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Rituais na Maçonaria Inglesa1

O ritual maçônico na Inglaterra e no País de Gales


foi trazido para um formato padronizado após a
união de 1813. Uma Loja de Reconciliação foi criada
no mesmo ano em uma tentativa de padronizar os
muitos e variados rituais que eram trabalhados em
todo o país sob as Grandes Lojas dos Antigos e Modernos, bem como lidar
com as disputas que surgiram. Este processo levou alguns anos para ser
implementado e teve suas dificuldades, e uma Emulation Lodge of
Improvement foi criada, com seu primeiro encontro sendo realizado em
1823 no Freemasons Hall, em Londres, permitindo que o autêntico ritual
fosse praticado e aprendido com precisão, "sem permitir alterações".
Algumas lojas enviaram delegações para Londres para aprender o novo
ritual, como o fez a Loja da Probidade (Lodge of Probity) em Halifax,
Yorkshire, que enviou alguns de seus membros para aprender o novo
trabalho e que, em seu retorno, ajudaram outras lojas em Yorkshire a
aprende-lo. [i]

Houve uma rebelião em Lancashire contra o novo sistema imposto e pelas


alterações de natureza administrativas, fazendo como que durante 90
anos houvesse uma Grande Loja independente de Wigan que continuou
a praticar o ritual "Antigo"; sua loja líder - a Loja da Sinceridade (Lodge
of Sincerity) – continuava conduzindo seu ritual na sala da loja em torno
de uma mesa de 16 pés [ii]. No geral a transição ocorreu e a maioria das
outras lojas sob a Grande Loja Unida da Inglaterra passou a praticar o
novo ritual. Como resultado da rebelião de Lancashire, uma mudança no
regulamento permitiu que cada loja regulasse seus próprios
procedimentos, dando a cada loja um elemento de liberdade nos
seguintes termos: "... que os membros presentes em qualquer loja tenham

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Fonte: https://dr-david-harrison.com/freemasonry/the-rituals-of-freemasonry-part-1/
Livre tradução: E L Madruga / Loja Cavaleiros de Aço do Pantanal, 4288
o direito indubitável de regular seus próprios procedimentos, desde que
sejam consistentes com as leis e regulamentos gerais da Arte”, e assim, a
partir do período de meados da era Vitoriana em diante, surgiram
variações do ritual, como o Bottomley e o Humber Use, com uma
nostalgia se desenvolvendo onde certas lojas se remetiam à postura mais
individual que tinham antes da união, adicionando o que eles
acreditavam ser elementos que antecediam ao Ritual de Emulação,
criando um aspecto variado e inventivo para o trabalho individual da
Loja. [iii]

Muitas lojas começaram a trabalhar um


ritual com algumas palavras alteradas
aqui e ali ou talvez com papéis alterados
durante a cerimônia. Exemplos disto
podem ser vistos em Liverpool, onde
algumas lojas trabalham com o Ritual
Bottomley, outras lojas trabalham com o
ritual Nigeriano, que era um ritual que,
como o nome sugere, veio da Nigéria
durante os tempos coloniais. Exemplos de
rituais mais antigos incluem o Humber,
York e o Bristol. Todos esses rituais
trabalham, entretanto, no sistema de três graus e, embora tenham suas
diferenças, seja na redação ou na perambulação, as familiaridades
podem ser reconhecidas.

Existem cerca de 50 diferentes rituais do Craft ou trabalhos na Inglaterra,


e se você incluir o trabalho de lojas individuais, existem inúmeras
variações. No norte da Inglaterra, já mencionamos o Ritual Bottomley,
que é trabalhado por várias lojas em Liverpool (das quais existem
variações em diferentes lojas), [iv] há o Humber Use, que é trabalhado
por um certo número de lojas em Hull, há o ritual Nigeriano que é
trabalhado em várias lojas pelo país e, claro, o ritual de York (York
Working), variações do qual são usados por todo o Yorkshire.
No sul da Inglaterra, diferentes rituais
simbólicos (Craft Workings) incluem o
Ritual de West End (West End Ritual), o
Trabalho de Hill's North London (Hill’s
North London Working) - também
conhecido como Taylor's Working - o
South London Working, o Ritual Oxford,
o Sussex Working e o Bristol Working (do
qual existem variações em lojas de
Bristol). Existem muitos outros rituais no
Ofício (são muitos para listar), mas os
mais comuns incluem Logic, Stability,
Universal e o Claret’s Working. [Vi]. Há também muitos rituais que estão
ligados apenas a uma loja em particular, como o da Merchants Lodge No.
241, em Liverpool, que tem seu próprio ritual. [vii]

Em um olhar abrangente, esses rituais parecem variações do ritual de


Emulação, com funções sendo alteradas ou o texto ou uma frase em
particular sendo adicionado ou removido. Em alguns casos, a
perambulação é diferente, em outros, certas seções são perdidas por
completo. No entanto, lojas que trabalham seu próprio ritual são
ferozmente independentes e defensivas de seu ritual único, que faz parte
da particular tradição da loja. Muitos desses rituais começaram a ser
praticados em meados do período Vitoriano e, em alguns casos, como no
Humber Use e no Bottomley Ritual, havia um retorno aos antigos
rituais pré-União, com respingo da linguagem arcaica. Na maioria dos
casos, parece que as áreas locais desenvolveram seu próprio modo de
trabalhar o ritual durante a era Vitoriana e formaram suas próprias
práticas tradicionais.

Durante esse período foi proibido publicar o Ritual de Emulação, então


talvez por isso, sem a possibilidade de revisar o Ritual da Emulação além
do boca-a-boca, mudanças sutis foram se consolidando ao longo de um
período de anos e o trabalho, em certas partes, começou a apresentar
ligeiras mudanças, que com o passar do tempo tornou-se tradicional para
uma determinada loja. Quando outra loja era fundada na mesma área,
com a participação dos maçons de uma “loja mãe”, a mesma maneira
tradicional de trabalhar o ritual era
passada adiante. [viii]

O Ritual de Emulação só foi oficialmente


publicado em 1969, sendo que naquela
época já existiam vários livros de rituais
em particular impressos, e esses livros
diferiam ligeiramente do Emulation
Working. George Claret foi o primeiro a ter
um ritual antigo impresso na década de
1830. Claret comparecera à Loja da
Reconciliação e seu livro de rituais
baseava-se nos ensinamentos do
Emulação de Peter Gilkes. Durante a década de 1880, os rituais de West
End, Logic e Oxford foram publicados, e o livro de ritual M.M. Taylor
apareceu em 1908. Taylor originalmente o imprimiu para Henry Hill, que
era membro da Marylebone Lodge No. 1305, e se tornou conhecido como
Hill’s North London Working ou Taylor's Working. Mais recentemente,
em 1967, formou-se uma Associação para representar as lojas que
usavam o trabalho de Taylor, e a Loja de Aperfeiçoamento de Taylor foi
posteriormente instalada, com uma nova edição do ritual de Taylor sendo
publicado. É muito interessante ver as variações do ritual (da
reconciliação), e ver o mesmo sendo realizado de muitas maneiras
diferentes, o que faz com que visitar diferentes lojas seja uma experiência
divertida, valiosa e educativa.

Na Escócia o Ritual William Harvey é popular, sendo um ritual que


nasceu da preocupação com os elementos não-escoceses que estavam
entrando no ritual escocês. Outros rituais escoceses incluem o Ritual
Escocês Padrão, que é semelhante ao Ritual de Harvey, com algumas
nuances, o Ritual Escocês Moderno e o Ritual MacBride. Andrew
Sommerville MacBride escreveu este ritual em particular em 1870, e ele
varia significativamente dos rituais Harvey e Padrão, sendo usado apenas
em algumas poucas lojas. Como na Inglaterra, há Lojas escocesas
individuais que desenvolveram seus próprios trabalhos particulares e
possuem práticas tradicionais. Esses muitos diferentes rituais em lojas
inglesas e escocesas são, no entanto, variações do mesmo tema, e mesmo
que o texto e a apresentação sejam diferentes, todos contam a mesma
história dentro dos três graus. [ix]

[i] T.W. Hanson, The Lodge of Probity No. 61 1738-1938, (Halifax: Lodge
of Probity, 1939), pp.189-216.

[ii] Isso certamente não era incomum; A Loja da Probidade em Halifax,


Yorkshire, também tem evidências de que conduziu seu ritual em torno
de uma mesa durante o final do século XVIII.

[iii] Ver Harrison, The Liverpool Masonic Rebellion and the Wigan Grand
Lodge.

[iv] Ver Harrison, The Liverpool Masonic Rebellion and the Wigan Grand
Lodge, pp.83-86.

[v] Llewellyn Kitchen, (ed.), A Ritual of Craft Masonry “Humber Use”, (Hull:
Privately Published, 1988).

[vi] Ver Michael Barnes, ‘Spoilt for Choice’, MQ, Issue 10, (July,
2004), http://www.mqmagazine.co.uk/issue-10/p-62.php [accessed on
the 16th of January, 2012]

[vii] A Merchant Lodge tem seu próprio livro de rituais impresso e tem
variações sobre o ritual da Emulação

[viii] Muitos desses rituais ainda podem ser obtidos, como o Taylor e
Stability, e alguns em particular ainda são impressos, como os rituais de
Bottomley e Humber. Ver também West End Ritual of Craft Masonry,
(Hersham: Lewis Masonic, 2011) e Anon., M.M. Taylor’s First Degree
Handbook of Craft Freemasonry, (Hersham: Lewis Masonic, 2006).

[ix] All these rituals are still available from the Grand Lodge of Scotland.

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