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O PERFIL DO LÍDER CRISTÃO NO SÉCULO XXI

Nouwen, Henri. O Perfil do Líder Cristão no Século XXI


Henri J. M. Nouwen foi professor nas maiores universidades do mundo (Notre Dame,
Yale, Harvard) para tornar-se sacerdote em uma comunidade de deficientes mentais. Ele
explica a outros ministros que a essência da “liderança” cristã pode ser aprendida da
leitura de Mateus 4.1-11 e João 21.15-19, ou seja, de uma leitura das três tentações de
Cristo e do segundo chamado de Pedro, conforme o evangelho de João.
Destes textos, Nouwem ensina que a primeira grande tentação dos obreiros é, como a
primeira tentação do Mestre, o “desejo de causar impacto” – transformar pedras em
pães! Por outro lado, “o líder cristão do futuro é chamado para ser completamente
irrelevante e estar neste mundo sem nada a oferecer a não ser a sua própria pessoa
vulnerável.” O aparente sucesso da competência é maquiagem para a angústia do
mundo moderno.
O obreiro cristão será aquele que não é iludido com o “paradigma do homem
competente”, mas sim, busca, pela solidariedade e pela palavra, apresentar a si mesmo
como alguém que entende o sofrimento do homem e confia em Deus para asolução dele.
A pergunta fundamental não é sobre competência ou habilidade, mas “Você me ama?”-
a pergunta de Jesus para o Pedro, depois da pescaria. Amor a Jesus é a razão do
ministério e não competência ou capacidade – menos ainda o sucesso!
Oração mística e disciplina de oração serão a chave para deixar um ministério de
questões polêmicas e morais para ir ao centro da questão – relacionamento e amor a
Deus e Jesus. A segunda tentação do obreiro é “ser espetacular”, ou seja, atirar-se do
pináculo do templo e mostrar a todos sua capacidade e poder fora do comum. Ser o
grande homem, ser independente e bastante em si mesmo – esta é a tentação. Jesus,
contudo, disse a Pedro para “apascenta minhas ovelhas”.
O convite de Jesus não é para um individualismo, mas para a coletividade – dois ou três,
reunidos em meu nome! “A medicina, a psiquiatria e o serviço social, todos nos
oferecem modelos em que o “ministério” ocorre apenas em um sentido. Alguém serve e
alguém é servido...” Contudo, isto é inadequado, pois “o verdadeiro ministério deve ser
mútuo”. “O mundo em que vivemos, um mundo de eficiência e controle, não tem
modelos para oferecer àqueles que serem ser pastores semelhantes a Jesus”.
Estas profissões de assistência entendem o envolvimento e a mutualidade como
fraqueza. Jesus é diferente – não aparece, misturas e entre o povo. Confissão e perdão
mútuo é o meio de sempre entrar e relacionar-se em uma comunidade. Aqueles que
tentam ficar “por cima” da comunidade não serão ministros e nem ministrados.
A tentação de “ser poderoso” é a terceira tentação do discípulo. “Uma das grandes
ironias da história do cristianismo é que seuslíderes constantemente caíram ante a
tentação do poder”. O resultado foram: Cruzadas, Inquisições, índios escravizados,
palácios, seminários e muita manipulação. O resultado foi o Grande Cisma, a Reforma a
secularização e a perda do poder de Cristo por causa do poder humano. O poder é
tentação pois alguém pode pensar que ele substitui a necessidade de amar. É mais fácil
mandar do que amar.
Jesus diz a Pedro: “Outro te conduzirá!” Ou seja, liderança não é domínio e poder, mas
fraqueza e humildade – é ser conduzido por outro. Uma igreja pobre e um obreiro pobre
são o futuro da igreja.
As reflexões de Nouwen são extremamente oportunas e válidas para os cristãos que
pretendem seguir o ministério que é pregar, amar e servir. Não é a construção de uma
carreira individual, mas a inserção em uma comunidade – uma encarnação.
Não é eficiência, mas ter coragem de ser irrelevante para afirmar a palavra graciosa e
bondosa de Deus que não mede as pessoas, mas simplesmente as aceita. Não se trata de
força e nem de violência, mas do poder do Espírito.

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