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Trabalhos Digitais

Parte V
Projeto Aprendiz

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O Altar dos Juramentos no Rito Escocês

O Rito Escocês Antigo e Aceito original não possui Altar dos Juramentos, conforme explicação da
Comissão de Liturgia e Ritualística do Supremo Conselho Jurisdição Sul dos Estados Unidos da América, o
principal responsável pela PUREZA DO RITO no mundo. Portanto, no simbolismo, o Rito Escocês não tem
Altar dos Juramentos especificamente para as três Grandes Luzes.
Conforme todos os rituais desde 1834 até o início de 1890, não encontramos um Altar especificamente
para as três Grandes Luzes, mas na década de 90 do século XIX já encontramos como bem expressa o
ritual de Apr.'. do ano de 1898 na página 4, que diz: "Na frente da Mesa do Ven.'., no Or.'., fora do Dossel,
fica o Altar dos Juramentos".
Em instrução ministrada no dia 19 de abril de 1898, na Loja "Silêncio", Nº 81, do oriente do Rio de Janeiro
e da jurisdição do Grande Oriente do Brasil, o Irm.'. GILBERTO GUILHERME DE FARIAS, membro efetivo
do Supremo Conselho do Rito Escocês, disse: "O Altar dos Juramentos é uma continuação, uma extensão,
do Altar do Ven.'. M.'.. E, continua, "... seria de todo conveniente que entre ambos não existisse
espaço...", portanto, não é permitida a passagem entre o Altar do Ven.'. M.'. e o Altar dos Juramentos.
Também o livro de atas do ano de 1845 da Loja "Educação e Moral", Nº 8, do oriente do Rio de Janeiro e
da jurisdição do Grande Oriente do Brasil, nos diz: "O Ven.'. M.'. AGENOR FERREIRA DA SILVA, no seu
Altar e de modo impecável abriu o L.'. da L.'., leu a passagem e no fim da sessão fechou com a mesma
impecabilidade de como abriu".
O pesquisador é obrigado a fazer uma análise para bem entender o que expressam certas passagens do
ritual. Vemos na página 30 do ritual de 1857, o primeiro a ser impresso pelo GOB, o seguinte: "Ven.'. - Ir.'.
Mest.'. de CCerim.'., conduzi o nosso novo amigo ao Trono". Quando chega ali, põe um joelho no chão (em
terra), o Ven.'. lhe assenta a ponta da Espada na cabeça e realiza a sagração. Um outro ritual de 1897 diz
que para se chegar ao altar dos Juramentos era necessário subir os três degraus onde fica o Ven.'. M.'..
Na verdade, o Irm.'. não pesquisador fica confundido, porque o ritual diz Mesa do Venerável, Trono e Altar
dos Juramentos. Os IIrm.'. consideravam como Trono a Mesa do Ven.'., assim como ambos como Altar dos
Juramentos. Mas isto tudo, em certos momentos, pois encontramos, também, eles chamando a Cadeira
do Ven.'. de Trono.
O Altar dos Juramentos foi criado numa justificativa de que a Mesa do Ven.'. ficava por demais
atravancada de materiais. E aqui aproveito para dar mais um esclarecimento: o Livro era aberto e
fechado sem a feitura do pálio, este que é originário do Rito de York. O verdadeiro Rito Escocês não tem
pálio.
Como acabamos de ver, a abertura e fechamento do Livro eram cerimônias simples. A maior justificativa
para que o Altar se fixasse definitivamente no ocidente do Templo foi a justificativa de que ele representa
a Mesa dos Holocaustos do Santuário Hebraico, onde os maçons depositam as INDOMINADAS PAIXÕES
E SACRIFICAM OS APETITES MUNDANOS. Com a criação das Grandes Lojas em 1927, o Irm.'. Mário
Behring retirou o Altar do Or.'. e colocou no Oc.'., numa imitação do Rito de York Americano. Mas o Grande
Oriente do Brasil continuou usando o Altar dos Juramentos no Or.'., para, em 1981, também trazê-lo para
o Oc.'..
O único rito praticado no Brasil que já nasceu usando o Altar dos Juramentos foi o Rito Brasileiro, já que
fundado em 1914 e, se espelhando no Rito Escocês, criou o Altar, que até os dias de hoje, continua no
Or.'. como é o caso do Rito Adonhiramita.

OBS: ESTE TRABALHO NOS FOI ENVIADO POR E-MAIL PELO IR.’. JOSÉ E. – M.’.M.’.

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O ensinamento do fogo.

O membro de um grupo, sem aviso prévio, deixou de participar de suas atividades.


Após algumas semanas, o líder decidiu visitá-la. Era uma noite muito fria. Ele encontrou
o homem em casa, sozinho, sentado diante da lareira, onde ardia um fogo brilhante e
acolhedor. Adivinhando a razão da visita, o homem deu as boas-vindas ao seu líder,
conduziu-o a uma grande cadeira perto da lareira e ficou quieto, esperando. O líder
acomodou-se confortavelmente no local indicado, sem dizer nada. No silêncio total que
se formara, apenas contemplavam a dança das chamas em torno da lenha que ardia.
Depois de alguns minutos, o líder examinou as brasas que se formaram.
Cuidadosamente, escolheu uma delas, a mais incandescente de todas, empurrando-a
para o lado. Voltou, então, a sentar-se, permanecendo silencioso e imóvel. O anfitrião
prestava atenção a tudo fascinado e quieto. Lentamente, a chama da brasa solitária
diminuía, até que houve um brilho momentâneo e seu fogo apagou-se de uma vez. Em
pouco tempo, o que antes era uma festa de calor e de luz, não passava de um negro,
frio e apagado pedaço de carvão, recoberto de uma espessa camada de fuligem
acinzentada. Nenhuma palavra tinha sido dita desde o formal cumprimento inicial entre
os dois. Antes de se preparar para sair, o líder manipulou novamente o carvão frio e o
devolveu ao fogo. Quase que imediatamente, ele tornou a incandescer, alimentado pela
luz e calor dos carvões ardentes em torno dele. Quando já havia alcançado a porta para
partir, seu anfitrião disse: Obrigado pela visita e pela belíssima lição. Estou voltando ao
convívio do grupo amanhã. Deus te abençoe! Autor:- Desconhecido
Moral da história: Para nos, maçons, vale lembrar que fazemos parte da chama maior e
que, longe do grupo, perdemos todo o brilho e poder de ação. E aos líderes, que somos
responsáveis por manter acesa a chama de cada um e por promoverem a união entre
seus membros, para que o fogo seja realmente forte, eficaz e duradouro.

Autor:- Mario Fiorentino

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Neste primeiro ano que passamos aprendendo a
desbastar a Pedra Bruta, aprendemos tanto, que seria impossível
transcrevê-los neste momento. Dentre muitas coisas o que mais valeu foi
a busca de uma sociedade íntegra e a Fraternidade verdadeira entre os
IIr.’ .e os homens, tudo isso não só em palavras mas, principalmente, em
atos.

Aprendemos que dentro do homem se acham a morte e


a vida, a dor e a ventura, o engano e a iluminação.

Nunca devemos esquecer que do pó viemos e ao pó


retornaremos, e que nascemos para morrer. Em tudo temos os dois lados
o Direito e o Esquerdo. O lado positivo e o negativo. O Direito é o lado do
bem, o Esquerdo o lado dos pensamentos baixos.

Quando aqui fomos iniciados tivemos os olhos vendados,


representando o estado de ignorância e a cegueira do mundo profano e a
cegueira dos sentidos no corpo físico. Foi-nos dado a luz e ministrados os
primeiros ensinamentos, mas já podemos dar graças ao G. ‘. A.’. D.’. U.’.
por esta oportunidade que nos foi dada na busca da luz verdadeira.

No Oriente esta cabeça do homem; para onde pende a


cabeça pende o corpo por isso que nos espelhamos no V.’. M.’. l º e 2 º
VVig.’. vêm como sustentáculos, como Força e Beleza. O significado da
segunda viagem, quando ouvimos o tilintar de espadas, representa a luta
do homem consigo mesmo, na busca da dominação da mente e dos maus
pensamentos. Assim aprendemos a reforçar os nossos pensamentos
positivos.

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Desta forma iniciamos o controle dos pensamentos
negativos a exemplo da terceira viagem e a sobrepujança dos pensa-
mentos positivos, dominando a parte negativa da nossa natureza.

Aprendemos também a saborear o cálice da amargura,


para que o amargor em nossa boca, se converta em doçura na boca dos
homens, para que a verdade sempre triunfe. Aprendemos que ao
fazermos o bem estamos recebendo carga positiva, segundo as leis
cósmicas. Aprendemos a ver tudo nos três planos:

Espiritual - Aritimético - Números

Mental - Música - Som

Físico - Geométrico - Figura - Forma

Aprendemos que ser verdadeiro é mais fácil do que


parece, que a melhor vingança contra o inimigo é desejar-lhe felicidade.
Por isso Jesus disse : Ao receber um tapa numa face, ofereça-lhe a outra,
porque a inimizade atrai cargas negativas, dificultando a nossa vida.

Devemos zelar pelo bem estar da família, e de todos os


seres necessitados, sem recompensa. Devemos sempre ver o lado bom
das pessoas.

Se somos patrão, devemos tratar nossos empregados co-


mo filhos; se governantes, devemos ser o pai de seu povo; se e súdito
deve respeitar as leis; se e empregado deve cumprir seu dever.

Não suficiente deixar de fazer danos aos outros, e


necessário fazer o bem. Assim podemos chegar a ser um Maçom

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Construtor e não um MAÇOM COM ETIQUETA.

Se assim não agirmos, podemos entrar na MAÇONARIA,


porém nunca a MAÇONARIA entrara em nós. Pois a MAÇONARIA esta
aberta para os valentes, que estão dispostos a desbastar a Pedra Bruta.

Para finalizar queremos deixar a seguinte indagação: Em


que se resume a UNIDADE, a DUALIDADE e a TRINDADE.

É NECESSÁRIO, POIS QUE CADA MAÇOM SEJA UM PESQUISADOR


E UM COMENTARISTA, NEM QUE O SEJA PARA SI.

UM MAÇOM NÃO É UMA CRIANÇA OBRIGADA A DECORAR


UM CATECISMO. UM MAÇOM É UM HOMEM LIVRE, UM HOMEM
INSTRUÍDO, UM HOMEM CAPAZ DE PESQUISAR E DE ENCONTRAR A
VERDADE TAL É A GRANDE FINALIDADE DA MAÇONARIA.

O GRAU DE APRENDIZ

Pretendemos traçar aqui algumas considerações relativas ao Grau de Aprendiz e à


própria Maçonaria, visto ser o Grau de Aprendiz a base do edifício maçônico e, cada grau, uma
melhor e mais aprofundada compreensão das doutrinas e da moral do primeiro grau.
Partiremos de três perspectivas que se complementam: a da existência autêntica do maçom, a
da Maçonaria como afirmação da liberdade, e a do maçom enquanto sujeito moral.
A experiência vivida na Câmara de Reflexões e na própria Iniciação como um todo terá
sido certamente para todos os irmãos uma oportunidade singular de fazer um balanço de nossa
vida pregressa, do quanto são transitórios e pequenos nossos bens materiais e nossas
aspirações mais corriqueiras, da falta de sentido da vida vazia e caótica, face à implacável
possibilidade da morte, resumida num contundente sentimento: o da angústia.
Essa angústia existencial decorre, entre outras coisas, da inapelável constatação de que

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somos finitos enquanto seres materiais, e de que desperdiçamos quase toda nossa vida em
projetos e vaidades banais, movidos por aspirações egoístas e sem qualquer propósito mais
relevante perante a família, a pátria ou a própria humanidade. Perante nossa própria
consciência. Em oposição a essa existência inautêntica, caracterizada por uma certa embria-
guez e entorpecimento da consciência, em que o homem, abandonado à própria sorte e ao
acaso está literalmente jogado no mundo, a Maçonaria mostra-nos, sem retoques, uma verdade
que fere... O Grau de Aprendiz é a própria afirmação da liberdade pela virtude, em oposição à
escravidão voluntária dos vícios e das paixões, da vida caótica e da ausência do dever. É a
afirmação da liberdade pelo exercício da vontade dirigida pela inteligência e movida pela
virtude objetivando a edificação moral e espiritual da humanidade, iluminada pelo Grande
Arquiteto do Universo, cuja sublime presença o maçom aprende a vivenciar em todo seu
esplendor e intensidade. A liberdade, todavia, impõe-nos deveres tão pesados que se os fracos
e os ambiciosos pudessem compreende-la, jamais desejariam possuí-la, pois ela implica numa
responsabilidade direta do homem em relação a toda humanidade, a cada decisão e em cada
escolha ou atitude, pois todos os nossos atos, criando o homem que queremos, criam,
simultaneamente, uma imagem do homem tal como julgamos que ele deveria ser. O uso da
liberdade, sem negá-la aos nossos semelhantes, fazendo de nossas ações um modelo para toda
a humanidade, impõe-nos uma inevitável questão: o que aconteceria se todo mundo fizesse
como nós?

O Grau de Aprendiz através de seus mistérios e alegorias, é o alicerce para que o


maçom possa ser capaz de responder de forma positiva a essa inquietante questão. Essa
resposta, porém, não se dará baseada apenas na exterioridade do Direito, cujas normas
dependem de uma codificação formal e oficial (as leis) e de um aparato policial e judiciário para
assegurar seu cumprimento, sem que tenhamos necessariamente uma convicção íntima de sua
validade.
O maçom responderá por sua liberdade baseado principalmente na sua
consciência do dever moral, forjada desde o Grau de Aprendiz, de acordo com as virtudes
teologais da fé, da esperança e da caridade; das virtudes cardeais da temperança, da justiça,
da coragem e da prudência, consciência a qual o maçom intimamente adere de forma livre e
espontânea. Ao desbastar a pedra bruta, o maçom constrói-se enquanto sujeito moral
consciente de seu dever de construtor social compromissado com o trabalho de tornar feliz a
humanidade, pelo aperfeiçoamento dos costumes, pela tolerância, pela igualdade e pelo
respeito à autoridade e à crença de cada um. Convicto da moral baseada no amor ao
próximo, o maçom tem em si sempre viva a presença do Grande Arquiteto do Universo, a
despertar-lhe, no uso de sua liberdade, o sentimento de solidariedade capaz de sustentar a
verdadeira fraternidade entre os irmãos, entre os povos e entre a humanidade.
Assim, saído do caos e das trevas da ignorância profana, o Aprendiz aos poucos liberta-se
das ilusões com seus pensamentos, vontade e desejos purificados, submete ao crivo de sua

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razão os sublimes princípios da Maçonaria Universal, empunhando o maço e o cinzel de sua
consciência, desbastando sua pedra bruta e, com o auxílio do Grande Arquiteto do Universo, po-
derá, então, iniciado na ciência maçônica, arrojar-se na edificação de templos à virtude,
cavando masmorras ao vício, sustentando-se na sabedoria, na força e na beleza, sem iludir-se
com a riqueza, o conhecimento e a violência profanas.
Que o Grande Arquiteto do Universo nos ilumine e guarde, sempre...

O HOMEM CONSTRUINDO O HOMEM


Desde o primeiro .momento de sua existência na terra, o homem foi dotado de

qualidades suficientes para impor a si mesmo condições cada vez melhores em seu

habitat. Nas eras pré-históricas entre os animais, começou a ser distinguido como ser

superior em todos os aspectos.

Recorrendo à história, é fascinante e, ao mesmo tempo, trágica a evolução


do homem. Fascinante pela sua inteligência, sempre buscando meios de
defesa, de conforto, de se aperfeiçoar com novas invenções, de século para
século, cada vez mais complexas. Trágico porque, paralelo a infinitas criações,
o homem teve e continua tendo muito de destruição, através do progresso
desregrado ou de guerras que, de século para século, tornam-se mais
rigorosas.

Olhando ainda para a história vemos que ela foi escrita com violência, com
sangue. A história antiga é uma sucessão de construções e destruíções; e
assim vem caminhando até os nossos tempos. E me pergunto:

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- O homem evoluiu? O homem de hoje não será o mesmo de antigamente?

Estamos no século XX e já tivemos duas grandes guerras - as duas neste


século. Foram sangrentas, cruéis. A última culminou com a bomba atômica,
que destruiu milhares e milhares de vidas preciosas.

E continuo a me perguntar: Antigamente o homem era menos cruel? Não


vazava o olho do inimigo, as lanças trespassavam os corpos? Mas em nossos
dias, o homem, em termos de violência, de matar, tem mais requintes. Com
uma simples bomba aniquila todo o nosso planeta. Portanto, o homem no
passar dos tempos vem se tornando mais violento - só que hoje e mais
sofisticado.

O Templo de Jerusalém foi destruído enquanto Jesus pregava a justiça, a


igualdade e a fraternidade, como se fosse um bom maçom. Decorridos séculos,
o homem evoluiu tanto que, nas duas grandes guerras, quantos templos foram
bombardeados, quantos museus, quantas obras importantes da engenharia se
tornaram pó e escombros?

Hoje, um outro mal talvez mais grave ainda, porque mais profundo vai
invadindo a humanidade. A começar pela terrível troca de valores entre os
povos mais evoluídos e entre os homens chamados mais civilizados. E uma
espécie de desintegração, de decomposição, de apodrecimento do próprio
homem.

Os maiores sábios e mais eminentes moralistas, entre aqueles que crêem


na primazia do espírito sobre a matéria, acham-se unanimemente inquietos. A
própria humanidade já começa a compreender a importância desse perigo. Por
suas extraordinárias realizações, o mundo moderno é prodigiosamente grande
e belo. O homem, orgulhoso de seu poder sobre a matéria e sobre a vida,
parece dominá-lo cada dia melhor.

Ora, na medida em que o homem vai se apoderando do universo,


pela ciência e pela técnica, vai também perdendo o domínio do seu uni-
verso interior A medida que penetra no mistério dos mundos, tanto dos
infinitamente grandes como dos pequenos, perde-se nos seus próprios
mistérios. Pretende dirigir o universo e não sabe dirigir a si mesmo.

Domestica a matéria mas, quando libertado de sua tirania, deveria viver

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mais intensamente o espírito - e a matéria aperfeiçoada volta-se contra ele. E
eis que se torna seu escravo e é o espírito que agora agoniza...

Se o homem perder o espírito, perderá tudo. Sem a primazia do espírito


não haverá mais homem. E porque a idéia nasce do espírito e, então, a matéria
se organiza sob a mão do homem, e sua construção prossegue através dos
tempos. O espírito engendra o plano - e a cidade surge da terra e a máquina
sai da fábrica, o espírito concebe a beleza - e o mármore se torna estátua, as
cordas cantam, as cores se harmonizam. O espírito voa ao encontro de outro
espírito e palpita o amor, os homens se unem e a humanidade cresce.

Mas quando o espírito se deteriora, o homem corre perigo, pois a carne de


seu amor, a máquina que construiu, a cidade que ergueu, o mundo que
edificou, voltam-se contra ele e esmagam-no. De novo a matéria lhe escapa e
nem há mais homem. Tudo tem de ser feito.

Assim, as civilizações caíram, uma após outra. De todas as que su-


cederam, desde o inicio da história, poucas sucumbiram a golpes exteriores. A
maior parte teve a si como o próprio carrasco, minadas interiormente por um
lento apodrecimento.

Todos nós nos orgulhamos de nossa civilização ocidental. Foi para salvá-la
que participamos da maior matança que o mundo jamais conheceu antes -
dezenas de milhões de homens morreram e outras dezenas de milhões
sofreram atrozmente.
Para salvaguardá-la que as nações se armaram com forças capazes de
devastar continentes inteiros.

Sem dúvida, nossa civilização está em perigo, mas não tanto em suas
fronteiras geográficas, mas nas próprias fronteiras do coração humano. O
verme que corrói seu interior e se fortifica inexoravelmente é alimentado pelas
facilidades do mundo moderno, que oferecem ao corpo as delícias e, ao
espírito, o orgulho do poder.

Agora, estamos recolhendo seus frutos, cujo sinal, entre outros, é uma
moralidade discutível. Nos países desenvolvidos, ela adquire as proporções de
um verdadeiro flagelo. O crescente progresso das doenças mentais, dos
desequilíbrios de toda espécie, oferecem-nos uma trágica ficha da saúde do
homem moderno.

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O mundo moderno é extraordinário. Não temos o direito de frear seu
fulgurante progresso, bem como temos o dever de trabalhar para esse
progresso. Nosso labor, no entanto, será em vão se, paralelamente, não tra-
balharmos para desenvolver no homem a consciência de seu espírito. E
preciso refazer o homem para que o homem refaça o universo na ordem do
amor.

Quanto maiores forem as facilidades, mais o homem terá necessidade de


luz para compreender que estas facilidades são apenas meios para atingir um
fim mais elevado.

Precisará de mais força interior para não se apegar a elas, mais


necessidade de amor terá a fim de não capitalizá-las em seu próprio benefício
e em detrimento de seus irmãos.

Nós homens precisamos nos lembrar da existência do Grande Arquiteto do


Universo, que emana nossas forças vitais para nossa subsistência, com amor,
fraternidade e liberdade.

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O Mestre
(Publicado na revista O Pensamento - mai/jun/99)

Sem saber o que fazer vagava o Mestre despreocupado por entre a obra
quando se deparou com um Aprendiz que, concentrado, examinava uma pedra
ainda não totalmente desbastada. Querendo mostrar sua força e sua
autoridade, dirigiu-se ao obreiro:

- Aprendiz, a tua pedra não está devidamente desbastada. Acaso pensas


em dá-la como acabada?

- Mas, Mestre esta pedra...

- Não será negligenciando nas tuas tarefas que um dia pretendes chegar
onde hoje estou. Não penses que o mestrado é conseguido sem sacrifícios e
pouco trabalho.

- Mas, Mestre, eu...

- Não me parece que os ensinamentos tenham sido por ti bem assimilados.


Vede o estado em que se encontra esta pedra. Toda disforme e cheia de
imperfeições. Já imaginastes as conseqüências que acarretaria o seu
assentamento na obra? Por certo não iria se encaixar convenientemente e,
além disso, colocaria em risco o próprio andamento da construção

- Mas, Mestre, eu gostaria de...

- Não me interrompas enquanto falo. Um aprendiz deve saber comportar-se


diante de seu Mestre. Não estou gostando do teu comportamento nem de teu
jeito desleixado de trabalhar. Olha só esse avental, todo sujo, e essas
ferramentas em péssimo estado de conservação. Agora olha para mim. Vê
meus paramentos, imaculados, e meus utensílios de trabalho perfeitamente
conservados, como novos. Não te serve de lição ver tão gritante comparação?
Acaso não te sirvo de exemplo? E vamos deixar de conversa; trata de
trabalhar que o tempo é curto. Como castigo, para que não sejas tão
negligente, deverás terminar o desbaste desta pedra, mesmo no teu horário
de descanso.

- Mas, Mestre, eu gostaria de explicar que...

- Não irei perder mais meu tempo contigo! Faze o que determinei e
estamos conversados!

Afastando-se, o Mestre sai satisfeito e orgulhoso por ter sido severo e


demonstrado sua autoridade, deixando o aprendiz matutando:

- Puxa vida! Eu queria explicar ao Mestre que esta pedra está aqui desde
quando ELE ERA APRENDIZ E, NA PRESSA DE AUMENTAR O SEU SALÁRIO, NÃO
A DESBASTOU CONVENIENTEMENTE.

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Todas as minhas pedras foram aproveitadas na obra, razão pela qual meu
avental está sujo e minhas ferramentas desgastadas pelo uso. Além disso,
estou no meu horário de descanso e aproveitava o tempo para concluir o
desbaste desta pedra que está aqui desde a promoção do Mestre.

O Mestre deve ter razão e deve estar muito preocupado com seus afazeres
para se importar com uma simples pedra bruta. O melhor mesmo é terminar
esta pedra e deixá-la pronta para o polimento.

Pensando melhor, não seria mais conveniente eu deixar esta pedra, que não é
minha, de lado e preocupar-me em aumentar meu salário e ser igual ao Meu
Mestre?

Na excelente obra de René Guenon: “Os Símbolos da Ciência


Sagrada” extraímos estas conclusões:

Um dos símbolos comuns ao Cristianismo e à Maçonaria é o triângulo no qual está


inscrito o Tetragrama hebraico ou algumas vezes apenas o Iod”, primeira letra do
Tetragrama, que pode ser considerado como a sua abreviação.

Na Maçonaria esse triângulo é com frequência chamado de deita, pois a letra


grega assim denominada, tem na verdade a forma triangular, mas não pensamos que
se deva ver nesse paralelo, qualquer indicação quanto as origens dos símbolos em
questão; além disso é evidente que a significação é essencialmente ternária, enquanto
que o deita grego, apesar de sua forma, corresponde pela ordem alfabética e pelo seu
valor numérico.

Por vezes o próprio “Iod” é substituído por um olho, que , em geral, é designado
como o “OLHO QUE TUDO VÊ” (The All-Seeing Eye).

A semelhança de forma entre o Iod e o olho de fato prestar-se a uma assimilação,


que tem aliás inúmeras significações e sobre as quais talvez seja interessante oferecer

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algumas indicações.

Em primeiro lugar, podemos notar que o triângulo ocupa sempre urna posição
central, na Maçonaria está expressamente colocado entre o Sol e a Lua, disso resulta
que o olho contido no triângulo deveria ser representado sob a forma de um olho
comum, direito ou esquerdo, pois, na verdade, são o Sol e Lua que correspondem
respectivamente ao olho direito e ao olho esquerdo do “Homem Universal”, na medida
que este se identifica como Macrocosmo, mais particularmente em conexão com o
simbolismo maçônico, e é bom notar que os olhos são na verdade os “luzeiros” que
iluminam o microcosmo.

Para que o simbolismo seja inteiramente correto, esse olho deveria ser frontal ou
central isto é : “O Terceiro Olho”, cuja semelhança com o Iod é ainda mais admirável.

É de fato, esse “Terceiro Olho” que “Tudo Vê” na perfeita simultaneidade do eterno
presente.

Do ponto de vista do “Tríplice Tempo” a Lua e o olho esquerdo correspondem ao


passado, o Sol o olho direito, ao futuro, e o “Terceiro Olho” ao presente, isto é ao
instante indivisível entre o passado e o futuro, é o como um reflexo da eternidade do
tempo.

Nas igrejas cristãs, em que está figurado, esse triângulo fica normalmente
colocado acima do altar; como este além disso, é encimado pela cruz, o conjunto da
cruz e do triângulo reproduz de modo curioso o símbolo alquímico do enxofre.

A figura do Cristo Glorioso, no seu interior, aparece desse modo identificada ao


“Purusha no Olho” na tradição hindu.

A expressão ”lnsânul-ayn” ( O homem do olho ) empregada no árabe para designar


a pupila ( ou menina ) do olho, refere-se ao mesmo simbolismo.

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O PAINEL DA LOJA DE APRENDIZ NO REAA

A origem da palavra painel provém do espanhol, significando “pano”.


De acordo com o “Aurélio”, este também é definido como quadro,
pintura, retábulo, relevo arquitetônico em forma de moldura, sobre um
pano. Denominado por “Tracing Board” pelos Ingleses, para
identificar a “Tábua de Delinear” ou “Prancheta”, sendo esta uma Jóia
Imóvel da Loja.

Na antiguidade, quando inexistiam rituais específicos,


qualquer local que oferecesse alguma privacidade podia ser usado para
constituir uma Loja, onde podiam ser desenhados símbolos maçônicos no
piso, com carvão ou giz, do respectivo grau que esta Oficina iria trabalhar, da mesma forma que faziam
os Cristãos dos primeiros séculos, quando desenhavam a Cruz onde se reuniam. Estes locais podiam ser
um Galpão, Grutas ou mesmo ao ar livre.

Os símbolos desenhados ou riscados no solo, era menos ou mais perfeito e dependia apenas da
habilidade de quem os traçava, sintetizando nestes símbolos toda idéia que dele pudessem surgir em sua
interpretação. Os principais símbolos desenhados estavam diretamente ligados a construção, à saber,
Compasso, Esquadro, Régua, Nível e Prumo. Estes símbolos eram traçados somente pelo Maçom que
fosse designado para compor a Loja e caracterizava as principais tarefas dos operários e assim, surgiram
com Símbolos característicos. Em alguns Ritos, eram usados desenhos bordados em pano, que eram
desenrolados no início dos trabalhos e recolhidos no encerramento das sessões. Da mesma forma, os
desenhos eram totalmente apagados, não deixando quaisquer vestígios que pudessem ser notados por
quem estivesse de passagem por estes locais.

Mais tarde foram surgindo os símbolos reais, ou seja, quando os Maçons Operários passaram a
deixar suas “ferramentas” no piso, deixando de haver a necessidade de traçar os desenhos no piso.

Nesta época, obviamente, não existia o Livro Sagrado ou Livro da Lei, pois os Livros eram
manuscritos por não haver uma imprensa e estes livros estavam foram do alcance dos operários.

Em substituição, supostamente, deveria haver algum elemento que sintetizava a figura do


Sagrado, sobre o qual eram prestados os juramentos.

Este período da história da Maçonaria não esta registrada, pois apenas a tradição transmitida
oralmente é que nos dá certeza da existência destas Lojas primitivas.

Esta fase foi superada quando a partir do momento que foi definido que as reuniões passariam à
ser realizadas nas tabernas, ou seja, devidamente “a coberto”.

Autores da antiguidade, como Lionel Vibert, citado por Nicola Aslan em seu dicionário, referem a
Loja como um alpendre coberto de palha, isto em 1321. Mais tarde, em 1277, Knoop e Jones publicaram
que tinham sido construídas, para os trabalhos da edificação da abadia de Vale Royal, duas “Lojas”
erigidas paras os operários, para que este executassem seus “trabalhos” privativos.

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A informação certa é que em 1772, a Grande Loja da Inglaterra, ordenou a construção do
“Freemasons´s Hall”, concluída em 1776, onde foi erigida a primeira Loja com Templo fixo.

Por sua vez, o Grande Oriente da França, no ano de 1788, proibia que Lojas Maçônicas se
reunissem em tabernas.

De 1776 a 1820, nessas Lojas “a coberto”, ainda era mantida a “tradição” de desenhar os
símbolos característicos, da Maçonaria Operativa, no piso da Loja.

John Harris compôs o primeiro “Quadro” fixo, o que veio substituir, os desenhos que eram feitos
no piso. Este quadro era simples, de pano e sem qualquer moldura, ele era “desenrolado” à frente do
altar, depois da abertura do Livro da Lei.

Posteriormente este Quadro, passou a ter uma moldura e a ser chamado de “Painel” como é
conhecido e adotado hoje por nossas Lojas Simbólicas, que de acordo com o Rito apresenta aspectos
diferentes.

Nas Lojas Maçônicas, especialmente as Simbólicas, cada um dos três Graus possui um painel
próprio.

O Painel da Loja de Aprendiz do Rito Escocês Antigo e Aceito, comporta duas COLUNAS,
encimadas por romãs, enquadrando um pórtico à qual conduzem 3 (três) degraus e encimado pelo Delta
Luminoso. Vê-se também três janelas, uma pedra bruta, uma pedra cúbica, a prancha de traçar, o maço e
o cinzel, o esquadro e o compasso, o nível e o prumo, as COLUNAS J e B, o Sol, a Lua, as estrelas, uma
corda de 7 nós e a orla dentada emoldurando o Painel do Grau com quatro borlas nas extremidades, que
passarei a descrevê-lo em seu significado.

AS ROMÃS

As romãs estão postas em cima dos capitéis das COLUNAS “J” e “B”, sendo três em cada uma
delas, apresentando um corte frontal que revela seus grãos. Sendo que este fruto representa a Família
Maçônica Universal, cujos membros estão ligados harmonicamente pelo espírito de união, inspirados na
ordem e na fraternidade.

Os diversos autores dizem que “em todos os tempos, a romã foi um símbolo de fecundidade, de
abundancia e de vida”; “os grãos de romã, reunidos em uma polpa transparente, simbolizam os Maçons
unidos entre si por um ideal comum”.

O PÓRTICO E O DELTA LUMINOSO


Simbolicamente representa a porta de entrada para atingir a perfeição e o conhecimento da
verdade. A entrada do Mundo Profano para o Mundo Maçônico, simbolizado pelo pórtico, tem a porta do
Templo encimada pelo Delta Luminoso. Este triangulo, como polígono perfeito, resume o simbolismo
maçônico, pois representa o Todo e abrange o Cosmos, tendo ao centro o misterioso “YOD”, simbolizando
o olho e o centro e a parte vital do Todo. Este ponto é geométrico, astronômico, filosófico, esotérico,
enfim, a “origem do tudo”.

Representando ainda que a Loja esta sob o olhar protetor do G\A\D\U\.

Ao transpor o portal do Templo, que representa o Universo, o Aprendiz torna-se apto, pelo estudo,
pelo trabalho e pela prática dos ensinamentos do grau, a tornar-se um verdadeiro Maçom.

OS DEGRAUS
A passagem do Mundo Profano para O Mundo Maçônico não pode ser realizada diretamente e
estes degraus representam simbolicamente as etapas a que se deve submeter o Iniciado, ou seja, os três
degraus representam sucessivamente, o plano físico ou material, plano intermediário, chamado de

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“astral”, e por último o plano psíquico ou mental. Esses três “degraus” correspondem à divisão ternária
do ser humano em Corpo, Alma e Espírito.

Sendo necessário que o Aprendiz busque a sua libertação das mazelas do Mundo Profano e desta
forma consiga desbastar a pedra bruta e transformá-la em pedra polida, para sua ascensão moral e
espiritual.

AS JANELAS
Três janelas estão representadas no Painel da Loja de Aprendiz, a primeira a Oriente, a segunda
ao Meio-Dia e a terceira a Ocidente; nenhuma janela se abre para o Norte. Essas três janelas são cobertas
por uma rede. Essa rede que protege as aberturas lembra que o trabalho dos obreiros é subtraído à
curiosidade do profano, cujo olhar não pode penetrar no Templo, da mesma forma que o Maçom deve
olhar a vã agitação da rua. Pois a seu redor tudo esta fechado, mas nem por isso, espiritualmente, ele
deve determinar o movimento do mundo sensível encarado do ponto de vista em que se encontra.

Nos antigos rituais maçônicos fazem menção a três janelas no grau de Aprendiz. Tendo como base
as três portas do Templo de Salomão (Bíblia – I Livro dos Reis, VII, 4 e 5), sabe-se portanto, que o Templo
se abria para Leste e para Oeste, como na maioria das catedrais. Desse modo, o Templo era iluminado
pelo Sol ao alvorecer.

A janela do Oriente traz a doçura da aurora, sua renovação de atividade; ao Meio-Dia, a força e o
calor; a do Ocidente dá uma luz que, a medida que se torna mas fraca, convida ao repouso . O Norte,
escuro, como não recebe nenhuma luz, não precisa de janela. Porque os trabalhos do Maçons
simbolicamente, começam ao Meio-Dia e terminam a Meia-Noite. Começam ao Meio-Dia, quando o Sol
brilha com toda a sua força no Templo.

Os Aprendizes são colocados ao Norte porque têm necessidade de serem esclarecidos; eles
recebem assim toda a luz da janela do Meio-Dia, Os companheiros, colocados ao Meio-Dia, precisam de
menos luz e a sombra provocada pela parede do Templo ainda permite que sejam iluminados
suficientemente, enquanto o Venerável e seus oficiais recebem, de frente, apenas a luz do crepúsculo. Em
contrapartida, os Vigilantes são alertados desde a aurora pela luz que os atinge em cheio.

PEDRA BRUTA

A direita do Painel do Aprendiz figura a pedra bruta, que simboliza as imperfeições do espírito e
do coração que o Maçom deve se esforçar para corrigir.

O Aprendiz, pela sua iniciação maçônica, que representa um novo nascimento, reencontra o
estado da natureza; ele se liberta das mazelas do mundo profano e passa por um processo de
purificação, onde reencontra a liberdade de pensamento.

Esta nova etapa em sua vida, tem como objetivo principal a sua transformação, e este se dá
através do trabalho do desbaste de sua própria “pedra bruta”, com os instrumentos que lhe são
fornecidos, visando tornar esta justa e perfeita em todas as suas medidas e forma. Ela é vista como a
“matéria-prima!” existente para a elaboração da “Obra”.

Simboliza a matéria apta a ser trabalhada; simboliza o “meio” para atingir o “fim” sagrado da
transmutação do Ser.

PEDRA CÚBICA
A Pedra Cúbica, o hexaedro, é a obra-prima que o Aprendiz deve realizar. Materialmente, é difícil,
com o Maço, o Cinzel e o Esquadro, realizar um Cubo perfeito que a primeira vista não parece tal.

A Pedra Cúbica da Painel do Aprendiz é encimada por uma pirâmide quadrangular e se chama
“Pedra Angular Pontiaguda”. Essa pedra, sobre o qual os Companheiros devem afiar seus instrumentos,

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simboliza o progresso que eles devem fazer na instituição e em seus relacionamentos com os Irmãos. Em
sua interpretação moral, a Pedra Cúbica é também a pedra angular do templo imaterial construído à
filosofia; é também o emblema da alma que aspira subir até a sua fonte. É terminado em pirâmide,
símbolo do fogo, para que aí sejam inscritos os números sagrados. Para desbastá-la, é preciso fazer uso
do compasso, do esquadro, do nível, do fio de prumo, instrumentos que representam para nosso espírito
as ciências, cuja perfeição vem do Alto.

A PRANCHA DE TRAÇAR
A Prancha de Traçar é um retângulo sobre o qual são indicados os esquemas que constituem a
chave do alfabeto maçônico. A Maçonaria, em seu simbolismo, chama o papel sobre o qual se escreve de
“Prancha de Traçar” e substituir o verbo “escrever” pela expressão “traçar uma prancha”.

A Prancha de Traçar está ligada ao Grau de Mestre Maçom, como a Pedra Cúbica ao Grau de
Companheiro Maçom e a Pedra Bruta ao Grau de Aprendiz Maçom. Por que, é sobre a Prancha de Traçar
que o Mestre estabelece seus planos; mas o Aprendiz e o Companheiro não devem ignorar seu uso e
devem exercitar-se esboçando ai suas idéias. Esse é o motivo pelo qual esse símbolo já figura no Painel
do Aprendiz.

MAÇO E CINZEL
Instrumentos do Aprendiz, são apresentados no Painel de forma unida, portanto essa associação
indica a vontade e a inteligência, a força e o talento, a ciência e a arte, a força física e a força intelectual,
quando aplicadas em doses certas, permitem que a Pedra Bruta se transforme em Pedra Polida.

O Maço simboliza a vontade do Aprendiz. Não é uma massa metálica, pesada e brutal, pois a
vontade não deve ser nem obstinação, nem teimosia. Ela deve ser apenas firme e perseverante. Mas o
homem não pode agir diretamente sobre a Matéria; o Cinzel servirá, então, de intermediário. Este deverá
ser amolado freqüentemente, isto é, deverá rever continuamente os conhecimentos adquiridos. Não
deixá-los embotar. O Maço age de forma descontínua. Isso mostra que o esforço não pode ser perseguido
sem interrupção e, por outro lado, que uma pressão contínua sobre o Cinzel tirar-lhe-ia toda a sua
precisão.

COMPASSO E ESQUADRO
Estas duas “ferramentas” unidas no Painel do Aprendiz, representam a justa medida, que deve
presidir a todas as nossas ações, que não podem se afastar da Justiça e nem da retidão, que regem todos
os atos dos Maçons. Representando ainda o signo mais conhecido, pelo qual se identifica a Maçonaria
universalmente.

O Esquadro é usado pelo Aprendiz como seu único e verdadeiro signo, marcando-o a cada passo
que dá no decorrer de sua marcha em direção ao Altar. Também na posição de Ordem do Grau de
Aprendiz, está ostentando quatro Esquadros, que representam astronomicamente quatro cortes nos
diâmetros do circulo zodiacal, dividindo em quatro partes que correspondem cada uma delas à respectiva
estação do ano de conformidade com a inclinação do Sol em sua carreira.

O Compasso é considerado um Símbolo da espiritualidade e do conhecimento humano. Sendo


visto como Símbolo da espiritualidade, sua posição sobre o Livro da Lei varia conforme o Grau. No Grau
de Aprendiz, ele está embaixo do Esquadro, indicando que existe, por enquanto, a predominância da
Matéria sobre o Espírito. A abertura indica o nível de conhecimento humano, sendo esta limitada ao
máximo de 90º, isto é, ¼ do conhecimento. A sua Simbologia ainda é muito mais variada, podendo ser
entendido como símbolo da Justiça, com a qual devam ser medidos os atos humanos. Simboliza a
exatidão da pesquisa e ainda pode ser visto como símbolo da imparcialidade e infalibilidade do Todo-
Poderoso.

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NÍVEL E PRUMO
O NÍVEL como instrumento simbólico da igualdade, tem uma tradição muito importante e uma
força muito grande dentro da Simbólica Maçônica. Como parte do triangulo, um dos tripés que sustentam
toda a estrutura filosófica de nossa Ordem, ele é o emblema de um dos maiores princípios da Maçonaria.
Aquele que foi emprestado para a Declaração Universal dos Direitos do Homem, aquele que considera
todo os homens iguais, independentemente de crenças religiosas, credos políticos, raças ou condição
social. É o NÍVEL que nos faz tratarmo-nos de Irmãos, e , em nossos Templos, sentarmos lado a lado,
patrão e empregado, pai e filho, General e Tenente, rico e pobre, sem nenhuma pretensão

O PRUMO, conhecido como perpendicular no passado, é o símbolo da retidão, da Justiça e da


Equidade. Também simboliza o equilíbrio. Se o NIVEL simboliza a Igualdade entre os homens, o PRUMO
significa que o Maçom deve possuir uma retidão de julgamento – seja essa ligação em grau de
parentesco ou amizade. A perpendicular é também o símbolo de profundidade e de conhecimento.
Quando p Aprendiz completa o seu tempo e após apresentar seu trabalho sobre o Grau, diz-se que está
apto para passar da “Perpendicular ao Nível”.

AS COLUNAS “B” e “J”


As COLUNAS B e J de nossa Loja, representam as COLUNAS que ficavam no Átrio do Templo de
Salomão e não pertencem à divisão clássica arquitetônica.

A COLUNA B ou “Booz” (Hebraico BOAZ), isto é, - “na força”, representa a generação; revela a
estabilidade ponderada e deve ser branca.

As duas palavras reunidas significam, portanto: “Deus estabeleceu na força, solidamente, o


templo e a religião de que ele é o centro”.

A Bíblia nos diz, que as duas COLUNAS de bronze, foram erigidas à entrada do Templo de Salomão,
uma à direita, sob o nome de Jachin, e a outra à esquerda, sob o nome de Booz. Jamais houve qualquer
contestação sobre o sexo simbólico dessas duas COLUNAS, a primeira delas suficientemente
caracterizada como masculina pelo Iod inicial que a designa comumente. Com efeito, essa letra hebraica
corresponde à masculinidade por excelência. Beth, a segunda letra do alfabeto hebraico, por outro lado, é
considerada como essencialmente feminina, porque seu nome quer dizer casa, habitação, de onde a idéia
de receptáculo, de caverna, de útero, etc. A COLUNA J é, portanto, masculino-ativa, e a COLUNA B
feminino-passiva. O simbolismo das cores exige, conseqüentemente, que a primeira seja vermelha e a
segunda branca ou negra.

A palavra Jachin, em hebraico, escreve-se com as letras Iod, Caph, Iod, Nun. Para evitar erro na
pronúncia, escreve-se às vezes Jakin. A palavra Booz escreve-se com as letras Beth, Aïn (letra que não
pode ser traduzida foneticamente senão por uma aspiração sonora, pelo espírito forte do grego), Zaïn.
Muitas vezes escreve-se Booz em lugar de Boaz; no entanto, esta última ortografia está mais de acordo
com o hebraico.

A Bíblia é formal: ela coloca Jachin à direita e Boaz à esquerda, o que está conforme com o
simbolismo tradicional e universal.

O Rito Escocês coloca as duas COLUNAS desse modo, mas o Rito Francês inverteu as respectivas
posições: ele coloca Jachín à esquerda e Boaz á direita, sendo que nada justifica essa mudança, nem
mesmo o fato de essas COLUNAS terem sido transportadas do exterior para o interior do Templo.

Maçonicamente o Sol corresponde à COLUNA J e a Lua corresponde à COLUNA B e lhes são atribuídas
as seguintes cores: Vermelho à COLUNA J, Branco ou Preto à COLUNA B, correspondendo assim ao Ativo e
ao Passivo.

Se nos ativermos ao texto bíblico, as duas COLUNAS eram de bronze e ambas da cor natural desse
metal. Para diferenciá-las, decidiu-se lhes adicionar as cores e tal decisão é arbitrária e discutível.

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O lugar das COLUNAS varia de acordo com o lugar em que se coloca o observador: na frente ou
atrás. Para a maioria dos símbolos, é preciso considerar o observador na sua frente.

É fácil notar que a cor branca corresponde perfeitamente à Sabedoria, à Graça e à Vitória; a cor
vermelha, à Inteligência, ao Rigor e à Glória, enquanto que o azul está em harmonia com a Coroa, a
Beleza, o Fundamento; o negro corresponde ao Reino.

Assim, portanto, ao lado direito (positivo) atribuímos a cor branca, ao lado esquerdo (passivo), a cor
vermelha; no centro, a cor azul (neutra) e, na base, a cor negra (matéria).

Atribuindo o Branco à COLUNA da direita e, conseqüentemente, a Jachin, respeitamos o símbolo


solar, atribuído a essa COLUNA, já que a luz do Sol é branca.

As três cores: azul, branco e vermelho figura na bandeira francesa.

A COLUNA J devia, portanto, ser branca e a COLUNA B vermelha; o azul é a cor do Céu e do Templo,
da Abóbada Estrelada. A Maçonaria dá precisamente a cor branca a seus mais altos graus; a cor vermelha
a seus graus intermediários e a cor azul a seus primeiros graus, cujos participantes, antes de qualquer
coisa, devem praticar a tolerância.

As duas COLUNAS, assinalam os limites do Mundo criado, os limites do mundo profano, de que a
Vida e a Morte são a contradição extrema de um simbolismo que tende para um equilíbrio que jamais
será conseguido. As forças construtivas não podem agir senão quando as forças destrutivas tiverem
terminado sua tarefa. Essas forças opostas são “necessárias” uma à outra. Não se pode conceber a
COLUNA J sem a COLUNA B, o calor sem o frio, a luz sem as trevas, etc.

O SOL E A LUA
Representam o antagonismo da natureza – dia e noite, afirmação e negação, claro e escuro,
presente na vida maçônica do Aprendiz, ensinando o equilíbrio pela consciência dos contrários.

O Sol é o vitalizador essencial, a fonte da luz e da vida, tanto dos animais como dos vegetais,
nasce no Oriente, de onde vieram os ensinamentos da arte real.

A Lua, representa o amor, o princípio passivo e o feminino, simboliza a constância e a obediência,


levanta-se quando o Sol se deita e reina sobre as estrelas, não com sua própria luz, mas refletindo a luz
solar.

O Sol, ativo, fica à esquerda, e a Lua, passiva, fica à direita do Painel.

Na Loja os trabalhos são abertos simbolicamente ao Meio-Dia, quando o Sol esta em Zênite, e
fechados à Meia-Noite, quando ele está no Nadir; nesse momento, supõe-se que a Lua esteja em seu
pleno esplendor.

AS ESTRELAS
Simbolicamente representam a universalidade da Maçonaria, mas ressaltando na forma irregular
em que são distribuídas, que os Maçons, espalhados por todos os continentes, devem, como construtores
sociais, distribuir a luz de seus conhecimentos àqueles que ainda estão cegos e privados do
conhecimento da Verdade.

CORDA DE 7 NÓS
As cordas na Maçonaria possuem várias interpretações de acordo com o número de nós. Quando
em número de sete, representam as artes liberais (as que um homem livre podia exercer sem decair de
seus concidadãos, por oposição às artes “mecânicas” ou “manuais”, destinadas aos escravos na
antiguidade) a saber: Gramática, Retórica, Lógica, Aritmética, Geometria, Música e Astronomia.

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Seu entrelaçamento simboliza também o segredo que deve rodear nossos mistérios. Sua extensão
circular e sem descontinuidade indica que o império da Maçonaria, ou o reino da Virtude, compreende o
Universo no símbolo de cada uma de nossas Lojas.

ORLA DENTADA
Possui numerosas interpretações simbólicas, mostra-nos o princípio da atração universal,
simbolizado no Amor. Representa, com seus múltiplos dentes, os planetas que gravitam em torno do Sol;
os povos reunidos entorno de um chefe; os filhos reunidos em volta dos pais, enfim, os Maçons unidos e
reunidos no seio da Loja, cujos ensinamentos e cuja Moral aprendem, para espalhá-los aos quatro ventos
do Orbe Terrestre.

QUATRO BORLAS
Símbolo que também possui varias interpretações. Para a Escola Autêntica simbolizam a
temperança, energia, prudência e justiça. Para a Escola Mística a fé, a esperança, a caridade e a
discrição. Para a Escola Oculta as borlas representam a terra, a água, o ar e o fogo.

CONCLUSÕES
Para estudarmos o Painel da Loja de Aprendiz, seus símbolos, seus ensinamentos e a diagramação
do próprio Painel, que se traduz no sentido simbólico da distribuição destes Símbolos sobre o Painel, o
Aprendiz deverá aprender a separar o sentido literal, figurativo e oculto de cada Símbolo, para poder
entender e compreender a forma harmoniosa que estes símbolos foram dispostos no Painel.

O sentido literal é aquele que encontramos nas antigas escrituras da Maçonaria Operativa e que
foram incorporados na Maçonaria Especulativa, apenas no sentido figurativo e simbólico de seus
instrumentos que ornamentam a Loja.

O sentido figurado é este que foi estudado neste trabalho. Pois pude notar que encontramos
variações nas versões destes painéis e diversas interpretações diferentes, de acordo com a Escola que
este ou aquele autor esta ligado; o que nos leva à crer que podem haver diversas formas de
interpretações, mais profundas ou mais superficiais, dependendo apenas do grau de conhecimento e
aprofundamento no estudo que forem feitos para desvelar o significado destes símbolos.

O sentido oculto da disposição dos símbolos no Painel, leva o Aprendiz a entender melhor o
sentido dos trabalhos do Rito e os ensinamentos nele contidos. Além de entender melhor o próprio
funcionamento da Loja.

BIBLIOGRAFIA :
Ritual de Ap\M\ R\E\A\A\ – Grande Oriente Paulista – Edição 2002
Novo dicionário da Língua Portuguesa – Aurélio Buarque de Holanda Ferreira – Folha de S. Paulo
Os painéis da Loja de Aprendiz – Rizzardo Da Camino – Ed. Maçônica “A Trolha”
O Aprendiz Maçom – Rizzardo Da Camino – Ed. Madras
Revista “A Trolha” nº 201 – Trabalho : O Simbolismo do Esquadro e do Compasso - Ir\ José César B. De
Souza – páginas 39 à 41 – Ed. Maçônica “A Trolha”
Revista “A Trolha” nº 193 – Trabalho : A Simbologia Maçônica do Painel de Aprendiz - Ir\ Alcides Pereira
Filho – páginas 38 à 41 – Ed. Maçônica “A Trolha”
Ritualista Maçônica – Rizzardo Da Camino – Ed. Madras
Simbologia Maçônica dos Painéis – Almir Sant´anna Cruz - Ed. Maçônica “A Trolha”

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O PAINEL DO GRAU DE APRENDIZ NO RITO ADONHIRAMITA

1 - Pequeno Histórico

- "Painel", do castelhano, significa "pano"; o nosso “Aurélio”, define o vocábulo como: quadro, pintura,
retábulo; relevo arquitetônico em forma de moldura, sobre um plano.

- Em resumo, é um "quadro" que os ingleses denominam de "Tracing Board", ou seja, a conhecida "tábua
de delinear" ou a simples "prancheta", jóia imóvel da Loja.

- Primitivamente, quando inexistiam Rituais específicos, os Maçons quando se reuniam, desenhavam no


piso do local, com carvão, alguns Símbolos Maçônicos, assim como os cristãos desenhavam a Cruz, em
seus encontros escondidos.

- Nos locais onde não havia piso, como nas grutas, nos galpões e mesmo ao ar livre, esses Símbolos eram
"riscados" no solo.

- O fato de a mão do desenhista ou gravador, criar os Símbolos, já estava demonstrando um poder da


mente ser materializada em desenho, surgindo, ao passar dos tempos, uma série de Símbolos que
expressavam o desenvolvimento da Idéia.

- Esses desenhos eram, por ocasião do encerramento das Sessões, "apagados", sem deixar vestígios.

- Em alguns Ritos, esses desenhos apresentavam se "bordados" em panos, que eram desenrolados ao
início dos trabalhos e recolhidos ao encerramento.

- Com as sucessivas "liberações" e tolerâncias da parte do Poder, os Painéis foram substituídos por

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quadros fixos, introduzidos em data desconhecida.

- Ao dispor as localizações do Venerável Mestre e dos Vigilantes, e posteriormente, dos demais Oficiais,
bem como da colocação do Altar, inexistiam os instrumentos, que eram supridos pelos desenhos feitos a
carvão, no piso.

- A abertura do Livro Sagrado emprestava sacralidade, tanto à reunião, como ao recinto; da mesma forma
os desenhos davam sacralidade à finalidade da reunião.

- As Lojas, no princípio eram instaladas ao ar livre o que justifica a referência às suas dimensões: do
Oriente ao Ocidente, do norte ao sul, da altura à profundidade.

- Na parte ocupada, ou sob uma árvore ou em campo descoberto, no solo arenoso e limpo, eram
gravados com estilete os Símbolos que caracterizavam uma Loja Maçônica.

- Quando o tempo era instável e adverso com chuvas prolongadas, os Maçons não podiam reunir-se ao ar
livre e se não houvesse um refúgio natural, era buscada uma casa "abandonada", pois era rigorosamente
vedado instalar a Loja em local habitado.

- Essa fase foi superada quando foi decidido que as reuniões seriam nas tabernas; não há uma descrição
convincente, todavia, se nessas reuniões, seriam ou não, desenhados no piso, os instrumentos
simbólicos.

- A informação certa é que em 1772, a Grande Loja da Inglaterra, ordenou a construção do ''Freemason's
Hall", concluída em 1776, onde foi erigida especificamente, a primeira Loja como Templo fixo.

- Por sua vez, o Grande Oriente de França, no ano de 1788, proibia que as Lojas Maçônicas se reunissem
em tabernas.

- Como vemos, portanto, o edifício exclusivo para abrigar uma Loja, tem data relativamente recente. De
1776 a 1820, nessas Lojas "a coberto", decorridos apenas 44 anos, ainda era mantida a tradição de
desenhar com carvão no piso da Loja, os Símbolos que caracterizavam a Maçonaria Operativa.

- John Harris compôs o primeiro "Quadro'' fixo, o que veio substituir, os referidos desenhos no piso, ele o
pintou sobre uma tela sem ser emoldurada que era “desenrolada” à frente do Altar, através de singelo
cerimonial, depois da abertura do Livro Sagrado.

- Posteriormente, transformou-se em Quadro emoldurado o qual após a Sessão era recolhido a uma

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estante, para permanecer fora de vista dos Irmãos.

- Hoje, o Quadro é denominado especificamente, com o nome de


“Painel”.

- O que inspirou John Harris a construir o Quadro, foi o fato que


pouco antes, a gravação com carvão no piso da Loja, havia sido
substituída pela gravação sobre a "Prancheta da Loja".

- Essa "Prancheta" decorria da referência bíblica, quando


Adonhiram a usava para projetar a sua obra de artífice, no
embelezamento do Grande Templo de Salomão.

- A gravação na Prancheta, por sua vez, também era provisória,


pois, cancelava-se ao término da Sessão. Sendo a Prancheta de
lousa ou de madeira escura, para o desenho, o carvão era
substituído pelo giz.

- Contudo, Harris, para conservar a tradição, "desenhou" no Painel, os Símbolos em negro, que
simbolizava o carvão.

- Circunscreve o Painel, uma moldura que o sustenta, mantendo a forma e serve, também, como "marco"
ou "delineamento de extremidade"; No Painel, a moldura simboliza o sigilo, a preservação, o segredo e a
sacralidade.

2 - Os Elementos do Painel

O Painel do Rito Adonhiramita é composto pelos seguintes Símbolos:


1. O Prumo
2. O Nível
3. O Esquadro e o Compasso
4. A Corda com 7 Nós
5. O Sol
6. A Lua
7. As Estrelas
8. As Três Janelas
9. A Prancheta
10. O Maço e o Cinzel

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11. A Pedra Bruta
12. A Pedra Polida
13. As Duas Colunas
14. As Romãs
15. O Pórtico e o Delta Luminoso
16. Os Três Degraus
2.1 – Jóias Móveis

2.1.1 - Definição

Podemos definir as Jóias Móveis como sendo Símbolos de alto e precioso conteúdo simbólico na
Maçonaria, somado ao fato de serem insígnias dos principais cargos de direção de uma Loja - do V?M? do
P? V? e do S? V?

As Jóias Móveis são três: o Esquadro & Compasso, o Nível e o Prumo.

A importância desses três instrumentos da arte de construir edificações, foi magistralmente transportada
para os pedreiros Construtores Sociais, para os Maçons da Maçonaria Especulativa, representando
relevantes atributos morais a serem observados por todos os Iniciados e interpretados pelos três
principais oficiais de uma Loja, o V? M?, o P?V? e o S?V?, que por sua vez dirigem as três categorias de
Obreiros: Mestres, Companheiros e Aprendizes.

Ademais, o Prumo, o Nível e o Esquadiro representam, respectivamente, a trilogia Maçônica Liberdade -


Igualdade - Fraternidade.

2.1.2 - O Esquadro e o Compasso

O Esquadro e o Compasso formando um único emblema é certamente o distintivo mais conhecido da


Maçonaria no mundo profano e o Símbolo mais representativo da filosofia maçônica.

Como Paramentos, o Compasso e o Esquadro representam a aspiração do homem pela Justiça e pela
Retidão.

Simbolizam a medida justa que deve presidir todos os atos e ações do verdadeiro Maçom, que não pode
se afastar nem da Justiça nem da Retidão.

2.1.3 - O Nível

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O Nível é a Jóia distintiva do P?V?, que deve zelar para que, em Loja, todos sejam nivelados, todos
tenham igual tratamento, não se reconhecendo as distinções existentes no mundo profano.

O Nível é o Símbolo da Igualdade, da Igualdade Fraterna, com que todos os Maçons se reconhecem.

2.1.4 - O Prumo

O Prumo ou Perpendicular é o instrumento formado por uma peça de metal suspensa por um fio, utilizado
para aferir se um objeto qualquer está na vertical.

Assim, é a Jóia do S?V?, que deve usá-lo para verificar qualquer inclinação, qualquer saída do Prumo, que
possa ocorrer no aprendizado do Iniciado, corrigindo-a a tempo.

É o Símbolo da pesquisa em profundidade do Conhecimento e da Verdade.

Lembra aos Iniciados que todos os seus atos e pensamentos devem ser justos e medidos para o
levantamento de um Templo moral justo e perfeito.

2.2 – Jóias Fixas

2.2.1 - Definição

Pode-se definir como Jóias Fixas os Símbolos imóveis de relevada importância na Maçonaria, que se
encontram sempre expostas e presentes na Loja, para refletir a divina natureza e atuando como um
código moral aberto à compreensão de todos os Maçons.

As Jóias Fixas são: a Pedra Bruta, a Pedra Polida e a Prancheta, representando, respectivamente, o
Aprendiz, o Companheiro e o Mestre.

2.2.2 - A Pedra Bruta

A Pedra Bruta simboliza o Aprendiz, que nela trabalha marcando-a e desbastando-a, até que seja julgada
polida pelo V?M? da Loja.

Ela representa o homem na sua infância ou estado primitivo, sem instrução, áspero e despolido, com as
paixões dominando a Razão e que nesse estado se conserva até que, pela instrução maçônica, pelo
estudo de seus Símbolos e alegorias, pela interpretação filosófica do simbolismo do seu Grau, pela
disciplina e pela capacidade de subordinar a sua personalidade à sua vontade, adquire uma educação

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superior, liberal e virtuosa, tornando-se fonte de cultura e capaz de fazer parte de uma sociedade
civilizada.

Cada pedra possui uma forma ideal, que lhe é própria, e que está encoberta pelas irregularidades e
asperezas superficiais. Quando convenientemente desbastada, surge a sua forma adequada. Portanto, os
Aprendizes devem libertar-se de suas asperezas e irregularidades, trabalhando na Pedra Bruta com o
Malho e o Cinzel, reduzindo sua ignorância e paixões, e perseguindo incansavelmente a forma perfeita ou
da perfeição, pondo inicialmente em evidência as faces ocultas, depois retificando-as, e por fim polindo-
as, obtendo assim a forma harmoniosa pretendida.

2.2.3 - A Pedra Polida

A Pedra Polida ou Cúbica representa o Companheiro.

Simboliza o homem desbastado e polido de suas asperezas, educado e instruído, pronto para ocupar seu
lugar na construção de um mundo melhor.

Objetivo primeiro de elevação do Aprendiz Maçônico

2.2.4 – A Prancheta

Tal como a Pedra Bruta é uma representação do Aprendiz e a Pedra Polida representa o Companheiro, a
Prancheta simboliza o Mestre.

Da mesma forma que o G?A?D?U?delineou, criou e geometrizou o Seu Universo para o nascimento e
aperfeiçoamento de seus filhos, na Prancheta o V?M?projeta a Loja, objetivando transformar a mente
tosca, o Aprendiz, a Pedra Bruta; no homem instruído, o Companheiro, a Pedra Polida; o qual poderá
transmutar-se no homem perfeito, no Mestre Maçom, capaz de, como Construtor Social, edificar um
mundo melhor, um mundo justo e perfeito.

2.3 – As Luminárias

2.3.1 - Definição

O Sol e a Lua representam o antagonismo da natureza - dia e noite, afirmação e negação, claro e escuro,
pólos positivo e negativo, ativo e passivo, aspectos masculino e feminino - que, contraditoriamente, gera
o equilíbrio, pela conciliação dos contráriios.

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As Estrelas simbolizam a multiplicidade, a variedade e a infinita totalidade de Irmãos Maçons.

2.3.2 – O Sol

O Sol é o vitalizador essencial, a fonte de luz e vida, o princípio ativo, o Pai de generosa fecundidade que
nasce no Oriente, de onde vieram a civilização e as ciências.

2.3.2 – A Lua

A Lua, é o amor, o princípio passivo, levanta-se quando o Sol se deita e reina resplandecente no céu
estrelado, não com sua própria luz, mas refletindo a luz solar.

2.3.4 As Estrelas

As diversas Estrelas distribuídas irregularmente no teto, simbolizam a Universalidade da Maçonaria e


lembram que os Maçons, espalhados por todos os continentes, devem, como Construtores Sociais,
distribuir a Luz de seus conhecimentos àqueles que ainda estão cegos e privados do conhecimento da
Verdade.

2.4 – Os Demais Elementos

2.4.1 – O Maço e o Cinzel

2.4.1.a – O Maço

O Maço ou Malho é um instrumento contundente semelhante ao martelo, embora geralmente mais


pesado e desprovido de unhas, utilizado para quebrar ou desbastar.

Diferentemente do Malhete, que é um Maço em tamanho menor e de uso privativo do V?M?e dos VVig?,
por simbolizar a Autoridade, o Maço é um instrumento de trabalho do Aprendiz.

O Maço simboliza a Vontade que existe em todos os homens e que precisa ser canalizada eficientemente
para que não resulte em esforço inútil.

O Maço é a Energia, a Contundência, a Força e a Decisão que se fazem necessárias para que o Aprendiz
persevere em seu trabalho, não esmorecendo ao primeiro revés.

Quando utilizado de forma desordenada, o Maço pode se transformar em uma poderosa ferramenta de

28
destruição, porém, seu uso disciplinado o faz um instrumento indispensável.

2.4.1.b – O Cinzel

O Cinzel é um instrumento utilizado para trabalhos que exijam apuro e precisão, formado por uma haste
de metal em que um de seus lados é perfuro-cortante e o outro apresenta uma cabeça chata, própria
para receber o impacto de uma ferramenta contundente.

Como o Malho, o Cinzel é um instrumento do Aprendiz, que com eles trabalha na Pedra Bruta, Símbolo da
personalidade tosca e inculta.

O Cinzel é o instrumento que recebe o impacto do Malho, dirigindo a força daquele de forma útil. Como
canalizador da Vontade representada pelo Malho, o Cinzel simboliza o Discernimento, a Inteligência, que
dirige a Força da Vontade.

2.4.1.c – O Maço e o Cinzel Associados

Tal como o Malho (a Vontade), o Cinzel (a Inteligência), por si só não garante um trabalho eficiente.

Funcionando de forma independente, geralmente não produzem um trabalho satisfatório, não garantem
que o trabalho se conclua, não asseguram que a meta seja alcançada.

No Painel, estes dois Símbolos estão unidos, demonstrando que ambos precisam atuar harmonicamente
para que se consiga atingir os objetivos pretendidos.

A associação do Malho com o Cinzel nos indica que a Vontade e a Inteligência, a Força e o Talento, a
Ciência e a Arte, a Força Física e a Força Inteiectual, quando aplicadas em doses certas, permitem que a
Pedra Bruta se transforme em Pedra Policia.

2.4.2 – As Três Janelas

As Três Janelas gradeadas estão figuradas no Painel, no Oriente, no Sul e no Ocidente.

Essas três Janelas simbolizam o caminho diário aparente do Sol. A do Oriente traz a doçura da aurora,
suave e agradável, convidando os OObr?ao trabalho; pela do Sul ou Meio-Dia, passa um calor mais
intenso, que induz à recreação; pela do Ocidente entram os últimos lampejos de luz do Sol poente,
sempre mais fraca e que incita ao repouso.

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Alguns autores entendem que as três Janelas simbolizam também as três fases da vida humana e os da
Escola Mística os três aspectos da divindade.

2.4.3 – A Corda com Sete Nós

A Corda com 7 nós ou laços, emoldura o Painel representando a Corda de 81 Nós.

Para alguns autores, os 7 nós representam, como as 7 pontas da Estrela Brilhante e as 7 Estrelas, as 7
Artes e Ciências Liberais que o Maçorn deve estudar. Outros dizem que os nós representam os segredos
que envolvem os nossos mistérios, posto que o número 7 está associado à Perfeição.

2.4.3.a – A Corda de 81 Nós

A Corda de 81 Nós simboliza a Cadeia de União, o sentimento de profunda e indissolúvel união fraterna
com que estão ligados todos os Maçons, não importando suas aparentes diferenças.

A Corda de 81 Nós está presente na ornamentação da Loja. É um grande cordão que corre pela frisa,
formando de distância em distância 81 nós emblemáticos, e terminada por duas borlas pendentes em
cada lado da porta de entrada.

2.4.4 – Os Três Degraus

Os três degraus antes do Pórtico, figurados no Painel, representam a idade do Aprendiz, correspondente
ao tempo que os Maçons Operativos necessitavam para serem elevados ao Grau de Companheiro.

Somente após vencer os três Degraus, isto é, o tempo de permanência no Grau 1, é que o Aprendiz
atingia o Pórtico e entrava na obra que se estava construindo.

Segundo a Escola Mística, os três Degraus demonstram os esforços que deverão ser desenvolvidos para
se passar aos três planos através dos quais se manifesta o Ser Humano ou Ternário Humano (Corpo, Alma
e Espírito).

Eles representam sucessivamente o plano físico ou material, o plano astral ou intermediário e o plano
psíquico, mental ou espiritual, que constitui a essência imaterial.

2.4.5 – O Pórtico

O Pórtico representa a entrada do Templo de Salomão, Símbolo da obra maçônica.

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Tal como Salornão edificou um Templo para adorar a Deus, os Maçons também se dedicam, como
Construtores Sociais, na construção de uma sociedade humana ideal, tornada perfeita pelo
aperfeiçoamento moral e intelectual.

O Pórtico é assim o umbral da Luz, a porta de entrada para o atingimento da Perfeição e o conhecimento
da Verdade. Ao adentrar no Templo, que representa o Universo, o Aprendiz torna-se apto, pelo estudo,
pelo trabalho, pela prática da filantropia, enfim, por uma formação moral e intelectual livre, a tornar-se
um verdadeiro Maçom.

2.4.6 – O Delta

O Delta é a quarta letra do alfabeto grego, representada como um triângulo eqüilátero, figura
considerada perfeita por ter seus ângulos e lados iguais.

É um dos Símbolos mais importantes e antigos utilizados para representar a Trindade Divina.

O Deita está sobre o Pórtico, como que para lembrar àqueies que o transpõem que, suas ações e
pensamentos deverão estar debaixo dos preceitos preconizados pelo L:. L?e que a busca da Perfeição e
da Verdade resultarão em um encontro com a Divindade.

2.4.7 – As Colunas “J” e “B”

Flanqueando o Pórtico, vemos no Painel duas Colunas de ordem Coríntia encimadas, cada uma delas, por
três Romãs entreabertas. No fuste da Coluna da esquerda está gravada a letra “J” e no da direita a letra
“B”

As Colunas "J" e "B", ou Colunas Vestibulares ou ainda Colunas Soisticiais, estão presentes em todos os
Templos Maçônicos e sua posição varia conforme o Rito.

No Templo de Salomão estas duas Colunas encontravam-se no vestíbulo, antes da entrada do Templo,
que ficava no Oriente e não no Ocidente como no Templo Maçônico e foram fundidas em bronze pelo
artífice Adonhiam

Na Coluna “J”, presidida pelo S?V?, sentam-se os Aprendizes e na Coluna B, presidida pelo P?V?, sentam-
se os Compnheiros.

As duas Colunas possuem um significado simbólico muito importante. Por enquanto, poderíamos dizer

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que elas representam os dois pontos soisticiais; representam os trópicos de Cáncer (B) e de Capricórnio
(J), com o Equador passando entre eles e se estendendo até o Deita, no Oriente;

2.4.8 – As Romãs

A Romã é o fruto da romãzeira (Punica granatum), arvoreta ou arbusto da família das punicáceas.

As Romãs semi-abertas nos capitéis das Colunas, divididas internamente por compartimentos cheios de
considerável número de sementes, sistematicamente dispostas e intimamente unidas, lembram a
Fratemidade que deve haver entre todos os homens e sobretudo entre os Maçons.

As Romãs representam, portanto, a Família Maçônica Universal, cujos membros estão ligados
harmonicamente pelo espírito de Ordem e Fraternidade.

As Romãs simbolizam também a Harmonia Social, pois só com as sementes juntas umas às outras é que
o fruto toma a sua verdadeira forma.

3 - Vocabulário

Retábulo - [Do esp. retablo.] S. m.


1. Construção de madeira, de mármore, ou de outro material, com lavores, que fica por trás e/ou acima
do altar e que, normalmente, encerra um ou mais painéis pintados ou em baixo-relevo.

4 - Bibliografia

- Ritual do 1º Grau - Aprendiz Adonhiramita


- G. O. B. – Edição 1999
- Instrução de Aprendiz
- Excelso Conselho da Maçonaria
- Dicionário Ilustrado de Maçonaria ( Simbologia e Filosofia)
- Sebastião Dodel dos Santos
- Simbologia Maçônica dos Painéis
- Almir Sant’Anna Cruz
- Os Painéis da Loja de Aprendiz
- Rizzardo Da Camino
- A Simbologia Maçônica
- Jules Boucher

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O Painel é um quadro que contém os símbolos alusivos ao grau
em que a Loja funciona e que deve estar exposto durante as
sessões. Sua origem remonta as primitivas Lojas Maçônicas, da
época em que ainda não existiam templos maçônicos (anterior a
1776), quando costumavam desenhar os símbolos no chão, com giz
ou carvão. Mais tarde, os símbolos passaram a ser pintados em
pedaços de pano e evoluíram até o quadro que vemos diante do
trono do venerável mestre.

A parte central do Painel reproduz o Altar dos Juramentos, sobre o


qual vê-se o Livro Sagrado aberto, firmadas suas páginas com as jóias
Esquadro e Compasso entrelaçadas. O Livro da Lei representa o código de
moral que cada um de nós respeita e segue. O compasso e o esquadro, que
só se mostram unidos em loja, representam a medida da justiça que devem
reger todos os atos de um verdadeiro maçom.
O piso ou Pavimento Mosaico é a base sólida para compreensão dos mistérios maçônicos.
Como num piano, seus quadrados brancos e pretos convivendo lado a lado nos mostram que, apesar das
diversidades de cores, raças e religiões, a humanidade foi criada para viver na mais perfeita harmonia, na
mais íntima fraternidade.
A orla dentada com suas borlas representa a Loja, ou seja, todos os irmãos inscritos em seu quadro.
Ela nos mostra o princípio da atuação universal simbolizada no amor, e nos lembra as quatro virtudes
cardeais: temperança, justiça, coragem e prudência.
No Painel vemos as “ferramentas e instrumentos de trabalho”, inclusive a Pedra Bruta e a Pedra
Cúbica. Essas ferramentas e instrumentos encontram-se em “descanso”, pois o trabalho “físico e
operativo” foi concluído para ceder lugar à ascensão.
Pedra Bruta recordará sempre em que condições o maçom se encontrava até atingir a posição
privilegiada de construir a obra espiritual. Simboliza a personalidade rude do aprendiz, cujas arestas ele
apara, e que lhe cabe disciplinar, educar e subordinar a sua vontade.
Também vemos no Painel três colunas, cada uma pertencente à ordem arquitetônica grega: a
Jônica para representar a Sabedoria, a Dórica significando a Força, e a Coríntia simbolizando a Beleza.
São os sustentáculos ou adornos das oficinas maçônicas.
Diz sobre elas o ritual: ‘Nossas lojas estão sustentadas por três grandes colunas: a sabedoria
personificada no Venerável para idear, a força – resentada no 1º Vigilante para suster, e a Beleza
figurada no 2º Vigilante para adornar. A sabedoria nos guia em todas as nossas iniciativas, a força nos
sustem em todas as nossas dificuldades, e a Beleza adorna o homem interno”. A Espada colocada ao pé
da primeira coluna não representa um instrumento de trabalho, mas sim de justiça e de defesa. O teto da
loja representa a abóboda celeste, significando o caráter de sua universalidade.
O caminho para atingir esta abóboda, isto é, o Céu, é representada pela Escada de Jacó. A escada
mística vista por Jacó em seu sonho - descrito no Livro do Gênesis, capítulo 28 - simboliza singelamente o

33
ciclo involutivo e evolutivo da vida, em seu perpétuo fluxo e refluxo, através de nascimentos e mortes a
desdobrar-se em hierarquias de seres, mundos, remos de vida e raças. Seus degraus são tantos quantas
são as virtudes necessárias ao aperfeiçoamento individual, e das quais as três principais são a Fé, a Espe-
rança e a Caridade, ali simbolizadas pela Cruz, a Ancora e o Cálice.
A altura do cálice e ao lado direito da escada, nota-se parte de um braço com a mão direita, prestes
a receber o cálice. E a mão simbólica do Grande Arquiteto do Universo a colher o sacrifício daquele que
se dispõe a galgar a escada.
A porta do céu, no topo da escada, vem representado por uma Estrela de Sete Pontas que esparge
múltiplos raios do infinito. Ela indica as sete principais direções em que se move lentamente toda a vida
até sua completa união com Deus. Também significa os sete raios ou emanações com que Deus encheu o
universo com a luz de sua vida (sete períodos ou dias).
As nuvens partem do piso de mosaico representando o limite entre a terra e o firmamento, entre o
finito e o infinito, tudo dentro de um mesmo Universo.
Entre as nuvens aparecem o Sol e a Lua. A lua, circundada por sete estrelas, representa os
luminares divinos sobre a terra, ou seja, sobre o homem e mais especificamente sobre o maçom. O sol
representa a principal luz da loja.
Simboliza a glória do Criador, generoso “doador de vidà’ nos dá o exemplo da maior e da melhor
virtude que deve encher o coração do maçom: a caridade.
Finalmente, nota-se no Painel da Loja de Aprendiz, ao centro de cada parte lateral da
Orla Dentada, as letras indicadoras dos pontos cardeais, significando que a
“mensagem” do painel ocupa todos os quadrantes da terra e que não fica restrita só
a uma loja.
Meus irmãos, mudarão as nações, os Idiomas, os costumes, entretanto, as verdades
eternas estarão sempre visíveis nos símbolos sagrados da Maçonaria para aquele que busca,
com sinceridade, o Grande Arquiteto do Universo.

O PAINEL DO GRAU DE APRENDIZ

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Em primeiro lugar gostaria de pedir aos poderosos irmãos a compreensão pelas
falhas que o presente trabalho apresentar, principalmente por estar ainda
aprendendo a soletrar as letras e envolvido na escuridão que emana do Norte, porém
vislumbrando a luz como fim último a ser atingido.

Antes de entrar no tema do trabalho, diretamente seria bom vermos alguns


conceitos de uma forma profana, antes de o conhecermos
pela visão maçônica.

Conforme no dicionário da língua Portuguesa vemos:

 Painel: pintura feita sobre tela, madeira, etc. , cena, espetáculo.

Já na maçonaria a definição desta palavra tem um


significado diferente e próprio com vemos a seguir:

No dicionário maçônico:

 Chama-se Painel a um quadro de pano, oleado etc., no qual são


pintadas gravuras ou bordadas as figuras que servem para a instrução Maçônica, e
que é exposto depois de aberto a Sessão e fechado ao serem encerrados os
Trabalhos.

Antes de tudo gostaria de falar um pouco da historia dos painéis pois, acho que
é importante para o entendimento do mesmo, para então poder descrever o painel
do grau de aprendiz.

As ilustrações aqui apresentadas não estão dispostas em ordem cronológica e


também não são todas do mesmo Rito

Nas Lojas primitivas, o Cobridor desenhava sobre o assoalho do local da


reunião um paralelogramo e dentro dele alguns Símbolos Maçônicos, que depois da
iniciação, o candidato devia apagar com balde e esfregão. Posteriormente, algumas
Lojas aboliram este método, adotando objetos de metal, representando os Símbolos,
que colocavam no assoalho e sobre os quais eram feitas as Instruções simbólicas e
morais.

O Painel representa o elo de união entre todos os Símbolos nele contidos. Há


necessidade de esclarecer suas origens e trazer um bom número de ilustrações,
pouco conhecidas dos Irmãos.

O desenho feito a Giz ou a Carvão no chão da Loja com o tempo foi estilizado,
foi sendo pintado ou bordado num pedaço quadrado de pano, que depois passou a ser
Lona, mais tarde Tapete, acabando por receber o nome de Painel.

Por certo, numa Loja qualquer num ponto


qualquer da Europa, um Irmão que era o
encarregado de desenhar o traçado da Loja no
início dos trabalhos e, no final da Reunião, pegar
um balde e um pano esfregão para apagar os
traços feitos no chão, cansado de, repetir a

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façanha, resolveu pintar aqueles emblemas num pedaço de pano ficando assim um
trabalho definitivo, passando a serem conhecidos como “panos de assoalho”.

Ao lado desenho de um tapete usado na França em 1740, numa Iniciação de


Aprendiz.

Por volta de 1730, a velha Loja “Brasão do Rei nº. 28”, foi presenteada com um
“Pano Pintado” representando “as diversas formas de uma Loja Maçônica” surgindo
então a certeza de que as Lojas nos seus três graus eram apresentadas de forma
diferentes. “Pano de Assoalho” era, aparentemente, pintado em um pedaço de Lona,
o “Pano de Assoalho”, nem sempre era colocado no chão. Muitas vezes era
pendurado na parede, ou mesmo colocado sobre a Mesa do Mestre, Nos dias de
Iniciações.

Como a Maçonaria na Europa cresceu desordenadamente, cada Loja era dona


de si mesma e vivendo em completa independência, assim como seus obreiros então
a variedade de painéis era muito grande. Cada Loja tinha
o seu. Como as cidades eram distantes, os países, embora
perto, não se entendiam muito bem. A intervisitação que
passou a ser um Landmark, era, deveras, muito difícil, por
isso mesmo, ocorrendo raramente.

Em 1808, um Irmão, pintou os três painéis com a


finalidade de uniformizar, de criar um Painel Padrão para
os três graus que então já era uma realidade em todas as
Lojas da Europa, mesmo para a dos Antigos que havia sido
Fundada em 1751, e que era muito tradicionalistas.

No Painel de Aprendiz, motivo deste trabalho, aparecem uma Chave, as Três


Ordens Arquitetônicas, Dórica, Jônica e Coríntia, também aparece o 47º Teorema de
Euclides, O Círculo com o Ponto no Centro; o Esquadro e o Compasso, entrelaçados.

Dez anos após 1818, outro Irmão pintou novo Painel que suprimiu alguns
Símbolos e acrescentou outros. A Chave desapareceu e apareceram uma Escada,
uma âncora, um Cálice, uma Mão e uma Estrela Flamejante no topo da escada.
Acrescentou ainda uma “Orla Dentada” e as iniciais dos Pontos Cardeais e as outras
Ferramentas constantes no Painel antigo foram distribuídas sobre o Pavimento
Mosaico. Outra coisa foi acrescentado um Altar, onde o Livro da Lei fica aberto.

A parte central do Painel, reproduz o Altar, sobre o qual, vê-se o Livro aberto,
firmadas as suas páginas com as jóias: Esquadro e Compasso entrelaçados. Nos
outros Painéis, também, existem nítidas diferenças, todavia sobre esses não vou
comentar, por serem de outros graus e para nosso estudo, o que interessa é válido
somente o Painel do grau de Aprendiz.

O Painel atual do Grau de Aprendiz, conforme é encontrado no ritual do REAA


de 1998 da GOB. ( será impresso pelo GOB e entregue as Lojas em futuro próximo,
devendo por ora ser usado o atual.)

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O Painel está “limitado” por uma moldura e nos quatro cantos, as Borlas, que
estão significando a limitação de nosso conhecimento; a compreensão dos aspectos
esotéricos é medida; não pode o Maçom ir além do que lhe convém pacientemente,
aguardar o progresso em estudo para conseguir atingir o significado do mistério.

Uma das interpretações mais usuais e errônea, é a de que cada degrau


significa o acesso do Maçom em sua trajetória hierárquica; assim, quando um
Aprendiz passa para o Companheirismo, dizem: “Atingiu mais um degrau da Escada
de Jacó”.

Neste ponto acho que faz necessário voltarmos aos Painéis antigos e esclarecer
que os mesmos apresentavam uma escada Celestial conhecida como a Escada de
Jacó, convencionou-se abrir o Livro Sagrado, onde está inscrito o Salmo 133, que é
lido em voz alta, pelo Oficiante.

Contudo, esse não seria o trecho adequado para a abertura, mas sim no Livro
do Gênesis, capítulo 28, onde vem descrito o sonho de Jacó, eis que o simbolismo
desse sonho está contido no Painel, que seria a “verticalização”, daquele sonho ou
visão.
Sonho e voto de Jacó em Betel. Jacó saiu de
Bersabéia e se dirigiu a Harã.
Chegou a um lugar onde se dispôs a passar a
noite, pois o sol já se havia posto. Pegou uma
das pedras do lugar, colocou-a como
travesseiro e dormiu ali.

Teve um sonho: Via uma escada apoiada no


chão e com a outra ponta tocando o céu. Por
ela subiam e desciam os anjos de Deus. No
alto da escada estava o Senhor que lhe disse:
“Eu sou o Senhor, Deus de teu pai Abraão, o
Deus de Isaac. A ti e a tua descendência darei
a terra sobre a qual estás deitado. ....”.

Ao despertar Jacó disse consigo: “Sem dúvida


o Senhor está neste lugar e eu não sabia”. ...

“como é terrível este lugar! Isto aqui só pode


ser a casa de Deus e a porta do céu.

No texto bíblico não vêm referidos dimensões e números; certamente, a Escada


por onde a Corte Celestial transitava, deveria ser adequada à importância do evento;
Jacó provavelmente viu uma Escadaria majestosa, ampla e longa, sem fim, que
atingia os Céus.

Não nos esqueçamos, porém, que “dentro de nosso Templo interior” também,
há um Painel “vivo”, onde podemos, em companhia dos Anjos, lado a lado, transitar
pela Escada de Jacó.

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Como ainda não temos literatura especifica do novo painel do grau de Aprendiz
( 1998), farei a partir daqui uma discussão de todas as partes dos painéis utilizados
para o grau de Aprendiz, para entendermos sua simbologia parte a parte.

A escada desenhada no Painel, apenas “sugere” o meio para alcançar um lugar


elevado; de nada valeria representar uma Escadaria, porque
mais majestosa que fosse, jamais alcançaria a representação
da realidade.

No Painel, foi posteriormente, colocado sobre a Escada,


a presença do Cristianismo; vemos a Cruz, a Âncora e o Cálice.

A Âncora não é símbolo maçônico; ele aparece tão


somente no Painel do Grau de Aprendiz, e tem o mesmo
significado cristão, ou seja; a Esperança.

Quanto a Cruz e o Cálice, têm interpretação sólidas; a


Cruz além de ser um símbolo de redenção, é a formação
através de quatro ângulos retos; o Cálice, além de
representar a profecia da presença do sacrifício, é a Taça Sagrada do Cerimonial
Maçônico.

A Escada na parte esotérica, impulsionada pela presença do Painel, interpreta-


se como sendo, cada Maçom presente à Sessão, o próprio Israel, a contemplar a
movimentação dos Anjos e o mais importante será aceitarmos a “presença’ desses
seres alados que nos indicam onde está a “Porta dos Céus”, onde surge a Luz entre
as nuvens que a esconde aos olhos dos profanos.

No Painel, vemos as “ferramentas e os instrumentos de trabalho”, inclusive a


Pedra Bruta.

Essas ferramentas e instrumentos, encontram-se em “descanso”; eles estão


presentes mas estáticos, pois o “trabalho físico e operativo” foi concluído para ceder
lugar à ascensão.

Eles estão presentes no Painel, porque sempre pode surgir a possibilidade de


um retorno ao trabalho; o trabalho dignifica e por simples que seja, como Operário
ou mestre, ele alimenta o Maçom para robusteça o espírito e lhe dê “forças” para
escalar a Escada.

A Pedra Bruta, recordará, sempre em


que condições o Maçom se encontrava,
até atingir a posição privilegiada de “construir”
a obra espiritual.

Vê-se no Painel, o piso de mosaicos,


base sólida para a compreensão dos mistérios
maçônicos, filosóficos, operativos e esotéricos.

No Painel da pagina anterior vemos as três


colunas cada uma pertencente à ordem arquitetônica grega, representando a

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Venerança no seu tríplice aspecto de Ven∴ Mest∴, 1º e 2º VVig∴, numa
demonstração de Poder Hierárquico que representa a proteção para cada Irm∴ e a
direção que cada um deverá seguir.

A Espada colocada ao pé da Primeira Coluna, não representa, como não o é, um


instrumento de trabalho, mas sim de Justiça e de defesa.

A Porta do Céu, vem representada por uma Estrela de sete pontas que esparge
múltiplos raios no Infinito; o Sol e a Lua, essa circundada por sete estrelas,
representam os Luminares Divinos sobre a Terra, ou sobre o homem e
especificamente, sobre o Maçom.

As nuvens partem do piso de mosaicos, representando o limite entre a Terra e o


firmamento, entre o finito e o infinito, tudo dentro de um mesmo Universo.

À altura do Cálice, e ao lado direito da Escada, nota-se parte de um braço com


a mão direita, prestes a receber o Cálice.

É a mão simbólica do Grande Arquiteto do Universo, a colher o sacrifício


daquele que se dispõe a ‘subir” pela Escada.

A Orla Dentada, com suas Borlas, representa a Loja, ou seja, a todos os


inscritos em seu Quadro, presentes ou ausentes.

Finalmente, nota-se no Painel da Loja de Aprendizes, ao centro de cada parte


lateral da Orla Dentada, as letras indicadoras dos Pontos Cardeais, significando que
a “mensagem” do Painel da Loja ocupa todos os quadrantes da Terra e que não só
fica restrita a uma Loja.

Recentemente o Painel Simbólico da Loja de Aprendiz, sofreu algumas


mudanças no decorrer do tempo, como já foi descrito anteriormente (segundo novo
Ritual de 1998 da GOB).
O Painel da Loja de Aprendiz mostra o pórtico e as
colunas vestibulares, simbolizando a entrada do Templo; a
Pedra Bruta, a pedra Cúbica e a prancha de Traçar, símbolos
dos três Graus simbólicos, respectivamente; o Compasso e o
Esquadro entre cruzados, o Nível e o Prumo, simbolizando as
três Luzes da Oficina, Ven∴, 1º e 2º VVig∴, respectivamente;
o Maço e o Cinzel, instrumentos de trabalho do Apr∴, no
desbastamento da Pedra Bruta; três janelas, simbolizando a
marcha do Sol; o Corda de Nós, com o simbolismo já
abordado; e uma Orla Denteada - enquadrando todo o
conjunto - que simboliza os opostos (como o Pavimento de
Mosaicos). O Painel alegórico do grau mostra,
principalmente, a Escada de Jacob, já referida, com os
símbolos das três virtudes, subindo ao céu e encimada por uma estrela heptagonal;

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nela aparecem, também, outros símbolos já descritos e conhecidos no Grau de
Aprendiz, sendo, o conjunto, também enquadrado pela Orla Denteada.

Gostaria, ao encerar este pequeno estudo sobre o Painel, de dizer que as Lojas
deviam, a exemplo do passado, dar prioridade ao estudo desses Símbolos do Painel,
aos neófitos, para um melhor aprendizado

Bibliografia
 Carvalho, A. - Símbolos Maçônicos e Suas Origens - Editora A Trolha Ltda.

 Camino, R. Da - O Aprendizado Maçônico - Editora A Trolha Ltda.

 Castellani, J. - Cartilha do Aprendiz - Editora A Trolha Ltda.

 Ritual (REAA) 1º grau - Aprendiz

 A palavra de Deus ilustrada - Bíblia Sagrada.


 Apostila de Normas e Procedimentos Ritualísticos - REAA

O Patrono São João

Ao ter ingressado na "Arte Real" já vislumbrava descobertas de crescimento interior e de aprimoramento


pessoal decorrentes do aprendizado constante dos simbolismos maçônicos, perante a nossa oficina de
aprendizes e, em especial, em nossa Loja Estrela de Araçá N.º 43, neste Oriente de Marí, o que se torna a
cada dia mais agradável.

Dia após dia me são grandiosos os conceitos e ensinamentos aprendidos e apreendidos com os Irmãos,
em Loja, em sociedade ou através da leitura do Ritual do Aprendiz Maçom, Grau 1, do Rito Escocês Antigo
e Aceito, que sempre trago comigo, e que é verdadeira fonte de riqueza para o aprimoramento do
maçom, nos conduzindo para a lapidação da pedra bruta que somos nós.

Contudo, convidado a apresentar meu trabalho em loja, neste dia, me foi sugerido, por oportuno, a
possibilidade de falar sobre o Patrono da Maçonaria, que é São João.

Desde então, me coloquei a repensar a história de São João, o homem-símbolo, que veio ao mundo para
anunciar o filho do Grande Arquiteto do Universo, enfrentando as desigualdades de sua época, pregando
o batismo para perdão dos pecados, aconselhando a todos da necessidade de se dar para receber, tal
qual se traduz, do Livro Sagrado, quando ele ao falar as turbas dizia: "Quem tiver duas túnicas, reparta
com quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo". Aos publicanos dizia: "Não cobreis mais do que
o estipulado". E, ainda quando falava aos soldados dizia-lhes: "A ninguém maltrateis, não deis denúncia
falsa e contentai-vos com o vosso soldo".

Da história bíblica, temos o conhecimento de que mesmo sendo um homem justo, não foi bem visto por
muitos dos potentados de sua época. Desta feita é que por ordem do rei Herodes, São João foi lançado ao
cárcere.

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A causa de ter sido levado ao cárcere deveu-se ao fato de ter censurado a Herodes quando levou por sua
mulher a esposa de seu irmão Felipe, a qual se chamava Herodias. Ao dizer a Herodes: "Não te é lícito
possuir a mulher de teu irmão", ganhou para si o rancor de Herodias, que sabendo ter Herodes por São
João, certa reverencia, por ele ser justo e santo, se aproveitou do dia natalício de Herodes, quando este
em festa, ao ficar envaidecido por ter-lhe a filha de Herodias para ele dançado, jurou-lhe que daria a ela
tudo quanto pedisse, e até a metade de seu reino. Desse fato, e tendo a filha perguntado à mãe o que
haveria de pedir, Herodias viu o momento de matar a João Batista, pois ele a tinha censurado. Foi daí,
que sua filha, atendendo a sua indicação, disse a Herodes: " Quero que me dês agora mesmo, numa
bandeja, a cabeça de João Batista". E, dessa forma foi João Batista degolado, mas seu santo nome e sua
forma justa de ser, permanecem como exemplo até hoje.

Mas, como surgiu o nome de São João para a Maçonaria?

Desde nossa iniciação, sentimos a curiosidade de perguntarmos tudo quanto vimos e sentimos naquele
momento de obscuridade e de ansiedade. Me recordo que ao me deparar pela primeira vez com o
simbolismo da decapitação de João Batista, me veio primeiro o anseio de entender, de perguntar, de
investigar sobre tão marcante visualização.

Hoje, após ter lido sobre o histórico de tão palpitante assunto e simbolismo, cheguei a apurar que tudo
teve origem nas características nitidamente cristãs da Maçonaria, no ocidente e em particular, nas
Américas.

A grande influência da Igreja, devido justamente à construção de Templos dedicados ao Senhor, nos
trouxe a remota origem da construção do Templo de Jerusalém, quando o rei Salomão transformara-se em
um dos principais marcos da Maçonaria.

Com o advento do Cristianismo e as perseguições dos primeiros séculos, pareceu que a Maçonaria se
perdera, mas eis que ressurge com entusiasmo como necessidade para que o Cristianismo não corresse o
risco de desintegração. Daí surgindo as confrarias, as comunidades religiosas, que tomavam por
recomendação as palavras do Nazareno, que ensinava:"Vivei em comum, amai-vos uns aos outros".

Daí, dessa vida em comum, onde se reuniam em catacumbas, ou em Igrejas, em sua maioria humildes e
ocultas, onde para viverem em segurança lançavam mão de sinais, do sigilo, das palavras de passe;
tinham por costume consagrar tais locais aos irmãos mártires, por eles considerados santos.

Teria surgido o primeiro nome: São João Batista, de tão grande memória, o primeiro decapitado, tanto por
ter sido primo de Jesus, como porque fora quem o precedera na anunciação da vinda do Messias.

Da mesma forma, já no século II, o Colégio de Artífices de Roma, abraçou o cristianismo e adotou sem
vacilação, como patrono, o nome de "São João Batista", e, diga-se de passagem, que foi desse Colégio de
Artífices, instituído por Numa Pompílio, que se tem notícias de ter mantido a Maçonaria em grande
evidência. Era a confraria da profissão mais sofisticada da época - Arte Real, pois a palavra maçom em
sua origem, significa "pedreiro" "construtor", "artífice", e a estes, em Roma eram os responsáveis pela
construção dos palácios, dos belos templos, de todo o tipo de colunas, das quais a Maçonaria mantém
dentre seus símbolos, três tipos de colunas, representantes das três importantes Ordens Arquitetônicas
de todos os tempos: a Dórica, a Jônica e a Coríntia; pois todas as confrarias surgidas na época, eram
compostas somente de arquitetos ou de construtores, os obreiros mais hábeis, os artesãos.

Encontramos ainda, ao rebuscarmos a história dos primeiros três séculos da era cristã, que não existia
qualquer constrangimento entre cristãos e artífices, quando se uniam para exercer a arte de construir e
edificar, de modo que, eram nos conventos e Igrejas daqueles tempos, que se tinham abrigados os
cristãos e os artífices, quando surgiam lutas e perseguições.

Mas, o curioso ocorreu no século X, quando o nome de São João passou a ser sinônimo de Maçom.

O porque de tal transformação decorreram pelos seguintes fatos de sua origem: era Judeu e filho de um
sacerdote, Zacarias, nasceu do "sopro divino", precursor do cristianismo, retirado do deserto durante
trinta anos, alimentando-se de frutos silvestres, mel e gafanhotos, e por fim, decapitado porque ousou
enfrentar a licenciosidade de um potentado, mesmo assim pode ser aceito por cristãos e judeus.

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Assim, nos ensina o iluminado irmão maçom Rizzardo da Camino, em sua obra intitulada "Introdução à
Maçonaria", que a grande influência do judaísmo e do cristianismo na Maçonaria está sem sombras de
dúvidas insculpidas nos próprios ritos, na história e na tradição.

A "Francomaçonaria de São João", segundo Rizzardo, passou a ser uma denominação única e, que mais
tarde veio a ser denominada simplesmente de Maçonaria. Foi quando a história nos conta, que já na
idade média, as corporações dos construtores tomou vulto jamais esperado, deixando sua posição
iniciática, para uma posição operativa.

Operativa porque sentiram naqueles tempos, a necessidade de construir não só os belos monumentos de
arte, construídos de pedra e que enfeitaram a Europa, mas "reconstruir" o próprio homem, este ser que,
apesar de tudo quanto fora construído, permanecia como sendo o elemento mais belo e precioso, fruto
perfeito da criação do Grande Arquiteto do Universo.

Assim, mais uma vez nos deparamos com o simbolismo necessário à sobrevivência das confrarias quer de
maçom pagão, quer de maçom voltado ao cristianismo. E este símbolo do maçom recente ficou
representado pelo nome de SÃO JOÃO, que a partir daí passou a ter o significado de Homem universal,
isto é, um em diversos, e que o Astro Rei, o Sol, sempre o iluminou. O Sol que proporciona vida,
fecundidade e calor. O Supremo Construtor, seu Deus.

Temos ainda que, os maçons pagãos acreditavam na presença fiscalizadora de um ser supremo que
denominavam de JANUS, aquele que guardava as "Portas dos Céus" e, que se traduz como JOÃO.

Desta aceitação de São João como o referencial, vê-se também pela própria história, a existência de certa
acomodação às tradições, já que até mesmo a festa do solstício, que fora dedicada a Janus, ficou
conhecida e dedicada a São João.

Portanto, a tradição autoriza a confirmar que Jano ou Janus fora o padroeiro dos maçons pagãos e com o
advento do cristianismo, a substituição fora comodamente aceita por todos.

Enfatizamos o fato de que existem outros JOÃOS, que são cultuados em várias partes do mundo inteiro.
Mas, para dirimir as dúvidas, solucionando a permanente confusão, sobre o culto a qual João a ser
cultuado; acertaram que o patrono da Maçonaria seria aquele que tivesse as qualidades do predecessor
de Jesus Cristo, o JOÃO BATISTA. Por isso passou-se a aceitar como nome símbolo, o nome daquelas
pessoas, benfeitores ou santos, que tiveram o nome e eram conhecidos por JOÃO, tais como: São João
Evangelista, São João da Escócia, São João de Boston, São João o Esmoleiro, entre outros.

Concluímos, portanto, que qualquer que tenha sido o "João" cultuado ou indicado como patrono maçom,
além do nome, todos tiveram reconhecidos, por suas ações em vida, a grande semelhança com SÃO JOÃO
BATISTA, o predecessor do Grande Mestre Jesus Cristo.

Referências Bibliográficas:

1 - A BÍBLIA SAGRADA - Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Ver. E Atual. no Brasil. 2ª
ed. São Paulo-SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.

2 - RITUAL DO APRENDIZ-MAÇOM - Grau 1 - Rito Escocês Antigo e Aceito. João Pessoa-PB: Editora
Universitária/UFPB, 1992.

3 - CAMINO, Rizzardo da. INTRODUÇÃO À MAÇONARIA. 3º vol. Parte Filosófica, 2ª ed. - Rio de Janeiro-RJ:
Editora Aurora, S/D.

OBS: ESTE TRABALHO NOS FOI ENVIADO VIA INTERNET POR E-MAIL PELO IR.’. JOSÉ EDUARDO – M.’.M.’.

O PRINCÍPIO DA UNIDADE

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A Primeira Lei ou Princípio, cujo reconhecimento caracteriza e distingue constantemente ao Verdadeiro
filósofo iniciado, é a da Unidade do Todo ou, como diziam os antigos: "En to Pan" - "Uno o Todo". O Todo é
Uno em sua Realidade, em sua Essência e Substância íntima e fundamental; tudo vem da Unidade; tudo
está contido e sustentado pela Unidade; tudo se conserva, vive, é e existe na Unidade; tudo se dissolve e
desaparece na Unidade.

A Unidade está simbolizada naturalmente pelo ponto, origem da linha reta, do círculo e de toda figura
geométrica (o ponto superior que refletindo-se em seu aspecto dual, representado pelos dois pontos
inferiores, forma os três pontos ( que caracterizam os maçons).

O Ponto, enquanto simboliza a Unidade, é um centro, o Centro do Todo, o Centro Onipresente, no qual
estão contidos, em sua totalidade e unidade, o espaço, o tempo e todas as coisas existentes. Não tem
lugar onde não se encontre e que não seja uma manifestação ou aspecto parcial desta Sublime Unidade
que constitui a Eternidade e o Reino do Absoluto.

Este Todo, é evidentemente, o ser, isto é, o que é Ego sum qui sum; heis aqui a definição da Realidade
que constitui o Grande Todo, a Essência e Substância de todas as coisas, potencialmente contido em todo
"ser" e parcialmente manifestado em toda existência, e no qual vivemos, nos movemos e temos nosso
ser.

O conhecimento do Uno (um conhecimento que para ser tal deve superar a ilusão da dualidade, entre
"sujeito conhecedor" e "objeto conhecido", que é a base de todo conhecimento ordinário) é o objeto
supremo de toda filosofia e de toda religião: todo conhecimento relativo que se funde neste
reconhecimento da Unidade do Primeiro Princípio que tem sua base na Realidade; toda ciência ou
conhecimento que dele se descuidar, não será a verdadeira ciência nem o verdadeiro conhecimento, uma
vez que descansa fundamentalmente na ilusão.

Conhecer a Unidade do Todo, é pois, conhecer a Realidade, "o que é" verdadeiramente; e não reconhecê-
la, ou admitir implicitamente que pode haver dois princípios fundamentais e antinômicos, ou que não há
unidade e identidade fundamental entre duas coisas ou objetos em aparência diferentes, significa viver
ainda no Reino da Ilusão ou na aparência das coisas e não saber discernir entre o real e o ilusório.

A Luz Maçônica consiste neste discernimento fundamental, que nos faz progredir constantemente em
inteligência desde o Ocidente, que é o Reino da Ilusão, da Multiplicidade e da Aparência, em direção ao
Oriente, que é o Reino do Real, da Unidade e do Ser. No Ocidente vemos o Uno manifestado na
diversidade de seres e coisas diversas, sem aparentes laços ou relações entre si, enquanto que no
Oriente reconhecemos a Unidade na multiplicidade (Unidade essencial, substancial e imanente, numa
multiplicidade aparente, contingente e transitória) e o laço ou relação interior que unifica a multiplicidade
exterior.

Cada ponto do espaço é um centro e um aspecto do Ser, um Centro ou aspecto desta Unidade, da que
tende a reproduzir em si mesmo as infinitas potencialidades. Assim pois, no infinitamente pequeno está
contido o Mistério do Todo e do Infinito, e em cada aspecto do Ser, existem indistintamente todas as
possibilidades do Ser e da Unidade.

BIBLIOGRAFIA: Livro de Aprendiz Maçom-Rei Salomão

O Ritual Maçônico

Dessa forma, alguns IIr.’. pensam que como a Maçonaria no pas-


sado atuou politicamente na Independência do Pais, na libertação dos
escravos e vários outros movimentos deve continuar sua ação
unicamente política, assim, após galgarem um local de destaque na

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Loja e na sociedade, pensam em lançarem-se a concorrer a um cargo
eletivo no Município; os que conseguem um destaque Maçônico no
Estado, geralmente pensam num cargo eletivo estadual ou até para a
Câmara Federal; trabalhando seu período eletivo ou de nomeação
Maçônico, com o objetivo de vencer na eleição profana, pensando em
utilizar os IIr.’., e não ser úteis a eles.
Outros menos ambiciosos, mais sociais, fazem da Loja um clube de
amigos, voltados para o “bem estar” dos IIr.’. que fazem parte do
quadro, promovendo um jantar após a reunião semanal, ou um lauto
jantar mensal reunindo também cunhadas e sobrinhos para um melhor
entrosamento de todos os participantes da Loja e na grande maioria
das vezes não levam em consideração que fazem parte de um grande
conjunto (a Maçonaria é Universal), e vivem como um caracol, somente
dentro de sua casa, não participando das reuniões de outras Lojas.
Outros, que são mais exclusivistas, quase não participam de nada e
só cumprem com sua presença na reunião, chegando em cima da hora
de começar e saindo rapidamente após o término, sem falar sobre
aqueles que fazem proposições impossíveis de realizar-se não houver
um grande envolvimento e dedicação de inúmeros IIr.’., e acabam
estes, os propositores, tirando o corpo fora dizendo não ter tempo
disponível.
Outros, buscam estudar com seriedade, tentando entender o que se
faz na e para que serve a Maçonaria, o porque das contradições
existentes e as várias interpretações sobre um símbolo, andando
muitas vezes por caminhos tortuosos, um verdadeiro labirinto; que
quando acha a saída fica numa imensa dúvida: este é o correto?
Numa rápida estatística, podemos afirmar que de cada 10 ini-
ciados, apenas 2, estarão após cinco anos, frequentando com razoável
assiduidade. Não importando a Potência a que pertençam.
Concluímos que a instrução é fundamental para o conhecimento do
que se pratica nas reuniões; caso estas sejam superficiais não conse-
guiremos despertar no recém iniciado, o interesse de estudo profundo.
Resultando um Ir:. que não frequentará assiduamente as reuniões, pois
não sabe o que exatamente significa tudo aquilo que está praticando,
até que seja desligado ou peça seu desligamento.

Geralmente, não levamos em consideração que: SÓ AMAMOS O QUE


CONHECEMOS E ENTENDEMOS; assim, valorizamos a Arte Real,
proporcionalmente à importância dada.

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O Ritual tem tudo o que precisamos saber sobre Maçonaria, sem
instruí-lo a respeito da técnica ritualística, sem mostrar o que re-
presenta e de que forma devemos utilizá-lo como um meio, é o mesmo
que mandar uma criança nadar dizendo que é só movimentar os braços
e as pernas. O que teremos como resultado é alguém debatendo-se
insistentemente sem sair do lugar que entrou.
Lamentavelmente, isto acontece com muitos IIr.’., batem-se e
debatem-se sem encontrarem a técnica da prática ritualística, pois exe-
cutam o ritual sem serem convenientemente instruídos, orientados
para a importância da ritualística e o modo de praticá-la COMO UM
MEIO E NAO UM FIM, e, acontece o pior, cansados e percebido que não
saíram do lugar que entraram (falando de desenvolvimento interior, de
entendimento do praticado: pois se visualizarmos que do primeiro grau
passamos para o segundo, é um progresso, podemos chegar ao
terceiro, ou até ao trigésimo terceiro, mas se não soubermos o que
representa, não houve evolução), assim, cansados de ver e ouvir
sempre a mesma ‘‘coisa” sem entender, pedem seu “Quite”.
Quando participamos do Ritual Maçônico, em nossas mentes
surgem perguntas, tais como: Por que o Alt.’. do V.’. M.’. deve ser
retangular? Por que velas e quando devem ser acesas? Que represen-
tam os DDiac:. e seus bastões? Tendo luz em todo o Templo, por que
este ou aquele lado é escuro? Por que só o Ir:. 2º Vig:. pode chamar os
OObr:. para o trabalho? E mais uma infinidade de questionamentos.
Para nossa mente, analizando de uma forma crua e objetiva, tudo
isso não passa de objetos e de algumas palavras ou ações sem impor-
tância ou fundamento. Porém, se virmos neles aquilo que representam,
que simbolizam, então, eles se transformam realmente em elementos
necessários à Divina Química da Transformação, em Alquimia Mental,
em um meio para atingir o fim desejado com muito Amor.
Temos ouvido falar que o Ritual Mágico deve ser praticado dentro
de um círculo para ter mais eficiência, mais força consequentemente
melhor resultado.
O Templo é este circulo, e como ele, representa também o homem,
cada um de nós é um círculo menor. Trabalhamos em conjunto com
todos dentro do Templo, mas, principalmente, dentro do espaço
Interior em cada um de nós, no Templo Interno.
Quando na ritualística, é pronunciado: Achando-se a Loja
regularmente constituída, invoquemos o G:. A:. D:. U:. (observem IIr:.
que até esta etapa, o que fizemos pelos próprios atos ritualísticos, foi

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uma preparação de harmonia interna para poder fazer a invocação).
Assim, executanto o acendimento das LLuz:., estamos invocando a
presença desta Grande Luz, Força, Presença Pai - Mãe em todos os seus
aspectos dentro do círculo - Templo, do círculo - homem. Não deixamos
nada dessa Força fora do circulo, unindo-nos, assim, a todo o Universo,
pois, quando somos absorvidos em Sua Consciência, tornamo-nos como
Ela.
Executando com toda nossa vontade, com todo nosso Coração -
Amor e toda nossa mente, o Ritual de elevação, de amor de integração;
cada pensamento, cada gesto transforma-se numa força poderosa; e se
nossa mente e nossa vontade permanecem sempre dirigidas para a
perfeição, então cada célula do nosso corpo responderá a esse estimulo
e, nós, o Divino Alquimista, transformaremos o material bruto do
homem comum, no ouro de um Ser Superior.
Esperamos ter criado uma imagem nítida da importância da
ritualística com um meio de elevação, tendo sempre em consideração
que a Loja representa o homem, o Globo Terrestre e o Universo, e no
Ritual Maçônico há uma harmonia completa entre os três.
O “homem” quando teve conhecimento de que sua separação com o
Divino era inevitável e o ensinamento das Verdades Eternas, pela
separação, deixariam de ser ensinadas diretamente aos que se fariam
merecedores, buscou expressá-las através dos Símbolos Sagrados e do
Ritual, proporcionando um caminho estreito, mas seguro, a
consciência humana de compreendê-lo e aplicá-lo.
Assim, quando o Maçom procura individualmente atingir o G:. A:.
D:. U.’., está gerando uma força construtiva, mas só entre ele e o G:.
A:., enquanto que, no Ritual, os pensamentos e aspirações de todos os
participantes, unido-se ás forças da Natureza e energias Divinas, criam
um poderoso e concreto vórtice para o Bem, um pensamento absoluto,
que atrai para a Terra a Glória do Criador.
Essa é a diferença. Individualmente, o Maçom une-se ao G:. A:. D:.
U:. através do centro cardíaco, e cada um deve esforçar-se para realizar
esse contato direto. O Maçom, porém, participando do Ritual, ele ajuda
a gerar uma força redentora para toda a Humanidade.
Mudarão as noções, os idiomas, os costumes, entretanto as
Verdades Eternas estarão sempre visíveis nos Símbolos Sagrados da
Arte Real para aquele que busca o G:. A:. D:. U:..

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O SAL E O ENXOFRE
Uma vasilha de sal e uma de enxofre encontram-se também sobre a mesa,
junto com o pão e a água. Ainda que o primeiro seja habitualmente conhecido
como um condimento, sua associação simbólica com o segundo não deixa de
parecer algo estranho e misterioso. O que significam pois, estes dois novos
elementos, este novo casal hermético, que se une ao anterior?

Trata-se de um novo tema de meditação que é apresentado ao candidato,


sobre os meios e elementos com os quais deve se preparar para uma nova
Vida, iluminada pela Verdade e concebida, ativa e fecunda com a prática da
Virtude, a que se referem o Enxofre e o Sal em sua mais elevada acepção.

Como tal, indica o primeiro a Energia Ativa, que se torna a Força Universal, o
princípio criador e a eletricidade vital que produzem e animam todo
crescimento, expansão, independência e irradiação. Enquanto que o segundo
é o princípio atrativo que constitui o magnetismo vital, a força conservadora e
fecunda que inclina à estabilidade e produz toda maturação, a capacidade
assimilativa que tende para a cristalização, o princípio da resistência e a
reação centrípeta que se opõe à ação ativa da força centrífuga.

Assim pois, da mesma maneira que no pão e na água vimos os dois aspectos
da Substância cósmica e vital, nestes dois novos elementos temos os dois
aspectos ou polaridades da Energia Universal, dirigido o primeiro de dentro
para fora, aparecendo exteriormente como direito (ou destro), e o segundo de
fora para dentro, manifestando-se como esquerdo (ou sinistro).

São respectivamente, rajas tamas - os dois primeiros gunas (ou qualidades


essenciais) da filosofia hindu -, e o impulso ativo que produz toda mudança e
variação, e engendra no homem o entusiasmo e o amor à atividade, o desejo e
a paixão. A tendência passiva para a inércia e a estabilidade é inimiga de
mudanças e variações, produzindo em nosso caráter, firmeza e persistência, e
com seu domínio da mente, a ignorância, a inconsciência e o sentido da
materialidade, que nos prendem às necessidades e preocupações exteriores e
aos instintos destinados à proteção da vida em suas primeiras etapas.

O primeiro nos impele constantemente para cima e para a frente, anima-nos e


nos dá firmeza em todos nossos passos, dá-nos o ardor, a iniciativa, o espírito
de conquista, a vontade e a capacidade de satisfazer nossos desejos e
conseguir o objetivo de nossas aspirações; mas, dá-nos também, a

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inquietude, a inconstância e o amor das mudanças e novidades, a
impulsividade que nos inclina para ações inconsideradas, fazendo-nos
recolher frutos maduros e perder os melhores e mais desejáveis resultados de
nossos esforços.

O segundo é aquele que nos refreia e desalenta; faz com que nos recolhamos
em nós mesmos, dá-nos o temor e a reflexão, faz-nos abraçar e estabelecer
igualmente o erro e a verdade, os hábitos viciosos e virtuosos faz-nos fiéis e
perseverantes, firmes em nossa vontade e tenazes em nossos esforços; dá-
nos a capacidade de atrair aquilo com o que estamos interiormente
sintonizados por nossos desejos, pensamentos, convicções e aspirações. Dá-
nos a desilusão e o discernimento, afasta-nos das mudanças e de toda ação
irrefletida, mas também, de todo progresso, esforço e superação.

São as duas colunas ou tendências que se achar constantemente ao nosso


lado, em cada um de nossos passos sobre o caminho da existência, e nossa
felicidade, paz e progresso efetivo baseiam-se em nossa capacidade de
manter em cada momento um justo e perfeito equilíbrio entre estas
tendências opostas, conservando-nos a igual distância de uma e de outra,
sem deixar que nenhuma das duas adquira um predomínio indevido sobre
nós, mas que trabalhem em perfeita harmonia, dando-nos, cada uma delas,
suas melhores qualidades: o ardor reflexivo e a paciência iluminada, o
entusiasmo perseverante e a serenidade inalterável, o esforço vigilante e a
firmeza incansável, que também simbolizam sobre a parede da câmara, o galo
e a clepsidra.

O SALÁRIO DO APRENDIZ

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O salário que o Aprendiz recebe, como resultado de seus esforços, à
semelhança do salário percebido pelo obreiro como prêmio e compensação
de seu trabalho, deve ser objeto de uma especial consideração.

Os antigos obreiros recebiam, além dos víveres em espécie, um soldo ou


compensação em dinheiro para comprar o sal e outras coisas de que
necessitavam; daqui vem o nome de salário. Mas talvez não seja
completamente estranho o fato de que, em termos de salário do Aprendiz
estes o recebam na Coluna B. a qual corresponde ao princípio hermético
feminino do sal, do qual já falamos anteriormente.

O Aprendiz recebe o salário depois de realizado o seu trabalho, aproximando-


se da Coluna B. Isto significa que o iniciado somente consegue obter o
resultado de seus esforços quando se aproxima do reconhecimento do
Princípio da Onipotência, expresso pelo sentido da Palavra que é o próprio
nome desta coluna e que, como dissemos, significa: "Na Força".

Em outras palavras, o Aprendiz progride, e neste progresso recebe a


compensação de seus esforços, conforme se aproxima, como fim de seus
estudos e deduções, a este reconhecimento vital que realiza o primeiro dever
de seu testamento; isto é, na medida da Fé que desenvolve no Princípio da
Vida e em seu poder, como coluna ou sustentáculo de sua vida individual.

O progresso do Aprendiz está caracterizado pelo desenvolvimento desta Fé e


confiança no Princípio Espiritual da Vida, no qual temos nossa origem, que
nos criou ou manifestou (como diferentes expressões individualizadas de seu
Ser ou Realidade, divididas e separadas na aparência, mas intimamente
unidas e inseparáveis em essência e realidade), que continuamente nos
sustentam, guiam e dirigem para o desenvolvimento e a expressão das mais
elevadas possibilidades que ainda se encontram em estado latente em nosso
ser.

Esta fé, própria de quem se iniciou no conhecimento do Real que se esconde


atrás da aparência exterior ou visível das coisas - e que não é fé cega, uma
vez que se baseia na própria consciência da realidade -, é algo desconhecido
para o profano, escravo da ilusão dos sentidos, que confunde a aparência
com a realidade, e não o tendo reconhecido (por não Ter podido adentrar à
sua consciência), nega a existência de um Princípio Espiritual como Causa
Imanente e Transcendente da realidade visível.

Não pode obter-se este conhecimento, esta convicção que é um estado


interior, sem o estudo, o trabalho e a perseverança: A Fé iluminada de que

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falamos, é pois, um verdadeiro salário, fruto ou resultado de longos e
persistentes esforços sobre o Caminho da Verdade, depois de temo-nos
despojado de todas as superficialidades, crenças positivas e negativas, erros
e prejuízos do mundo profano.

Assim, estabelece o iniciado uma relação iluminada com o Princípio da Vida,


cuja realidade reconheceu em sua consciência, relação que tem sua base no
reconhecimento expresso pela própria Palavra Sagrada, que será daqui para
frente, uma verdadeira coluna na qual pode apoiar-se com toda confiança e
que o suporta em suas dúvidas e vacilações.

O Salmo 133
Para que o aprendiz - Maçom compreenda perfeitamente o caminho que deve
trilhar na Maçonaria e para que ele possa crescer, é necessário explorar esse caminhos com passos
firmes e precisos, é extremamente necessário que assimile os ensinamentos constantes no “Pre-
âmbulo da Maçonaria”, de nosso guia de Ritual e Instruções de Aprendiz - Maçom, que em suas
primeiras linhas diz o seguinte: “A Ordem Maçônica é uma associação de homens esclarecidos e
virtuosos, que se consideram irmãos entre si, e cujo fim específico é viver em perfeita igualdade,
intimamente ligados por laços de recíproca estima, confiança e amizade, estimulando-se uns aos
outros na prática da virtude, esclarecendo e preparando humanidade para sua emancipação
progressiva e pacífica”. “E um sistema moral, velado por alegorias e ilustrado por símbolos, cujo obje-
tivo é incutir nos homens a luz espiritual e divina, invocando sempre o Grande Arquiteto do Universo,
para torná-los dignos de si mesmos, da Família, da Pátria e da Humanidade”.
Como toda organização de homens, que têm como objetivo um fim especifico, a Maçonaria
tem alguns princípios fundamentais, que devem ser observados. Um destes princípios diz respeito às
Três Grandes Luzes Emblemáticas, que são o Esquadro, o Compasso e o Livro da Lei Sagrada, sempre
presentes em nossos trabalhos, sobre o Altar dos Juramentos. São estas três grande luzes que devem
orientar o Maçom, tanto nos trabalhos em Loja, como em sua vida diária no mundo profano.
Símbolos de profunda significação, sua utilização é calcada em sólidos fundamentos
históricos e místicos. O Esquadro e o Compasso, símbolos da medida justa que deve reger nossas

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ações, nos ensinam a não nos afastarmos da Justiça e da Retidão. Simbolizam a arquitetura, a
extensão, a maçonaria, pois são os instrumentos básicos de traçar o projeto do Arquiteto. É o
emblema da Obra Acabada do Grande Arquiteto do Universo, pois une o “Justo” e o “Perfeito”.
A origem de utilização do Esquadro e do Compasso como símbolos maçônicos
remonta há vários séculos antes do nascimento de Cristo, quando Platão, sábio grego,
expressou a seguinte conclusão: “Deus é o Geômetra que opera sempre, no Universo”.
Com este postulado, criam-se os instrumentos utilizados pela Maçonaria para simbolizar
o trabalho a ser executado na realização do plano elaborado pelo G A D U que é a
criação e o desenvolvimento do Universo, e dos povos que nele habitam. Plano este que
somente será concluído com “Sabedoria, Força e Beleza”, características que devem
sempre acompanhar um Maçom.
De igual importância, o Livro da Lei Sagrada representa o Código de Moral que cada
um de nós deve respeitar e seguir. É o Guia Espiritual que nos aperfeiçoa; é a fé que nos
anima. E a revelação da Lei Divina Imutável e é o símbolo da sabedoria cósmica. O Livro
a ser aberto em Loja é o Livro Sagrado de qualquer religião, e no caso do Rito Escocês
Antigo e Aceito, praticado no Brasil, o livro utilizado é a Bíblia Sagrada Cristã. Há em seu
conteúdo certas passagens de extraordinária força moral, que agem como um
verdadeiro apelo à razão humana. Dentre essas inúmeras mensagens, a mais invocada
e mais importante de todas é o SALMO 133, de Davi, que abre nossos espíritos, ao
iniciarmos nossos trabalhos, em Loja. E é sobre o Salmo 133 que conduziremos daqui
por diante este nosso trabalho.

O SALMO 133, DE DAV

“1. Oh! Quão bom o suave é que os Irmãos vivam em união!


2. É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce para a barba, a barba de
Aarão, e desce para a gola de suas vestes.
3. E como o orvalho de Hermon, que desce sobre os montes de Sião. Porque ali
ordena o Senhor sua bênção, e vida para sempre!”

Esses versos simbolizam a excelência da união fraternal. A pesar de não encontrarmos na


Bíblia nenhuma para referência expressa a respeito de Maçonaria, é justamente em seus livros que va-
mos achar o nosso modelo físico e o nosso motivo moral. David, antecessor e Salomão no reino Judeu,
ao escrever o Salmo 133, sintetizou em seu conteúdo o requisito básico para o desenvolvimento da
Maçonaria.
Ao expressar e invocar a União entre os Irmãos como sendo gesto bom e agradável, o
Salmo mostra que o verdadeiro Maçom pratica o bem, e leva sua solidariedade aos necessitados, na
medida de suas forças, repelindo com naturalidade o egoísmo e dedicando-se a felicidade de seus

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semelhantes, não por obrigação, mas porquê esses sentimentos formam a qualidade que o faz filho de
Deus e Irmão de todos os homens.
Num sentido mais filosófico e psicológico, nosso próprio corpo físico individual é composto
por vários outros corpos, da natureza sutil, através dos quais nossa partícula divina, nosso Deus
interno se manifesta em suas múltiplas personalidades, para poder difundir sua força e vontade em
nossa pessoa. Assim, é necessário que esses vários corpos convivam em harmonia como irmãos vindos
de uma mesma força, de um mesmo Pai, para que o nosso Deus interno se manifeste com perfeição.
O livro da Lei Sagrada representa o código moral.
A Força e a vontade que Deus manifesta nos homens para cumprir o Seu ideal, é com
certeza o “Óleo precioso” que há em nossa cabeça. Nos trabalhos em Loja, quando todos os Irmãos
estão unidos em um só pensamento, harmonizados e concentrados no Ritual, esse “Óleo precioso
“vem até nossas cabeças, e vamos recebendo gradativamente a Energia Divina em nosso Deus
interno.
barba de Aarão e para a gola das suas vestes, vai tomando-se clara a interpretação do
Salmo. A barba é a figura simbólica do Verbo, da palavra de Deus. E branca como a
neve e projeta uma sombra mais escura que a noite, E o elo que une um ouvido ao
outro e estes à boca, de onde saem as palavras que dão vida a luz e ás almas. As
vestes representam o nosso corpo físico, a nossa parte externa, que é substituída pelo
Senhor, quando necessário, tal qual fazemos com nossas roupas.
Nesse trecho do Salmo, há a ligação do Livro da Lei Sagrada, o Esquadro e o Compasso.
Para que mereçamos receber em nosso corpo o Energia Divina, precisamos agir conforme os
ensinamentos transmitido pelo significado do Esquadro e do Compasso, ou seja, com retidão e justiça.
Portanto, o “óleo precioso” (a Energia Divina), antes de encharcar nossas vestes (antes de recebermos
essa Energia), derrama-se sobre as golas das mesmas (a gola, sendo a parte superior das vestes,
representa nossa cabeça, que é o receptor das emanações vindas de manifestação de Deus, e que dis-
tribui essas emanações ao resto de nosso corpo em forma de energia).
Apenas como referência histórica, Aarão era irmão de Moisés, e foi o primeiro Sumo-
Sacerdote de Israel. Para ser reconhecido como tal, levou-se em consideração sua união com a
maioria dos Judeus, seus irmãos, e o sábio conhecimento de que era detentor, para poder orientar e
conduzir o povo de Israel. Há nesse contexto, a ligação simbólica entre Mão e o Grão-Mestre de nossa
Ordem,
O significado do 3° Verso do Salmo 133 é o mesmo do verso anterior, porém de amplitude
mais generalizada. Enquanto o 2º Verso aplica-se somente aos homens individualmente, o 3º Verso
atinge a todo o Universo.
Sião era uma região da Antiga Palestina, cujo ponto mais elevado era a montanha Hermon,
com 2770 metros de altura. Por ser considerada uma região sagrada, havia em suas encostas vários
Templos religiosos. Dali partiam os ensinamentos de Deus para todas as regiões do mundo conhecido.
O orvalho é uma substância tênue, que vai lentamente condensando-se até formar a água
(que é considerada o líquido da vida, a origem de todos os seres do Universo). Neste Verso, o orvalho

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é interpretado como o palavra de Deus, a Energia Divina.
Ao se formar nos altos de Hermon (considerado como o próprio Céu, pois não
enxergava-se o seu pico), e descer sobre a região de Sião, atingindo a todos os Templos
e transformando-se em água, percebe-se claramente o que Davi tenta nos mostrar. A
Palavra de Deus, os ensinamentos do Grande Arquiteto do Universo, que nós Maçons,
devemos seguir para realizar com perfeição a nossa Obra, chega até nossas cabeças
como o orvalho chega aos montes de Sião.
Cabe a nós, com retidão e justiça, transformá-lo em ações (a água da vida), para difundi-lo
entre todos os homens do mundo, nossos Irmãos.
Cada Templo fincado nas encostas do montes de Sião representa nosso
Templo individual, nosso corpo. Hermon é o Céu, pois ali o senhor ordena a Bênção e a
Vida para sempre.

O Sentido Oculto da Presença do “Olho” Divino

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O sentido oculto da presença do olho, não se restringe, tão simplesmente, a uma presença
simbólica de Deus.
Os nossos rituais “usam” a presença do “olho” divino, normalmente no grau de Aprendiz na
abertura dos trabalhos.
Sabemos que, o Venerável Mestre ordena ao Primeiro Vigilante que cumpra seus dois
deveres, único Oficial que possui deveres a cumprir dentro da ritualística de abertura.
Respondendo a pergunta feita pelo Venerável o Primeiro Vigilante diz: “Verificar se o Templo
está coberto”.
Verificar e ver, são sinônimos.
Aqui não se trata de ver se a porta do templo está fechada ou se não há indiscrições
estranhas, mas sim se há plena “harmonização” entre os presentes. Se o “Templo” que é a
nossa divindade individual se encontra “a coberto”, isto é, isolado das influências profanas,
se o nosso “ser”, a nossa “espiritualidade” o nosso mundo “intimo”, esta puro e livre de
pensamentos profanos ; se , realmente, estamos acreditando no que fazemos; se nos
encontramos com disposição de “obedecer”, crescer espiritualmente, nos alimentar e
sobretudo, estamos em plena harmonia com o Grande Arquiteto do Universo.
O Primeiro Vigilante, usará seu “olho” espiritual para a verificação que lhe foi ordenada.
A tarefa e função do Primeiro Vigilante torna-se um desempenho diferente daquele feito
pelos demais oficiais e dignidades. Ele deverá saber “Ver” através do “Olho” simbolizado no
Delta para dar a resposta certa.
A Segunda pergunta, o Primeiro Vigilante responderá: Verificar se todos os presentes são
maçons”.
Esta verificação é mais transcendente, ainda, porque o Primeiro Vigilante terá a
responsabilidade da resposta.
Como distinguir um profano de um maçom? Só por que lhe foi permitida a entrada no
Templo? Só porque conhece a palavra de “passe”, alguns sinais de reconhecimento e as
primeiras letras do currículo maçônico?
Obviamente que não. Um maçom deverá ser reconhecido, sobretudo, pelo seu aspecto
espiritual, sua identificação perfeita com os símbolos de harmonização com o “Olho” inserido
no Delta Luminoso!
Temos portanto, várias funções que emanam do “Olho” sagrado.
A função dos olhos dentro da ritualística maçônica assume relevante importância, bastando,
ao observador, analisar todo e qualquer movimento dentro da Loja compreendendo o seu
significado e a sua simbologia.
Nas cerimônias de iniciação, o que notamos desde o início? Que o candidato é mantido de
olhos vendados.
Nesta situação de cego é que será introduzido dentro do Templo, onde, apenas, ouve a
primeira parte do cerimonial.

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O simbolismo de sua cegueira não é difícil de compreender, pois o homem no mundo, apesar
de julgar-se capacitado plenamente, sempre perambulará cego, indo de encontro às
adversidades sem prevê-las, esbarrando nos obstáculos e assim, sofrendo.
O simbolismo da iniciação deve despertar naqueles que já passaram por ela, a recordação de
que antes, viviam na escuridão para assim, poderem apreciar o conforto que a Luz traz a
todos.
Ninguém dá valor aos olhos, porque julgamos normal enxergar. Mas que perde os olhos, sabe
avaliar o verdadeiro alcance da visão.
Ser cego fisicamente conduz a um estado de retraimento e melancolia.
O que dizer então, da cegueira espiritual?
Se para enxergarmos corpos diminutos necessitamos do auxílio de lentes; se para
enxergarmos à distância, precisamos de aparelho eletrônicos (televisão), o que nos reserva o
futuro no sentido de vermos além dos planos físicos e penetrarmos nos planos da mente, da
consciência, do cosmos e diretamente do desconhecido, que é Deus?
O insistente “olhar” que nos vem do Delta Luminoso, é uma lição constante de que atrás
daquele “Olho” encontra-se um Ser.
Nós não enxergamos porque temos visão, mas sim, porque nosso organismo humano em seu
todo está capacitado a desempenhar a função de ver, ou seja viver através dos sentidos de
que somos dotados.
Despertar estes sentidos. Pô-los em funcionamento. Valorizar, assim o complexo humano, é a
missão da Maçonaria.

SIGNIFICADO DA CÂMARA

A Câmara de reflexões, como o seu nome o indica, representa antes de tudo


aquele estado de isolamento do mundo exterior que é necessário para a
concentração ou reflexão íntima, com a qual nasce o pensamento
independente e é encontrada a Verdade. Aquele mundo interior para o qual
devem dirigir-se nossos esforços e nossas análises para chegar, pela
abstração, a conhecer o mundo transcendente da Realidade. É o "gnothi
seautón" ou "conhece-te a ti mesmo" dos iniciados gregos e hindus, como
único meio direto e individual para poder chegar a conhecer o Grande Mistério
que nos circunda e envolve nosso próprio ser.

Isto, e a cor negra do quarto, trazem-nos à mente a antiga fórmula alquímica


e hermética do Vitríolo: "Visita Interiora Terrae, Rectificando Invenies
Occultum Lapidem", Visita ao interior da Terra: retificando encontrarás a
pedra escondida". Isto é: desce às profundezas da terra, sob a superfície da
aparência exterior que esconde a realidade interior das coisas e a revela;
retificando teu ponto de vista e tua visão mental com o esquadro da razão e o
discernimento espiritual, encontrarás aquela pedra oculta ou filosofal que
constitui o Segredo dos Sábios e a verdadeira Sabedoria.

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A representação da Verdade final e fundamental por uma pedra, não
demonstra nada de estranho se imaginarmos que deve constituir a base sobre
a qual descansa o edifício de nossos conhecimentos, que transformar-se-á na
Igreja ou Templo de nossas aspirações, e o critério ou medida sobre a qual, e
a cuja imagem, devem enquadrar-se ou retificar-se todos os nossos
pensamentos.

Os ossos e as imagens da morte que se encontram representadas nas paredes


da câmara, além de indicar a morte simbólica que é pedida ao candidato para
que complete seu novo nascimento, mostram os fragmentos esparsos e
desunidos da Realidade morta e dividida na aparência exterior, cuja Vida e
Unidade ele deverá buscar e encontrar interiormente, reconhecendo-a sob a
aparência e dentro dela.

O Significado dos Símbolos Maçônicos


É importante lembrar que todos os símbolos mencionados não podem ser traduzidos em palavras e que
cada palavra, por si só, já é um símbolo, que há de servir apenas de inspiração para a correta análise do
simbolismo maçônico.

ACÁCIA: (do grego Akakia, árvore que significa a inocência) representa a inocência ou pureza, a
segurança e a certeza. Foi um ramo de acácia que os companheiros de Hiram Abiff encontraram no seu
túmulo improvisado. Corresponde à murta de Elêusis, ao visco dos Druidas e ao buxo dos Cristãos.

AÇO: símbolo da força.

ÁGUA TOFANA: símbolo do desprezo dado ao maçom que não cumpre o seu dever.

ALAVANCA: emblema da força moral, da perseverança, do poder da vontade; um dos instrumentos


simbólicos, passivos, do grau de Companheiro, que deve ser associado à régua, instrumento ativo.

AMPULHETA: emblema do tempo e da morte.

ÂNCORA: emblema da esperança, uma das virtudes necessárias ao aperfeiçoamento


do homem e da estabilidade.

ANEL: emblema da aliança, do acordo firmado entre partes.

ÂNGULO RETO: símbolo da virtude e da conduta do bom maçom. A posição dos pés, estando à ordem,
no grau de Aprendiz, é em ângulo reto e assim também deve ser o seu passo.

ARCO-ÍRIS: símbolo da aliança entre Deus e o homem.

AVENTAL: elemento principal e essencial das insígnias maçônicas, símbolo do trabalho, tanto físico,
como intelectual e moral. O avental é geralmente composto por um retângulo (alusivo à forma do Templo
de Salomão), a que se sobrepõe uma abeta triangular. No 1º grau (Aprendiz), a abeta acha-se levantada,
ao passo que em todos os demais
graus, ela se dobra para baixo. O retângulo do avental pode também mudar de forma, nomeadamente
para hexágono e para semicírculo. As suas dimensões, cores e decorações variam com os graus, as
funções, os ritos, as obediências e a própria história.

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AZEITE: símbolo da paz, da caridade, da abundância e da fecundidade. Pode ser usado como
combustível na iluminação das lojas, em vez das velas e dos círios.

BALANÇA: símbolo da Justiça.

BILHA DE ÁGUA: Simboliza a hospitalidade e a frugalidade que devem caracterizar o maçom.

BOI: símbolo da força e do trabalho.

CHAVE: símbolo da fidelidade e da discrição e, como tal, emblema do Tesoureiro de todas as lojas e ritos
maçônicos.

CINZEL: símbolo do discernimento e dos conhecimentos adquiridos mas, também, da força, da


tenacidade e da perseverança. O seu uso representa, para o Aprendiz, o aperfeiçoamento e o
conhecimento de si próprio. Representa o passivo, indissociável do malhete, o ativo.

CÍRCULO: símbolo da livre criação, do infinito e do universo, visto não ter começo nem fim e resultar
apenas de um ponto central (o homem), que o traça utilizando um instrumento (o compasso) cujo raio é o
limite dos seus conhecimentos, da sua iniciativa e da sua ousadia.

COLMÉIA: símbolo do trabalho coletivo e da solidariedade; como tal, simboliza o trabalho maçônico.

COLUNAS J e B: símbolos dos limites do mundo criado, da vida e da morte, do elemento masculino e do
elemento feminino, do ativo e do passivo, significam, respectivamente, Jakin e Bohaz.

COMPASSO: símbolo do espírito, do pensamento nas diversas formas de raciocínio, e também do relativo
(círculo) dependente do ponto inicial (absoluto). Os círculos traçados com o compasso representam as
lojas.

CORAÇÃO: símbolo do amor altruísta e da fidelidade.

CORDA: símbolo da humildade e da escravidão em que se encontra um candidato a determinado grau,


até o receber.

CORDÃO: também chamado cordão nodoso e cordão do amor, corda com 12 nós e borlas nas
extremidades, que se coloca em geral ao longo da parte superior de qualquer templo, junto ao teto.
Simboliza a união fraterna entre maçons, a cadeia de união que os liga indissoluvelmente. Os 12 nós
aludem aos 12 signos do Zodíaco, haja vista que o cordão, delimitando e rodeando o templo, se
interpreta também como a eclíptica desse mesmo universo. Simbolizam igualmente os marcos ou pilares
que fazem conservar no seu lugar certo os elementos do templo e, por extensão, os componentes do
universo.

COROA: símbolo da majestade, do poder, da glória e do triunfo.

CRUZ: símbolo do cosmos, pela combinação do horizontal com o vertical e, por analogia, do próprio
templo; do ponto de vista cristão, simboliza a imortalidade e a ressurreição; os quatro elementos (ar,
água, fogo e terra).

CUBO: isoladamente, o cubo simboliza a estabilidade; maçonicamente, simboliza, além disso, a obra-
prima que o Aprendiz deve começar a preparar, trabalhando na pedra bruta e, portanto, a perfeição, a
realização espiritual e de si mesmo. Associado à esfera, o cubo simboliza a totalidade das coisas, o
universo, representando ele próprio a Terra. Associado à pirâmide quadrangular, o cubo simboliza a pedra
por excelência.

DELTA: triângulo luminoso, símbolo da força expandindo-se; distingue o Rito Escocês Antigo e Aceito.

ESFINGE: Emblema do segredo maçônico e a quádrupla divisa exigida ao maçom "saber" (cabeça
humana), "ousar" (garras de leão), "poder" (corpo de leão ou de touro) e "calar" (mutismo da expressão) -
os quatro pilares do templo de Salomão.

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ESPIGA: Símbolo da fecundidade e da universalidade do espírito, bem como da indestrutibilidade da
vida.

ESQUADRO: Resulta da união da linha vertical com a linha horizontal, é o símbolo da retidão e também
da ação do Homem sobre a matéria e da ação do Homem sobre si mesmo. Significa que devemos regular
a nossa conduta e as nossas ações pela linha e pela régua maçônica. Emite a idéia inflexível da
imparcialidade e precisão de caráter, simboliza a moralidade.

FERRO: símbolo dos trabalhos do mundo.

FIO DE PRUMO: tal como na Maçonaria operativa o fio de prumo serve para verificar a vertical correta
de qualquer lugar, na Maçonaria especulativa o fio de prumo simboliza a profundidade e a retidão do
conhecimento, sem quaisquer desvios. E tal como, entre pedreiros, o fio de prumo, associado ao nível e
ao esquadro, permite construir com perfeição um edifício, da mesma forma, entre os pedreiros-livres,
aqueles objetos são indispensáveis à perfeição do indivíduo. O fio de prumo é o elemento ativo, de
movimento e ação, que se associa ao nível, elemento passivo, de inércia e repouso.

FLOR: As principais flores usadas na simbologia maçônica são:


Flor (amarela) da acácia - emblema da imortalidade da alma e da luz, sendo os espinhos emblema dos
raios do Sol.
Cravo (vermelho) - emblema do Amor, muitas vezes oferecido pelos maçons às pessoas que amam.
Rosa (vermelha) - mesmo significado do cravo vermelho; significa também paixão, dor e martírio.
Rosa (combinada com a cruz) - símbolo do Homem-Deus que existe em cada homem.
Rosa (branca) - emblema da alegria e pureza.
Rosa (amarela) - emblema da união.
Rosa (negra) - emblema do silêncio.
Lis (vermelho) - emblema da realeza e da autoridade.

FOGO: símbolo que representa a fonte de energia necessária a qualquer grande obra, o amor profundo
pelo próximo e o ardor ou entusiasmo por tudo o que é nobre e generoso. Na cerimônia da Iniciação,
representa a purificação espiritual.

FOICE: emblema do tempo e da morte.

GALO: símbolo da ousadia e da vigilância, da representação do mercúrio

INCENSO: símbolo da pureza de intenções, o incenso, ao lado de outros perfumes, pode utilizar-se em
cerimônias variadas.

LÁGRIMAS: símbolo de luto e de tristeza.

LÂMPADA: símbolo de fonte de luz.

LEÃO: símbolo da força, do valor e do caráter.

LUVAS: emblema da pureza, quer no sentido lendário, de não participação no assassínio de Hiram, quer
no sentido moral, de não participação nos vícios do mundo profano, as luvas brancas são um dos
elementos do vestuário maçônico, usadas na maioria dos graus.

LUZ: conhecimento que se recebe ao entrar na Maçonaria, quer do ponto de vista racional e moral, quer
simbólico, e cuja intensidade aumenta à medida que se sobe na hierarquia dos graus. A luz maçônica
opõe-se às trevas do mundo profano.

MACHADO: símbolo do poder, da vontade, da autoridade e da destruição da ignorância.

MALHETE: pequeno martelo, emblema da vontade ativa, do trabalho e da força material; instrumento de
direção, poder e autoridade.

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NÍVEL: ferramenta utilizada na Maçonaria operativa e, simbolicamente, pela Maçonaria especulativa
também. Servindo para reconhecer se um plano é horizontal e sem acidentes, simboliza a igualdade
social, indicando que os direitos dos homens são os mesmos.

OLHO: o olho inscrito no delta ou triângulo luminoso simboliza o Sol visível, fonte de luz e da vida;
simboliza igualmente o Verbo, o princípio criador, a presença onisciente de Deus, a onisciência da razão
superior, onisciência do dever e da consciência. Corretamente desenhado, o olho não deve ser direito
nem esquerdo, mas impessoal e abstrato.

OLIVEIRA: símbolo da vida e da prosperidade na paz vitoriosa.

OSSOS: emblema da morte, da degradação e da renúncia. Na Câmara de Reflexões, indicam ao futuro


maçom que se deve desprender das ossadas terrenas, da putrefação do túmulo, para nascer de novo.

PÃO: emblema do alimento do espírito (com sal), da hospitalidade e (com a água) da frugalidade,
existente na Iniciação para meditação do candidato a maçom. Indica-lhe a simplicidade que deverá
nortear a sua vida futura.

PAVIMENTO EM MOSAICO: chão em xadrez de quadrados pretos e brancos, com que devem ser
revestidos os templos; símbolo da diversidade do globo e das raças, unidas pela Maçonaria; símbolo
também da oposição dos contrários, bem e mal, espírito e corpo, luz e trevas.

PEDRA BRUTA: símbolo das imperfeições do espírito do profano que o maçom deve procurar corrigir e,
também, da juventude, caracterizada pelo domínio das paixões e dos impulsos, a pedra bruta apresenta-
se como um bloco tosco de pedra colocado junto da coluna dos Aprendizes. A tarefa destes últimos
consiste em desbastá-la até à conversão em pedra cúbica, isto é, em aperfeiçoarem o espírito e em
saberem controlar as paixões.

PEDRA CÚBICA: símbolo da obra-prima que o Companheiro deve procurar realizar pelo aperfeiçoamento
de si mesmo e o controle das paixões e dos impulsos, e também símbolo da idade madura, mais serena e
calma, a pedra cúbica apresenta-se como um bloco de pedra bem talhada e polida, colocada junto à
coluna dos companheiros. A sua forma termina, geralmente em pirâmide. Na pedra cúbica estão, muitas
vezes, inscritos emblemas diversos da ciência
maçônica.

PENTAGRAMA: estrela pentagonal, também chamada pentalfa, é o emblema da natureza e do homem


que nesta se insere. As cinco pontas iguais correspondem à cabeça e aos quatro membros do ser
humano. Colocada na parede do Oriente das lojas simbólicas, por cima da cadeira do Venerável.

POMBA: emblema da força da natureza ou da virgindade.

PONTE: símbolo da livre passagem.

PUNHAL: instrumento de vingança simbólico contra os traidores.

RAIOS: os raios que saem do delta resplandecente simbolizam a glória divina ou, num sentido
racionalista, a glória da razão e da verdade.

RÉGUA; Instrumento ativo, simboliza a retidão, a precisão na execução, o método, a lei justa, o
aperfeiçoamento de toda a construção. Simboliza ainda o infinito, visto permitir traçar a linha reta, sem
princípio nem fim. Associa-se à alavanca, instrumento passivo.

SAL; símbolo da hospitalidade, da ponderação e da estabilidade que devem caracterizar o maçom.

SANGUE: símbolo do sacrifício e da punição.

SOL:símbolo da luz, tanto física como espiritual e, também, da vida, da saúde, do equilíbrio, da força, do
pólo ativo. O Sol desempenha um papel de relevo na emblemática maçônica, estando presente na
decoração das lojas, no painel do Aprendiz, na linguagem e no conteúdo dos rituais, na fixação das
grandes festividades.

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TEMPLO: simbolicamente, o templo é o objetivo da construção do maçom e do trabalho da Maçonaria.
Representa, assim, o Homem perfeito, a Humanidade ideal do futuro e, por extensão, a paz, a harmonia,
a liberdade, a igualdade e fraternidade, o bem, em suma, o conjunto de todas as virtudes maçônicas.
Simultaneamente, microcosmo e macrocosmo, as dimensões do templo são infinitas: do ocidente ao
oriente, do setentrião ao meio-dia, do nadir ao zênite

VINHO: símbolo da inteligência.

O SOL E A LUA

O Sol e a Lua são as duas luminárias. O Sol, ativo, fica à direita e


a Lua, passiva, à esquerda. Fica assim marcada a oposição do Sol e da
Lua, protótipos do simbolismo universal.
Na loja, os trabalhos são abertos simbolicamente ao meio-dia,
quando o Sol está no zênite, e fechados à meia-noite, quando ele está
no nadir. Nesse momento, supõe-se que a Lua esteja em seu pleno
esplendor.
As três Luzes da loja são o Sol, a Lua e o seu Mestre. O Sol
corresponde ao Orador enquanto que a Lua ao Secretário. Quanto aos
dois Vigilantes, lembremo-nos que estão relacionados com o Prumo e o
Nível, atributos de suas funções.
Definimos perfeitamente o simbolismo do Sol e da Lua: “O Sol é o
vitalizador essencial, o Pai, de uma generosa fecundidade. Sem ele
não existiríamos. Por ele é que somos. Não existe a haste de uma
erva, não existe uma bactéria ou um elefante que não estejam sujeitos
a sua lei, que não lhe devam a vida. Sua influência é, portanto, a
imagem vital, a influência expansiva. Ele dá o equilíbrio, a saúde, o
desenvolvimento. Ele glorifica, fortalece. Ele é o princípio ativo”.
“A lua tem um papel extremamente complexo. Como lunária, é o

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reflexo do Sol e, como ele, tem um sentido de saúde. Quando está em
oposição ao Sol no zodíaco, ela atinge sua plenitude. Ela se levanta
quando ele se põe e, durante toda a noite, toma o seu lugar. Em
contrapartida, quando passa entre o Sol e a terra, ela nos mostra sua
face escura. Mas, pouco a pouco, seu crescente se amplia e ela volta
novamente a sua plenitude. A Lua é o princípio passivo que recebe e
reflete. Ela depende ao mesmo tempo da Terra e do Sol; ela re-
presenta a imaginação e a sensibilidade. O Sol corresponde ao
elemento Fogo; a Lua ao elemento Agua. No simbolismo hermético, o
Sol é relacionado com o Ouro e a Lua com a Prata”.
A Lua é considerada ‘benéfica’ em sua fase crescente e ‘maléfica’
em suas fases descendentes.
É impossível examinar aqui todo o que diz respeito aos dois
luminares, mas bastam estas linhas gerais para que se compreendam
a grandiosidade destes dois astros.

O Surgimento
das
Grandes Lojas no Brasil
Extraído do "Vademecum da Regularidade Maçônica", publicado, em 1982,
pela Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil (CMSB)

A história da Maçonaria no Brasil, no que se refere às atividades das Grandes Lojas Estaduais
Soberanas, está íntima e indissoluvelmente ligada à história do Supremo Conselho do Rito
Escocês Antigo e Aceito, podendo, para tanto, ser sintetizada em três períodos.

I Período
Lojas Selvagens
Chamavam-se Lojas "Selvagens" aquelas existentes no País, ao tempo em que a Sublime
Instituição ainda não havia sido organizada em Potências Maçônicas como hoje ocorre. Essas
Lojas, em quase sua totalidade, não se identificavam publicamente com o nome de Loja
Maçônica. Ocultavam-se sob os títulos de clubes literários, grêmios, etc., para escapar à
perseguição tenaz que lhes era movida pela Inquisição e autoridades coloniais. Reconhece-se, no
entanto que existe muita lenda e controvérsia em torno dessas Lojas.

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II Período
Grande Oriente do Brasil e Supremo Conselho Confederados
A partir de 1822 termina o período das Lojas "Selvagens" e três delas se reúnem para fundar o
grande Oriente do Brasil, o qual mais tarde, sofreu uma cisão, separando-se dele uma parte
ponderável que se constituiu em outra Potência com o nome de Grande Oriente Brasileiro.
Seguiram ambas o Rito Moderno, inspiradas no sistema do Grande Oriente de França.
A história do Rito Escocês Antigo e Aceito no Brasil tem que se desintegrar da história do Grande
Oriente do Brasil até o ano de 1864, pois que até esta data o que existia de Escocismo dentro
desse Corpo era irregular, clandestino, espúrio. Seu Supremo Conselho, fundado irregularmente,
patenteado por um Corpo irregular, não fora até aquela data reconhecido como legítimo por
nenhum outro Supremo Conselho. De 1864 para cá, confunde-se a história dos dois Corpos,
porquanto foi naquela data que os remanescentes dos Supremos Conselhos, legítimos de
Montezuma e David Jewett, fundiram-se com o irregular do Lavradio, dando-lhe a regularidade de
que era carecedor.
A história, pois, do Rito Escocês Antigo e Aceito no Brasil, pode ser dividida em três períodos: o
primeiro, de 1832 até 1864, quando viveu inteiramente separado do Grande Oriente do Brasil; o
segundo, de 1864 a 1926, quando o Supremo Conselho viveu confederado ao Grande Oriente do
Brasil; e o terceiro, de 1926, quando rompeu-se a confederação, até os dias de hoje. Esses três
períodos se caracterizam perfeitamente pela organização maçônica em nossa terra. No primeiro,
coexistiam o Supremo Conselho, tendo sob sua jurisdição o Simbolismo e o Grande Oriente do
Brasil, potência do Rito Moderno exclusivamente a princípio, depois adotando outros, vários,
inclusive o escocês, para o qual criou um Supremo Conselho irregular; no segundo período, a
fórmula de potência mista - Grande Oriente do Brasil e Supremo Conselho, confederados; no
terceiro, enfim, o Supremo Conselho, reconhecendo plena soberania ao Simbolismo, autoriza a
formação das Grandes Lojas em todos os Estados da Federação.
Conforme é do conhecimento geral, o primeiro Supremo Conselho, que existiu trabalhando
integralmente sob a fórmula adotada nas Constituições de 1786, foi o de Charleston, nos E.U.A.,
constituído em 1801. A este seguiu-se o de França, em 1804. A situação dos dois países em
matéria maçônica era muito diferente. Nos E.U.A. estavam todas as Lojas Simbólicas reunidas sob
a jurisdição de Grandes Lojas Soberanas, formadas nos diferentes Estados da Federação.
Na França, existia o Grande Oriente trabalhando no Rito Francês, com sete graus, fruto da cisão
havida no seio da Grande Loja de França. Essa é a razão da não existência, nos E.U.A. de Lojas
Simbólicas sob a jurisdição dos Supremos Conselhos lá existentes, o mesmo sucedendo no
Canadá, na Escócia, na Irlanda, na Inglaterra, ao passo que na França e nos países latinos, que
sempre lhes seguiram a orientação maçônica, os Altos-Corpos Escoceses abrangiam ainda o
Simbolismo.
E, assim, se conservam as Lojas Simbólicas por muitos anos, até, com o correr dos tempos, o
Simbolismo, que sempre foi a força dinâmica da Maçonaria, pugnar pelo seu direito de se dirigir,

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de se governar, de decidir, ele próprio, os negócios da competência das Lojas, sem intervenção
dos Supremos Conselhos, aos quais as Grandes Constituições só garantiam a exclusividade nos
graus filosóficos.
O Brasil entrou nessa corrente. Formando o seu Supremo Conselho por Montezuma, que conhecia
o escocismo através da orientação francesa, com Cartas-Patentes da Bélgica ao ser criado,
encontrou dois corpos maçônicos, ambos trabalhando no Rito Moderno: o Grande Oriente
Brasileiro e o Grande Oriente do Brasil. Assim, Montezuma teve de criar não só os corpos
destinados à prática dos graus filosóficos, mas ainda a dos graus simbólicos que não existiam no
Rito Escocês.
Fundado, portanto, o Supremo Conselho, em 12 de novembro de 1832, a ele se agregaram mais
tarde os Supremos Conselhos que, embora com autorização legal, haviam sido irregularmente
criados pelo Irm.'. Marechal João Paulo dos Santos Barreto, com Carta-Patente do Supremo
Conselho de França e pelo Ir.'. Contra-Almirante David Jewett, com Carta-Patente do Supremo
Conselho Jurisdicional Sul dos E.U.A..
Sobre a existência do Supremo Conselho Jewett, há muitas dúvidas, acreditando-se realmente
que ele nunca tenha chegado a ser instalado, tanto que na fundação do Supremo Conselho
Montezuma, Jewett aparece como eleito para Lugar-Tenente Comendador.
O Supremo Conselho Montezuma, depois de várias vicissitudes, fundiu-se com o Supremo
Conselho chamado de Conde de Lages; este último fundiu-se em 18452 (Tratado de União de 5 de
dezembro) com o Grande Oriente Brasileiro da Rua do Passeio. Durante a gestão do Soberano
Grande Comendador Paulino José Soares de Souza, Visconde de Uruguai, o Grande Oriente
Brasileiro fundiu-se com o Grande Oriente do Brasil em 1864. Com essa fusão o grande Oriente
do Brasil ganhou regularidade e legitimidade, pois o grupo que veio se juntar a ele era o legítimo
portador da regularidade e do reconhecimento internacional, remanescentes do Supremo
Conselho Montezuma.
Por essa fusão confederaram-se as duas Potências Soberanas - o Grande Oriente do Brasil e o
Supremo Conselho para o Brasil -, aquele uma verdadeira confederação de Ritos, o último com
administração apenas do Rito Escocês antigo e Aceito. Dentro da Federação, o chefe supremo da
Maçonaria Brasileira reunia em suas mãos os poderes de Grão-Mestre do Grande Oriente e de
Soberano grande comendador do Supremo Conselho e, até os derradeiros anos do Império, a
eleição para preenchimento da vaga no Grão-Mestrado se fazia no seio do então chamado
Grande Oriente, que corresponde mais ou menos a atual Assembléia Geral; os votos dos IIr.'.,
entretanto, só podiam recair nos nomes constantes de uma lista tríplice, organizada pelo
Supremo Conselho dentre os Irmãos que fossem Membros Efetivos daquele Alto-Corpo Escocês.
Essa prática, que pode ser criticada e o foi várias vezes, era a única maneira de evitar as
incompatibilidades entre as leis do Grande Oriente desde a sua fundação mais ou menos
orientadas pelas do Grande Oriente de França e as do Supremo Conselho regido pelas
constituições de 1762 e 1786 e ainda pelas decisões dos Congressos Internacionais do Escocismo.

63
Com o advento da República, acentuou-se formal a divergência entre uma e oura legislação. As
reformas constitucionais sucessivas da Maçonaria Brasileira foram calçadas sempre sobre as leis
do Grande Oriente de frança, chegando a consagrar um princípio, entretanto, que só existe na
Maçonaria Brasileira - o da eleição do Grão-Mestre pelo sufrágio de todo o Povo maçônico, por
eleição efetuada nas Lojas.
Dessas sucessivas transformações nas leis, resultou ir aos poucos desaparecendo até a memória
de que era a Maçonaria Brasileira a resultante de uma confederação de duas Potências
igualmente soberanas, e a usurpação de todas as atribuições do Supremo Conselho convertido
em mera chancelaria de graus e Cartas Constitutivas.
Na última reforma constitucional, então, cumulou o desatino, abolido até o nome do Supremo
Conselho do título porque é conhecida a Maçonaria Brasileira, restando somente o nome do
Grande Oriente do Brasil em 1925. Durante o período de 1864 até 1926, exerceram o cargo de
Soberano Grande comendador os seguintes Irmãos:
Bento da Silva Lisboa - Barão de Cairú (1864-1965)
Joaquim Marcelino de Britto (1865-1870)
José Maria da Silva Paranhos - Visconde do Rio Branco (1870-1872)
Joaquim Saldanha Marinho (1872-1883)
Francisco José Cardoso Júnior (1883-1885)
Luiz Antônio de Vieira da Silva - Visconde de Vieira da Silva (1885-1889)
Manoel Deodoro da Fonseca (1890-1891)
Antônio Joaquim de Macedo Soares (1894-1901)
Quintino Bocaiúva (1901-1904)
Lauro Sodré (1904-1916)
Nilo Peçanha (1917-1919)
Thomaz Cavalcanti de Albuquerque (1919-1922)
Mário Behring (1922-1933)
Contra o estado de coisas já citado, agravado ainda pelo fato de que pelo novo sistema de
eleições para o Grande Oriente do Brasil qualquer Irmão, mesmo sendo somente Grau 3 ou, mais
grave ainda, pertencente a qualquer outro Rito sem ser o Escocês, eleito para Grão-Mesre o era
também, automaticamente, eleito para Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho do
Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito, insurgiu-se Mário Behring, que desde 1922 ocupava esse
alto posta da maçonaria escocesa e que, em 1925, já conseguira fazer com que as eleições para
o Supremo conselho fossem feitas exclusivamente por Membros Efetivos de seu quadro,
independente das eleições para o Grão-Mesrado, quando fora reeleito para Soberano Grande
Comendador. E, tendo em vista manter a regularidade do Supremo Conselho, ameaçado de ser
considerado irregular pelos demais Supremos Conselhos do mundo, Mário Behring iniciou sua
grande luta.

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Desde 1921, o Supremo Conselho já havia denunciado ao Grande Oriente do Brasil a existência
na sua constituição de vários artigos que o Supremo Conselho não cumpriria por colidirem com as
Leis Universais do Rito Escocês, do qual, no Brasil, ele era o responsável e diretor. Por parte do
Grande Oriente do Brasil foi prometida uma revisão na Constituição para sanar-se os problemas
demonstrados pelo Supremo Conselho. Mas, infelizmente, a Assembléia Constituinte do Grande
Oriente do Brasil reuniu-se em 1922, 1923, 1924, 1925 e 1926, sem que a prometida reforma
fosse feita. Em 1926, o Supremo Conselho fez um tratado com o Grande Oriente, que tinha como
Grão-Mestre o Ilustre Irmão Fonseca Hermes, que inclusive assinou o tratado, pelo qual:
1. O Supremo Conselho reconhecia o Grande Oriente do Brasil como única potência regular no
Brasil para os três graus simbólicos do Rito Escocês Antigo e Aceito;
2. O Grande Oriente do Brasil, por seu lado, reconhecia o Supremo Conselho como única potência
regular no Brasil com jurisdição sobre os altos-graus do Rito Escocês Antigo e Aceito;
3. O Supremo Conselho renunciava o direito de fundar Lojas Simbólicas e de iniciar ou fazer
iniciar nos três primeiros graus do Rito Escocês Antigo e Aceito;
4. O Grande Oriente do Brasil, por seu lado, comprometeu-se, no Rito Escocês Antigo e Aceito, só
fundar Lojas Simbólicas e só iniciar nos três primeiros graus;
5. O Supremo Conselho reservava-se o direito inerente às suas funções como regulador do Rito
Escocês Antigo e Aceito, de organizar e modificar os rituais dos três graus simbólicos, fornecendo
ao Grande Oriente do Brasil, cópias autênticas para este imprimir e distribuir, obrigando-se este
último não consentir qualquer alteração nos referidos rituais mantendo-os como foram aprovados
pelo Supremo Conselho.
Por este tratado firmado em 1926, ficou acertando, ainda, que as Lojas Maçônicas do Rito Escocês
Antigo e Aceito em atividade no Brasil:
1. Ficariam desligadas do seu juramento de fidelidade e obediência ao Supremo Conselho, que
passariam a obedecer diretamente ao Grande Oriente;
2. Ficariam cassadas as Cartas Constitutivas expedidas às mesmas Lojas que deverão se
substituídas por outras emanadas do Grande Oriente do Brasil.
Com a ratificação do Tratado e estando o mesmo em pleno vigor, estava pacificada a Maçonaria
Brasileira e trabalhando dentro dos moldes da regularidade internacional preconizada para o Rito
Escocês Antigo e Aceito e universalmente reconhecida. Infelizmente, durou muito pouco o Tratado
que havia trazido união, paz e possibilidades de desenvolvimento para as duas correntes de
tradição maçônica no Brasil. O rompimento deu-se pelas razões seguintes: quando o Dr. Fonseca
Hermes, cansado e doente, renunciou ao cargo de Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil,
passou o exercício do cargo ao seu sucessor Dr. Octávio Kelly, e este, logo que assumiu o cargo,
por atos e palavras, inutilizou todos os esforços para a união. Anulou a convocação de uma
Assembléia Constituinte, feita por seu antecessor, alegando ser a mesma inconstitucional;
promoveu a retirada dos auxiliares de confiança de Fonseca Hermes, substituindo-os por outros

65
francamente adversários do Tratado; declarou que, como juiz que era, só respeitaria os
dispositivos da Constituição do Grande Oriente do Brasil, ferissem eles, embora, as leis dos outros
Ritos; que não queria saber nem compreendia a necessidade de uma Maçonaria internacional,
antes queria fazer uma Maçonaria nacional, porque desta é que precisávamos; que nessas
condições reporia a Constituição no seu verdadeiro pé, pouco lhe importando as conseqüências.
Ante atitude tão insólita, o Supremo Conselho, sob cujos auspícios trabalhavam quatro quintos
das Lojas Maçônicas existentes no Brasil, só teve uma coisa a fazer, uma atitude a tomar:
denunciar o Tratado com o Grande Oriente do Brasil, chamar à sua obediência as Lojas escocesas
e com elas constituir as Grandes Lojas que cada Estado do brasil poderia possuir para
administração dos graus simbólicos do Rito Escocês antigo e Aceito com repleta independência e
soberania.

III Período
Grandes Lojas Estaduais e Supremo Conselho Independentes
Com o advento das ocorrências que culminaram com a cisão entre o Supremo Conselho do Rito
Escocês Antigo e Aceito, tem início o terceiro período das atividades da Maçonaria no Brasil.
A crise que se vinha processando no seio da Maçonaria Brasileira desde 1921 acabou por ter seu
ruidoso desfecho com a denúncia solenemente feita pelo Supremo Conselho do pacto que o
confederava ao Grande Oriente do Brasil. A 20 de junho de 1927, em sessão do Supremo
Conselho, efetivou-se essa declaração e o Soberano Grande Comendador, historiando os fatos
ocorridos desde 1921, demonstrou a perfeita lealdade do procedimento do Supremo Conselho, a
cordura, a tolerância, a longanimidade com que o Alto-Corpo Escocês, por seis longos anos,
aguardara a reforma constitucional do grande Oriente do Brasil; demonstrou que o ratado firmado
fora feito só em benefício do Grande Oriente do Brasil, pois só por meio dele o simbolismo do Rito
Escocês Antigo e aceito era transferido à jurisdição do Grande Oriente do Brasil, entretanto, certo,
pelas declarações formais feitas a vários de seus membros pelo Grão-Mestre em exercício, Dr.
Octávio Kelly, de que a orientação desse Irmão era francamente desfavorável à manutenção do
Tratado; assim sendo, no uso de suas prerrogativas soberanas, em vez de denunciar somente o
tratado, preferira denunciar de vez o seu Pacto de União e Confederação com o Grande Oriente
do Brasil, separando-se resolutamente desse Corpo e avocando a si todas as corporações
escocesas existentes no País. Em manifesto às Lojas escocesas, diz o Supremo Conselho:
"Separando-se do Grande Oriente do Brasil, o Supremo Conselho avoca à sua jurisdição todos os
Corpos que no Brasil trabalham no Rito Escocês, pois dele, Supremo Conselho, emanaram todas
as Cartas Constitutivas que deram vida regular a esses Corpos, tendo sido todos esses
documentos assinados pelo Soberano grande Comendador do Supremo Conselho. Como, porém,
não quer o Supremo Conselho, em face mesmo das Leis Universais do Rito, manter sob sua
jurisdição direta o simbolismo, incentiva a criação em todos os Estados, de Grandes Lojas
Simbólicas que, por ele patenteadas, gozarão da mais absoluta soberania, não dependendo de
nenhum outro Corpo ou organização maçônica, dentro ou fora do País. Cada Grande Loja proverá

66
os destinos do Simbolismo no Estado ou Estados em que tiver sede. Suas rendas pertencer-lhes-
ão, exclusivamente. Com os seus três poderes Executivo-Legislativo-Judiciário, escolhidos pelas
Lojas reunidas em Grande Loja, todos os assuntos atinentes à Maçonaria local serão "in loco"
resolvidos.
"Por outro lado e para concentrar toda a vida maçônica, todas as atividades maçônicas dos
Estados, para permitir o pleno desenvolvimento da Maçonaria local, o Supremo Conselho fundará
em cada Estado onde exista uma Grande Loja, um Corpo filosófico superior - Consistórios de
Príncipes do Real Segredo - que facultará à Maçonaria, em cada Estado, ascender na hierarquia
escocesa até o Grau 32. Empunha, por essa forma o Supremo Conselho, francamente, a bandeira
da descentralização maçônica no Brasil, propugnando pela sua reforma nas seguintes bases:
a. uma Grande Loja soberana, para os três graus simbólicos, em cada Estado da União, Grande
Loja constituída pelas Lojas do Rito escocês Antigo e Aceito; para a sua regularização expedirá o
Supremo Conselho uma Carta-Patente e Constitutiva independente de qualquer pagamento,
documento que lhe garantirá o reconhecimento das Potências Maçônicas do Universos;
b. um Consistório do Grau 32 que terá sob sua jurisdição as Lojas de Perfeição, Capítulos e
Conselho de Kadosch, criado onde exista uma Grande Loja; e
c. fusão de interesses econômicos e financeiros por meio de um convênio entre esses dois Corpos
Diretores da Maçonaria Simbólica e da Maçonaria Filosófica".
Essa forma de organização correspondia amplamente às aspirações de autonomia das Lojas e
Mestres dos Estados. Não se tratava tão somente de autonomia, mas, sobretudo, de soberania. A
partir de então, cada Grande Loja Estadual viveria por si e para si, independentes de qualquer
outro poder maçônico no Brasil. O que ocorreu em 1927 foi uma reorganização exclusivamente
dentro do Rito Escocês Antigo e Aceito, do qual é o Supremo Conselho o responsável no Brasil.
Com os Decretos Nos 04 e 07, de 3 de agosto de 1927, o Manifesto às Lojas escocesas e uma
publicação em português e inglês que foram distribuídos para toda a Maçonaria Regular no
mundo, estava oficializado o rompimento entre o Supremo Conselho e o Grande Oriente.
Deste rompimento é que surgiriam as seis primeiras Grandes Lojas no Brasil, as quais foram
regularmente instaladas sob a autoridade de Cartas-Patentes Constitutivas outorgada pelo
Supremo Conselho do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito para a República Federativa do
Brasil. Foram elas:
Grande Loja do Amazonas
Grande Loja do Pará
Grande Loja da Bahia
Grande Loja da Paraíba
Grande Loja do Rio de Janeiro
Grande Loja de São Paulo

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Apesar de os historiadores fazerem referência às "oito primeiras Grandes Lojas Brasileiras", as
Grandes Lojas de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul não foram incluídas no parágrafo 2º do
Decreto Nº 07, expedido pelo Supremo Conselho em 3 de agosto de 1927, que, assim,
estabelecia:
"São reconhecidas como únicas corporações regulares com jurisdição legal sobre as Lojas
Symbolicas do Rit.'. Esc.'. Ant.'. e Acc.'. as Grandes Lojas Soberanas do Amazonas, Pará,
Parahyba, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo e as que para o futuro se constituirem por Cartas
Constitutivas delle directamente emanadas ou de qualquer das Grandes Lojas já existentes."
Na realidade foram 9 (nove) as Cartas Constitutivas outorgadas pelo Supremo Conselho do Rito
Escocês Antigo e Aceito às Grandes Lojas pioneiras, as quais, pela ordem de concessão e
independente do disposto no parágrafo 2º do Decreto Nº 07, de 3 de agosto de 1927, e da data
de fundação, são as seguintes:
01 - Grande Loja da Bahia, fundada em 22.05.1927;
02 - Grande Loja do Rio de Janeiro, fundada em 22.06.1927;
03 - Grande Loja de São Paulo, fundada em 29.07.1927;
04 - Grande Loja da Paraíba, fundada em 24.08.1927;
05 - Grande Loja do Amazonas, fundada em 24.06.1927;
06 - Grande Loja de Minas Gerais, fundada em 26.09.1927;
07 - Grande Loja do Rio Grande do Sul, fundada em 08.01.1928;
08 - Grande Loja do Pará, fundada em 28.07.1927;
09 - Grande Loja do Ceará, fundada em 19.03.1928.
Hoje, as Grandes Lojas Brasileiras, tanto as que receberam as suas Cartas Constitutivas
diretamente do Supremo Conselho, como as que, criadas posteriormente, receberam suas Cartas
Constitutivas das Grandes Lojas pioneiras, estão regularmente constituídas e assentadas em
todos os Estados do Brasil.
Ocupando todo o território nacional e com reconhecimento generalizado em todo o mundo, por
parte das Potências Maçônicas regulares, as Grandes Lojas não mais necessitam do aval do
Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito, pois são soberanas e regulares por si mesmas
- na origem e nas práticas - entretanto, desse patrocínio original não estão esquecidas, mantendo
com o mesmo as melhores relações de amizade baseadas no interesse comum de aperfeiçoar o
homem e a sociedade.

68
O TEMPLO DE SALOMÃO

O templo de Salomão ocupa posição de destaque na simbólica maçônica (o conjunto de


símbolos da Maçonaria ou a disciplina que estuda esses símbolos). Pois bem, uma das mais
marcantes fontes de símbolos, alegorias, lendas, ensinamentos maçônicos, é, inequivocamente,
a construção do Templo de Salomão. Inclui-se nas mais antigas tradições dos operários da Idade
Média e, até com alguns excessos, ainda integra os mais poéticos temas dos maçons
especulativos desde final de Século XX. Dela se extraem as mais diversas mensagens tanto na
vertente anglo-saxônica (o mundo cultural britânico) como na vertente latina (o mundo cultural
francês) em diversos ritos e graus.

Sim, a didática maçônica utiliza intensamente símbolos, alegorias, lendas e mitos. Um dos
efeitos desse método é a confusão (muito comum, diga-se de passagem) que alguns fazemos
entre história e lendas – um incrível emaranhado de idéias e opiniões conduzindo-nos, às vezes,
a desvios indesejáveis. Na realidade deve-ser-ia distinguir o que se constitui em concreto
elemento histórico do que é meramente lendário, havendo um segundo nível de distinções
necessárias, separando lendas com algum fundamento histórico ou literário (a história bíblica,
por exemplo) dos mitos totalmente imaginários, decorrentes de uma cadeia de invenções ditas
esotéricas, sem fundamento algum. Isso não é bom. Em Maçonaria devemos estar providos do
que os especialistas chamam de mitos etiológicos – isto é – não meramente uma invenção
(desprovida de fundamentos), mas, sim, uma explicação (ou aprofundamento) da origem
primitiva das coisas – as raízes míticas, em parte autênticas, em parte sonhos. Busquemos o
ponto de equilíbrio. O uso de símbolos (já em si exigindo imaginação) não pode conduzir à
superstição ou à idolatria, desvios que, de modo especial, nossa sublime ordem condena (como,
enfim, condena, a todos os vícios). Para detalhar o conceito de mito etiológico, consultar o
Dicionário Enciclopédico da Bíblia, redigido por A. Van Ben Born et al (trad. de Frederico Stein,
em português coordenado pelo Frei Frederico Vier, O.F.M, Ed. Vozes, Petrópolis 1971), verbete
etiologia.

A tradição maçônica

Quanto ao Templo de Salomão veja que o próprio James


Anderson afirmaria no livro da Constituição (1723) que “os
israelitas ao deixarem o Egito, formaram um Reino de
Maçons”; que “sob a chefia de seu Grão-Mestre Moisés(...)
reuniam-se freqüentemente em loja regular, enquanto
estavam no deserto”, etc...
Vale a pena (e a curiosidade) ler essas páginas da história lendária de nossa sublime Ordem
contada por Anderson que podem ser encontradas in Reprodução das Constituições dos Franco-
Maçons ou Constituições de Anderson de 1723, em inglês e português (trad. e introd. De João
Nery Guimarães, Ed. Fraternidade S. Paulo, 1982), fls.8/15.
De fato, realmente, Anderson apenas repetia velhas lições transmitidas por antigos documentos
de maçons operários, reunidos para seu exame e síntese. Essas Obrigações eram lidas na
cerimônia de ingresso de um aprendiz na loja medieval (algo análogo à iniciação de nossos
dias), para que o novo membro aprendesse a história da arte de construir e da associação que o
recebia. Inteirava-se das regras de bom comportamento e das exigências morais a que deveria

69
se conformar. Outrossim, de alguma forma, esses antigos documentos serviam com finalidade
análoga à das nossa s atuais cartas constitutivas, emprestando regularidade à loja. O leitor
interessado encontrará detalhes e documentação in O tempo do Rei Salomão na Tradição
Maçônica. Alex Horne (trad. Otávio M. Cajado, pref. De Harry Carr; Ed. Pensamento, S. Paulo, 9ª.
Ed.,1997, cap. V., p. 59 e segs.).

Os antigos catecismos maçônicos (séries estereotipadas de perguntas e respostas) do Século


XVIII também se refeririam com freqüência à construção do tempo de Salomão que,
inequivocamente, integra tradições anteriores à Grande Loja de Londres (1717). Se os
manuscritos, manuseados por Anderson e seu companheiros, para escrever o Livro da
Constituição de 1723, não são exatamente conhecidos, centenas de velhos outros pergaminhos
sobreviveram, foram encontrados, guardados e interpretados, servindo de fonte das mais
autênticas para a história da sublime Ordem. E nesses antigos deveres (em muitos deles) já se
falava na construção do Templo de Salomão pelos maçons. Convém contudo, no concernente à
historiografia, tratar tais documentos com certa reserva. Em sua origem foram escritos por
religiosos medievais, devotados a Deus sem dúvida nenhuma, mas despossuídos e crítica
historiográfica. Presume-se que monges cristãos transmitiram essas lições a operários iletrados
(nossos avós) e que tais documentos foram sendo copiados, recopilados, etc., mantendo a visão
de uma época que muito desconhecia de História. ,

A tradição bíblica

O Templo de Salomão, outrossim, integra as narrativas do livro mais respeitável na sociedade


ocidental – a Bíblia. Ao sair do Egito, conduzido por Moisés, o povo hebreu não possuía uma
religião definida, muito menos um templo. Tão somente após o episódio no monte Sinai –
quando Moisés recebe de Deus as normas fundamentais da Lei bem como as instruções exatas
quanto à construção da Tenda Sagrada (o Tabernáculo) – é que os hebreus passam a ter um
local específico de culto, nessa Tenda abrigando os objetos sagrados, a saber: a Arca da Aliança,
a Mesa dos Pães ázimos (ou sem fermento), o Candelabro de sete braços (Minorá). Haveria
também um altar para queimar as ofertas sacrificiais , outro para queimar incensos (perfumes)
e uma pia de bronze (todos conhecem essa história). E enquanto o povo vagava pelo deserto,
Deus orientava quando, onde e por quanto tempo estacionar. Os retirantes do Egito levantavam
seu acampamento de um lugar ao outro somente quando a nuvem que cobria o Tabernáculo
(indicando a presença do Eterno) se erguia e indicava o caminho a ser seguido. Durante o dia, a
nuvem; a noite, uma coluna de fogo (veja em Êxodo, 40.34-38; ou em Números, 9.15.-23). E
foram quarenta anos.

Antes de Jerusalém ser transformada por David na capital do reino, ainda no tempo de Samuel
(um sacerdote, juiz, profeta, mediador, chefe de guerreiros – Deus, falando a Jeremias,
equipararia Samuel a Moisés – Jer. 15.1) – a Arca ficou guardada em um templo, em Silo, sob os
cuidados da família de Eli, também sacerdote. Em Silo, Josué (que sucedera a Moisés) acampara
o povo pela última vez (Josué, 18.1 e sgs.). Esse pequeno templo de Silo foi, presumidamente,
destruído pelos filisteus (Jer. 7.11-12 : “será que vocês pensam que o meu Templo é um
esconderijo de ladrões? Vão a Silo, o primeiro lugar que escolhi para nele se adorado, e vejam o
que fiz ali por causa da maldade de Israel.” Assim falou o Eterno.). Outrossim houve também o
templo de Betel, às margens da estrada que ligava Siquém a Jerusalém – Betel, tão a gosto dos
maçons, mas sede de um culto desviado, esse é o fato. Em Betel seria adorado um deus de
mesmo nome, que causaria desilusões aos israelitas (Jeremias, 48.13). Esse templo, rejeitado
pelos profetas (Amós, 10.13), ficou sendo o santuário do reino do norte, nele havendo a imagem
idólatra de um touro (1 Reis, 12.29). Sim, Betel – embora suscite a lembrança do altar
construído por Abraão (Gen.12.8), o sonho de Jacó com sua escada (tão ao gosto maçônico) e a

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pedra comemorativa que ali foi erguida (Gen 28.10-22) – tem essa parte negativa de idolatria
também. Pois é.

David, já consagrado rei, levaria a Arca da Aliança para Jerusalém (1 Crônicas 15.25-28). Tão
alegre e festivo esteve David nesse cortejo (cantando e dançando com o povo), que Mical, sua
esposa, filha de Saul, sentiu desprezo por ele(1.Cron., 15.29). Contudo o tabernáculo e o altar
dos sacrifícios continuariam em Gabaon, posto que David caira em desgraça aos olhos de Deus.
Derramara sangue em abundância, fizera guerras em demasia e, por isso mesmo não poderia
edificar em nome de Deus (ver I Cron. 22.6-19). Somente Salomão teria a glória de construir o
Templo- o primeiro de Jerusalém, posto a ocorrência de mais dois templos: o construído por
Zorobabel, após exílio na Babilônia, e o construído por Herodes (todos conhecem essa história).

Fontes extrabíblicas

Apesar das minuciosas descrições registradas na Bíblia, ainda não foi possível, contudo, ter
certezas quanto a esse primeiro templo de Jerusalém. Não há registros extrabíblicos. As
escavações arqueológicas ainda não apresentaram alguma comprovação válida da existência
dessa obra. Explica-se tal ausência de restos arqueológicos à completa destruição que teria sido
realizada por Nabucodonosor, ou ao fato de insuficiência de escavações no próprio sítio
atribuído à localização do Templo. Esse lugar (santificado por diversas tradições religiosas) seria
o hoje ocupado pela belíssima e muito sagrada Mesquita de Omar, ou o Domo da Rocha, onde
Abraão, obediente a Deus, quase sacrifica seu próprio filho, Isaac (Gen 22.1-19) – onde, de
modo significativo, a fé islâmica localiza Maomé subindo ao Céu (portanto mais do que
justificado o impedimento maometano em permitir escavações naquele local). Contudo,
causando decepção, não são encontrados registros arqueológicos (monumentos
comemorativos) da vitória de nabucodonosor, como, por exemplo, podem ser encontrados
registros do triunfo romano de Tito, seiscentos anos após, destruindo o templo construído por
Herodes (a terceira construção na série histórica).

Fala-se no célebre “muro das lamentações” como tendo sido parte da grande alvenaria de
arrimo na esplanada do Templo. Contudo as determinações científicas de datas ali procedidas
dão ao muro idade próxima à década anterior ao nascimento de Cristo, tornando-a uma obra
mais adequada de ser atribuída ao mencionado terceiro templo destruído pelos romanos.

Contudo Salomão foi efetivamente um grande construtor. Sua época – historicamente


considerada, arqueologicamente comprovada – foi de grande prosperidade. Um dos registros
arqueológicos mais significativos dessa época, é o da cidade de Megido , um complexo notável,
cavalariças com seus pilares em série, talhados em pedra calcárea. Há, outrossim, ainda do
tempo de Salomão, restos arqueológicos da fundição refinaria de cobre em Ezion-Geber,
produtora da matéria-prima que serviria de ornamentos e utensílios de bronze (que as
narrativas bíblicas apontam ao Templo). Outrossim (mesmo sem descobrimentos arqueológicos
em Jerusalém) pelo resultado de outras escavações e estudo de documentos diversos (o leitor
interessado encontrará detalhes e documentação em Alex Horne, op.cit., Cap. IV, p. 37 e sgs.) é
possível estabelecer conclusões quanto à arquitetura atribuída ao Templo de Salomão, no que
concerne à ornamentação, disposição das dependências, técnica construtiva, comparando a

71
tradição bíblica com restos arqueológicos de outros templos do Oriente próximo. São lições
preciosas.

Conclusão

Enfim, o maçom é mestre na arte de compor oposições e não desprezará o repositório


inesgotável de ensinamentos velados por alegorias que nos proporciona a historia (ou a lenda)
da construção do Templo do Rei Salomão. Não desprezará a tradição dos maçons operários, só
porque a Arqueologia ainda não obteve provas insofismáveis. Ademais não negará a tradição
bíblica tão apenas por insuficiência de escavações arqueológicas.

Contudo rejeitará o mito da existência da Maçonaria ao tempo de Salomão. É lição de Jules


Boucher contido na célebre A Simbólica Maçônica – segunda as regras da simbólica esotérica e
tradicional (trad. de Frederico O. Pessoa de Barros, Ed. Pensamento, S. Paulo, 9ª. Ed., 1993,
p.152): os maçons não tentamos reconstruir materialmente o Templo de Salomão; é um
símbolo, nada mais – é o ideal jamais terminado, onde cada maçom é uma pedra, preparada
sem machado nem martelo nos silêncio da meditação. Para elevar-se, é necessário que o
obreiro suba por uma escada em caracol, símbolo inequívoco da reflexão. Tem por materiais
construtivos a pedra (estabilidade), a madeira do cedro (vitalidade) e o ouro (espiritualidade).
Para o maçom, ensina Boucher, “o Templo de Salomão não é considerado nem em sua acepção
religiosa judaica, mas apenas em sua significação esotérica, tão profunda e tão bela”.

O Templo de Salomão é o templo da paz. Que a Paz do Senhor permaneça em nossos corações!

BOBLIOGRAFIA:
Minerva Maçônica – Ano I – Nº 2 Nov/ Dez/ Jan 1997/98 – Ir.’. Fernando de Faria
*Fernando de Faria, maçom fluminense, é Grande Secretário Geral de Orientação e Ritualística
do GOB, adjunto para o Rito Brasileiro, membro da Loja de Pesquisas Maçônicas do GOB e da
equipe de conferencistas nacionais da Grande Secretaria Geral de Educação e Cultura.

PORQUE SOMOS
LIVRE E DE BONS COSTUMES
3. LANDMARK

“A Maçonaria é uma ordem, à qual não podem pertencer senão homens livres
e de bons costumes, que se comprometem a pôr em prática um ideal de paz”

72
O candidato à pertencer a Maçonaria precisa de pré-requisitos: ser livre e de bons
costumes.

SER LIVRE – No sentido literal esse conceito significa não possuir pendências com a
sociedade, não ser prisioneiro ou escravo de algo ou alguém.

DE BONS COSTUMES – Também no sentido literal, significa obedecer às regras


estabelecidas pela sociedade, ser fiel obedecedor das leis e ser possuidor de conduta
imaculada.

Assim sendo, SER LIVRE significa, não estar apegado à matéria e aos elementos
materiais. Ser livre é estar liberto do EGO, o elemento que nos aprisiona ao corpo de
barro e nos impede de transcender rumo à verdadeira luz. Essa Verdadeira Luz
habita todos os seres vivos e os conecta diretamente a um corpo mais elevado, mas
está oculta pelo dogma, preconceito e demais arestas da pedra bruta. Somos uma
célula que pertence a um corpo chamado Deus, Grande Arquiteto do Universo, Alah,
Jeová ou tantos outros nomes usados para representar o criador; nossa missão é nos
purificar para que possamos voltar a fazer parte desse corpo de pura luz.

Também concluímos que ser de BONS COSTUMES representa: Elevar o pensamento a


coisas positivas e construtivas para que nossa aura se alimente de bons fluídos e
irradie com maior intensidade para levar luz às trevas. O homem de bons costumes é
o homem que respeita os valores consagrados pela tradição, transmitidos de geração
em geração. Esses valores são aleatórios pois variam de geração para geração, e
divergem entre os grupos sociais.

Ao acolhermos a apresentação de novos candidatos, deveremos fazer prevalecer


sempre o bom senso e a responsabilidade, tanto dos apresentantes como dos
sindicantes, do corpo da Loja, da Administração Central. A análise dos dados
apresentados deve ser profunda e cuidadosa. O passado do apresentado deve ser a
base de uma pesquisa muito ampla e conscienciosa.

O que interessa ao Maçom é especialmente o treinamento para o exercício da


fraternidade universal, que leva a fraternidade não só entre os irmãos mas a todos
os homens; que leva ao altruísmo positivista, ao sentimento cristão do amor ao
próximo, que nos faz sentir não como um membro de uma Loja somente, ou membro
de uma nação, mas nos faz sentir como membro da humanidade. Essa é a
característica que interessa a Maçonaria, sermos Livres e de bons Costumes.

O que valoriza o homem e deveria valorizai especialmente o Maçom, não pode ser
avalizado por certidões negativas, nem por vagas informações de terceiros e nem por
entrevistas feitas por pessoas que não possuem esse sentimento da fraternidade
universal.

Devemos entender livre aquele que não tem sua mente servilmente amarradas aos
condicionamentos doutrinários e que é religioso porque assim o decidiu livremente
diante de sua própria consciência, um homem que tem livre seu pensamento. De
bons costumes aquele que procede de acordo com princípios morais rígidos não por
temor de ser castigado por algum poder superior com um hipotético inferno, e que
não norteia o seu comportamento por seu egoísmo e sim por sua consciência de ser
membro da raça humana, cujos componentes são todos seus irmãos e semelhantes.
Todos os elementos do Universo, quer seres vivos quer matéria inerte, obedecem
sem decisão própria às leis naturais, somente ao homem cabe a regalia de poder
decidir muitos dos seus atos.

73
Isto por si só confere ao homem a nobreza particular de poder obedecer a sua
própria consciência intuída da auto-legislação do Universo, não podendo
impunemente fugir as determinações dessas mesmas leis de cooperação universal. O
homem que não cumpre seu papel nesse contexto está traindo a própria confiança
que nele foi depositada como elemento máximo desse mesmo Cosmo. Esse é o
verdadeiro homem de bons costumes de que fala a Maçonaria.

A Maçonaria será tão grande e boa quanto nós, os Irmãos, se formos grandes e bons
individualmente.

Se uma única pessoa representa uma vela na escuridão, um grupo de pessoas irradiando luz seria o
equivalente a um farol que guia e dá rumo aos desorientados pela ausência de luz.

O TESTAMENTO
O novo nascimento ou regeneração ideal que indica, em todos seus aspectos,
a câmara de reflexões, tem finalmente o seu selo e concretiza-se por um
testamento, que é fundamentalmente um atestado ou reconhecimento de
seus "deveres", ou seja de sua tríplice relação construtiva, com o princípio
interior (individual e universal) da vida, consigo mesmo como expressão
individual da Vida Una, e com seus semelhantes, como expressão exterior da
própria Vida Cósmica.

Trata-se de um testamento iniciático bem diferente do testamento ordinário


ou profano. Enquanto este último é uma preparação para a morte, o
testamento simbólico pedido ao recipiendário, antes de sua admissão às
provas, é uma preparação para a vida - para a nova vida do Espírito para a
qual deve renascer.

Morte e nascimento são na realidade, dois aspectos intimamente entrelaçados


e inseparáveis de toda mudança que se verifica na forma expressão, interior e
exterior, da Vida Eterna do Ser. Na economia cósmica, e da mesma forma na
vida individual, a morte, cessação ou destruição de um aspecto determinado
da existência subjetiva e objetiva, é constantemente acompanhada de uma
forma de nascimento. Assim pois, só em aparência os consideramos como
aspectos opostos da Vida, ou como seu princípio e fim, enquanto indicar
simplesmente, uma alteração ou transformação, e o meio no qual se efetua

74
um progresso sempre necessário, ainda que a destruição da forma não seja
sempre sua condição indispensável.

Como emblema da morte do homem profano, indispensável para o nascimento


do iniciado, o testamento que faz o candidato é um testamento do qual ele
mesmo será posteriormente chamado a converter-se em executor, um
Programa de Vida que deverá realizar com uma compreensão mais luminosa
de suas relações com todas as coisas.

A primeira relação ou "dever" do testamento é a do próprio indivíduo com o


Princípio Universal da Vida, uma relação que tem de reconhecer-se e
estabelecer-se interiormente, e não sobre a base das crenças ou prejuízos,
sejam positivos ou negativos. Não se pergunta ao candidato se crê ou não em
Deus, nem qual é seu credo religioso ou filosófico; para a Maçonaria todas as
"crenças" são equivalentes, como outras tantas máscaras da Verdade que se
encontram atrás ou sob a superfície delas e somente à qual aspira a conduzir-
nos.

O que é de importância vital é nossa íntima e direta relação com o Princípio


da Vida (qualquer que seja o nome que lhe dê externamente, e o conceito
mental que cada um possa ter formado ou dele venha a formar, uma relação
que é estabelecida na consciência, além do plano da inteligência ou
mentalidade ordinária, sendo só diretamente nela onde pode manifestar-se
aquela Luz "que ilumina a todo homem que vem a este mundo".

A consciência desta relação, que é Unidade e Individualidade, traduz-se no


sentido da primeira pergunta do testamento: "Quais são os vossos deveres
para com Deus?" A segunda: "Quais são os vossos deveres para vós mesmos?"
nada mais é do que a conseqüência da primeira. Tendo-se reconhecido, no
íntimo de seu próprio ser, naquela solidão da consciência que está
simbolizada pela câmara de reflexões como uma manifestação ou expressão
individual do Princípio Universal da Vida, o candidato é chamado a reconhecer
o modo pelo qual sua vida exterior se encontra intimamente relacionada com
o que ele mesmo é interiormente, e como a compreensão desta relação tem
em si o poder de dominá-la e dirigi-la construtivamente.

O homem é, como manifestação concreta, o que ele mesmo se fez e faz


constantemente, com seus pensamentos conscientes e subconscientes, sua
maneira de ser e sua atividade. Seu primeiro dever para consigo mesmo é
realizar-se e chegar sempre a ser a mais perfeita expressão do Princípio de
Vida que nele busca. E encontra uma especial diferente e necessária

75
manifestação, deduzindo ou fazendo aflorar à luz do dia, as possibilidades
latentes do Espírito, aquela Perfeição que existe imanente, mas que só se
manifesta no tempo e no espaço, na medida do íntimo reconhecimento
individual.

Quanto aos deveres para com a humanidade, estes representam um sucessivo


reconhecimento íntimo que é complemento necessário dos dois primeiros:
tendo-se reconhecido como a manifestação individual do Princípio Único da
Vida, e sabendo que ele é por fora o que realiza por dentro, deve acostumar-
se a ver em todos os seres outras tantas manifestações do próprio Princípio.
Deste reconhecimento, brota como conseqüência necessária o seu dever ou
relação para com a humanidade, que não pode ser outra coisa que a própria
fraternidade.

A compreensão desta tríplice relação é o princípio da iniciação, o início efetivo


de uma nova vida, o testamento ou doação que é feita para si próprio,
preparando-se para executá-lo. É a preparação necessária para as viagens ou
etapas sucessivas do progresso que o aguardam.

O TOQUE

O toque tem um sentido profundo, do fato que passa desapercebido à maioria dos maçons,
uma vez que significa, de uma maneira geral, a capacidade de reconhecer a qualidade real
que se esconde sob a aparência exterior de uma pessoa, e portanto, implica num grau de
discernimento proporcional ao grau de compreensão que individualmente alcançamos.

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Enquanto o homem profano ao conhecimento da Verdade (conhecimento que é conseguido
por meio da iniciação) baseia seus juízos e suas apreciações em considerações puramente
exteriores, o iniciado esforça-se em ver tudo à Luz do Real e julgar de uma forma bem
diferente por ter adquirido, a faculdade de ver as qualidades reais, íntimas e profundas das
coisas num grau proporcional à sua iniciação.

Em vez de ficar na superfície, na máscara, que constitui a personalidade, ou seja a parte mais
superficial e ilusória do homem, esforça-se em ver sua individualidade, ou a expressão
individualizada do Princípio Divino em si mesmo, que constitui seu Espírito, o Homem-Real,
Eterno e Imortal.

As batidas são os toques simbólicos com os quais a qualidade do maçom vibrará em resposta
natural e de forma expontânea manifestando-se como tal. Este reconhecimento prepara para
o abraço fraternal através do qual é comunicada a Palavra, ou seja o Verbo e o Ideal mais
elevado que está presente em seus corações que escondem zelosamente para o mundo
profano da crítica e da malevolência, as "más ervas" que sufocariam e impediriam o
crescimento desses preciosos germes espirituais.

Cada golpe é um esforço para penetrar sob a pele, ou seja debaixo da ilusão da aparência, até
encontrar o Ser Real; é a busca individual, para descobrir o Mistério Final dentro de si mesmo
e de todas as coisas nas três etapas que representam as palavras evangélicas: Buscai e
achareis, pedi e vos será dado, batei e vos será aberto, referindo-se à Verdade, à Luz e à
Porta do Templo.

Assim, pois, o toque manifesta e reconhece a qualidade do iniciado nos Mistérios da


Construção, que se desenvolvem no indivíduo e em todo o Universo. E expressa também,
como conseqüência natural, a solicitude fraternal que o iniciado manifestará em todas suas
relações com seus semelhantes, e particularmente com seus irmãos.

É outro utensílio que figura no Altar dos Perfumes e é destinado à

77
queima de incenso. Nele se faz a combustão das três substâncias,
misturadas em partes iguais e que são o Olibano, a Mirra e o Benjoim.
Estas substâncias constituem o incenso. A proporção mais indicada
para a mistura é a de três partes da primeira, duas da segunda e uma
da terceira. De qualquer modo a palavra incenso significa literalmente
“tudo que queima” e, assim, não há uma substância própria com este
nome. As três substâncias que entram na composição do incenso
simbolizam o mundo divino, o humano e o material. Em determinadas
Cerimônias o Venerável da Oficina faz a aspersão da fumaça
propiciatória que eleva o coração, a alma e o pensamento aos páramos
celestiais dando, ainda, ao ambiente do Templo uma atmosfera sagrada
própria destes lugares de prece e meditação.

É um dos instrumentos do Mestre Maçom que serve para medir e


igualar os ângulos do edifício tornando-os retos e iguais.
Conseguida estas condições há certeza de que os alicérces
suportarão toda a estrutura da obra. O Mestre Maçom esta no ápice da
construção. Seus atos devem ser certos e medidos porque se tal não
for, aqueles, Companheiros e Aprendizes, que constituem os alicerces
da obra não resistirão ao peso da desorientação e da falta de exemplos,
sucumbindo todos e ruindo a construção.

Ë o instrumento que serve para traçar o desenho da obra. Com ele


gravam-se todas as diferenças a serem observadas nos diversos planos
onde será O edifício construído. Simbólica mente ele chama a nossa
atenção para o fato de que todos os nossos atos, palavras e
pensamentos estão sob a constante vigilância do Grande Arquiteto do
Universo, a Quem, mais cedo ou mais tarde prestaremos conta de tudo

78
o quanto profetamos e daquilo que realizamos.

Os Aventais Maçônicos

Os aventais maçônicos são puramente ornamentos necessários e simbólicos, que


para chegarem aos modelos que hoje são usados passaram por muitas modificações
com o decorrer do tempo, pois sempre foi uma peça do vestuário necessário ao
trabalho, herdada dos profissionais artesanais do mais longínquo passado.

No início foram copiados dos aventais usados pelas antigas religiões e corporações,
que também os usavam nas investiduras dos antigos mistérios, constituindo-se,
desde então como símbolo de operosidade e fator marcante nas
cerimônias iniciáticas entre os druidas, essênios, e tantos outros.

Estes aventais sempre se diferenciaram nas diversas corporações; os gauleses,


tinham especial respeito aos aventais, chegando a colocar esse símbolo de forma
simplificada em suas moedas. Ao se abrir o sarcófago do faraó Tutankhamon que
reinou no Egito no século XIV antes de Cristo, o que feito pelo arqueólogo inglês
Howard Carter, para desvendar ao mundo uma riqueza arqueológica de grande valor,
que foi levada para o museu do Cairo, verificou-se que a sua múmia estava revestida
com um avental, com característica bem própria dos Egípcios.

Entre os essênios era o principal objeto que se entregava ao neófito, e era


obrigatoriamente todo branco.

O avental foi também um emblema astronômico quando de formato semi-circular e


simbolizava o hemisfério sul, e quando retangular representava a parte elíptica de
onde nos vem a luz.

79
Todos os sacerdotes das grandes religiões antigas usavam um avental. O próprio rei
Salomão, é caracterizado usando essa peça do vestuário. Adão e Eva, ao serem
expulsos do Édem, envergonhados de sua nudez, após cometerem o pecado original,
tiveram que cobrir as suas partes pudicas com folhas de parreira o que lembra bem
de perto um avental.

Na conclusão do Templo de Salomão, os aventais eram de couro, sendo os de


aprendizes grandes que lhes protegiam do peito aos joelhos porque trabalhavam em
desbastar a pedra e cortar madeiras, os dos companheiros eram médios por
trabalharem no acabamento desses materiais, e os dos mestres eram menores por
trabalharem no assentamento e acabamento.

Diz a lenda de Hiram, o arquiteto do Templo, que Salomão teve necessidade de criar
distinções entre os mestres que trabalhavam no ornamento do Templo e na
confecção das peças do culto, para estes criou diversas câmaras, dando a cada uma,
para os seus componentes, aventais com ornatos próprios, para diferenciá-los
conforme a importância dos seus trabalhos, sendo que estes aventais eram usados
com desusado orgulho.

Esse mesmo orgulho sentimos nós, que nos consideramos os construtores do Templo
Simbólico da Humanidade.

As Guildas, que foram associações de mutualidades formadas na idade média, entre


as corporações de operários construtores, negociantes ou artistas, portanto,
corporações de ofício, tiveram forte influência na origem da maçonaria inglesa e,
principalmente no que toca ao emprego do avental, como seu principal símbolo, mas
de início, cada Loja ou cada maçom fazia o seu próprio avental, do modo e tamanho
que lhe aprouvesse, e, o que era pior, punham neles figuras que mais lhes
agradavam, quer pintadas, quer bordadas, ou ornadas de pedrarias, o que acabou
por provocar acirradas polêmicas e discórdias generalizadas. Chegou-se ao cúmulo
de alguns aventais conterem motivos de pinturas usadas nas duas
Tebas (Convindo até lembrar que uma delas foi uma antiga cidade
Grega situada a 70 quilômetros a noroeste de Atenas, esta Tebas
hoje se chama Thivai. A outra Tebas foi também antiqüíssima cidade
do Egito localizada à margem esquerda do Rio Nilo, a 800
quilômetros do Cairo. Esta Tebas foi onde fixaram residências os
Faraós, tendo sido capital do Egito de 2050 a 661 a.C. ano em que foi destruída pelos
assírios. Presentemente constitui o maior acervo de monumentos arqueológicos do
Egito. Lá foram encontrados os Templos de Deir El-Bahri, Medinet Rabu, Luxor,
Karnak e o túmulo do faraó Tutankhamon, descoberto em 1922 no vale dos Reis.).

80
Outros motivos eram colocados nos aventais, sendo a única característica comum
entre eles que todos eram feitos de pele de carneiro curtida ao sol. Variavam de
tamanho e formato, mas cada qual escolhia a pintura de seus aventais bem como as
suas cores. Esses aventais em geral tinham uma grande abeta que chegava ao
pescoço onde era presa por uma tira também de couro, mas que às vezes era usada
abaixada, e era então o avental amarrado à cintura por outra tira de couro. Quando
usados com abeta levantada lembram os atuais aventais usados hoje por
açougueiros, padeiros e ferreiros.

No século XIV, esses aventais passaram a ser feitos de couro de boi, muitas vezes
não lhes tiravam os pêlos.

Para harmonizar os interesses e terminar com as deturpações, ou mesmo aberrações


surgidas, as autoridades da Ordem fizeram regulamentos para que as Lojas, Maçons
e as corporações usassem um mesmo avental, o que não foi conseguido nesta
investida. Os regulamentos foram postergados e tudo continuou da mesma forma por
mais algum tempo.

Os nossos aventais têm sua origem nas antigas corporações, é fato inconteste. Eles
representam o que de mais significativo pode haver para o maçom, tendo um sentido
da maior importância como o é a alva ou a estola sacerdotal.

Simbolizam o constante labor a que nos devemos dedicar para nosso próprio
benefício assim como para o nosso semelhante, mas para o avental existem outras
importantes significações.

O maçom só está "vestido" quando está usando o avental do qual obrigatoriamente


deve estar revestido nos seus trabalhos em loja. O maçom tem por obrigação não ser
vaidoso, mas por outro lado, em função do seu cargo tem necessidade, de às vezes
ostentar suas alfaias, jóias, faixas e condecorações, entretanto estas exigências não
o livram da obrigação de usar o seu avental que é a única alfaia que o torna "vestido"
para o trabalho, e o fará recordar de sua iniciação, quando o Venerável lhe diz:
"recebei este avental, que grandes homens, benfeitores da humanidade se honraram
em usá-los; ele é o emblema do trabalho e vos lembrará que o maçom sempre deve
ter uma vida ativa e laboriosa".

O fato de serem os aventais feitos de couro, nos faz lembrar que está intimamente
ligado com os órgãos do corpo do homem, que o avental deve proteger, pois o couro
desde há muito é tido como protetor que efetivamente protege aquilo que abriga, de
acidentes, da própria intempérie e das más influências.

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Não concordamos com a pretensa definição, e porque usamos aventais em nossos
trabalhos, que alguns autores do passado deram a forma dos nossos aventais,
porque eles são puramente simbólicos, e os que usam alguns profissionais em seus
trabalhos, servem simplesmente para lhes proteger o seu corpo, ou mesmo a sua
roupa contra respingos ou nódoas, que o material com que trabalham possa
provocar.

Pretendem esses autores que, o avental de aprendiz com a abeta levantada proteja o
`plexo solar' que corresponde ao "chakra umbilical", que também está ligado ao
epigastro, do `qual' dependem os "sentimentos" e "emoções" psíquicas, que o
iniciado deve proteger esses conceitos, a fim de adquirir condições que lhe permitam
espiritualmente ser um verdadeiro maçom, afirma ainda que o avental do
companheiro é menor, porque ele, o companheiro já adquiriu maior espiritualidade, e
que o avental do mestre era menor ainda porque já havia adquirido a plenitude das
`forças cósmicas do universo', e outras inconveniências como de que, o corpo físico
nada mais é do que o invólucro material visível do espírito que tem obrigação de
participar da obra da construção do templo interno de cada homem, ou ainda de que
a parte superior do corpo, como sendo a "sede da potencialidade" não necessita da
proteção do avental para alcançar a magnitude de sua serenidade.

Nossa opinião é de que tais conceitos não cabem na Ordem Maçônica, mas devem ser
respeitados, como uma crença, ou mesmo uma verdade por estudiosos e seguidores
dessas teorias. Lembramos aqui que, a maçonaria respeita todas as crenças, menos
as totalitárias.

Mas para nós, o avental há de ser sempre e unicamente o nosso principal símbolo de
trabalho.

Acreditamos que as afirmações a que nos referimos é que provocaram, nos


primitivos maçons especulativos mau vezo de não usarem aventais, pois a Maçonaria
Especulativa considerava ponto negativo que os aventais devessem proteger
`chakras', `plexos' e outros "que tais", aos quais estavam habituados e
desconheciam para não dizermos, não acreditavam. Alguns deles chegavam a dizer
que era ridícula essa prática, pois chegava-se a ponto de abandono do uso dos
aventais que não eram mais entregues nem mesmo ao iniciado, e em muitas lojas os
aventais não eram usados.

Tornava-se pois, urgente tomar-se uma providência saneadora. Em 1725 a maçonaria


especulativa começava a estruturar-se, sendo mais prática, objetiva e dentro dos
parâmetros realmente maçônicos, usando então, modelos para aventais dos três
primeiros graus. Em 1747 consolidam-se os Altos Graus, e com eles vieram os seus

82
respectivos aventais, com alegorias condizentes a cada grau, que continham
rebuscados motivos.

Entretanto a polêmica continuava e, era necessário chegar-se a um consenso. Para


isso foi convocada uma reunião dos Supremos Conselhos que se realizou em Lousana
em 1875, na qual decidiu-se tornar obrigatório o uso dos aventais, e dando-lhes
formas e dimensões apropriadas:

1)As dimensões dos aventais podiam variar de 30/35 a 40/45;


2)O avental de aprendiz seria branco feito de pele de carneiro com abeta em forma
de triângulo, levantada sem nenhum enfeite;
3)O avental de companheiro também seria branco, com a abeta para baixo, e podia
ser orlado de vermelho (não obrigatoriamente);
4)O avental de mestre seria branco com a abeta abaixada, orlado e forrado de
vermelho, e teria no meio as letras M e B, também em vermelho;
5)Os aventais seriam o símbolo de trabalho, e lembrariam que o maçom deve ter uma
vida ativa e laboriosa e,
6)A cor do Rito Escocês Antigo e Aceito seria a vermelha.

Parece vir daí, que o avental tem triplo significado:


1)O maçom tem obrigação de dedicar-se ao trabalho;
2)O maçom pertence a um meio de trabalho, e
3)O maçom deve proteger-se contra os riscos do trabalho.

Hoje se verifica que essas determinações não são observadas; os aventais variam em
todos os Ritos, países e obediências, principalmente no Rito Escocês e Aceito, para o
qual é direcionado este trabalho.

Atualmente, sabe-se também que o avental vem sendo dispensado em algumas


câmaras de altos graus, mas isso só ocorre quando o trabalho puramente maçônico
não está sendo praticado, isto é quando se trata de assuntos administrativos. Nos
trabalhos ritualísticos o avental é obrigatório.

É de se notar que, apesar de não existir oficialmente o avental para os Grandes


Inspetores Gerais da Ordem Grau 33 por serem graus administrativos, os irmãos que
pertencem a esta câmara continuam a usar seus aventais porque estão trabalhando
maçônicamente onde não é permitido o trabalho sem aventais.

Quero recordar que o azul é a cor do Rito de York, e que a cor do Rito Escocês é
vermelha.

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Mas, verifica-se que o uso do avental nem sempre foi correto, por isso, tem mudado
tanto sob as mais variadas alegações, que além das já citadas, há ainda a dos
fabricantes de alfaias que na ânsia de maiores lucros confeccionam os aventais com
materiais de péssima qualidade, descaracterizam as alegorias, mudam a cor, houve
um fabricante, que deixo de citar seu nome, por motivos óbvios que chegou a
diminuir drasticamente as dimensões do avental, e o que foi o pior, fazia com que os
maçons menos experientes adquirissem faixas, colares e jóias, não condizentes com
o grau em que estavam interessados.

Há ainda um grave erro que algumas Lojas ainda praticam, onde o Venerável e
Oficiais "acham" (e há sempre "achadores") que usando o colar com a jóia do seu
cargo estão dispensados do uso do avental. Isto é uma grave falta que jamais
deveria ser cometida, pois o avental é o nosso verdadeiro símbolo do trabalho e, a
verdadeira roupa maçônica é indispensável a qualquer trabalho dentro do Templo, do
qual maçom algum pode furtar-se a usar.

No passado também o uso do avental foi deturpado para não dizer explorado, pois
algumas corporações profissionais, obrigavam seus aprendizes a trabalharem
gratuitamente como paga pelo direito de usarem os seus aventais.

Para o Rito Escocês Antigo e Aceito o avental de Aprendiz é branco liso com abeta
triangular levantada podendo ser orlado com fita chamalotada com três centímetros
de largura; neste caso seu tamanho é de 35x45 centímetros e no caso anterior é de
30 por 40.

O avental de Companheiro é igual ao de Aprendiz, porém com a


abeta abaixada.

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O avental de Mestre Maçom, pode variar em seu tamanho de 30x40 a 35/x45
centímetros. Mas muito embora, hoje se use modelo mais apropriado para o Rito de
York, o avental é branco forrado de
preto, com abeta, é orlado com fita
vermelha chamalotada de quatro
centímetros, tendo no canto inferior
esquerdo, de quem o usa, a letra `M'
e do direito a letra `B', bordadas em vermelho. Este avental também deve ser usado
pelos dignitários e oficiais da Loja, menos pelo Venerável Mestre, que usa avental
branco forrado de preto, orlado com fita vermelha chamalotada de quatro
centímetros de largura, mas terá, saindo de sob a abeta dois pendentes de fita
vermelha de cinco centímetros de largura, em cujas extremidades estarão franjas
douradas, na fita da direita, a letra `M' e na da esquerda a letra `B' , cujo significado
não podemos explicar neste trabalho por ser privativo dos Mestres Instalados. O
avental terá duas rosetas vermelhas, tendo no meio da abeta um "TAU" dourado
invertido.

O avental de um ex-Venerável, é igual ao do Venerável, mas no lugar das rosetas


estarão outras "Taus" também invertidos. O avental de um Mestre Instalado é igual
ao de um ex-Venerável.

Queremos esclarecer aqui, que o `Tau' é a décima nona letra do alfabeto grego que
tem a forma de nosso `T' maiúsculo mas cuja grafia correta é `T'.

A cruz, em forma de `T' também é chamada de


Cruz de Santo Antônio.

Os aventais das autoridades como: Grandes


Secretários, Deputados à Assembléia Legislativa,
Membros do Conselho Deliberativo, Juízes, Delegados do
Grão-Mestrado, dos ex-Grãos-Mestres e seus Adjuntos
do Grão-Mestre em Exercício e do seu Adjunto, embora todos os fabricantes de
alfaias, considerem as que fabricam como os únicos corretos, havendo acentuada
divergência entre todos eles, achamos prudente deixar os modelos de cada um, para
ser determinado por cada Grande Oriente.

Sabemos por outro lado que a Confederação da Maçonaria Brasileira - COMAB, está
estudando o problema para unificação dos modelos dos aventais em sua jurisdição,
sendo certo que os modelos para Grão-Mestre e Grão-Mestre Adjunto já estão
definidos e em pleno uso.

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Nos graus filosóficos do Rito Escocês Antigo e Aceito o problema é da maior
complexidade, com cada fabricante apresentando os seus próprios modelos, na
maioria copiados de Potências estrangeiras, onde a diversidade é muito mais
acentuada. Mas com a criação da Excelsa Congregação dos Supremos Conselhos do
Rito Escocês Antigo e Aceito, o problema foi solucionado nos Corpos Filosóficos que a
compõem, pois todos os modelos de aventais estão padronizados. Porém, no Brasil
existem outras. Potências Filosóficas que apesar de praticarem o Rito Escocês Antigo
e Aceito, têm seus aventais bem diferentes.

Terminando. Não é só o problema dos aventais que é difícil de ser solucionado, há


também as demais alfaias que não estão padronizadas e que dificilmente serão
homogêneas, porque haverá sempre aqueles que querem que suas opiniões
prevaleçam e vaidosos que querem exibir aventais mais vistosos.

Em nosso entender este problema só será definitivamente solucionado quando os


responsáveis por todas as Potências se reunirem e decidirem acatar, repetimos,
decidirem acatar as decisões tomadas coletivamente.

Isto seria a melhor das realidades. Mas infelizmente, reconhecemos é uma utopia.

OS DOZE PONTOS ORIGINAIS DA MAÇONARIA

Existem na Franco-maçonaria doze pontos originais, os quais formam a


base do sistema, e que fazem parte do ritual de iniciação. Sem a existência
desses pontos, nenhum homem poderia ter sido legalmente aceito na Ordem.
Toda pessoa que se tornou um maçom deve estudar estas doze formas da
cerimônia, não somente no primeiro grau, mas em cada um dos posteriores.

Portanto, podemos observar que nossos antigos Irmãos os consideravam de


suma importância nas cerimônias de iniciação, e conseqüentemente deve
lhes_ter_dado muito trabalho conseguir uma explicação simbólica para eles.
Embora eles não façam mais parte dos Sermões da Grande Loja Unida da
Inglaterra,é de valor dar uma pequena explicação do que eles representam.

A cerimônia de Iniciação, já que esses pontos constituíam parte importante


do ritual, foi dividida em doze partes, em alusão às 12 tribos de Israel, e
cada uma das quais se referia a um ponto, da seguinte forma:

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1a parte: A abertura da Loja, era simbolizada pela tribo de Rubem, o
primogênito de Jacob, que o chamava "o princípio de sua energia." Por
conseguinte, era devidamente apropriada e adaptada como emblema dessa
cerimônia, que é essencialmente o começo de toda iniciação.

2a parte: A preparação do candidato era simbolizada pela tribo de


Simeão, porque ele preparou os instrumentos de guerra para a luta com os
Shequemitas; essa parte da cerimônia em que se descreve essas armas
ofensivas, era praticada como sinal de repulsa pela crueldade implacável que
resultou desse incidente.

3a parte: A informação dada pelo C. I. refere-se à tribo de Levi,


porque na guerra com os Shequemitas, supõe-se que foi ele que deu o sinal
de aviso a Simeão seu irmão, com quem havia combinado a lutar contra esse
povo.

4a parte: A entrada do candidato na Loja simbolizava a tribo de Judah,


porque foi a primeira a cruzar o rio Jordão e penetrar na terra prometida,
eles que vinham de um lugar de servidão e ignorância, assim como da solidão
do deserto por onde passaram, agora para eles Canaan lhes significava a
terra da luz e da liberdade.

5a parte: A invocação era simbolizada pela tribo de Zebulão, porque a


oração e bênção que Jacob proporcionou a ele, e não a seu irmão Isacar.

6a parte: As viagens referem-se à tribo de Isacaar, que considerada


como indolente e inútil, necessitava como diretor supremo um guia que a
elevasse à mesma altura das outras tribos.

7a parte: O avanço até o altar era simbolizado pela tribo de Daniel,


para nos demonstrar, por oposição, que devemos avançar até a verdade e
santidade tão rapidamente, e não fazer como essa tribo que se lançou à
idolatria, e cujo objeto de veneração era a serpente de cobre.

8a parte: A obrigação se refere a tribo de Gad, e se refere ao


juramento solene feito por Jephtah, Juiz de Israel, que pertencia a essa
tribo.

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9a parte: A confidência feita ao candidato, dos mistérios, era
simbolizada pela tribo de Asher, porque era então que ele recebia os ricos
frutos do conhecimento Maçônico, assim como Asher se dizia ser o herdeiro
da fartura e dos esplendores reais.

10a parte: A investidura com a pele de cordeiro, o avental, pelo qual


se declarava o candidato livre, se refere à tribo de Neftali, a qual foi
investida por Moisés com uma liberdade singular quando disse: "Oh! Neftali,
recebei os benefícios, pois o Senhor os tem coberto com seus favores, e
possuis portanto o Ocidente eo Sul."

11a parte: A cerimônia do ângulo Nordeste da Loja se refere a José,


porque, como esta cerimônia nos recorda a parte mais rudimentar da
Maçonaria, e pelo motivo de que as duas metades das tribos e Efraim e
Manasseh, das quais foi formada a tribo de José, consideradas mais
rudimentares que as demais, por descender dos netos de Jacob.

12a parte: O encerramento da Loja era simbolizado pela tribo de


Benjamim, que foi o filho caçula de Jacob, e com ele termina a energia
transmitida por ele.

Estes eram os doze pontos importantes da Franco-maçonaria, que


constavam dos sermões e leituras antigas. Embora atualmente não
sejam conhecidos, não se pode negar que eles contribuíram em algo
ao simbolismo e a informação religiosa da Franco-maçonaria.

De qualquer maneira, são ensinamentos da antiguidade Maçônica,


e como tais merecem nossa atenção.

Os Landemarques maçônicos
escritor Albert G. Mackey

01- Que são inamovíveis as formas de reconhecimento;

02- Que a Maçonaria Simbólica se divide em três graus;

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03- Que é inamovível a Lenda do Terceiro Grau;

04- Que a Maçonaria deve ser sempre governada por um grão-mestre;

05- Que o grão-mestre tem a prerrogativa de presidir qualquer assembléia maçônica;

06- Que o grão-mestre tem a prerrogativa de autorizar a outorga de graus sem o


interstício regular;

07- Que o grão-mestre tem a prerrogativa de autorizar a abertura ou o


funcionamento de lojas;

08 - Que o grão-mestre tem a prerrogativa de autorizar a iniciação de maçons sem a


sindicância prévia;

09 - Que todos os maçons devem obrigatoriamente estar filiados a uma loja;

10 - Que todos os maçons, quando reunidos em loja, devem estar sob as ordens de
um venerável mestre e de dois vigilantes;

11 - Que toda a loja constituída deve trabalhar a coberto de estranhos;

12 - Que todo o maçom tem o direito de comparecer a qualquer assembléia de


maçons;

13 - Que todo maçom tem o direito de, com o acordo dos irmãos em loja constituída,
apelar para o grão-mestre;

14 - Que todo maçom tem o direito de visitar e se fazer presente em qualquer loja
regular;

15 - Que os visitantes não conhecidos por pelo menos alguns dos irmãos, não podem
ser admitidos em loja sem passar primeiro pelo reconhecimento na forma dos antigos
costumes;

16 - Que nenhuma loja pode interferir nas atividades de outra loja;

17 - Que todos os maçons estão sujeitos as leis e aos regulamentos da jurisdição


maçônica em que residem;

18 - Que todo candidato a iniciação deve ser do sexo masculino, livre de nascimento,
fisicamente integro e de idade madura;

19 - Que todo maçom deve crer em Deus como o Grande Arquiteto do Universo;

20 - Que todo o maçom deve acreditar na ressurreição para uma vida futura;

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21 - Que o Livro da Lei é um dos símbolos indispensáveis de uma loja;

22 - Que é inquestionável a igualdade entre todos os maçons;

23 - Que o segredo maçônico é inviolável;

24 - Que a Maçonaria Especulativa tem sua origem nos princípios da Arte Operativa;

25 - Que os Landemarques são invioláveis e inalteráveis.

OS LANDMARKS
1. A divisão da Maç.: Simb.: em três Graus é um LANDMARK que, mais do que nenhum, tem
sido preservado de alterações, apesar dos esforços feitos pelo daninho espírito inovador. Certa
falta de uniformidade sobre o ensinamento final da Ordem, no grau de Mestre, foi motivada por
não ser o terceiro grau considerado como finalidade; daí o Real Arco e os Altos Graus variarem
no modo de conduzirem o Neófito à grande finalidade da Maç.: Simbólica. Em 1813 E.:V.:, a
Grande Loja da Inglaterra reinvidicou este antigo LANDMARK, decretando que a Antiga
Instituição Maçônica consistia nos três primeiros graus: Aprendiz, Companheiro e Mestre,
incluindo o Santo Real Arco. Apesar de reconhecido por sua antiguidade, como um verdadeiro
LANDMARK ele continua a ser violado.

2. Lenda do Terceiro Grau é um LANDMARK importante, cuja integridade tem sido respeitada.
Nenhum Rito existe na Maç.:, em qualquer país ou em qualquer idioma, em que não sejam
expostos os elementos essenciais dessa Lenda. As fórmula escritas podem variar e, na verdade,
variam; a Lenda, porém, do construtor do Templo constitui a essência e a identidade da Maç.:
universal. Qualquer Rito que a excluísse ou a alterasse deixaria, por isso, de ser um Rito
maçônico.

3. O governo da Fraternidade por um Oficial que a preside, denominado Grão Mestre, eleito pelo
povo maçônico, é o quanto LANDMARK da Ordem. Muitas pessoas supõem que a eleição do
Grão Mestre se pratica em virtude de ser estabelecida em Lei ou Regulamento da Grande Loja.
Nos anais da Instituição se encontram Grãos Mestres muito antes de existirem Grandes Lojas e,
se, o atual sistema de governo legislativo por Grandes Lojas fosse abolido, sempre seria preciso
a existência de um Grão Mestre.

4. A prerrogativa do Grão Mestre de presidir a todas as reuniões maçônicas realizadas onde e


quando se fizerem é o quinto LANDMARK. É em virtude dessa Lei, derivada de antiga usança, e,
não de qualquer decreto especial que o Grão Mestre ocupa o Trono em todas as Sessões, de
qualquer Loja subordinada, quando se ache presente.

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5. A prerrogativa do Grão Mestre de conceder licença para conferir graus em tempos anormais
é outro importantíssimo LANDMARK. Os estatutos maçônicos exigem um mês, ou mais, para o
tempo em que deva transcorrer entre a proposta e a recepção de um candidato. O Grão Mestre,
porém, tem o direito de permitir a Iniciação imediata de qualquer candidato.

6. A prerrogativa que tem o Grão Mestre de autorização para fundar e manter Lojas é outro
importante LANDMARK. Em virtude dele pode o Grão Mestre conceder, a número suficiente de
Mestres Maçons, o privilégio de se reunirem e conferirem graus. As Lojas assim constituídas
chamam-se "Lojas Licenciadas". Criadas pelo Grão Mestre somente existem enquanto não
resolva o contrário, podendo ser dissolvidas por ato seu. Qualquer que seja o tempo que
durarem essa Lojas devem-no, exclusivamente, à graça do Grão Mestre.

7. A prerrogativa do Grão Mestre de formar Maçons, por sua deliberação, é outro importante
LANDMARK, que carece ser explicado, controvertida como tem sido a sua existência. O
verdadeiro e único modo de exercer esta prerrogativa é o seguinte: O Grão Mestre convoca em
seu auxílio, pelo menos, seis Mestres Maçons; forma uma Loja e sem nenhuma prova prévia,
confere graus aos candidatos; findo isso, dissolve a Loja e despede os IIr.:. As Lojas convocadas
por esse meio são chamadas de "Lojas Ocasionais" ou "Lojas de Emergência".

8. Outro LANDMARK é o que afirma a necessidade de os Maçons se congregarem em Lojas.


Sempre se prescreveu que os Maçons deviam congregar-se com o fim de se entregarem a
tarefas operativa e que a essas reuniões fosse dado o nome de "Loja". Antigamente, essas
reuniões eram extemporâneas, convocadas para assuntos especiais e logo dissolvidas,
separando-se os Irmãos, para de novo se reunirem em outros pontos e em outras épocas,
conforme as necessidades e as circunstancias exigissem. Cartas Constitutivas, Regulamentos
Internos, Oficinas permanentes, contribuições anuais são inovações modernas, de um período
relativamente recente.

9. O governo da Fraternidade, quando congregado em Lojas, por um Venerável e dois Vigilantes


é também um LANDMARK. Qualquer reunião de Maçons congregados sob qualquer outra
direção, como por exemplo, um presidente e dois vice-presidentes, não seriam reconhecidos
como Loja. A presença de um Venerável e dois Vigilantes é tão essencial que, no dia da
congregação, é considerada como uma Carta Constitutiva.

10. A necessidade de estar uma Loja "a coberto" quando reunida é um importante LANDMARK,
que não deve ser descurado. Origina-se do caráter esotérico da Instituição. O cargo de Guarda
do Templo que vela para que o lugar das reuniões esteja absolutamente vedado à intromissão
de profanos, independe, em absoluto, de qualquer lei de Grande Loja ou de Lojas subordinadas.
O seu dever, por este LANDMARK é guardar a porta do Templo, evitando que se ouça o que
dentro dele se passa.

11. O direito representativo de cada Irmão nas reuniões gerais é um importante LANDMARK.
Nas reuniões gerais, outrora chamadas de Assembléias Gerais, todos os Irmãos, mesmo os
simples Aprendizes, tinham o direito de tomar parte. Na Grande Loja só tem direito de
assistência os Veneráveis e os Vigilantes, na qualidade de representantes de todos os Irmãos da
Loja. Antigamente cada Irmão se representava por si mesmo, hoje são representados por seus
Oficiais. Nem por motivo dessa concessão, feita em 1717 E.:V.:, deixa de existir o direito de
representação, firmado por este LANDMARK.

12. O direito de recurso de cada Maçom das decisões de seus Irmãos, em Loja, para a Grande
Loja ou Assembléia Geral dos Irmãos é um LANDMARK essencial para a preservação da Justiça e
para prevenir a opressão.

91
13. O direito de todo Maçom visitar e tomar assento em qualquer Loja é um inquestionável
LANDMARK da Ordem. É o consagrado direito de visitar, que sempre foi reconhecido como um
direito inerente que todo Irmão exerce, quando viaja pelo Universo. É a conseqüência de
encarar as Lojas como meras divisões por conveniência da Família Maçônica Universal.

14. Nenhum visitante, desconhecido dos Irmãos de uma Loja, pode ser admitido à visita, sem
que, antes de tudo, seja examinado, conforme os antigos costumes. Esse exame só pode ser
dispensado se o Maçom for conhecido de algum Irmão do Quadro que por ele se responsabilize.

15. Nenhuma Loja pode intrometer-se em assuntos que digam respeito a outras, nem conferir
graus a Irmãos de outros Quadros.

16. Todo Maçom está sujeito às Leis e Regulamentos da jurisdição maçônica em que residir,
mesmo não sendo membro de qualquer Loja. A falta de filiação já é, em si, uma falta maçônica.

17. Por este LANDMARK os candidatos à Iniciação devem ser isentos de defeitos físicos ou
mutilações, livres de nascimento e maiores. Uma mulher ou um escravo não pode ingressar na
Ordem.

18. A crença no Grande Arquiteto do Universo é um dos mais importantes LANDMARK da


Ordem. A negação desta crença é impedimento absoluto e insuperável para Iniciação.

19. Subsidiariamente a esta crença é exigida a crença na prevalência do espírito sobre a


matéria e em uma nova vida.

20. É indispensável a existência, no Altar, de um "Livro da Lei" - o Livro que, conforme a crença,
se supõem conter a Verdade Revelada pelo G.:A.:D.:U.:, Não cuidando a Maçonaria de intervir
nas peculiaridades de fé religiosa de seus membros, esses livros podem variar de acordo com
os credos. Exige, por isso, este LANDMARK que um "Livro da Lei" seja parte indispensável dois
utensílios de uma Loja.

21. Todos os Maçons são absolutamente iguais dentro daq Loja, sem distinções de prerrogativas
profanas, de privilégios que a sociedade confere. A Maçonaria a todos nivela nas reuniões
maçônicas.

22. Este LANDMARK prescreve a conservação secreta dos conhecimentos havidos por Iniciação,
tanto dos métodos de trabalho como de suas Lendas e Tradições, que só podem ser
comunicadas a outros Irmãos. O sigilo dos trabalhos em Loja é perpétuo.

23. A fundação de uma ciência especulativa, segundo métodos operativos, o uso simbólico e a
explicação dos ditos métodos e dos termos neles empregados, com propósito de ensinamento
moral, constitui outro LANDMARK. A preservação da Lenda do Templo de Salomão é o
fundamento deste LANDMARK.
24. O último LANDMARK é o que afirma a inalterabilidade dos anteriores, nada podendo ser-lhes
acrescido ou retirado, nenhuma modificação podendo ser-lhes introduzida. Assim como de
nossos antecessores os recebemos, assim os devemos transmitir aos nossos sucessores.

OS NÚMEROS DO APRENDIZ MAÇOM

INTRODUÇÃO

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Os números estão presentes na maior parte das atividades humanas. A ciência, sobre a qual se apoia o
edifício da indústria, do comércio e da tecnologia, não existiria sem a presença fundamental dos
números.

A doutrina tradicional e o esoterismo consideram os números não só por suas propriedades lógicas,
aritméticas e geométricas, mas também por seus atributos simbólicos, analógicos e metafísicos.

A ciência dos números é a base da Gnose. Em seus aspectos gerais, este conhecimento é similar nos
Vedas, no I Ching, no Tao Te King, na Cabala, nos mistérios dos santuários da Grécia e na doutrina de
Pitágoras.

Na Cabala, a decifração dos textos sagrados é feita através do valor numérico e esotérico atribuídos a
cada letra do alfabeto hebraico. Na doutrina de Pitágoras, a ciência dos números é a ciência das forças
divinas em ação no Universo e no Homem – no Macrocosmo e no Microcosmo.

No domínio do absoluto não existem fronteiras entre os conceitos Qualitativo e Quantitativo mas para o
Homem eles existem e são fundamentais. Por exemplo, para nós são as tonalidades de uma cor ou de um
som que nos impressionam. No entanto, estes atributos podem ser objetivamente determinados através
de um número – o seu comprimento de onda.

A essência dos problemas com os quais se defrontaram todos os sábios de todas as épocas pode ser
resumida em um conjunto de três elementos: o Zero, o Um e o Infinito. (0, 1, 00).
A Cabala antecede a série de números, os Sephiroth, por uma fonte não manifesta, o Ain Soph, que os
maçons designam por Grande Arquiteto do Universo.

O Zero, uma das definições da Divindade, é a fonte da existência e o Vazio Original no qual essa
existência se manifesta. A palavra árabe “Sephir”, vazio, significa valor nulo. Na Itália, o Sephir
transformou-se em Zéfiro e, por extensão, em Zero. É a partir do Zero, o Ser Supremo não Manifestado,
que se desenvolvem em matemática os conceitos de positivo e de negativo.

A UNIDADE

Se considerarmos a relação matemática 00 x 0 = 1 (o infinito multiplicado por zero é igual a um)


veremos que o 1, isto é, “o primeiro germe do ser”, é igual ao produto do zero, o nada, pelo infinito, o
todo. O Nada e o Infinito são dois aspectos diferentes da mesma entidade, do mesmo Criador.

O Zero ou Nada é o Ser Incriado em seu estado de inércia. O Infinito, é o Criador em seu estado dinâmico.
O produto do Zero pelo Infinito é a ação de Deus sobre si mesmo, produzindo assim o Um, o Universo,
que é a sua manifestação no plano real.

O movimento do primeiro átomo de vida provocou o Big-Bang. Esta explosão da unidade original criou o
espaço-tempo e todas as dimensões do Universo. Kant definiu a aritmética como sendo a ciência do
Tempo e a geometria como a ciência do espaço. Aqui também, temos o espaço e o tempo definidos pelos
números.

A Multiplicidade procedeu da divisão da Unidade. Metafisicamente considera-se os números como sendo


o resultado da divisão do Um. O movimento do Um para o Múltiplo significa o afastamento da Divindade,
isto é, a involução. O movimento do Múltiplo para o Um significa a evolução espiritual, a espiritualização
da matéria.

No triângulo, símbolo maçonico por excelência, os vértices são constituídos por um ponto e os lados
opostos são constituídos por uma infinidade de pontos. Simbolicamente, a evolução espiritual ocorre
quando caminhamos sobre um dos lados em direção a um dos vértices do triângulo.

Simbolizado também por um ponto no centro de um círculo, o Um concentra em si todas as possibilidades


que existiam no zero – o círculo sem o centro.

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A DÍADE

O Universo procede do Zero. O Um se deduz do Zero através do Infinito. O Zero e o Um constituem a


primeira díade. O sistema binário, ou analógico, redescoberto pelo matemático Leibnitz, formado pelo
zero e pelo um, é hoje a linguagem universal dos computadores digitais.

O movimento do Um deu origem à polaridade. Dois é o primeiro esboço do ritmo e o único número par
que também é primo (número primo é o que só é divisível por ele mesmo ou pela unidade). Todos os
números são múltiplos de Um, mas todos eles também podem ser expressos pela soma das potências de
dois.

Esotericamente, a Díade é o símbolo da instabilidade e da mudança. Com a Díade surge a diferenciação,


os antagonismos e a dialética. Segundo Pitágoras, a Díade é a origem das desigualdades e, como
consequência, do mal.

O número dois é par e, como todos os números pares, é também considerado um número terrestre, lunar
e feminino. Em oposição, os números ímpares são considerados divinos, solares e masculinos.

A TRÍADE

Para se tornar ativa, a Unidade deve multiplicar-se. Deus, sendo um ente perfeito, é superabundante e
produz outros seres. Se Deus fosse só Um, estaria encerrado em si mesmo e não seria o Criador Supremo.
Se fosse só Dois, produziria o antagonismo e a dissolução. Deus cria eternamente e o Universo, que
enche de Suas obras, é uma Criação incessante e infinita.

Tudo pode ser compreendido como Um na sua Unidade; como Dois, nos opostos; como Três, nas relações
que conciliam os opostos, possibilitando o movimento que forma o equilíbrio e a harmonia.

Por volta do ano 600 a. C. Lao Tse escreveu no Tao Te King: “o Tao produziu o Um, o Um produziu o Dois, o
Dois produziu o Três e o Três produziu todos os seres. Assim, Deus sendo único em Si mesmo, é tríplice na
concepção humana. O Um em Três e o Três em Um é a definição Universal da Divindade. O Ternário é o
mais sagrado dos números místicos. Ele é a expressão do Criador.

O Três é também o número da forma, pois não existe corpo que não tenha três dimensões. Todas as
religiões atribuem um tríplice aspecto à Divindade. A Cabala, por exemplo, representa Deus por um
triângulo. No Sânscrito, Deus é representado pelas três letras A-U-M. A palavra SAM significa Um em
Sânscrito e Três em Chinês. A letra hebraica Aleph tem valor numérico Um e valor esotérico Três.

Os três pontos maçonicos e o triângulo Rosa-Cruz tiveram a sua origem nessa cosmogonia numeral. O
Três encerra a primeira série de números primos ( l,2,3 ). Esta série tem a propriedade única, na qual a
sua soma é igual ao seu produto: 1 + 2 + 3 = 1 x 2 x 3 = 6.

Em Loja, as jóias dos Oficiais ilustram o simbolismo da Lei do Ternário. O Nível do 1º Vig.: simboliza a
Igualdade; o Prumo do 2º Vig.; exorta a que desçamos às profundezas de nossos corações e elevemos o
pensamento às alturas do Grande Arquiteto do Universo. Aqui, parece haver conflito entre a horizontal
igualitária do Nível e a vertical hierárquica do Prumo. No entanto, tudo se concilia pela ação do Esquadro
que decora a jóia do Venerável Mestre.

O Esquadro, dirigindo a ação do Nível e do Prumo, é o instrumento que o Venerável Mestre utiliza com
sabedoria, equilíbrio e prudência, orientando a formação e o aperfeiçoamento dos Irmãos, visando o seu
crescimento moral e espiritual.

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BIBLIOGRAFIA
Gnose – Estudos Esotéricos - Boris Mouravieff
Pitágoras – Uma Vida - Peter Gorman
Tao Te King - Lao Tse - Huberto Rohden
I Ching o Livro das Transmutações - John Blofeld
A Doutrina Secreta - H.P. Blavatsky
Vida e Mistério dos Números - François Xaboche
L’Aprenti - Oswald Wirth
Grau de Aprendiz e seus Mistérios - Jorge Adoum

OS TRÊS ELEMENTOS QUE REGEM OS MAÇONS

Domingos de Oliveira
O Maçom conhece o sinal dos três elementos que o regem no mundo material. Sabedoria Força e Beleza.
Define—se: Sabedoria para inventar, Força para executar e Beleza para ornar.

Sabedoria, entretanto, fica por vezes num sentido opaco. Mas ela a trans-lucidez da inteligência de que
nos servimos com reparadoras virtudes; mais criada por golpes de desejos raros e inimitáveis do que
escapada das influências que nos cercam.

Sabedoria para o Maçom por termo que liga uma situação de vontade refletida a um apoio de intuição
concludente.
A situação aquela que encerra ou livra o espírito pela modalidade intelectual, segundo a presença de
equilíbrio; se a situação precária ou flutuante, somente a sabedoria a enxerga.

A intuição e a vidência posta no apuro de reprimir ou enaltecer o pensamento, conforme seu grau
opinativo em que esteja baseada.

A sabedoria é fruto que promana da visão. Esta visão todo Iniciado a possue pelos tramites que o
deslocamento da alma da matéria fez originar. Desse deslocamento que desanimalisa o homem, alcança
—se o senso de Sabedoria, que o Maçom cumpre entender na sua fatal dificuldade. Força, é o fluido que
combate as paixões, dirige os sentimentos e exalta a fé.

Sem força o homem éo joguete das impressões e vacuidades. Sem força não se executa os dislates e os
vícios da natureza primitiva. Beleza, é a tranqüilidade que envolve o todo desse invólucro material,
humano, que nos liberta de selvagem: candura nos gestos, meiguice nos lábios.

Não são entretanto esses três elementos os únicos. Esses três elementos ficam a passo com as "três
forças” que urdem os Maçons em todo Mundo, as quais, no momento propício, são ensinadas na Oficina.
Estuda-las pois, em Loja, quando oportuno, as suas finalidades e desabrolhamento, atende-se ao motivo
porque somos por elas regidos e governados, e o porque com três pontos firmamos o nosso nome.

Enfim: “Três é o número de fôrma. Não se pode existir corpo sem três dimensões (comprimento, largura e
profundidade). Não é possível ação alguma sem haver três condições: o sujeito que age, o objeto em que
se reflete a ação, e o agir”.

Não perderam os sábios tais detalhes, e no-los transmitiram por sucessão. E em falarmos em três,
evocamos a importância dos números, que foi sempre “source” de meditação cuidadosa dos homens de
estudo, e os Magos culminavam pelos algarismos mudos.

Do quanto podiam estes com sua ciência, procuravam demonstrá-la por meio do algarismos

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concretizando seus pensamentos, com a aprofundar provas para atestarem o caráter da realidade
objetivada, privando os conhecimentos para seus pares e discípulos.

Como complemento da importância do ternário, deduzamos com atenção e inteligência a definição sabre
Mestres feita por Ragon no “Ortodoxia Maçônica”, obra privativa: Eles sabem que o tempo tem por
medida o passado, o presente e o futuro, com os quais se preocupam; que todas as coisas têm um
principio (o nascimento), um meio (a existência), e um fim (a morte).

O Homem tem três potências intelectuais: a memória, o entendimento e a vontade. Todos estes materiais
ternários, contam tantas divisões como ramos de instrução existem.

A física distingue os corpos pela forma, intensidade e calor; com o prisma decompõe ela, a luz, e encontra
os três corpos primitivos: o amarelo, o roxo e o azul: admite três elementos: a terra, o fogo e o ar,
considerando a água como ar condensado.

A química analisa os corpos dividindo-os em três palpáveis: terra, água e sal. A Alquimia crê o Universo
animado por três princípios químicos: sal, enxofre e o mercúrio.

Eis que a “unidade,, é a primeira causa, o princípio criador dos números de que dois o reflexo. Sendo só a
unidade não pode produzir. E um ativo, dois passivo, etc.

De dois triângulos entrelaçados formada a estrela de Salomão que tem seis pontas. Símbolo do equilíbrio,
do antagonismo do bem e do mal. Representa por analogia o axioma gravado sobre a tábua de
esmeralda de Hermes. — “O que está em cima, como o que está em baixo”.

Da união da “unidade” com a dualidade, nasce o terceiro princípio: Três o ternário, que
é neutro. Este número é o fim e a expressão do amor, porque e o nó misterioso que une
o ativo com o passivo, o homem com a mulher; e o filho que participa do pai e da mãe
sem ser nenhum deles.

Os Três Pilares da Maçonaria

S.’.S.’.S.’.

Trazidos para a Maçonaria, as três grandes Colunas ou Pilares


sustentam a Loja e são colocadas respectivamente no Oriente, Ocidente e Sul,
sendo-lhes atribuídas as três ordens gregas. Os três Pilares gregos passaram a
constituir assim um Símbolo maçônico. Entretanto, o simbolismo que se lhes
atribuiu, a princípio, desenvolveu-se cada vez mais, ocupando, atualmente,
lugar importante. Esse simbolismo não era encontrado entre os Gnósticos e
não era familiar aos Rosa-Cruzes. Também parece que não existia na
Maçonaria Operativa, embora Mackey acredite ser provável que se tenha
originado dela. No século XVIII, em certas Lojas inglesas, existiam apenas as

96
duas Colunas B e J. Em outras Lojas antigas, havia também os outros três
Pilares; em outras, três candelabros e, ainda, em outras, os três pilares eram,
ao mesmo tempo, os próprios candelabros e esses candelabros eram colocados
ao lado dos altares do Ven.’. e dos Vig.’. representando: Sabedoria, Força e
Beleza. Conforme se depreende dos antigos Rituais maçônicos, os três
candelabros foram associados às três ordens arquitetônicas: Jônico, Dórico e
Coríntio, que constavam, nesses Rituais, como os sustentáculos das Lojas
Maçônicas. Mas além de se constituírem, respectivamente, nos emblemas do
Ven.’., do 1º e do 2º Vig.’. e simbolizarem os respectivos atributos - Sabedoria,
Força e Beleza, essas três ordens arquitetônicas representam, também, o Rei
Salomão (que mandou construir o Templo), Hiran - Rei de Tiro (que forneceu
homens e materiais) e Hiran Abif (que construiu, adornou e embelezou o
Templo).
O simbolismo se enriquece com todos os elementos que possam ter relação

natural com o símbolo, ou dos quais possa depreender-se uma significação moral.

Como o simbolismo decorre de interpretações, e porque as interpretações são as

mais variadas, há quem atribua às ordens arquitetônicas, significados vários ou di-

ferentes.

Entretanto, a regra geral é: .

 Jônico, representa a Sabedoria(Sapientia) atribuída ao Ven.’. representada


pela estátua de Minerva, simboliza a procura da Verdade, objetivo maior do
verdadeiro maçom.

 Dórico, representa a Força(Salus) atribuída ao 1º Vig.’. representada pela


estátua de Hércules, simboliza a Ação, a serviço da humanidade.

 Coríntio, representa a Beleza(Stabilitas) atribuída ao 2º Vig.’. representada


pela estátua de Vênus, simboliza a Beleza Moral, que confere estabilidade ao
caráter. Existem Lojas que, para representar esses três atributos, têm, sobre
o Altar do Vem.’. do 1º Vig.’. e do 2º Vig.’. respectivamente, estatuetas dos
deuses da mitologia grega: Minerva, Hércules e Vênus (ou Adonis).

Essas três Colunas representam,. ainda:

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a) SALOMÃO, pela Sabedoria em construir; completar e dedicar o
Templo de Jerusalém ao serviço de Deus;
b) HIRAM, rei de Tiro, pela Força que deu aos trabalhos do Templo,
fornecendo homens e materiais;
e) HIRAM-ABIF, por seu primoroso trabalho em adorná-lo, dando-lhe
Beleza sem par.

Todo esse simbolismo nos ensina que, na obra fundamental de nossa construção

moral, devemos trazer para a superfície e para a luz, todas as possibilidades

individuais, despojando-nos das ilusões da personalidade. E, nesse trabalho, só pode-

remos ser SÁBIOS se possuirmos FORÇA, porque a Sabedoria exige sacrifícios que

só podem ser vencidos pela Força; mas ser SÁBIO COM FORÇA, sem ter BELEZA, é

triste, porque é a Beleza que abre o mundo inteiro à nossa sensibilidade.

SABEDORIA (Sapientia) - Jônica - Minerva - SALOMÃO - Procura da


Verdade - Venerável.

FORÇA (Salus) - Dórica - Hércules - HIRAM, rei de Tiro - Ação - 1º Vig.’.

BELEZA (Stabilitas) - Coríntia - Vênus - HIRAM-ABIF - Beleza Moral - 2º


Víg .’.

Como se vê, o simbolismo não tem nem pode ter regras fixas e inalteráveis.

No século XVII, era comum a existência do respectivo pilar, diante, ao lado ou atrás

das cadeiras do Ven.’. do 1º e do 2º Vig.’. e ainda há Lojas que perpetuam essa

tradição. Na Maçonaria anglo - saxônica, esses pilares figuram em miniatura sobre os

altares do Ven.’. e dos Vig.’. Na abertura dos trabalhos, o 1º Vig.’. levanta a sua

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miniatura, enquanto o 2º Vig.’. abaixa a sua; o inverso acontece, no encerramento da

Loja. Segundo afirma Jules Boucher, a colocação das miniaturas, daquela maneira, na

abertura da Loja, indica a supremacia de um princípio sobre o outro, durante os

trabalhos, e revela, como expressam nossos Rituais, que os trabalhos tomam força e

vigor.

O simbolismo dos três pilares formou-se, portanto, e desenvolveu-se da seguinte

maneira:

1) A colocação das três janelas no Painel Simbólico da Loja, indicando as três


principais posições do Sol, durante o dia, no seu decurso pelo firmamento,
ou seja, nascente, meio-dia e ocaso. Essas posições foram ocupadas pelas
três luzes da Loja;

2) Essas três luzes foram simbolizadas por três candelabros situados ao


lado de cada um dos três primeiros homens da Loja, isto e, Ven.’. e os
Vig.’.

3) Os candelabros foram, posteriormente, associados às três ordens arquitetônicas,


vindo delas as denominações de Sabedoria, Força e Beleza;

4) Essas designações foram, em seguida, associadas com o Rei Salomão,


Hiram (Rei de Tiro) e Hiran Abif e, também, partindo de outra ordem de
idéias, com Minerva, Hércules e Vênus (ou Adonis).

OS TRÊS PONTOS MAÇÔNICOS


O estudo da maçonaria esotérica repousa em grande parte no
conhecimento do ternário.Os três pontos usados após o nosso nome
representam o maior emblema entregue ao aprendiz na sua iniciação e que o
acompanhará por toda a vida e em qualquer grau que ele venha a alcançar no
futuro. Eles resguardam um profundo e infinito segredo, onde estão

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guardadas as respostas para o mistério de todo o universo: a origem de todas
as coisas e de todos os seres. Por conseguinte, de sua significação esotérica,
nos mostram e nos orientam sobre quais atitudes e comportamentos que o
sincero e mais abnegado franco maçom deve empreender em sua vida, a fim
de que possa entender a verdades contidas em seus ensinamentos.

Esta pequena peça arquitetônica, longe, encontra-se de sintetizar todo o


significado dos três pontos maçônicos; porém tenta-se discorrer um pouco
sobre o seu simbolismo e nos chama a atenção para o valor oculto das coisas
que não podem ser esquecidas pelo iniciado na ordem maçônica.

A origem do ternário tem seu início a partir do binário. Este, por sua vez,
constitui uma manifestação do princípio da Unidade, do todo, segundo os
antigos "E n to Pan"- "Uno o Todo". O todo é Uno em sua realidade, em sua
essência e substância, tudo vem da Unidade, que está contido e é sustentado
por si mesmo. Sua representação é o ponto, origem da linha reta, do círculo.
Deste círculo, parte a linha reta, cuja representação é a força que impõem
direção rumo ao progresso retilíneo, como resultado de uma força individual
centrada no ponto ou centro de nosso ser. Como manifestação humana
podemos traduzi-la pelo desenvolvimento progressivo e progressista das
potencialidades latentes nas virtudes ou poderes ativos.

Como resultado dessa necessidade de expressão, a unidade possui


realidade. Essa manifestação da mesma, toma-se forma como manifestação
da unidade. Daí surge como dualidade deste processo, o segundo ponto. Esse
caráter dual aparece em várias formas, entrelaçadas em pares opostos. Esta
propriedade marca o mundo dos efeitos(sua expressão) e a lei que governa
toda a manifestação ( a unidade). A dualidade expressa-se de várias maneiras
no mundo profano: temos dois olhos para dois ouvidos aos quais
correspondem dois hemisférios cerebrais(instrumentos orgânicos da
inteligência); duas mãos e dois pés, instrumentos de nossa vontade. No
mundo esotérico: o bem e o mal, as duas colunas, o princípio da vida sob o
aspecto do pai e da mãe, o espaço e tempo, o céu e a terra, o esquadro e o
compasso e o ângulo, no qual duas linhas diferentes partem de um único
ponto, divergindo-se e prolongando-se à medida que se afastam das origem.

A manifestação da dualidade em sua atividade de pares opostos, assim


como a luz se opõe às trevas; o calor e o frio ou complementar, encontra um
terceiro elemento, o intermediário ou equilibrante ou princípio da harmonia.
No caso das idéias, após examinarmos a tese e a antítese, temos a conclusão
de tal situação, que é a síntese dos argumentos favoráveis e dos contrários.
Todo ternário nasce da dualidade acrescida de uma nova unidade. Os três
pontos maçônicos constituem o mais simples e característico emblema do
ternário. O ponto superior representa a unidade fundamental, o absoluto. Os
dois pontos inferiores são a imagem da dualidade, as duas colunas, cuja união
de múltiplas ações e reações é produzida a multiplicidade fenomênica do
universo. Se traçarmos duas linhas entre o ponto superior e os dois inferiores,
temos um ângulo que expressa a dualidade dos dois princípios, oriundos da
emanação de um só princípio. Ao traçarmos uma linha que uma os dois pontos

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inferiores, teremos o triângulo, representando o terceiro que aparece como
novo aspecto da unidade absoluta. Isoladamente, os três pontos mostram os
três princípios que constituem a unidade e a dualidade da manifestação. O
ponto superior corresponde ao Oriente e ao mundo absoluto da realidade. Os
dois inferiores ao Ocidente, ou seja, o mundo relativo, o mundo da aparência.
Na loja, às duas colunas emblemáticas da dualidade.

Como pequena síntese do ternário e sua respectiva aplicação na vida


maçônica dos iniciados, empreende-se que o progresso pessoal dentro da
maçonaria requer que a inteligência se erga sobre o domínio da mente
concreta (aspectos da dualidade e dos opostos),os dois pontos inferiores,
situando-se no sentimento e na consciência da Unidade( ponto superior),
chegando-se na essência de todos os seres através das faculdades superiores
da mente que se baseiam na unidade,assim como a mente concreta baseia
sua lógica e suas conclusões no sentido da dualidade. A iluminação maçônica
se faz quando progredimos desde o Ocidente, que é o reino da ilusão, da
multiplicidade e da aparência, em direção ao Oriente, o reino do real, da
unidade e do ser. Passa-se a reconhecer no Ocidente o uno em diversos seres
e coisas; no Oriente temos a Unidade na multiplicidade.

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