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UNIDADE IV - Simbolismo do Templo e do Trabalho em Loja

TEMA: História e Significado do Templo

1. INTRODUÇÃO

Templo (do latim templum, "local sagrado") é uma estrutura arquitetônica dedicada ao
serviço religioso, como culto. No sentido figurado, é o reflexo do mundo divino, a habitação de
Deus sobre a terra, o lugar da Presença Real. É o resumo do macrocosmo e também a
imagem do microcosmo: “O corpo é o templo do Espírito Santo” (I, Coríntios - 6, 19).
Todos os templos autênticos envolvem um simbolismo cósmico. Podemos citar, como
exemplo, o templo edificado por Salomão a Jeová. Ele representava o cosmo e cada objeto ali
existente obedecia a uma ordem. O candelabro de 7 braços simbolizando os 7 planetas do
Sistema Solar conhecidos pelo homem na data de sua construção (na época a Lua era
considerada um planeta e os planetas Urano e Netuno não haviam sido descobertos pelo
homem). A Mesa, a ação de graças por tudo que se realizou na ordem terrestre. Sobre a mesa,
12 pães simbolizando os meses do ano. A pedra fundamental do templo sendo o centro do
mundo, ponto onde se comunicam o terrestre e o celeste.

2. HISTÓRIA E SIGNIFICADO DO TEMPLO

De acordo com registros históricos, tendo como modelo de disposição o Tabernáculo de


Moisés, existiram três templos, todos erguidos no mesmo local. Cada um dos dois últimos
teriam sido construídos sobre os escombros restantes da destruição dos anteriores. O primeiro
foi o Templo de Salomão, o segundo de Zorobabel, e o terceiro de Herodes. Todavia, o de
maior importância foi o Templo de Salomão, e assim, qualquer referência a Templo neste texto
é a este dirigido. O Templo era considerado como “A Casa de Deus na Terra”, e
secundariamente, como um exemplar local destinado ao Culto, como também apropriado para
realização de Assembleias. O Templo de Salomão não possuía dimensões exageradas, ao
contrário, essas dimensões eram até modestas, principalmente à vista dos grandes
monumentos e palácios edificados à época. Assim, tinha cerca de:

40 m de comprimento
13 m de largura
20 m de altura
Área total de 520 m²

Internamente, o Templo era dividido em duas partes distintas. A partir da entrada,


encontrava-se o maior espaço que se denominava “Santo”, como no Tabernáculo, onde eram
instalados:
O Candelabro de Sete Braços
A Mesa destinada aos Pães Propiciais
O Altar dos Perfumes

A seguir encontrava-se o menor espaço, que denominavam “Santo dos Santos”, e tinha
a forma de um retângulo com comprimento de 13 m desde o fundo do Templo, e a mesma
largura deste, onde eram instalados:

A Arca da Aliança
A Urna do Maná
O Bastão de Aarão…tudo lembrando a Estada no Egito e o Êxodo.
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O acesso ao Santo, isto é, ao Templo propriamente dito, era feito através de um grande
Pórtico, com 6,5 m de profundidade e muita altura. Esse Portal era flanqueado por Duas
Colunas de Bronze, elaboradas com maestria sob a coordenação do exímio entalhador,
fundidor e transformador de metais Hiram Abif, magistral artífice fenício a serviço de Hiram, Rei
de Tiro (Fenícia), que muito auxiliou o Rei Salomão na construção de seu Templo. Ambas as
Colunas, que eram ocas, tinham:

15,30 m de altura
12 m de fuste
3,30 m de capitel
8 m de perímetro
0,08 m de espessura da parede

As Duas Colunas erguiam-se fora do conjunto arquitetônico propriamente dito, pois


compunham o Portal Anterior, ornamentando a entrada, e eram denominadas Jachin ou Iachin
e Boaz ou Booz. Essas denominações provavelmente referiam-se a nomes de pessoas, porém,
se lidas da direita para a esquerda - como deve ser na escrita hebraica, formam uma frase
lógica:
Iachin é formada pela junção de:

leva: pronúncia de Deus em hebraico


Achin: verbo estabelecer ou firmar
Booz: que significa com força, em força, e com solidez

Assim, a frase completa seria uma dedicação ao Templo, isto é, uma oração
propiciatória:
"Ele (Deus) estabeleceu o Templo com força (solidamente)",

Ou, como querem alguns autores, em alusão ao Hebreu como o povo escolhido por
Deus:
"Deus estabelecerá, solidamente, o reino de David na Terra".

À frente do Santo, e portanto das Colunas, havia uma grande escadaria, que levava a
um plano inferior, descoberto, onde se encontravam:

O Altar dos Holocaustos, destinado exclusivamente aos Sacrifícios do Culto, e…


O “Mar de Bronze”, uma gigantesca bacia em bronze sustentada por 12 bois, divididos
em 4 grupos de 3 peças, destinada a receber a Água para as Purificações Ritualísticas.
A Edificação Central, ou o Conjunto do Templo em si, era totalmente circundada por
uma grande muralha, da mesma maneira que um amplo cortinado delimitava a Praça do
Tabernáculo, ou a Praça que circundava o Templo. As Colunas do Templo de Jerusalém
tinham seus corpos praticamente lisos, apenas ornamentados com poucos detalhes, mas
possuíam os seus capitéis enormemente trabalhados e decorados, e em cada um podiam ser
encontrados:

Folhas de Palma
Cadeias de Festões
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Duas Fileiras de Romãs (200 unidades cada fileira)


Quatro Fileiras verticais de Lírios abertos

Todos esses ornamentos em Bronze cobertos por uma rede do mesmo material.

Um pouco abaixo dos capitéis, envolvendo todo o fuste das colunas, existiam três fileiras
de Lírios, sendo:

A primeira fileira com Botões


A segunda com Flores Abertas
A Terceira e última com Flores Murchas…
…simbolizando as três etapas da vida humana:

NASCIMENTO
EXISTÊNCIA
MORTE.

O Templo era orientado de Leste para Oeste, daí o porquê das Lojas Maçônicas serem
orientadas do Oriente para o Ocidente. As Lojas são sustentadas por Três Colunas
denominadas Sabedoria, Força e Beleza, a saber:

A Sabedoria: para orientar o “caminho da vida”,


A Força: para “animar e sustentar” nas dificuldades.
A Beleza: para “adornar” as ações, o caráter e o espírito.

O Universo é o Templo da Divindade, a Quem todos devem servir, estando em torno de


Seu Trono, tal qual os pilares de suas obras: a Sabedoria, a Força, e a Beleza, pois:

Sua Sabedoria é Infinita,


Sua Força Onipotente, e…
Sua Beleza manifesta-se na natureza pela simetria e ordem.

Maçonicamente as Três Colunas representam também:

SALOMÃO - pela Sabedoria em construir, completar e dedicar seu Templo de Jerusalém


ao serviço de Deus,
HIRAN - Rei de Tiro, pela Força que deu aos trabalhos do Templo, fornecendo homens
e materiais, e
HIRAM ou ADONHIRAN (dependendo do Rito adotado na Loja) - pelo primoroso
trabalho de coordenação e direção das obras.

As Colunas teriam sido executadas segundo algumas ordens de arquitetura, sendo a


Jônica, representando a Sabedoria, a Dórica, significando a Força e a Coríntia, simbolizando a
Beleza. Todo esse simbolismo procura demonstrar que na Obra da Construção Moral, sempre
deve aflorar e vir à luz a plenitude da potencialidade individual, assim considerada se
totalmente despojada das próprias ilusões.
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O Teto das Lojas representa a Abóbada Celeste com suas variadas nuances de cores,
sendo que o caminho para a Abóbada (ou Céu Infinito) é representado pela Escada existente
no Painel da Loja, conhecida por Escada de Jacó, denominação que a Maçonaria conserva
como guardiã das antigas tradições. A Escada com seus muitos degraus, demonstra que cada
um representa uma das Virtudes exigidas ao integrante da Ordem, na busca incessante da
própria Perfeição Moral. Na base, no centro e no topo do Painel, destacam-se três símbolos
por demais conhecidos no Mundo Profano, traduzidos por Fé, Esperança e Caridade, virtudes
morais que devem sempre ornamentar o espírito e o Coração dos seres humanos, e
principalmente do Maçom que jamais deve se furtar em ter:

Fé no G∴A∴D∴U∴,
Esperança na Moral, e
Caridade aos semelhantes.

O interior da Loja contém ornamentos, paramentos e joias, sendo que esses ornamentos
são:
Pavimento Mosaico
Estrela Flamígera
Orla Dentada

O Pavimento Mosaico, com seus quadrados brancos e pretos, mostra que apesar da
diversidade das coisas da Natureza, em tudo reside a harmonia, sendo extremamente útil para
nunca ser considerada a diversidade de cores e raças e o antagonismo das religiões.
A Estrela Flamígera ou Flamejante, representa a Principal Luz da Loja, simbolizando o
Sol, Glória do Criador, exemplo da maior Virtude a preencher o coração do Maçom: a
Caridade.
A Orla Dentada mostra o Princípio da Atração Universal do Amor, com seus múltiplos
dentes representando os Planetas gravitando em torno do Sol, e também significando, por seus
ensinamentos e conceitos de Moral transmitidos, por exemplo: o povo reunido em torno do
chefe, os filhos reunidos em volta dos pais, enfim, os Maçons unidos em Loja!

Os Paramentos da Loja são o Livro da Lei, o Compasso e o Esquadro.

O Livro da Lei representa o Código Moral que deve ser seguido e respeitado, a Filosofia
a ser adotada, e principalmente a Fé que governa e anima o ser.
O Compasso e o Esquadro, quando unidos na Loja, representam toda a amplitude da
medida justa e perfeita, demonstrando que jamais se deveria afastar da Justiça e da Retidão, e
por isso, devem reger todos os Atos do verdadeiro Maçom.

As Joias da Loja são compostas por três Móveis e três Fixas. As Jóias Móveis são o
Esquadro, o Nível e o Prumo, assim denominadas, pois serão transferidas periodicamente com
a passagem à Nova Administração eleita.

O Esquadro: símbolo maior da Fraternidade,


O Nível: símbolo da Igualdade e base do Direito Natural, e
O Prumo: símbolo da Retidão.
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As Jóias Fixas são a Prancheta, a Pedra Bruta e a Pedra Polida, assim chamadas
porque permanecem imóveis na Loja como um Código de Moral.

A Prancheta simbolicamente exprime que os Mestres guiam os Aprendizes no trabalho


indicado, traçando o caminho a ser seguido para seu próprio aperfeiçoamento.

A Pedra Bruta representa a inteligência e o sentimento do homem primitivo, áspero e


despolido, e nesse estado permanecerá até que, pelas Instruções dos Mestres, adquira
educação liberal e virtuosa, tornando-se culto e capaz de pertencer à sociedade civilizada.

A Pedra Polida ou Cúbica representa o saber do homem no fim da vida, enquanto


aplicou a Piedade e a Virtude, ambas perfeitamente verificáveis pelo Esquadro da Palavra
Divina e pelo Compasso da consciência esclarecida. Representa o caminho que o Aprendiz
deve trilhar.

3. CONCLUSÃO

Atualmente, as instalações de um Templo Maçônico são claras e precisas: não deve


possuir janelas ou aberturas que possibilitem a sua exposição ao exterior. Tem a forma
retangular segundo a proporção dourada (1:1,618), ou seja, 1 módulo de largura por 1,618
módulos de comprimento, compreendendo a soma de três retângulos, um dos quais se
denomina Oriente, com paredes laterais curvas. É separado dos demais, que se chamam
Ocidente, por uma balaustrada, interrompida no meio pelo vão de uma escada de acesso com
quatro degraus, devendo o Oriente ficar em plano mais elevado que o Ocidente.

Precedendo o Templo deve haver um compartimento chamado Átrio (ou vestíbulo), que
dá acesso a outro compartimento chamado Sala dos Passos Perdidos. Deve haver ainda a
Câmara das Reflexões em local discreto. Ou seja, é tudo preciso e obedece a um padrão
normatizado.

Do ponto de vista histórico, podem existir controvérsias com relação a dados, nomes,
localização, etc. Mas o ponto mais difuso é o filosófico, que apresenta inúmeras interpretações
dos significados contidos na arquitetura existente e expressada em todo o Templo.
Historiadores, religiosos, pesquisadores, judeus, cristãos e árabes, todos têm suas versões
para a interpretação simbólica do Templo e sua magnitude, que em nada desmerece seu valor,
pois cada uma delas sempre apresenta um fim semelhante, que é a busca da perfeição
humana no sentido de cada vez mais sermos iguais (próximos) ao GADU, ou se não sermos
iguais, estarmos próximos Dele, o que nos leva a concluir que a busca é a mesma, não
importando o caminho ou a compreensão que cada um dá, mas sim em alcançar a plenitude
dos laços Maçônicos que nos unem, ou seja, a Solidariedade.

“A convicção da ignorância é a porta de entrada do Templo da Sabedoria.”


C. H. Spurgeon
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REFERÊNCIAS

1. D’ELIA Jr, R. Maçonaria: 100 Instruções de Aprendiz. 1ª ed. São Paulo: Madras, 2008.
2. <http://pt.wikipedia.org>.

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