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Palestra proferida em 22 de maio de 2023

Palestrante Sergio Emilião, 33


Mestre Instalado
Frater Rosacruz – AMORC
Membro da ARLS Scripta et Veritas, n1.641, Grande Benfeitora da Ordem
Fundada em 10.09.1965 no Rito Adonhiramita
Federada ao GOB e jurisdicionada ao GOB-RJ
Venerável Mestre no biênio 2013-2015
Provedor Geral de Ritualística do Supremo Conselho Adonhiramita do Brasil
Autor dos livros
Simbolismo Adonhiramita – Aprendiz, Editora PROTEXTO
Simbolismo Adonhiramita no Grau de Aprendiz, Fonte Editorial
Breve História do Rito Adonhiramita, E-Book
Editor da revista digital Um Quarto de Hora, 2015-2018
Palestrante virtual e presencial
Administrador do Grupo Adonhiramita de Estudos
O GRUPO ADONHIRAMITA DE ESTUDOS
apresenta

CADEIA DE UNIÃO E
CORRENTE FRATERNAL
NO RITO ADONHIRAMITA

Sergio Emilião
MI - F R+C
OBSERVAÇÕES
• Esta apresentação foi baseada no conteúdo da Compilação Preciosa da Maçonaria Adonhiramita, e das diversas edições do
Ritual do Grau de Aprendiz Maçom do Rito Adonhiramita, publicadas pelo Grande Oriente do Brasil, GOB, desde 1836, com
maior ênfase para a edição atual datada de 2009.
• Entendimentos de autores maçônicos, da literatura do Ordem em geral, e de publicações leigas também foram utilizados.
• Os comentários refletem apenas a opinião pessoal do apresentador, e não a posição oficial do Grande Oriente do Brasil ou de
qualquer Potência Simbólica ou Filosófica na qual o Rito Adonhiramita é praticado.
• Todas as dúvidas podem e devem ser dirimidas de forma oficial junto à Secretaria Geral de Orientação Ritualística do Grande
Oriente do Brasil, e nos departamentos correspondentes nas demais Potências.
• O conteúdo desta apresentação é de circulação livre, porém restrita a maçons.

AVISO LEGAL
O ingresso voluntário na sala virtual desta apresentação implica na tácita concordância com o que dispõe a Lei
Geral de Proteção de Dados, Lei Federal n° 13.709, de 14.08.2018
INTRODUÇÃO
• A Cadeia de União é realizada por todos os Ritos de origem francesa, mas não da
mesma forma
• No âmbito do GOB esta etapa ritualística se destina exclusivamente à
transmissão da Palavra Semestral, e pela quantidade de artigos e textos que
ressaltam essa condição, podemos julgar que em algum momento foi usada com
outra finalidade, como por exemplo, como uma corrente para obtenção de auxílio
metafísico ou simplesmente uma oração
• O Rito Adonhiramita em particular, e certamente pela sua característica religiosa
e espiritual, inseriu em seus rituais uma etapa destinada exclusivamente para
fins de socorro metafísico aos maçons, que se denomina Corrente Fraternal
• Ambas possuem mecânica de execução bastante semelhante
• Na Cadeia de União circula a Palavra Semestral, na Corrente Fraternal não
• A Cadeia de União é realizada duas vezes por ano no Grau de Aprendiz, a
Corrente Fraternal pode ser realizada em todas as sessões e em qualquer Grau
• Ambas são executadas após o fechamento da Loja
• A Cadeia de União é formada exclusivamente pelos obreiros do quadro, da
Corrente Fraternal podem participar todos os maçons visitantes, inclusive
praticantes de outros Ritos
• Minha intenção nessa apresentação é demonstrar as origens presumíveis de
ambas as práticas, sua inserção nos rituais maçônicos, o simbolismo de cada
uma delas, a mecânica de execução, e também a motivação da Palavra
Semestral, evidentemente acrescentando meu ponto de vista pessoal
ESCOPO

• Etimologia da Expressão
• O Arquétipo das Correntes
• A Corrente nas Religiões
• As Correntes Míticas
• As Correntes e a Evolução da Humanidade
• As Correntes na Física Newtoniana
• As Correntes Humanas
• A Palavra Semestral
• A Cadeia de União
• A Corrente Fraternal
• Conclusão
ETIMOLOGIA - CADEIA
• O vocábulo cadeia em português derivou do latim catena, que significa corrente
• Originalmente esse termo se referia especificamente a uma corrente, que por sua
vez era um utensílio utilizado para prender ou ligar duas coisas, como por
exemplo duas partes de uma porta, uma embarcação, um animal a um poste, e até
mesmo um escravo ou prisioneiro à sua cela
• Este último uso da palavra a transformou em sinônimo de prisão no nosso
idioma, mas não é esse o sentido do termo que foi adotado pela Maçonaria
moderna
• O verbete cadeia também possui o significado de união ou de sequência, como
por exemplo nas expressões cadeia alimentar ou cadeia de comando
• Este outro significado foi inspirado no simbolismo de sucessão contido no
vocábulo cadeia, ou catena para os romanos, pois como vimos e sabemos trata-
se de uma peça formada por uma sucessão de elos
• Foi justamente com esse sentido que a expressão foi inserida nos rituais
maçônicos, aliás, com retumbante pleonasmo e redundância, pois o termo por
nós utilizado é Cadeia de União
• Julgo que gramaticalmente falando o termo correto seria algo parecido com
Cadeia de Maçons, pois este é o objetivo desta etapa ritualística, unir fisicamente
os maçons durante um determinado período de tempo
ETIMOLOGIA - CORRENTE
• A etimologia do verbete corrente é curiosa. Deriva do latim currens entis, e
do verbo currere, que significa correr, logo, se refere a algo móvel
• Por isso falamos em corrente dos rios, corrente elétrica, ou corrente
filosófica, por exemplo, que traduzem a sensação de direção ou de rumo.
Isto me parece aplicável à expressão Corrente Fraternal utilizada pelo Rito
Adonhiramita onde existe um direcionamento de energias e pensamentos
• Também existe o sentido de se tratar de algo usual, em vigor, comum, como
por exemplo pensamento corrente ou moeda corrente
• Paradoxalmente há um significado para este verbete em nosso idioma que
vai na direção oposta, de imobilizar, que se aplica justamente ao objeto que
recebeu essa denominação
• A corrente é um utensílio formado pela associação de diversos elos ou
pequenas argolas, que originalmente eram de metal. Atualmente
encontramos correntes feitas de diversos materiais, e a quantidade desses
elos resulta no seu tamanho, assim como a espessura e qualidade deles
resultará em sua capacidade de resistência e de trabalho
• Embora possa ser um elemento fechado, como os modelos utilizados em
máquinas e engrenagens, o mais comum é que necessitem de um outro
elemento para serem fechadas e alcançarem o objetivo pretendido, como um
cadeado, por exemplo
• Esta circunstância me parece estar ligada ao simbolismo destas duas etapas
ritualísticas, a Cadeia de União e a Corrente Fraternal onde o Venerável
Mestre as abre e as fecha
O ARQUÉTIPO DAS CORRENTES
• A corrente é uma imagem arquetípica, um símbolo, que possui variados significados
• Representa evidentemente a união, seja entre os próprios homens, ou do material ao
espiritual
• Simboliza o instrumento de controle sobre algo ou alguém, como no caso dos
prisioneiros acorrentados, ou de atitudes nocivas, como na expressão “forjar algemas
ao vício”. Ou seja, nem sempre as correntes são utilizadas para fins danosos
• Em ambos os simbolismos há um elemento comum, e que também está representado
na imagem arquetípica das correntes, a força
• Para que os propósitos para os quais as correntes são utilizadas sejam alcançados é
necessário que a peça como um todo seja forte o suficiente para manter seus elos
unidos
• Para que essa força, ou capacidade de resistir a esforços das correntes seja
expressiva, é necessário que cada um de seus elos seja igualmente forte
• Existe um axioma que diz que a resistência das correntes é medida sempre pelo seu
elo mais fraco
• Esta hipótese não deveria prosperar no meio maçônico, pois segundo a doutrina
somos todos iguais
• Porém, a ideia de que cada um de nós tem uma contribuição individual para dar e
tornar a corrente maçônica o mais forte possível é válida
• Esta imagem arquetípica das correntes antes de inspirar a Maçonaria moderna
influenciou religiões e Tradições Iniciáticas
A CORRENTE NAS RELIGIÕES

• A expressão corrente, se for usada no sentido de uma linha de


pensamento comum, é aplicável às próprias diferenças existentes entre as
doutrinas, que são correntes religiosas
• Na própria Maçonaria moderna os diversos Ritos podem ser classificados
como correntes maçônicas, pois desenvolveram interpretações
particulares de uma doutrina comum
• Vemos a imagem arquetípica das correntes presente em praticamente
todas as religiões através de metáforas e de alegorias
• Em alguns casos elas surgem como representações do poder divino,
entendendo-se nesta hipótese a expressão poder como sinônimo de força
de coerção para efetivação e imposição de sua vontade
• Nos dois slides seguintes vou abordar exemplos retirados de duas
vertentes em especial, a mitologia clássica e a tradição cristã, por
entender que possam melhor contribuir para a compreensão do
simbolismo dessas etapas ritualísticas dentre tantas outras associações
possíveis
O MITO DE PROMETEU
• O mito do titã Prometeu, que desafiou os deuses entregando o Fogo Sagrado aos homens,
está relacionado à criação do homem na cosmogonia grega
• Esse Fogo Sagrado representava o conhecimento, a capacidade de criar, que até então era
exclusiva dos deuses do Olimpo, em particular de Zeus
• Vemos uma correspondência dessa alegoria na serpente da tradição judaico-cristã, que
convenceu os pais da humanidade segundo o relato bíblico a experimentarem o fruto da
Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, sendo punidos por este ato
• No mito grego, Zeus enfurecido aplica a Prometeu um castigo, acorrentando-o a um
penhasco onde um abutre devorava seu fígado que era regenerado continuamente,
mantendo-o num suplício eterno. Um dos Doze Trabalhos de Hércules foi liberta-lo dessa
punição
• As correntes de Prometeu simbolizam a ruptura com o divino, pois aprisionado como estava
não poderia frequentar o Olimpo. Além do mais, atava-o à materialidade, e neste Plano
Material enfrentava o sofrimento, representado pelo abutre voraz
• Não por acaso foi um mortal, Hércules, que o libertou quebrando as correntes que o
prendiam. Isso me parece relevante, a capacidade do homem de interferir em seu destino
individual e da humanidade como um todo
• Talvez não possamos traçar de imediato qualquer relação entre este mito grego e o
simbolismo da Cadeia de União ou da Corrente Fraternal, notadamente pelos propósitos
opostos, mas podemos analisar o simbolismo de evolução contido na corrente, cujo
conhecimento de sua fabricação nesta época era de domínio exclusivo dos deuses, já que o
homem acabara de ser criado. Veremos isso mais à frente
A PRISÃO DE LÚCIFER

• No capítulo 20 do Livro das Revelações, o Apocalipse de João Evangelista, Satanás é


acorrentado pelo arcanjo Miguel no inferno por mil anos, como punição por ter desafiado a
Deus e liderado uma revolta de anjos
• É um castigo bastante semelhante ao sofrido pelo Prometeu dos gregos, e a associação feita
pelo cristianismo entre Satanás e a serpente dos Jardins do Éden, que entregou o
conhecimento divino aos homens, os aproxima ainda mais
• Ambos são libertados das suas punições, mas diferentemente do mito grego, na tradição
cristã isso não será obra dos homens
• O que chama a atenção em ambas as alegorias, é que tanto Prometeu quanto Satanás são
seres poderosos, dotados de força e poder sobre-humano, mas foram incapazes de romper
uma simples corrente forjada pelas mãos ou vontade da divindade
• Acreditemos ou não nestas alegorias, esses fatores influenciaram a imagem arquetípica das
correntes
• E talvez haja um fator adicional, que está relacionado ao processo evolutivo da humanidade,
e indiretamente à doutrina maçônica, como veremos a seguir
AS CORRENTES E A EVOLUÇÃO DO HOMEM
• Como vimos, originalmente as correntes serviam para atar ou amarrar as coisas, mas isto em
si já é uma evolução
• O homem primitivo não conhecia a fundição de metais, e utilizava-se para estes mesmos fins
das cordas trançadas em fibras vegetais ou animais
• As correntes da antiguidade, e que são mencionadas na mitologia e nas religiões, são de
metal, e o domínio da técnica de fundição de metais é marcador de um importante estágio
evolutivo da humanidade, que está relacionado igualmente ao domínio do fogo, aquele
mesmo de Prometeu
• Os povos antigos entendiam que o domínio dessas técnicas era uma dádiva divina. Os
gregos possuíam uma divindade metalúrgica que se chamava Hefesto, e que era considerado
o deus da tecnologia e dos artesãos
• Na tradição judaico-cristã esse papel é desempenhado por Tubalcain, que está intimamente
relacionado à transmissão da cultura antediluviana através das colunas de Enoch, e das
próprias colunas vestibulares do Templo de Jerusalém erguido por Salomão, e que é
elemento importante na doutrina da Maçonaria moderna
• Ninguém faz correntes de cordas, e mesmo que hoje haja artigos feitos de outros materiais, a
corrente arquetípica, simbólica e alegórica é de metal
• E se é de metal, nos termos da tradição judaico-cristã e da própria doutrina maçônica a
técnica de sua fabricação foi conhecida pelos homens através de Tubalcain
• Mas há também um simbolismo das correntes relacionado à arquitetura, a arte de construir,
que era a prática dos pedreiros livres do período que chamamos de operativo da Maçonaria
AS CORRENTES NA FÍSICA NEWTONIANA
• O funcionamento das correntes é baseado na Física, mais especificamente
na mecânica
• As correntes são elementos capazes de resistir a esforços mecânicos, e esta
resistência é obtida através do trabalho solidário de cada um de seus elos,
que absorvem parte dos esforços recebidos e transmite outra parcela para o
elo seguinte mantendo sua integridade
• Evidentemente, se a força aplicada for maior que a resultante de seus elos a
corrente se romperá, portanto, há um limite de trabalho
• Este mesmo princípio é utilizado na arquitetura através da transmissão de
esforços que ocorre nos elementos de sustentação dos edifícios, as lajes, as
vigas, os pilares e as fundações
• As forças mecânicas são formas de energia, e estas energias circulam entre
todos os elos das correntes da mesma forma que nos elementos
construtivos
• Este conceito é aplicável às etapas ritualísticas que estamos analisando, e
são válidas tanto no que diz respeito ao simbolismo material quanto
metafísico de circulação de energias entre os maçons
• Esta distribuição de esforços tanto nos elos da corrente quanto nos
elementos estruturais das construções gera equilíbrio
• Resta examinarmos se este equilíbrio também é objetivo da Cadeia de União
e da Corrente Fraternal, ou, em última instância, se está presente na sua
mecânica de execução
AS CORRENTES HUMANAS

• Imitando as correntes, as civilizações buscaram inspiração para criar um símbolo de


união de propósitos representado por pessoas de mãos dadas
• Temos crianças de mãos dadas nas brincadeiras de roda, por exemplo
• Nas religiões, é comum vermos as pessoas se darem as mãos formando um círculo
de oração, de homenagem ou de culto
• Nas manifestações populares, os cidadãos se unem num círculo, de mãos dadas,
para simbolizar a proteção a uma construção, um monumento, etc., quase que
formando um imenso abraço
• São perseguidos propósitos diferentes em cada um desses exemplos, mas existe
um fator comum entre eles. Todos são formados pela reunião do mesmo objetivo
por parte das pessoas que participam, seja brincar, cantar, orar, ou defender
• A capacidade de resistência física das correntes que vimos anteriormente
transportou-se para a mente humana, e os homens se sentem mais fortes e capazes
quando se dão as mãos num círculo, ou numa corrente
• Qualquer uma dessas hipóteses é uma reunião fraternal tornada mais fácil pela
coincidência dos objetivos individuais de cada um de seus membros. É isso que os
agrupa
• Na Maçonaria moderna não é diferente. Todos os maçons que participam da Cadeia
de União ou da Corrente Fraternal têm o mesmo propósito, e se julgam mais fortes
porque estão simbolicamente unidos. O UM se transforma no TODO
• Este é o tipo de corrente que fazemos em nossas Lojas, mas nossos elos são
unidos de forma um pouco diferente
A INSPIRAÇÃO DA PALAVRA SEMESTRAL
• Deixando um pouco de lado o simbolismo das correntes,
vamos examinar um dos propósitos das correntes
maçônicas, no caso a Cadeia de União, a Palavra Semestral
• Alguns autores defendem que a Palavra Semestral teria sido
inspirada na Palavra de Trabalho das lojas operativas. Esta
senha não era conhecida pelos Cowans ou pedreiros não
qualificados na arte, e citam os Estatutos de Schaw,
publicados respectivamente em 1598 e 1599 como fonte.
Confesso que não achei nos textos nada que se refira a esta
prática, o que se vê nesses estatutos é a vedação à
contratação por parte das lojas de pedreiros não
qualificados. Alguns autores chamam os Cowans de “maçons
sem a Palavra de Trabalho”
• Esses pedreiros chamados de Cowans deram origem ao atual
termo “goteira”, que se refere a intrusos e curiosos
• Mas os historiadores afirmam que havia um sistema de senha
e contrassenha para identificação dos pedreiros livres, mais
ou menos como no nosso atual Telhamento
• Essa fórmula de reconhecimento seria utilizada pela
Maçonaria francesa do século XVIII, como veremos adiante
A INSTITUIÇÃO DA PALAVRA SEMESTRAL
• Apesar da suposta relação com as guildas medievais de pedreiros e a Maçonaria escocesa, o uso
da Palavra Semestral não é próprio da Maçonaria britânica, e foi instituído na França
• Após 1743 a Maçonaria francesa vivenciou um período de turbulência e de discordância entre os
maçons, com vários temas alimentando esse confronto, incluindo Ritos, números de Graus,
correntes hanoverianas e stuartistas, etc.
• Esse conflito levou à extinção da Grande Loja da França em 1771, e criação no ano seguinte do
Grande Oriente da França, tendo o Duque de Chartres como Grão-Mestre
• Evidentemente os maçons do Grande Oriente da França eram opositores das ideias da Grande
Loja da França, que apesar de não existir mais, sobrevivia através dos ideais de boa parte dos
maçons franceses
• Para evitar a presença de maçons da corrente opositora em suas fileiras, e estimular a filiação à
nova Obediência, Luís Filipe de Orleans, o Duque de Chartres, com base no parecer de uma
comissão de maçons, estabeleceu em 28 de outubro de 1773, quando tomou posse como Grão-
Mestre, a Palavra Semestral como forma de reconhecimento entre os membros do Grande Oriente
da França, e como medida para impedir a participação de maçons da outra corrente nas reuniões
• Dizia o relatório da comissão:

“Convencidos por uma longa experiência que os meios empregados são insuficientes até hoje
para afastar falsos maçons, acreditamos não haver melhor forma do que pedir ao Grão-Mestre, que
dê, de seis em seis meses, uma palavra que não será comunicada, senão aos maçons regulares e
mediante na qual eles se farão reconhecer nas Lojas que visitarem.”

Luís Filipe II de Orleans, Duque de Chartres (1747-1793)


O PROCEDIMENTO ORIGINAL
• A validade desta senha originou sua denominação de semestral, e atualmente, no
âmbito do GOB, ela é emitida no início de cada semestre, mas ao que parece
originalmente estava ligada aos solstícios de verão e de inverno
• Segundo Jules Boucher, a senha era composta de duas, e não de apenas uma palavra,
e ambas começavam com a mesma letra
• Para sua transmissão, os maçons se reuniam em círculo no centro do Templo
formando a Cadeia de União, e o Venerável Mestre sussurrava uma delas ao Irmão que
estava à sua esquerda, e a outra ao maçom à sua direita. Em um determinado ponto,
no outro extremo da cadeia de União, as palavras eram trocadas. O Irmão que recebera
a palavra num sentido de circulação tomava conhecimento da outra que viera no
sentido oposto, e a repassava para o Irmão anterior. Assim elas retornavam ao
Venerável Mestre
• Se houvesse alguma distorção todo o procedimento era repetido
• Não consegui referências que descrevessem a maneira pela qual os maçons formavam
a Cadeia de União nessa época
• Essa me parece uma mecânica mais correta do que a que executamos atualmente,
pois na prática atual a corrente se rompe temporariamente, quando o Mestre de
Cerimônias a retorna ao Venerável Mestre. Isso não ocorria originalmente
• É provável também que essa forma de demonstração de regularidade fosse praticada
como senha e contrassenha nas Lojas, sendo uma delas sussurrada ao ouvido do
Experto e este transmitisse a outra ao visitante
• Alguns autores afirmam que na formação da primeira Cadeia de União havia 81
maçons na Loja, e este número teria inspirado a quantidade de nós da corda que
decora o teto do Templo
A PALAVRA SEMESTRAL NA ATUALIDADE

• Atualmente no âmbito do GOB utiliza-se apenas uma Palavra Semestral, que é


emitida no início de cada semestre pelo Grão-Mestre Geral
• Há menções da Palavra Semestral na Maçonaria brasileira ter sido instituída em
1831 na ocasião da Reinstalação do GOB
• No que diz respeito ao Rito Adonhiramita sua menção nos rituais só ocorreu em
1969 no ritual de Aprendiz publicado pelo GOB
• Só pode ser transmitida em sessão ordinária do Grau de Aprendiz, exatamente
para que todas as classes de maçons possam dela ter conhecimento
• Para que a Loja receba a Palavra Semestral é necessário que esteja em dia com
suas obrigações pecuniárias e administrativas junto ao GOB
• A Palavra Semestral é transmitida apenas em Loja e exclusivamente através da
Cadeia de União
O CONHECIMENTO DA PALAVRA SEMESTRAL

• É o Venerável Mestre quem recebe a Palavra Semestral emitida pelo Grão-Mestre


Geral
• Atualmente é possível obtê-la por meio eletrônico, porém, ainda assim deverá ser
impressa, pois faz parte do ritual a destruição do meio físico que a contém após a
transmissão, como veremos mais à frente
• O Venerável Mestre recebe a Palavra Semestral escrita no Alfabeto Maçônico, e
deverá por ele ser decifrada antes de ser transmitida aos obreiros
• Esta é a única ocasião em que o Alfabeto Maçônico é utilizado atualmente
• Acompanha a Palavra Semestral um texto alusivo ao seu significado, que deverá
ser lido pelo Venerável Mestre na ocasião de sua transmissão
• O Venerável Mestre não pode revelar a Palavra Semestral a ninguém antes de sua
transmissão na Cadeia de União
A MECÂNICA DA CADEIA DE UNIÃO
• A mecânica de execução da Cadeia de União é um tanto complexa
• Só pode ser formada após a declaração de fechamento da Loja, porém, no caso do Rito
Adonhiramita, a Chama Sagrada permanece acesa
• Todos devem descalçar as luvas, e os Mestres retirarem seus chapéus
• Uma vez convidados pelo Venerável Mestre, todos se dirigem sem ritualística ao Ocidente e
colocam-se lado a lado circundando o Pavimento Mosaico
• O Pavimento Mosaico não pode ser pisado, e nada, nem o suporte do Painel do Grau deve estar
sobre ele
• Existe uma organização hierárquica a ser obedecida, muito embora não conste explicitamente do
ritual, havendo apenas a orientação dos locais a serem ocupados pelo Venerável Mestre, os dois
Vigilantes, o Orador, o Secretário, e o Mestre de Cerimônias
• Algumas posturas são transmitidas oralmente, e não raro são questionadas, mas algumas
possuem fundamentação lógica
• Uma delas diz respeito ao Cobridor Interno, que deverá temporariamente deixar sua posição.
Como a porta do Templo não pode ficar desguarnecida, ele coloca sua espada no chão com a
ponta voltada para a porta simbolizando sua proteção
• Existe uma posição específica para cruzarmos os braços e as pontas de nossos pés se tocarem
• O Venerável transmite em tom baixo a Palavra Semestral a ambos os lados da Cadeia de União,
nos ouvidos do Orador e do Secretário, estes a repassam para o obreiro que está a seu lado e
assim por diante
• Quando a Palavra Semestral chega ao Mestre de Cerimônias ele deixa temporariamente a Cadeia
de União, que é imediatamente fechada após a sua saída, e passando por fora desta a devolve ao
Venerável Mestre. Apesar de ser uma palavra única ele a sussurra nos dois ouvidos do Venerável
Mestre. Depois disso volta ao seu lugar
DIAGRAMA DA CADEIA DE UNIÃO
A INSPIRAÇÃO DA CADEIA DE UNIÃO
• Como sabemos, a posição dos braços e pés dos obreiros durante a execução da Cadeia de
União é bastante desconfortável
• Creio que para simbolizar a união dos Irmãos seria mais do que suficiente que apenas
déssemos as mãos. Parece haver um simbolismo maior ou algo mais por trás disso
• É possível que essa posição tenha se inspirado em práticas antigas do cristianismo
• Na figura ao lado, por exemplo, vemos a reprodução de uma cruz céltica localizada na
abadia de Clonmacnoise em Ofally, na Irlanda. Nela podemos ver uma postura semelhante a
que praticamos na Cadeia de União retratada no baixo relevo, e que provavelmente reproduz
uma postura de oração comum no passado
• Mas também existe uma razão mais objetiva e simbólica
• A posição dos nossos pés não permite que andemos, e serve de apoio para nos
equilibrarmos
• Nossos braços e antebraços entrelaçados não apenas dificultam a movimentação de nossos
troncos, mas também tornam mais difícil que rompamos a corrente
• Inobstante qualquer interpretação de cunho místico, me parece que os ritualistas pretendiam
reproduzir simbolicamente uma corrente difícil de ser rompida
• Esta hipótese me parece bastante razoável, pois a prática é a mesma em todos os Ritos, e
nem todos possuem o perfil religioso e místico do Rito Adonhiramita
A PRIMEIRA MENÇÃO NA MAÇONARIA

• A primeira citação de um procedimento que pode ser considerado como a


atual Cadeia de União surgiu no manuscrito de Edimburgo de 1696
• Diferentemente da prática atual, na ocasião os Aprendizes não participavam
do procedimento
• A descrição é a seguinte:

“Mas para (ser) um Mestre Maçom ou companheiro do oficio, há mais a


fazer, e isso é o que segue. Primeiro, todos os aprendizes devem ser conduzidos
para fora da companhia, e somente os mestres devem permanecer (…) Então, os
maçons sussurram para o outro a palavra começando pelo mais novo (…) depois
do que o novo maçom deve assumir a postura em que deve receber a palavra (…)
Então, o mestre lhe dá a palavra e aperta as mãos como fazem os maçons e isso é
tudo o que há a fazer para torná-lo um perfeito maçom”.

• Esta parece ser a Palavra de Trabalho mencionada anteriormente


• Vemos que a transmissão da palavra se dava em voz baixa, e ao final havia um
aperto de mão como fechamento, fica faltando apenas o posicionamento em
círculo na comparação com a prática atual
A INSERÇÃO NOS RITUAIS

• Apesar da instituição da Cadeia de União ser anterior à publicação da


Compilação Preciosa da Maçonaria Adonhiramita, obra de referência do Rito,
não há menção a esta etapa
• A primeira menção à Cadeia de União em rituais brasileiros ocorreu em 1822,
no ritual praticado pelas três Lojas que deram origem ao GOB, então Grande
Oriente Brasílico, Commércio e Artes da Idade do Ouro, União e Tranquilidade
e Esperança de Nichteroy, que foi republicado em 2002 com o título de “Ritual
das Lojas Fundadoras”
• Neste ritual não há a descrição da mecânica de formação da Cadeia de União, e
ela é chamada de Cadeia Electrica
• Após o reerguimento do GOB, no primeiro ritual Adonhiramita publicado pelo
GOB em 1836 não existe mais esta citação, e essa ausência em rituais
perdurou 133 anos, o que entretanto não significa que a Cadeia de União não
fosse praticada nas Lojas durante esse período
• A Cadeia de União só voltou a ser mencionada no ritual de Aprendiz do Rito
Adonhiramita de 1969 publicado pelo GOB
• Quanto à Corrente Fraternal, ela surgiu no ritual de Aprendiz do Rito
Adonhiramita publicado em 2003 pelo GOB

Ritual manuscrito utilizado pelo GOB - 1822


A CADEIA ELÉTRICA
• A menção a uma etapa denominada de Cadeia Elétrica no ritual de 1822 nos
leva a algumas conjeturas interessantes
• Nos termos das próprias explicações desse ritual, publicadas pelo próprio
GOB, tratava-se de um ritual de sessões econômicas, que atualmente são
chamadas de ordinárias, ou seja, que eram realizadas rotineiramente, e não
apenas em datas especiais
• Neste raciocínio, mesmo que esse período de funcionamento do GOB tenha
sido curto, ao que parece essa corrente de Irmãos ocorria em todas as
sessões, e não apenas para a transmissão da Palavra Semestral, que sequer é
mencionada no ritual
• Na época, a eletricidade era uma forma de energia descoberta recentemente
pela ciência moderna, ainda que conhecida desde Tales de Mileto na Grécia
antiga, e os fenômenos elétricos e eletromagnéticos eram considerados por
muitos como resultado ou ação de forças metafísicas
• Não é igualmente de se desprezar que o termo cadeia utilizado pela Maçonaria
moderna tem como sinônimo corrente, que neste caso em particular
corresponderia a uma corrente elétrica formada por maçons
• Ao que parece, essa etapa denominada de Cadeia Elétrica pretendia associar
as energias individuais dos Irmãos, o que sem dúvida é um conceito místico, e
isso a aproxima mais da Corrente Fraternal praticada pelo Rito Adonhiramita
que da Cadeia de União
• Se considerarmos essas hipóteses como lógicas e factíveis, poderemos ter aí
mais uma evidência de que o Rito praticado pelo GOB na ocasião era o
Adonhiramita, já que o pensamento místico não é próprio do Rito Moderno
INCINERAÇÃO DA PALAVRA SEMESTRAL
• Embora o ritual mencione que o Venerável Mestre possa fazer uma explanação sobre
a Palavra Semestral, ou solicitar a algum Irmão que o faça, já há algum tempo o GOB
envia em conjunto um texto previamente preparado para este fim, que deve ser lido
pelo Venerável Mestre logo após a palavra circular
• Isso gerou certo desconforto, pois é difícil segurar o papel e manter a posição das
mãos ao memo tempo, lembrando que a Cadeia de União não pode ser interrompida.
O auxílio dos Irmãos que estão ao lado do Venerável Mestre podem minimizar o
problema, mas na verdade isso só o transfere para outro obreiro. Talvez o ideal seja
memorizar o texto, mas eles têm se tornado cada vez mais longos inviabilizando essa
hipótese
• Creio que este é um problema que requer atenção, talvez seja conveniente reduzir o
tamanho dos textos explicativos, ou mesmo voltar a permitir que o Venerável Mestre
faça a exortação através de suas próprias palavras
• Encerrada esta explanação, e desfeita a Cadeia de União, o Venerável Mestre deve
espetar o papel que a contém na Espada Flamígera e incinera-la, colocando o resíduo
de sua queima no turíbulo. O Venerável a transmite e ele a destrói
• Após isso, todos retornam a seus respectivos lugares sem qualquer comando
• Objetivamente esta prática pretende demonstrar aos obreiros que a Palavra Semestral
a partir daquele momento só permanecerá nas suas mentes, pois todos os vestígios
de sua existência foram eliminados de maneira irreversível
• Sob o ponto de vista místico, algumas tradições entendem que esta prática libera os
propósitos da súplica, ou nesse caso do simbolismo contido na Palavra Semestral,
para o Universo
OS PARTICIPANTES DA CADEIA DE UNIÃO

• A Cadeia de União só pode ser formada pelos obreiros que recolhem suas contribuições
pela Loja
• Os membros filiados, embora componham o quadro de obreiros da Loja, deverão ser
convidados a se retirar nesse momento, mesmo que não tenham participado da sessão em
que as Lojas pelas quais recolhem seus metais tenha transmitido a Palavra Semestral.
Nessa hipótese, deverão solicita-la ao Venerável Mestre dessas Lojas pelas quais fazem seu
recolhimento posteriormente
• Da mesma forma, maçons visitantes não podem participar da Cadeia de União, e deverão
igualmente ser convidados a cobrir o Templo antes que ela seja formada
• Não há nenhuma indelicadeza nisso, pelo contrário, é uma regra
• Esta medida pretende que nenhum maçom receba a Palavra Semestral mais de uma vez, e
que não participe de mais de duas Cadeias de União por ano
• A saída desses maçons mencionados se dará sem formalidades, e não retornarão ao
Templo
A POSTURA DOS IRMÃOS NA CADEIA DE UNIÃO

• A posição de pés e mãos é nossa conhecida, e está descrita no ritual, mas além
disso há outras normas a serem observadas
• Não devemos conversar durante a formação da Cadeia de União
• Se levarmos em consideração que a Palavra Semestral será sussurrada em voz
baixa, o mais absoluto silêncio se faz necessário, e isso deve ser observado
principalmente após a termos recebido e a transmitido
• Nenhum som deve ser emitido, e o Mestre de Harmonia não deve executar nenhuma
música de fundo nesse momento
• Não é exatamente a concentração que se pretende, muito embora isso seja válido.
O objetivo do silêncio é permitir que a palavra circule de modo compreensível por
todos, pois do contrário todo o procedimento deverá ser repetido
• A mesma postura deve ser mantida enquanto o Venerável Mestre faz a explanação,
e não apenas para que seu discurso seja audível, mas principalmente por questão
de respeito e educação
O ROMPIMENTO DA CADEIA DE UNIÃO

• Uma vez transmitida a Palavra Semestral, e lido o texto explicativo, a


Cadeia de União deve ser desfeita
• O ritual determina que a cadeia “vibre”, e esse efeito é obtido através do
balançar de nossos braços ritmadamente seguido da soltura de nossas
mãos
• Quem comanda o início deste ritmo e a soltura das mãos é o Venerável
Mestre
• Alguns maçons, especialmente praticantes de outros Ritos, contestam
esse procedimento
• No caso dos praticantes do Rito Adonhiramita essa contestação não deve
existir. Primeiramente porque está determinada no ritual, e por uma outra
razão que será abordada quando examinarmos a Corrente Fraternal
• Este procedimento simboliza que a partir daquele momento a Palavra
Semestral está em poder de cada um dos elos da corrente, os maçons, que
os ligarão a outros elos quando em visita a outras Oficinas
• Estes elos serão novamente reunidos seis meses depois para recompor
simbolicamente a palavra e instituir sua substituta
A UTILIDADE DA PALAVRA SEMESTRAL

• Desde sua criação no século XVIII, a Palavra Semestral se propõe a ser uma
prova de regularidade do maçom em relação à sua Obediência, que será
comprovada quando visitar outras Lojas da mesma jurisdição
• Mas deve ficar claro que a visitação entre Potências requer outras formas de
comprovação de regularidade, pois cada Obediência possui uma Palavra
Semestral específica e desconhecida das outras, além de não ser uma
prática universal da Maçonaria solicitar a Palavra Semestral
• Na prática, essa prova de regularidade se inverteu, não é mais para as Lojas
que visitamos que a utilizamos, mas sim para comprovar nossa regularidade
junto à própria Potência da qual somos membros, pois é da Palavra
Semestral que nos servimos para ter acesso à área restrita das plataformas
digitais das Obediências
• Se o maçom a recebeu é porque está em dia com suas obrigações
pecuniárias e a frequência de sua Loja
• Esta regularidade, aliás, se aplica à própria Oficina
• De toda forma, a Cadeia de União e a Palavra Semestral são tradições da
Maçonaria de origem francesa, que é o nosso caso, e creio que permanecerá
vigente como tal
SE NÃO RECEBER A PALAVRA SEMESTRAL

• Não é raro o maçom ativo e regular deixar de participar da Cadeia de União, e


consequentemente do recebimento da Palavra Semestral, por estar ausente na
sessão em que foi transmitida
• Porém, é direito dele recebe-la
• Nessa hipótese ele deve se dirigir ao Venerável Mestre, e somente a ele, e pedir
para que ele a transmita
• Essa solicitação pode ser feita fora de Loja
• A exclusividade de transmissão da Palavra Semestral pelo Venerável Mestre se dá
por duas razões, para não ser distorcida, e para que ele tenha total controle do
seu conhecimento pelos obreiros da Loja que dirige
• Ressalto que os maçons em débito com a Loja e infrequentes não podem receber
a Palavra Semestral
A CORRENTE FRATERNAL
• Como vimos, a Cadeia de União se presta exclusivamente à transmissão da Palavra
Semestral, e não permite outros propósitos
• O Rito Adonhiramita, por suas características religiosas e místicas, inseriu nos rituais
uma ocasião em que os Irmãos podem se unir em corrente para fins de socorro espiritual
e metafísico, que se chama Corrente Fraternal
• Como vimos, essa inserção ocorreu de modo formal na edição de 2003 do ritual de
Aprendiz publicada pelo GOB
• Da mesma forma que a Cadeia de União, a Corrente Fraternal só é realizada após a
declaração de fechamento da Loja, mantida a Chama Sagrada acesa
• Diferentemente da Cadeia de União, a Corrente Fraternal pode ser realizada em sessões
ordinárias de qualquer Grau
• Dela podem participar maçons visitantes, inclusive praticantes de outros Ritos
• Porém, trata-se de um procedimento ligado diretamente à fé, portanto, não é obrigatória,
e desta forma, o maçom que por qualquer motivo se sinta desconfortável pode se
ausentar do Templo nesse momento
• A Corrente Fraternal pode ser proposta pelo Venerável Mestre ou solicitada por qualquer
Irmão do quadro de obreiros da Loja, inclusive por Aprendizes e Companheiros, que
neste caso devem solicitar sua realização antes da sessão ser iniciada
• Embora particularmente julgue desejável, sua realização não é obrigatória
• A Corrente Fraternal e a Cadeia de União não podem ser executadas numa mesma
sessão
MECÂNICA DE EXECUÇÃO DA CORRENTE FRATERNAL

• A mecânica de execução da Corrente Fraternal repete a dinâmica


da Cadeia de União
• Difere daquela por não haver circulação de palavra e não ser
rompida em nenhum momento. Uma vez iniciada os Irmãos só
desfazem seus elos quando ela termina
• A organização dos obreiros ao redor do Pavimento Mosaico é
exatamente a mesma da Cadeia de União, sendo que neste caso os
Irmãos visitantes serão nela incluídos
DIAGRAMA DA CORRENTE FRATERNAL
PARTICIPANTES DA CORRENTE FRATERNAL

• A Corrente Fraternal é feita para todos


• Os maçons em débito com a Loja e com frequência inferior ao mínimo requerido
podem dela participar
• Mas repito que é um ato de fé, portanto, os maçons da Loja ou visitantes, que por
qualquer motivo se sintam desconfortáveis podem se retirar do Templo
• Abster-se de participar da Corrente Fraternal não é delito
• O Rito Adonhiramita é teísta, e crê na Providência Divina, no auxílio espiritual, e
como esse é o objetivo da Corrente Fraternal, todos os seus elos devem nutrir o
mesmo pensamento
• Se na Cadeia de União, onde o simbolismo é predominantemente material, o
absoluto silêncio é requerido, na Corrente Fraternal a postura de circunspecção é
obrigatória
• Nessa etapa a concentração é fundamental
SE FAZ PRECE NA CORRENTE FRATERNAL?
• SIM, mas não uma prece que tenha sido estabelecida por qualquer religião
• Eu diria que se trata de uma prece ecumênica, dirigida ao Deus do entendimento
particular de cada um dos obreiros
• Mais ou menos como a oração que fazemos no encerramento dos trabalhos
• A oração ou súplica pode ser conduzida pelo Venerável Mestre, ou ele pode
escolher um Irmão para fazê-lo, podendo inclusive ser um visitante, desde que seja
Mestre
• Geralmente é escolhido o Mestre que possua melhor oratória e entendimento sobre
os conceitos espirituais, para que sua fala não cause constrangimentos nos Irmãos
• O importante é que o Mestre que faça a súplica seja claro na sua intenção, e que
esta, por sua vez, seja capaz de sensibilizar os Irmãos para que suas emoções e
sentimentos caminhem na direção do objetivo pretendido
• De modo geral, o propósito da Corrente Fraternal está relacionado à cura de
enfermidades dos obreiros do quadro e de seus familiares, mas nada impede que a
súplica seja direcionada ao auxílio de pessoas que passaram por calamidades,
guerras, catástrofes ou algo do tipo
• O que buscamos é uma Graça
• A Corrente Fraternal não se presta à obtenção de bens materiais, auxílio pecuniário,
ou êxito profissional, esses objetivos estão ao nosso alcance como seres humanos
• Creio que todos nós temos exemplos que servem para avaliarmos a eficiência ou a
validade da Corrente Fraternal, e talvez alguns de nós entendam que os resultados
favoráveis possam ser fruto de simples coincidência. Pois que assim seja, desde
que os objetivos tenham sido alcançados, afinal, orar pelo bem nunca fez mal a
ninguém
O ROMPIMENTO DA CORRENTE FRATERNAL
• O desfazimento da Corrente Fraternal se dá da mesma forma que na
Cadeia de União, porém, aqui há um simbolismo imaterial associado
• Ao vibrar, ou balançar nossos braços, estamos simbolizando que a
corrente está “viva”, ou seja, os seus elos estão unidos por
sentimentos e energias de nossos pensamentos, de nossos corações e
de nossas mentes. Uma força imaterial ou metafísica se preferirmos
• Todas as formas de energia do Universo se propagam através de
senoides, a ciência já demonstrou isso
• E este é o movimento executado pelos nossos braços, representando
uma imensa senoide, uma frequência vibratória ritmada que ao ser
rompida pretendemos que exceda os limites físicos do Templo e toque
o coração do Universo
• Repito uma vez mais, trata-se de um ato de fé, e desta forma nenhum
desses argumentos serão válidos para os maçons que possuem um
perfil menos místico
• Não é crime para eles pensar assim, e tampouco para nós
• É um ato simbólico, e seu simbolismo é espiritual, e independentemente
de nosso entendimento pessoal, foi assim que os ritualistas o
conceberam
• Ao final, o Venerável Mestre diz:

“Meus Amados Irmãos, realizamos a Corrente Fraternal e rogamos ao


GADU que seus fluídos positivos alcancem os objetivos desejados”.
A VIBRAÇÃO DA CORRENTE FRATERNAL
• Quando o ritual determina que a corrente vibre está se referindo ao movimento de
nossos braços, mas quem já participou de uma Cadeia de União ou Corrente Fraternal
sabe muito bem que nossos corpos balançam
• Sob o ponto de vista místico ou esotérico alguns entendem que esse balanço é
provocado pelas energias que estão em circulação nas duas correntes
• Também acho possível, mas o que vemos é um resultado físico, e mesmo que as
forças que estão atuando sobre nós sejam metafísicas, para agir em nossos corpos
estão seguindo os princípios da Física comum
• Mas talvez aja aqui um simbolismo menos esotérico e igualmente relevante, que é o da
cooperação
• Nosso posicionamento é desconfortável, e após alguns minutos nossos corpos se
desequilibram naturalmente pelo cansaço de nossos músculos
• Nesse momento, involuntariamente, buscamos compensar esse desequilíbrio
transferindo parte desses esforços que atuam sobre nós para o Irmão que está do
nosso lado. Ou seja, ainda que de modo inconsciente, simplesmente dividimos a carga
que suportamos, e dessa maneira todos nós e a própria corrente se tornam
equilibrados
• O movimento de balanço da Corrente Fraternal é consequência da resultante de forças
que segue numa determinada direção, e este mesmo princípio era perseguido pelos
maçons operativos na construção das catedrais de modo a mantê-las estáveis
• Ou seja, as forças existem, cabe a cada um de nós conforme seu entendimento
classifica-las da maneira que julgar mais adequada
O PROSSEGUIMENTO DA SESSÃO

• Tanto no que diz respeito à Cadeia de União quanto à Corrente Fraternal, quando da
sua realização a Loja já está fechada, e apenas a Chama Sagrada permanece acesa
• Assim, após o encerramento dessas duas etapas, os obreiros devem retornar aos
seus lugares sem a necessidade de qualquer comando
• Este retorno não segue a circulação ritualística, pois o rigor ritualístico está
suspenso nessas ocasiões
• Uma vez em seus lugares, devem calçar novamente suas luvas, os Mestres recolocar
seus chapéus, e todos devem permanecer de pé, sem estar à Ordem pois a Loja já
está fechada, e aguardar que o Mestre de Cerimônias conduza o cortejo de saída
CONCLUSÃO
• A Cadeia de União é uma prática comum nos Ritos de origem francesa
• Propõe-se exclusivamente à transmissão da Palavra Semestral e só é realizada
duas vezes por ano em sessão ordinária do Grau de Aprendiz
• Existem requisitos para que os maçons dela participem, e é exclusiva para os
obreiros que recolhem suas contribuições pecuniárias pela Loja
• No âmbito do GOB é uma etapa obrigatória nas Lojas jurisdicionadas
• Seu simbolismo é predominantemente material, e sua realização apesar de
ritualística é uma prática administrativa que pretende estabelecer de forma
objetiva a regularidade dos maçons em relação à Potência Simbólica
• Possui uma dinâmica de execução própria
• A Corrente Fraternal é uma exclusividade do Rito Adonhiramita
• Propõe-se à obtenção de socorro espiritual ou metafísico
• Pode ser realizada em todas as sessões ordinárias e em qualquer Grau
• Dela podem participar todos os maçons presentes na sessão, mas não é uma
etapa obrigatória
• A participação na Corrente Fraternal é voluntária
• É um ato de fé, e seu simbolismo está relacionado ao teísmo e à possibilidade
de obtenção de auxílio proveniente da Divindade
• A mecânica de execução é similar à da Cadeia de União, e existem aspectos
comuns no simbolismo de ambas as etapas
• Ambas as etapas simbolizam de modo físico a união dos maçons. O desejável é
que esta união entre nós permaneça sólida como os elos de uma corrente
mesmo que nossos braços e pés estejam afastados e distantes, pois é o amor
fraternal que deve nos unir
O Grupo Adonhiramita de Estudos foi idealizado por maçons
praticantes do Rito. Agrega Irmãos de todos os Ritos, em todos
seus Graus e Qualidades, membros de Potências Simbólicas
Regulares, unidos pelo propósito de fomentar a pesquisa, a troca
de conhecimento, e o debate sobre nossa doutrina, história,
ritualística e liturgia nas plataformas WhatsApp e Telegram.
Os temas tratados se referem exclusivamente ao Grau de
Aprendiz Maçom.

Todos são bem-vindos! Caso haja interesse em participar, basta


solicitar a inclusão no chat.

Agradecemos a todos pela participação, e contamos com sua


presença em nossas próximas palestras.

Que o Grande Arquiteto do Universo nos guie e ilumine!

GRUPO ADONHIRAMITA DE ESTUDOS


DIFUNDINDO A DOUTRINA ADONHIRAMITA
BOA NOITE!

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