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O Canto na Sequência da Celebração

O Canto

Revisão 2 - 27-11-2008

O canto e a música são elementos importantes na Celebração do Povo de Deus em festa


pela salvação de Cristo. Ele como “parte necessária e integrante da liturgia” (SC 112), por
exigência de autenticidade, deve ser a expressão da fé e da vida cristã de cada assembléia.

O canto na Missa está a serviço do Louvor de Deus e da nossa santificação. Não é apenas
para embelezar a Missa, mas para nos ajudar a rezar. Por isso é necessário que cada canto,
esteja de acordo com o tempo litúrgico que se esta celebrando.

O Apóstolo aconselha os fiéis, que se reúnem em assembléia para aguardar a vinda do


Senhor, a cantarem juntos salmos, hinos e cânticos espirituais (cf. Cl 3, 16), pois o canto
constitui um sinal de alegria do coração (cf. At 2, 46). Por isso, dizia com razão Santo
Agostinho: “Cantar é próprio de quem ama”[1], e há um provérbio antigo que afirma: “Quem
canta bem, reza duas vezes” (IGMR n.39).

Portanto, dê-se grande valor ao uso do canto na celebração da Missa, tendo em vista a
índole dos povos e as possibilidades de cada assembléia litúrgica. Ainda que não seja
necessário cantar sempre todos os textos de per si destinados ao canto, por exemplo nas
Missas dos dias de semana, deve-se zelar para que não falte o canto dos ministros e do povo
nas celebrações dos domingos e festas de preceito.
Na escolha das partes que de fato são cantadas, deve-se dar preferência às mais
importantes e sobretudo àquelas que o sacerdote, o diácono, o leitor cantam com respostas
do povo; ou então àquelas que o sacerdote e o povo devem proferir simultaneamente[2].
(IGMR n.40)

Os Três tipos de Cantos na Missa

1° Nível - O Diálogo do Ordinário, entre o Presidente e a assembléia:

Trata-se do canto dos diálogos entre o Pe. e a Assembléia de partes do Ordinário da Missa:

São eles: a saudação, o Oremos, o prefácio, a consagração, o Pai-Nosso, a benção e a


despedida.

2° Nível - As partes do Comum da Missa:

São sempre os mesmos, não mudam a cada Missa, é comum em toda Missa. O sacerdote canta
como resposta ou junto com o povo.

São eles: o Senhor, o Glória, o Creio, o Santo, o Cordeiro de Deus e a Oração Universal.
Importante que esses cantos sejam cantados integralmente (devem ter a mesma letra como se
reza).
3° - Nível é o próprio:

Mudam conforme o tempo que esta se celebrando (Natal – Quaresma...)

São eles: Entrada, Salmo responsorial, Aclamação do Evangelho, Canto de oferendas, Canto de
Comunhão e Canto de louvor e agradecimento, chamado agora também de canto depois da
Comunhão.

Cantos na sequência da Celebração

Canto de Entrada - (faz parte dos cantos do Próprio): A finalidade desse canto é Abrir a
celebração, promover a união da assembléia, introduzir os fieis no Mistério do tempo
litúrgico ou da festa e acompanhar a procissão do sacerdote e dos ministros (IGMR 47).

O canto é executado alternadamente pelo grupo de cantores e pelo povo, ou pelo cantor e
pelo povo. Pode-se usar a antífona com seu salmo, do Gradual romano ou do Gradual simples,
ou então outro canto condizente com a ação sagrada[3] e com a índole do dia ou do tempo,
cujo texto tenha sido aprovado pela Conferência dos Bispos (IGMR 48).

Não havendo canto à entrada, a antífona proposta no Missal é recitada pelos fiéis, ou por
alguns deles, ou pelo leitor; ou então, pelo próprio sacerdote, que também pode adaptá-la a
modo de exortação inicial (cf. n. 31).
Deve terminar quando o padre chegar ao altar. Se houver uso de incenso, prossegue até que o
altar seja incensado.

Obs: Uma sugestão para ser lida após o comentário inicial: fiquemos todos de pé e cantemos o
canto de entrada... Este não é um canto exclusivo para receber o celebrante. É um canto
abrangente onde receber o celebrante é uma de suas características.

Ato Penitnecial - (faz parte dos cantos do Comum): Trata-se de um canto em que os fieis
aclamam o senhor e imploram a sua misericórdia.

A Igreja quer colocar a assembléia diante de Deus numa atitude de pobreza / conversão,
ajudá-la a tomar consciência de que tudo é graça, tudo é dom de Deus.

É normalmente executado por todos. Esse canto é facultativo – pode ser substituído por
outra ação correspondente, como por exemplo à aspersão com água benta aos domingos.

A aclamação Laudatória (Senhor, Cristo e Senhor tende piedade de nós) junto com a oração
de pedido de perdão pode ser usada sem a necessidade de reza-la novamente após o Ato
Penitencial.
Glória - (faz parte dos cantos do Comum): É um rito da Santa Missa. O glória é um hino oficial
da Liturgia, de louvor a Santíssima Trindade, com caráter cristológico e pascal.

É um hino antiguíssimo (séc. II), os anjos entoaram no nascimento de Jesus; os louvores dos
anjos ao poder de Deus no livro do Apocalipse.

É cantado ou recitado nas Missas Solenes, seja nos domingos e sábados, ou nas festas dos
santos. Não se diz na Quaresma e no Advento certamente pelo fato de um hino festivo não
sintonizar com um tempo penitencial. Também não se diz nos dias de semana porque perderia
o sentido solene.

- Às vezes são cantados uns hinos um pouco diferentes.

Há uma proibição explícita de se substituir o texto do hino do Glória por outro texto
qualquer (cf. n.53 da IGMR) o mesmo acontece com o Santo e o Cordeiro de Deus (cf. n.366 da
IGMR).

Salmo - (faz parte dos cantos do Próprio): É uma espécie de eco ou resposta à mensagem
proclamada. Alguém chamou esse salmo de “Oração da Leitura”. Não pode ser um canto
qualquer, para se preencher espaço e variar um pouco. Não nos esqueçamos que o Salmo é
Palavra de Deus.

De preferência, o salmo responsorial será cantado, ao menos no que se refere ao refrão do


povo. Assim, o salmista ou cantor do salmo, do ambão ou outro lugar adequado profere os
versículos do salmo, enquanto toda a assembléia escuta sentada, geralmente participando
pelo refrão, a não ser que o salmo seja proferido de modo contínuo, isto é, sem refrão (IGMR
n.61).
O Canto de Acolhida do Livro das Sagradas Escrituras: (faz parte dos cantos do Ordinário)
Assembléia de pé. Este canto provoca atitude de alerta e exultação no momento em que o
Livro Sagrado é introduzido solenemente na assembléia

Aclamação ao Santo Evangelho (faz parte dos cantos do Próprio): Esta aclamação constitui um
rito ou ação por si mesma, através da qual a assembléia dos fieis acolhe o Senhor que lhe vai
falar no Evangelho, saúda-o e professa sua fé pelo canto. É cantado por todos, de pé,
primeiramente pelo grupo de cantores ou cantor, sendo repetido, se for o caso; o versículo,
porém, é cantado pelo grupo de cantores ou cantor.O Aleluia, é cantado em todos os tempos,
exceto na Quaresma. (IGMR n° 62)

Um bom costume é, após a leitura do Evangelho, repetir o Aleluia, porém não


necessáriamente em toda a celebração.

Profissão de fé – Creio - (faz parte dos cantos do Comum): O símbolo deve ser cantado ou
recitado pelo sacerdote com o povo aos domingos e solenidades; pode-se também dizer em
celebrações especiais de caráter mais solene.
Quando cantado, é entoado pelo sacerdote ou, se for oportuno, pelo cantor ou pelo
grupo de cantores; é cantado por todo o povo junto, ou pelo povo alternando com o grupo de
cantores.

Se não for cantado, será recitado por todos juntos, ou por dois coros alternando entre
si.

Apresentação das Oferendas – (faz parte dos cantos do Próprio): O canto do ofertório
acompanha a procissão das oferendas (cf. IGMR n. 37, b) e se prolonga pelo menos até que os
dons tenham sido colocados sobre o altar. As normas relativas ao modo de cantar são as
mesmas que para o canto da entrada (cf. IGMR n. 48). O canto pode sempre fazer parte dos
ritos das oferendas, mesmo sem a procissão dos dons. (IGMR 74).

Tem a finalidade de realçar o seu sentido das oferendas, que querem significar o objeto da
ação de graças e a nossa atitude sacrifical. Quer afinal preparar os corações para a ação de
graças e para o sacrifício com Cristo.

Portanto, quando houver canto de ofertório, é ideal que acompanhe os dois primeiros
momentos (Preparação do altar e Procissão das oferendas).

Os 3 Momentos:

1º - Preparação do altar (corporal – cálice – o Missal...)


2º - Procissão das oferendas

3º - Apresentação das Oferendas ao Altar pelo Presidente, com a aclamação da assembléia,


Bendito seja Deus...

Não é proibido cantar até o final do rito de preparação das oferendas (todos os 3
momentos).

Este canto só não deve se prolongar, deixando o padre esperar para o, Orai, irmãos...

Santo - (faz parte dos cantos do Comum): É um rito da Santa Missa. Não podemos perder o
sentido original da grande aclamação a Deus, dizendo Três vezes “Santo”.

Nós cantamos o cântico que os serafins proclamaram diante do trono celeste (Is 6,3).

É o reforço de expressão para significar o máximo da Santidade. Faz parte integrante da


Oração Eucarística.

Existem ao menos três elementos fundamentais:

1 – A santidade de Deus – Santo, Santo, Santo, Senhor Deus...


2 – A majestade de Deus – O céu e a terá proclamam a vossa glória

3 – A imanência de Deus – Bendito o que vem em nome do Senhor...

Não é lícito substituir os cantos colocados no Ordinário da Missa, por exemplo, o Santo, o
Cordeiro de Deus, por outros cantos (IGMR 366).

Pai Nosso: (faz parte dos cantos do Ordinário): Na Oração do Senhor pede-se o pão de cada
dia, que lembra para os cristãos antes de tudo o pão eucarístico, e pede-se a purificação dos
pecados, a fim de que as coisas santas sejam verdadeiramente dadas aos santos. Ganhara
muito em solenidade e expressão se se revestir do canto. Em termos musícais o mais
adequado é o recitativo coletivo ou alguma forma direta. O sacerdote profere o convite, todos
os fiéis recitam ou cantam a oração com o sacerdote, e o sacerdote acrescenta sozinho o
embolismo, que o povo encerra com a doxologia. Desenvolvendo o último pedido do Pai-
nosso, o embolismo suplica que toda a comunidade dos fiéis seja libertada do poder do mal.

A oração dp Senhor tem um valor particular como palavra de Jesus, sendo, além disso, um dos
sinais ecumênicos mais respeitados. É totalmente inaceitável substituir as palavras do Senhor
por textos de criação particular.
Canto da Paz : Hoje no Brasil não esta mais previsto a realização deste canto por alguns
motivos. O doc. Redemptionis Sacramentum diz: ”Nem se execute qualquer canto para dar a
paz, mas sem demora se recite o Cordeiro de Deus” (RS 72)

Canto Cordeiro de Deus - (faz parte dos cantos do Comum): A finalidade é acompanhar o partir
do pão, antes de se proceder a sua distribuição. Pode ser cantado ou recitado, mas a
assembléia deve participar da última petição: dai-nos a paz. Quem inicia esse canto ou a
recitação é o cantor ou o animador.

A invocação acompanha a fração do pão; por isso, pode-se repetir quantas vezes for
necessário até o final do rito. A última vez conclui-se com as palavras dai-nos a paz. (IGMR n.
83)

Não é lícito substituir os cantos colocados no Ordinário da Missa, por exemplo, o Santo, o
Cordeiro de Deus, por outros cantos (IGMR 366).

Canto de Comunhão - (faz parte dos cantos do Próprio): Deve expressar pela união das vozes, a
união espiritual dos comungantes, demonstrar a alegria dos corações e e realçar mais a índole
“comunitária” da procissão para receber a Eucaristia (IGMR n.86).O canto começa quando o
sacerdote comunga, prolongando-se, oportunamente, enquanto os fieis recebem o Corpo de
Cristo.

Não pode-se cantar qualquer canto neste momento tão sublime. Deve se respeitar o tempo
Litúrgico e levar a interiorização.
Haja o cuidado para que também os cantores possam comungar com facilidade. (IGMR 86)

Não havendo canto, a antífona proposta no Missal pode ser recitada pelos fiéis, por alguns
dentre eles ou pelo leitor, ou então pelo próprio sacerdote, depois de ter comungado, antes
de distribuir a Comunhão aos fiéis (IGMR n.87).

O Coord. Deverá orientar comunhão, evitando parar o canto.

Canto de Louvor e Agradecimento (açao de graças) - (faz parte dos campos do Próprio):
Terminada a distribuição da comunhão, se for oportuno, o sacerdote e os fieis, oram por
algum tempo em silêncio, podendo a assembléia entoar um salmo ou outro canto de louvor ou
hino. (IGMR n.88). Este canto quer ser um prolongamento da comunhão; como que um
momento de agradecimento e de louvor pela presença sacramental de Jesus Cristo como pão
da vida, que renova a força da assembléia para poder recomeçar a caminhada.

Outras partes também poderão ser cantadas, como:

Cantar algumas Aclamações: Há uma série que podem ser cantadas.


- As respostas das Orações Eucarísticas podem ser cantadas.

- O Amem, pode ser cantado muitas vezes, especialmente depois da doxologia final, (Por
Cristo, Com Cristo e Em Cristo...) que é o grande momento da Missa.

- Durante a consagração é melhor o silêncio, nem mesmo solos (órgão) devem distrair a
atenção da assembléia naquele momento. (IGMR n.32).

Pode-se cantar sim a aclamação após a consagração (Eis o mistério da Fé).

Quem canta essas aclamações: o solista, o coral. Os fieis repetem.

“Momentos de silêncio na Liturgia, não são espaços vazios de tempo, mas espaços de tempo
repletos da Presença”. Prof. Cristina Langer
Preparado por: Marco Carvalho

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Fontes:

Introdução Geral ao Missal Romano

Cantar a Liturgia - Frei Alberto Beckhäuser

Manual de Liturgia II - CELAM

[1] S. Agostinho de Hipona, Sermo 336, 1: PL 38, 1472.

[2] Cf. S. Congr. dos Ritos, Instr. Musicam sacram, de 5 de março de 1967, n. 7, 16: A.A.S. 59
(1967) p. 302 e 305.

[3] Cf. João Paulo II, Carta apostólica, Dies Domini, de 31 de maio de 1998, n. 50: A.A.S. 90
(1998) p. 745.

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