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A UTILIZAÇÃO DOS ACRÓSTICOS DENTRO E FORA DA LOJA

Muitas das conversações entre Irmãos, dentro ou fora da Oficina, são encerradas com
expressões que o neófito parece conhecer – sobretudo através de uma busca na
Internet – mas poucos buscam uma maior profundidade de conhecimento.

Dentre estas expressões, T.F.A. e S.F.U., representam bem a problemática e, digo


problemática porquanto até mesmo entre os grandes mestres parece haver uma
disputada discussão, sobretudo quanto ao “triplo S”, bem apreciado na leitura de
pranchas pelos Irmãos Secretários (SOBRINHO, 2002, p. 126; FIGUEIREDO, 1970,
p.187). Alega Sobrinho que é falta de lógica na oficina a expressão “Saúde, Saúde,
Saúde”, enquanto Figueiredo a apoia, sobretudo para alguns ritos.

A expressão S.F.U., representa o tríplice desejo que cabe a todos os irmãos em


relação a seu próximo, desejando-lhe Saúde, Força e União. Saúde, porque sem ela
(e que procede do criador) o homem não se mantém na senda ou caminho. Força para
resistir às tentações e imposições do mundo profano em desviar o irmão do caminho
reto traçado pelo G.A.D.U. E, União porque com ela mantemos a saúde (inclusive no
plano espiritual) e nos fortalecemos mutuamente. “Juntos nós somos mais fortes”.

O tríplice “S” formado pelo desejo de Saúde, Sabedoria e Estabilidade, procede do


acróstico latino: “Salus, Sapientia, Stabilitas”, sendo que este último é erroneamente
traduzido por alguns ritos como “Santidade”. Encontramos, esta expressão – no que
me é permitido falar – no Grau 28 “Cavaleiro do Sol”, ao citar: “Stella, Sedet, Soli”,
quando da cerimônia de transmissão da palavra semestral, invertendo-se a ordem
latina das expressões: Salus, Sapientia, Stabilitas.

Sempre declino que o Irmão Maçom deve buscar a sabedoria sadia que nos causa
estabilidade emocional e espiritual. Grandes Mestres se debruçaram ao conhecimento
dos Mistérios, perpetuando-o ao longo de vários milênios (WEBB, 2017, p. 29). Assim,
a Sabedoria representa o Venerável Mestre, a Saúde ou Força Vital diz respeito ao
Primeiro Vigilante da Loja e a Estabilidade ao Segundo Vigilante.

Mas, esclareçamos um pouco mais, sem avançarmos a instrução até onde o decoro e
o sigilo maçônicos nos permitam.

Embora a simbologia das colunas zodiacais seja própria do R.E.A.A., quaisquer que
sejam os ritos devem prezar o Orbe terrestre que passa pelo plano celeste (WEBB,
2017, p. 29, 38). Assim, o sol nasce no Oriente e padece no Ocidente, percorrendo
uma órbita que passa pelo Sul, representando os três pilares que sustentam a Loja. Se
o Venerável Mestre é pilar da Sabedoria, representa o Sol em Aries Sabidura, símbolo
do conhecimento. Se buscarmos agora o pilar da Saúde, o encontraríamos em
Virgem, representando todos os serviços de saúde e o Primeiro Vigilante. A
Estabilidade, por fim, diz respeito ao Segundo Vigilante cujo patrono é Aquário.

Poderia ser meras conjecturas para explicar, de modo romântico, a liturgia da Loja –
mesmo que em York não se adote a simbologia das colunas zodiacais – mas vejamos
as características dos pilares: Ao Venerável Mestre é cobrado Entusiasmo, criatividade
e autoestima; Ao Primeiro Vigilante: Praticidade, capacidade de realização e firmeza
quanto à realidade; Do Segundo Vigilante se espera: Pensamento racional,
socialidade e clareza mental.

Rodrigues (2021, p. 205) por sua vez quanto aos Oficiais da Loja, esclarece que Aries
representa a casa UM, Virgem SEIS e Aquário ONZE e (1 + 6 + 11 = 18 = 1 + 8 = 9).
O NOVE por sua vez contém a célebre expressão de telhamento do Aprendiz Maçom:
“O Venerável Mestre de minha Loja vos saúda por três vezes três”.

Na geometria das construções dos antigos canteiros, o cubo representava a pedra


poliédrica perfeita, desbastada e preparada como elemento primário. Cada elemento
geométrico dos cantos da obra era composto por um artefato poliédrico de igual
largura, altura e profundidade. Nesta geometria justa e perfeita os elementos da
Pedra Cúbica, ou o cubo de três (3 x 3 x 3 = 27 = 2 + 7 = 9) representam ainda a
Pedra Angular (Jesus ou Yeshua Bar Yosseph) que era colocada no canto nordeste da
obra.

Para complementarmos a explicação, lembremos que todas as expressões e palavras


chaves da Maçonaria são hebraicas e do Antigo Testamento (Tanah) e dentre estas
expressões uma bem usual seria SHALOM, acróstico formado pelos desejos de:
Sabedoria, Humildade, Amor, Liberdade, Obediência e Misericórdia, atributos que todo
Irmão Maçom deve portar no caminho ou senda.

Irmão M.’. M.’. Élson Alves Louzada.


Diretor de Liturgia. CIM nº. 0659.
ARLS Cavaleiros da Ordem nº. 19. GOG/Oriente de Catalão/GO.

Vistos,
Ven.’. M.’. Gustavo dos Santos Cavalcante.
Poderoso Secretário de Liturgia. CIM nº. 0585.
ARLS Cavaleiros da Ordem nº. 19. GOG/Oriente de Catalão/GO

Referencial teórico:

ANATALINO, J. Rodrigues. A Maçonaria e a Cabala: A Influência da Cabala nos Ritos Maçônicos.


São Paulo: Madras. 2021. 224p.

FIGUEIREDO, J. Gervásio. Dicionário da Maçonaria. São Paulo: Ed. Pensamento. 1970. 487p.

SOBRINHO, J. W. Ferreira. Legislação Maçônica. São Paulo: Ed. Trolha, 2002. 252p.

WEBB, T. Smith. O Monitor dos Franco-Maçons: Ilustrações da Maçonaria. Salvador: Curtipiu


Publicações. 2017. 230p.

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