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Série Por que creio

Na defesa da fé
Nos próximos Domingos irei falar sobre algumas questões básicas da nossa fé, essa série
é baseada em um livro da década de 80 que deu nome a essa série “Por que creio” de
James Kennedy. Apesar de já ser um livro antigo traz muitas certezas e dados
interessantes a respeito daquilo que cremos. Interessante pensar que desde aquela
época até hoje poderíamos colocar ainda mais comprovações a respeito da veracidade
da Bíblia, descobertas arqueológicas e talvez outros tantos argumentos que reforçam a
nossa fé.
Toda semana vou falar sobre algumas sugestões de livros e autores que podem auxiliar
na nossa busca por uma fé mais forte e madura.
William Lane Craig – Apologeta, vários livros, entre eles Em guarda e Apologética para
hoje
Alister MacGrath – O delírio de Dawkins
1 Pedro 3.15-16
15 Antes, santifiquem Cristo como Senhor em seu coração. Estejam sempre preparados
para responder a qualquer pessoa que pedir a razão da esperança que há em vocês. 
16 Contudo, façam isso com mansidão e respeito, conservando boa consciência, de
forma que os que falam maldosamente contra o bom procedimento de vocês, porque
estão em Cristo, fiquem envergonhados de suas calúnias.
A crença cristã que temos é baseada na fé, como certeza das coisas que se esperam mas
não se veem, porém, como diz o autor do livro, se aquilo que está escrito na Bíblia e
podemos comprovar não for verdade, como poderemos crer nas coisas que não
podemos comprovar ou ver.
Hoje quero falar sobre a Apologética, que é a defesa da nossa fé, Precisamos conseguir
falar às pessoas sobre aquilo que cremos, e precisamos fazer isso de forma que elas
cheguem até Cristo.
1. Apologética a defesa da fé
Apologética é a ciência ou disciplina racional que se esforça por apresentar a defesa da
fé religiosa.
“Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que pedir a razão da
esperança que há em vocês.”
É muito importante nos dias em que vivemos o crente estar em condições de dar a
razão da esperança que tem. Desafios dos incrédulos e de religiões não-cristãs nos
confrontam de todos os lados. Livros e revistas, internet, filmes e séries colocam nossa
fé a prova de mil maneiras diferentes. Como salvos em Jesus precisamos estar
preparados para responder aos que são abertamente contrários a nossas doutrinas
fundamentais. Pecamos contra Deus quando nos calamos por sermos incapazes de
defendê-las.
E não apenas isso, mas quando não nos mostramos preparados com uma razão da nossa
esperança e não sabemos por que cremos no que cremos, damos aos outros a
impressão de que o cristianismo é uma religião baseada simplesmente numa fé cega ou
no preconceito emocional. Nada poderia estar mais longe da verdade.
A Bíblia nos ensina a examinar tudo e reter o bem. Mas, porque não queremos fazer um
pequeno esforço intelectual, frequentemente não examinamos as Escrituras. Quando
não examinamos as bases e os fundamentos da nossa fé, descobrimos que Satanás usa
nossa ignorância para atacar nossa fé, e quando enfrentamos dificuldades, ele semeia a
dúvida em nossa mente.
R. C. Sproul escreve:

Nossa preparação é para que estejamos prontos para dar uma defesa e uma razão para
a esperança que está em nós… Se nosso vizinho diz: “eu percebo que você é um cristão.
No que você acredita?”, você está pronto para explicar não somente em que você
acredita, mas também o porquê de você acreditar nisso? Alguns cristãos dizem àqueles
que os perguntam que nós simplesmente damos um salto de fé sem nos preocuparmos
com a credibilidade ou o caráter racional das afirmações da Bíblia, mas essa resposta
vai contra o ensino desse texto. O único salto de fé que nós teremos é das trevas para a
luz. Quando nos tornamos cristãos, nós não deixamos nossa mente no estacionamento.
Somos chamados a pensar de acordo com a Palavra de Deus, buscar a mente de Cristo e
a um entendimento das coisas estabelecidas na Escritura Sagrada.

2. Santifiquem Cristo como Senhor no coração

Preparados para a defesa estão aqueles que santificam o Senhor no coração. E aqueles
que se mantêm prontos para responder ao mundo realmente santificam a Cristo. Mas
nesse versículo fica claro que a prontidão para responder não é principalmente uma
questão de capacitação e de formulação correta, mas que ela depende de que Cristo de
fato seja santificado nos corações dos que o confessam, de que estejam totalmente
repletos dele. “Pois nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos”
(At 4.20) – foi com essa atitude que os apóstolos se tornaram testemunhas tão
sensacionais. E daquilo que o coração está repleto, “disso falam os lábios” (Mt 12.34).

Aqueles homens comuns, tão simples, a grande maioria analfabeta, ficou diante de
Governantes, Juízes, lideranças importantes e todas elas ficavam impressionadas com a
defesa tão contundente e poderosa que faziam da própria fé.

3. Fale para ganhar para Cristo


16 Contudo, façam isso com mansidão e respeito, conservando boa consciência, de
forma que os que falam maldosamente contra o bom procedimento de vocês, porque
estão em Cristo, fiquem envergonhados de suas calúnias.
O grande perigo de defender a nossa fé é olhar para esse debate como uma
competição, onde você tenta ganhar dos argumentos da outra pessoa. Esse não é o
objetivo da defesa da nossa fé.
Por trás da defesa da fé com mansidão e respeito está a dedicação amorosa ao próximo.
A resposta do cristão quando apresentada com inteligência penetra a mente. Mas
penetra no coração, quando for marcada pela mansidão e respeito de Jesus para com
adversários insensatos. Jesus afirma sobre si: “Sou manso...”. E nos conclama: “tomem
sobre si o meu jugo e aprendam de mim” (Mt 11.29)!
A mansidão, porém, precisa vir acompanhada do temor. Novamente se tem em vista o
temor a Deus. Temor é o cuidadoso levar a sério da santa presença de Deus. Ela
protege contra o risco de silenciar sobre a verdade do evangelho por temor diante de
pessoas. O temor a Deus faz com que levemos a sério a perdição dos que estão longe de
Deus, bem como a circunstância de que a mensagem de salvação para eles foi confiada
a nós. O temor a Deus previne contra a falta de honestidade e a vanglória, e contra a
autoconfiança. Quem teme a Deus, portanto, cuidará para continuar dependente do
agir de Jesus (Jo 15.5!) e para não ser pessoalmente um empecilho para esse agir.
Spurgeon diz:
“Tenha suas visões doutrinais, e todo o seu conhecimento de Cristo, embalado em uma
forma acessível, de modo que, quando as pessoas querem saber o que você acredita,
você pode dizer a eles. Se eles querem saber por que você acredita que você é salvo,
tenha sua resposta pronta em algumas frases simples; e no espírito mais gentil e mais
modesto tornam sua confissão de fé para o louvor e glória de Deus. Quem sabe, se essa
semente boa trará uma colheita abundante?”
Três fins nos quais a apologética se mostra útil

William Lane Craig


Qual a utilidade da apologética? O valor da apologética vai muito além do evangelismo
diário das pessoas. Quero apontar três fins aos quais a apologética se mostrará útil.

Moldar a cultura

A apologética é útil e ouso dizer até indispensável para que o evangelho seja
eficazmente ouvido. Em geral vivemos em uma cultura ocidental pós-cristã cujo
ambiente secularizado torna difícil sequer falar do Evangelho. A cultura secular acredita
que acreditar em Deus está em pé de igualdade com acreditar em duendes, tendo uma
falsa ideia de que aquele que segue a razão invariavelmente se tornará ateu ou
agnóstico. E considerações culturais são importantes porque o Evangelho nunca é
ouvido isoladamente; mas é sempre ouvido em relação ao contexto cultural em que a
pessoa vive. Então, em uma cultura onde o cristianismo é no mínimo uma opção viável,
há maior facilidade de testemunhar do Evangelho. É nisso que a apologética pode ser
útil.

Fortalecer os crentes

As emoções nos levam até certo ponto na vida cristã, mas depois disto precisamos de
algo mais substancial; e a apologética ajuda a ter parte deste algo mais substancial.
Inclusive apologética pode ajudar (apesar de não poder impedir totalmente) pessoas de
se desviarem. Contando uma experiência pessoal, um homem chegou para mim e me
agradeceu porque um debate meu que ele viu foi o meio através do qual Deus impediu
que ele se desviasse.

Precisamos nos alertar para necessidade da apologética em nossas famílias. Nossos


jovens são atacados intensamente com a cosmovisão naturalista e relativista e se seus
pais não estiverem intelectualmente engajados e tiverem bons argumentos em prol do
teísmo cristão, estaremos no perigo iminente de perder nossa juventude. Não é
suficiente ler histórias da Bíblia para nossos filhos. Eles precisam de doutrina e
apologética.

Evangelizar

Apologética é um grande incentivo para o evangelismo, pois nada inspira mais confiança
do que saber que temos boas razões para crer o que cremos e boas respostas para as
perguntas dos descrentes. Os próprios apóstolos quando pregavam aos judeus
apelavam à comprimento de profecias, aos milagres e à ressurreição de Jesus. Contudo,
quando diante de um público gentílico, eles recorriam às obras da criação como
evidência do Criador e, depois, às testemunhas oculares, afirmando que Deus se revelou
através de Cristo e o ressuscitou.

Estes são três motivos que apresento porque apologética é benéfica e portanto, deveria
fazer parte de nossas igrejas, de nossas famílias e de nossas vidas.

Deus nos chama para estarmos prontos para fazer uma defesa da esperança que está
em nós, mas perceba que ele nos chama a fazer isso com mansidão e temor.
Apologética não é somente para alguns cristãos, é para todos os cristãos. Nós todos
devemos saber no que cremos, o porquê de crermos, como viver o que cremos, como
defender e como proclamar o que cremos – e devemos fazer isso com mansidão e
temor. E aí, se alguém perguntar o porque você crê no que crê, você saberá responder?

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