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A MÚSICA NA CELEBRAÇÃO LITÚRGICA

A música faz parte de todos os cultos religiosos, tanto no culto pagão como nos cultos
bíblicos e cristãos. Na Bíblia encontramos não só hinos e cânticos, mas um livro de cânticos: os
salmos.
Também, há muitas menções a instrumentos musicais que acompanham o canto. Cantar é
próprio de quem ama, de quem está alegre, de quem está de bem com a vida!
A liturgia cristã sempre foi marcada pela música. No início foi marcada pelo canto, depois
pelos instrumentos, seja acompanhantes do canto, seja solistas. Hoje é tempo de redescobrir a
música solista como expressão de louvor. Para isto é preciso formar a assembleia para o espírito
litúrgico. O que importa é não transformar a celebração em concerto, num show de instrumentistas,
ou exibição de solistas. O músico também precisa entender de liturgia.
O canto é uma forma de oração, de prestar culto a Deus e de animar as celebrações! Pelos
sons musicais expressamos alegria, tristeza, sentimentos, serenidade, fé. Isto quer dizer que pelo
canto revelamos o estado da alma.

1. Expressão do canto
A força expressiva do canto enriquece e transforma a celebração. Vejamos 4 características:
a) Festa: cantar demonstra alegria. A música contagia os ambientes, transforma a tristeza em
alegria.
b) União dos corações: um mesmo texto, uma mesma melodia, um mesmo ritmo, os mesmos
movimentos, a mesma pausa. Isto gera unanimidade de coração e é sua expressão.
c) Compromisso com a vida: tudo o que é assumido e cantado, manifesta o compromisso
com a luta, com a certeza e esperança, com os outros. Uma coisa é você dizer que ama alguém,
outra coisa é dizer isto cantando.
d) Expressão da emoção: expressa a emoção (sentimento) com o mistério celebrado.

2. Palavra, melodia, ritmo, movimento


A liturgia sempre cantou, das mais simples recitações aos maiores melismas (Melismas são
inúmeras notas musicais enriquecendo uma única sílaba). Assim atesta o único canto gerado,
nascido e pensado em função da liturgia: o canto gregoriano. Nascido no século VI, na liturgia, da
liturgia e para a liturgia, a partir da Palavra. “Mais do que uma música vocal, o canto gregoriano é
uma palavra cantada, palavra sangrada que nos vem de Deus pelas Escrituras e que retorna a Deus
pelo louvor”.
Quando a força da palavra se deixa transformar pela ressonância da melodia, nasce o canto.
Assim a melodia dá emoção à palavra, faz o corpo sentir, se expressar e se comover.
O canto nos faz rezar duas vezes, espanta os males, extravasa e sereniza os sentimentos.
Infelizmente hoje, deixamos de cantar para “escutar música”. E que música! Hoje se mede a beleza
de um canto pelos decibéis com que é tocado.
O ritmo é a seiva que perpassa todos os elementos de um canto, de uma música, criando
comunhão e dando a unidade da obra. É impulso e repouso, cadência e estímulo, esforço e
descanso. Por isso, temos que aprender a ritmar o que se lê, o que se canta, o que se dança, o que se
pinta, o que se esculpe. Já o movimento é o andar da carruagem: mais rápido ou mais lento, mais
expressivo ou menos expressivo, retardando no final.

3. Canto religioso, canto sacro, canto litúrgico


Religiosidade não é liturgia. Evangelização não é liturgia. Nem tudo o que é sacro é culto a
Deus. Precisamos ter claro estes conceitos, pois as consequências aparecem no canto. Hoje,
ouvimos de tudo na liturgia, mesmo com as normas da Igreja, ignoradas ou deixadas de lado por
alguns individualistas que não aceitam orientação de fora. É preciso distinguir os diversos tipos de
canto de nossas liturgias e que podem ajudar os agentes a adequar a música aos diversos momentos
das celebrações.
a) canto religioso: caracteriza-se pelo conteúdo literário e pela liberdade rítmico-melódica
que expressa um tema religioso, cantado ou não. Exemplo: “Ave Maria dos meus amores”, já foi
cantada numa missa antes do Cordeiro, seguida de aplausos. Absurdo!
b) canto sacro: expressa-se por meio de um tema sagrado e religioso, com texto, melodia e
ritmo, sintonizados com um evento celebrativo. Exemplo: Oratório de Bach sobre o Natal.
c) canto mensagem: como diz a própria palavra, é composto em função da difusão do
Evangelho e da Catequese, com liberdade de ritmo e de melodia. Exemplos: os cantos do Pe.
Zezinho e outros.
d) canto litúrgico: a natureza, a finalidade e o uso são todos em função da liturgia, sujeito por
isso mesmo às normas da ação celebrativa segundo o mistério celebrado e o momento da
celebração.
Todos esses cantos têm uma dimensão religiosa, mas não necessariamente litúrgica. O uso
indevido e indiscriminado desses cantos na liturgia não ajuda a comunicação do mistério celebrado
e do momento celebrado. Lembre-se de que é a liturgia que deve iluminar a arte de compor e de
cantar a própria liturgia.
4. Alguns documentos da Igreja:
a) Annus qui hunc (19 de fevereiro de 1749 do Papa Bento XIV): definiu o modelo de
acompanhamento instrumental da música sacra.
N. 11: “não permitas, com o órgão, nenhum outro instrumento que não sejam os de cordas,
como ‘violoni’ (ou contrabaixos) e violoncelos, o fagote, as violas e os violinos, pois estes
instrumentos servem para reforçar e sustentar o canto das vozes. Vetarás, no entanto, os tímpanos,
as trompas, os trompetes, os oboés (ou flautas transversais), as flautas, os flautins, os cravos (ou
harpas), os bandolins (ou alaúdes) e instrumentos similares utilizados na música teatral”.
b) Tra le Sollicitude sobre a Música Sacra (Papa Pio X – 22/11/1903): É parte integrante da
Liturgia solene e participa do seu fim geral: glória de Deus e santificação dos fieis.
- Objetivo principal: revestir de adequadas melodias o texto litúrgico para os fieis.
- Deve possuir as qualidades próprias da liturgia: santidade (deve excluir todo o profano,
inclusive o modo como é desempenhada pelos que executam); delicadeza das formas (é uma arte
para animar os fieis na eficácia da missão da Igreja); universalidade (a liturgia têm características
específicas e válidas em todos os lugares do mundo).
- Gêneros da Música Sacra: canto gregoriano (canto próprio da Liturgia Romana; é o único
canto que ela herdou dos Santos Padres e que foi resgatado na sua integridade e pureza). Polifonia
clássica possui qualidades. Admite-se ao serviço do culto a música mais moderna, desde que não
seja de forma alguma indigna das funções litúrgicas. As melodias próprias do “celebrante” e dos
ministros é sempre o gregoriano sem acompanhamento de órgão. A música deve conservar o
caráter de coro. A música própria da Igreja é a música vocal, mas se permite o acompanhamento
com órgão. É proibido na igreja: piano, tambor, pratos, bandas musicais. O órgão e os outros
instrumentos devem sustentar o canto e nunca impedir.
c) Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia (Papa Paulo VI – 04/12/1963):
Capítulo VII – Sobre a Música Sacra. N.112: o canto litúrgico intimamente unido com o texto,
constitui parte integrante da liturgia solene; possui uma função ministerial no culto divino e será
tanto mais santo quanto estiver unido a ação litúrgica.
- N.116: o canto próprio da liturgia romana é o canto gregoriano, porém, a polifonia não está
excluída mas precisa se harmonizar com o espírito da ação litúrgica.
- N.118: o canto popular seja incentivado.
- N.120: tenha-se apreço pelo órgão de tubos, mas pode-se usar outros instrumentos desde
que condigam com a realidade do templo.
- N.121: os compositores devem ter três critérios: doutrina católica, sagrada escritura e fontes
litúrgicas. “A música sacra será tanto mais santa quanto mais intimamente estiver ligada à ação
litúrgica, quer exprimindo mais suavemente a oração, quer favorecendo a unanimidade, quer
enfim, dando maior solenidade aos ritos sagrados” (SC 112).
d) Sagrada Congregação dos Ritos: Instrução Musicam sacram (em vigor a partir de 14 de
maio de 1967) e Instrução Geral do Missal Romano (temos três edições: 1970, 1975, 2002).
- N.4: fim da música sacra: a) glória de Deus; b) santificação dos fieis;
- Entende-se por música sacra “aquela que criada para o culto divino possua a qualidade de
santidade e perfeição na forma”.
- Música sacra se designa: canto gregoriano; polifonia sagrada antiga e moderna nos seus
gêneros; a música sagrada para órgão e outros instrumentos admitidos; e o canto popular litúrgico e
religioso.
- N.16: “Não se pode encontrar algo mais religioso e mais alegre nas celebrações sagradas do
que uma congregação inteira expressando sua fé e devoção no cântico. Portanto, a participação ativa
de todo o povo, demonstrada no canto, deve ser cuidadosamente promovida da seguinte maneira”:
O que cantar? 1º: aclamações; respostas às saudações do presidente e orações litânicas; antífonas,
salmos, versículos intercalares ou refrão que se repete, assim como hinos e cânticos;
- N.23: Disposição de cantores: a) apareça claramente e sua função, mas fazem parte da
assembleia; b) a realização de seu ministério litúrgico se torne mais fácil; c) onde se torne mais
possível a plena participação na missa, quer dizer, na participação sacramental.
- N.24: Dar aos membros do coro, além da formação musical, uma formação litúrgica e
espiritual.
- N.29: Pertencem ao 1º grau: a) Ritos de Entrada (saudação do sacerdote com a resposta do
povo; oração do dia); b) na Liturgia da Palavra (introdução do Evangelho); c) na Liturgia
Eucarística (oração sobre as oblatas; prefácio com o respectivo diálogo e o santo; doxologia final do
cânone; oração do Senhor com a admoestação e o embolismo; pax domini; oração depois da
comunhão; fórmulas de despedida).
- N.30: Pertencem ao 2º grau: a) Kyrie, Glória, Agnus Dei; b) Credo; c) Oração dos fieis.
- N.31: Pertencem ao 3º grau: a) cantos processionais de entrada e comunhão; b) canto depois
da leitura; c) o “Aleluia” antes do Evangelho; d) cântico de apresentação dos dons; e) leituras da
Sagrada Escritura, a não ser que julgue mais oportunas proclamá-las sem canto.
As Aclamações. As cinco aclamações sempre que puderem sejam cantadas: Aleluia, Santo,
Aclamação memorial (depois da Consagração), o grande AMÉM, Vosso é o Reino. Procura-se
entender bem a função e a forma de cada uma delas.
e) Estudo 79 da CNBB – A Música Litúrgica no Brasil - (04/12/1998).
5. A importância do canto na liturgia
São Paulo recomenda que os fiéis se reúnam em assembleia para aguardar a vinda do Senhor
Jesus e cantem juntos salmos, hinos e cânticos espirituais (Cl 3,16). Pois o canto constitui um sinal
de alegria do coração (At 2,46). Por isso é que Santo Agostinho dizia que cantar é próprio de quem
ama.
A Instrução Geral do Missal Romano, números 39 a 41, fala da importância do canto. Diz que
se dê grande valor ao uso do canto na celebração da Missa. “Ainda que não seja necessário cantar
todos os textos destinados ao canto, não falte o canto dos ministros e do povo nas celebrações do
domingo e festas”.
“Na escolha das partes que de fato são cantadas, deve-se dar preferência às mais importantes e
sobretudo aquelas que o sacerdote, o diácono, o leitor cantam com respostas do povo; ou então
aquelas em que o sacerdote e o povo devem proferir simultaneamente”.
A Instrução Geral fala que o Canto Gregoriano ocupa o primeiro lugar na liturgia mas, não
descarta outros gêneros de música sacra, como a polifonia, contando que se harmonizem com o
espírito da ação litúrgica e favoreçam a participação dos fiéis.
Sugere, também, que os fiéis aprendam a cantar em latim algumas partes da missa,
principalmente o Credo e a Oração do Senhor, devido aos frequentes encontros internacionais.

6. Finalidade da música litúrgica


Uma vez que o canto e a música são elementos indispensáveis na Liturgia, pois ali nossos
sentidos se aguçam e o nosso coração se sensibiliza mais para viver a experiência do mistério, a
música na liturgia deve:
a) realçar e expressar os diversos ritos, servindo a Palavra (proclamar, meditar, aclamar...)
b) traduzir os momentos rituais (abertura, procissões, súplicas, louvor...)
c) estar a serviço da comunidade, ajudando-a comunicar-se melhor com Deus, no mistério da
fé celebrado.
Nesse sentido, quanto mais se canta o próprio texto da Missa - a Celebração do Mistério
Pascal de Cristo pela Igreja -, mais litúrgico o canto é, e quanto mais os textos forem distantes,
estiverem fora do contexto, menos litúrgicos serão. Portanto: a Música Ritual, também chamada de
música litúrgica, é a música que acompanha os diversos ritos, as ações sagradas, sendo parte
integrante da liturgia, tendo as mesmas características da ação litúrgica: memorial, orante,
contemplativa, trinitária, pascal, centrada em Cristo, eclesial, eucarística, profética,
narrativa, salvífica.
7. Cantar a liturgia e cantar durante a liturgia
Esta distinção é vital para se chegar à participação litúrgica plena, piedosa, ativa, consciente e
alegre, por meio do canto. Mesmo depois de 40 anos depois do Vaticano II, ainda estamos em
estágio de cantar durante a liturgia, mas do que cantar a liturgia. Numa ação celebrativa podemos
encontrar dois modos de cantar:
a) Quando a própria ação celebrativa consistem em cantar. Isto significa que, no momento da
celebração, o agir litúrgico consiste em cantar. Tudo o mais para e o canto é a ação de celebrar.
Assim no rito penitencial e no hino de louvor, a ação manifestativa da invocação do perdão e da
alegria do louvor consiste em cantar. O mesmo se pode dizer do Santo, do Cordeiro, do Amém.
Tudo para, todos cantam. Assim quando são cantadas as partes cuja ação consiste em cantar, se
canta a liturgia.
b) Quando a ação celebrativa consiste em fazer algum gesto ou uma expressão corporal
acompanhado por um canto: a ação da procissão de entrada, do estar atento para ouvir o Evangelho,
do apresentar as ofertas, da procissão para comungar, do sair da Igreja. Se são realizadas, o jeito
mais agradável é realizar cantando. Se não são realizadas, não há necessidade litúrgica para se
cantar, sendo o canto dispensável. Isto consiste o cantar durante a liturgia.

8. Cantar a liturgia
O povo sacerdotal, a comunidade dos batizados-crismados, reúne-se para celebrar o mistério
da Nova Aliança, sempre com a convicção da presença, invisível mas real, do seu Senhor, Jesus
Cristo, que prometeu: “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles”
(Mt 18,20).
A assembleia é o lugar de preferência da presença do Senhor. Não nos esqueçamos das
presenças de Cristo na liturgia: Cristo está presente na Palavra proclamada, na pessoa do presidente,
na assembleia e no Pão e no Vinho. Segundo Paulo VI e o Concílio Vaticano II - lembram-nos esses
autores - Cristo está presente na liturgia em não menos de cinco formas: na assembleia, quando nos
reunimos para a oração; na Palavra de Deus, quando é proclamada; no sacerdote, quando celebra a
missa; nos sacramentos, quando são administrados; e, finalmente, no pão e no vinho.
A assembleia cristã é a que celebra a Eucaristia, sob a presidência do ministro que a completa
visibilizando o verdadeiro presidente, Cristo: “Na Missa ou Ceia do Senhor, o povo de Deus é
convocado e reunido, sob a presidência do sacerdote que atua na pessoa de Cristo, para celebrar o
memorial do Senhor ou sacrifício eucarístico” (IGMR 27). Por isso, ao reformar as celebrações
sacramentais e a Liturgia das Horas, tomou-se como um dos critérios fundamentais, o
favorecimento da participação ativa por parte de toda a assembleia reunida, a oração e o canto nos
momentos oportunos, as ações sacramentais nas quais participa, as aclamações e diálogos, etc.
A assembleia é presença real de Cristo! É o que a liturgia quer expressar na incensação, as
presenças de Cristo são incensadas: as oblatas, o presidente, o Evangelho e a assembleia. Tomemos
consciência da presença real, verdadeira e substancial da presença de Cristo na assembleia reunida
em liturgia.
Vejamos quem canta na liturgia e quem canta a liturgia:
a) QUANDO A ASSEMBLEIA CANTA: Antes de mais nada deve-se levar em consideração,
nas celebrações, a realidade das pessoas, em sua vasta diversidade. O canto litúrgico deve priorizar
a assembleia cantante, não a indivíduos ou grupos. Os agentes ajudam e auxiliam a assembleia
cantar. Para isso o canto deve ter o índole cultural da assembleia ou não algo “enlatado” ou
“robotizado” culturalmente. Há momentos da celebração que compete a toda a assembleia cantar:
Ato penitencial; Glória; Santo; Amém; Respostas; Aclamações; Refrãos.
b) QUANDO O CORAL CANTA: O coral desempenha verdadeiro ministério ora dirigindo o
povo, ora destacando algum momento com arranjos musicais. A sua função é:
. enriquecer o canto do povo;
. criar espaço de descanso;
. animar o canto da assembleia.
Seus critérios sejam o serviço e não a estética pura e exibicionista. Um coral pode executar
peças enquanto a comunidade ouve, acolhe, medita. Pode, também, fazer vozes
num canto que a assembleia canta ou dialogar com a assembleia. Exemplos: canto de comunhão;
salmo Responsorial; ação de graças.
c) QUANDO UM GRUPO/ MINISTÉRIO CANTA: Faz as vezes de um coral, executando
peças que exigem mais ensaio. Certas composições são próprias para poucos cantores, não são para
o povão. Em composição sacra, na polifonia clássica, há partes de uma música que são cantadas por
um grupo dentro do coral.
d) QUANDO O SOLISTA CANTA: O solista é aquele que executa sozinho uma canção,
dentro da liturgia: entoações; admoestações; leituras; proclamações; orações; bênçãos; despedida.
e) QUANDO O PRESIDENTE CANTA: O principal solista de uma celebração é o presidente
e, é triste constatar como a maioria não sabe cantar a liturgia, não é formada para cantar, não
conhece melodias, nem se preocupa em aprender a cantar, desde os ministros, diáconos, padres e
bispos. Precisamos ensinar a cantar nos seminários e casas de formação.
1. O sinal da cruz e a saudação inicial: Compreende a invocação da Trindade e a saudação
apostólica, em geral feitos por quem preside a celebração, dispensando outros comentários, uma vez
que já houve motivação inicial pelo comentarista.
2. Oração da coleta: É uma oração presidencial que recolhe os motivos da celebração e
prepara a assembleia para ouvir a palavra. Não é aconselhável que entre o convite: “Oremos”, feito
pelo presidente e a proclamação da oração, seja lido uma série de “Intenções de missa”. Não se
deve confundir “Motivos da celebração” com as famosas “intenções de missa”.
3. Evangelho: A introdução quase sempre é feita em tom gregoriano. Hoje, existem várias
melodias para proclamação do Evangelho. Lembre-se de que o texto enunciado e cantado é o que
interessa. A música auxilia a compreensão da Palavra.
4. Oração sobre as oferendas: É também esta uma oração presidencial, trata-se de um pedido
de aceitação da vida dos dons apresentados.
5. O diálogo, o prefácio e o santo: Os dois primeiros, em geral, são orações presidenciais. Em
melodias simples e recitativas dão maior expressão a cada parte. O missal romano oferece várias
opções para quem tiver capacidade de cantar. O Santo é aclamação do povo ao seu Senhor.
6. A instituição da Eucaristia: É recomendável que o Presidente cante a instituição. Existem
várias melodias. Sempre com as mesmas palavras propostas pelo Ritual Romano.
7. Aclamação memorial (Eis o mistério da fé...): É uma das aclamações mais importantes da
missa. O presidente introduz e a assembleia responde cantando. A aclamação memorial, não deve
ser substituída por qualquer refrão eucarístico.
8. Doxologia e o grande Amém: É a formula que exprime e, no caso da missa, resume toda a
glória dada ao Pai por meio do Filho, no Espírito Santo. O “amém” final expressa a concordância da
assembleia com tudo o que foi proclamado na oração eucarística, presidente. Para ser mais efetivo o
“Amém” poderia ser repetido e enriquecido com arranjos musicais.
9. Oração do Senhor (Pai-Nosso): O presidente pode introduzir cantando, convidando o povo
a cantar. O Pai-nosso deve ter uma melodia simples e que contemple as palavras bíblicas, ou seja,
na sua forma ordinária, em Latim.
10. Apresentação da comunhão: Seria interessante apresentar o “Cordeiro que tira o pecado
do mundo” cantado. Daí o povo responde cantando “Senhor eu não sou digno”.
11. Oração depois da comunhão: Também esta é uma oração presidencial. Tem a função de
convocar a comunidade para viver aquilo que celebrou. É uma proposta de vida para a semana.
12. A bênção e as fórmulas de despedida: Ambas são uma invocação para que o Senhor da
aliança caminhe conosco no cotidiano da vida. “O Senhor vos abençoe... O Senhor vos
acompanhe...”

9. O silêncio litúrgico
É muito importante garantir momentos de silêncio entre as várias partes da celebração. A sua
natureza depende do momento em que ocorre em cada celebração:
. Ritos Iniciais: no Ato penitencial e após ouvir o convite do presidente “Oremos”, cada fiel
se recolhe;
. Liturgia da Palavra: após as leituras e a homilia, para meditar o que ouviram;
. Liturgia Eucarística: acompanha-se em silêncio todas as orações. O silêncio só é rompido
pelas Aclamações. No Rito da Comunhão: depois da comunhão, para louvar e agradecer a Deus no
íntimo do seu coração.
Para cada momento, nas celebrações nós devemos revalorizar o silêncio numa sociedade
barulhenta, estressante, dispersa e agitada. Viemos para as celebrações “bombardeados” por um
ambiente musical atordoante.

10. Cantos que são o rito e cantos que acompanham o rito


Tocar e cantar são atitudes que podem acompanhar uma determinada ação, ou fazem
precisamente a ação. Daí nós dizemos que alguns cantos são o rito e outros acompanham o rito.
Esta afirmação exige atenção dos compositores para a liturgia e daqueles que executam as
celebrações litúrgicas. Os ritos ganham um novo sentido se cuidadosamente observados as
condições da Assembleia, do dia, da hora, do motivo da festa, e no caso da liturgia, do tempo
litúrgico.
Quando a assembleia se reúne, especialmente no dia do Senhor, ela carrega para a celebração
toda a vida, suas dores e alegrias. E ao fazer a memória dos acontecimentos que passaram, vai sentir
necessidade dos cantos e da música. A Equipe de canto deverá escolher o canto certo para o
momento certo da celebração.
A música e o canto tem um papel importante na proclamação das leituras bíblicas.
Antes, para preparar o espírito para acolhê-la. Durante, quando a própria leitura, o salmo ou o
cântico evangélico é cantado. Depois, como resposta à Palavra proclamada.
Os cantos que são o rito, não tem variação de letra e isto ajuda a assembleia memorizar,
dispensando o uso de folhetos e manuais. Se a equipe de canto tiver o cuidado de não trocar os
cantos a cada semana, dispensa-se o anúncio do nome e do número, que são fatores de ruídos de
comunicação nas celebrações.
1) Cantos que são o rito - São os cantos indispensáveis e insubstituíveis, que devem ser
cantados na íntegra, porque são o próprio texto ritual, assim como se apresenta na Liturgia. São
eles:
a) O ordinário da Missa:
- Senhor, tende piedade ou Kyrie eleison (aclamação suplicante a Cristo- Senhor);
- Hino de Louvor ou Glória (glorificação ao Pai e ao Cordeiro - hino cristológico);
- Credo;
- Santo (o momento mais grandioso da participação cantada da assembleia);
- Aclamação memorial - Eis o mistério da fé (com uma das três respostas, de caráter mais
pascal, não de adoração e devoção);
- Aclamação à Doxologia final, o grande Amém (síntese da Oração Eucarística, solene e
vibrante);
- Cordeiro de Deus (canto da assembleia durante a fração do pão).
b) O diálogo cantado entre o Presidente e a assembleia:
- Saudação do sacerdote e a resposta do povo;
- a Oração do dia;
- a Aclamação ao Evangelho;
- a Oração sobre as oferendas;
- o Prefácio com o diálogo;
- as Aclamações na Oração Eucarística;
- a Oração e Saudação da Paz;
- a Oração após a comunhão;
- os Ritos de despedida.

2) Cantos que acompanham o rito: Alguns cantos na celebração têm a função de


acompanhar um rito, que em geral são as procissões, os movimentos. São necessários, mas não
indispensáveis, menos importantes que os que constituem o rito.
É o chamado “Próprio de cada Missa”, que portanto muda, conforme o Tempo Litúrgico, a
Palavra, o momento celebrativo, o tipo de Celebração e de assembleia... São eles:
a) o canto nas procissões de entrada e comunhão;
b) o canto de preparação das oferendas;
c) o canto após a leitura (Salmo responsorial, que faz parte integrante da Liturgia da Palavra);
d) o Aleluia ou outra aclamação na Quaresma, antes do Evangelho. Alguns autores colocam o
Salmo Responsorial e a Aclamação ao Evangelho como canto-rito por si mesmos, pela sua
importância, devendo ser sempre cantados.
O canto da paz durante a saudação não corresponde à tradição litúrgica. É orientação litúrgica
que seja omitido, pois não faz parte do rito. Também o louvor final é facultativo, podendo ser um
canto a Maria, ao padroeiro, de envio, devocional.

11. Critérios para escolha do repertório litúrgico: como escolher os cantos?


a) Princípios TEOLÓGICOS:
1. Brota da vida da comunidade de fé;
2. Reflete necessariamente o Mistério Encarnado do Verbo e por isso assume as
características culturais de cada povo, nação ou região;
3. Se enraíza na longa tradição bíblico-litúrgica judaica e cristã (A e N.T);
4. Se insere na dinâmica do memorial própria e original da tradição judaico-cristã: é canto,
são palavras, ritmos, harmonias, gestos, dança... a serviço da recordação dos fatos salvíficos;
5. Tem o papel pedagógico de levar a comunidade celebrante a penetrar sempre mais
profundamente o Mistério de Cristo;
6. Brota da ação do Espírito Santo e expressa sempre a natureza e a sacramentalidade da
Igreja.

b) Princípios LITÚRGICOS:
1. Em todos os seus elementos (palavra, melodia, ritmo, harmonia) participa da natureza
simbólica e sacramental da liturgia cristã;
2. Sempre traz consigo o selo da participação comunitária;
3. Manifesta o caráter ministerial de toda a Igreja;
4. É música ritual (funcional para cada momento do rito);
5. Está a serviço da Palavra (realçar); expressa o mistério pascal de Cristo de acordo com o
tempo do ano litúrgico e suas festas;
6. Sintonia com o Ano Litúrgico, textos bíblicos, prefácios.

c) Princípios PASTORAIS:
1. Adequar os cantos à diversidade dos ambientes sociais e culturais, à vivências do cotidiano,
às possibilidades e adaptações de cada assembleia;
2. Ter sensibilidade e sensatez na escolha, aprendizado, utilização do repertório, e também
oportunizar formação.
d) Princípios ESTÉTICOS:
1. Estar em sintonia com a cultura musical do povo, de onde provém os participantes da
assembleia celebrante;
2. Privilegiar a linguagem poética pois é a que mais se ajusta ao caráter simbólico da liturgia;
3. Priorizar o texto, a letra, colocando tudo mais a serviço da plena expressão da palavra, de
acordo com os momentos e elementos de cada rito;
4. Realizar a simbiose (combinação vital) entre palavra (texto, letra) e a música que a
interpreta; ao ser executada prima por manter-se fiel à concepção original do (a) autor (a), conforme
esta expressa na partitura, sob pena de perder as riquezas originais da sua inspiração e,
consequentemente, empobrecer-lhe a qualidade estética e densidade espiritual.
Em síntese:
1. Situar-se no Ciclo Litúrgico (“tempo litúrgico”) que estamos vivendo;
2. Ter conhecimento se a Liturgia do dia que sou responsável é Liturgia Dominical ou
Semanal;
3. É uma solenidade, uma festa, uma memória obrigatória ou facultativa, ou um dia comum?
4. Ler os textos bíblicos daquele dia;
5. Ler a Oração do Dia e o Prefácio;
6. Ter clareza que existem cantos rituais e cantos que acompanham o rito;
7. Para os cantos que acompanham o Rito, as Antífonas (Entrada, Comunhão) são um auxílio.

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