à Lei de Deus, jamais às leis do demônio. Entregando sua causa a Deus, a família
abandona a casa depredada. Ao olhar as ruínas, Parkes dÍ2 ter sentido no coração
um amor muito grande pelos perseguidores. Apesar de tudo, ele reconhecia que
Deus o amava e de todo o coração ele louvava ao Senhor.
inúmeros exageros.
Apesar da evidente preocupação com as extrapolações, John Wesley estava
deslumbrado com a situação de muitas sociedades metodistas na época. Para
ele, tratava-se da confirmação dos seus ensinamentos, de que qualquer pessoa
58
poderia ser limpa de todos os pecados (mesmo com a permanência de fraquezas)
e experimentar o amor puro antes da morte, O crescimento do número de
membros era vertiginoso: a sociedade de Londres, por exemplo, cresceu de
2.300 a 2.800 membros em dois anos. Outras sociedades também passavam pela
mesma experiência, entretanto, algumas que não davam a devida ênfase a esse
assunto viviam crises, como a de Cornwall.
Em 15 de setembro de 1762, Wesley destacou que os metodistas de Cornwall
deveríam dar mais atenção à doutrina da perfeição cristã, pois, nos lugares
onde ela não era proclamada com o devido destaque, os crentes morriam ou
esfriavam. O único modo de prevenir e evitar esse esfriamento espiritual era
manter nos crentes a expectativa constante em torno da perfeição. Devia haver
uma “expectativa a cada hora”, já que de nada adiantava esperar a perfeição
cristã na morte ou em algum momento mais à frente.
64
encontro agora, pelo menos por algum tempo. Imagino ser muito mais proveitoso
estar num retiro do que permanecer na universidade. Num lugar afastado, posso,
sem interrupção, imprimir cm minha mente os hábitos que prefiro, antes que
a flexibilidade da juventude termine. Na universidade, dadas as muitas vantagens,
sujeito-me à inconveniência de necessariamente expor-me à insolência e à vaidade.
Ofereceram-me, ultimamente, trabalho numa escola em Yorkshire, a 64 quilômetros
de Doncaster. Pensarei mais sobre isso quando a proposta for oficial. O salário é bom,
de modo que, em um ano, seria possível pagar minhas dívidas e ainda sobrar algum
dinheiro. Porém, o que me ajuda a aceitá-lo é a formidável descrição do lugar feita ontem
por um cavalheiro. O povoado [Skipton-in-Craven] situa-se em um pequeno vale quase
inacessível de tão encerrado entre duas montanhas. Uma pessoa pode esperar poucas
visitas de fora e do povo, quase nenhuma. Poderia escolher livremente as pessoas com
quem desejo dialogar e, por essa razão, as traria ao povo comigo. Esse prazer de dialogar
com outras pessoas custaria menos ali do que em qualquer outro lugar.
Embora tivesse uma constituição física muito franzina, John Wesley gozava
de boa saúde. Ele continuou ativo e lúcido até os últimos dias de sua vida.
Tendo completado 81 anos, escreveu: “Estou tão forte aos 81 como era aos
21, mas com melhor saúde. Desconheço dor de cabeça, dor de dentes e outros
transtornos corporais que me afetaram na juventude. Enquanto vivermos,
vivamos para Ele”,
Aos 83 anos de idade, afirmava: “Eu mesmo estou assombrado. Agora
faz 12 anos que não tenho sensação de fadiga. Nunca estou cansado (tal é
a bondade de Deus!), nem ao escrever, pregar ou. viajar. Uma causa natural,
sem dúvida, é o meu exercício contínuo, além da mudança de ares. Como ela
contribui para a saúde eu não sei, mas certamente contribui”.
Levando em conta o seu ritmo de vida,.pode-se aludir como graça divina o
fato de ter resistido tão bem e durante tanto tempo. Aliás, ele mesmo assinala
que sua boa saúde não pode ser atribuída a nenhuma causa secundária, mas
somente ao Soberano Senhor de tudo. Whitefield, por exemplo, também um
viajante incansável, não teve a mesma sorte, morrendo bem mais jovem, com
asma, em 30 de setembro de 1770, sem atingir os 60 anos de idade.
Wesley enfrentou muitas intempéries, em suas inúmeras viagens, que ■:%
poderiam facilmente ter culminado em alguma grave enfermidade. No Journal %
(16/fev./1747), ele explica que no dia anterior havia passado por maus bocados
e ficado extremamente debilitado e sem forças. Estava viajando e assombrou-se ;|
com a calmaria do tempo, coisa que raramente ocorria. Mas o assombro terminou Jf
depressa. O vento mudou completamente ao norte e soprou com tanta força J
e intensidade que, quando ele e seus companheiros chegaram a Hattfield, não Jj
conseguiam mais sentir as mãos e os pés.
Como tinham horário para chegar ao destino, descansaram por pouco tempo 'VI
e retomaram a viagem, enfrentando o vento e a neve. Adiante, em Baidock M
Field, a tormenta recomeçou com muito mais força. O granizo caía com tantá/||
violência em seus rostos que não conseguiam enxergar o que estava na frente e :||
mal podiam respirar. Apesar de todas essas dificuldades, alcançaram o destino,. f|
Baldock, onde alguém os esperava para conduzi-los a Potton. Prosseguiram e, às
6 horas da tarde, ele já estava pronto para pregar o Evangelho.
John Wesiey casou-se com Mary Goidhawk, viúva e mãe de dois filhos, no dia
18 de fevereiro de 1751. O cupido que estimulou a decisão foi Edward Perronet,
pastor metodista, poeta, músico e grande amigo de seu irmão Charles.
A primeira paixão de Wesiey havia ocorrido na Geórgia, pela jovem Sophia
Christiana Hopkey. Em carta endereçada a ela (6/fev./1737), fala de seu amor, do
fogo que queima o seu peito e da necessidade de refletir, buscando a orientação
de Deus. No final, ele a convida a orar fervorosamente, suplicando ao Senhor
que lhe mostre o que deve ser feito. Em virtude da indecisão de Wesiey, por
achar que o matrimônio atrapalharia o ministério pastoral, a jovem acaba se
casando com outro pretendente, William Williamson.
O infeliz desenlace da situação contribuiu para que Wesiey se tornasse ainda
mais reticente quanto ao matrimônio. Em carta ao irmão Charles (25/set/1749),
ele relaciona algumas razões que o afastavam do casamento:
Desde que tinha 6 ou 7 anos, se alguém comentava algo relacionado com casamento,
respondia que nunca me casaria, porque jamais iria encontrar uma esposa como a que meu pai
encontrou. Com mais ou menos 17 anos, não pensava em casamento, pois não tinha condições
de manter uma esposa. Logo me çonvena de que “era ilegal o casamento de um sacerdote”,
baseando essa convicção no (suposto) sentido da igreja primitiva. Mais tarde, depois de ler
alguns escritores místicos, cheguei a pensar que o matrimônio era o “estado menos perfeito”
e que havia algum grau {pelo menos) de “corrupção da mente, necessariamente referente
à relação nupcial”. Ao mesmo tempo, me impressionaram grandemente as palavras de São
Paulo aos Coríntios e julguei “impossível para um homem casado estar sem preocupações ou
atender as coisas do Senhor sem distrações, como faria um homem solteiro” (ICo 7,32-33).
De igual maneira, sentindo grande desejo de fazer tudo o que puder para dar de comer
ao faminto e prover de abrigo o desamparado, não podia pensar em casar-me, “porque
isso seria um gasto tão granae que não me sobraria para ajudar os necessitados”. Minha
grande objeção, nos últimos 12 anos tem sido que “a comissão do Evangelho me foi
encomendada” (ICo 9.17). Não farei nada que direta ou indiretameofe nossa atrapalhar a
pregação do Evangelho.
Uma das desculpas mais comuns para justificar a não tão assídua participação
na Ceia do Senhor tem por base o texto de 1 Coríntios 11.27: “Aquele que comer
o pão ou beber o cálice do Senhor inciignamente será réu do corpo e do sangue
do Senhor”. Muitos não participam por se sentirem indignos, embora o texto
não fale sobre set indigno de comer e beber. O que ele diz é “comer e beber
indignamente”, totalmente diferente.
Deus nos oferece uma das maiores misericórdias e nós a recusamos por
nos sentirmos indignos? A questão é que sempre seremos indignos de receber
qualquer misericórdia de Deus. Ele sabe que não somos dignos de receber o
perdão, mas Ele nos perdoa, apesar da nossa indignidade. O que Deus poderá
fazer conosco se chegarmos a ponto de recusar suas misericórdias?
"5 *5
mmJÍ ViC ÍÇVs.! W Testemunho de um Jovem
~n
o texto de 2 Pedro 1.4, explicando as “preciosas e grandíssimas promessas” que
nos são concedidas. Participando do culto estava um jovem que havia recebido
uma graça preciosa do Senhor. Wesley reproduz, em seu Journal,\ o testemunho
desse rapaz:
John Woolley esteve por algum tempo nessa escola, mas foi expulso por mau
comportamento. Logo fugiu de casa, escondendo-se em guaritas e outros lugares,
dias e noites, de modo que sua mãe não conseguisse encontrá-lo. Durante esse
tempo, passou fome e frio. Em certa ocasião, passou três dias sem alimento, algumas
vezes chorando e orando por ele mesmo e outras, jogando com os meninos na rua.
Certa noite chegou ao Salão Novo. O sr. Wesley estava falando sobre a
desobediência aos pais. O menino estava tão confuso que pensou não haver
no mundo inteiro outra pessoa tão perversa como ele. Regressou à sua casa
e nunca mais voltou a fugir. Sua mãe viu a mudança no seu comportamento,
mas ignorava a razão. Com frequência, o rapaz ia sozinho para os montes
e para o campo, para orar, deixando de lado os companheiros ociosos.
O diabo começou, então, a insdgá-lo com toda suá força, . tentando levá-lo
continuamente ao suicídio. As vezes, sentia impulso de enforcar-se, outras,
de lançar-se ao rio, Mas tudo isso fez com que ele se tornasse mais diligente
com a oração. Certo dia, enquanto lutava com Deus, a quem viu no meio de
uma inexplicável luz, se sentiu cheio de alegria e do amor de Deus e apenas
soube onde estava. Sentiu tal amor por toda a humanidade que achou que
poderia estender-se ao solo e deixar-se pisotear pelos seus piores inimigos.
A partir daquele momento seus pais ficaram surpresos com ele. Agora estava solícito
em ajudá-los em todas as coisas. Quando eles iam à igreja, o rapaz se ocupava em
cuidar dos irmãos menores e, depois de fazê-los dormir, corria até o Salão para
iluminar o caminho de volta de seus pais. Não perdia a oportunidade de ouvir a
pregação ou de fazer algum bem, tanto em casa como em qualquer outro lugar onde
' se encontrasse.
72
A não ser que Deus o tenha verdadeiramente erguido a essa obra, o senhor será
consumido peia oposição dos homens e dos demônios. Mas se Deus for pelo senhor,
quem lhe será contra? São eles todos juntos mais fortes que Deus? Não se canse de
fazer o bem. Conünue, em nome de Deus, e com a força do seu poder, até que a
escravidão americana, a mais vil que já houve sob o sol, se desvaneça diante desse poder.
Lendo essa manhã um tratado escrito por um homem africano, me impressionou muito a
circunstância de o homem com apele escura ser maltratado pelo homem branco e não ter
o direito a reclamar jusüça, uma vez que há uma lei em todas as nossas colônias afirmando
que o juramento de um negro contra o de um branco de nada vaie. Que vilania é essa!
Que Aquele que lhe tem guiado desde sua juventude conünue fortalecendo-lhe nessa
e em todas as coisas. Essa é a oração de seu afetuoso servidor, John Wesley.
7C
r
que se aproxime de nossa mente nada que não seja sábio e santo, ajudando-nos a
descobrir os raciocínios falsos de nossa mente e a dotninar toda paixão equivocada
em nosso coração. E perícitamente razoável espetai- e exigir todos esses benefícios de
uma educação cristã, assim como reclamamos da medicina nos ajudar a fortalecer o
que está bem em nosso organismo e a Livrar-nos de todas as enfermidades.
g em seguida, disse uma vez mais: “I the chiej of sinners am, but Jesus diedfor
b-tfi'■ Estava se preparando para o grande encontro com Cristo.
77
29 de fevereiro - Anunciando o Fim do Mundo
Em Breve história do povo chamado metodista, John Wesley explica que durante
toda a primavera esteve ocupado era visitar a sociedade, inteiramente confundida
pela falsa profecia de George Bell, que obviamente não se realizou. Passou muito
tempo assistindo os metodistas e tranqüilizando os que se sentiam confusos e
angustiados por muitas dúvidas e inquietações. Havia uma enxurrada de calúnias
e maldades provenientes de todas as partes.
Teria sido necessário chegar àquele ponto? O que poderia ter sido feito com
antecedência para evitá-lo? Wesley destacou que, desde 6 de dezembro de 1762,
quando soube dos exageros e foi ouvir Bell na Fundição, reconheceu que parte
do que dizia provinha de Deus e parte era fruto de uma mente febril. Na época,
entendendo que nada do que falava era perigosamente equivocado, não viu
motivo para reprimi-lo. E claro que percebeu que aquilo tudo certamente não
acabaria bem, mas não adotou medida mais severa. No final de dezembro, no
dia 26, permitiu que Bell pregasse na capela de West Street e na Fundição. Nessa
ocasião, decidiu não deixá-lo mais pregar ali, pois ele se mostrava cada vez pior:
falava ser de Deus coisas que não eram de Deus.
Wesley se comportou de maneira cuidadosa, pois a questão envolvia pessoas
boas e sérias, que passaram a acreditar nos anúncios feitos por George Bell. A
decisão de impedi-lo de pregar nas sociedades metodistas foi tomada com o
objetivo de reprimir o ímpeto de alguns dos discípulos de Bell. O caso mais forte
de exagero ocorreu com Benjamin Harris, o mais fanático de todos, que teve um j
ataque de loucura, ficou mudo e veio a falecer pouco tempo depois. J
Apesar de todas as tentativas de Wesley, não foi possível alterar a marcha *
dos acontecimentos. Houve divisão. Assim que se abriu uma pequena brecha, a $
água passou a correr sem impedimentos. Todos os dias, membros da sociedade J
devolviam suas credenciais. Eram pessoas ardorosas, convictas ,e dispostas a
convencer
' . outras mais, com
’ todo o tipo deA maldades e. calúnias. Assim, um 7 si
grupo muito grande abandonou a sociedade metodista, unindo-se a George Bell,T
o profeta do fim do mundo.
Março
Ainda jovem, com 35 anos de idade, em 1773, Thomas Rankin foi nomeado
assistente gerai e superintendente do metodismo na América. A carta a ele enviada
por Wesley, em Io. de março de 1775, assinala ser provável o restabelecimento
da paz entre a Inglaterra e as colônias na América. Na ocasião, Wesley redige
também algumas linhas aos pregadores metodistas, orientando-os a se comportar
com a devida prudência exigida pela situação.
Vocês nunca se encontraram em situação tão difícil como a de agora. Devem assumir
a responsabilidade de se converter em agentes da paz, ser carinhosos e atenciosos
com todos, não se incorporando a nenhum dos grupos. Apesar das insistências,
das palavras duras ou suaves, não digam nem uma só palavra contra qualquer
um dos grupos. Mantenham-se puros, façam tudo o que puderem para ajudar
e suavizar as coisas, porém, tenham especial cuidado na hora de adotar esse papel.
Assegurem-se de estar sempre unidos: isso é sumamente importante. Não só não
permitam surgir amarguras, raivas, friezas ou qualquer outro sentimento que produza
divisão. Identifiquem as pessoas que desejam provocar divisões e colocá-los uns contra
os outros. Sempre encontrarão pessoas desse tipo. Não lhes dêem atenção, ou melhor,
acompanhem, exponham ahertamente a questão e desmascarem tais pessoas. A conduta
de T. Rankin tem sido muito proveitosa para o plano dos metodistas. Espero que todos
vocês sigam seus passos. Que seu olho seja bom. Estejam em paz uns com os outros e
o Deus da paz estará com todos vocês.
Na lápide onde está enterrado o seu corpo, atrás da capela, na City Road,
lê-se a inscrição:
Essa grande luz surgiu / pela singular Providência de Deus, / para iluminar essas
nações, / e para reavivar, reforçar e defender / a doutrina apostólica pura e a prática
/ da igreja primitiva, / que ele continuou a defender tanto por seu / trabalho como
por seus escritos, / durante mais de meio século; / e quem, para sua inexprimível
alegria, não apenas viu sua influência se estendendo, e sua eficácia testemunhada
/ nos corações e nas vidas de muitos milhares, / tanto no mundo ocidental como
nesses reinos, mas também, muito acima de todo o poder e / expectativa humana, /
viveu para ver a provisão feita, pela singular graça de Deus, / para sua continuação e
estabelecimento, / para a alegria das futuras gerações. / Leitor, se você está impelido
a bendizer o instrumento, dê glória a Deus.
f
•••
|
»
*
Sem dúvida, não obstante essas declarações simples de nosso Senhor, não obstante
minha própria e repetida experiência, não obstante a experiência de todos os seguidores
sinceros de Cristo com quem tenho falado, lido ou ouvido sobre esse assunto, que
mostram claramente que aqueles que não amam a luz odeiam aqueles que trabalham
para oferecê-la, não obstante tudo isso, sou testemunha, contra mim mesmo, de que
quando vi o número de pessoas abarrotadas na igreja, a atenção profunda com que
recebiam a palavra e a seriedade em seus rostos, não pude conter-me em duvidar da
prova tanto da experiência como da razão e da Bíblia. As duras penas, poderia crer
que a maioria, a grande maioria dessa gente tão solícita e séria, poderia mais tarde
pisotear aquela palavra e dizer todo tipo de maldade, falsamente, de quem a pregou.
85
r
as reuniões marcadas? Se Robert Peacock tem bom senso, pode responder essas
perguntas com franqueza. Se é honesto, fará isso. Mas se não for esse o caso, poderá
Uttvv,i ide
V^i ■ está a dificuldade de averiguar se há algum desordenado nessa
87
abstém-se de coda aparência do mal, é zeloso de boas obras e faz o bem a todos cada
vez que tem oportunidade. Se preocupa por colocar em prática constantemente os
mandamentos de Deus. F, não o faz simplesmente como um dever, mas se alegra nessas
oportunidades de servir, considerando-as privilégio e bênção para os filhos de Deus.
Porém, que fará se nenhum dos candidatos apresenta esses frutos? Pois, então,
vote naquele que ama ao Rei, ao rei Jorge, a quem Deus em Sua sabedoria e
providência dispôs que reinasse sobre nós. (...) Talvez tenha outra classe de objeção.
Provavelmente diga: ‘‘Eu defendo a Igreja, defenderei a Igreja da Inglaterra sempre.
Por isso, votarei em ..., verdadeiro homem da Igreja, amante da Igreja”. Está certo?
Amigo, pense um pouco. Que classe de homem da Igreja ele é? Um homem de
Igreja que freqüenta prostitutas, joga por dinheiro, se embriaga? Ou é um homem
da Igreja que mente, jura e amaldiçoa? Não é um fanático que persegue dissidentes
e está pronto a mandá-los ao inferno ao menor sinal? (...) Só ama a Igreja quem.
ama a Deus e, em conseqüência, ama também a toda a humanidade. Qualquer
outro que fale de amor à Igreja, mente. Desconfie de uma pessoa assim. (...)
Atue como uma pessoa honrada, um súdito leal, um autêntico inglês que ama seu
país e a Igreja, em uma palavra, atue como cristão! Uma pessoa que não teme a nada,
exceto o pecado, e não busca outra coisa que o céu. Seu único desejo é dar glória a
Deus nas alturas e na Terra, paz e boa vontade para com os homens.
ss
Aceito o convite, Wesley partiu para Norwich. Em Breve história do povo
' çhamado metodista, ele afirma ter se submetido às pressões de amigos e alugado
o tabernáculo. Ao chegar, descobriu que a sociedade, havia praticamente
desaparecido. Ele sabia que teria de recomeçar “das cinzas”. No culto da
noite, convidou a se reunirem com ele as pessoas desejosas de entrar para a
sociedade. Das que aceitaram o convite, a maioria parecia ovelhas assustadas.
Ele disse-lhes que compreendia aquele medo delas, pois durante muito
tempo, ouviram muitas maldades a seu respeito.
Nas várias semanas em que prosseguiu reorganizando a sociedade, ele
implantou novidades, como o uso do ticket, a separação entre homens e
mulheres no salão e a admissão apenas dos comungantes nos cultos de santa
ceia. Antes, disse ele, as galerias ficavam cheias de espectadores e, depois
desse seu trabalho, a sociedade contava com 570 membros, 103 novos. Wesley
acreditava que, se tivesse mais duas semanas disponíveis, teria conseguido
alcançar o total de mil membros. Fitando cada pessoa, ele se perguntou:
“Quantos de vocês permanecerão na fé? As aves de rapina devorarão alguns,
o sol queimará muitos, outros serão afogados pelos espinhos que vão
crescendo. Se a metade permanecer, eu ficaria muito feliz”.
Meses mais tarde, no início de setembro, Wesley retornou a Norwich e o
caos tinha se instalado mais uma vez. Reunindo-se com os membros, disse clara
e objetivamente: “Vocês são a sociedade mais ignorante, orgulhosa, obstinada,
volúvel, intratável, desordeira e incoerente que eu conheço nos três reinos”. No
seu Journal (9/set./1759), registrou que a dura exortação foi muito bem acolhida:
ninguém se ofendeu e muitos corações endurecidos foram abrandados.
as
2. as ocorrências se deram de forma imprevista, sem aviso, quando as pessoasp|
escutavam a Palavra de Deus ou refletiam sobre o que tinham ouvido;
3. no momento em que caíram ao chão, elas perderam as forças e se vírani^J
cada uma a seu modo, tomadas de forte dor, expressa de maneiras diversas:
uma espada atravessando o corpo, um grande peso comprimindo-as contra -I
a terra, uma tal asfixia que as impedia de respirar, um inchaço no coração,p
prestes a rebentá-lo e a sensação de que o coração, as entranhas e o corpo
todo estivessem sendo despedaçados. Desse modo, os sintomas observados '%
não podiam ser creditados a qualquer causa natural, mas ao Espírito de li
Deus. Wesley não podia duvidar que Satanás estava despedaçando aqueles. íj
que se aproximavam de Cristo.
Ainda naquele ano, ele comentou, em seu Journal (30/dez.), certas.'2
manifestações ocorridas nos cultos, tendo examinado meticulosamente todo$i||
os casos. Alguns não eram capazes de descrever o que lhes acontecia, apenas|||
que, a certa altura do culto, se viam caídos no chão, gritando e sem controle do: fl
que falavam. Wesley estava convencido de que aquilo tudo era obra de Deus e,'fp
portanto, não cabia nenhuma repreensão: “Que sabedoria é essa que se atreve ||
a repreender essas pessoas, dizendo que devem permanecer silenciosas? De|||
modo algum! Deixem que clamem por Jesus de Nazaré até que Ele respondaji
‘Tua fé te salvou’.”
“'O que eu faria se tivesse apenas dois dias de vida?” A indagação está
sgistrada no Journal (19/mar./1747). de John Wesley. A resposta indica o zelo
|Ggoroso no tratamento a todas as questões relacionadas à sua vida pessoal e ao
lànovimento metodista.
“Não há muito a fazer nesses dois últimos dias”, constata, “nenhum
assunto pendente, nenhuma questão não resolvida. Tudo está encaminhado.
As propriedades em Bnstol, Kingswooa e Newcastie já foram regularizadas e
todas as escrituras estão em ordem”. Se morresse naquele momento, seu irmão
Charles e os demais companheiros de ministério não teriam maiores dificuldades.
Se tivesse apenas mais dois dias de vida, só lhe restaria encomendar sua alma ao
fiel e misericordioso Deus. Além de extremamente previdente e cuidadoso, John
Wesley sempre procurou exortar os demais metodistas a imitar o seu exemplo,
particularmente os líderes de classes e pregadores.
Com tal propósito, ele assinalou, certa vez, o caso de uma pessoa imprevidente
e as complicadas conseqüências do seu comportamento. Em setembro de 1779, em
Bristol, soube do falecimento de um dos primeiros professores da escola metodista
de Kingswood. Na ocasião em que trabalhava na escola, aquele homem estava bem
ajustado e feliz. O problema começou quando deixou a escola e assumiu outra
profissão, economicamente mais rendosa. Adquiriu riquezas, não soube se equilibrar
e abandonou a fé, a sociedade metodista e Cristo. Morreu de um momento para o
outro, sem a devida organização, sem completar o seu testamento, permitindo que
gananciosos entrassem numa aguerrida disputa pela herança.
Lembrou o lamentável episódio, mostrando aos metodistas e outras pessoas
presentes a importância de se manter regularizadas todas as questões. “Hoje
mesmo, antes de dormir, façam seus testamentos.”
Aos 86 anos de idade, em fevereiro de 1789, John Wesley já se sentia cansado e
sabia não lhe restar muito tempo de vida. Como ocorrera inúmeras vezes, refez seu
testamento, declarando sua última vontade, em documento registrado em cartório,
sobre a destinação dos seus pertences. Um item curioso do testamento traz a seguinte
recomendação: “Ofereço seis libras a serem divididas entre seis homens pobres,
nomeados pelo assistente, que levarão o meu corpo à tumba, pois particularmente
não desejo carroça, nem carruagem, nem escudo de armas, nem pompas, exceto as
lágrimas dos que me amaram e me seguirão ao seio de Abraão”.
59
V
Alegro-me pelo fato de você ter criado escolas dominicais em Newcasde. Essa tem
sido, por muitos séculos, uma das melhores instituições da Europa e fará mais e
melhor, se professores e inspetores cumprirem o seu dever. Nada impedirá o êxito
dessa bendita obra, a não ser a negligência. Portanto, você deve vigiá-los com cuidado,
para que não se cansem de fazer o bem.
100
Irlanda. Quanto à criação da sociedade metodista, é bem possível que ela tenha
. sido criada naquele verão, por Thomas Williams, líder excluído da sociedade de
JLonares tres anos antes, me roí reaamitiao e enviou çaxra a jonn wcsxcy, peumao
ajuda no trabalho. A resposta foi imediata: poucas semanas após a conclusão da
conferência de 1747, John Wesley e Trembath partiram para a Irlanda.
A segunda visita a esse país, no ano seguinte, foi muito mais tumultuada,
com gente gritando e insultando Wesley. Em Birr, durante a pregação nas ruas,
ocorreu um pequeno tumulto. Um frade carmelita começou a gritar: <£Você
mente! Você mente!”. Insuflado, um grupo impetuoso o agrediu, derrubando
e empurrando-o para fora. Em 24 de março de 1771, uma vez mais na Irlanda,
a primeira medida de Wesley foi averiguar a situação da sociedade em Dublin.
Ele sabia que choques e conflitos contínuos nos dois anos anteriores tinham
ocasionado o tropeço de muita gente, debilitado os pregadores e criado
obstáculos para muitos membros da sociedade.
Procurou inteirar-se da origem dos conflitos, sem tomar nenhuma medida
apressada, disposto a escutar as partes envolvidas, primeiro separadamente e
depois em conjunto. Na conversa com os pregadores e líderes, ficou animado e
esperançoso de que os obstáculos poderiam ser solucionados. Em outra reunião,
convocada extraordinariamente, os ânimos foram finalmente serenados e todos
se retiraram em paz.
tro
Depois desse, cinco outros sermões foram escritos, com destaque sempre
aos seus temas favoritos. Em Viver sem Deus, ele repete com mais energia que
o viver santo é mais importante que as opiniões ortodoxas. Quantas vezes
destacou que as características dos metodistas não se firmam em opiniões dessa
ou de qualquer outra natureza. Em 0 perigo do aumento das riquezas, ele denuncia
a ganância e a acumulação supérflua como elementos perigosíssimos, capazes
de destruir a vida espiritual de qualquer pessoa. Apesar de ter feito tal denúncia
por mais de 50 anos, avalia que muito pouca gente, no máximo uns 50 avarentos,
decidiram mudar de vida a partir da sua pregação. Para ele, a questão financeira
é muito séria, pois a maioria dos cristãos não vê incompatibilidade entre a fé e a
cobiça por riqueza.
Sobre afé foi o seu último sermão, de meados de janeiro de 1791, terminando
com dois versos do poema A vida da fé., escrito pelo irmão, Charles, em 1740:
“As coisas desconhecidas dos fracos sentidos / Invisíveis pelos fracos raios da
razão, / Com forte e poderosa evidência / Demonstram sua origem celestial. /
A fé empresta sua luz de reconhecimento: / As nuvens se dispersam, as sombras
voam / O invisível torna-se visível / E Deus é visto pelo olho mortal!”
103
Por conta do contato mais estreito com dissidentes (presbiterianos ou -
congregacionais), muitos estavam influenciados e inclinados a se separar da Igreja
Anglicana. Para remediar a situação, propuseram a Wesley marcar os cultos no
salão metodista no domingo, no mesmo horário dos serviços da Igreja Anglicana.
Alegaram que, se tal medida não fosse tomada, em pouco tempo os metodistas
estariam aliados aos dissidentes. Wesley não desejava abrir precedentes a esse
respeito: queria que os metodistas participassem regularmente da igreja oficial,
da Santa Ceia aos domingos e, nos demais horários, estivessem presentes nas
reuniões das sociedades. '
A medida sugerida pela liderança foi acatada por Wesley. Ele concordou
que os metodistas participassem da igreja (oficial) de St. Patrick no primeiro
domingo do mês e, nos demais, se fizessem presentes nos cultos metodistas.
Com isso, resolveu-se devidamente o problema. Os metodistas não foram mais
às reuniões dos dissidentes e voltaram a frequentar em massa St. Patrick. Wesley
destaca em seu Journal: “Observem! Isso se faz não para preparar-se para, mas
para prevenir uma separação da Igreja”.
104
espontaneidade metodista, prejudicando a ênfase na experiência cristã, ele concluiu
necessárias as regras como forma de evitar, nos cultos e reuniões metodistas, o
ensinamento de outra coisa que não a sã doutrina. A triste experiência com George
Bell e suas previsões apocalípticas exigiram medidas mais severas.
Diferentemente das demais experiências históricas que procuraram insistir
em fórmulas doutrinárias e tratados de teologia, John Wesley preparou uma
coleção de sermões, idéia primorosa que, além de permitir a presença dos
elementos essenciais da sua doutrina, conseguiu dar vazão à espontaneidade,
No púlpito, não lia seus sermões, nem esperava que os outros pregadores o
fizessem. Desde a época em que pregava em Oxford, bem antes da experiência
de Aldersgate, ele o fazia sem o uso de manuscrito, seguindo a tradição de
famosos pregadores da Igreja da Inglaterra, que insistiam no dever da pregação
ser feita a viva voz, e não lida.
Avesso à idéia da pregação improvisada, há informações de que Wesley teria
se dedicado até por semanas na elaboração de certos sermões. E mesmo depois de
prontos, caso surgissem novas idéias, ele não hesitava em fazer as alterações necessárias.
Reconhecia que o sermão pregado tinha por meta convidar o crente a crer e a obedecer,
ao passo que o sermão escrito servia para ajudá-lo a refletir e a crescer.
Foi marcante o 30 de março de 1764, dia de grande consolação para muitos dos
participantes do culto na nova igreja de Rorherham. John Wesley leu o texto bíblico
de Efésios 2,8 e repetiu um dos seus mais importantes sermões, pronunciado pela
primeira vez em 11 de junho de 1738, na igreja de Santa Maria, em Oxford, diante
da universidade. A introdução do sermão, chamado A salvação pelafé, revela:
Todas as bênçãos concedidas por Deus ao ser humano vêm unicamente da sua
gratuita liberalidade e favor. Vêm do seu favor totalmente imerecido, uma vez que
não tem direito algum à menor de Suas misericórdias. Por pura e livre graça Deus
“formou o homem do pó da terra, lhe soprou nas narinas o fôlego de vida”, pôs
sobre essa alma o selo da imagem divina e colocou tudo “debaixo de seus pés” (SI
8,6). A mesma graça que, até a dia de hoje, guarda em nós a vida, o alento e todas as
coisas; Porque o que quer que sejamos, tenhamos ou façamos, jamais mereceremos
a mínima dádiva divina. ‘Tois todas as nossas obras, tu as fazes por nós” (Is 26.12).
Todas essas coisas não são senão outras tantas provas da gratuita misericórdia
de Deus. E qualquer justiça ou retidão do ser humano é também dom de Deus.
Com o que poderá o pecador expiar o menor de seus pecados? Com suas próprias obras?'
Por muitas e santas que sejam, não são suas, mas de Deus. Por si mesmas, são iníquas
e pecaminosas, e, portanto, cada uma requer nova expiação. A árvore podre não pode
produzir senão frutos podres. O coração humano está completamente corrompido e .
abominável; encontra-se destituído da glória de Deus” (Rm 3.23), da gloriosa justiça
iniçialmente impressa sobre sua alma, segundo a imagem de seu grande Criador. Não .
tendo, pois, o que alegar, nem justiça, nem obras; a boca emudece diante de Deus.
No entanto, se o pecador encontra favor diante de Deus, é graça sobre graça (Jo 1.16). :
Se Deus se digna todavia a derramar sobre nós novas bênçãos (a maior delas, a salvação),
o que podemos dizer senão “Graças a Deus por Seu dom inefável” (2Co 9.15). “Deus.,:
prova o próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós' ;
ainda pecadores” (Rm 5.8). Assim, “pela graça sois'’salvos, por meio da fé” (Ef. 2.8). A
graça é a fonte e a fé é a condição da salvação.
Na mesma ocasião, ele se reuniu com um grupo de 60 pessoas que criam e
afirmavam com determinação que Deus as havia redimido dos pecados. Depois
de conversar com o grupo por um bom período, Wesley ficou satisfeito com a
qualidade espiritual demonstrada por todos. Apesar de todas as barreiras que
enfrentavam, todos eram muito sérios na vida cristã e nenhum deles caminhava
de forma indigna. Aprenderam a ser mansos e humildes de coração (Mt 11.29)
para em tudo adornarem a doutrina de nosso Senhor Jesus Cristo (Tt 2.10).
Foi uma boa experiência para Wesley, que deixou aquela sociedade
metodista com alegria no coração. Um homem com a sua vivência sabia bem o
que estava falando. Graças a Deus, não havia naquele grupo egoísmo, teimosia e
impaciência, marca dos metodistas de Londres.
109
beldade”. Durante os dias seguintes, a cena se repetiu em diversos lugares, dentro
verdade sobre o jejum está no meio desses dois modelos. O jejum não é tudo
fyT fora de Bristol — Baptist Mills, Hanham Mount e Two Mile Hill em Kingswood,
mas também não é irrelevante. Não é um fim em si mesmo, mas é um meio5
precioso que leva a esse fim. É um meio de graça estabelecido por Deus e ví;-Rose Green, Bath e Pensford.
Posteriormente, em 28 de agosto de 1748, Wesley se disse surpreendido pelo
quando utilizado com sabedoria e de acordo com os princípios ensinados pelj
L fato de pessoas condenarem a pregação ao ar livre, julgando-a indecente. Para
própria Bíblia, há crescimento espiritual e as bênçãos são abundantes.
ele, “a maior indecência está na Catedral de St. Paul, quando parte considerável
da congregação dorme, conversa ou olha ao redor, sem se importa ouvir uma
2 de abril - Buscando o Povo r; palavra sequer do pregador. Há muito mais decência num cemitério ou campo
A aberto, onde a congregação se comporta de forma conveniente e escuta a
Na tarde de 2 de abril de 1739, uma segunda-feira, John Wesley realizou seu pregação da Palavra de Deus”.
primeiro sermão ao ar livre. Num primeiro momento ele não pôde aceitar aquele
"‘estranho modo de pregar nos campos”. Sempre foi um obstinado com tudo o
3 de abril - Deus Continua Agindo
que fosse relacionado com decência e ordem, e considerava a salvação das almas-
quase um pecado, se não fosse feita dentro da igreja. Depois dessa primeira?
Às 9 horas da manhã de 3 de abril de 1764, Wesley pregou em Scotter,
experiência, esse seria o seu templo. A pregação ao ar livre, “na cada do sol”,
povoado situado a pouco mais de 10 quilômetros a leste de Epworth. Assim que
tornou-se a grande marca do movimento metodista. Qualquer lugar aberto era i
iniciou o sermão, surgiu uma chama do Espírito Santo e muitos se convenceram
adequado, desde que o povo pudesse se reunir e o pregador, ser ouvido. Wesley
de seus pecados quase imediatamente, sendo justificados.
logo descobriu que os cemitérios (ao lado dos templos) e as praças dos mercados
Muitos adversários do Evangelho, incitados por um homem maldoso, que
eram ótimos lugares. A pregação ao ar livre não era ilegal na Inglaterra, mas
afirmava não haver lei para os metodistas, organizaram motins e tumultos,
considerada irregular e associada aos heréticos “pobres padres” lolardos, dos
visando a atrapalhar o trabalho de Wesley. As confusões só terminaram quando
tempos da Pré-reforma, e a itinerantes dissidentes dos dias mais recentes. A
um juiz daquela comunidade, procurado por Wesley, acatou a causa e impediu a
Tudo começou com o entusiasmado George Whitefield, que desenvolveu
atividade dos baderneiros, que ficaram mansos como ovelhas.
extraordinário trabalho de evangelização em Bristol. Quando estava se mudando |
Após os trabalhos em Scotter, Wesley se dirigiu a Grimsby, povoado antes
para Gales, pediu ajohn Wesley que ocupasse o seu lugar, porque “muitos estavam |
extremamente indiferente ao Evangelho, mas agora transformado no mais vivo
maduros para ser organizados em bandas”. Segundo Whitefield: “Alegro-me
atuante da região. Ele ficou muito feliz com a descoberta do grande e rápido
sinceramente com . seu zelo infatigável e o seu grande sucesso proporcionado:
áumento na sociedade. Havia uma multidão na casa de reuniões e, mesmo
por Deus em Oxford e outros lugares. (...) Solicito sua presença aqui no finaífj
com o acréscimo das galerias, o espaço não era suficiente para tanta gente.
da próxima semana”, E reforçando o pedido, acrescentou: “Será anunciado no|
jornal desse dia”. Wesley falou sobre a natureza da perfeição cristã, que muitos indecisos quanto
■doutrina passaram a ficar completamente satisfeitos. A questão, segundo ele, é
O texto de Wesley para essa primeira experiência foi tirado do Evangelho dá
Lucas: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evaneehzaffj j&perimentar o que se crê.
No culto da noite, todos os líderes do povoado estavam presentes e viram a
aos pobres, enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração dal
ação maravilhosa do Espírito Santo. Alguns participantes caíram ao chão como
vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos e apregoar o ano aceitáveM
ortos e, logo depois, se alegraram com gozo inefável (ÍPd 1.8). Uma mulher
do Senhor” (Lc 4.18-19). Em seu Journal, ele registra sua decisão de “ser maisl|
Jbi acometida de violentos ataques. Depois do culto, wesley foi vistia-ía e a viu
vil” (2Sm 6.22), proclamando no caminho “as boas novas de salvação a mais otíl
fÇtn tremendas convulsões dos pes a cabeça e tremedeiras espantosas. Na manha
menos, o mil pessoas, ralando do pátio de urna pequena olaria localizada fora d»f
110
beldade”. Durante os dias seguintes, a cena se repetiu em diversos lugares, dentro
verdade sobre o jejum está no meio desses dois modelos. O jejum não é tudo
fyT fora de Bristol — Baptist Mills, Hanham Mount e Two Mile Hill em Kingswood,
mas também não é irrelevante. Não é um fim em si mesmo, mas é um meio5
precioso que leva a esse fim. É um meio de graça estabelecido por Deus e ví;-Rose Green, Bath e Pensford.
Posteriormente, em 28 de agosto de 1748, Wesley se disse surpreendido pelo
quando utilizado com sabedoria e de acordo com os princípios ensinados pelj
L fato de pessoas condenarem a pregação ao ar livre, julgando-a indecente. Para
própria Bíblia, há crescimento espiritual e as bênçãos são abundantes.
ele, “a maior indecência está na Catedral de St. Paul, quando parte considerável
da congregação dorme, conversa ou olha ao redor, sem se importa ouvir uma
2 de abril - Buscando o Povo r; palavra sequer do pregador. Há muito mais decência num cemitério ou campo
A aberto, onde a congregação se comporta de forma conveniente e escuta a
Na tarde de 2 de abril de 1739, uma segunda-feira, John Wesley realizou seu pregação da Palavra de Deus”.
primeiro sermão ao ar livre. Num primeiro momento ele não pôde aceitar aquele
"‘estranho modo de pregar nos campos”. Sempre foi um obstinado com tudo o
3 de abril - Deus Continua Agindo
que fosse relacionado com decência e ordem, e considerava a salvação das almas-
quase um pecado, se não fosse feita dentro da igreja. Depois dessa primeira?
Às 9 horas da manhã de 3 de abril de 1764, Wesley pregou em Scotter,
experiência, esse seria o seu templo. A pregação ao ar livre, “na cada do sol”,
povoado situado a pouco mais de 10 quilômetros a leste de Epworth. Assim que
tornou-se a grande marca do movimento metodista. Qualquer lugar aberto era i
iniciou o sermão, surgiu uma chama do Espírito Santo e muitos se convenceram
adequado, desde que o povo pudesse se reunir e o pregador, ser ouvido. Wesley
de seus pecados quase imediatamente, sendo justificados.
logo descobriu que os cemitérios (ao lado dos templos) e as praças dos mercados
Muitos adversários do Evangelho, incitados por um homem maldoso, que
eram ótimos lugares. A pregação ao ar livre não era ilegal na Inglaterra, mas
afirmava não haver lei para os metodistas, organizaram motins e tumultos,
considerada irregular e associada aos heréticos “pobres padres” lolardos, dos
visando a atrapalhar o trabalho de Wesley. As confusões só terminaram quando
tempos da Pré-reforma, e a itinerantes dissidentes dos dias mais recentes. A
um juiz daquela comunidade, procurado por Wesley, acatou a causa e impediu a
Tudo começou com o entusiasmado George Whitefield, que desenvolveu
atividade dos baderneiros, que ficaram mansos como ovelhas.
extraordinário trabalho de evangelização em Bristol. Quando estava se mudando |
Após os trabalhos em Scotter, Wesley se dirigiu a Grimsby, povoado antes
para Gales, pediu ajohn Wesley que ocupasse o seu lugar, porque “muitos estavam |
extremamente indiferente ao Evangelho, mas agora transformado no mais vivo
maduros para ser organizados em bandas”. Segundo Whitefield: “Alegro-me
atuante da região. Ele ficou muito feliz com a descoberta do grande e rápido
sinceramente com . seu zelo infatigável e o seu grande sucesso proporcionado:
áumento na sociedade. Havia uma multidão na casa de reuniões e, mesmo
por Deus em Oxford e outros lugares. (...) Solicito sua presença aqui no finaífj
com o acréscimo das galerias, o espaço não era suficiente para tanta gente.
da próxima semana”, E reforçando o pedido, acrescentou: “Será anunciado no|
jornal desse dia”. Wesley falou sobre a natureza da perfeição cristã, que muitos indecisos quanto
■doutrina passaram a ficar completamente satisfeitos. A questão, segundo ele, é
O texto de Wesley para essa primeira experiência foi tirado do Evangelho dá
Lucas: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evaneehzaffj j&perimentar o que se crê.
No culto da noite, todos os líderes do povoado estavam presentes e viram a
aos pobres, enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração dal
ação maravilhosa do Espírito Santo. Alguns participantes caíram ao chão como
vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos e apregoar o ano aceitáveM
ortos e, logo depois, se alegraram com gozo inefável (ÍPd 1.8). Uma mulher
do Senhor” (Lc 4.18-19). Em seu Journal, ele registra sua decisão de “ser maisl|
Jbi acometida de violentos ataques. Depois do culto, wesley foi vistia-ía e a viu
vil” (2Sm 6.22), proclamando no caminho “as boas novas de salvação a mais otíl
fÇtn tremendas convulsões dos pes a cabeça e tremedeiras espantosas. Na manha
menos, o mil pessoas, ralando do pátio de urna pequena olaria localizada fora d»f
110
seguinte, ela já se encontrava plenamente liberta, reconhecendo a bondade e a
misericórdia de Deus.
John Wesley iniciou seu primeiro Diary, seu diário íntimo, em 5 de abril de
1725, influenciado pelos livros 0 Viver Sanio e 0 Morrer Santo, áo. bispo Jeremy
Taylor, que assinala ser o cuidado com o tempo o primeiro instrumento da vida
santa. O empurrão definitivo veio de seu pai, Samuel, que, consultado, afirmou
não conhecer nada melhor para conduzi-lo à verdadeira piedade do que um
diário cristão.
Com a finalidade de usá-lo no meticuloso controle do uso do tempo e na
auto-avaliação espiritual permanente, Wesley manteve seu Diary até pouco antes
da morte, jamais imaginando ou pretendendo que fosse publicado.
112
Ao lado desse diário secreto, Wesley manteve o Journal.’ espécie de diário
publico, cujo primeiro volume, publicado em 1739, traz informações desde
outubro de 1735, quando da viagem à Geórgia, até janeiro de 1738, já de volta a
Inglaterra. Não há no Journal a preocupação minuciosa de descrever as atividades
desenvolvidas de hora em hora, nem o objetivo de uma avaliação espiritual
permanente. O que há são relatos de viagens, experiências de pregação, inúmeros
outros assuntos sérios e também depoimentos mais extrovertidos sobre questões
prosaicas, alheias totalmente ao âmbito religioso.
No Journal de 5 de abril de 1790, ele anota que,S estando em
Northwich, presenciou um fato muito interessante, um dos fenômenos mais
extraordinários que tinha visto ou ouvido falar. O sr. Seller lhe mostrou, no
pátio de sua casa, um grande cachorro Newfoundland e um velho corvo.
Os dois animais se apaixonaram tanto um pelo outro que não mais se
desgrudavam. A intimidade chegou a ser tão grande que o pássaro aprendeu
a imitar o latido do cachorro tão perfeitamente que ficava difícil distinguir
um do outro. Muitas vezes se ouvia o cachorro latindo, mas, na verdade, era
o corvo imitador. Outro dado curioso confirmando a forte paixão dos dois
animais é que quando, por alguma razão, o cachorro saía de casa, o corvo
mostrava-se visivelmente inconsolável. No caso de o cachorro permanecer
fora de casa alguns dias, o corvo recolhia seus ossos e restos de alimento,
guardando-os até a volta do companheiro.
113
um tratamento demorado. Entretanto, o paciente voltou a se movimentar antes
do tempo recomendado, de forma que não houve o restabelecimento completo.
Sete anos depois, convertido à fé cristã, regressava da igreja quando tropeçou
num pedaço de madeira e caiu pesadamente sobre o tornozelo machucado.
Ao tentar se levantar, percebeu a nova e grave lesão. Estendido ao solo, orou:
“O Senhor, não poderei ouvir ã Tua Palavra durante algumas semanas”.
Imediatamente, sugeriu-lhe uma voz interior: “Invoca o nome de Jesus Cristo
e ficarás curado”. Ao ouvir aquilo, saltou, esticou o pé e disse: “Senhor Jesus
Cristo, invoco o Teu nome, permita-me a cura”. No mesmo instante a dor
passou e o pé estava completamente restabelecido.
Charles Wesley casou-se com Sarah Gwvnne no dia 8 de abril de 1749. Seu
U primeiro contato com Sarah ocorreu em Bristoj e, depois disso, ele a visitou
algumas vezes em Garth, sua cidade natal. A cerimônia de casamento realizou-se
numa capela próxima à casa da noiva. Charles contava com 42 anos e Sarah com
23. Diferentemente do casamento de John, o de Charles Wesley foi muito feliz.
O casal teve oito filhos, mas apenas três sobreviveram, dois homens, Charles e
Samuel, e uma mulher, Sarah.
Depois de casado, Charles continuou como pregador itinerante por poucos
anos. Abandonou a itinerância em 1757, estabelecendo-se em Bristol até 1771,
quando mudou-se definitivamente para Londres. Na capital, passou a dedicar
mais tempo às sociedades metodistas da cidade, pregava frequentemente na
;; City Road Chapei e desenvolveu excelente trabalho pastoral com os presos. Não
^apenas* os visitava e pregava o Evangelho, como também escreveu inúmeros
hinos para serem cantados por eles.
Depois de seis anos de casados, num texto à esposa, Charles Wesley confessa:
Ao ler as passagens sobre o nosso casamento, você não pode imaginar quanto amor
lhe tenho e a todos da sua família. Sua mãe, pai, irmã, primas e criadas têm se portado
de tal modo comigo que não posso deixar de amá-los. E me recordo com prazer de
todos os passos e circunstâncias em que a Providência Divina nos guiou em nosso
amor. Regozijo-me ao refletir sobre nossa união tão. abençoada e me sinto grato a
todos que contribuíram para isso. Acima de tudo, quero agradecer ao nosso Benfeitor
por haver dado você ao meu coração, para lhe satisfazer os desígnios e levar-lhe as
“bodas do Cordeiro”.
117
Reconhecendo que aquela dinâmica não estava trazendo o resultado esperado]?
contribuindo até para reforçar o problema, Wesley achou necessário recorrer ar
um expediente mais eficaz. Convidou todos para orar juntos, permitindo' ao:
Espírito Santo realizar o que eles não estavam conseguindo. A proposta foi:
acolhida e quase imediatamente o grande poder de Deus se manifestou sobre
todos. Começaram a chorar, tocados pela graça divina. Os mais exaltados e
encolerizados romperam em grande pranto e, em poucos minutos, estavam se
abraçando, pedindo perdão e perdoando. Em pouco tempo desapareceu qualquer
resquício de conflito. Estavam unidos, bem mais do que nunca.
John Wesley adorava pregar. Na sua última Páscoa, em abril de 1790, ele
jpfj>regou duas vezes, de manhã e à noite, sem sentir o mínimo cansaço. Por volta
de 1.600 pessoas participaram da Ceia do Senhor. Naquela noite, ele dormiu
feliz e em paz.
Pregou dezenas de milhares de sermões, em grande parte confirmados em
seus diários. A seguir, algumas experiências registradas por Wesley:
1. Em 14 de setembro de 1740, ao regressar à noite à sua casa, não tinha
ainda descido da carruagem quando uma multidão o assediou.
Regozijei-me e louvei o Senhor, reconhecendo ser aquele o momento que havia
buscado. Imediatamente falei aos que estavam ao redor sobre a “justiça e o juízo
vindouro” (At 24.25). No início, nem todos escutaram, pois era grande o barulho.
Mas, aos poucos, o silêncio aumentou até o ponto de uma congregação silenciosa
e atenta. Ao deixá-los, mostravam muito amor e nos despedimos com uma bênção.
de uma dupla fileira de arvores semeada por ele propno 40 anos antes.
“Alguém poderia imaginar que as árvores teriam um dia essa finalidade? O
sol brilhava tão quente como na Geórgia, mas seus ráios não conseguiram
penetrar nossa cobertura. E o nosso Senhor, enquanto isso, brilhou sobre
muitas almas e refrescou os abatidos.”
119
7
14 de abril - Chegam Novos Ajudantes goutrina e a disciplina metodista publicadas nos quatro volumes dos Sermões e
aas Notas sobre 0 Novo Testamento, junto com as Atas extensas da conferência.
 missão merodista na América recebeu grande reforço em abril de 1773
com a chegada de Thomas Rankin, escolhido assistente geral por John Wesley IS de abril - Santificação é o Grande Tesouro
Antes de Rankin, em 1769, tinham chegado Richard Boardman ejoseph Piknoor
e, em 1771, Francis Asbury. Também em 1773 realizou-se a primeira conferência A Em abril de 1777, John Wesley lançou os alicerces da nova capela metodista
dos pregadores metodistas na América, com dez pregadores, cinco distritos e na City Road. Na ocasião, ele pregou com base no texto de Números 23.23,
1.160 membros. ig abordando o metodismo como o “despertar e o progresso de um extraordinário
Em carta dirigida a Rankin, no início de dezembro de 1773, Wesley trabalho de Deus”. Segundo ele, o metodismo não consistia numa nova religião,
recomenda tratar as sociedades com odmismo: não se deveria afirmar mas na “antiga” religião da Bíblia, da igreja primitiva.
continuamente que elas estavam ruins ou mortas, pois tal prática redundaria Anos depois, já no final do seu ministério, ele reflete sobre a singularidade
em seu fracasso. O ideal era o esforço em estimular sempre as esperanças do metodismo, dizendo que “a doutrina da santificação é o grande tesouro
do grupo, falando ao mesmo tempo com júbilo e determinação e exortando depositado por Deus nas mãos do povo chamado metodista”. Entretanto,
constantemente tempos melhores. 7 nem todos os pregadores do movimento assumiram devidamente essa norma,
O momento político era bastante delicado: muitos colonizadores resumida por Wesley para Robert C. Brackenbury, em 15 de setembro de
identificavam os metodistas como traidores, por causa da fiel lealdade de Wesley 1790. Os pregadores metodistas formavam um grupo heterogêneo e exigiam
à Coroa. Defensor intransigente da perspectiva Tory, ele cria na idéia de que acompanhamento constante: alguns, de determinado circuito, nem sequer
Deus, e não o povo, era a fonte de todo o poder. Em pronunciamento escrito aos abordavam o tema do grande tesouro depositado por Deus, outros se concentravam
pregadores metodistas, em Io. de março de 1775, Wesley faz algumas importantes exclusivamente na temática do amor de Deus.
recomendações, reconhecendo a difícil situação por eles vivida: Ao irmão Charles, que, durante certo período, esteve incumbido de examinar
A responsabilidade de vocês é converter-se em agentes da paz, ser carinhosos e os pregadores metodistas, John Wesley assinalou, em julho de 1766; “Busca o
atentos com todos, mas sem incorporar qualquer partido. Apesar das insistências, que puderes, até encontrar o que quiser. Não espere homens sem manchas nem
das palavras duras ou suaves, não digam uma só palavra contra um lado ou outro. ; rugas”. Em 1751, preocupado com o fato de não ter pregadores suficientes para
Mantenham-se puros, façam o que puderem para suavizar as coisas, só não abracem A ;; cuidar das sociedades já estabelecidas, John recomendou ao irmão não ser tão
as brigas dos outros. Estejam sempre unidos, porque isso é sumamente importante. A ' inflexível na avaliação, nem reprovar “os jovens sem muita necessidade”.
Não evitem apenas amarguras ou ira entre voçês, mas também a timidez e a frieza. 7
Para conseguir o mínimo de unidade entre os pregadores, Wesley teve de se
Identifiquem uC pessoas que tratarão de colocá-los uns com os outros. Sempre
encontrarão tais pessoas. ..■esforçar bastante. Ao amigo Charles Perronet, confidenciou: “Se pudéssemos,
' por uma vez, levar todos os nossos pregadores, itinerantes e locais, uniforme s
Nem todos os pregadores enviados por Wesley permaneceram na América, ir fifirmemente a insistir nos dois pontos Cristo morrendo por nós e Cristo reinando em
Papel importantíssimo foi desenvolvido por Francis Asbury, confirmado como A pós, abalaríamos as trêmulas portas do inferno”.
assistente gerai para a América, em setembro de 1783, logo após a conclusão J Visando a essa tão desejada unidade, nasceu, em 1746, um projeto de
política da guerra da independência, com a assinatura da Paz de Paris. Na carta - ; .teguiamentar a recepção de novos pregadores. Esse exame dos pregadores
enviada aos pregadores na América, Wesley confirma a nomeação e assinala não 7
constava de inúmeras perguntas:
querer que “nossos Irmãos americanos recebam ninguém que não o aceite como |
Eles sabem em quem têm crido? Possuem o amor de Deus em seus corações?
assistente geral”. Ele também faz um apelo para que todos se decidam a cumpní
Desejam e buscam somente a Deus? Eies são santos em todo c seu comportamento?
izi
7
14 de abril - Chegam Novos Ajudantes goutrina e a disciplina metodista publicadas nos quatro volumes dos Sermões e
aas Notas sobre 0 Novo Testamento, junto com as Atas extensas da conferência.
 missão merodista na América recebeu grande reforço em abril de 1773
com a chegada de Thomas Rankin, escolhido assistente geral por John Wesley IS de abril - Santificação é o Grande Tesouro
Antes de Rankin, em 1769, tinham chegado Richard Boardman ejoseph Piknoor
e, em 1771, Francis Asbury. Também em 1773 realizou-se a primeira conferência A Em abril de 1777, John Wesley lançou os alicerces da nova capela metodista
dos pregadores metodistas na América, com dez pregadores, cinco distritos e na City Road. Na ocasião, ele pregou com base no texto de Números 23.23,
1.160 membros. ig abordando o metodismo como o “despertar e o progresso de um extraordinário
Em carta dirigida a Rankin, no início de dezembro de 1773, Wesley trabalho de Deus”. Segundo ele, o metodismo não consistia numa nova religião,
recomenda tratar as sociedades com odmismo: não se deveria afirmar mas na “antiga” religião da Bíblia, da igreja primitiva.
continuamente que elas estavam ruins ou mortas, pois tal prática redundaria Anos depois, já no final do seu ministério, ele reflete sobre a singularidade
em seu fracasso. O ideal era o esforço em estimular sempre as esperanças do metodismo, dizendo que “a doutrina da santificação é o grande tesouro
do grupo, falando ao mesmo tempo com júbilo e determinação e exortando depositado por Deus nas mãos do povo chamado metodista”. Entretanto,
constantemente tempos melhores. 7 nem todos os pregadores do movimento assumiram devidamente essa norma,
O momento político era bastante delicado: muitos colonizadores resumida por Wesley para Robert C. Brackenbury, em 15 de setembro de
identificavam os metodistas como traidores, por causa da fiel lealdade de Wesley 1790. Os pregadores metodistas formavam um grupo heterogêneo e exigiam
à Coroa. Defensor intransigente da perspectiva Tory, ele cria na idéia de que acompanhamento constante: alguns, de determinado circuito, nem sequer
Deus, e não o povo, era a fonte de todo o poder. Em pronunciamento escrito aos abordavam o tema do grande tesouro depositado por Deus, outros se concentravam
pregadores metodistas, em Io. de março de 1775, Wesley faz algumas importantes exclusivamente na temática do amor de Deus.
recomendações, reconhecendo a difícil situação por eles vivida: Ao irmão Charles, que, durante certo período, esteve incumbido de examinar
A responsabilidade de vocês é converter-se em agentes da paz, ser carinhosos e os pregadores metodistas, John Wesley assinalou, em julho de 1766; “Busca o
atentos com todos, mas sem incorporar qualquer partido. Apesar das insistências, que puderes, até encontrar o que quiser. Não espere homens sem manchas nem
das palavras duras ou suaves, não digam uma só palavra contra um lado ou outro. ; rugas”. Em 1751, preocupado com o fato de não ter pregadores suficientes para
Mantenham-se puros, façam o que puderem para suavizar as coisas, só não abracem A ;; cuidar das sociedades já estabelecidas, John recomendou ao irmão não ser tão
as brigas dos outros. Estejam sempre unidos, porque isso é sumamente importante. A ' inflexível na avaliação, nem reprovar “os jovens sem muita necessidade”.
Não evitem apenas amarguras ou ira entre voçês, mas também a timidez e a frieza. 7
Para conseguir o mínimo de unidade entre os pregadores, Wesley teve de se
Identifiquem uC pessoas que tratarão de colocá-los uns com os outros. Sempre
encontrarão tais pessoas. ..■esforçar bastante. Ao amigo Charles Perronet, confidenciou: “Se pudéssemos,
' por uma vez, levar todos os nossos pregadores, itinerantes e locais, uniforme s
Nem todos os pregadores enviados por Wesley permaneceram na América, ir fifirmemente a insistir nos dois pontos Cristo morrendo por nós e Cristo reinando em
Papel importantíssimo foi desenvolvido por Francis Asbury, confirmado como A pós, abalaríamos as trêmulas portas do inferno”.
assistente gerai para a América, em setembro de 1783, logo após a conclusão J Visando a essa tão desejada unidade, nasceu, em 1746, um projeto de
política da guerra da independência, com a assinatura da Paz de Paris. Na carta - ; .teguiamentar a recepção de novos pregadores. Esse exame dos pregadores
enviada aos pregadores na América, Wesley confirma a nomeação e assinala não 7
constava de inúmeras perguntas:
querer que “nossos Irmãos americanos recebam ninguém que não o aceite como |
Eles sabem em quem têm crido? Possuem o amor de Deus em seus corações?
assistente geral”. Ele também faz um apelo para que todos se decidam a cumpní
Desejam e buscam somente a Deus? Eies são santos em todo c seu comportamento?
izi
Têm dons (e também a graça) para o trabalho? Possuem (em um grau tolerável)
compreensão clara e profunda? Conservam o julgamento correto das coisas de
Deus? Trazem consigo a concepção justa da salvação pela fé? Deus lhes deu o dom
da elocução? Falam justa, fácil e claramente? Têm frutos? Falam, em geral, apenas
para convencer ou influenciar os ouvintes? Ou têm obddo a remissão dos pecados
mediante suas pregações? E também a sensação clara e duradoura do amor de Deus?
122
conhecendo Deus, entenderemos Sua natureza e Suas obras da criação, da
M -providência e da redenção.
Wesley sempre se mostrou avesso a discutir temas para ele irrelevantes.
Qualquer polêmica só poderia ser levada a efeito se tivesse relação com artigos
básicos da fé cristã. O céu não é um tema que exija uma teologia mais elaborada.
Assinala ele: “Certamente, quando estivermos lá, no paraíso, apenas em uma hora
aprenderemos muito mais do que durante todo o transcurso de nossa vida física”.
124
19 de abril - É Preciso Reformar
125
o sermão, os mesmos desordeiros começaram a atirar pedras e terrões. Dois
deies o espancaram com toda - - -y na cabeça e no peito, chutando-o quando
já estava caído ao chão. Julgando-o morto, deixaram-no. Mas pela misericórdia
de Deus, foi novamente acolhido, voltou a si e, depois de uma noite de descanso,
já estava recuperado para continuar seu ministério.
daga: “Em que sentido crê ser necessário aquebraritar o meu poder e reduzir
'.minha autoridade a limites aceitáveis?”. A questão do poder relacionava-se
•i diretamente com o tema da separação da Igreja da Inglaterra, que também
afastava os irmãos. Charles dispunha-se a evitar a separação da Igreja a qualquer
feeusto, ao passo que John também o queria, mas não de forma tão determinada.
iReferindo-se ao irmão, Charles revela: “Seu primeiro objetivo era o metodismo,
.depois a Igreja. O meu era primeiro a Igreja e, depois, os metodistas”.
Em alguns momentos o tema da separação se tornou mais candente. For
,esse motivo, Charles não participou da conferência de 1785, irritado com o que
considerava “fraqueza dp irmão” a respeito do assunto. Em carta de 19 de agosto
pde 1785, John diz ao irmão pretender ser muito objetivo e, se ele estivesse de
Jacordo seria ótimo, mas, se não, poderíam “concordar em estar em desacordo”,
como falava Whitefield. Concluindo, faz um comovente apelo: “Se quiser caminhar
de acordo comigo, faça-o. Porém, não seja um obstáculo para mim se não quiser
ajudar. Talvez, se tivesse permanecido ao meu lado, eu conseguiría fazer melhor.
Mas, sem dúvida, com a sua ajuda ou sem ela, avanço lentamente”.
Apesar das diferenças, os dois irmãos se respeitavam profundamente. Em
27 de junho de 1766, John registra que a distância era um estratagema de Satanás
e que eles precisavam ser mais inteligentes, pensar em voz alta, usar a luz e a
graça por eles recebida para se ajudar mutuamente. Mais tarde, em carta de 14
de junho de 1768, desabafa: “Estou cansado de nossas guerras internas, dos
pregadores falando um contra o outro. Acertemos isso, de uma vez por todas”.
128 ■
de forma contraditória a ela. A terceira diretriz, recomendada repetidamente
,por Wesley a seus pregadores, é a escolha de textos com sentido claro. O
propósito da pregação é informar a mensagem da Bíblia, chamar os ouvintes
J ao arrependimento e à obediência, e não procurar elucidar passagens obscuras,
destrinçar profundidades teológicas ou demonstrar erudição.
A advertência contra os perigos de uma interpretação excessivamente
alegórica ou espiritualizada é a quarta diretriz. O texto bíblico, sempre que
possível, deve ser considerado em seu sentido literal. Somente se recorre à
alegoria nos casos em que o senddo literal contradiz a mensagem da Bíblia, do
amor de Deus.
A quinta diretriz de Wesley sugere evitar o tom moralista da pregação cristã,
limitada a dizer aos ouvintes o que devem fazer. Os mandatos de Deus também
são promessas e Ele não nos manda fazer nada sem, ao mesmo tempo, prometer
a graça necessária à sua realização. Trata-se do equilíbrio entre Evangelho e Lei.
Deve-se falar sobre os mandamentos, sobre aquilo que se requer de nós, mas não
se pode esquecer da graça maravilhosa de Deus, oferecida na medida certa para
cumprir o que é mandado.
Por último, Wesley fala sobre os perigos de uma interpretação bíblica
excessivamente particular. Considera-se orgulhosamente um homo unius libri
(homem de um só livro), enfatizando a autoridade suprema das Escrituras, mas
também acha que, apesar de todas as possibilidades de equívocos, a Igreja e a
tradição podem servir como guia, menos sujeito ao erro do que uma interpretação
individual e solitária.
ou cereal com água Com a ajuda de Deus, isso lhe protegerá de uma desordem nervosa,
como se estivesse na presença de Deus. Que não tenho me portado como desejo 'IP
espeqalmente se levantar bem cedo, todas as manhãs, quer pregue quer não. Seja firmemente
um seguidor sério e humilde de Jesus Cristo. Não tenho sido muito exemplar em
sério; não há outro país no mundo onde isso c mais necessário do que na Irlanda. (...)
meu comportamento, que deveria ser consistente com o trabalho importante para
Em cada povoado, visite de casa em casa a todos que puder. (...) E por esse meio que
o qual fui designado. (...) Não estou livre de culpa, mas ultimamente descobri, ou D; I
as sociedades crescem, onde quer que Thomas Ryan esteja. Desde cedo até à noite ele
melhor, senti em minha alma muitos obstáculos à obra de Deus. Antes os via,
prega, advertindo cada pessoa, para poder apresentá-la perfeita diante de Jesus Cristo. Em
mas em vão, sem me preocupar em libertar-me deles. Portanto, permaneceram
toda e qualquer ocasião, evite familiaridade com as mulheres. Ela é um veneno mortífero,
como outras tantas barreiras insolúveis em meu caminho. Ultimamente estive
tanto para elas como para você. Não há como pecar por ser demasiado cauteloso nesse
muito confuso, uma vez que as repreensões recebidas me colocaram sob
assunto. Comece a fazê-lo desde agora. O tópico principal de sua conversação, tanto como
estrito auto-exame. De imediato, encontrei muitos aspectos negativos que se
de sua pregação, devem ser os temas mais importantes da lei. Há também várias coisas
mostraram uma carga tão pesada a ponto de eu passar dias inteiros aflito. (...)
pequenas a serem realizadas com sinceridade. Eis algumas delas: Seja ativo e diligente,
Estive por muito tempo em estado de morte, sem vida, tendo perdido os agradáveis
sabores do amor de Deus por mim um dia desfrutados. Não conseguia encontrar
I evite a preguiça, a moleza e a indolência Fuja delas, senão nunca passará de meio cristão.
Seja limpo. Nesse aspecto os metodistas deveríam imitar o padrão dos quakers. Evite o
prazer na oração, nem orar com o coração. Se me forçava a orar (já que era uma cruz
aspecto desagradável, a sujeira, o desasseio em sua pessoa, roupa, casa e tudo o que o
dolorosa), a vergonha cobria meu rosto e mal podia levantar os olhos, consciente da
rodeia. (...) Que sua roupa sempre esteja em bom estado. Nunca a use rasgada, esfarrapada.
infidelidade a Deus e da negligência da minha vigilância, Ficou suspensa toda relaçãoA
entre Deus e minha alma. (...) Quando me apresentava sozinho diante de Deus À (...) Remende suas roupas ou não espere que as pessoas remendem suas vidas. Que
ninguém veja um metodista maltrapilho. Fique limpo dos piolhos. Eles são prova da
procurando colocar minhas queixas, minha boca se fechava e o diabo sussurrava '■&
falta de limpeza e de asseio. Não corte o seu cabelo; mantenha-o sempre limpo. (...)
aos meus ouvidos: “Em que te ajuda a oração?”. Se continuava perseverante fS
na oração, minha mente se enchia de milhares de pensamentos supérfluos, de Não use tabaco, a menos que receitado por um médico. E um capricho impuro e
modo a não conseguir permanecer ajoelhado. Meu coração se endurecia cada daninho. Rompa com esse costume pernicioso. (...) Os cristãos não devem
vez mais, a ponto de me fazer imaginar que logo estaria completamente perdido; 3 continuar com tal vício. Não toque o licor. É fogo líquido, veneno seguro e lento,
Mas bendito seja o Senhor! Algum tempo atrás encontrei um avivamento de i que drena as forças da vida. À bebida, ao tabaco em pó e às casas cheias de fumo
amor e passei a ter mais comunhão com Deus do que em outros tempos recentes. v|| atribuo a cegueira tão comum nç país.
Que seja meu cuidado constante vigiar e orar, pois a negligência nessas coisas foi
a causa principal da minha morte anterior! A ligeireza e a inconstância mentaí
que me oprimiam agora desapareceram. Com freqüência, encontro grande;;; S5 de abril - Falecimento de Samuel
doçura em minha alma e posso chorar por minha passada ingratidão a Deus!
Ore por mim, estimado senhor. (...) Não posso deixar de agradecer pelo muito Samuel, pai dos irmãos Wesiey, faleceu no dia 25 de abril de 1735, aos 69
que lhe devo, diante de Deus, por seu cuidado, repreensões e bondade. Quf íos de idade. Seu ministério pastoral havia sido desenvolvido na comunidade de
Deus lhe recompense!
Ipworth, pequena vila com população de dois mil habitantes, que não mediram
Isforços para atrapalhar seu trabalho pastoral. Perseguições, ódios, prisões
24 de aDril — Cuidando da Saúde lovimentaram a sua vida. Amigos recomendavam-lhe abandonar o lugar, mas
jfe se manteve sempre firme e decidido. Em 1705, era carta dirigida ao arcebispo
Durante sua visita à Irlanda, Wesiey escreveu, em 24 de abril de 1769, uíril York, Samuel conta um pouco das suas lutas.
severa carta ao pastor Pichará Steel, com 13 sugestões sobre pregação, visitação! A maioria dos meus amigos mc aconselha a abandonar Epworth, se é que reaimente
saúde e comportamento, entre outros temás. me proponho a sair daqui com vida. Confesso que não compartilho essa idéia, pois
imagino poder ainda fazer algum bem ali, Eu me sentiría covarde se desertasse do
Quero lhe dizer as coisas que tenho em mente desde meu regresso da Irlanda. Se nãdt meu posto, só porque o inimigo concentra seus' dardos inflamados contra mim. Np
as levar cm conta-, sofrerá; se as observar, será bom para nós dois. Comecemos com'fJ momento, chegaram a ferir-me, mas creio que não poderão matar-me.
pequenas. Se a saúde é importante para você, não jante nada mais que um bouco de le!f^
131
ISO
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ou cereal com água Com a ajuda de Deus, isso lhe protegerá de uma desordem nervosa,
como se estivesse na presença de Deus. Que não tenho me portado como desejo 'IP
espeqalmente se levantar bem cedo, todas as manhãs, quer pregue quer não. Seja firmemente
um seguidor sério e humilde de Jesus Cristo. Não tenho sido muito exemplar em
sério; não há outro país no mundo onde isso c mais necessário do que na Irlanda. (...)
meu comportamento, que deveria ser consistente com o trabalho importante para
Em cada povoado, visite de casa em casa a todos que puder. (...) E por esse meio que
o qual fui designado. (...) Não estou livre de culpa, mas ultimamente descobri, ou D; I
as sociedades crescem, onde quer que Thomas Ryan esteja. Desde cedo até à noite ele
melhor, senti em minha alma muitos obstáculos à obra de Deus. Antes os via,
prega, advertindo cada pessoa, para poder apresentá-la perfeita diante de Jesus Cristo. Em
mas em vão, sem me preocupar em libertar-me deles. Portanto, permaneceram
toda e qualquer ocasião, evite familiaridade com as mulheres. Ela é um veneno mortífero,
como outras tantas barreiras insolúveis em meu caminho. Ultimamente estive
tanto para elas como para você. Não há como pecar por ser demasiado cauteloso nesse
muito confuso, uma vez que as repreensões recebidas me colocaram sob
assunto. Comece a fazê-lo desde agora. O tópico principal de sua conversação, tanto como
estrito auto-exame. De imediato, encontrei muitos aspectos negativos que se
de sua pregação, devem ser os temas mais importantes da lei. Há também várias coisas
mostraram uma carga tão pesada a ponto de eu passar dias inteiros aflito. (...)
pequenas a serem realizadas com sinceridade. Eis algumas delas: Seja ativo e diligente,
Estive por muito tempo em estado de morte, sem vida, tendo perdido os agradáveis
sabores do amor de Deus por mim um dia desfrutados. Não conseguia encontrar
I evite a preguiça, a moleza e a indolência Fuja delas, senão nunca passará de meio cristão.
Seja limpo. Nesse aspecto os metodistas deveríam imitar o padrão dos quakers. Evite o
prazer na oração, nem orar com o coração. Se me forçava a orar (já que era uma cruz
aspecto desagradável, a sujeira, o desasseio em sua pessoa, roupa, casa e tudo o que o
dolorosa), a vergonha cobria meu rosto e mal podia levantar os olhos, consciente da
rodeia. (...) Que sua roupa sempre esteja em bom estado. Nunca a use rasgada, esfarrapada.
infidelidade a Deus e da negligência da minha vigilância, Ficou suspensa toda relaçãoA
entre Deus e minha alma. (...) Quando me apresentava sozinho diante de Deus À (...) Remende suas roupas ou não espere que as pessoas remendem suas vidas. Que
ninguém veja um metodista maltrapilho. Fique limpo dos piolhos. Eles são prova da
procurando colocar minhas queixas, minha boca se fechava e o diabo sussurrava '■&
falta de limpeza e de asseio. Não corte o seu cabelo; mantenha-o sempre limpo. (...)
aos meus ouvidos: “Em que te ajuda a oração?”. Se continuava perseverante fS
na oração, minha mente se enchia de milhares de pensamentos supérfluos, de Não use tabaco, a menos que receitado por um médico. E um capricho impuro e
modo a não conseguir permanecer ajoelhado. Meu coração se endurecia cada daninho. Rompa com esse costume pernicioso. (...) Os cristãos não devem
vez mais, a ponto de me fazer imaginar que logo estaria completamente perdido; 3 continuar com tal vício. Não toque o licor. É fogo líquido, veneno seguro e lento,
Mas bendito seja o Senhor! Algum tempo atrás encontrei um avivamento de i que drena as forças da vida. À bebida, ao tabaco em pó e às casas cheias de fumo
amor e passei a ter mais comunhão com Deus do que em outros tempos recentes. v|| atribuo a cegueira tão comum nç país.
Que seja meu cuidado constante vigiar e orar, pois a negligência nessas coisas foi
a causa principal da minha morte anterior! A ligeireza e a inconstância mentaí
que me oprimiam agora desapareceram. Com freqüência, encontro grande;;; S5 de abril - Falecimento de Samuel
doçura em minha alma e posso chorar por minha passada ingratidão a Deus!
Ore por mim, estimado senhor. (...) Não posso deixar de agradecer pelo muito Samuel, pai dos irmãos Wesiey, faleceu no dia 25 de abril de 1735, aos 69
que lhe devo, diante de Deus, por seu cuidado, repreensões e bondade. Quf íos de idade. Seu ministério pastoral havia sido desenvolvido na comunidade de
Deus lhe recompense!
Ipworth, pequena vila com população de dois mil habitantes, que não mediram
Isforços para atrapalhar seu trabalho pastoral. Perseguições, ódios, prisões
24 de aDril — Cuidando da Saúde lovimentaram a sua vida. Amigos recomendavam-lhe abandonar o lugar, mas
jfe se manteve sempre firme e decidido. Em 1705, era carta dirigida ao arcebispo
Durante sua visita à Irlanda, Wesiey escreveu, em 24 de abril de 1769, uíril York, Samuel conta um pouco das suas lutas.
severa carta ao pastor Pichará Steel, com 13 sugestões sobre pregação, visitação! A maioria dos meus amigos mc aconselha a abandonar Epworth, se é que reaimente
saúde e comportamento, entre outros temás. me proponho a sair daqui com vida. Confesso que não compartilho essa idéia, pois
imagino poder ainda fazer algum bem ali, Eu me sentiría covarde se desertasse do
Quero lhe dizer as coisas que tenho em mente desde meu regresso da Irlanda. Se nãdt meu posto, só porque o inimigo concentra seus' dardos inflamados contra mim. Np
as levar cm conta-, sofrerá; se as observar, será bom para nós dois. Comecemos com'fJ momento, chegaram a ferir-me, mas creio que não poderão matar-me.
pequenas. Se a saúde é importante para você, não jante nada mais que um bouco de le!f^
131
ISO
Com salário muito pequeno, sofrendo inúmeras vicissitudes, ele conseguiu
dar aos filhos a melhor educação possível na Inglaterra da época. Para John,
escreveu que lutaria duramente, visando a obter o dinheiro necessário à sua
ordenação. Além desse üpo de apoio, sempre incentivou os filhos, escrevendo- •' Ú
lhes, todos os dias, cartas extraordinárias. Teve de superar muitos desafios, como
se pode observar em uma de suas orações:
Estou cansado de minhas aflições, meu coração me falha, a luz de meus olhos vai se ír
apagando, afundo em águas profundas e não há quem possa ajudar-me. Mas ainda
assim espero meu Deus. Embora todos me abandonem, o Senhor me susterá e Nele
encontrarei sempre a mais verdadeira, carinhosa, compreensiva, infindável e poderosa
amizade. Deixem-me que Nele eu alegre minha alma atribulada e descanse de todas
as minhas tristezas.
132
sua saída de Newcasde a essa longa viagem missionária, ele preocupava-
í se-com o inchaço em sua coxa direita. No início da viagem, o ferimento
era pequeno e não incomodava a sua locomoção. Uma semana depois, o
pequeno sinal já havia se tomado o tamanho de um ovo de galinha e, no dia
anterior aos cultos, 25 de abril, o que poderia ser um furúnculo estourou,
deixando-o bastante preocupado com o fato de não poder montar a cavalo,
sobretudo um cavalo trotador, como era o seu, e de não ter como cumprir
seus compromissos.
No dia seguinte ao culto em Musselburgh, Wesley viajou já bem cedo a
Glasgow. Olhando o ferimento, percebeu uma vez mais a mão de Deus: o
inchaço diminuira sensivelmente e ele podia prosseguir tranqüilo. Dois ou três
dias mais tarde, já não havia mais sinal do ferimento. Embora acostumado
com o tratamento de enfermidades daquele tipo, não sabia o certo o que lhe
ocorrera. Se tinha sido um furúnculo, era único, pois em nenhum momento
sentira qualquer dor ou incômodo maior. Mesmo sem uma idéia precisa do
ocorrido, acreditou não ter muito a questionar, reconhecendo a ação de Deus,
mais uma vez, em sua vida.
Entre as inúmeras acusações sofridas por Wesley, uma delas era a de que
transformava os trabalhadores em vagabundos e, em decorrência disso, muitas
famílias se tornavam mendigas. Em Um chamado fervoroso às pessoas razoáveis e
religiosas, ele se defende da acusação:
Vou explicar como se originou tal acusação. Dois ou três anos após o meu regresso da América,
um capitão Robert Williams, de Bnstol, apresentou ao intendente da cidade uma declaração
sobre ser de conhecimento geral o fato de eu tirar as pessoas do trabalho, convertendo-as
em odosas, por pregar-lhes demasiadamente. Na verdade, tudo ocorreu do seguinte modo.
Quando retomei de Savannah, a maioria das pessoas se levantava às 7 ou 8 da manhã. Os que
trabalhavam, o faziam até as 6 da tarde, poucos atéas 7, horário em que, no verão, o solse esconde.
Comecei as orações e pregações nos pehodos da manhã e da noite: o serviço matutino
tinha inído às 5 e terminava antes das 6 horas e o vespertino principiava às 7 horas da J
noite. Pois bem, supondo que todos os adultos assistissem as pregações de manhã e à "
tarde, isso os transformaria em gente odosa? Teriam menos ou mais tempo para trabalhar?
Continuo seguindo a mesma regra em Londres, Bnstol e Newcasde, conduindo o serviço
religioso, seja verão seja inverno, antes das 6 da manhã e não começo antes das 7 da noite.
Muito bem. Vocês, que fazem tais objeções, por acaso trabalham o ano todo das 6 às 6?
Queriam que todos trabalhassem dessa maneira? Poderão chamar de odosos ps que
cumprem esse horário? É verdade que alguns costumam trabalhar mais horas. A estes
aconselho não vir nos dias de semana, sendo evidente que seguem o meu conselho, com
raras exceções, em alguma ocasião extraordinária. Porém, espero que nenhum de vocês,
que demitem essas pessoas de seus empregos, se atreva a afirmar que eu os converto em
odosos. Estamos tão distantes de estimular a ociosidade que não permitimos aos conheddos -
como odosos partidpar de nossas sodedades. São expulsos como se fossem ladrões ou ;i
assassinos. Mostrar diligência em tudo (assim como frugalidade) é uma das regras das quais ,7|
fazemos as mais minudosas averiguações. . :J§
de nossos hinos, que em parte afirmam e em parte sugerem essa impossibilidade o que pregar do que muitos dos nossos pregadores. Sem dúvida, estou seguro de
Não insisto em usar o termo livre do pecado, tampouco me oponho ao seu uso que, se precisasse pregar três anos consecutivos num lugar, tanto as pessoas quanto
Com respeito ao modo da perfeição, creio que ela se produz na alma por um eu mesmo chegaríamos a estar mortos como as pedras. Mais ainda, essa prática é
simples ato de fé. Ocorre, portanto, num instante. Porém, antes e depois desse contrária a toda economia do metodismo. Deus sempre trabalhou entre nós por meio
momento, há uma obra de Deus gradual e progressiva Quanto ao tempo da dessa mudança constante de pregadores.
perfeição, acredito que geralmente é o momento da morte, antes de a alma se
desprender do corpo. No entanto, também pode acontecer 10, 20 ou 40 anos Na carta dirigida a Lady Maxwell, de 8 de agosto de 1788, ele admite o
antes. O usual é dar-se vários anos depois da justificação, mas desconheço qualquer fato de muitas pessoas, na Escócia e na Inglaterra, preferirem manter sempre
razão conclusiva para negar sua ocorrência em cinco anos ou cinco meses. o-mesmo pregador. Mas não podia abandonar o plano de ação seguido desde
Se é necessário transcorrer muitos anos após a justificação, gostaria muito de saber o o início. Durante 5G anos Deus havia abençoado a prática da itinerância. Não
número deles. Quantos dias, meses ou anos podem transcorrer entre a perfeição e a
podia admitir alterações.
morte? Quão afastada da época da justificação e tão próxima da morte?
1 b:-
de nossos hinos, que em parte afirmam e em parte sugerem essa impossibilidade o que pregar do que muitos dos nossos pregadores. Sem dúvida, estou seguro de
Não insisto em usar o termo livre do pecado, tampouco me oponho ao seu uso que, se precisasse pregar três anos consecutivos num lugar, tanto as pessoas quanto
Com respeito ao modo da perfeição, creio que ela se produz na alma por um eu mesmo chegaríamos a estar mortos como as pedras. Mais ainda, essa prática é
simples ato de fé. Ocorre, portanto, num instante. Porém, antes e depois desse contrária a toda economia do metodismo. Deus sempre trabalhou entre nós por meio
momento, há uma obra de Deus gradual e progressiva Quanto ao tempo da dessa mudança constante de pregadores.
perfeição, acredito que geralmente é o momento da morte, antes de a alma se
desprender do corpo. No entanto, também pode acontecer 10, 20 ou 40 anos Na carta dirigida a Lady Maxwell, de 8 de agosto de 1788, ele admite o
antes. O usual é dar-se vários anos depois da justificação, mas desconheço qualquer fato de muitas pessoas, na Escócia e na Inglaterra, preferirem manter sempre
razão conclusiva para negar sua ocorrência em cinco anos ou cinco meses. o-mesmo pregador. Mas não podia abandonar o plano de ação seguido desde
Se é necessário transcorrer muitos anos após a justificação, gostaria muito de saber o o início. Durante 5G anos Deus havia abençoado a prática da itinerância. Não
número deles. Quantos dias, meses ou anos podem transcorrer entre a perfeição e a
podia admitir alterações.
morte? Quão afastada da época da justificação e tão próxima da morte?
1 b:-
Ele próprio destaca que JuditK Beresford morreu aparentando ter cem anos
de idade, mas tinha de fato apenas 24 anos.
142
Por esse tempo havia muitos comentários sobre o metodismo e uma prima foi
levada a buscar o Senhor. Visitei-a em janeiro de 1751 e, antes de partir, disse-lhe que
ficaria contente em ser instruída- A partir dessa data mantivemos correspondência e
pouco a pouco a luz entrou em meu coração. Embora soubesse não haver nada de
bom em mim, ainda assim o ídolo se escondia em mim e confiava verdadeiramente
em minhas orações e outros deveres. Dessa maneira, continuei por todo o ano,
ao final do qual minhas maldades foram mais violentas. (...) Em 1753 e 1754 vivi
grandes calamidades exteriores e, às vezes, fortes conflitos interiores. Sem dúvida,
bendito seja Deus, encontrei consolo ao colocar minhas queixas diante Dele. (...)
No início de 1755 dvemos pregação perto de Ashbourne. Eu havia desejado isso por
muito tempo. Encontrei grande bênção de poder conversar com essa querida gente
e não tive medo de nenhuma das coisas que sofri ou podia sofrer. Meus amigos já
não buscavam a minha companhia e aqueles que me estimavam agora sacudiam a
cabeça. (...) Oh!, como Ele me guiou e me conduziu ao Seu seio! Não é maravilhoso?
Entretanto, não estou lhe contando uma décima parte do que vivi. O tempo falha e
minhas forças falham. Louve a Deus comigo e magnifiquemos juntos o Seu nome.
Nas inúmeras viagens que realizou, John Wesley conheceu as mais variadas
e interessantes pessoas. No início de maio de 1176, ele estava pregando em
diversas localidades na Escócia. Nos dias 6 e 7, pregou, em Carlisle,-para uma
7 congregação muito atenta. Apresentaram-lhe ali um “gênio extraordinário”, um
homem, cego desde os quatro anos de idade, que podia fiar estames de lã, tecer
em felpa ou pelúcia, em uma máquina de tear de sua própria fabricação. Não
bastasse isso, disseram-lhe que o “gênio” tecia seu próprio nome na felpa, fazia
sua roupa e, ainda por cima, era capaz de criar e construir qualquer tipo de
7 ferramenta.
Realmente, uma pessoa com tal capacidade não era fácil de ser encontrada.
Em conversa com esse homem, Wesley soube que, anos antes, tinha mostrado
interesse em conhecer melhor o órgão da igreja. Permissão concedida, ele
permaneceu bom tempo apalpando cada parte do instrumento até chegar a
construir o seu próprio órgão, que, segundo especialistas, era de boa qualidade.
Após um período, aprendeu a tocar diversos tipos de música, como tomadas de
salmos, cantos antifonais, solos de órgão ou qualquer coisa que ouvia.
143
Wesley confirmou a habilidade do cego, chamado joseph Strong, como'
músico capaz de tocar com grande exatidão as músicas mais complexas.
Concordou tratar-se de um caso raríssimo, um gênio extraordinário, afirmando,
inclusive, que a Europa dificilmente poderia produzir caso semelhante. Mas
alertou: “O que há de bom nisso tudo, se ele está sem Deus no mundo?”.
145
r
Se forem excluídos todos os que não possuem sabedoria, sobrarão muito poucos. ;f
Além de privar mais da metade das pessoas de seus direitos naturais, por serem $
muiheres ou jovens, ainda roubam e impedem que outros, por não serem proprietários
de terra, acabem privados desse direito. Com base em que direito fazem tal exclusão?
A suposição de o povo ser a origem do poder é indefensável. Opõe-se absolutamente
ao princípio no qual supostamente se baseia, o de que o direito de eleger seus
governantes pertence a todo ser de natureza humana. Assim sendo, então, pertence
a cada indivíduo, não apenas aos proprietários; não só aos homens, mas também
às mulheres; nem somente aos homens e mulheres adultos, com mais de 21 anos
de idade, como também aos com 18, 20 ou mais de 60 anos de idade. Se isso não é
observado, todo o princípio cai por terra, trazendo-nos de volta à sublime verdade de
que não há autoridade senão de Deus.
*1 n~i
tinha dores contínuas de estômago, não podia deixar de comentar a negligência
bastante comum da maioria des médicos.
Destacou que esses profissionais apenas prescreviam remédios, sem a
mínima preocupação com a origem da enfermidade. Havia uma relação muito
apressada e desinteressada entre médicos e pacientes. Se não procuravam saber
mais informações sobre os enfermos, obviamente não conseguiriam receitar o
remédio apropriado, possibilitando até a morte como resultado de medicação
exagerada ou errônea.
No caso daquela pobre mulher, era simples perceber a origem do seu mal
na dor sofrida pela morte do filho. Tal sofrimento não poderia ser curado com
a simples ajuda de drogas. Wesley perguntava-se por que nem todos os médicos
consideravam muitas enfermidades físicas causadas ou influenciadas pela
mente. Não seria mais simples se reconhecessem determinadas enfermidades
fora de seu alcance e buscassem apoio nos ministros? O inverso ocorria com
muita freqüência: ao descobrir a mente desordenada pelo corpo, os ministros
costumavam pedir ajuda aos médicos.
A conclusão de Wesley é de que o tratamento de algumas enfermidades
está fora do círculo de ação dos médicos, pois a maior parte deles não conhece
a Deus. Ninguém pode ser expert em medicina sem mostrar-se um cristão
experimentado. Na carta a Lady Maxwell (5/jul./1765), há conclusões suas
importantes anespeito da saúde.
Você- deve desfrutar de todo ar fresco e exercício que puder. Aconselho-a dormir
cedo, nunca após as 22 horas, de modo a levantar-se o mais cedo possível. O bom
estado de ânimo depende muitíssimo disso. Os remédios lhe serão de pouca utilidade:
você necessita apenas de uma dieta apropriada e regular, além de exercício constante,
com a bênção de Deus.
149
I
convicção de que a santidade é uma realidade interior, “a-verdadeira religião
está assentada no coração e a Lei de Deus se estende por todos os nossos
pensamentos, assim como pelas palavras e ações”. Como resultado prático,
acolheu a sugestão de Jeremy Taylor sobre a primeira regra de um viver santo ser
o cuidado com o seu tempo. Daí nasceu o compromisso de fazer um Diário, um
registro de. seu progresso espiritual.
150
Wesley, o problema não foi exatamente o surgimento dessas manifestações, mas
a postura depreciativa e arrogante assumida por Maxfield e seus adeptos em
relação às demais pessoas que não tinham tal experiência. Eles passaram a se
comportar como se fossem mais espirituais que os outros e a discriminar os
demais pregadores que não concordassem com aquele modelo.
152
único que tenha tido uma recaída. O derramamento do Espírito sobre as crianças
do Colégio não tem sido excessivo. Creio que todos têm sido afetados, sem exceção,
uns mais que os outros. Doze deles encontraram a paz no Senhor e alguns de forma
realmente extraordinária. Já não duvidam em absoluto do favor de Deus, como não
desconfiariam de Sua própria existência. O Senhor continua com eles, ainda não de
forma tão poderosa como algumas semanas atrás.
153
a gravidade do caso e ausência de chances de ela sobreviver. Descobrindo a /’
sua grave situação, a moça disse: “Ouer dizer que vocês vão ao céu e eu ao Q
inferno!”. Segundo seu irmão, a partir daquele momento, ela ficou desesperada
e agonizante, afirmando já estar no inferno, sentir as suas chamas e o diabo a
possuir sua alma e a dividir seu corpo em pedaços,
Foi longa e terrível a batalha da jovem. Sentia-se comendo fogo e enxofre
e, por isso, parou de se alimentar. Durante 12 dias nada ingeriu e por mais
de 20 dias só tomou água. Não dormia nem de dia nem à noite. Permanecia
deitada, maldizendo e blasfemando, rasgando as roupas e quebrando tudo
ao seu alcance.
John Wesley visitou-a justamente no período em que ela vivia a sua maior
agonia. Para ele, o pecado mais pesado da moça era desconhecer a Deus ou
o Seu amor, não crer em Jesus Cristo e, ainda assim, ter se convencido e ao.ség*
outros de ser boa cristã. Após sua oração, a jovem parou de se agitar e de 3!
dizer blasfêmias. Dias mais tarde, ela começou a tomar um pouco de chá
e, aos poucos, recuperou-se totalmente da enfermidade. Seu pesar e agonia
transformaram-se em paz e alegria. Ela sentia então a segurança da salvação
em Jesus Cristo. ^Q
154
-.-'todas as partes e oferecer-lhes pequenos povoados, permitindo a eles viver
ff&om comodidade.
ll* Em Keith, ao pregar o Evangelho, Wesley maravilhou-se com a seriedade
|A,e atenção da congregação. O pastor da paróquia local, sr. Gordon, convidou-o
para jantar em sua casa e pôs a igreja à sua disposição. Nessa cidade, havia uma
•• pequena sociedade metodista em franco desenvolvimento. Entretanto, a capela,
p alugada, estava sendo colocada à venda pelo proprietário, pondo em risco o
; trabalho metodista.
O dia 24 de maio de 1738 foi decisivo para John Wesley. No seu Journal.' ele
assinala não poder se restringir ao relato dos fatos daquele dia. Para compreender
a importância daquela quarta-feira, fazia-se necessária uma descrição mais
abrangente. Assim, ele lembra quando, aos 10 anos de idade, assumira o
compromisso sério de não ser mal como outras pessoas, participar dos trabaihos
da Igreja, ler a Bíblia e fazer suas orações. Fala dos cinco anos de universidade
e, depois, da pressão do pai para que ingressasse no ministério pastoral. Registra
suas primeiras preocupações sociais, em i / nu, ao começar a visitar as prisões e
ajudar os pobres e doentes.
Descreve rapidamente a experiência frustrante na América, o retorno
e a constante luta para se libertar da escravidão do pecado: se antes o servia
voluntariamente, agora o fazia de modo involuntário. Caía, se levantava <£pi
tornava a cair. Algumas vezes era derrotado, em outras era o vencedor. Provará^
os terrores da lei e o consolo do Evangelho. Em toda essa luta, entre a naturezaeSl
a graça, que continuou por mais de 10 anos, encontrou respostas extraordinárias^
na oração, especialmente quando estava com problemas. Contou com muitos''
confortos, que significaram curtas antecipações da vida de fé. Combatia of:
pecado, mas não estava justificado.
No seu retorno à Inglaterra, em janeiro de 1738, estava fortemente convencido
de que a causa da sua insegurança era a incredulidade e de que a obtenção de
uma fé viva e verdadeira seria fundamental. Na conversa com Pedro Bõhler,’ 11
como que preparada por Deus assim que ele chegou a Londres, surpreendeu-: M
se ao ouvi-lo dizer que a verdadeira fé produzia dois frutos inseparáveis, o
domínio sobre o pecado e a paz constante surgida da consciência do perdão;;
Tais ensinamentos pareceram-lhe um novo Evangelho e, se aquilo tudo fossfl _
verdadeiro, ele não tinha fé, í|||
Sua jornada espiritual continuou até 24 de maio de 1738, quando assinala
ocorrência de claros sinais de que teria o seu grande encontro. Pela manhã, pofnSi
volta das 5 horas, abrindo aleatoriamente o Novo Testamento, deparou-se com -;S|
2 Pedro 1.4: “Ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas para que,
por elas, vos torneis co-participantes da natureza divina”. Ao sair de casa, abriu :C
novamente a Bíblia e leu Marcos 12.34: “Não estais longe do reino de Deus”. ÀT
tarde, convidado à Catedral de St. Paul, ouviu o Salmo 130: “Das profunde2as:.|
clamo a ti, Senhor. Escuta, Senhor, a minha voz: estejam alertas Teus ouvidos àsf
minhas súplicas. Se observares iniqüidades, quem, Senhor, subsistirá? Contigop§
porém, está o perdão, para que Te temam. (...) Espere Israel no Senhor, pois nq|
Senhor há misericórdia, copiosa redenção. É Ele quem redime Israel de todas a{|
suas iniqüidades”,
Com expectativa Wesley participou do culto, mas, sem que nada de|
extraordinário ocorresse, ele voltou para casa. No fim do dia, .havia pouco^
resquícios da quase euforia do início do dia. Os ecos proféticos ouvidos entléi
tornaram-se silenciosos. Â noite, foi sem vontade a uma sociedade na ruájl
Aidersgate, onde alguém lia o prefácio da Epístola aos Romanos, de Lutero. Atjg
8 e 45 da noite, enquanto descrevia a mudança operada por Deus no coraç
por meio da fé em Cristo, ele sentiu o seu coração estranhamente aquecido.-!
Sentiu que confiava em Cristo, apenas em Cristo, para a salvação e experimentou
..segurança de que Ele havia perdoado os seus pecados e o livrado da Lei do
^Çcâdo e da morte (Rm 8.2).
Após aquela experiência, começou a orar, com todas as forças, especialmente
Élelos que o tinham ultrajado e perseguido. Em seguida, testemunhou abertamente
jpa todos ao redor o que havia sentido pela primeira vez em seu coração. Não
passou muito tempo antes que o inimigo sugerisse: “Isso não pode ser fé, pois
llbnde está seu regozijo?”. Então ele aprendeu que a paz e a vitória sobre o
l||ecado são essenciais à fé no Capitão de nossa salvação. Porém, quanto à alegria
Ipralmente presente no início, sobretudo nos grandes sofredores, Deus algumas
fffezes a dá e outras não, de acordo com os desígnios de sua própria vontade.
Ao sair dali, seu primeiro impulso foi repartir com o irmão mais novo a
Ixperiência. John Wesley escreveu: “Por volta das 10 horas, meu irmão foi-me
ipzido em triunfo por um grupo de amigos e declarou: ‘Eu creio’. Cantamos
ilegremente um hino e oramos”..
Provavelmente aquele, hino tenha sido composto por Charles na época da
|üa conversão: “Onde começará a minha alma admirada: como posso aspirar
^ãp céu inteiro? Um escravo remido da morte e do pecado. Uma tocha tirada do
pfbgo. Como posso elevar triunfos dignos ou cantar os louvores do meu grande
libertador?”.
Retornando à sua casa, foi sacudido por diversas tentações. Clamou a Deus
|por misericórdia e as tentações desapareceram. Conforme levantava os olhos aos
|;éus, Deus lhe enviava a ajuda necessária. Essa era a grande diferença em relação
|s situações anteriores: antes lutava com todas as forças, mas era quase sempre
|encido. Agora tudo mudava, ele era sempre vencedor.
Na manhã seguinte, ao despertar, o mestre Jesus estava presente no seu
ípração e na sua boca. Reconhecia que sua força consistia em ter os olhos sempre
lixos Nele. A tarde, regressando à Catedral de St. Paul, saboreou gostosamente
gpboa Palavra de Deus por intermédio do hino que repete as palavras iniciais
Éò Salmo 89: “Cantarei para sempre Tuas misericórdias, Ó Senhor. Meus lábios
fíociamarão a todas as gerações a Tua fidelidade” (SI 89,1).
Ali mesmo, no tempio, o tentador sussurrou aos seus ouvidos, procurando
HJetar dúvidas: “Se tu crês, por que não há mudança mais notável?”. Ele
ppondeu não saber a razão, mas sentia a preciosa paz de Deus. Além de tudo,
psus, seu mestre, havia lhe proibido qualquer inquietação pelo dia de amanhã,
pomo prosseguiam as artimanhas do tentador, solicitou ajuda a Palavra de Deus
159
e leu o texto 2 Coríntios 7.5, nas palavras do Apóstolo Paulo: “Lutas por fora'
temores por dentro”. Entendeu, então, que, mesmo continuando com temores
no coração, seu papel era prosseguir sempre na fé. 7
25 de maio - Os Enfaixadores
160
26 de maio - A Multidão quer Ouvir a Palavra de Deus
: mantiveram-se, dando acesso à antiga catedral, que, pelas ruínas, parecia ter mais
de 300 pés de largura e medidas proporcionais quanto ac- cumprimento e altura.
Wesley acreditava que eia deveria ter sido maior que a catedral de York e com
dimensões iguais às das maiores catedrais da Inglaterra. O campanário, mantido
ao lado da catedral, tinha mais de 1,300 anos.
Muito pesaroso, Wesley descreveu também o monte de ruínas em que tinhg ;ff
se transformado o St. Leonard College. Restavam duas faculdades, uma deias'^
com uma praça aceitável, mas com as janelas quebradas, parecendo um bordeL
Os estudantes, antes de abandonar a escola, faziam questão de destruir os vidros.
Uma situação como aquela era de exclusiva responsabilidade dos diretores da
escola; uma direção séria e responsável evitaria boa parte daqueles problemas. 1
A outra faculdade, num edifício mais humilde, possuía formosa biblioteca
recentemente construída. Nas duas escolas o número de alunos era bem reduzido, l
cerca de 70. Junto com as escolas de Old Aberdeen, New Aberdeen, Glasgow í
e Edimburgo, somavam-se apenas 310 estudantes universitários. O mais grave, i
segundo Wesley, não era a grande estrutura para tão reduzido grupo de alunos, r$
e sim o calendário acadêmico seguido pelas instituições. Os alunos iniciavam Aí
as aulas em novembro e regressam às suas casas já em maio. Estudavam cinc©|||
meses, folgando o restante do ano. :■
Preocupado seriamente com o descalabro da educação na Escócia, ele. ||
denuncia a falta de bom senso aos responsáveis pela área: se alguém instituísse f|j
aquele folgado calendário nos colégios da Inglaterra, seria considerado pouco1
melhor que um salteador de estradas. yM
163
instituição eclesiástica, passando a ministrar-lhes o sacramento em lugar
não-eclesiástico de Kingswood.
A mudança de comporramento de John Wesiey ocorreu também em razão
da necessidade. No início, estendera a ministração do sacramento aos enfermos
e incluía muitos amigos metodistas, alegando que tal prática não se enquadrava
na “ministração particular”, proibida pela Igreja.
Em 29 de maio de 1743, um domingo, ocorreu importante alteração: muitos
metodistas de Londres, que não podiam ou não compareciam aos templos
anglicanos para a Ceia do Senhor, passaram a contar com um novo serviço. Na
ocasião, Wesiey adquiriu, por meio de arrendamento, uma capela huguenote em
desuso, na West Street. Como o edifício já havia sido consagrado, sentiu-se à.
vontade para ministrar os sacramentos aos metodistas da região. Nesse mesmo
local, dois anos antes, em agosto de 1741, tinha realizado uma série de cultos e
ministrado o sacramento da Ceia a muitas pessoas.
John Wesiey reproduz, no dia 30 de maio de 1756, uma carta do sr. GiUies,
descrevendo alguns episódios marcantès da morte do sr. Wardrobe, membro de
uma sociedade metodista.
Hoje, 7 de maio, às 4 horas, acabo de presenciar os últimos suspiros de uma.
pessoa muito querida sua, minha e de todos que a conheciam. O sr. Wardrobe
faleceu. Sábado passado, foi atacado de violenta cólica, justamente quando se
dirigia à igreja, que acabou se transformando em doença dos intestinos. As::
circunstâncias de sua morte são dignas de serem escritas. Com que grande prazer. '
recebeu a mensagem! Foi-se com todo o triunfo de um conquistador! Clamava
“Minha batalha já terminou. Combati o bom combate. Minha vitória é completa. í
Coroas d.e graça adornarão essa cabeça (drando o chapéu) e serão colocadas. %
palmas nessas mãos. Em breve cantarei para sempre ‘Sei que meu Redentor viveANy
Nos seus últimos momentos, estendeu-me a mão, dizendo: “Agora, deixem:::|
que seu servo parta em paz, porque meus olhos já viram a salvação”. $e..>
pudesse repetir a metade do que ele falou, escrevería durante três horas,
No momento, é suficiente dizer que eie, assim como viveu, morreu a morte dçqj
um cristão. Não choramos por ele, e sim por nós mesmos. Desejaria saber como ,7;
melhorar esse terrível juízo para, desse modo, preparar-me também, sem saber
quando o nosso Senhor vem.
"í
p 31 de maio - Fofocas Perigosas
165
Junho
Tendo lido o relatório, Wesley não faz nenhum comentário, nem procura
qualquer explicação para o fato. Afirma apenas não saber como interpretar
tal acontecimento.
Numa carta endereçada a Elizabeth Ritchie John Wesley faia com entusiasmo
do avivamento religioso, afirmando que o comentário de Lutero sobre ele durar
não mais que 30 anos foi verificado diversas vezes, em vários países. Entretanto,
implc do meíodismo na Inglaterra, cujo avivamento ultrapassava os 50
anos, confirmava a existência de exceções. O mais provável com o metodismo
na Inglaterra era não só continuar se ampliando, como também aprofundar-se
mais do que nunca.
Em junho de 1756, refletindo acerca dos frutos e do crescimento das congregações
locais, ele reconhece que o processo se repetia frequentemente. Em todas as partes,
a obra de Deus crescia até atingir seu ponto culminante, assim permanecendo por
certo tempo até começar a decair. A explicação para o fato era simples.
No início, a curiosidade faz com que muitas pessoas se aproximem da Igreja. A
graça antecipadora de Deus atrai muitas pessoas, que ouvem a Sua palavra e recebem
' consolo espiritual. A curiosidade aumenta à medida que as pessoas comentam umas
com as outras sobre o que estão presenciando, de forma que o Espírito Santo toca
muitos corações. Com isso, o trabalho local atinge o ponto alto.
Depois disso, os convites de Deus já não são seguidos e o Espírito Santo se
entristece. As pessoas não se esforçam mais, nem convidam outras como antes.
Desse modo, os poderes naturais e sobrenaturais declinam e a maioria passa a
ser menos influenciada. Além disso, outro fator bastante inibidor é o obstáculo,
o tropeço, as pedras e a estreiteza do caminho, que afugenta muita gente.
Wesley também aborda a questão do avivamento em carta datada de 9 de
setembro de 1790, e enviada a Adam Clark. Afirma que, no grande avivamento
ocorrido em Londres, sua primeira grande dificuldade havia sido controlar
os que discordavam do movimento e a segunda, conter as extravagâncias dos
que o promoviam. Essa fora a parte mais difícil do trabalho, pois muitos não
aceitavam o controle. Em Londres, seguira a regra de maneira inflexível: ou as
pessoas se submetiam ou abandonavam o metodismo. Mesmo que o responsável
pelo trabalho atuasse com correção, o normal era os dois lados quererem
culpá-lo. Concluindo, propõe as seguintes diretrizes práticas: 1. assegurar-se
de que nenhuma das reuniões de oração continue depois das 9 horas da noite,
especialmente aos domingos; 2. não permitir exortações nas reuniões de oração;
3. tomar cuidado com o ciúme das pessoas; 4. nunca considerar uma pessoa
inimiga da obra pelo fato de eia criticar e se queixar de irregularidades.
169
explica que já tinha tomado tal decisão na América, mas agora havia chegado."
o momento, pois “minha débil mente não suportava a própria divisão interna e
tinha a esperança de que a conversa com os santos varões, testemunhos vivos
do poder total da fé e que, sem dúvida, podiam suportar os fracos, fora utilizada
por Deus para me fortalecer a alma de tal modo que poderia andar de fé em fé,
de poder em poder”.
A julgar pelo conteúdo das cartas enviadas, a viagem foi extraordinária. Ao
irmão Charles, informou que suas maiores expectativas tinham sido superadas:
“jovens e anciãos não respiram outra coisa que não seja fé e amor, a toda hora
e em todo lugar”. Em outra carta, dessa vez a Samuel, seu irmão mais velho, o
qual discordava de suas novas opiniões, revela:
Finalmente Deus atendeu ao desejo do meu coração. Estou com uma igreja cuja
conversação está nos céus (Fp 3.20), em que há o “mesmo sentimento que houve em •
Cristo” (Fp 2.6) e que ‘‘anda como ele andava” (ljo 2.6). Assim como todos têm um
Senhor e uma fé, assim mesmo participam de um só espírito, o de mansidão e amor,
que uniforme e continuamente anima todas as conversas. Oh, que coisa grande e santa
é o cristianismo! E quão distante está daquele cristianismo apenas de nome, que não
purifica o coração, nem renova a vida conforme a imagem de nosso bendito Redentor.
Eu me entristeço muito ao lembrar que o santo nome de Cristo continua sendo
blasfemado entre os pagãos quando vêem cristãos descontentes, ressentidos, com
mentes terrenais, julgando e ridicularizando uns aos outros, falando mal uns dos
outros, aumentando a carga, ao invés de levá-la uns dos outros (G1 6.2). Sei que
eu mesmo, e não duvido que você, às vezes, e minha irmã também temos caído
sob essa condenação. Deus permita nunca mais pensarmos em servir-Lhe violando
esses mandamentos que são a vida mesma de sua religião. Deixemos de lado toda ira,
malícia, amargura e maledicência (Cl 3.8).
170
Irlanda, Wesley escreveu um total de 20 cartas. Na de 5 de junho de 1778, dá a
síe alguns conselhos pessoais, inclusive recomendações de leitura.
Aconselho-o: nunca deite depois das dez, nunca se levante depois das seis, caminhe
pelo menos uma hora por dia ao ar livre. Se estiver chovendo, caminhe na sala de
jantar. (...) Dedique a primeira hora da manhã e das cinco às seis da tarde a orar em
lugar privado e a ler ordenadamente as Escrituras, com as Notas Explicativas sobre
o Novo Testamento e qualquer outro livro prático. Depois, dedique algum tempo da
manhã à leitura de livros do bispo Pearson, ou qualquer outro sobre religião, e mais
um tempo da tarde para história,.poesia ou filosofia.
171
Há algo de notável n". maneira como Deus revive Sua obra nessas partes. Há poucos
meses a maioria das pessoas desse circuito estava muito desanimada. Samuel Meggot
^ 4000 X^cLJL110.JlM V^dOUt <x gUtUUílJL tOua 5cX LH-fC1T3.
com jejum e oração. Na primeira reunião, Deus se revelou de forma maravilhosa e,.
desde então, a obra tem crescido. As sociedades vizinhas ouviram falar do que estava
acontecendo e concordaram em seguir tal prádca, experimentando a mesma bênção.
John Wesley era encarado pelo público de diversos modos. Para alguns,
parecia um fanático extravagante e líder autocrático. Para outros, um confiante
pregador da Sola Fideiy um gigante espiritual. Entre os próprios metodistas, era
visto como um cristão inabalável, extremamente regular e convicto na sua fé.
Em junho de 1766, enquanto suas declarações teológicas em público
ganhavam um tom de certeza, sua peregrinação espiritual experimentava alguns
pontos baixos. Uma carta escrita ao timão Charles dá a idéia do solstício de
inverno em sua alma, sobretudo o parágrafo, transcrito a seguir, com frases
taquigrafadas, de modo a esconder sua agonia de leitores indesejáveis.
Em uma das rainhas últimas cartas, dizia não sentir a ira de Deus em mim, nem
podia acreditar nisso. Entretanto, e esse é ó mistério, não amo a Deus. Nunca o
amei, portanto, jamais acreditei Nele no verdadeiro sentido cristão da palavra.
Sou apenas um pagão honesto, um prosélito do templo, um temente a Deus.
Ei, ainda assim, ser tão usado por Deus, tão preso a esse fato, que não posso ir para
a frente, nem para trás! Certamente nunca antes houve um caso como esse, desde o
princípio do mundo! Se tivesse essa fé, não teria sido tão estranho. Porém, nunca tive
mais evidência do mundo eterno ou invisível do que agora, ou seja, reaimente nenhuma,.
a não ser um pequeno brilho do raio luzente da razão. Não possuo testemunho direto
nem de que soun de Deus, nem dc qualquer coisa invisível ou eterna.
O texto Pensamentos sobre o poder da música foi escrito por John Wesley em 9 de
junho de 1779. De um total de quatro páginas, destacamos os seguintes parágrafos:
Do poder da música de afetar os ouvintes e despertar paixões humanas temos
vários exemplos surpreendentes na história antiga. Dizem que os músicos
gregos da época eram capazes de produzir qualquer paixão: inspirar amor ou....
ódio, alegria ou dor, esperança ou temor, valor, fúria ou desespero. Podiam • •
despertá-las uma depois da outra ou variá-las de acordo com a melodia;^
Como explicar esse fato? A música moderna não alcança tais efeitos, embora todofe
reconheçam que nossos instrumentos superam os antigos em todos os itens de
comparação. O que é a lira, instrumento de sete ou dez cordas, comparado comí
o nosso violino? O que é qualquer uma de suas flautas confrontada com o nosso* '
oboé ou a nossa flauta alemã? O que representam juntos todos os instrumentos':
usados nesses dois ou três mil anos, em comparação ao nosso órgão? Por que, entãoiiíí
com essa vantagem inconcebível -a música moderna tem menos poder que a antig^l
Em algumas ocasiões, a música moderna tem conseguido alcançar efeito tão poderoso ;
quanto a antiga, de maneira que, frequentemente, indivíduos ou mesmo platéias;^
numerosas chegam a derramar lágrimas. Mas quando sucedeu tal coisa? Em geral;
no momento em que é cantado um formoso solo, o som repercute como um eco dei
sentimento, a música flui extremamente simples e sem enfeites. Quando o compositor
se preocupa com a melodia, e não com a harmonia. Só assim apa laturait
da música para mover as paixões. A melodia foi calculada para tal finalidade e a cumpre.
Por isso, tantas pessoas se vêem afetadas pelos ares escoceses e irlandeses, compostos
não de acordo com as regras da arte, mas da natureza. Simples no mais alto grau, sem
harmonia, de acordo com o atual sentido da palavra, mas com muita melodia. Ela não é
ouvida unicamente, mas sentida por todos os que mantêm seu gosto nativo, que ainda não
foram viciados, corrompidos, por dar atenção ao contraponto e à música complicada.
O contraponto e a harmonia, assim chamados, destroem o poder da música. Se,
alguma vez, pudessem desaparecer de nossas composições, se pudéssemos retornar
à simplicidade e à melodia dos antigos, então, os efeitos de nossa música seriam
surpreendentes. E, provavelmente maiores do que antes, já que os instrumentos
modernos são bem melhores que os antigos.
176
pessoas importantíssimas e grandes amigas suas, estavam presentes à reunião,
comprovando a seriedade da situação.
À noite, chamadas para conversar, Peggy Spenser decidiu-se, felizmente, a
se reintegrar ao grupo. Já Sally Blackburnera recusou-se até mesmo à conversa.
Em prantos, acabou trazida quase à força, mas não se permitiu sequer um olhar
ou uma palavra a Wesley.
O que teria acontecido para machucar tanto aquelas pessoas? Conforme fora
averiguado, as causas da triste situação, nos últimos dois anos, da obra de Deus
naquele lugar eram: 1. nenhum dos pregadores foi capaz de portar-se como um
pai para os recém-nascidos; 2. Jane Salkeld, ativa na obra, casou-se e foi impedida
de reunir-se com os jovens, não restando ninguém para assumir o seu lugar; 3.
a maioria dos ativistas na sociedade era de homens e mulheres solteiros e, em
pouco tempo, criaram afeição desordenada entre si, afligindo o Espírito Santo de
Deus e resultando em separações; 4. muitos líderes subestimaram a obra de Deus
e chamaram de engano a santificação, de modo que afligiram-se ou se encheram
de cólera, acabando por debilitar-se; 5, conseqüentemente, o amor esfriou e a
desilusão, os ciúmes, o rancor e as conjecturas malévolas se multiplicaram.
177
14 de junho - Espaço para Pregadores Leigos
178
Fiquei completamente envergonhado. Quanto havia eu estimado o livro, por
conta das recomendações de outros. Ou por ter lido excelentes citações suas. Mas,
o que dizer agora que o julgo por mim mesmo, que o vejo com meus próprios
olhos? O autor não só não diz nada, não esclarece nenhuma dificuldade relevante,
como também é superficial em seus comentários sobre várias passagens e confuso
em quase todas elas. O livro é profundamente místico, do princípio ao fim e,
portanto, fundamentalmente equivocado. Por exemplo, para citar apenas um dos
pontos por ele levantados, como pode desacreditar a razão, considerando-a um
inimigo irreçonciliável do Evangelho de Cristo? O que é a razão se não o poder
de compreender, julgar e dissertar? Esse poder não deve ser condenado em sua
totalidade mais que o poder de ver, ouvir ou sentir.
Apesar dessa severa avaliação, cabe destacar o profundo respeito nutrido por
H Wesley a Lutero. No sermão At salvação pelafé, pregado na igreja de Santa Maria, em
pOxfòrd, em 11 de junho de 1738, ele o chama de “glorioso campeão do Senhor
dos Exércitos”. Numa carta a Elizabeth Hutton (ago./1744), afirma admirar
li mais Lutero do que Calvino. Mais tarde, em seu Journal (jul./1749), concluindo
a tradução de um livro sobre a vida de Lutero, o descreve como “um homem
I altamente favorecido de Deus e um bendito instrumento em suas mãos”.
Em AÍ vinha do Senhor; escrito em 17 de outubro de 1787, com base em Isaías
i 5.4, retoma a crítica feita em junho de 1741 sobre a sua frustração quanto à
leitura do livro de Lutero.
Fala-se com frequência que poucas pessoas conseguem alcançar uma posição dara a
respeito da justificação e da santificação. Muitos têm falado e escrito admiravelmente
bem sobre a justificação sem ter dela uma idéia clara e, mais, ignorando completamente
a doutrina da santificação. Será que alguém conseguiu escrever com mais acerto que
Martinho Lutero a respeito da justificação somente pela fé? E, certamente, ninguém
mais ignorante que ele, ou com idéias tão confusas, sobre a doutrina da santificação.
Para nos convencer desse fato, e esclarecer qualquer dúvida, basta ler o seu tão famoso
Comentário sobre a Epístola aos Gaiatas.
179
Quando a chuva passou, “nos retiramos, depois de dar-lhes um pouco de-
dinheir.o, e todos nos,seguiram com milhares de bênçãos e agradecimentos’’,
anota wesiey, em seu Journal (ló/jun./1765). É bastante provável que tal
encontro inusitado tenha repercutido na vida daquelas pessoas simples.
No mesmo dia, mais tarde, Wesiey ouviu um estranho relato de Prudence
Nixon sobre George, seu falecido esposo. Em novembro do ano anterior, num
domingo à noite, o marido orava fervorosamente, desejoso de parür e estar
com Cristo. De madrugada, ela percebeu o marido com o corpo endurecido,
sem sentido e movimento. Supondo-o morto, orou com grande fervor e
clamou por quase meia hora; “Senhor Jesus, devolva-me George! Não o leve!”,
O marido, então, abriu os olhos e disse enfaticamente: “Melhor seria se você
tivesse me deixado ir!”. Zangado, começou a maldizer e blasfemar. Durante
dias, pareceu estar possuído por um espírito imundo. No final daquela semana,
sofrendo terrivelmente com a situação, a mulher orou: “Senhor, estou disposta
a entregá-lo a Ti”. Na mesma hora, o marido recobrou o entendimento e,
ternamente agradecido, beijou-a, deitou e morreu.
ISO
.-3
VCfesley passava pelo corredor. Na saída, foi chamado por outra mulher: “Meu
fi---peus, o Senhor me esqueceu!”, que, m seqüència, caiu ao chão. A presença de
peus foi invocada; o clamor deie e de todos os presentes foi intenso. Todos
ficaram ali, lutando com Deus em oração, até que Ele deu a resposta de paz.
131
construir uma escola perto de Two-Mile Hill, com espaço para pregação,
acomodação de dois professores e destinada a estudantes de todas as idades,
incluindo idosos. A nova escola foi construída em Kingswood, fora de Bristol.
Três semanas antes da reabertura dessa escola, em 24 de junho de 1748,
a conferência estabeleceu as regras e seu currículo, com o objetivo de instruir
crianças “em todos os ramos do conhecimento útil”, do alfabeto às qualificações
apropriadas ao “trabalho do ministério”. A lista de matérias era impressionante:
leitura, escrita, aritmética, francês, latim, grego, hebraico, álgebra e música.
Para as matérias de inglês e cinco outras línguas, Wesley escreveu e publicou
gramáticas. A primeira turma, de estudantes de seis a dez anos de idade, teria
línguas,- tradução e versão de livros como Instruções para Crianças e Praelectiones
Pu&riles. Na terceira série, os alunos leríam as Confissões de Santo Agostinho e, na.
quarta, Cesar. Na sétima série, nível máximo, seria feita a leitura da Ilíada, de,Ç.-iè.»
Homero, de versos em grego e da Bíblia hebraica. A expectativa era de que Sk?
qualquer estudante com o currículo de Kingswood seria melhor que 90% dos
graduados em Oxford e Cambridge.
A severidade do programa igualava em rigor a disciplina acadêmica. A rotina
começava com orações particulares e cânticos às 4 da manhã, seguindo-se com
as matérias acadêmicas, práticas devocionais e refeições até o horário de dormir,
às 8 horas da noite. Os períodos da manhã e tarde terminavam com um intervalo
para andar ou trabalhar. A ausência de recreação era explicada simplesmente
com a frase: “Aquele que brinca quando criança brincará quando for homem”. O
cardápio, organizado cuidadosamente por Wesley, incluía jejum nas sextas-feiras
até as 3 da tarde por todos os que estivessem com saúde.
John Wesley detalha, em 20 de junho de 1774, o que podería ter sido o mais
séiio incidente de sua vida.
Perto das 9 horas, parti para Horsley, com o sr. Hooper, o sr. e a sra. Smith e suas duas
pequenas filhas. A três quilômetros perto do povoado, na parte mais alta do caminho,
os cavalos repentinamente desabalaram colina abaixo, rápidos como flecha e sem.
nenhuma causa aparente. Caí da boléia e os cavaios corriam, a toda velocidade, rentes.
ao precipício. Quando surgiu uma carroça no sentido contrário, esquivaram-se, como se
tivesse aiguérh na condução, e depois passaram tranquilamente por uma ponte estreita,
As pessoas corriam da frente deles e, mais à frente, eies cruzaram um portão aberto.
182
Nesse instante, avistei outro portão, fechado, e achei que enfim ele os deteria, mas
estava enganado. As crianças gritavam “Avô, salve-nos!”, e lhes respondi: “Vocês não
vão se machucar, não tenham medo!” Aquela altura, não senti mais temor ou inquietude
(Bendito seja Deus) do que se estivesse sentado em meu escritório. Os cavalos
continuavam correndo, aproximando-se de um precipício profundo, quando o sr. Smith
lançou-se à nossa frente, detendo-os. Se continuassem, todos cairiamos no abismo!
Algumas das mais extraordinárias circunstâncias foram: 1. os dois cavalos, mansos e
tranqüilos, começaram a correr a toda velocidade justamente no topo do morro; 2.
embora o cocheiro fosse jogado com toda violência ao chão, não se machucou; 3. a
carruagem passou duas vezes rente ao precipício sem cair; 4. esquivou-se da carroça;
5, atravessou a ponte sem problemas; 6. a meia-volta feita pelos animais, depois de
atravessar o primeiro portão, não podería ser feita, com tamanha velocidade, nem por
um cocheiro experiente da Inglaterra; 7. os cavalos atravessaram o segundo portão,
derrubando-o, sem diminuir a velocidade, o que é quase impossível. Provavelmente, a
madeira da carruagem tenha golpeado o portão no centro, rompendo-o; 8. as crianças,
gritando de medo, ao me ouvir dizer que nada de mal lhe aconteceria, calaram-se
imédiatamente e ficaram tranqüilas; 9. finalmente, o sr. Smith chegou no tempo certo;
um minuto a mais e estaríamos no precipício. “Digam-nos os redimidos do Senhor, os
que Ele resgatou da mão do inimigo” (SI 107.2).
185
J. C. March sempre foi admirada por Wesley, considerada cristã exemplar,.^
modelo a ser imitado oelos metodistas. Entretanto' nessa ocasião ela enfrentava'^
uma fase difícil, depois de ter chegado a um nível espiritual tão elevado. Por isso,
perdera parte de sua confiança, sentindo-se uma cristã de segunda classe. O texto
de Wesley mostra a sua preocupação em incutir à amiga a retomada de confiança.
Estou preocupado com você. Não posso duvidar, por nenhum momento, de que você
está salva do pecado. Cada ato seu, cada palavra ou pensamento sempre estiveram
cheios de amor. Você era, em certa medida, uma testemunha viva da perfeição que
creio e prego, a única perfeição da qual somos capazes enquanto permanecermos
nesse corpo. Levar a perfeição a um ponto mais alto é debilitar seus fundamentos
e destruída da face da Terra. Preocupo-me com você, temo que, ao comportar-
se como uma sombra, haja perdido a substância e, aspirando a umà perfeição que .
não se pode alcançar, haja descartado aquela pertencente agora aos filhos de Deus,
Esse é o amor que preenche o coração. Certamente preencheu o seu e poderá
lo novamente, por causa da sua fé simples e sincera. Não abandone sua confiança,'.;'^
que receberá como prêmio uma grande recompensa. Converse muito com o.s;%
completamente despertos, que lutam não para destruí-la, mas para edificá-la. Maldita.'^
seja toda humildade que faz naufragar a fé. Olhe para o alto e receba o poder de
Deus. Receba mais uma vez tudo o que você já teve e muito mais. Não dê lugar
raciocínio pernicioso. Você precisa proteger-se por uma mão forte e terna. Seja como V
uma criança pequena. O Senhor está perto. Ele é seu e nada lhe faltará. ^
186
iglçomo beberrão, irresponsável e capa2 de todo o tipo de iniqüidade. Entretanto,
convertido ao metodismo, havia se tornado uma nova criatura, abandonando
tòdefinitivamente seu antigo modo de vida. Teria o irmão Greenfield tido uma
§yrecaída? Haveria algum problema importante?
|§ O sargento e um cavalheiro que o acompanhava explicaram que aquele
|| homem era, na verdade, muito bom. Não havia nenhuma acusação contra o
|| seu comportamento moral. O problema era ter se tornado arrogante e dÍ2er a
pf todos que Jesus Cristo havia perdoado os seus pecados. Orgulhava-se de saber,
l|de ter convicção e de seus pecados terem sido perdoados por Cristo. Certos
if‘cavalheiros da comunidade, acostumados com o antigo Edward Greenfield, não
"^toleravam a mudança, nem admitiam tamanha insolência.
Um metodista estava sendo condenado porque ousava crer nas palavras
|ie Cristo, ousava afirmar para as pessoas que Jesus Cristo havia perdoado os
peus pecados! Essa era a acusação. Que dia aprazível aquele! Que comunidade
pnetodista extraordinária! John Wesley estava felÍ2. Podia pegar o cavalo e partir,
ló testemunho de pessoas como Edward Greenfield iria produzir muitos frutos.
187
E V. Sa. apela a uma lei civil e abominável, não melhor que a legislação sobre a queima
dos hereges. Assim, a perseguição proscrita na França é tolerada outra vez na Inglaterra.'
Oh, meu Senhor, por Deus, por Cristo, pela misericórdia, permita a essa pobre gente
desfrutar de liberdade religiosa, da mesma forma que desfruta de liberdade civil. Estou
perto de entrar na eternidade. Talvez V. Sa. também! Talvez, dentro de pouco tempo,
tenha de prestar contas ao grande Pastor e Bispo de nossas almas. Que Ele nos permita
fazê-lo com alegria.
John Wesley sempre foi muito orgulhoso e agradecido a Deus por sua saude
física. São comuns, em seu Journal\ após ter alcançado os 70 anos, comentários
V/u-t-rro +- A» mitrlf* rr>#alhrvf e* mnip /~51 o ♦-*/~\ r» i/-• íí/-n ✓ ni •. /a D C ,-v,, Q í\ .-\o
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188
tive somente pão como alimento e nem sequer o suficiente. Creio que, em vez de me
prejudicar, isso me deu a base de minha boa saúde. Quando cresci, depois de ler o livro
teyne, ch ■ rvo c>r ir>ha A K I- AI* Kocfçmf-A ór
a i
i. Es
outro grande meio de manter minha saúde até os meus 26 anos. A partir daí, comecei
a cuspir sangue e o fiz por vários anos. Um clima cálido me curou o mal. Depois,
estive próximo da morte por conta de uma febre, que me deixou mais saudável do
que nunca. Onze anos mais tarde tive tuberculose em terceiro grau e, em três meses,
Deus curou-me. Desde essa data, não mais conheci mais dor ou enfermidade e agora
estou bem melhor de saúde do que aos 40 anos! É a obra de Deus!
193
I
19-
tempo, quando ele já havia abandonado completamente esse ofício e continuado com
seu trabalho de tecelão, foi conduzido a uma cadeia em York. Pouco depois chegou a
j§£ decisão da jusdça, dizendo que Jac W. havia desembarcado um barco carregado com
H? conhaque e genebra no porto de Londres e que, por essa razão, devia à S. Majestade
ã§:; 577 libras esterlinas e algo mais.
||i
gf-'.. Essa era a história do prisioneiro. Com tal dívida, ele jamais conseguiria
ji. sair da prisão do Castelo. Ironizando e considerando o exagero da justiça no
ikicaso, Wesley destaca que, para contar essa valiosa história, o advogado usou 13
% a 14 folhas de papel. Além de tudo, toda a acusação foi formulada de forma
Í mentirosa e leviana. A realidade era muito diferente do que a configurada no
% tribunal.
H O que fazer numa situação daquelas? Wesley lamenta, assinalando:
bg ■ Oh! Inglaterra, Inglaterra! Até quando podemos agüentar esse tipo de coisa? Há algo
|§:: de semelhante entre os papistas, turcos ou hereges? Em nome da verdade, justiça,
misericórdia e do bom senso, pergunto: 1. Por que as pessoas mentem pelo simples
fato de mentir? 2. Por que se afirmou que foi no porto de Londres, quando todos
sabem que o conhaque foi desembarcado a 480 quilômetros de distância? 3. Onde
está a jusdça, que infla 4 libras e as transforma em 577? 4. Onde está a misericórdia
de arrastar o rosto de um homem, chupar o sangue a um pobre despossuído de tudo?
y Não seria isso uma execrável vilania?
s■
4 de julho - Selecionando os Melhores
195
O nome original dado por Wesley foi o de “Sociedades Unidas”. Elas eram-
subdivididas em várias bandas, que se reuniam frequentemente, sobretudo com
o propósito de cuidar do sustento mútuo e para aplicar a disciplina aos membros
que não viviam de acordo com as normas impostas.
No seio de algumas sociedades, que contavam com um número muito grande
de pessoas, foi organizada a chamada sociedade seleta, composta por membros que
mostravam maior compromisso e que se decidiam a viver uma vida voltada para
a busca da perfeição cristã. No caso da sociedade seleta de Shelfield, Wesley diz
que “a maioria dos membros andava na gloriosa liherdade”, ou seja, haviam
recebido a graça da perfeição cristã. Além desse grupo especial havia ainda
um outro, também específico e criado apenas em alguns locais, denominado
grupo de penitentes, composto por pessoas que haviam abandonado a fé e que se
arrependeram e desejavam voltar.
Na direção das classes, das sociedades e dos demais grupos estavam líderes,
chamados de assistentes ou ajudantes. Esses líderes estavam subordinados a Wesley
e recebiam a autorização para pregar nas reuniões. Os pregadores mais eficientes
e responsáveis recebiam o título de assistentes, enquanto outros eram chamados
de ajudantes. Havia os pregadores locais, nomeados para pregar nas próprias
sociedades. Naturalmente, era entre os pregadores locais que se recrutava a
maioria dos ajudantes e entre os ajudantes que se escolhiam os assistentes.
Os assistentes e os ajudantes eram pregadores itinerantes, tanto no sentido de
que pregavam em todo um circuito de sociedades que visitavam regularmente,
como no sentido de que periodicamente Wesley os nomeava para outro circuito.
ih*.
6 de julho - 0 Ateu e o Sapo
John Wesley utilizava poucas ilustrações em seus sermões. No texto Viver sem
Deus, baseado em Efésios 2.12, escrito em 6 de julho de 1790, ele compara o ateu
a um sapo. Conta que, certa feita, viu uma grande e velha árvore ser derrubada.
Do interior de uma toca saiu um sapo muito grande, muito velho. Olhando
para aquele anfíbio, Wesley deduziu que, provavelmente, ele esteve encerrado
ali desde seu primeiro momento de vida. Ficou encerrado na obscuridade mais
impenetrável, isolado do sol, da lua, das estrelas e de toda beleza da natureza.
É possível, diz ele, traçar um assombroso paralelo entre aquele velho sapo
e a pessoa que está sem Deus no mundo. De alguma forma aquela criatura
permaneceu viva durante muito tempo no interior daquele tronco. Em seu
aspecto interno e externo contava com os atributos essenciais da vida animal.
Entretanto, que tipo de vida! Pois, ainda segundo ele, ocorre exatamente isso na
vida daquele que está sem Deus. Um espesso véu se interpõe entre essa pessoa e
o mundo invisível. Não percebe e não faz a menor idéia desse mundo espiritual.
Não possui nenhuma visão de Deus e nem se sente atraído até Ele. Em resumo,
tal pessoa tem tanto conhecimento do mundo espiritual como aquele sapo teve
do mundo natural. Ela permaneceu preso no seu escuro.esconderijo.
Quando o Espírito do Tbdo-Poderoso sacode o coração de alguém,
penetra na dureza de seu coração e recria todas as coisas, aparece então o sol
de justiça brilhando em sua alma, mostrando-lhe a luz da glória áe Deus. A
pessoa se encontra num mundo novo. Tudo ao seu redor se torna novas e ela
(ICo 2.9). Agora vê até onde é possível para seus olhos recém-abertos. Vê o
novo caminho para entrar ao lugar santíssimo pelo sangue de Jesus Cristo (Kd
10.19-20). Pela mesma graça, aquele que antes não ouvia agora pode ouvir.
Ouve a voz que ressuscita os mortos. Já não é surdo ao seu convite nem aos
seus mandamentos, a suas promessas ou ameaças, mas alegremente escuta toda
palavra que sai da sua boca (Mt 4.4), a qual governa todos seus pensamentos,
palavras e ações. Ao mesmo tempo recebe outras capacidades espirituais que lhe
permitem discernir entre o bem e o mal. Está capacitado para provar e ver que o
Senhor é bom. Reconhece que o amor de Jesus é muito melhor do que o vinho,
e “mais doce que o mel que destila o favo” (SI 19.10).
Para John Wesley não era nada fácil pregar ao ar livre, pregar na “cara do sol”,
na expressão do próprio Wesley. Ocorriam situações inusitadas e imprevistas de
todo üpo, desde bêbados irônicos até chuvas de pedras atiradas ao pregador.
Apesar de todos os inconvenientes e das dificuldades que cercavam esse tipo
de trabalho, John Wesley sempre entendeu que essa era uma das características
básicas do movimento metodista.
Num determinado domingo de julho de 1740, atendendo ao convite
do sr. Seward, John prega em Moorfield. O tema do sermão é a obra da
fé, a constância da esperança e o trabalho do amor. Algumas pessoas, que
lá estavam apenas como expectadores, faziam grande barulho durante a
pregação, impedindo que os demais ouvissem a Palavra de Deus. Um crente-;
entusiasmado encontrou uma solução bem original para resolver a °ítíiaçãoi v
Enquanto Wesley pregava o seu sermão, ele reuniu os bagunceiros num canto:!;
e passou a ler-lhes um capítulo do livro O Dever Total do Homem. A situação foi 7
resolvida a contento, com o término daqueie tipo de barulho. Entretanto, toda A
a atividade de leitura do texto foi acompanhada de perto por boa parte doSÍI
que estavam presentes ao culto. No relato que anota em seu Journal, Wesley íf
destaca a “bondade” do irmão que “queria livrar-nos do barulho dos ouvintes
desatentos” e, ironicamente, ressalta que “gostaria que nem ele e nem ninguém
nunca lesse um livro tão ruim, ainda mais diante da possibilidade de ler um A
outro bem melhor, a Bíblia”.
8 de julho - Instituição Exemplar
199
mt
9 de julho - Esportes que podem ser Admitidos
201
O objetivo de Wesley é responsabilizar os demais pregadores e líderes diante
da grande tarefa que devem realizar. Solicita que sejam muito firmes na condução
do trabalho, sejam fiéis na observância das orientações gerais e atuem com muita
coragem e vigor.
Para a pergunta que surgiu no início da reunião, interpelando o porquê
dos pregadores metodistas não serem mais capacitados intelectualmente,
responde ser por não trabalharem com mais ardor. Para curar esse mal,
ele primeiro prescreve que os pregadores leiam mais livros úteis. Devem
ler regular e disciplinadamente, todas as manhãs, num mínimo de cinco
horas por dia.
Acostumado com a desculpa dada por alguns de que liam somente a Bíblia,
ele lembra o triste exemplo de George Bell, que de forma arrogante afirmara
não precisar de mais nenhum outro livro. Onde está Bell agora, indaga ele?
Qual o resultado de sua cegueira? Atrapalhou a vida de muitas pessoas e hoje
não lê mais nada, sequer a Bíblia. Para todos aqueles que querem imitar esse
exemplo negativo, sugere que ensinem os demais a também só lerem a Bíblia
e também que deixem de pregar, pois pregar significa colocar novas palavras,
fazer novas leituras,
Wesley insiste na necessidade de que os pregadores leiam bons livros.
Sem livros, o que ocorre é fanatismo. Todo aquele que afirma não precisar de
nenhum outro livro, a não ser a Bíblia, está muito acima do apóstolo Paulo
que solicita que lhe tragam os livros, especialmente os pergaminhos.
Para os que argumentavam não ser possível apresentar um padrão para
todos, ele afirma reconhecer tal diferença. Assinala que alguns podem ler
mais e outros menos. Só que ninguém deve ler menos do que o sugerido...
por ele. Para os que alegavam não ter acesso a livros, dá garantias de que
vai enviar exemplares. Basta que solicitem. Sua meta é que seus pregadores :
leiam sempre e sejam pessoas estudiosas. A outros que respondiam não
gostar de ler, ele orienta a procurar adquirir o gosto pelos livros. Diz que,
à medida que forem lendo, o gosto virá e logo se tornará um hábito. Aos j
que não querem assumir esse compromisso, adverte ser melhor deixar o
trabalho pastoral e retornar à sua atividade anterior. Enquanto isso, Wesley
continuava a suprir seu povo com mais publicações: produziu uma média
de seis obras por ano, entre 1755 e 1765, aumentando, a partir daí, ainda
mais tal produção.
202
12 de julho - Preservando o Casamento
203
13 de julho - Unidade no Fundamental
Para Wesley coda controvérsia pode ser considerada “filha do inferno”. É por
isso que se sente intimidado e extremamente preocupado com a possibilidade de
entrar, pela primeira vez, numa situação dessas. E claro que em diversas ocasiões
anteriores ele já havia sido questionado e atacado, só que sempre evitou qualquer
tipo de controvérsia. A questão é que, anteriormente, os ataques tinham sido
encobertos e eram de adversários do metodismo. Agora não. Ele foi agredido
publicamente, não por um inimigo, mas por um amigo íntimo. E por isso que ele
acha necessário se defender. Para destacar a sua surpresa, ele repete as mesmas
palavras do imperador Júlio César, ao ser apunhalado por Brutus: “Até tu, filho
' meu?”.
A obra Os princípios de um metodista foi publicada por Wesley em julho de
1742, para refutar um texto de Josiah Tucker, um formidável oponente que havia
acusado o metodismo de ser uma nova seita. Logo no início, Wesley confessa
não saber como se comportar diante de uma situação tão inusitada. Teme, não
o adversário, mas a si mesmo, pois não sabe como vai se comportar. Será que
■ ele corre o risco de se .portar do mesmo modo que os demais contendentes?
Diz que, numa controvérsia cada contendente, se comporta como soldado, que
procura ferir seu oponente da pior maneira possível. A regra comum tem sido
sempre essa. Você deve envergonhar o seu adversário de tal modo que ele não
consiga se reabilitar.
Mas será que, em uma perspectiva cristã, as coisas precisam ser desse modo?
Acaso alguém deixa de ser nosso próximo por ter uma opinião distinta da nossa?
Será que não deveriamos tratá-lo como desejamos que ele nos trate? Gostamos
que ele nos envergonhe e nos coloque na pior situação possível? Se não é assim,
por que tratamos os outros dessa maneira? Quem não procuraria aproveitar-se
o máximo da situação para benefício próprio, ignorando os méritos da causa?
Quem é que, numa controvérsia, cobre com um manto de amor a nudez do
seu irmão? Quem consegue se manter sereno numa controvérsia, ex seus
argumentos sem atacar pessGaimente o outro? Quem consegue demonstrar em
cada frase que ama a seu próprio irmão, mas que ama mais a verdade?
Ele conta ser necessário fazer a sua defesa e entrar nessa controvérsia. Só
que pretende se comportar de forma diferente. Quer tratar o sr. Tucker, seu
oponente, como trataria o seu próprio irmão Charles, a pessoa mais querida do
r
mundo. Não deseja pronunciar contra ele nenhuma palavra que não pronunciaria
contra seu irmão. Esse é o seu propósito. Pede a Deus que tanto ele quanto.’Jfll
todos os que creem dever se opor a ele sejam revestidos como eleitos de Deus,'
santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, oH
de mansidão, de paciência, suportando-nos uns aos outros, e perdoando-nos uns , ||
aos outros, da mesma maneira que Cristo nos perdoou (Cl 3.12-13).
205
John Wesley gostava muito e tinha o hábito de incluir nos seus cultos um
^espaço pata a leitura de relatórios e testemunhos que confirmavam a ação de
|:peus. Tal prática sempre deu excelentes resultados.
20§
Charles Edward Stuart, o jovem pretendente ao trono que vivia na França e iria
invadir a Inglaterra para reclamar o trono para sua família. Na carta que Wesley
escreve a Ebenezer Blackwell (18/jul./1747), ele destaca que “os jacobinos
mais violentos estão continuamente falando que vamos trazer o pretendente ao
trono da Inglaterra”. Na carta enviada ao rei Jorge II, em 1744, em nome das
sociedades metodistas da Inglaterra e de Gales, Wesley declara a lealdade do
povo metodista e procura dar fim aos boatos perigosos:
Somos tão insignificantes, “um povo esparramado e perseguido, pisoteado
desde o princípio até agora” (Is 18.2,7), que de maneira alguma deveriamos ter
o atrevimento de nos dirigir à Vossa Majestade, se não nos víssemos induzidos,
verdadeiramente obrigados a fazê-lo, por duas razões: primeira, que apesar de
todos nossos protestos sobre o assunto continuamos sendo apresentados como
uma seita peculiar de homens* separados da Igreja estabelecida; a segunda, que
continuamos sendo caluniados como papistas e desleais à Vossa Majestade.
Em vista dessas considerações, cremos ser obrigatório de nossa parte, se é
que nos distinguimos como um corpo diferente de nossos irmãos, estender
nossas mais respeitosas saudações à Vossa Majestade; declarar diante daquele
a quem servimos, o Rei dos reis, o Senhor dos senhores, que somos parte
dessa igreja protestante estabelecida nestes reinos, que nos unimos todos com
este e não com outro fim: para promover a justiça, a misericórdia, a verdade,
a glória de Deus, e a paz e a boa vontade entre os seres humanos; e que
detestamos e que não concordamos com as doutrinas fundamentais da Igreja
de Roma e somos fiéis à pessoa real de Vossa Majestade e à sua ilustre casa.
Não podemos, verdadeiramente, dizer ou fazer mais ou menos o que entendemos
que esteja de acordo com a Palavra escrita de Deus. Mas estamos prontos para
obedecer à Vossa Majestade até o úldmo em todas as coisas que consideramos
que estejam de acordo com ela. E exortamos seriamente a todos com quem
falamos a honrar ao rei da mesma forma que temem a Deus. Nós, particular mente
os clérigos, exortamos a todos a respeitar os poderes superiores como vindos
de Deus; e declaramos continuamente que “é necessário estar-lhes sujeitos não
somente por razão do castigo, mas também por causa da consciência” (Rm 13.1,5).
“Prata e ouro não temos. Mas o que temos” (At 3.6), humildemente rogamos à
Vossa Majestade aceitá-lo, junto com nossos corações e orações. Que Aquele que
nos comprou com seu sangue, o Príncipe de todos os reis da terra, peleje contra
todos os inimigos de Vossa Majestade com a “espada de dois gumes que sai da sua
boca” (Ap 1.16). E que quando ele. chame Vossa Majestade à sua presença, cheio
de vitórias e anos, que seja com essa mesma voz, “Vem, recebe o reino preparado
para ti desde a fundação do mundo” (Mt 25.34). Estas são as contínuas orações
de seus leais e obedientes súditos.
209
19 de julho - Faltou um Amigo
21G
20 de julho - Um Homem de Respeito
John Wesley nutria profundo respeito por Adam Clarke, não apenas por
ser ele um homem muito inteligente, bom escritor e profundo conhecedor
das línguas orientais, mas também por ser excelente pastor e plenamente
identificado com a doutrina metodista. Apesar de Clarke ser bem mais jovem,
nascera em 1760, havia tanto respeito que em diversas cartas Wesley indaga a
sua opinião sobre alguns assuntos. Na carta de 9 de fevereiro de 1791, admite
não saber mais o que fazer com o sr. Madda e pede a opinião de Clarke.
Na mesma ocasião, elogia o projeto de criação da sociedade dos forasteiros
(amigos), sublinhando que se trata de uma instituição exceiente; destaca
ainda uma questão em evidência na época, aquilo que chama de magnetismo
animal\ e indaga a opinião do amigo, dizendo que, para ele, trata-se de uma
armadilha de Satanás.
Vindo do catolicismo, Clarke se converteu ao metodismo em 1779.
Em 19 de julho de 1782 ele pregou seu primeiro sermão como pastor
metodista, baseado em 1 João 5.19. Em setembro do mesmo ano foi
nomeado pregador itinerante no circuito de Bradford-Avon. Mais tarde
recebeu condecoração acadêmica da Aberdeen University e foi eleito
membro da Real Academia Irlandesa.
Numa carta remetida a John Valton (29/jan./1790), outro excelente
pastor metodista, infelizmente falecido muito cedo (23/mar./1794), John
'Wesley destaca que, onde quer que os dois pregadores Clarke e Valton
rabalhassem, a obra sempre prosperava: “Seria muito estranho se não
surgisse um avivamento onde você e Adam Clarke estão”. Em outra carta
(14/mar./1790), endereçada à Henry Moore, Wesley assinala: “Vamos bem
neste distrito; não é de se estranhar, já que John Valton e Adam Clark e a
srta. Johnson estão aqui”.
No início de 1790, Adam Clarke passou por uma fase de enfermidade muito
ifícil. Na carta de Io. de junho de 1790, dirigida à srta. Cooke, Wesley escreve:
“Que podemos fazer para ajudar a Adam Clark? Agora, você quer salvar sua vida?
Busque nos arredores; considere se há algum circuito onde ele possa descansar
muito e trabalhar pouco. Outra possibilidade é que você e ele passem o mês
de setembro em minhas habitações em Kingswood, com a condição de que
ele pregue só duas vezes por semana, e que vá aos mananciais de água quente
todos os dias. Precisa fazer isso, se não morre. Eu não quero (nem você) que
ele nos abandone tão depressa. Você sabe que isso vai significar-alguns gastos
e creio que podemos ajudar. Penso que essa seria a forma melhor de proceder.
Enquanto isso, deixe que ele faça o que puder, e nada mais”.
Em outra carta (9/fev./1791), John Wesley escreve: “Você tem uma boa
razão para bendizer a Deus por dar-lhe forças todos os dias. Verdadeiramente
Ele lhe tem apoiado de maneira maravilhosa durante essas aflições complicadas.
Você poderia dizer muito bem: 'Confiarei no Senhor enquanto viver’.”
213
23 de julho - Discutir com os Filhos do Diabo
Em julho de 1782 Wesley está em Londres e, junto com seu irmão Cbaríes^
tem pela frente uma atividade difícil, mas que se tornou muito comum. Ele já?
[está com quase 80 anos de idade e, invariavelmente, quase todas as semanas há
^notícias do falecimento de aicru,"ri companheiro de missão. Dessa vez trata-se de
|»Ebenezer Blackwell, amigo íntimo e confidente, administrador da capela City
ÉRoad, patrocinador das publicações de Wesley e pessoa muito importante para
io metodismo em Londres. No dia 24, os dois irmãos passam algumas horas
J| conversando e consolando a viúva.
H No seu Journal sublinha que a casa de campo de Lewisham, propriedade de
Blackwell, lhe traz ótimas recordações: 40 anos atrás aquele era o seu lugar de
{ ■ retiro preferido, quando podia passar dois ou três dias fora de Londres. Junto
Ü com o irmão, caminha uma vez mais ao redor do jardim e do prado, lembrando,
emocionado, que o seu grande amigo trabalhou muito naquela propriedade, a
'fim de melhorá-la, acatando todas as suas sugestões.
Faz parte da carta escrita a Adam Clark, de fevereiro de 1790: ‘‘Não me dá
[tristeza a partida de James Gore deste mundo malvado. Você e eu o seguiremos
|no seu devido tempo, tão logo terminemos o nosso labor. Ultimamente muitos
pde nossos amigos têm sido recolhidos ao celeiro como grãos de trigo maduro”.
H No sermão Afligidos em diversas provas, baseado em 1 Pedro 1.6, que diz
| “No presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias
f provações”, Wesley afirma:
Mi'
A morte de pessoas próximas, pessoas a quem amávamos: um pai ou mãe, qüe ainda
não haviam chegado ao ocaso de sua vida; um filho ou filha que recém-initíava sua
vida e que estava apegado a nosso coração; uma amiga ou amigo a quem amávamos
como a nós mesmos. Talvez esse filho ou amigo tenha morrido em nossos braços!
Talvez sua vida tenha sido arrebatada quando menos esperavamos! Quando começava
a florescer, foi cortada como uma flor. Em todos esses casos, não apenas podemos,
mas devemos ser afetados; é parte do plano de Deus que assim suceda. Ele não quer
que sejamos duros como pedras: Ele quer dar direção aos nossos sentimentos, não
fazê-los desaparecer. Portanto, é possível que um ser puro derrame lágrimas. Pode
haver aflição sem pecado.
No final de julho de 1762, John Wesley está em Dublin e percebe que a "J
chama do Evangelho continua aumentando cada vez mais na cidade. No seu •’ Jj
Journal ele destaca que um dos responsáveis por aquele avivamento foi John CjJ
216
Manners, um homem simples, de talento mediano, não eloqüente e até mesmo
muito rude no falar. Na carta que escreve a Wesley, o pregador relata:
A obra aqui é cal como nunca esperei. Alguns são perdoados e santificados quase
todos os dias. Essa semana três, ou quatro foram perdoados, e outros tantos, se não
mais, foram renovados em amor. As pessoas estão exaltadas. No domingo passado
ocorreu uma coisa que eu nunca tinha visto antes. Enquanto eu orava na sociedade, o
poder de Deus se manifestou sobre nós de tal forma que alguns gritavam: “Senhor, eu
posso crer”. Rapidamente a gritaria foi geral, com fortes orações. Duas vezes comecei
a cantar, mas a minha voz não pôde ser ouvida. Logo recomendei que ficassem mais
quietos e compostos e assim esperassem pela bênção, o que todos aceitaram, menos
dois ou três, que não podiam se conter. Orei outra vez e o suave poder da graça caiu
em muitos corações. Nossas congregações crescem muito e não tenho dúvida de que
veremos maiores coisas do que essas.
Numa outra carta, escrita quatro dias depois, John Manners registrou:
A obra de Deus aumenta a cada dia. Quase todos os dias, as pessoas são perdoadas e
justificadas. Na quinta-feira vieram três jovens e me disseram que o sangue de Jesus
Cristo os havia purificado de todo pecado. A jovem Dorothea King me contou que
havia sido perdoada sete anos antes e que durante cinco anos esteve convencida da
necessidade de santificação. Duas semanas atrás, ela foi alcançada por uma convicção
tão intensa, que até hoje não se cansa de exaltar a misericórdia do Senhor.
A felicidade de Wesley era por causa da resposta positiva alcançada pelo ministério; J.
iordinátio desenvolvido por ele e pelos demais pregadores metodistas. Ele 7;
reconhecia que seu movimento era uma ajuda de emergência dirigida espedaimente - 4
aos pobres e marginalizados que não eram alcançados pela igreja oficial. M
No texto 0 cristianismo moderno manifestado em Wednesbury e em outros lugares
próximos a Staffordshire, bem no final, John Wesley destaca o seu compromisso de Tf
submissão ao Senhor:
Se essa alma e esse corpo podem ser úteis para algo, seja para fazer a Tua vontade.
Se for a Tua vontade visitar-me, seja com a dor ou com a desonra, me humilharei
e por Tua graça serei obediente até a morte. Seja o que for que me aconteça, tanto
se vier de meu próximo como de estranhos, dado que és Tu que os empregas,
ainda que eles não o saibam (a menos que Tu me ajudes a descobrir um meio legal
de reparar o mal), eu não abrirei a minha boca ante o Senhor que me fere, exceto
para bendizer-lhe. Daqui para frente, ninguém poderá tirar-me nada, nem minha
vida, nem minha honra, nem meus bens, já que estou preparado para oferecê-los
enquanto perceba que Tu os requeres de minhas mãos. Sejam quais forem os
sofrimentos que de agora em diante torturem minha carne, ou qualquer agonia
que martirize meu espírito, “Pai, em tuas mãos entrego minha vida e tudo o que
me concerne”.
219
30 de julho - Falecimento de Susanna Wesley
222
Agosto
No dia Io. de agosto de 1786, John Wesley escreveu o texto Conselho aosfk
pregadores. Os três primeiros conselhos são os seguintes: 1. Sempre conclua o,; ''
culto em uma hora; 2. Nunca grite; 3. Nunca se apóie ou ataque a Bíblia.
Num texto anterior, Os princípios de um metodista, melhor explicados, (jun./1746),
ele descreve as mudanças ocorridas com ele, com respeito à pregação:
Desde 1725 até 1729 preguei muito, mas não pude ver nenhum fruto do meu
trabalho. Certamente era lógico que isso ocorresse, visto que eu não expunha o
fundamento do arrependimento, nem tampouco enfatizava a necessidade de crer no
Evangelho, porque entendia que todos os que me ouviam já eram crentes e que a
maioria não tinha necessidade de arrependimento. De 1729 a 1734, aprofundando
mais na necessidade de arrependimento, vi algum fruto, mas muito pouco; e não
era para menos, porque eu não pregava sobre a fé no sangue do pacto. Desde 1734
até 1738, falando mais de fé nas visitas de casa em casa, obüve maiores frutos de
minha pregação do que havia conseguido antes; ainda que ignore se aqueles què
se reformaram aparentemente se transformaram interiormente, convertendo-se
profundamente a Deus. De 1738 até o. presente, falando continuamente de Jesus
Cristo, apresentando-O como único fundamento para a vida, demonstrando que Ele
é tudo para todos, o primeiro e o último, e baseando minha pregação totalmente
em “O reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no Evangelho’*
(Mc 1.15), a Palavra de Deus se estendeu como fogo em rastilho de pólvora.
As pessoas clamavam: “Que devemos fazer para ser salvos?” (At 16.30). (...)
Que nosso afã seja convencer a toda a humanidade de que ser um bom
cristão é amar ao Senhor nosso Deus com todo nosso coração e servir-lhe
com todas as nossas forças; e amar a nosso próximo como a nós mesmos:
Nossas doutrinas principais, que incluem todas as demais, são três: arrependimento,
fé e santidade. Digamos que consideramos a primeira como o pórtico da religião, a
segunda como a porta e a terceira como a religião em si mesma.
225
3 de agosto - Assim Nasceu o Termo Metodista
Após ouvir cada um dos participantes, Wesley destaca que ninguém melhor
do que ele estaria apto a fazer uma avaliação gerai. Só ele sabe o que está ocorrendo
com o metodismo em todas as partes: em muitos lugares os metodistas continuam
sendo pobres, desprezados e sofrem muitas inconveniências e reprovações.
Entretanto, continuam crescendo em número c na graça de Deus. O metodismo
é um movimento vibrante e continua em franca ascensão.
Visando, i.alv\_^., a. íuluuí muo amuiu cuue us pregadores, vvestey incluiu,
pela primeira vez. uma novidade na conferência. Ele prepara um memória’ nelos
228
| pregadores que haviam morrido no trabalho durante o ano anterior: “J°hn
t Slocomb, em Clones: um velho trabalhador, gasto no serviço. John Harrison,
C C perto de Lisburn: um jovem promissor, sério, modesto e muito devotado a Deus.
A v.' William Lumley, em Hexham: um jovem abençoado, uma feliz testemunha da
. D total liberdade dos filhos de Deus. E William Minethorp, perto de Dunbar: um
| verdadeiro israelita, em quem não há dolo”.
7 A conferência terminou numa sexta-feira, num clima de muito amor,
■ cordialidade e otimismo. A única nota discordante foi dada por John Helton, um
: J pregador que decidiu separar-se do movimento, argumentando não estar ainda
convencido a respeito do vigor do metodismo. Apesar de muitos companheiros
• 7 terem tentadc- demovê-lo, ele se mostrou irredutível e abandonou o grupo.
• | Oraram por ele e o deixaram ir na paz de Deus.
:§
| 6 de agosto - Um Amigo e Confidente
229
cem pregadores que nada temessem, a não ser o pecado, e que desejassem somente
a Deus, poderiamos sacudir as portas do inferno e estabelecer o reino dos Céus na
Terra. Não importa se fossem clérigos ou leigos.
John Wesley considerava que o tipo de pregação utilizado pelos pastores era
determinante para o crescimento ou não do trabalho. Na visita à sociedade em
Castle Hill, no início de agosto de 1767, ficou muito triste por encontrá-la bem
j menor do que quando de sua visita anterior. Após conversar com algumas pessoas
que já não estavam mais participando dos trabalhos metodistas, comprovou sua
opinião. O fator responsável pelo fracasso daquela sociedade era o estilo de
pregação então utilizado.
O pregador usava o sermão para reclamar duramente dos fiéis. Destacava
sempre que as pessoas eram frias, não evangelizavam e tinham pouca fé. Essa
era a tônica da sua pregação. Raro era ouvi-lo destacar aspectos positivos da sua
comunidade. Quase nunca dizia algo que pudesse mover a gratidão das pessoas
e animá-las para o trabalho. Dessa forma, a grande maioria dos membros.se viu
desanimada e afugentada. Os poucos que sobraram adotaram as características
negativas destacadas pelo pregador.
Era enorme e constante a preocupação de Wesley com os pregadores
metodistas. Apesar do extremo cuidado e atenção que dedicava a todos
eles, sempre havia alguns que exorbitavam e assumiam uma postura que o
desagradava. Na carta de 28 de julho de 1775, enviada a John King, conhecido
como um pregador de voz retumbante, "Wesley faz diversas sugestões a respeito
da. pregação, recomendando, especialmente, que ele parasse de gritar:
Não grite mais; estará colocando sua alma em perigo. Deus ihe adverte por meio de
mim, a quem colocou sobre você. Fale com veemência, mas não grite. Fale com todo
o coração, mas com voz moderada. Foi dito a respeito de nosso Senhor “não gritará”
(Is 42.2); e é isso o que a palavra significa. Nisso seja. um seguidor meu como eu sou
de Cristo. Eu falo forte com freqüência, sempre com muito entusiasmo, mas nunca
grito, nunca me excedo. Não me atrevo; sei que seria um pecado contra Deus e contra
minha alma.
231
A um outro pregador, Thomas Taylor, em carta de 15 de janeiro de
1778, ele recomenda não pregar constantemente contra determinada
doutrina antibíbiica, blasfema e daninha, que estava sendo espalhada na
região. Ele concorda com a necessidade de se pregar contra tal doutrina, mas
considera ser necessário saber a dosagem certa. Afirma não se poder atacar
determinadas doutrinas de uma maneira cega e obcecada. E importante
lembrar-se que o pastor tem a tarefa de pregar o Evangelho de Jesus
Cristo. Pregações inteiramente voltadas à polêmica podem produzir um
resultado não desejado. Pode ocorrer que, ao invés de se corrigir e educara
comunidade, se crie interesse em torno da heresia. E necessário reconhecer a
dose correta. Nem muito, nem pouco. Deve-se, de vez em quando, expressar
um testemunho forte e completo contra ela. Não é fácil esse equilíbrio.
Ele mesmo não consegue calcular a dosagem perfeita. Acha que falou bem
pouco contra determinados ensinamentos equivocados que proliferavam no
seio das igrejas da Inglaterra.
233
isso. Provavelmente penso que qualquer ordenação é melhor do que nenhuma estritas e espirituais, como regras básicas parâ a vida, 6. compreender inteiramente
Eu não sei se o sr. Hoskins tinha algum favor a pedir à Sociedade. Pediu o fav0r a importância do assunto, sem margem para qualquer mentira diante de Deus.
à Vossa Reverendíssima de que lhe ordenasse para poder ministrar a um pequeno Em segundo, é preciso que haja uma exceíente preparação, possibilitando que
rebanho na América. Vossa Reverendíssima não viu com bons olhos a sua a pessoa compreenda a importância da decisão e do ato. Em terceiro, a pessoa
ordenação. Entretanto, Vossa Reverendíssima viu com bons olhos a ordenação decidida a assumir o pacto precisa confiar na promessa de que Deus vai lhe
de outras pessoas que sabiam algo de grego e de latim, para enviar-lhes à dar graça e poder para conseguir cumprir o voto. Não deve confiar em suas
América, mas que, no referente a salvar almas, sabiam tanto quanto caçar baleias próprias forças, ou no poder de suas próprias resoluções, mas no poder de Deus.
Por isso eu também lamento a situação da pobre América, pelas ovelhas dispersas Em quarto lugar, é imprescindível que haja a decisão de ser fiel ao pacto.
por toda parte. Muitas delas não têm pastor, especialmente as colônias do norte. A A pessoa precisa decidir, baseada no poder de Deus, que não voltará atrás.
situação das demais não é melhor, porque seus próprios pastores não têm compaixão Por fim, após toda essa preparação, a pessoa deve arrumar um tempo conveniente
delas. Não podem ter porque não têm compaixão por eles mesmos. Não pensam e para o ato. De uma forma muito solene, como se o Senhor estivesse de forma visível
nem se preocupam com suas próprias almas. diante de seus olhos, ela deve se postar de joelhos, estender suas mãos aos céus e abrir
'V seu coração ao Senhor.
11 de agosto - O Duplo Pacto com Deus No final, Wesley assinala que não cabe o pacto ser apenas de coração, mas
que é necessário haver palavras escritas apresentadas formalmente diante de
Mil e oitocentas pessoas participaram do culto em Spitalfields, em 11 de ;' Pp Deus, com toda reverência possível, como um testamento. E indica ainda que
agosto de 1755, realizando-se, assim, o primeiro culto formal de Renovação esse documento seja guardado em lugar seguro e conservado como memorial do
do Pacto, idéia nascida no Natal de 1747 a partir do texto Vindictae Pietatis, de . solene acordo selado entre os dois parceiros, Deus e o fiel.
Richard Alleine, um bom amigo e fiel trabalhador na obra do Senhor. Sobre a
extraordinária experiência de ver um grupo como aquele renovando solenemente 12 de agosto - Aparando Arestas
a aliança com Deus, Wesley anotou no seu Journal-. “Com certeza os frutos
permanecerão para sempre”. "? ri A teologia arminiana, a doutrina da perfeição cristã e a lealdade para com a
No seu texto Direções para a renovação de nosso pacto com Deus, John Wesley fala Igreja Anglicana tornavam John Wesley muito diferente dos demais avivalistas
sobre o duplo pacto com Deus. O primeiro, diz ele, ocorre no batismo e dele que então estavam começando a marcar o cenário britânico. Entre todos os
fazem parte todos os batizados. O segundo pode ser dividido em dois aspectos, pontos doutrinários, o mais trabalhoso e polêmico foi, sem dúvida, a disputa
o visível e o formal. O aspecto visível consiste na entrega da vida a Cristo e no. ti com os calvinistas. Entretanto, essa polêmica só não foi mais acentuada porque
comprometimento efetivo com ele. O aspecto formal consiste na nossa solene c seu amigo George Whitefield, calvinista, passou grande parte do seu tempo
união com o Senhor por meio de um voto ou de uma promessa de fidelidade. Esse na América, deixando o caminho livre para que Wesley pudesse consolidar seu
pode ser um ato interno, uma decisão íntima da pessoa, ou externo, expresso em papel de liderança.
palavras ou por alguma cerimônia ou documento escrito. Quanto mais evidente e Desde 1739, Wesley havia proposto a idéia de uma reunião anual para
solene o pacto com Deus, maior a possibilidade de cumpri-lo. debater a polêmica em torno do calvinismo. Foi marcada para agosto de 1743, em
A respeito de como realizar o pacto, Wesley oferece algumas indicações. re a participaçao esperada, pois
Jim primeiro lugar é necessário: 1. designar um tempo determinado Dara estar diante os moravianos e os adeptos da predestinação não estavam lá. Segundo registro
do Senhoiqpara buscar sinceramente sua ajuda especiai; 2. considerar cuidadosamente 4 de Charles Wesley, apenas ele, seu irmão John e John Nelson, de Yorkshire,
todas as condições do pacto; 3. fazer um exame sincero, procurando verificar se já' . participaram dessa reunião na Fundição, “com bons resultados”, no dia 12 de
houve a entrega da vida a Cristo; 4. verificar se há disposição sincera de renunciar a
agosto de 1743.
todos cs pecados, 5. avaliar se há a decisão de considerar as leis de Cristo, tão santas,
234 235
isso. Provavelmente penso que qualquer ordenação é melhor do que nenhuma estritas e espirituais, como regras básicas parâ a vida, 6. compreender inteiramente
Eu não sei se o sr. Hoskins tinha algum favor a pedir à Sociedade. Pediu o fav0r a importância do assunto, sem margem para qualquer mentira diante de Deus.
à Vossa Reverendíssima de que lhe ordenasse para poder ministrar a um pequeno Em segundo, é preciso que haja uma exceíente preparação, possibilitando que
rebanho na América. Vossa Reverendíssima não viu com bons olhos a sua a pessoa compreenda a importância da decisão e do ato. Em terceiro, a pessoa
ordenação. Entretanto, Vossa Reverendíssima viu com bons olhos a ordenação decidida a assumir o pacto precisa confiar na promessa de que Deus vai lhe
de outras pessoas que sabiam algo de grego e de latim, para enviar-lhes à dar graça e poder para conseguir cumprir o voto. Não deve confiar em suas
América, mas que, no referente a salvar almas, sabiam tanto quanto caçar baleias próprias forças, ou no poder de suas próprias resoluções, mas no poder de Deus.
Por isso eu também lamento a situação da pobre América, pelas ovelhas dispersas Em quarto lugar, é imprescindível que haja a decisão de ser fiel ao pacto.
por toda parte. Muitas delas não têm pastor, especialmente as colônias do norte. A A pessoa precisa decidir, baseada no poder de Deus, que não voltará atrás.
situação das demais não é melhor, porque seus próprios pastores não têm compaixão Por fim, após toda essa preparação, a pessoa deve arrumar um tempo conveniente
delas. Não podem ter porque não têm compaixão por eles mesmos. Não pensam e para o ato. De uma forma muito solene, como se o Senhor estivesse de forma visível
nem se preocupam com suas próprias almas. diante de seus olhos, ela deve se postar de joelhos, estender suas mãos aos céus e abrir
'V seu coração ao Senhor.
11 de agosto - O Duplo Pacto com Deus No final, Wesley assinala que não cabe o pacto ser apenas de coração, mas
que é necessário haver palavras escritas apresentadas formalmente diante de
Mil e oitocentas pessoas participaram do culto em Spitalfields, em 11 de ;' Pp Deus, com toda reverência possível, como um testamento. E indica ainda que
agosto de 1755, realizando-se, assim, o primeiro culto formal de Renovação esse documento seja guardado em lugar seguro e conservado como memorial do
do Pacto, idéia nascida no Natal de 1747 a partir do texto Vindictae Pietatis, de . solene acordo selado entre os dois parceiros, Deus e o fiel.
Richard Alleine, um bom amigo e fiel trabalhador na obra do Senhor. Sobre a
extraordinária experiência de ver um grupo como aquele renovando solenemente 12 de agosto - Aparando Arestas
a aliança com Deus, Wesley anotou no seu Journal-. “Com certeza os frutos
permanecerão para sempre”. "? ri A teologia arminiana, a doutrina da perfeição cristã e a lealdade para com a
No seu texto Direções para a renovação de nosso pacto com Deus, John Wesley fala Igreja Anglicana tornavam John Wesley muito diferente dos demais avivalistas
sobre o duplo pacto com Deus. O primeiro, diz ele, ocorre no batismo e dele que então estavam começando a marcar o cenário britânico. Entre todos os
fazem parte todos os batizados. O segundo pode ser dividido em dois aspectos, pontos doutrinários, o mais trabalhoso e polêmico foi, sem dúvida, a disputa
o visível e o formal. O aspecto visível consiste na entrega da vida a Cristo e no. ti com os calvinistas. Entretanto, essa polêmica só não foi mais acentuada porque
comprometimento efetivo com ele. O aspecto formal consiste na nossa solene c seu amigo George Whitefield, calvinista, passou grande parte do seu tempo
união com o Senhor por meio de um voto ou de uma promessa de fidelidade. Esse na América, deixando o caminho livre para que Wesley pudesse consolidar seu
pode ser um ato interno, uma decisão íntima da pessoa, ou externo, expresso em papel de liderança.
palavras ou por alguma cerimônia ou documento escrito. Quanto mais evidente e Desde 1739, Wesley havia proposto a idéia de uma reunião anual para
solene o pacto com Deus, maior a possibilidade de cumpri-lo. debater a polêmica em torno do calvinismo. Foi marcada para agosto de 1743, em
A respeito de como realizar o pacto, Wesley oferece algumas indicações. re a participaçao esperada, pois
Jim primeiro lugar é necessário: 1. designar um tempo determinado Dara estar diante os moravianos e os adeptos da predestinação não estavam lá. Segundo registro
do Senhoiqpara buscar sinceramente sua ajuda especiai; 2. considerar cuidadosamente 4 de Charles Wesley, apenas ele, seu irmão John e John Nelson, de Yorkshire,
todas as condições do pacto; 3. fazer um exame sincero, procurando verificar se já' . participaram dessa reunião na Fundição, “com bons resultados”, no dia 12 de
houve a entrega da vida a Cristo; 4. verificar se há disposição sincera de renunciar a
agosto de 1743.
todos cs pecados, 5. avaliar se há a decisão de considerar as leis de Cristo, tão santas,
234 235
Na semana seguinte, John escreve um memorando, no qual afirma que seu
objetivo era acabar com qualquer disputa desnecessária, e expõe os três pontos
básicos de sua controvérsia com os calvinistas: eleição incondicional.\ graça irresistível
e perseverança final.
Sobre os dois primeiros, afirma:
Creio que Deus, antes da criação do mundo, elegeu incondicionalmente certas
pessoas para fazer certas obras, como Paulo, para pregar o Evangelho; que ele
elegeu incondicionalmente algumas nações a escutar o Evangelho, como Inglaterra
e Escócia agora e muitas outras no passado; que ele elegeu incondicionalmente
algumas pessoas com muitas vantagens peculiares, com relação a coisas temporais
e espirituais. Não posso crer que todos aqueles que não sejam eleitos para a
glória devam perecer eternamente ou que haja uma alma sobre a terra que
não tenha tido e nem venha a ter possibilidade de escapar da maldição eterna.
Quanto à graça irresistível, creio que a graça que traz fé e é, portanto, salvação para
a alma é irresistível naquele momento; que a maioria dos crentes pode recordar
alguma vez quando Deus lhes convenceu irresistivelmente do pecado; que a
maioria dos crentes uma ou outra vez encontra Deus atuando irresistivelmente
sobre suas almas. Não obstante, creio que antes e depois daqueles momentos a
graça de Deus pode ser e tem sido resistida, ou, em linhas gerais, que ela não atua
irresistivelmente.
o coração das pessoas que a escutavam. John Wesley fica impressionado com o
que ocorre. Afirma pouquíssimas vezes ter escutado um pregador com tamanha
capacidade. Todos ao redor dela estavam em lágrimas, pois não havia como
resistir ao Esnírico Santo que avia Dor meio dela.
■1 |: Durante a sua pregação/testemunho, ela relatou alguns fatos que
./Pv antecederam e que deram origem a sua conversão. Contou que, sete anos
v & • antes, na noite após uma briga feia com um dos seus vizinhos, tão logo
ú fr. deitou-se começou uma forte tormenta, com trovões, raios e muita chuva.
. fc No estábulo, o cavalo que sempre permanecia quieto como uma ovelha,
íf; saltava de um lado para o outro e batia as patas de tal forma que ela foi
:i | obrigada a levantar-se e soltá-lo. O vendaval era tão forte que uma grande
r
; | árvore ao lado de sua casa foi arrancada pela raiz. De repente, todo seu
| corpo estremeceu e sentiu que o diabo estava perto. Ficou apavorada, pois
/ era como se a sua carne estivesse sendo queimada em brasas.
§• Desde então, nunca mais teve descanso,-dia e noite. Durante aqueles últimos
I; sete anos ela havia sofrido muito, mas afirmava que fora liberta naquela noite,
pela pregação de Wesley. Estava muito feliz por haver encontrado tranqüilidade
’ j| e paz. Sabia que Deus lhe dera a libertação de corpo e alma.
238
16 de agosto - Produzindo um Manual de Medicina
239
Wesley pregou a uma multidão, atenta à mensagem de salvação. Mais tarde,
pregou uma vez mais. Ele adora a sabedoria divina e sabe que os caminhos
do Senhor são maravilhosos.
240
18 de agosto - Jovens Admiráveis
242
20 de agosto - A Entrada da Democracia
243
21 de agosto - Padrinhos e Madrinhas
Reflexões sérias sobre padrinhos e madrinhas foi escrito por John Wesley, em
agosto de 1752. Destacamos algumas partes desse texto curto, de apenas
quatro páginas.
Wesley explica que, na Igreja Antiga, durante o batismo, o batizado era
geralmente acompanhado por um ou dois padrinhos (assim chamados por
Tertuliano). Eles eram testemunhas, diante de Deus e da Igreja, do compromisso
solene contraído pela pessoa batizada. Assumiam a responsabilidade de cuidar
dela de maneira especial, educando, repreendendo, exortando e ajudando-a a
crescer na “fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 3). Considerados seus pais
espirituais, quer se tratasse de um adulto quer de uma criança, eles deveriam
proporcionar-lhe toda a ajuda espiritual na ausência dos pais biológicos. Essa
prática foi mantida pela Igreja Cristã e a razão de sua existência tem sido a
mesma. Há também a determinação de o menino batizado ter dois padrinhos e
uma madrinha e a menina batizada ter um padrinho e duas madrinhas.
Ainda segundo Wesley, é absolutamente certo que a figura de padrinhos
e madrinhas não aparece nas Escrituras. Entretanto, pode ser muito útil tanto
' para o batizado quanto para seus pais, por isso a Igreja Anglicana determina
que apenas as pessoas em plena comunhão podem ser padrinhos. E dever deles
ensinar o afilhado, assim que tenha condições de compreender, o voto solene, a
promessa e a profissão de fé feitos no batismo. Como ainda, a ouvir a pregação
da Palavra de Deus, o Credo Apostólico, o Pai-nosso, os Dez Mandamentos e
tudo o que um cristão deve saber e crer para preservar a saúde de sua alma, para
crescer na virtude e poder viver uma vida cristã em santidade.
Se, dando mostras de sabedoria e amor pelos filhos, os pais escolhem como padrinhos
pessoas verdadeiramente tementes e serventes ao Senhor, que dedicadamente
cumprem essa tarefa de amor, que cimento de santidade e felicidade preparam para a
sua descendência! Com toda a justiça, pode-se ter esperança de que não apenas eles e
sua casa, mas também todos os seus filhos servirão ao Senhor (]s 24.15).
Em carta à sra. Elizabeth Hutton (22/ago.l 744), John Wesley afirma não
concordar com as delimitações de espaço de acordo com a classe sociai. Em
244
â quase todas as congregações da Inglaterra havia tais divisórias. Na capela
metodista de Londres havia uma única exceção, o lugar especialmente reservado
para Lady Huntmgdon, discriminação, segundo eie, que não era da sua vontade.
Ele a mantinha por causa da insistência do irmão Charles, que a considerava
necessária. Para Wesley, tratava-se de uma distinção muito grande, contrariando
o espírito do Evangelho. Assim, sugere que o lugar ficasse reservado até a leitura
do Credo. Se até aquele momento ela não chegasse, qualquer pessoa que estivesse
por perto poderia ocupá-lo. Segundo Wesley,
Na Capela da Fundição, não há lugares de dois ou cinco xelins. Nunca houve ou
haverá esse modelo. Se alguém me solicita um lugar no balcão, eu o dou. A única
disdnção feita ali é entre homens e mulheres, cada um ocupando um lado. Centenas
de pessoas tomam lugar nos assentos sem ter de pagar nada. O primeiro a chegar é o
primeiro a ser servido em qualquer momento durante a pregação. E frequentemente
os mais pobres ocupam os melhores lugares, porque chegam primeiro.
CÕllU CJLJLJl Brisíol, na noite de 23 de agosto de 1743, foi uma grande bênção.
Para 'wesley, “A Palavra de Deus foi verdadeiramente rápida e poderosa”. Sua
intenção era reunir-se com homens e mulheres depois do evento, mas não foi
possível, porque não conseguia falar-lhes. “Um espírito de oração foi derramado
245
sobre nós de tal forma que apenas podíamos falar com Deus”, concluiu. Nó
lugar da reunião íicou a oração.
O trabalho naquela cidade começara em Io. de abril de 1739. Em seu Journal;'
ele anota que o dia 20 daquele mês tinha sido marcante. Citando Mc 2.17, disse:
“Não vim chamar justos, mas pecadores”. Entusiasmado, chegou a pensar que
podería repetir a frase do velho Arquimedes: “Dêem-me um ponto de apoio e
eu moverei o mundo”. A partir de então, com o maravilhoso avivamento em
Bristol, ele começou a explicar com mais freqüência o despertamento religioso
realizado por Deus.
Ele afirma ter visto com os próprios olhos muitas pessoas transformarem-se
de um momento para o outro. Antes dominadas pelo temor, horror e desespero,
receberam espírito de amor, alegria e paz. Os desejos pecaminosos foram
eliminados e elas passaram a querer fazer apenas a vontade de Deus.
A autenticidade da conversão não se comprova pelo ato de derramar lágrimas, cair ao
chão ou por outro tipo de manifestação. Pessoas mudaram radicalmente de vida, de
um momento para o outro. Antes malvadas e impiedosas, tornaram-se santas e justas.
Leões foram transformados em cordeiros, o beberrão agora é exemplo de sobriedade,
a prostituta mudou de vida e converteu-se em mulher virtuosa.
No finai do mês de agosto de 1769 John Wesley estava, mais uma vez, no M
norte da Inglaterra, em Gales. As fronteiras de sua paróquia, no início do seu'fu
ministério, limitavam-se ao eixo Londres-Bristol. Atendendo a insistentes apelos
de Howell Harris, ele faz uma primeira visita de cinco dias a Gales, em outubro
246
pde 1739, pregando três vezes diariamente, sempre com o objetivo específico de
fl descrever o caminho da salvação. A propósito da presença metodista em Gales,
|;.é importante destacar que o reavivamento na região começou com seriedade
i em meados da década de 1730, com a conversão de Howell Harris e Daniel
| Rowlands.
Certa ocasião, questionado pelo bispo de Bristol, Joseph Butler, sobre estar
I invadindo paróquias alheias, John Wesley explicou ter recebido uma “comissão
| indeterminada” de pregar a Palavra de Deus por toda a Terra, facultando-lhe
| atuar em todas as paróquias. Deus o tinha chamado para pregar o Evangelho e,
f como jellow de um college, sua ordenação não era para uma paróquia em particular,
| mas para qualquer parte da Igreja da Inglaterra. Seu ministério não estava restrito
I às fronteiras paroquiais — todo o mundo era a sua paróquia.
I Na carta endereçada a James Hervey (20/mar,/1739), assinala: “Considero
i todo o mundo minha paróquia. Em qualquer lugar onde esteja, julgo digno, justo
| e meu dever declarar as boas novas de salvação a todos os que queiram ouvir,
f Essa é a obra para a qual sei que Deus me chamou”.
Em sua nova visita a Gales (ago./1769), ele pregou durante o dia na
! igreja de Caerphilly e, à noite, em Llanbradach, No dia seguinte, em Trevecca,
24S
anos atrás, e a expressão do desejo de ver tal coleção levou-me a optar por
não atrasar ainda mais o meu propósito de fazer alguma coisa nesse sentido,
jxevisei, portanto, luuus wo ^uciuíis cm mgles qus toahcçia e seiecioner os que
me pareceram mais valiosos. Somente me vi obrigado a omitir as obras de
Spenser, pois seriam incompreensíveis para a maioria dos leitores modernos.
Ficarei muito feliz se a necessidade por você destacada for, de alguma forma, satisfeita
com o meu trabalho. Nessa coleção, pelo menos, pode-se afirmar que não há nada
que contradiga a virtude, nem que possa ofender os ouvidos mais castos, nem causar
sofrimento aos ternos corações. E, talvez, o que, na realidade, é essencial à teologia
mais sublime, como também à morai mais pura e refinada, poderá encontrar-se nela.
Também não é pura coincidência que os sentimentos mais justos e importantes
estejam aqui representados com a máxima superioridade, com todos os adornos,
tanto de criatividade como de linguagem, e sob a luz mais clara, completa e intensa.
Dedico-lhe esta coleção de poemas, não somente por ter sido a causa pelo qual
apareceu no mundo, mas também porque pode servir de estímulo a que muitos
outros a leiam. Seu nome, supostamente, não pode desculpar um poema de mal
gosto, mas recomendar poemas de bom gosto aos que não conseguem distinguir
um do outro. Estou seguro de que não lhe serão inaceitáveis, uma vez que com essa
intenção foram escolhidos e descrevem como uma pessoa de qualidade deve ser e,
confio, você deseja ser.
252
30 de agosto - Gratidão, Chispa Divina
É muito comum encontrar nas cartas escritas por John Wesley, tanto a
pregadores como a leigos, recomendações claras a respeito da gratidão, por
ele chamada de chispa divina. Na carta a Ann Foard, de agosto de 1766, por
exemplo, aconselha a ela ser agradecida por tudo aquilo que é e possui.
No texto Orações para cada dia da semana, no item “sábado à noite”, inicia o
tema da gratidão com algumas perguntas:
Separou algum tempo para dar graças a Deus pelas bênçãos da semana passada?
Considerou deliberada e seriamente, com o fim de ser mais sensível a elas, as
circunstâncias que as acompanharam? Encarou cada uma delas como uma
obrigação de amar mais e, em conseqüência, buscar a santidade mais zelosamente?
Oh, glorioso Deus, grande em poder e maravilhoso em suas obras em favor do gênero
humano.. Aceite minha sincera gratidão e meu louvor por minha criação, preservação
e todas as demais bênçãos que, na riqueza de sua misericórdia, derrama de tempos
em tempos sobre mim. “Desde o princípio, fundou a Terra e os céus são obras das
suas mãos” (SI 102,25). Criou o sol e a lua, o dia e a noite, e faz a mudança da manhã
em noite modvo de seu louvor. Formou o ser humano do pó da terra e pôs nele o
sopro da vida, fazendo-o à sua imagem, capaz de conhecê-lo e amá-lo eternamente.
Sua natureza era perfeita, sua vontade, lei e a bendita presença, sua porção.
Nem depois de ele deixar o seu primeiro estado, retirou sua misericórdia, mas
em cada sucessiva geração o salvou, o livrou, o ajudou e o protegeu. Tem nos
instruído por meio de suas leis, iluminado segundo seus estatutos, redimido pelo
sangue de seu Filho e santificado pela graça do Espírito Santo. Por essas e por
outras muitas misericórdias, como poderei amá-lo suficientemente ou magnificar
dignamente o seu grande e glorioso nome? Todos os poderes de minha alma são
muito pouco para conceder-me a honra de comparecer à sua frente, Porém, declara
que aceitará o sacrifício de ação de graças em resposta a todas as suas bondades.
Portanto, o bendirei eternamente, adorarei o seu poder e magnificarei a sua
bondade. Minha língua falará da sua justiça e de seu louvor todo o dia (SI 35,28).
Eu o darei graças eternamente e louvarei a-meu Deus enquanto viver. Oh, que eu
tivesse o coração dos serafins, pudesse me inflamar de amor como eles. Enquanto
estiver sobre a Terra, louvarei ao Rei dos reis o melhor que puder. Ainda que débil,
criatura mortal, unirei meu canto ao daqueles que excedem em poder, com as hostes
dos eternos anjos e arcanjos, tronos, domínios e pocestades, enquanto eles louvam e
magnificam seu glorioso nome e cantam incessantemente o seu louvor. Santo, santo,
santo Deus aos exércitos. Toda a Terra está cheia da sua glória. Glória o seja, Senhor,
altíssimo. Amém, Aleluia. Aceite, Pai misericordioso, minhas mais humildes graças
por ter cuidado de mim neste dia.
253
31 de agosto - Superação de Conflitos
“Até que ponto podemos nos unir uns com os outros?” Esse foi o tema de uma
conferência especial, realizada em agosto de 1748, com os irmãos Wesley, Whitefield
e Howell Harris. Embora todos estivessem muito bem-intencionados, muito pouco
foi conseguido, Alcançaram algum entendimento sobre justificação, predestinação e
perfeição, comprometendo-se a não pregar litigiosamente a favor ou contra a eleição
absoluta, a graça irresistível, a perseverança final e a perfeição. Harris e Whitefield
receavam o estilo ditatorial de John Wesley. O primeiro achava que, numa união mais
efetiva, Wesley se consideraria o cabeça de todos e o segundo apontava que Wesley
monopolizaria o nome metodista. Mesmo a conferência tendo sido um fracasso,
segundo Wesley, um “acordo inútil”, seus participantes continuaram mantendo um
relacionamento amigável, seguindo a regra de que “Se possível, quanto depender de
vocês, tenham paz com todos os homens” (Rm 12.18),
O testemunho de Charles Wesley, de outubro de 1748, com relação a ele mesmo,
0 irmão e Whitefield serem “uma corda de três fios que jamais se romperá” não
resistiu às pressões. A amizade continuou até o fim de suas vidas, mas nunca mais
eles trabalharam juntos. Em Uma breve história do metodismo, John Wesley assinala
que Whitefield “se separou çompletamente” por não concordar com os decretos. .
Surgiu assim a primeira brecha. Os crentes na redenção universal não tinham desejo
nenhum de separar-se, mas os que sustentavam a teoria da redenção particular não
queriam escutar proposta alguma e insistiam em que não houvesse relação com
pessoas que perseveravam em tão perigosos erros. Formaram-se, segundo Wesley, v
duas categorias de metodistas: os da redenção particular e os da redenção geral.
Na carta endereçada a Whitefield, em maio de 1753, Wesley refere-se a algumas
reclamações de um grupo de pregadores metodistas, afirmando estar Whitefield JA
semeando confusão com comentários maldosos e “falando com frivolidade de nossa 5'
disciplina, das sociedades, das classes, das bandas e das regras”. Outra queixa
dizia respeito aos pregadores de Whitefield, que falavam mal e inventavam boatos |§
escandalosos sobre os irmãos Wesley.
Mais adiante na carta, assinala que dois ou três irmãos haviam solicitado que ele A
exortasse Whitefield com respeito à sua conversação. Disseram ter percebido que os
assuntos abordados por Whitefield não eram tão úteis, não tinham nada a ver com JÍS
as coisas de Deus, misturavam as conversas com risadas desnecessárias e afirmavam 'f
que eles, por causa da seriedade, eram escravos ou fracos na fé.
Setembro
O relacionamento entre John Wesley e sua esposa quase sempre foi bastante .
tumultuado, como se pode perceber pela carta escrita por ele em Io. de setembro de 1
Querida minha. Sinceramente desejo uma reconciliação contigo, se pudéssemos fazê-
la sob certas condições. Do contrário, não daria certo e o último erro poderia ser pior
que o primeiro. Mas quais são essas condições que permitem que tenhamos êxito? Para
conhecê-las, devemos falar çlaramente, o que farei da forma mais resumida possível,
deixando de lado todas as circunstâncias desnecessárias. Alguns anos atrás, sem meu
consentimento e sem que eu soubesse, me deixaste e mudaste para Newcastle. Eu
te recebi de volta sem nenhuma condição, sem nenhum reconhecimento de que
tiveste agido mal. Há dois anos me deixaste outra vez sem meu consentimento e .
sem aviso. Depois de uns dias, nos encontramos e, para minha surpresa, parecias
disposta a regressar. Estive disposto a receber-te sob as seguintes condições: 1.
que devolvesses meus papéis e 2. prometesses que nunca mais te apoderarias deles.
Mas, pensando bem, vejo que agi precipitadamente, visto que tu já havias dado
cópias de meus papéis, e não era possível recuperá-los. Além disso, tinhas falado
todo tipo de mal contra mim, especialmente para meus inimigos e para os inimigos
da causa que eu defendo. Desse modo, muitas pessoas más têm triunfado e foram
confirmadas em seus maus caminhos; e muitas pessoas boas, porém débeis, têm
tropeçado, e muitas têm sido levadas à perdição. Uma espada foi colocada nas mãos
dos inimigos de Deus, e os filhos de Deus foram se armando uns contra os outros.
Estando as coisas, desse modo, se eu te recebesse agora sem nenhum reconhecimento
ou reparação desses erros, qualquer pessoa sensata entendería como confirmação e
veracidade tudo o que você disse. Pergunto-lhe o seguinte: que reparação tu podes
e estás disposta a fazer? Eu não sei se estás disposta a fazer alguma. Se estás, que
reparações podes fazer? Na verdade, muito poucas, porque a água já foi derramada e
não pode ser recolhida outra vez. Tudo o que podes fazer agora, se estiveres disposta,
é corrigir o que tu disseste. Por exemplo, tu disseste uma e outra vez que eu vM em
adultério nesses últimos vinte anos? Tu acreditas nisso ou não? Se tu acreditas, como
podes pensar em viver com tal monstro? Se não crês, deixes por escrito. Não é o
mínimo que podes fazer?
259
até então, escreví muitos pequenos tratados, em geral ao preço de um penny cadái
e, logo depois, vários textos maiores. Alguns dveram uma venda bem maior da
que eu imaginara”.
A entrada de Wesley no mundo das publicações ocorreu no final de 1733,
bem antes de sua experiência religiosa. Na ocasião ele publicou Colleciion of Forms
of Prayers for Every D ay in the Week (Coleção de Formas de Oração para Cada Dia da
Semana), material recolhido entre os membros do Clube Santo. John Clayton,
filho de um livreiro de Manchester, ajudou-o a estreitar o relacionamento com
editores e livreiros em Londres e Oxford, além de incentivá-lo a reunir as orações
para a publicação daquela coleção.
O programa de formação continuada para pregadores metodistas,
organizado por Wesley, foi a grande mola propulsora à divulgação de uma série
de publicações. Sua Biblioteca Cristã foi completada em 1755 e, dois anos depois,
a relação das publicações alcançava o total de 153 títulos, Ele editou centenas de
panfletos e, em janeiro de 1782, iniciou a Tract Society (Sociedade para Panfletos) para
imprimir e distribuir literatura grátis. Os que apoiavam o projeto compravam
panfletos e publicações wesleyanas a um penny cada e que eram distribuídos aos
pobres. Com o objetivo de enfrentar a doutrina calvinista, passou a produzir
mensalmente, em 1777, a Arminian Magasfne (Revista Arminiand).
A crescente demanda do programa de publicações wesleyanas começou a
exigir maior especialização. Dois pregadores passaram a assessorar Wesley na
área: Thomas Olivers era o revisor de textos , da conexão metodista até 1776,
quando foi nomeado para acompanhar Wesley em Londres, passando a editor
em tempo integral; John Atlay, indicado para escriturário, logo se tornou o
responsável pelo empreendimento editorial e pela venda dos livros.
O Journal assinala ainda a ocasião em que Wesley, pela última vez, prestou
socorro espiritual a Elizabeth Marsh. Ela pediu que o chamassem e, quando ele
chegou, a jovem já não conseguia mais falar. Wesley orou, leu sobre a Palavra
de Deus e encomendou sua alma a Deus. Enquanto fazia orações, percebeu que
o seu olhar sereno tudo acompanhava com gratidão. Com os olhos, repetia a
mesma afirmação do apóstolo Paulo, “Morrer é lucro”. Outras palavras estavam
também presentes no seu balbuciar, as do Salmo 23,4: “Ainda que eu ande pelo
vale da sombra da morte, não temerei mal algum”.
No cemitério, fez uma última cerimônia, regressando em seguida à Fundição,
onde pregou o Apocalipse 7.13-14. Naquele momento, a ação de Deus foi
maravilhosa, manifestando sua palavra como chama de fogo.
Após ouvir o depoimento, Wesley anotou: “Tal caso nunca antes conheci,
nunca li nada igual: uma pessoa convencida do pecado, convertida a Deus e
renovada em amor em 12 horas. Mas de maneira nenhuma isso é incrível, uma
vez que, para o Senhor, um dia é como mil anos”.
253
esconderá o seu rosto? Todos os meus ossos estão quebrados. Sua ira está sobre -p
mim. Estou no mais profundo abismo e escuridão. Mas o Senhor me ouvirá e
repreenderá o espirito imundo. O Senhor me livrará das suas mãos”.
Na conversa com o grupo metodista, Wesley explicou que o conflito do
sr. K. precisava terminar, necessitando muito do seu apoio. Todos deveriam
reservar o dia seguinte para a oração e o jejum. O momento importante exigia
que o grupo comprovasse estar disposto a apoiar o irmão espiritualmente.
Assim é a vida na comunidade metodista. Os mais fortes levam as cargas
dos mais fracos.
2d4
se podería aguardar indefinidamente. Aiém disso, o maior inconveniente seria que, no
caso de fazer a ordenação, o bispo se julgaria no direito de controlar a atuação dos
pastores, acarretando uma serie de problemas. Como os nossos irmãos americanos
estão completamente separados tanto do Estado como da hierarquia inglesa, é melhor
não se meterem em dificuldades com um ou outro. Dispõem de completa liberdade
para seguir as Escrituras e imitar a igreja primitiva, devendo manter-se firmes nessa,
situação na qual Deus, de maneira tão extraordinária, os deixou livres.
John Wesley relata o seu primeiro contato com Fletcher em Breve história do
povo chamado metodista:
Estando em Snowfields, no dia 13 de março de 1757, senti-me muito cansado e pedi
ao Senhor que me enviasse um companheiro, aiguém que me ajudasse nos cultos.
E Deus respondeu à minha oração. Ao fim de uma pregação, percebendo que eu
estava sozinho diante de tanta gente, o sr. Fletcher correu a ajudar-me. Percebendo
a resposta tão imediata ao meu pedido, lembrei como são maravilhosos os caminhos
do Senhor! Quando minha força física estava faltando, e nenhum clérigo na Inglaterra
podia ou queria me ajudar, o Senhor me ajudou desde as montanhas da Suíça! E que
ajudante e companheiro em todos os sentidos enviou-me! Onde eu poderia encontrar
outro igual a ele!
Em setembro de 1789, John Wesley escreve uma carta “ao povo metodista”,
destacando a itinerância pastoral como uma característica histórica do
metodismo, não devendo ser modificada. Nas cidades de Dewsbury e Yorkshire,
as casas de pregação eram consignadas em nome de alguns procuradores, que,
com o tempo, passaram a çontrolar-lhes a vida, chegando até a rechaçar certos
pregadores. Uma réplica da antiga Junta de Ecônomos, só que com maiores
poderes. Para Wesley, havia duas alternativas: entrar na justiça para readquirir o
controle da propriedade ou construir nova capela próxima à antiga. Escolheu a
segunda e já dispunha de 50 libras esterlinas para o projeto.
Em O caso de BirstallHouse, de 1783, ele também abordou essa problemática:
na construção da primeira casa metodista de Bristol, em 1739, desinformado
sobre o assunto, fez o registro de acordo com o estilo presbiteriano, Whitefield
o alertara do risco de os procuradores tomarem conta da propriedade e se
arvorarem na escolha dos pregadores. Isso tinha ocorrido em Birstall, com John
Nelson, que também de acordo o estilo presbiteriano, outorgou a um grupo de
12 ou 13 pessoas o poder quase absoluto sobre as questões administrativas da
congregação.
Para Wesley, essa concessão de amplos poderes aos procuradores, ou Junta
de Econômos, comprometia a itinerância pastoral.
O grupo poderá decidir pela manutenção ou não do pregador. Se gostar dele, fará de
tudo para que fique, se não, poderá expulsá-lo com facilidade. E no caso de mantê-
lo, que autonomia terá esse pregador para anunciar a verdade total e completa? Não
há o risco de o pregador se esforçar apenas para conquistar os que mandam? Que
coragem terá o pregador para expulsar um procurador que estiver atrapalhando a vida-
da comunidade?
Na carta escrita a Mary Cooke (set./1786), John Wesley informa seu interesse
em continuar escrevendo sobre a vida de John William Fletcher, falecido no ano
anterior, em 14 de agosto de 1785. Seriam necessários mais dois ou três meses
para concluir o trabalho.
Eu çonvivi com ele por 30 anos. Conversei com ele cedo de manhã, ao meio-dia e à
noite, sem nenhuma reserva, durante uma viagem de muitos quilômetros. Durante
esse período não o ouvi empregar nenhuma palavra imprópria, nem cometer nenhum
ato inoportuno. Para concluir: no lapso de 30 anos tenho conhecido muitos homens
distintos, santos na vida e no coração. Mas não um homem que lhe seja igual:
uniforme e profundamente- devotado a Deus. Não tenho encontrado um homem,
quer na Europa quer na América, tão exemplar em sua vida como ele foi. E não .tenho
a esperança de encontrar outro igual a ele antes de chegar ao céu.
268
Contudo, de quando em quando, senda desejo ardente de me entregar de
corpo e alma a Deus, se fosse chamado outra vez, crendo que o Senhor poderia
me ajudar e manifestar o seu poder em minha fraqueza. (...) Senhor 'w^esley,
peço o seu auxílio sobre essa questão: devo aceitar a ordenação ou não?
Estou em dúvida: de um ladõ meu coração me diz que experimente, e assim
faia quando eu sinto o amor de Deus; de outro lado, quando me examino
para ver se sou digno disso, reconheço a minha falta de dons, espeçialmente
o dom da alma - o amor —, que deve caracterizar o trabalho ministerial.
Achando-me entre essas duas alternativas, tenho de confessar que não posso
decidir. Guiar-me-ei, pois, pelo seu conselho; julgando que Deus o guiará.
Reconheço que o seu tempo é precioso, portanto, ficarei satisfeito com uma
resposta nesses termos: persista ou se abstenha. Apenas isso me será suficiente.
269
16 de setembro - Grupo Fora do Rumo
l i u
5® 17 de setembro - A Primeira Escola Dominical
271
uma pessoa (para justificar ou para santificar), usando um significado diferente do
sentido direto dessa passagem. Permidndo, então, que a passagem mencionada
diretamente se refira ao céu (Ap 3.12). isso, sem dúvida, não provaria que você tenha
sido enganada quanto à obra de Deus em sua alma, quando a passagem foi aplicada a
você com outro significado.
274
pregar somente o Evangelho. Caso contrário, para uma congregação recém-
justificada, seria necessário pregar a Lei. De todos os modos, mesmo quando há
crescimento na graça e no conhecimento de Cristo, o edificador sábio prega a Lei
outra vez, cuidando somente de colocar cada parte dela à luz do Evangelho, não
apenas como um mandamento, e sim como privilégio. Pregar a Lei é uma maneira de
ensinar a andar na fé. O mandamento é alimento tanto quanto a promessa, igualmente
saudável, substancial. Aplicado devidamente, além de dirigir, nutre e fortalece a alma.
Não aconselho pregar a Lei sem o Evangelho, tampouco o Evangelho sem a Lei.
E preciso pregar ambos, juntos ou separados. Recomendo ao pregador pregar
continuamente a Lei enxertada, temperada e animada pelo espírito do Evangelho.
Aconselho que declare, explique e faça cumprir cada mandamento de Deus. Ele deve
declarar em cada sermão (e quanto mais expLícito, melhor) que o primeiro e grande
mandamento para o cristão é “Creia no Senhor Jesus Cristo” (At 16.11) e que Cristo
é tudo em todos, “nossa sabedoria, justificação, santificação e redenção” (ICo 1.30).
Toda a vida, o amor e a força vêm somente Dele, que nos dá livremente pela- fé. A Lei
pregada desse modo tanto ilumina como fortalece a alma, tanto nutre como ensina.
Ela guia, alimenta, cura e sustenta a alma daquele que crê.
275
Entre 1771 e 1773, muitos circuitos metodistas passaram por grave crise.
V;ários diminuíram drasticamente, a exemplo • do de Dublin, que perdeu um
quarto dos membros. Para Wesley, deu-se em Dublin, em 1771, uma “fraqueza
geral” que acabou se espalhando. No seu Journal (31/mar./1771), registra ter
/ lido aos líderes um documento anunciando que o metodismo organizava-se de
acordo com um plano global hierárquico e que a inversão desse plano acarretaria
inevitavelmente problemas e dificuldades.
Na disciplina metodista, a engrenagem normalmente obedece à seguinte ordem: o
assistente, os pregadores, os ecônomos, os líderes, o povo. Mas aqui os líderes, que
são o segundo elo mais baixo, estão totalmente fora de seus lugares, Conseguiram
colocar-se acima de todos, acima mesmo dos ecônomos, dos pregadores, acima até
do próprio assistente. Considero essa a principal razão da decadência gradual do
trabalho de Deus em Dublin.
Em diversos textos, John Wesley procura mostrar que, longe de ser uma
invenção recente, o metodismo é um movimento com o objetivo de resgatar a
essência do cristianismo. Sua singularidade está centrada na ênfase à doutrina da
santinçaçao, "o grande tesouro depositado por Deus nas mãos do povo chamado
metodista”, como escreveu a Robert C. Brackenbury, em setembro de 1790.
No sermão O caminho da salvação, explica que o processo de santificação
começa na vida do cristão no momento exato em que é justificado. Ele nasce de
novo e inicia a renovação interior realizada por Deus, expulsando do convertido
277
o amor ao mundo, ao prazer, ao dinheiro, à ociosidade, à preocupação com
honrarias, ao orgulho, à ira, ao egocentrismo e a todos os demais tipos de defeito.
Em A respeito das riquezas, fala dos inúmeros obstáculos à santidade cristã:
Se entendemos a fé em sua acepção geral como a “evidência das coisas que não se vêem”
(Hb 11.1), do mundo invisível e eterno, de Deus e das coisas de Deus, as riquezas possuem
a tendência natural de obscurecer essa evidência e impedem a atenção em Deus, nas
coisas de Deus e nas coisas invisíveis e eternas! Mas se encaramos a fé em outro sentido,
como confiança em Deus, as riquezas tendem a destruir essa confiança, fazendo com
que a pessoa confie, para sua felicidade e proteção, nas riquezas, e não no Deus vivo. E
se consideramos a fé no senrido especificamente cristão, como uma confiança num Deus
que perdoa, as riquezas também se transformam num obstáculo mortal, quase insuperável.
As riquezas são obstáculos para o primeiro fruto da fé, que é o amor a Deus! Como é possível
para uma pessoa não amar o mundo que a rodeia com todos os seus bens? Como é possível
escutar a voz aprazível e suave dizendo-lhe: “Filho meu, dê-me o seu coração” (Pv 23.26)?
As riquezas são também um obstáculo para amar ao nosso próximo como a nós mesmos,
ou seja, amar toda humanidade como Cristo nos amou. O rico pode muito bem amar
os que pertencem ao seu grupo ou os que são de sua opinião. Pode amar aqueles que ò
amam, e não ter uma boa vontade desinteressada em relação a todos os homens. Tal coisá
só pode brotar do amor de Deus, que as grandes riquezas arrancaram de sua alma.
Com o passar do tempo, John Wesiey mudou sua opinião sobre o casamento.
Estava apaixonado por Grace Murray, viúva, a “mulher mais serviçàl do reino, ei
melhor utilizada por Deus em toda a história da Igreja, desde a morte de nosso'
Senhor até o dia de hoje”. )
Em longa carta escrita ac- irmão Charles, em 25 de setembro de 1749, faz generosos
elogios à candidata. Diz que, como dona de casa, ela tinha todas as qualificações:
Entende tudo o que quero, é admiravelmente limpa em seu corpo e sua roupa,
amavelmente sóbria, tem bom senso e resolve tudo muito bem. Como enfermeira, é
extremamente cuidadosa, paciente, terna, rápida, hábil e entende minha constituição
bem melhor que muitos médicos. Como companheira, tem senddo de humor, bom
conhecimento de livros e de seres humanos, personalidade simpática e temperamento
suave e alegre. Como amiga, é fiel, veia sobre o meu bem-estar, entende todas as
minhas fraquezas, ajuda-me em tudo, nunca tem medo e está capacitada para proteger-
me e apoiar o meu trabalho. Como colega de trabalho no Evangelho de Cristo, possui
em grande medida o que nunca encontrei em nenhuma outra mulher. Possui a graça
do Senhor, está crucificada ao mundo e morta aos desejos da carne, dos olhos e à
vaidade da vida, é éxemplarmente casta, modesta, moderada e eduçável, e aberta à
correção, gentil e compassiva. Chora com os que choram, carrega tanto minhas cargas
como as dos outros pregadores e outras pessoas, zelosa das boas obras, esperando ser
utilizada para a glória de Deus e para o bem dos homens. Possui dons espirituais, tem
entendimento claro e profundo conhecimento das coisas de Deus. Está inteirada do
modelo metodista de guiar as almas, expressa-se muito bem, possui um jeito natural
de convencer as pessoas e é amada por todos os que a conhecem e também por
aqueles quç a encontram pela primeira vez. Quanto aos frutos do seu trabalho, não
existe nenhuma outra mulher mais dedicada a Deus. Muitas pessoas se convenceram
de seus pecados após conversar particularmente com ela, e muitas outras receberam
o perdão de seus pecados em suas classes e por meio de suas orações!
Afirmando não estar disposto a correr o risco de casar com alguém que
atrapalhe o seu ministério, Wesley mostra-se convicto de ‘‘haver encontrado a
pessoa ideal”, Ela passou a acompanhá-lo em suas viagens missionárias e foi
de grande utilidade, avivando sua torpe falta de afeto, adoçando seu espírito
áspero, ajudando-o no trabalho de organização de novas classes e sociedades,
instruindo, confortando, repreendendo, despertando almas, trazendo-as à fé e
ajudando-as a crescer espiritualmente. Ele estava seguro de que devia casar-se e
que Grace Murray era a pessoa certa.
Mas não foi dessa, vez que John Wesley se casou. Seu irmão Charles
conseguiu que Grace Murray se aproximasse de John Bennet, outro
pretendente, e, na ausência do irmão, em 3 de outubro de 1749, celebrou o
casamento dos dois.
Jesus recomenda que não se deve julgar para não ser julgado e indaga: “Por
que você vê o argueiro no olho de seu irmão, mas não repara na trave que está
; no seu próprio?” (Mt 7.1,3).
279
Na carta endereçada a James Barry (26/set./1787), John Wesley reconhece ser
bastante indulgente com as pessoas fora da Igreja, que não conhecem o Evangelho,
e muito rígido com os que já o conhecem, especialmente com os metodistas.
Ao pregador metodista, ele aconselha muita prudência ao conversar com
pessoas que não conhecem o Evangelho. Afirma que Barry tinha interpretado
mal o diálogo entre um papista e um protestante, em Lisboa. Segundo Wesley, o
papista perguntara: “Você afirma que não posso ser salvo em minha religião?”. E a
resposta do protestante: “Não posso garantir isso. Acredito que você possivelmente
seja salvo nessa sua religião, mas não eu”. Barry compreendera errado o diálogo,
bastante instrutivo, sendo correta a posição do protestante. Quando alguém lhe
pergunta ser possível salvar-se, mesmo participando de bailes e jogando baralho, a
resposta é muito parecida com a do protestante: “Possivelmente você poderá ser
salvo, apesar de dançar e jogar baralho, mas eu não poderei”.
A posição de Wesley se baseia basicamente no conteúdo do sermão do
Monte, no que diz respeito à proibição de qualquer tipo de julgamento. Afirmar
que o outro será condenado já é um tipo de julgamento, que ninguém tem
condições de fazer. Pode-se chegar até determinado limite. Além da proibição
de se fazer qualquer tipo de julgamento, outra questão importante para Wesley
é o fato de a pessoa não estar preparada para ouvir certas afirmações. Como
ilustração dessa questão, ele aproveita a alegoria de um pastor de Londres: “Se
você tira o chocalho, que serve de brinquedo para uma criança, ela ficará zangada
com você e poderá até agredi-lo. Porém, se, antes de lhe tirar o brinquedo, você
oferece algo melhor, ela inevitavelmente abandona o chocalho”. O trabalho de
evangelização não deve iniciar retirando das pessoas aquilo que elas prezam.
A posição de Wesley é que tanto a dança como o jogo de cartas não são
brincadeiras inocentes. Recomenda aos metodistas não admitir esses costumes
e submeter-se rigorosamente às doutrinas aprovadas. No entanto, não devem
Impingir tais regras aos demais. Concluindo a Carta, destaca que James Barry,
o pregador metodista, ainda não compreendeu bem o papeí, as marcas
fundamentais e as especificidades do metodismo.
281
I
dado nenhum passo, de modo que o sangue dos infelizes africanos que morrem
antes do tempo cairá sobre a cabeça dos que se utilizam do serviço escravo.
Alega-se que a escravidão está autorizada por lei. Pode uma lei humana transformar
as trevas em luz, ou o mal em bem? De maneira nenhuma. Não importam 10 mil leis:
o justo é justo e o injusto continua sendo injusto. Onde está a justiça quando se aplicam
severos castigos a pessoas que nenhum mal cometeram? Quando pessoas humanas são
arrancadas de suas terras, de suas famílias, e privadas da liberdade? Quando milhares e até
milhões de pessoas inocentes e inofensivas são escravizadas e assassinadas? A posse de
escravos é completamente incompatível com a misericórdia. Não aceito o argumento de
tratar-se de uma necessidade. Nego a necessidade de tal vilania. E impossível que jamais
seja preciso para qualquer criatura razoável violar todas as leis da justiça, da misericórdia
e da verdade. Dizem que a escravidão é fundamental para o comércio, a riqueza e a glória
de nossa nação. Está errado! Essenciais para a glória de uma nação são a sabedoria, a
virtude, a justiça, a misericórdia, a generosidade, o bem-estar público e o amor ao país,
É melhor não possuir riquezas do que ganhá-las a custa da virtude. E melhor a pobreza,
honesta que todas as riquezas compradas com as lágrimas, o suor e o sangue do próximo.
Oh! Deus de amor, que ama a todo ser humano e é rico em misericórdia para com ele.
Tenha compaixão dessa gente sofredora, humanos considerados estercos sobre a tem!
Ajude os infelizes que não dispõem db ninguém para ajudá-los, infelizes cujo sangue é
derramado como água sobre a terra. São seus filhos, comprados pelo sangue precioso
de Jesus. Liberte-os do cativeiro, ouça as suas queixas. Quebre todas as correntes,
especialmente as do pecado. Oh! Salvador de todos, liberte-os para que sejam livres
de verdade!
232
Gostaria que você se regularizasse pouco a pouco, como permite a sua saúde. Prc teja-
se cuidadosamente de qualquer irregularidade em relação à alimentação, ao sono e
ao trabalho. Sua água não pode ser muito quente (pelo risco de relaxar o estômago)
nem muito fria. De todas as carnes, a de carneiro é a melhor para você; de todas
as verduras, prefira nabos, batatas e maçãs (assadas, fervidas e no forno), se puder
tolerá-las.
233
Escócia ou na Irlanda. Não permitimos a ninguém, exceto ao assistente, permanecer
um segundo ano no mesmo local. Talvez eu tenha mais capacidade sobre o que pregar
do que muitos dos nossos pregadores, entretanto, indubitavelmente, estou seguro de
que, se chegasse a pregar três anos consecutivos num único lugar, tanto as pessoas
como eu mesmo estaríamos mortos como as pedras. Mais ainda, essa prática é
contrária a toda economia do metodismo. Deus sempre trabalhou entre nós por meio
dessa mudança constante de pregadores.
2S7
3 de outubro - A Doutrina deve ser Obedecida
De Bristol, no dia 3 de outubro de 1783, John Wesley envia uma carta aos
pregadores metodistas na América, recomendando-lhes o seguinte:
1. Que todos vocês estejam decididos a cumprir a doutrina e a disciplina metodista
publicada nos quatro volumes de Sermões e nas Notas sobre o Novo Testamento, junto
com as minutas extensas da conferência;
2. Tenham cuidado com os pregadores vindos da Grã-Bretanha ou Irlanda sem
recomendação completa da minha parte. Três dos nossos pregadores itinerantes
têm desejado ansiosamente ir à América; porém, sob nenhuma hipótese posso
aprovar isso, pois não creio estarem completamente de acordo com nossa doutrina.
Acredito que eles diferem de nosso critério, portanto, se eles ou qualquer outro
chegarem sem minha recomendação, fiquem atentos;
3. Tampouco devem receber qualquer pregador, não importa quanto seja
recomendado, que não esteja subordinado à conferência americana e aceite de
boa vontade as atas dessa conferência e também da inglesa;
4. Não quero que nossos irmãos americanos recebam ninguém que não aceite
Francis Asbury como assistente geral. Indubitavelmente, o maior perigo da obra
de Deus na América surgirá de pregadores oriundos da Europa ou dos surgidos
entre vocês mesmos, que introdirzam novas e falsas doutrinas, pardçularmente
o calvinismo. Guardem-nos de todos esses perigos, porque é muito mais fácil
manter-se distante do que serem expulsos mais tarde, quando já estiverem
admitidos no metodismo.
Encomendo a todos a graça de Deus.
1 e você, que sou eu o maior de todos’. Como recusei aceitar tal proposta,
| ele separou-se de mim”.
290
Aconselho às mulheres não usar anéis, colares ou pulseiras. Aos homens, a não
usar blusas coloridas, meias de cores estridentes, botões brilhantes e caros, ou
essas modernas e caras perucas. O uso de coisas desse ripo não nasce do sincero
interesse de agradar a Deus e atenta, de modo imediato, direto e inevitável, contra
as boas obras, tornando-nos insensíveis ao clamor dos pobres e necessitados. (...)
Há duas maneiras de gastar determinada soma de dinheiro. Pode-se comprar uma roupa
cara ou comprar roupa para um próximo necessitado. Se opto pela primeira, a compra
servirá para gratificar-me ou agradar a outros; se pela segunda, agradarei a Deus.
Suponhamos agoraqueasduasopçõessãoigualmenteinofensivas,quenãohánadademal
em nenhuma delas. Será que as duas fazem o mesmo bem? São igualmente sábias? Com
a primeira-, ganho o aplauso das pessoas, com a segunda, o reconhecimento de Deus, (...)
Semeperguntaremparaqueserveoouroeas pedras preciosas,nãosabereioqueresponder.
Existem muitas coisas na criação cuja função desconheço. Para que servem os crocodilos,
os tigres, os leões, os escorpiões? Por que há tantos tipos de venenos na criação? (...)
O que fazer com as roupas caras? Queimá-las ou jogá-las no fundo do mar. Se a
consciência não permitir, vendê-las e doar o dinheiro para quem necessita. Seja um
mordomo fiel; depois de prover os de sua casa do necessário para uma vida em
santidade, alimente o faminto, vista o desnudo, atenda o enfermo, ao preso e ao
estrangeiro. Assim, Deus lhe vestirá com glória e honra. (...) Os metodistas devem ser
exemplo permanente de sabedona e modelo em todas as coisas, grandes e pequenas,
com os olhos postos em Deus e na eternidade.
29i
Em seu Journal\ registra que aquela era uma das maiores igrejas do condado
e, certamente, nos últimos cem anos, nunca estivera tão' repleta. Nos dois dias
seguintes, pregou em St. Edmunds Bury, a uma congregação bastante atenta. De
volta a Londres, no domingo, pregou pela manhã, na igreja de Spitalfields, com
base em Efésios 6.11-13 e, à tarde, na Catedral de St. Paul, em Shadwell. Citando
Lucas 10.42, “Só uma coisa é necessária”, revelou o desejo de que muitos ali
tivessem se decidido pela melhor, Jesus Cristo.
Wesley prosseguiu com suas pregações e suas cartas. Em Io. de janeiro de
1790, admitiu: “Agora estou velho, decadente da cabeça aos pés. Meus olhos estão
escurecidos, minha mão direita treme muito, tenho febre quase todos os dias e meus
movimentos são fracos e vagarosos. Entretanto, ainda posso pregar e escrever”.
.Na carta ao rev. Ezekiel Cooper, de Filadélfia, Estados Unidos (1°./
fev./1791), recomenda que os desejosos de lhe escrever não deviam perder
tempo, porque o dele estava chegando ao fim. Agradecia profundamente a
Deus por não ter sentido as enfermidades próprias da velhice até os 86 anos de
idade. Só um ano e meio antes suas forças começaram a fraquejar e a vista ficou
irregular. Entretanto, continuava escrevendo e caminhando devagar. Avaliava
não conseguir fazer aquilo tudo não fossem as orações intercessórias dos irmãos.
Sua penúltima carta (21/fev./1791) foi endereçada a John Ogilvie e esposa,
que tinham perdido um filho pequeno. Confortou o casal e planejou visitá-los
na primavera. Dois dias depois, fez seu último sermão, no salão de júri, em
Leatherhead, sobre o texto “Busque ao Senhor enquanto se pode achar”.
292
^ ; leu um pequeno trecho do Novo Testamento e .orou por todos eles. Antes do
:: final, todos choravam, como vidos pela visita divina. Nunca mais ela parou com
tal trabalho - era o seu ministério e os resultados mostravam-se surpreendentes
;; v e extraordinários.
A Numa das primeiras reuniões, John Lancaster, que já dnha contato com o
} Evangelho por meio do metodismo, testemunhou:
Antes de ir ao trabalho metodista na Fundição, jamais havia pensado em freqüentar
Í um lugar como aquele. Desde então, senti o amor de Deus e pensei nunca mais
cometer outro pecado. Mas, pouco tempo depois, deixei de assistir a pregação
e todos os meus bpns desejos se esfumaram. Caí de novo nas diversões que tinha
deixado de lado e voltei às antigas amizades. Um dia, enquanto jogava cartas com
alguns amigos, um jovem amigo me deu parte do dinheiro recebido pela venda de
objetos roubados. Após constante insistência, forçou-me a me tornar seu sócio.
Continuamos naquele caminho até agosto passado. A caminho da casa de
Bartholomew Fair, veio-me à mente a idéia de roubar os candelabros da Fundição,
a casa de pregação metodista. Trepei pela parede e peguei dois candelabros, Tremia
bastante e fiz tanto barulho que pensei que os seus moradores estivessem mortos,
pois, do contrário, teriam me ouvido. Dias depois roubei uma tela de seda, pela qual
fui preso, julgado e condenado.
Sarah Peters tentou de todos os modos o perdão para Lancaster e para
) alguns outros prisioneiros. Foi infatigável. Apresentou inúmeras petições e foi
j; pessoalmente a Westminster, Kensington e todo lugar que lhe indicassem. Era
| uma cristã boa, cheia do Espírito Santo e de fé.
John Wesley solicitou que sua mãe lhe enviasse as principais regras utilizadas
por ela na educação dos filhos. Em resposta, Susanna Wesley lhe escreve:
As crianças eram sempre colocadas em uma rotina de vida, em tais coisas de que
fossem capazes, como trocar de roupa, mudar a roupa de cama etc. (...) Quando
completavam uni ano (algumas ainda antes), eu lhes ensinava a temer a vara e a chorar
suavemente. Por esse meio, escapavam de muitas correções, que de outra maneira
poderiam ter recebido, e raramente se ouvia na casa o barulho de choro de crianças.
A família vivia em grande silêncio, como se não tivesse nenhuma criança entre nós.
Assim que chegavam a ser suficientemeqte fortes, eu limitava em três refeições diárias.
Durante a refeição, as pequenas mesas e cadeiras eram colocadas ao lado da nossa, num
lugar onde pudessem ser vigiadas. Tão logo conseguiam manejar a colher e o garfo,
sentavam-se em nossa mesa. Nunca lhes permiti escolher alimento diferente dos demais;,
sempre fiz com que comessem a mesma comida destinada ao restante da família. (...)
Às 6 horas da tarde em ponto, tão logo terminavam as orações familiares, os meninos
tinham o seu alimento. Às 7 da noite, a empregada os preparava para dormir e, às
8 horas, todos ia estavam deitados. (...) Em nossa casa não era permitido alguém
ficar ao lado da criança até que adormecesse. As crianças estavam tão acostumadas
a comer e a beber o que lhes era dado que quando qualquer uma delas estava
enferma não era difícil fazer com que tomasse o remédio mais desagradável. (...)
Para formar a criança, primeirameníe deve-se subjugar sua vontade e criar nela
um sentimento de obediência. Desenvolver o intelecto é uma tarefa que leva
tempo e exige proceder de forma lenta e gradual, de acordo çom a capacidade
236
de assimilação. Mas a submissão da vontade é algo a ser feito de imediato -
quanto antes, melhor. Quando há descuido e não se corrige a criança no devido .
tempo, eia fica teimosa e obstinada. O mundo considera bondosos os pais que
não corrigem e indulgentes os pais que eu chamo de cruéis, porque permitem
a seus filhos adquirir hábitos que mais tarde precisarão ser corrigidos. (...)
Insisto sobre a importância de conquistar a vontade da criança desde cedo, pois essa
é a única base forte e racional para uma educação religiosa. Sem ela, os preceitos
e exemplos não terão efeito. Quando feita conscientemente, a criança é capaz de
ser governada pela razão e piedade de seus pais, até que seu próprio entendimento
amadureça e os princípios de religião tenham se arraigado em sua mente. (...)
Vocês foram ensinados mui cedo a distinguir entre o domingo e os outros dias,
antes de poderem andar ou falar bem. Igualmente cedo foram ensinados a ficar
quietos no culto doméstico, a pedir bênção e permissão para ajoelhar-se ou falar.
Fizemo-nos entender logo que não teriam nada pelo que chorassem e os
instruímos a pedir elegantemente o que queriam. Não permitimos que pedissem,
nem mesmo para a mais humilde serva, sem dizer, “Por favor, dê-me tal coisa”.
E a serva era repreendida se os permitisse omitir o “por favor”, Tomar q nome
do Senhor em vão, blasfemar, praguejar, obscenidade, profanidade, xingamentos
- tais coisas nunca se ouviam entre vocês. Nem lhes era permitido chamar-
se um ao outro pelo nome próprio, sem acrescentar “irmão” ou “irmã”.
Ninguém foi ensinado a ler antes dos cinco anos - menos Kezzy, em cujo caso minha
opinião não foi respeitada e eia levou anos para aprender o que os outros filhos o
fizeram em meses. O método de ensino era o seguinte: um dia antes de a criança
começar a aprender, a casa era posta em ordem, cada um com a sua tarefa designada.
Ninguém podia entrar na sala, das 9 às 12 da manhã ou das 2 às 5 da tarde, que,
como sabes, eram nossos horários escolares. (...) O mesmo foi observado com todos
os filhos: tão logo sabiam as letras, eram postos primeiro a soletrar e ler uma linha,
depois um verso, e nunca o abandonavam até lê-lo com perfeição na sua lição, curta ou
longa. (...) Não se admitia falar alto ou brincar durante as seis horas de escola. É quase
incrível o que se pode ensinar a uma criança em um trimestre, por vigorosa aplicação,
se ela tem apenas regular capacidade e boa saúde. (...) Havia diversos regulamentos
observados entre nós que esqueci, do contrário, os teria inserido no seu lugar próprio.
Menciono-os aqui, por julgá-los úteis:
1. A covardia e o temor da punição induzem frequentemente a criança à mentira, até
que se acostume a eia e não possa mais deixá-la. Por isso, criamos uma lei que, se
o acusado de uma falta a confessasse abertamente e prometesse se emendar, não
sena açottacío; ( . . . )
2. Nenhum ato pecaminoso, como mentira, roubo, brincadeira na igreja ou no dia
do Senhor, desobediência, rixa etc. passava impune;
3. Nenhuma criança era repreendida ou açoitada duas vezes pelo mesmo delito e,
caso se emendasse, nunca mais era censurada por causa dele;
297
4. Cada notável ato de obediência, especialmente quando contrariasse suas próprias
inclinações, era sempre elogiado e freqüentemente recompensado, conforme o
mérito da causa;
5. Sempre que uma criança fizesse um ato de obediência ou qualquer coisa com a
intenção de agradar, mesmo que a performance não fosse perfeita, a obediência
e a intenção seriam bondosamente aceitas e a criança, com toda a ternura, seria
instruída a fazer melhor no futuro;
6. A propriedade era preservada e inviolável, e ainda que tivesse o valor apenas de um
ceitil ou alfinete, ninguém a podia tomar do dono sem seu consentimento, muito
menos contra sua vontade. Como essa regra nunca era inculcada na mente das
crianças, e dada a falta de pais ou governantes para fazê-lo, procede a vergonhosa
negligência da justiça observada no mundo.
.7. Promessas eram rigorosamente cumpridas, e um presente, uma vez dado, e assim
passado o direito do doador, não era reassumido, mas deixado à disposição
daquele ao qual fora dado, a não ser que a doação fosse condicional e a condição
da doação não tivesse sido cumprida;
8. Nenhuma filha era ensinada a trabalhar até que lesse bem, e era mantida no
trabalho com a mesma aplicação e pelo mesmo tempo que na leitura. Essa regra
deve ser observada, pois colocar crianças a aprender a costurar antes de poderem
ler perfeitamente é a raxão de tão poucas mulheres poderem ler suficientemente
bem e merecerem ser ouvidas e bem entendidas.
John Wesley sempre nutriu grande paixão pela natureza. Nos seus poucos
períodos de descanso, ele visitava parques e jardins, sem falar nas contínuas
viagens pelos verdejantes caminhos da Grã-Bretanha.
Após um passeio pelos jardins das cidades de Stourhead e Cobahm,
na Inglaterra, em 13 de outubro de 1779, ele percorre os famosos jardins de
Stowe, embevecido com a beleza do lugar. Em seu Journal, anota ter avistado
primeiramente a formosa corrente de água fluindo pelos jardins na frente da casa
e se impressionado com os penachos das árvores ao redor. Apesar .da impressão
profundamente favorável, comparando os jardins de Stowe, que acabara de
visitar, com os de Cobham, conclui: “1. o rio de Cobham envergonha os de
Stowe; 2. não há nada em Stowe comparável às sendas próximas da roda, que'
correm rio acima, ao lado de um monte alto, grotesco e silvestre; 3. nada nos
jardins de Stowe pode ser comparado ao grande tempio, o antigo pavilhão, a
gruta ou o edifício à ponta do jardim de Cobham”.
293
Anos antes, em janeiro de 1775, durante a visita ao bem cuidado jardim do
sr. Gordon, em Mile End, observou: “E difícil encontrar em toda a Inglaterra,
e ainda na Europa, um jardim como esse”. Um ano depois (12/set./177ó),
passou algumas horas no jardim do sr. Hoare, em Stourton, descrevendo-o da
seguinte maneira:
Vi os jardins mais famosos da Inglaterra, mas esse supera a todos, pois: 1. localiza-se
na ladeira de um pequeno monte semicircular; 2. possui um vasto ribeirão, que cobre
60 acres de terra; 3. há um agradável intercâmbio de bosques com sombra e pântanos
com sol, curiosamente mesclados. Destacam-se sobretudo as belas grutas, duas das
quais superam todas as que já vi: a gruta da fonte, inteiramente de pedra, imitando
admiravelmente bem a natureza, e a gruta do castelo, onde se entra sem perceber,
debaixo de um monte de ruínas. Tudo construído de raízes de árvores formosamente
entretecidas. Ao lado há uma pequena ermida, com uma lâmpada, uma cadeira e uma
mesa onde estão colocados ossos.
299
- concordamos,- Deus nos ajudando: 1. que nenhum de nós empreenderá qualquer
coisa importante sem primeiro propô-la aos outros três; 2. que quando os nossos
pareceres discordarem, qualquer um cedera o seu ]ui20 singular a determinação
dos outros; 3. caso haja empate, depois de pedir a direção de Deus, o negócio será
decidido pela sorte.
Na viagem à Geórgia, Wesley inicia o seu Journal. Durante a viagem, ele conta
ser muito comum os quatro amigos se exortarem mutuamente a “despojar-se de
todo peso e a correr com paciência a carreira que tinham pela frente” (Hb 12,1).
O despojamento almejado começou bem cedo, com pequenas coisas.
Deixaram de comer carne e tomar vinho, alimentando-se de verdura, arroz e pão,
e reduziram o número de refeições. Por conta de um incidente corriqueiro, John
Wesley foi obrigado a dormir no assoalho. Após essa experiência, reconheceu que
a cama era supérflua, desnecessária, e que dali em diante poderia ser dispensada.
O seu Journal (21/out./1735) traz o relato da rotina do grupo:
Das 4 às 5 da manhã, cada um se dedicava à oração particular. Das 5 às 7 horas,
líamos a Bíblia juntos, cuidadosamente, comparando-a com os escritos antigos. As
7 horas havia o café da manhã e às 8, orações em público. Das 9 às 12, eu estudava
alemão, o sr. Delamotte grego, Charles escrevia sermões e o sr. Ingham ensinava as
crianças do navio. As 12 nos reuníamos para compartilhar o que havíamos feito desde
a última reunião e fazer planos para a próxima. A 1 da tarde almoçavamos e depois
iíamos para os que quisessem ou faiávamos com bastante rigor, de acordo com o
necessário. As 4 da tarde tínhamos orações vespertinas, explicando a segunda lição ou
catequizando as crianças, instruindo-as na presença da congregação. Das 5 às 6 horas,
voltávamos às orações em particular. Na hora seguinte, eu lia em meu quarto a dois
ou três passageiros e cada um de meus irmãos fazia o mesmo com outros tantos em
seus quartos. Às 7 da noite, unia-me aos alemães em seu culto público, enquanto o
sr. Ingham lia a todos que desejassem escutar. Em seguida, nos'reuníamos outra vez
300
para exortar-nos e Instruir-nos uns aos outros. Entre 9 e 10 da noite, deitávamos, pois
nem o ruido do mar nem o movimento do barco podiam tirar o sono tranqüilo que
Deus nos dava.
Para as milhares de pessoas que, por carta, procuravam sua orientação, John
Wesley costumava contar alguma experiência de sua própria jornada. A Mary
Cooke, em outubro de 1785, ele confessa:
Muitos anos atrás, quando alguém descreveu-me o glorioso privilégio de um crente,
exclamei, “Se é assim, eu não tenho fé. Habes fidem, sed exiguani’ (Tenha fé, ainda que
débil). O mesmo digo a você, estimada amiga. Você tem fé, mas é somente como um
grão de mostarda. Conserve a fé que tem, ainda que ela seja do tamanho de um grão
de mostarda. Conserve a que tem e peça o que necessita.
Para alguns, ele deixa de lado o rigor teológico e adota um tom mais familiar,
íntimo e condescendente, por exemplo, no texto endereçado a William Green
(out./1789): “Pregar a salvação pelas obras é um erro, mas ele não significa o
mais terrível do mundo. Duvido que tal erro alguma vez tenha levado uma pessoa
à condenação. Duvido que qualquer pessoa que busca sinceramente obedecer a
Deus morrerá antes que Deus lhe indique o verdadeiro caminho da salvação”.
Essa preocupação de buscar a essência e fugir dos malabarismos teológicos
e doutrinários é uma constante em suas cartas, como na remetida à sra. Bennis
(25/jul./1767):
A parte essencial da santidade cristã é dar q coração completamente a Deus; e
certamente não se pode perder nenhum grau da luz e do amor que a acompanha no
princípio. Se a perdemos é por noosa própria debilidade, não pela vontade do Senhor
sobre nós. Seu negócio presente não é refletir se deveria chamar sua experiência
assim ou assado, mas ir diretamente Aquele que a ama, com todos os seus desejos,
não importando quão grandes ou quantos sejam. Então, todas as coisas estarão
preparadas. A ajuda se dá quando se pede. Somente há como recebê-la mediante uma
fé simples e sincera.
301
I
em uma casa de barro”. Para confortá-la, podería repetir o sermão feito em
31 de janeiro de 1767, sobre Deus nunca abandonar ninguém, a não ser que
abandonado primeiro e, apesar das provações, cada crente poder ser feliz e andar
na luz todos os dias de sua vida.
302
18 de outubro - Enfrentando Desafios
303
19 de outubro - Ajudando a Construir
304
20 de outubro - O Leão Convertido em Carneiro
305
e poderia atravessar a correnteza com facilidade. O problema seria perder suas
anotações. No final das contas, a perda fora mínima, apenas um pedaço do jaleco
e uma folha de papel que trazia nas mãos.
306
22 de outubro - Agenda Apertada
307
Wesley assegura que uma das razões pelas quais Deus permite o
prolongamento de sua vida é o fato de ele continuar reafirmando o propósito
de não separação.
O GO
Outra jovem, Betth Someri, que também estava na casa, começou a gritar tão
forte quanto a outra. A luta continuou até depois das 11 horas da noite, quando
Deus ministrou a paz às duas jovens, que, restabelecidas, cantavam louvores a
Deus, vencedor do inimigo e do vingador (SI 8.2).
O t r\ A n A r\ nto com
j CLA J (XX \Deu graças a Deus pelo livramento.
3üy
V
310
que eles dizem, se não estiver de acordo com as Escrituras. Segundo, Deus atua por
intermédio deles para que os que possuem um coração sincero recebam coisas boas
de seus pregadores, especialmente pelas orações e pela Ceia do Senhor. Terceiro, os
senhores Maxfield, Richards, Westall e todos meus ajudantes uniram-se a mim no que
digo. Portanto, renunciar a ir à Igreja é, de fato, abrir mão da conexão comigo. Para
concluir, desafio a qualquer pessoa provar que há qualquer contradição nos textos que
tenho publicado desde 1738 até 1788.
311
Há mudanças claras no pensamento de Wesley com respeito a diversos
temas. Ele mesmo o admite a Thomas Rutherforth, professor de teologia em
Cambridge, que, em 1768, o acusou de sustentar contradições. Admite ter
renunciado a várias de suas antigas posições, até mesmo sem perceber.
Sua carta a James Morgan (3/set./1768), que considerava um dos melhores
pregadores metodistas, traz um exemplo dessa quase humildade intelectual de
John Wesley. Admite ter pensado muito sobre a posição de Morgan na última
conferência, concluindo que ele estava correto. A questão tratada na reunião era
a seguinte: “Todos os que estão sob o favor de Deus têm consciência disso?”.
Morgan sustentou que havia exceções: nem todos sabiam estar sob o favor
de Deus. Wesley reconheceu tratar-se de uma posição contrária ao que sempre
fora ensinado pelo metodismo e que não combinava com os hinos, nem com os
demais escritos metodistas. Para Wesley, sempre foi ensinado “que um penitente
chora e sofre precisamente por isso, por crer que não está sob o favor de Deus.
Daí ensinar algo contrário seria ir contra a Bíblia”. “Ainda entendo, que essa
é a doutrina bíblica, confirmada não apenas por alguns textos isolados, como
também pelo sentido geral das Escrituras, particularmente pela Epístola aos
Romanos”, concluiu.
31?
sociedade.
M.F. tentou se defender das acusações, alegando em vão sua improcedência.
Depois de uma conversa definitiva com o pregador local, inflexível em sua
posição, ela teve de entregar o tickst, o comprovante de membro da sociedade e os
demais documentos de sua classe. Ninguém mais a procurou para uma conversa
ou tentou ajudá-la a superar a fase difícil. Ela foi completamente abandonada
pelos amigos e por todos os que com ela conviveram durante tantos anos. Foi
como se tivesse morrido.
Tempos depois, estranhando que uma pessoa como ela, havia tantos anos
dedicada à educação de muita gente, fosse responsável por ações tão infantis,
Wesley decidiu retomar uma investigação mais completa. Soube, então, que a
sra. N., que tinha acusado M.F. de revelar o seu segredo, já o tinha revelado a
bem mais de 20 pessoas. Se tanta gente sabia da história, pela própria boca da
acusadora, como poderia ela afirmar com segurança quem era a responsável
pela sua disseminação? Wesley acabou concluindo que tal acusação era falsa. E a
denúncia da embriaguez também se revelou enganosa. De modo que uma pessoa
que prestara tão bons serviços ao metodismo havia sido expulsa de maneira
injusta e vergonhosa. Tudo por conta de fofocas. Usando de ironia recheada
de tristeza, termina o relato: “E foi assim que expulsamos um dos líderes mais
valiosos que tínhamos. Por essas razões maravilhosas”.
3i3
de Deus, como a rocha sobre a qual estou edificado. Roguem ao Senhor por
misericórdia. Ninguém deve ficar desesperado. Quando cheguei pela primeira
vez a esse lugar, meu coração estava duro como as paredes da minha cela e negro
como o inferno. Agora fui lavado e estou limpo pelo sangue de Cristo”.
Lançaster animou a cada um que duvidava de suas palavras para não
descansasse até encontrar a paz em Cristo. Em seguida, fez uma exaltada oração
de louvor e ação de graças. Rogou que o verdadeiro Evangelho de Cristo atingisse
todo o mundo, intercedeu pelo trabalho metodista na Fundição, desejando que
todos os membros pudessem satifazer-se do amor e do conhecimento de Deus e
orou particularmente por todos os que haviam cuidado de sua alma moribunda,
sobretudo Sarah Peters. Por último, suplicou pelo sr. Wesley, para que Deus
o abençoasse e o guardasse, de modo que nenhum homem e nem os diabos
pudessem feri-lo.
Quando o último prisioneiro foi conduzido à sala, Lançaster cumprimentou-o:
“Aqui está outro de nosso pequeno rebanho”. Todos abraçaram-se com alegria,
encomendando as almas a Deus. Ele orou novamente por todos os presentes,
para que até mesmo os que não estavam buscando o Senhor pudessem ser
encontrados por ele. Ao ver Sarah Peters no pátio, correu até ela e beijou-a
alegremente: “Hoje vou ao paraíso. Você me seguirá em breve”.
Lançaster e seus companheiros de prisão foram executados em 28 de
outubro de 1748. No dia 13 de novembro seguinte, depois de uma febre de dez
dias, Sarah entregou sua alma a Deus. Foi ao paraíso, como havia anunciado
Lançaster.
314
a sua resposta”. O poema 0 Misíério da Vida, de John Gambold, incluído nos
hinários dos irmãos Wesley, apoiava para tal prática. A sexta estrofe sugere\
“Quando a Soberana Sabedoria ordená-lo, minha alma por um desconhecido
caminho marchará”.
O costume de lançar a sorte foi copiado por Wesley dos moravianos.
Apesar de aconselhado por George Whitefield para não se exceder, ele adotou
definitivamente o costume, concordando com a declaração da Igreja Morávia
ao corpo de teólogos da Universidade de Württemberg: “Temos uma estima
peculiar pela sorte e a utilizamos tanto em público como em particular para
decidir assuntos de importância, quando as razões vertidas por ambas as partes
parecem ter o mesmo peso. E cremos ser a única solução para deixar de lado
nossa própria vontade, absolver-nos de toda a culpa e compreender com clareza
a vontade de Deus”.
Diante do questionamento freqüente a respeito da biblicidade dessa prática,
Wesley argumenta que as Escrituras, embora revelem alguns exemplos, não
ordenam, nem proíbem tal costume. Nunca fora tomada nenhuma decisão
inconseqüente ou preguiçosa. Na sua primeira viagem a Bristol, por exemplo,
quando insistiram para que fosse imediatamente e ele discordava da sugestão,
antes de lançar a sorte, houve um grande debate sobre o assunto. Foram ouvidas
todas as razões, dos dois lados, e, na medida em que não foi- possível tomar uma
decisão consensual, optou-se pela sorte.
Como educar os filhos? Basta oferecer-lhes uma boa educação para que
sua vidas-Uêem certo? É certa a receita bíblica, em Provérbios 22.6: “Ensina
a criança no caminho em que deve andar, e mesmo quando for velho não se
desviará dele”?
Em Al educação de filhos, baseado nesse texto bíblico, John Wesley explica que
não se trata exatámente de uma receita, da garantia de dar certo, seja qual for o
caso. Não se deve compreender tal frase no seu sentido estrito, crendo que toda
criança instruída no caminho correto jamais se apartará dele. Ela não coincide
de modo algum com a realidade, tanto que é bastante comum o comentário de
que “Os melhores pais têm os piores filhos”.
O que pode acontecer no processo de educação? Segundo Wesley, há
pessoas boas, mas limitadas na capacidade de entendimento. Nesse caso, não
se pode esperar muito da capacidade delas de educar os filhos. Além do mais,
316
existem aqueles que são competentes em muitos aspectos, porém, demasiados
brandos, não conseguindo afastar os filhos do mal. Imitam o comportamento
de Eli, ao tratar os filhos com toda deiicade2a numa situação em que deveria ser
■i mais enérgico: “Não, filhos meus, não escuto coisas boas a respeito de vocês”
:h (ISm 2.24). Ainda assim, casos de pais incapazes de educar não contradizem de
\' fato a afirmação de Provérbios, uma vez que os filhos não foram devidamente
i instruídos.
í Entretanto, há muitos exemplos de filhos educados com toda dedicação
|. e responsabilidade, mas que se apartaram çompletamente dos ensinamentos
\ recebidos. Deve-se entender tais afirmações do livro de Provérbios como
possuindo certa limitação. Elas significam uma promessa de caráter geral,
ainda que não universal, e muitos pais têm tido a alegria de vê-la cumprida.
Considerando ser o método mais eficaz para fazer de nossos filhos fiéis, ele
permite, na maioria dos casos, ainda que nem sempre, alcançar o objetivo
desejado. O Deus. dos pais também está com os filhos e abençoa seus esforços
para que possam ter a satisfação de deixar à sua descendência, além dos bens
materiais, a sua experiência de fé.
317
r
Novembro
319
2 de novembro - Falando Francamente
De nada adiantaram as exortações feitas por John Wesley, tanto que George
Bell, convertido ao metodismo em 1758, acabou expulso do movimento em
dezembro de 1762, em razão dos constantes anúncios de ressurreição de pessoas
da decretação do fim do mundo.
Tomas Maxfleld, primeiro pregador leigo do metodismo, ordenado
pelo bispo William Barnard, em 1758, foi o grande líder do movimento
que deu origem aos exageros de George Bell. Na carta enviada a ele
por Wesley (2/nov./1762), estão registrados os aspectos favoráveis e
desfavoráveis da situação:
Sem nenhum prefácio ou cerimônia, desnecessários entre nós, direi simplesmente o que
me desagrada em sua doutrina, espírito ou comportamento externo. Quando digo “sua”,
inçluo os irmãos Bell e Qwen, e todos os que estão próximos a eles. (...) Desgosta-me
essa aparência de entusiasmo, superestimando os sentimentos e impressões internas,
confundindo o mero. produto da imaginação com a voz do Espírito; esperando o fim
sem os meios e desvalorizando a razão, o conhecimento e a sabedoria em geral. (...)
Sem dúvida, o que mais me desconsola é a mesquinhez do seu amor pelos seus irmãos
e pela própria sociedade: Falta a união do coração com eles e entranhas de misericórdia,
falta benignidade e mansidão, e sobra impaciência diante da contradição. Você
conta como inimigo qualquer pessoa que lhe repreenda ou admoeste em amor. Seu
fanatismo e estreiteza de espírito o fazem amar somente os que o amam. Sua inclinação
de censurar, sua tendência a pensar duramente de todos os que não concordam
exatamente com você justificam, em uma palavra, o seu espírito de divisão. Na verdade,
não creio que nenhum de voçês haja planejado ou desejado uma separação. (...)
Quanto às reuniões públicas, gosto das orações ferventes e freqüentes suplicando
as bênçãos de Deus. Reconheço que elas têm feito muito bem e farão ainda mais.
Entretanto, desgostam-me diversas coisas: 1. o cantar, falar ou orar de várias pessoas
ao mesmo tempo; 2. a oração somente ao Filho de Deus ou mais que ao Deus Pai; 3.
as expressões impróprias nas orações, muitas vezes demasiado audazes, irreverentes,
pomposas e grandiosas, exaltando a si mesmo, e não a Deus, e dizendo, o que você
é, não o que lhe falta; 4. os hinos pobres, desatinados e sem mensagem; 5. o nunca
ajoelhar-se durante a oração; 6. as posturas e os gestos bastante indecentes; 7. seus
gritos até o ponto de não se poder entender as palavras; 8. a afirmação de que a
pessoa será perdoada ou santificada naquele momento; 9. a afirmação de que as
pessoas são santificadas quando não são; 10. o ordenar que as pessoas digam “creio”;
11. a condenação cortante de todos os que se opõem, chamando-lhes de lobos etc. e
declarando serem hipócritas ou não justificados.
320
3 de novembro - Misticismo Perigoso
No início <de novembro de 1790, John Wesiey escreveu à sra. Cock. Mais
que uma carta amistosa, tratava-se de uma exortação. Desde a sua juventude,
sempre fora reconhecida por Wesiey como extremamente inteligente e capaz.
Desde o primeiro contato com eia, Wesiey convenceu-se de que Deus lhe
reservava grandes planos. Para ele, o futuro da moça jamais seria encerrar-se
numa casa, restrita aos afazeres domésticos e dedicada exclusivamente à família.
324
Com certa tristeza, aponta que aquela mulher brilhante estava, enterrando os
seus talentos:
Quão insondáveis sãos os juízos de Deus! Que pouco conhecimento temos dos
Seus caminhos! Quando vi a forma maravilhosa pela qual Ele a tratou desde os
seus primeiros anos, quando falei com você em Jersey, e depois, mais amplamente,
em Guernsey, conclui que Ele a estava preparando para uma obra mais ampla.
Sem dúvida, sua vida não se destinava a restringir-se a tarefas domésticas!
Tinha a esperança de vê-la utilizar todos os dons dados por Ele em outras atividades.
Ainda que não possa negar que você esteja numa esfera mais baixa daquela
originalmente desenhada para a sua vida, espero que goze da comunhão com Deus
Pai e com o Seu filho Jesus Cristo. Que você seja sensível, onde quer que vá, à presença
da sempre bendita trindade e continue gozando dessa bondade melhor que a vida.
325
Sempre ao terminar a leitura de um livro, anotava no seu Journal a sua
avaliação. Na viagem a Bristol, em 8 de agosto de 1773, iendo a dissertação do
sr. surpreendeu-se extremamente com as bobagens escritas pelo autor. Para
ele, a mais grotesca era a de que o inferno tem a idade de 30 mil anos. Além dos
equívocos, desagradou-lhe a arrogância do autor ao afirmar; “Seria perdoável se
esses remendões da Bíblia oferecessem suas hipóteses de forma modesta. Mas
eles não se perdoam quando não apenas impõem seu esquema novelesco com
a maior confiança, como também ridicularizam aquela interpretação escrituraria
que sempre foi e continua sustentada por pessoas de maior conhecimento
e piedade”. Wesley acrescenta que escritores como aquele são, em parte,
responsáveis pelo descrédito da Palavra de Deus: “Eles promovem a infidelidade
com mais efetividade que Hume ou Voltaire”.
Alguns livros chamaram muito a atenção de Wesley e ele os leu repetidas
vezes. Odisséia, de Homero, foi um deles. Em 5 de setembro de 1768, ao reler a
epopéia grega, enquanto cavalgava, comentou: “Sempre imaginei que essa obra
parecia com O Paraíso Perdido, de J. Milton. Mas estava equivocado! Até que ponto
o último poema de Homero toma a supremacia sobre o outro livro!”.
326
Por sua vez, o líder metodista Tomas Willis, na carta a John Wesley
(13/nov./1744), afirma a impossibilidade de se cumprir rigorosamente
determinadas regras gerais, muito mais rigorosas que as implantadas por
Jesus Cristo. Embora conseguisse quase perfeitamente cumprir a regra áurea
do Salvador, não se acreditava capaz de acompanhar as recomendações de
Wesley, tampouco fazer com que fossem cumpridas pela comunidade. Ele cita
como exemplo a proibição de se fazer qualquer tipo de comércio no dia do
Senhor, argumentando que havia casos específicos que requeriam tratamento
diferente. Entre eles, o comércio de leite, em que as vacas não podiam passar
o domingo todo sem ordenha, as crianças precisavam de alimento e o leite
estragava do domingo de manhã até a segunda-feira. Em casos como aquele,
não seria necessária uma concessão?
Wesley respondeu simples e objetivamente que Willis estava absolutamente
certo. Assim era Wesley: as regras gerais deveríam ser cumpridas, sem
nenhuma impiedade ou cegueira. Inúmeros relatórios apontam que pessoas
foram expulsas das sociedades por não obedecer às regras gerais. Mas as
expulsões se referem a pessoas negligentes, inteiramente descomprometidas
com a comunidade. No caso dos metodistas referidos por Willis, dedicados ao
comércio leiteiro, descartou-se a exigência de cumprir integralmente o preceito
de guardar o domingo. Podiam fazer o trabalho indispensável e dedicar o
restante do dia ao Senhor.
Uma experiência dessas era facilmente admitida por Wesley, pois ele estava
acostumado a ouvir histórias fantásticas. A mais estranha de todas deu-se com
sua própria família, entre dezembro de 1716 e abril de 1717. Na ocasião, estudava
na escola de Charterhouse e soube, pelas cartas dos pais e irmãos, notícias
pormenorizadas da ação ruidosa de um espírito ou diabo (apelidado de “velho
Jeffrey” pelas meninas da casa), que, durante seis meses, bateu portas, quebrou
louças, andou pela residência e produziu todo o tipo de ruídos assustadores. *
328
passou a proporcionar salas para as reuniões das bandas, uma escola, a moradia
de Wesley, quartos de hóspedes (para a sua mãe e os pregadores visitantes),
um estábulo e um abrigo para coches. Silas Told, um ex-traficante de escravos,
descreveu-a como “um lugar em ruínas, coberto com telhas velhas, umas poucas
tábuas rústicas formando um púlpito provisório e diversas madeiras deterioradas
que compunham a estrutura”.
Em Pensamentos sobre o metodismo (1786), Wesley relembra o início do trabalho
em Londres, dizendo que na Fundição eram realizados dois cultos diários, um às 5
da manhã e outro às 7 da noite. Eles obedeciam sempre uma determinada liturgia:
uma breve oração, um hino, um sermão de mais ou menos 30 minutos, outro hino
e a oração finai. Os sermões, eram fundamentados na doutrina da salvação pela fé
e insistiam na necessidade de arrependimento e de uma vida santa.
O salão era grande, com capacidade para acomodar 1,500 pessoas. Os
bancos eram rústicos, com assentos reservados para homens e mulheres,
separados, como ocorria na Igreja Primitiva. Foi a primeira casa de pregação
metodista em Londres.
John Wesley escreveu inúmeras cartas a Mary Bosanquet. Numa delas (16/
ago./1767), a orienta a atentar continuamente ao chamado de Deus e realizar
tudo o que Ele quer que seja feito: “Todas as coisas são bênçãos, um meio para
a santidade, sempre e quando você possa dizer ciaramente: ‘Senhor, faz comigo
o que quiser, quando'quiser e como quiser’”.
Quatro anos depois, em 1771, surgiu em Yorkshire uma polêmica envolvendo
íary Bosanquet e Sarah Crosby, que, segundo alguns pregadores metodistas,
stavam realizando pregações. Na verdade, elas organizavam reuniões de oração
eventualmente pregavam. Mas os pregadores argumentaram que não era
íblieo as mulheres falarem na igreja.
A defesa de Mary foi motivada, em parte, pela carta recebida de Wesley,
essaltando que ela deveria estar atenta ao chamado de Deus. Ela escreve a ele
olicitando que fossem dadas às mulheres as mesmas oportunidades de atender
o chamado divino, reconhecendo que o delas era excepcional: “Não creio que
odas as mulheres são chamadas a falar era público, nem que todos os homens a
er pregadores metodistas. Porém, algumas têm um chamado extraordinário, e ai
laquela que não o obedece”.
Wesley aceitou seus argumentos e respondeu-lhes, em 13 de junho de 1771:
Creio que a força de sua causa descansa no seu extraordinário chamado. Estou tão
seguro de que isso é verdade, como também de que cada um dos nossos pregadores
leigos o recebeu. Do contrário, de nenhuma maneira eu poderia aceitar a sua pregação.
Está claro para mim que toda essa obra de Deus chamada metodista é uma dispensação
extraordinária de Sua Providência. Portanto, não me admira se ocorrerem algumas
coisas que não cabem dentro das regras comuns de disciplinar A regra comum de
São Paulo era: “Não permito à mulher falar na congregação” (1 Çor 14,34 e Tt 2,12).
Sem dúvida, em casos extraordinários, ele fez exceções, particularmente em Corinto.
330
relógio, descobri que eram apenas 10 e meia da noite. Enquanto pensava no
que fazer, ouvi muitas vozes, olhei pela janela e'vi que estava claro como o dia.
Muitas línguas de fogo voavam continuamente pela casa, Toda a parte de cima era
de madeira, que estava muito seca. Um grande depósito de madeira, perto dali,
cobria-se de chamas e o vento noroeste as levava até.a Fundição (na época, quartel-
general do movimento metodista em Londres), Não havia possibilidade de ajuda,
pois faltava água. Percebendo que não podia ajudar, tomei meu diário e meus papéis
e me retirei à casa de um amigo. Não tive medo, coloquei o assunto nas mãos de
Deus e sabia que Ele faria o melhor. Imediatamente o vento virou de noroeste
para sudeste. Nossa bomba surtiu efeito com muita água e, em pouco mais de duas
horas, todo o perigo acabou.
331
tem amigos, há alguém disposto a ajudá-la. Você possui um amigo ;om todo
o poder no céu e na Terra: Jesus Cristo, o Justo. Ele amou os pecadores do seu
tempo e condnua amando até hoje. Accicou que publicanos e prostitutas se
aproximassem. Uma delas lavou seus pés com lágrimas e os secou com seus
cabelos. Rogue a Deus para que possa estar em seu lugar! Diga Amém! Abra seu
coração e isso ocorrerá. Sem demora, ele lhe dirá: “Alegre-se, mulher, que os
seus pecados, ainda que muitos, são perdoados. Vá em paz e não peque mais”.
Você pergunta como conseguirá dinheiro para o pão, a comida e a roupa. Peça ajuda
a Deus. Ele a ouvirá, porque jamais abandonou aqueles que o buscam. Aquele que
alimenta os filhotes dos corvos não permitirá que pereça por falta de alimento. Ele
a proverá de uma maneira que você nunca imaginou, se buscá-lo de todo o coração,
Tema mais o pecado do que a possibilidade de padecer necessidades e do que a morte.
Clame com todas as forças para Aquele que perdoa os seus pecados, até que tenha o
pão que o mundo não conhece, até que receba o alimento dos anjos, o amor de Deus
derramado em seu coração. Clame até que possa dizer: “Agora sei que meu redentor
vive, que me ama e que deu sua vida por mim. E ainda que meu corpo seja destruído,
sei que verei Deus face a face”.
15 de novembro-Visitando Enfermos
332
a obra de Deus continuou sem interrupção. Os ramos continuavam férteis e
produzindo. De acordo com Wesley, Deus ainda convence, perdoa e santifica. O
grupo dissidente podia ser reconhecido como a escória, o entusiasmo, o prejuízo,
a ofensa. O ouro puro permanece: a fé, que atua pelo amor (G1 5.6) e há razão
para crer que aumenta diariamente.
333
Na noite seguinte, a maioria estava de volta e Wesley repetiu as informações,
o domingo, conversou com cada líder em particular para que avaliasse
excluísse as pessoas que não podia recomendar. Dos 204 membros foram
çcluídos 30. Numa conversa final, ele salientou que o número de membros na
>ciedade não era fundamental, e sim, o respeito às regras, mesmo que numa
>ciedade com apenas 50 pessoas.
334
Ela estava enferma, aguardando a bênção cie Deus sobre sua vida, esperando a cura da
enfermidade. Num certo momento, suas mãos e seus pés começaram a esfriar-se de
tal maneira, que todos chegaram a crer na chegada da morte, que ela seria inevitável.
Naquele momento, Satanás veio com força e a cobriu com profunda escuridão.
Reagindo, a mulher iniciou uma luta tão forte com Deus que, em poucos minutos, a
febre se foi, a temperatura do corpo normalizou e a sua força se restabeleceu. Com
toda a probabilidade, quando o velho assassino revelou a furiosa intenção de destruir-
lhe a alma, ela se apegou fortemente a Deus e saiu vitoriosa na batalha.
336
sociedades metodistas. Discutiu-se muito sobre o que fazer para que o povo
metodista se unisse no amor e na devoção.
Uma das primeiras propostas de John Wesley foi estabelecer a sociedade
metodista de Londres como “Igreja Mãe” da conexão, incumbida de coordenar
todas as outras. Naquele ano de 1749, o movimento já precisava de uma
organização mais elaborada. Além dos irmãos Wesley, os novos circuitos da
conexão metodista eram formados por 21 pregadores (oito assistentes e 13
auxiliares) e mais 15 em experiência.
Outra novidade importante dessa reunião foi a elaboração de um ritual solene
para a recepção de novos pregadores auxiliares, projeto aprovado em 1746,
que demorou para ser organizado. No ritual, além da liturgia para a recepção,
também foram colocados os cinco passos que devériam ser observados pelo
candidato: 1. sua recomendação deveria ser feita pelo assistente; 2. ele teria de
ler e concordar com a doutrina e a disciplina registrada na Ata anterior; 3. após
ser aceito como pregador em experiência (probationer), receberia uma cópia da
Ata com a seguinte nota: “Você concorda que é seu dever chamar pecadores
para o arrependimento? Dê uma prova completa de que Deus o chamou para
isso, e estaremos contentes e agiremos de acordo com você”; 4. depois de um
ano de experiência, o pregador auxiliar receberia nova cópia das Atas com a
inscrição: “Enquanto você livremente consentir e sinceramente se esforçar para
andar de acordo com as regras seguintes, estaremos felizes de caminhar de mãos
dadas com você”, e assinada por John Wesley; 5. a aceitação total era renovável
anualmente.
A responsabilidade maior no exame dos pregadores foi confiada a Charles
Wesley, por sinal, bem mais severo que o irmão. Charles julgou Robert
Gillespie como “indigno de pregar o Evangelho”, apesar da aprovação de
John, e o mandou de volta ao antigo trabalho. Em carta a John Bennet, afirma:
“Um amigo nosso (sem o Conselho de Deus) transformou em pregador
um aifaiate. Eu, com o auxílio de Deus, farei dele novamente um alfaiate”.
Tamanha era a severidade de Charles que, numa ocasião, John aconselhou-o
a “não reprovar os jovens sem muita necessidade”. Para Charles, com o
seu zelo extremo, cuidar dos negócios do Senhor era bem mais importante
que tratar dos próprios interesses. Defendia que a Igreja deveria preocupar-
se seriamente com os pregadores. Não era qualquer um que poderia ser
admitido aos quadros metodistas.
337
1 de novembro - Idéias que dão Certo
338
sempre: eíO sr. Wesley pôs a mão no bolso e tirou uma folha manuscrita, a qual,
acredita-se, ninguém havia visto desde que ele a escrevera em Newcastle, no
caminho à conferência”. Naquele ano, o metodismo da Grã-Bretanha contava
com quase 300 pregadores para dirigir um rebanho de 71.463 membros.
õ39
depois de romper em pedaços os adormecidos. “Vá e faça o mesmo” (Lc 10.37).
■Só o amor de Deus em Cristo alimenta seus filhos; no entanto, eles têm de ser
guiados da mesma forma que alimentados. À maioria dos que nos escutam precisam
ser purgados, antes de ser alimentados. Se não, estaremos somente alimentando sua
enfermidade. E tome cuidado com uma dieta baseada apenas em mel.
340
outro, e não demorou para perder o paladar. O mais admirável, como afirma,
era que, ao invés de se queixar, a pessoa reconhecia o amor de Deus e o louvava
condnuamente.
Mais tarde, em carta à srta. J. C. March (dez./1777), revela-se uma pessoa
bastante ocupada, que viajava cerca de 8 mil quilômetros por ano, mas que
encontrava tempo para visitar os enfermos e os pobres. Fazia tal trabalho porque
cria na Bíblia e nas perguntas que o Pastor de Israel faria no grande dia. Visitar
enfermos e pobres é missão de todo cristão e John Wesley realiza esse trabalho,
aproveitando todo o tempo e oportunidade.
Samuel, o irmão mais velho dos Wesley, morreu repentinamente, muito cedo,
em 24 de novembro de 1739. John e Charles foram avisados da sua morte do
irmão e dirigiram-se a Tiverton, de modo a dirigir o ofício e consolar a família.
Durante a cerimônia fúnebre, John recebeu de um dos pastores o convite para
pregar em sua igreja. Na manhã seguinte, um domingo, pregou em St. Mary,
citando Romanos 14.17: “O reino de Deus não é bebida, nem comida, mas
justiça, paz e gozo no Espírito Santo”.
Após o sermão, foi informado de que não poderia mais. pregar no culto da
noite, como havia sido acertado. Perguntando qual a razão da mudança, o pastor
lhe respondeu: “Não é que você pregue doutrina falsa. Acho que tudo o que diz é
verdade, é a doutrina da Igreja da Inglaterra. Porém, não é precavida, mas périgosa.
Pode guiar pessoas ao fanatismo e ao desespero”. Wesley já estava familiarizado
àquele tipo de objeção. Antigamente, havia espaço aberto para pregar onde
quisesse, só que ele não tinha uma mensagem de Deus. Agora, que isso acontecia,
as portas dos templos não lhe eram mais franqueadas. Curioso paradoxo.
Depois de refletir por alguns momentos, compreendeu a situação.
Comumente se pensa que religião consiste em três pontos: ser inofensivo, usar os
meios de graça e fazer o bem, ajudando o próximo, sobretudo com esmolas. Por isso,
um homem religioso frequentemente se refere a outro que é honesto, justo e bem-
intencionado era suas atitudes, que assiste regularmente os trabalhos da igreja e ao
sacramento, dá esmolas e faz o bem. Ao explicar as palavras do apóstolo, de que o
reino de Deus (ou a verdadeira religião, a conseqüencia de que Deus vive e reina na
alma) não é comida e nem bebida, fui obrigado a mostrar que a religião não consiste
propriamente em uma ou em todas essas coisas. Ao contrário, uma pessoa pode ser
ó41
I
inofensiva, usar os meios de graça e fazer o bem e, no entanto, não possuir nenhuma
religião verdadeira. Ao expor que o reino de Deus (ou a verdadeira religião) é
justiça, paz e gozo no Espírito Santo, insisti em que cada seguidor de Cristo deve
esperar e orar pela paz de Deus que ultrapassa todo entendimento, deve gloriar-se
na esperança da glória de Deus e que isso dá agora mesmo, nessa vida, um gozo
inefável e glorioso, a convicção de que o amor de Deus foi derramado em nossos
corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.
342
Wesley acreditava que os extremos são sempre perigosos. Ao mesmo tempo
em que não se deve acreditar que todas as manifestações são obras do Espírito,
também não se pode concordar com aqueles que fecham todas as portas a elas.
Suponhamos que, em alguns poucos casos, houve dissimulação, quando pessoas
anunciaram ver ou sentir o que na verdade não viram nem sentiram, e apenas
imitaram gritos e movimentos. Mesmo que, no meio de um grande movimento,
aconteçam dissimulações, e até com certa frequência, ainda assim não se deve negar
ou desvalorizar a obra real do Espírito. “A sombra não é o menosprezo da substância,
nem a falsificação do verdadeiro diamante.” Devemos ser cuidadosos e nos proteger
contra esse tipo de ocorrência, exortando diligentemente a compreensão de todos de
que, para Deus, o valor está no amor humilde. Não se pode menosprezar ou censurar
essas expressões. Seria um ato irracional e não cristão.
343
que não conseguia me aquecer. Prossegui a viagem e meio ao frio forte e penetrante.
Quando finalmente cheguei em casa, senti uma dor muito forte no lado esquerdo do
|JCI to, tosse violenta e iCure.
a
:
j;—
uiv.
uíüo
j. /wou it/tttui JU1. c|v_i£7 no
domingo, dia 18, estivesse apto a pregar em Spitalfieids e administrar o sacramento da
Ceia a uma grande congregação. Depois disso, meu estado de saúde voltou a piorar
e o dr. Fothergill recomendou-me alguns dias no campo, descansando, tomando leite
de jumenta e cavalgando diariamente.
344
Terra. Com dor no coração via muitas pessoas jogando óleo ao fogo e gritando
que os pobres americanos, em luta pela liberdade, eram tratados com injustiça.
Para ele, os habitantes das colônias não eram oprimidos e gozavam de ampla
liberdade, civil e religiosa. Por trás do conflito, estava a decisão de boicotar o
pagamento de impostos.
Agora não há forma possível de apagar esse fogo ou impedir que se faça mais e
mais alto sem mostrar que os americanos não são tratados com crueldade, nem com
injustiça, que não lutam pela liberdade (eles já a possuem em toda a sua extensão,
civil e religiosa), nem por nenhum privilégio legal (pois gozam de tudo isso em suas
cartas constitucionais). Lutam é pelo privilégio ilegal de se ver livres dos impostos
parlamentares. Um privilégio que nunca cédula alguma deu a nenhuma colônia
africana, e nem poderá dar, a não ser confirmado pelo rei, pelos lordes e pelos
comuns, que por certo nossas colônias nunca tiveram, nem reclamaram até o presente
reinado. E provavelmente nunca teriam reclamado, não houvessem sido incitadas a
isso por cartas da Inglaterra. Urna delas foi lida, segundo o desejo do escritor, não
apenas no Congresso Continental, como também em muitas congregações em todas
as províncias. Aconselhava a todos os oficiais do rei a se posicionarem lhes exortava:
“Resistam com valor durante seis meses e, nesse período, haverá tais comoções por
toda a Inglaterra e vocês poderão fazer valer suas condições”. Sendo tal a situação,
sem colocar nenhuma cor ou agravo, que homem imparcial poderia culpar o rei ou
elogiar os americanos?
John Wesley estava feliz com o trabalho metodista nos Estados Unidos.
Apesar da crise provocada pela independência, ele sempre procurou ajudar os
lideres metodistas na América. Enviou-lhes inúmeras cartas, especialmente a
Coke e Asbury. Na correspondência a esse último (nov./1787), observa como
essencial cuidar melhor dos indígenas, que estavam sendo dizimados e não
contavam com a necessária defesa dos metodistas:
Verdadeiramente, Deus vem realizando durante vários anos uma obra gloriosa na
América. Porém, uma questão me traz muita preocupação: Deus está visitando a
descendência de Jafé (os ingleses), que agora “habitam nas tendas de Sem” (Gn 9.27),
segundo a prorecia de Noé. A descendência de Sem (os índios) parece estar sendo
esquecida. Quão poucos deles têm visto a luz da glória de Deus desde que os ingleses
345
lá se estabeleceram! E agora apenas um entre 50, talvez um em cem, ainda se encontre
vivo! Não está parecendo que Deus, ao invés de planejar a reforma das nações índias,
tenha desejado sua destruição? Quantos milhões de indígenas (na América do Sul e na
do Norte) já morreram nos seus pecados! Será que nem Deus nem o ser humano terão
compaixão desses párias da humanidade? Sem dúvida, se depender do ser humano,
é impossível que eles recebam ajuda. Mas será que isso é difícil para Deus? Oh, se
Ele se levantasse e defendesse sua própria causa! Se Ele inquietasse os corações de
alguns de seus filhos a orar solenemente pela conversão desses pagãos! Então, “A
eterna Providência, que excede todo o pensamento, abrirá um caminho onde não há”,
“Rogue, pois, ao Senhor, que envie trabalhadores para a sua seara” (Mt 9.38). Não
relute em enviar dois irmãos dos cem que possui para ajudar os do norte (isto é, da
Nova Escócia). Considerando os gastos enormes, bastà que enviemos dois obreiros
para cada um dos que vocês enviam. Façamos tudo o que for possível e será suficiente.
E que não surja nenhuma dificuldade nas nossas relações.
346
destaca que havia o perigo de se perder o amor pelos miseráveis líderes norte-
americanos, que arrastavam as pobres ovelhas para onde queriam, e considerava
a maioria das pessoas bem-intencionada e apenas seguia a liderança.
Em 1779, havia explicado o decréscimo em alguns circuitos como resultado
“parcialmente de preconceitos contra o rei e o falar mal das autoridades”. Anos
depois, em 1782, escreveu um pequeno artigo, intitulado Até que ponto é dever de um
ministro cristão pregar sobre política?, reconhecendo que, embora sua tarefa principal
fosse “pregar Jesus Cristo e ele crucificado”, os pregadores deveriam certamente
defender o rei e seus conselheiros contra as censuras injustas entre o povo. Aos
seus pregadores na América, na carta de 1.° de março de 1775, aconselha “serem
pacificadores, amorosos e cuidadosos para com todos, mas que não se filiassem
a nenhum partido político”.
No seu Journal (3/set./l 739), John assinala ter conversado longamente com
a mãe a respeito do assunto. Ela lhe disse que, pouco tempo antes, ouvira pela
primeira vez a menção de ter os pecados perdoados agora ou do Espírito de
Deus testemunhando com o nosso espírito. Nunca tinha imaginado que esse era
um privilégio de todos os crentes em Cristo. Por tal razão, nunca se atrevera a
pedi-lo para eia mesma. Porém, duas ou três semanas antes, enquanto Westley
Hall (o esposo de sua filha Marta), ao entregar-lhe o cálice, pronunciara as
palavras “O sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, que foi entregue por nós”,
elas atravessaram o seu. coraçao e eia soube que La eus, por meio Gc v^nsto, navia
perdoado todos os seus pecados.
John perguntou-lhe se seu avô (Samuel Annesley) não teve essa mesma fé
e se ela não o ouviu pregar sobre o assunto. Eia lhe responde que seu pai tinha
essa fé e que, pouco antes de sua morte, declarou que por mais de 40 anos não
tsma gs -
347
:r vivido nas trevas, nem sentido temor ou dúvida de ser aceito pelo Amado
>eus. Entretanto, ela não recordava de ter ouvido, nem uma só ve2, qualquer
regação sua explicitamente sobre o tema. Assim, achava que seu pai acreditasse
ue tal experiência fosse uma bênção para poucas pessoas, e não uma promessa
stendida a todo o povo de Deus.
Samuel Wesley júnior faleceu no dia 6 de novembro de 1739 sem compreender
nova fé dos irmãos. O rigoroso ministro da Igreja Anglicana não teve o tempo
ecessário para perceber que a ação do Espírito Santo não era “ilusória, perigosa,
promotora de visões e sonhos ociosos”, conforme retrucava em suas cartas.
348
Dezembro
350
pessoa dessa caminhava tão bem nos caminhos de Cristo, mas que agora está
longe e afastada de Deus.
351
Charles Wesley narra que estava cochilando quando ouviu tais palavras, que
nuiío o emocionaram. Suspirando, pensou consigo mesmo que seria tão bom se
Sristo lhe falasse daquela maneira.
Ao perguntar sobre quem havia dito aquelas palavras, a pobre mulher
;e apresentou e afirmou ter sido ela, mas que as palavras em verdade eram
le Cristo. Disse que foi Cristo quem ordenara que as repetisse a ele. Eia
íavia sido constrangida de tal maneira por Cristo que se viu na obrigação de
rumprir a ordem.
Foi ali, ouvindo aquelas palavras, que ocorreu a grande experiência de Charles
Wesley. Era dia de Pentecostes, 21 de maio de 1738. Ele alcançou a salvação.
John Wesley recebeu uma carta de John Evans, soldado que estava na frente
ie combate na Batalha de Flandres. e que acabou morrendo, estendido sobre
am canhão (com ambas as pernas estraçalhadas), louvando a Deus e exortando
i todos que o rodeavam. Nessa carta, transcrita no Journal (3/dez./1744), o
soldado conta um pouco da sua história e revela a sua busca espiritual:
Estimado Senhor: eu lhe sou um estranho. Não sei se já o havia lhe visto antes
daquela vez que o vi pregando na praça de Kennington. Na época, eu o odiava,
tanto quanto agora (pela graça de Deus) eu o amo. O Senhor me perseguiu com
convicções desde minha infância e, com freqüência, tomei boas resoluções; porém,
sabia que não poderia cumpri-las (porque foram feitas baseadas na minha própria
força). Finalmente, abandonei todo esforço e luta e me entreguei a todo tipo de
luxútia e profanação. Assim continuei por alguns anos, desde a Batalha de Dettingen.
As balas dos canhões caíam ao meu redor e meus companheiros tombavam por todos
os lados. Sem dúvida, me conservei sem nenhum ferimento. Poucos dias depois
dessa batalha, o Senhor veio me visitar uma segunda vez. As dores do inferno se
apoderaram de mim, as trevas de morte me rodearam. Já não me atrevi a seguir
cometendo nenhum pecado visível e orei ao Senhor para que tivesse misericórdia
de minha alma. Agora estava em busca de livros, mas Deus também cuidou dessa
necessidade. Um dia, quando estava trabalhando, encontrei uma velha Bfolia em
um dos vagões do trem. Para iê-ía, logo fui buscar meus velhos companheiros. (...)
Minha Bíblia era agora minha única companheira, e eu acreditava ser um bom cristão
até que chegamos a nossos quartéis de inverno, onde me encontrei com John Haime.
Logo me aborrecí da sua companhia. Ele roubou meu tesouro; furtou meus deuses ao
dizer que eu e minhas obras iríamos juntos ao inferno. Essa era uma doutrina estranha
para mim, que estava completamente ignorante da justiça de Cristo e só buscando
estabelecer minha própria justiça (...). Quando finalmente o Senhor abriu os meus
olhos e me ensinou que "por graça somos saivos por meio da fé” (Ef 2.8), comecei
| imediatamente a declarar essa mensagem para outras pessoas, ainda que pessoalmente
não tivesse experimentado em minha vida. Mas no dia 23 de outubro, quando William
Clements estava em oração, senti repentinamente uma mudança em minha alma.
Meus olhos se encheram de lágrimas de amor. Soube que estava reconciliado com
Deus por intermédio de Cristo, aquele que encheu minha alma com ferveate amor, a
quem agora via como meu único Salvador. Quão terno é o cuidado de Deus Todo-
Poderoso em educar seus filhos! (...) Estimado senhor, rogo que ore por este que não
é digno de ser porteiro do menor dos servos de meu Mestre.
353
comando arbitrário de John Wesley. Em carta ao irmão (9/jul./1766), ele escreve:
“Vou te contar um segredo. Não haverá oposição contra mim na conferência:
porque eu não discutirei. Encontrarei outro trabalho para eles”. E a seguir ele
garante que a presença do irmão será muito importante, “sumamente necessária”.
Em carta anterior (27/jun.), John Wesley já havia intimado o irmão a participar,
especialmente por desejar fazer uma completa reforma dos pregadores.
Durante a conferência, surge a questão do poder por ele exercido sobre
todos os metodistas na Grã-Bretanha e Irlanda. Sua resposta, bastante longa,
procura traçar uma narrativa histórica que tem início em novembro de 1738.
Sustenta que não busca o poder, mas que o povo vem a ele por liderança: “Foi
meramente em obediência à Providência de Deus e para o bem do povo que a
princípio eu aceitei esse poder, que nunca procurei; pelo contrário, centenas de
vezes labutei para atirá-lo longe”. Relembra aos presentes ter sido sua iniciativa
realizar conferências (para aconselhar, e não governar a ele) e que os pregadores
concordaram, desde o início, em servi-lo como “filhos no Evangelho”: “Eles
não me fazem favor algum em serem conduzidos por mim. Atualmente não
ganho nada com isso, a não ser preocupações e cuidados, freqüentemente com
uma carga que mal sei como carregá-la”. Mas observou que os pregadores não
deveriam se sentir embaraçados, embora não tivessem voto na conferência,
“pelo menos enquanto eu viver” concluiu ele. Afinal, “Cada pregador e cada
membro podem me deixar quando quiserem”.
por George Bell e outros em torno da profecia marcando o fim do mundo para
28 de fevereiro de 1763, ele ressalta ser necessário se tomar muito cuidado com
esse tipo de religiosidade. Diz que tudo sempre começa de uma forma legítima,
séria, envolvendo pessoas dedicadas- e comprometidas com o Evangelho de Jesus
354
Cristo. Fora assim que aconteceu com Bell, William Green, entre vários outros:
estavam cheios de amor e foram favorecidos com revelações extraordinárias
e manifestações realizadas por Deus. Só que essas pessoas acabaram sendo
seduzidas por Satanás e abandonaram a simplicidade, característica básica de
Cristo e do cristianismo. De modo quase imperceptível, foram galgando degraus
cada vez mais altos e levados a valorizar exageradamente os dons extraordinários,
mais do que a graça normal de Deus.
As advertências e os conselhos de Wesley e de algumas outras pessoas em
nada haviam sido suficientes então. Os envolvidos desprezaram qualquer tipo de
exortação. Consideraram-se possuidores de uma espiritualidade melhor que os
demais e não precisavam dar atenção aos que questionavam suas posições.
Pensando nessas tristes experiências, que abalaram profundamente diversas
sociedades metodistas, Wesley assinala que a fé e a esperança são dons gloriosos
e devem ser devidamente valorizados. Entretanto, são apenas meios para se
chegar ao dom maior, que é o amor, o fim de tudo, o dom sublime.
Em carta anterior, ele aconselhara a Ann Bolton não colocar como meta
nada mais alto, nem mais profundo, que a religião descrita amplamente por Jesus
Cristo no Sermão do Monte e resumida brevemente por Paulo no capítulo 13
da primeira Carta aos Coríntios. No final, recomenda a ela que dedique um
determinado tempo, uma hora a cada dois dias, para realizar atos de amor, atos
de ajuda aos necessitados. Mesmo que não pudesse fazer tudo o que achasse
necessário, deveria procurar agir de forma concreta, ser misericordiosa para os
que precisam de apoio.
355
os outros é que somos alimentados por Deus, os místicos falam o contrário;
enquanto Jesus faz questão de destacar que devemos andar sempre juntos, e nos
envia para a missão “de dois em dois”, os místicos buscam o isolamento.
Jesus, num momento muito importante de seu ministério, determinou que
seus discípulos permanecessem juntos e esperassem, aguardando a promessa do
Pai; eles obedeceram, e estavam juntos no mesmo lugar ao receber o Espírito
Santo. Dias mais tarde, quando três mil almas foram acrescentadas ao grupo,
todos os que criam estavam juntos e continuaram firmes, não só na doutrina dos
apóstolos, mas também no companheirismo e no partilhar do pão.
O que o apóstolo Paulo ensina sobre crescimento espiritual é bem diferente
daquilo que afirmam os místicos. Para estes, o que interessa é a contemplação,
o não envolvimento em questões materiais, uma vida voltada apenas para aquilo
que chamam de espiritual.
O Evangelho de Cristo é completamente oposto a esse tipo de religião. Nele
não há religião solitária. “Santos solitários” é uma expressão tão inadequada para
os Evangelhos como “adúlteros santos”. O Evangelho de Cristo não conhece
outra classe de religião que não seja uma religião social; não conhece outra
santidade que não seja social. O mandamento de Cristo é no sentido de que
quem ama a Deus deve também amar o irmão. A melhor maneira de manifestar
o nosso amor cristão é “fazendo o bem a todos os homens, especialmente aos
domésticos da fé”.
Esse é o caminho cristão. Devem caminhar por ele todos os que têm fé em
Jesus Cristo. Não se pode colocar qualquer outro fundamento além do que já
está posto: Jesus Cristo.
Deus nos ensina a respeito da importância de estarmos sempre juntos com os
nossos irmãos, instruindo-nos, aconselhando-nos, exortando-nos, confortando-
nos e edificando-nos uns aos outros. E preciso tomar cuidado para que ninguém
nos engane por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo as tradições dos
bomens, conforme os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo.
356
que escreve ao Dr. Brown, em 1768, revela que sua primeira informação sobre o
assunco foi obtida por volta de 1744, quando leu um relato traduzido de um autor
francês, que faz apologia da obra jcsuítica. Na obra de Wesley não há nenhuma
indicação de que se ele possa ter, sabido da expulsão dos jesuítas ou ainda da
própria extinção da ordem, ocorrida em 1761. Escreve Wesley em sua carta:
Estou completamente persuadido de que a religião verdadeira e genuína é capaz
de realizar todos aqueles efeitos felizes que se alega se lograram ali — e isso entre
os seres humanos mais ignorantes e selvagens! Eu vi exemplos disso: nenhum
dos índios é mais selvagem do que eram os mineiros de Kingswood; e muitos
deles são agora gente mais humana, hospitaleira e cheia de amor a Deus e aos
demais seres humanos: tranqüilos, diligentes nos negócios, contentes em todas as
circunstâncias, adornando de todas as maneiras o Evangelho de Deus, seu Salvador.
Porém, aqui está a dificuldade. Não estou persuadido de que os missionários romanos
(com poucas exceções) conheçam ou ensinem a religião verdadeira e genuína. E de todos
seus. missionários, falando em termos gerais, os jesuítas são os piores. Não ensinam a
religião verdadeira e genuína de Jesus Cristo. Gastam seus maiores esforços em ensinar
as opiniões e os costumes da sua igreja. Talvez o mais religioso que tenha havido entre
eles seja o “Apóstolo das índias Orientais”, Francisco Xavier. E em suas próprias cartas
(eu tenho quatro volumes) aparece claramente qúe nunca ensinou nem um jota da
religião do coração, mas, escassamente, opiniões e coisas externas. Agora, que virtude,
que felicidade pode possivelmente surgir de uma raiz como essa? Concedendo, então,
que os conversos paraguaios têm paz e abundância, concedendo que têm honestidade
moral, concedendo que têm uma forma externa de religião, não posso crer que tenham
progredido nem um só passo, ou que conheçam o que é a verdadeira religião. Seus
instrutores experimentam o reino de Deus em sua interioridade? (...) E se não, é
possível que possam levar outros a mais adiante, do que eles mesmos progrediram? (...)
E, sem isso, quem pode ser feliz? Quem pode evitar sentir muitas horas de aborrecimento
e tristeza? Que os índios comam, bebam, bailem, joguem: nada disso os levará longe
do que “Jack, o Ambulante e Joana, a Ociosa” em Prior. Que pode levá-los mais longe
senão a religião do coração, a comunhão com o Pai e com o Filho? Oh! qué você e.os
seus sempre experimentem essa parte melhor, que é a única que pode acabar com o
cansaço da vida, que é a única que da aquele goze profundo do coração, aquele gozo
que não termina, a promessa e primícias da vida eterna!
Numa manhã de dezembro de 1770, John Wesley relê a carta que havia
enviado para Lady Huntingdon. Atentamente, ele analisa cada parte da
3b/
arta e conclui que o texto reproduz fielmente o seu pensamento. Escreve
> que acredita e não faz nenhuma concessão com a finalidade de agradar,
^ala a verdade com amor e reconhece ser uma pena que pessoas próximas à
lestinatária procurem suavizar as feridas que ele expôs com tanta franqueza,
isse é um grande problema, pessoas se omitem e dizem apenas o que o outro
;osta de ouvir.
A franqueza é característica de Wesley. Se aos adversários ele expõe
laramente o seu pensamento, sem nenhuma preocupação política, com os
migos e pregadores metodistas ele fala com total transparência. Em carta ao
>regador Joseph Benson, naquele mesmo mês, ele assinala que é uma bênção
>oder conversar livremente com o amigo, sem nenhuma dissimulação ou
eservas. Considera que, enquanto tiverem tal’ liberdade, ambos crescerão em
abedoria e melhorarão a cada dia.
Para a sra. Bennis, em julho de 1767, ele afirmara algo muito parecido:
:Quando você me escreve, somente tem de pensar em voz alta, somente abrir a
mela do seu ser. Quando nos amamos uns aos outros, não há necessidade nem
le disfarce nem de reservas”.
Além da absoluta franqueza, outra marca importante em Wesley é o real
nteresse que sempre demonstrou pela vida física e espiritual dos pregadores
netodistas. Esse interesse transmitia confiança e permitia que muitos deles
.brissem o coração para o líder do movimento, como fez Benson. Em suas
:artas, faz inúmeras perguntas, confessa estar havendo pouco progresso em sua
ornada espiritual e diz não conseguir se livrar do arraigado inimigo que é o
)ecado. Wesley responde-lhe do seguinte modo:
Aconselho que se mantenha firme na-idéia de não deixar que os humanos nem
os demônios o apartem da convicção-de que você é um filho de Deus, que es rí
justificado gratuitamente mediante a redenção que há em Cristo Jesus (Rm 3.24) e
' que seus pecados são perdoados! Não perca essa esperança, visto que tem um grande
prêmio como recompensa. (...) Portanto, você é um crente; você tem fé eçn Cristo e
conhece ao Senhor. Você pode dizer “Senhor meu, e Deus meu!” (Jo 20.28). (...) Para
terminar com tòdas suas dúvidas sobre o assunto, peço que volte a ier com cuidado
os sermões Do pecado aos crentes e O arrependimento dos crentes.
No final da carta, Wesley explica que a perfeição não pode ser chamada de
‘batismo com o Espírito Santo”, como alguns o faziam, porque nesse sentido ela
lão é bíblica nem muito adequada. Para ele, todos “receberam o Espírito Santo"
juando foram justificados. Concluindo, orienta-o a continuar diligentemente
ajudando os irmãos a permanecerem firmes na graça recebida, que é a remissão
dos pecados pela fé no Senhor Jesus, e a esperarem lima segunda mudança, por
meio da qual serão salvos de todo pecado e aperfeiçoados no amor.
359
)iz ter conhecido muitos que passaram pela mesma experiência que ela e haviam
)btido a vitória. O mesmo Deus. ressaita ele, que livrou os demais também
rai socorrê-la: “Aconselho que siga o caminho, não importa se encontre algum
leneficio ou não. Ore como puder, ainda que se sinta fria ou esteja quase morta,
rscute atentamente a pregação e siga participando da sua classe. “O Senhor
:stá perto; Ele perdoará plenamente (Is 55.7)”.
360
de 1768, a respeito de uma atividade desenvolvida em St. Ives: “Eu reuni
as crianças, trabalho esse que exercitará todos os talentos dos mais hábeis
pregadores da Inglaterra”.
Independente de dom específico para esse trabalho, o certo é que os
pregadores metodistas passaram a organizar as crianças, reunindo-as em
pequenas sociedades, com a finalidade de instruir e exortar. Visando a municiar
esse público com material didático específico, o próprio Wesley cuidou de
preparar e publicar suas Liçõespara as crianças, uma espécie de livreto para estudo,
composto por porções simples e úteis das Escrituras.
361
2 de dezembro - Sobre o Terremoto
362
fatos, relatados em detalhes por todos os seus familiares, ocorreram entre dezembro
de 1716 e abril do seguinte, quando Joim estava estudando na escola de Charteíhouse.
Foi ele quem colecionou todas as narrativas e as publicou na Arminian Magazine.
Durante quase seis meses a família' foi assustada por um ruidoso espírito ou
diabo que batia portas, paredes e assoalho, quebrava louças, arrastava correntes,
andava pela residência e produzia todo tipo de ruídos. Essa assombração foi
apelidada pelas meninas da casa de “Velho Jeffrey”, em homenagem a um célebre
e iníquo juiz, que também atormentava as pessoas.
Uma das cartas narra que à meia-noite, num determinado dia, havia um ruído
fortíssimo num dos cômodos da casa. Corajosamente, o casal, de mãos dadas,
decide enfrentar o “Velho Jeffrey”, já que todos os filhos tremiam apavorados.
Susanna conta que “parecia que alguém havia derramado um grande vaso de
moedas na minha cintura, para correrem retinindo, pela camisola de dormir,
até os pés”. O sr. Wesley, com muita coragem, indagou qual a razão de querer
perturbar os seus filhos e a sua casa e desafiou-o a um encontro, só os dois, no
seu gabinete. Segundo o relato, Samuel caminhou majestosamente em direção ao
seu gabinete e encontrou-o trancado por dentro.
As meninas logo descobriram que se tratava de um “espírito” caprichoso,
que se zangava muito quando diziam que a origem dos ruídos estava em ratos,
gatos ou outros animais. Quando qualquer pessoa da casa fazia esSe tipo de
insinuação, o ‘Velho Jeffrey” se zangava e dava fortes murros nas paredes e no
assoalho. Outra situação que produzia sua ira eram as orações a favor do rei Jorge
I, feitas por Samuel. Possuído por um espírito jacobino, o ‘Velho Jeffrey” dava
pancadas fortíssimas. Nessas ocasiões, para provocar, Samuel Wesley repetia as
orações com voz mais forte.
Certa vez o chefe da família perseguiu a assombração por todos os cantos da
casa. Levando um cachorro, ele procurou enfrentar o espírito. Porém, assim que
o espírito se manifestou o cachorro foi esconder-se sob a cama, covardemente.
Tratando-se de uma assombração britânica, o “Velho Jeffrey” era metódico e
pontual. Suas aparições ocorriam sempre entre 9 horas da manhã e 10 da noite.
Além de pontual, também era um perfeito cavalheiro, abrindo as portas para as
sarem e não atrapalhando nos momentos devocionais, atendendo a
pedido de Susanna Wesley.
Foram feitas inúmeras tentativas de desalojar o ‘Velho Jeffrey” da residência
pastoral, resultando infrutíferas todas elas. Nem mesmo o exorcismo, realizado
S63
pelo pastor de uma paróquia vizinha, conseguiu expulsar a assombração
brincalhona. Com o tempo, após perceberem que o “Velho.Jeffrey” era inofensivo,
a família praticamente sc acostumou. Da mesma forma como apareceu, acabou
saindo de lá.
355
asar com determinada pessoa, mas seu pai não aceitou. Casou-se com William
Çright, que contava com a aprovação do pai, e foi profundamente infeliz. John
Vesiey fala sobre o encontro que teve com a irmã, em 5 de março de 175U: “Fiz
■ração ao lado da minha irmã Wright, uma alma graciosa, tenra e tremente; uma
ana quebrada que o Senhor não esmagará. Tive com ela comunhão deliciosa na
apela”. Hetty faleceu poucos dias depois, em 21 de março de 1750;
6. Anne Wesley: nascida em Epworth, em 1702, era conhecida por Nancy.
'oi a única das irmãs a ter um casamento feliz. Seu marido, John Lambert,
luito querido por toda a família Wesley, foi o responsável pela guarda dos
scritos do sogro Samuel. John Wesley e sua irmã Nancy costumavam se
ncontrar com muita freqüência. Numa dessas ocasiões (l°./jan./1742), ela
visita na Fundição e fica impressionada com a agenda sobrecarregada do
mão. Mesmo doente, com febre alta, ele atende centenas de metodistas. A
oite ele convida a todos para que louvem ao Senhor ao seu lado. Ao perguntar
e Nancy não estava ofendida por ele ter recebido tantas pessoas ali em sua
asa, ela responde: “Ofendida! Gostaria muito de estar sempre com todos
ocês. Pensei que estava no céu”. A data de sua morte é desconhecida, mas
ela completa ausência de informações sobre sua situação, pode-se deduzir
ue faleceu naquele ano de 1742;
7. Majrtha Wesley: nascida em 1707, em Epworth, Patty, como era chamada,
ca a filha predileta da mãe. Se Hetty era a mais espirituosa, Martha era a mais
legre de toda a família. Casou-se muito mal, com Westley Hall, e não foi nada
diz. Foi a última dos filhos a falecer, em 12 de julho de 1791, poucos meses
epois do seu irmão John;
8. Kezia Wesley: nasceu em março de 1709 e foi a décima oitava filha,
caçula do casal Samuel e Susanna Wesley. Possuía grande admiração pelo
mão John e escreveu-lhe diversas cartas. Numa delas (20/jan./1731), ela se
;fere a ele como o “irmão mais amado”. Teve uma grande decepção amorosa
d ser cortejada por um companheiro de classe de seu irmão, Westley Hall.
,ste, enamorado por eia, anunciou que lhe fora revelado que tinha de se
asar com eia. O candidato, casamento marcado, deixou-a de lado e passou
se interessar per sua irma íviarta, anrmancLG que a revefaçao era para se
isar com esta outra. Numa última carta ao irmão John, muito abatida, eia
onta alguns detalhes da história. Morreu muito jovem, em março de 1741,
rovaveimente de desgosto.
18 de dezembro - Equilíbrio Necessário
359
A energia vital da herança wesleyana sempre esteve no equilíbrio entre
conhecimento e piedade vital, sacramentalismo e evangelismo, fé e boas obras.,
justificação e santificação, sola fidei e solagratia, piedade e misericórdia, santidade
pessoal e santidade social. O problema é que são poucos os que conseguem ter
essa compreensão abrangente de John Wesley.
370
Convidado para pregar na Igreja Anglicana local, ele também aceita e logo recebe
a nmnosfn He béírnãnécet tior ali rnmr> aindanfe Hn t-eimr Frá H^cc/* mm
tal sucessão de providências extraordinárias, que nasceu o metodismo naquela
pequena aldeia. O povo bom de Lakenheath passou a contar com um servo de
Deus, alguém que prega e vive o Evangelho de Jesus Cristo.
371
L de dezembro - Repreensão Necessária
372
falar si validus, .rz laetus erit, si. denique poscet, quando a pessoa está bem, se está de bom
humor ou quando solicita” (Horácio, Epístolas).
373
cordo com uma carta enviada por Asbury a George Shadford, percebemos que
> remetente era dominado por grande ambição. Escreveu ele: “O sr. Wesley e
u somos como César e Pompeu: ele não tolera ninguém igual e eu não tolero
tenhum superior”.
A recém-criada Igreja Metodista Episcopal, embora tivesse todos os requisitos
igais de uma igreja autônoma, ainda permanecia uma igreja essencialmente
/esleyana. Sua base doutrinária continuou fundamentada nos mesmos princípios
■ritânicos e respeitando a autoridade de John Wesley. A novidade estava em
lgumas características importantes da liberdade americana, que iria contribuir
■ara imprimir o perfil de uma nova denominação.
Na primeira edição do Sundaj/ Service (1784), uma adaptação feita por John
Zesley do 'Livro de Oração Comum, consta uma liturgia para o dia de Natal, com a
íguinte oração:
376
Deus todo-poderoso, que nos deu seu unigênito Filho, que se tomou um de nós,
nascendo da Virgem. Garantiu que nós, sendo regenerados e feitos seus filhos por
adoção c graça, possamos a cada dia ser renovados peio Santo Rspírito, por intermédio
de nosso Senhor Jesus Cristo que vive e reina com Ele e o mesmo Espírito, único
Deus, eternamente. Amém.
377
r ç-sga
378
outros pregadores metodistas. Por exemplo, no domingo, dia 16 de setembro de
1770, o pregador nomeado não chegou a tempo xv^ar diversas
vezes em inúmeros lugares.
Mesmo contando quase 87 anos de idade, Wesley continuou cobrando
muito trabalho de si mesmo e dos demais pregadores. Em 13 de março de
1790, em carta a Jasper Winscom, um pregador da ilha de Wight, ele afirma:
“Nossos circuitos são, na maioria, demasiado pequenos. (...) Não queria ter
circuitos com menos de três pregadores ou que tivessem de viajar mais de 650
quilômetros em quatro semanas. Certamente nenhum circuito será dividido antes
da conferência”. No final, ele dá o alerta: “Se não tomarmos cuidado, vamos nos
converter nuns molengas. Soldados de Cristo, levantem-se”. Desejava que os
pregadores metodistas voltassem ao lombo dos cavalos.
No dia do Ano Novo de 1790, Wesley admite: “Agora sou um homem
velho, decaído da cabeça aos pés”, mas acrescenta: “Entretanto, graças a Deus,
não descuido de meu trabalho. Ainda posso pregar e escrever”. A Thomas
Wride, em carta de 5 de maio de 1790, ele confessa que “quando podia montar
a cavalo não era nada para mim desviar-me uns quantos quilômetros do
caminho. Porém, esse tempo já passou. Tudo o que posso fazer agora é visitar
as sociedades mais importantes”.
John Wesley não pôde permanecer muito tempo na Escócia, pois muitas
outras regiões reclamavam a sua presença. Além dos inúmeros cultos que
organiza, sua atividade mais relevante é orientar e animar os seus pregadores.
Ele sabe que o trabalho mais importante, do dia-a-dia, deve ser realizado por
eles. Sem pregadores dedicados, o trabalho não prospera.
Um dos melhores pregadores metodistas na Escócia foi John Manners. Sobre
ele, Wesley afirma ser um simples homem de mediano talento, não eloqüente e
até mesmo muito rude no falar. Incansável no trabalho evangelístico, contraiu
tuberculose e faleceu: .
Manners envia diversas cartas e relatórios a Wesley, relatando os avanços do
trabalho missionário. Numa delas, escreve: “A obra aqui está de uma tal maneira
como nunca esperei vê-la. Alguns são perdoados e santificados quase todos os
dias”. Em outra ocasião: “'Deus ainda me usa como mensageiro das boas novas.
27Q
,ua obra continua. Nossa reunião cia noite foi extraordinária pela presença e
ioder de Deus, enquanto vários relatavam as Suas realizações”. No mês seguinte,
iforma que já “havia três lugares na cidade onde se reúnem dia e noite todos os
[ue têm a oportunidade de fazê-lo para verter suas almas diante de Deus para a
ontinuidade e engrandecimento de Sua obra”.
No final do mês de maio de 1762, Manners informa que a oposição ao
rabalho metodista estava aumentando bastante: “Há oposição de todas as
iartes. Alguns dizem que somos fanáticos; outros são mais duros e falam que
omos enganadores e orgulhosos. Há muitos que procuram invalidar nosso
rabalho, afirmando que o que ocorre no nosso meio é uma coisa nova, que não
ncontra respaldo na Bíblia e que não deve ser admitida”. Sem se abater com a
■posição, informa que “o Senhor aumenta Sua obra na proporção da oposição
[ue encontra”.
Entre as inúmeras informações sobre o avanço do trabalho metodista,
om muitos relatos sobre experiências ocorridas com pessoas adultas, Manners
lestaca que tem dedicado grande atenção às crianças. Assinala ter enorme
eceio por elas, pensando na possibilidade de não poder alcançá-las de maneira
onveniente. Apesar da preocupação, acredita que alcançará bom resultado
e continuar firme, sem desanimar. A seguir, ele conta a história de Margaret
Loper, uma criança de oito anos de idade, que teve uma experiência religiosa
mpressionante: •.
Numa reunião familiar ela começou a chorar e soluçar, falando que era uma grande
pecadora e que não se atrevia a orar. Seus pais pediram que fosse se deitar. Antes de
chegar ao quarto, passou a chorar e bater palmas com muita força. Foi assim que
Deus tomou seu coração contrito. Dizia que se sentia muito bem e que agora podia
amar a Deus e que estava disposta a louvar a Deus a noite inteira.
380
■W.
■ y.
se sucedido naquela sociedade. Mas não foi nada disso o que se deu. A sociedade
estava reduzida e frágil. Com a saída de Lawrence Coughlan. o pregador locai,
muitos abandonaram o metodismo.
A visita deixou Wesley perplexo:
R tão difícil construir uma sociedade e, entretanto, em pouco tempo, ela pode ser
destruída. Qual o segredo para manter uma igreja local sólida? Será que depende
basicamente de um grande pregador? Quais os outros fatores importantes. Refletindo
sobre o assunto, a partir de visitas que faz aos membros que haviam abandonado
o grupo, ele reconhece que o mesmo processo continua se repeündo em diversos
locais. Ter um grande pregador não é suficiente. As inúmeras experiências ocorridas
entre as sociedades metodistas têm confirmado que, ainda que alguém pregue como
um anjo, não conseguirá manter uma sociedade bem organizada se não realizar o
difícil trabalho de visitação de casa em casa. Foi isso o que ocorreu em Colchester.
Essa foi a fragilidade dos excelentes pregadores que passaram por ali. Eram capazes
de pregar um bom sermão, de aglutinar pessoas, mas não conseguiram criar uma
comunidade. O trabalho de visitação é estafante, difícil de ser efetivado, mas produz
ótimos resultados. E o modo comprovadamente mais eficiente que existe porque
permite ao pastor entrar em contato direto com os membros da sua comunidade.
E por meio da visita, de um contato mais aprofundado, que se conhece melhor as
necessidades e potencialidades de cada pessoa.
Ele visita diversas famílias que haviam abandonado o metodismo. Ora com
essas pessoas e aconselha que voltem a fazer parte da comunidade. Ao próximo
pastor, recomenda que leve em conta o trabalho de visitação. Diz-lhe que o povo
de Colchester é um povo bom, simples, que não está precisando de um loquaz
orador. O que eles desejam é um pastor que cuide com carinho das ovelhas, que
acompanhe de perto suas vidas, que participe de suas lutas, de suas pequenas
alegrias. Eles querem um verdadeiro pastor.
John Wesley passou uma hora muito agradável ouvindo o concerto musical
ministrado pelos sobrinhos, filhos do seu irmão Charles. Apesar de gostar
daquele tipo de música, ainda mais pela presença dos seus familiares, ele não
esteve à vontade. No seu Journal’ no início de 1781, ele assinala que se sentiu
fora do seu ambiente, no meio da nobreza. Diz preferir a música simples e a
gente simples.
381
A recomendação dada por ele à srta. J. C. March, “Vá e veja o pobre
e doente em suas pobres choupanas”, era uma norma que ele seguia com
muita dedicação e amor. No seu texto Um informe claro sobre o povo chamado
metodista, Wesley fala sobre as Casas dos Pobres, um trabalho desenvolvido
pelos metodistas e do qual ele gostava muito, mas que, infelizmente, havia
acabado em 1755 por falta de recursos financeiros. No Informe ele descreve o
surgimento dessa frente de atuação:
Eu havia observado durante vários anos que muitas pessoas, ainda que não fossem
enfermas, não estavam em condições de se sustentarem e nem tinham qualquer pessoa
preocupada em ajudá-los. Eram, em sua maioria,, mulheres viúvas, já idosas e fracas..
Consultei os mordomos das sociedades para ver como poderiamos aliviá-las. Todos
concordaram que se pudéssemos ajuntá-las todas numa só casa, não só significaria um
gasto muito menor, mas também para elas seria muito mais confortável. Evidentemente
que não tínhamos dinheiro nem para começar, porém, críamos que a provisão viria
do “defensor da causa das viúvas” (SI 68.5). Assim, alugámos duas casas pequenas,
perto da Fundição. Nós as acondicáonamos para que estivessem limpas e confortáveis.
Acolhemos tantas viúvas como nos foi possível, de acordo com o espaço que tínhamos, e
providenciamos todo o necessário para seus corpos. Para esse fim, no prindpio utilizamos
as contribuições semanais das bandas e, mais adiante, tivemos de usar as coletas da
Santa Ceia. E verdade que isso não é suficiente, em-virtude de que temos ainda uma
dívida considerável; porém estamos persuadidps que nem sempre será assim, “porque
do Senhor é a terra e sua plenitude” (SI 24.1). Nessa comumente chamada “Casa dos
Pobres” temos atualmente nove viúvas, uma mulher cega, duas crianças poha^s, dois
serventes, um homem e uma empregada doméstica. Podería agregar quatro ou cinco
pregadores. Porque eu mesmo, como também os outros pregadores que estão na cidade,
participamos da mesma dieta dos pobres, comendo a mesma comida na mesma mesa e
nisso nos alegramos como se fosse um sinal de compartilhar o pão no reino de nosso Pai.
Tenho agradecido a Deus por essa casa desde o princípio, porém ultimamente ainda mais.
Tenho um alto conceito dessas viúvas, porque na verdade elas o são. De maneira que
não é em vão que, sem ser essa a pretensão, temos copiado outra das instituições da era
apostólica. Agora posso dizer a todo mundo: “Venham ver como se amam estes cristãos”.
Pedro Bõhler, que teve papel muito importante na conversão de John Wesley,
nasceu em Frankfurt, em 31 de dezembro de 1712. De origem luterana, ele foi
atraído ao pietismc por intermédio do conde Zinzerdorf. Morreu em 27 de abril
QC 1775. em Londres.
Bõhler enviou uma carta para John Wesley, numa fase em que este se
encontrava em grande crise:
Com grande amor e pensando muito em você durante minha viagem, com meus
melhores desejos e orações para que as misericórdias de Jesus Cristo, o crucificado,
possam ser manifestadas em sua alma. Que possa provar e depois ver com que
plenitude o Filho de Deus o tem amado, e segue amando, de tal maneira que pode
continuar confiando Nele e sentir Sua vida na sua. Cuide-se do pecado da incredulidade
e, se ainda não o venceu, procure conquistá-lo neste mesmo dia, por meio do sangue
de Jesus Cristo. Não demore. Suplico que creia em Jesus Cristo e tenha em mente
suas promessas aos pobres pecadores, que Ele não deixará de fazer por você o que
fez por muitos outros. Oh, quão grande, quão indizível, quão inesgotável é o seu
amor! Com toda certeza, Ele está pronto para ajudar e. nada o ofendería a não ser
nossa incredulidade. Que Deus o abençoe! Perdure na fé, no amor, no ensinamento,
na comunhão dos santos e, em resumo, em tudo o que temos no Novo Testamento.
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