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A FUNDAÇÃO DO GRANDE ORIENTE DO BRASIL

Compilado e organizado em SP.set.2021


Edson Wagner Bonan Nunes, MI

Fonte: Livro: HISTÓRIA DO GRANDE ORIENTE DO BRASIL


José Castellani e William Almeida de Carvalho
Editora: Madras – 2009
Capítulo I – A Fundação (pgs 17/23)

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A Fundação do Grande Oriente do Brasil
(trascritos do Capítulo I – A Fundaçáo do Livro História do GOB)

"A Glória do Grande Arquiteto do Universo"


Aos 28 dias do terceiro mês do Ano da Verdadeira Luz de 5822, achando-se abertos os
Augustos trabalhos da nossa Ordem no grau de Aprendiz e havendo descido do Oriente o
Irmão Graccho, Venerável da Loja Comercio e Artes, única até este dia existente e regular
no Rio de Janeiro e que nessa ocasião resumia o povo maçônico reunido para a inauguração
e criação de um Grande Oriente Brasiliano em toda a plenitude de seus poderes, foi por
aclamação nomeado o Irmão Graccho, que acabava de ser Venerável, para presidente da
sessão magna e extraordinária naquela ocasião convocada para a eleição dos oficiais da
Grande Loja na conformidade do parágrafo-capítulo da parte da Constituição jurada.
Tomando assento no meio do quadro, em uma mesa para esse fim preparada, na qual
estavam o Evangelho, o Compasso, a Esquadria, a Constituição e uma urna, disse o Irmão
Presidente que era mister nomear urn secretário e um escrutinador para a apuração dos
votos na presente sessão. E, sendo e1eito o Irmão Magalhães, que servira de primeiro
Vigilante, e o Irmão Anibal, que servira de segundo, aquele para secretario e este para
escrutinador, fez o Presidente ler os artigos da Constituição respeitantes à eleição e logo
depois que o presidente disse que se passasse a fazer a nomeação do Grão-Mestre da
Maçonaria Brasileira, foi nomeado por aclamação o Irmão José Bonifácio de Andrada.
Propôs logo o Irmão Presidente que se aplaudisse tão distinta escolha com a tríplice bateria
e se despachasse ao novo eleito uma deputação a participar-lhe esse sucesso e a rogar-lhe
seu comparecimento para prestar juramento de tão alto emprego. Foram nomeados o
Irmão Diderot e o Irmão Demétrio, os quais voltaram, dizendo o Irmão Diderot que o Grão-
Mestre, por motivos de obrigação a que o chamava o seu emprego civil, não podia
comparecer, que aceitava o cargo com que a Loja o honrava e o agradecia, que protestava
a todo o corpo maçônico brasileiro a mais cordial amizade, e todos os serviços que the
fossem possíveis. Procedeu-se, depois, a nomeação do Delegado do Grão-Mestre e, se bem
que a Constituição determinasse que fosse ela feita por votos, o mesmo povo dispensou o
artigo, fazendo a escolha por aclamação e foi, com efeito, aclamado o Irmão Joaquim de
Oliveira Alvarez. Aplaudiu-se sua eleição e enviou-se-lhe uma deputação composta do
Irmão Turenne e do Irmão Urtubie, a qual, de volta, participou que se achava na sala dos
Passos Perdidos o Irmão Grande Delegado. Saiu uma nova deputação de cinco membros,
dirigindo-lhe a palavra o Irmão Diderot. Foi depois introduzido na Loja por baixo da
abóbada de aço e estrelada, prestando o seguinte juramento do ritual:
"Eu, F:., de livre acordo e vontade, na presença do Supr:. Arqu:. do Universo, que Iê no meu
coração e no de todo o Povo Macon.'. Brasil:. aqui representado, juro nao revelar a profano
algum, nem Maç.'. deste ou de outro qualquer Or:., a palavra sagrada da Ord:. e a de Passe
deste Or:., assim como todos os segredos que são concernentes ao lugar de Gr :. Delegado
do Or:. Brasil:., tanto nesta ocasião como em outra qualquer, exceto ao meu futuro sucessor.
Outrossim, prometo preencher todas as obrigações do meu cargo, conformando-me com a
Constituição deste Or:. e com os Regulamentos da Gr:. Loj:., de uma maneira que possa
promover o aumento e glória deste Or:. e de todas as LLoj:. do seu circulo, e de empregar

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todos os meus esforços, sempre que forem necessários, a bem de todos os maçons, e de
sustentar a causa do Brasil, quanto compatível for com minhas faculdades. E, se trair e
perjurar qualquer dessas obrigações, de novo me submeto as penas dos meus ggr:. e ao
desprezo e execração pública. Assim Deus me salve!".
Recebeu aplausos, dirigiu a palavra a toda a Grande Assembleia e pediu que o
dispensassem de assistir por mais tempo, porque deveres igualmente sagrados de seu
emprego o chamavam a casa. Saindo o Grande Delegado, procedeu-se, por cédulas
nominais, a eleição dos demais Oficiais da Grande Loja e sairam, com maioria absoluta,
para Primeiro Grande Vigilante, o Irmão Diderot, para Segundo Grande Vigilante, o Irmão
Graccho, para Grande Orador, o Irmão Kant, para Grande Secretário o Irmão Bolivar,
Promotor, o Irmão Turenne, Chanceler, o Irmão Adamastor. Foram gradualmente
aplaudidas suas nomeações e seguiram-se as nomeações dos Veneráveis das três Lojas
metropolitanas que se deviam igualmente erigir, e foram eleitos os Irmãos Brutus, Anibal e
Democrito. Aplaudiu-se a nomeação e, em ato sucessivo, prestou o Primeiro Grande
Vigilante o juramento, nas maõs do presidente e, subindo ao Trono, o deferiu a todos os
outros OOf:. e VVen: .. Mandando depois, aos OOf:. da Gr:. Loj:. tomarem seus lugares,
ordenou aplausos de agradecimento a todos os OOf:. da preterita Loja Comercio e Artes
pelos assíduos desvelos na causa da Maçonaria. Proposto pelo Ir:. P Gr:. Vig:., para a
próxima sessão o sorteamento dos membros e a designação dos Dignitários das Lojas entao
criadas, o Irmão ex-Orador, pedindo a palavra, ponderou que podia, pela sorte, ficar
alguma das LLoj:. privada de IIr:. que, pelo seu grau, pudessem ser DDign:. e, portanto,
propunha que se fizesse o sorteio por turmas dos ggr:. existentes, para que a cada urna
coubesse igual numero de IIr:. graduados. Porem, o P Gr:. Vig:., tomando a palavra, mostrou
que era mais liberal sortear promiscuamente e deixar a cada uma das LLoj:. a nomeação
dos seus DDign:., para o que poderia ser eleito qualquer Ir:. de qualquer gr:. dando-se depois
o gr:. de Mestr:., assim como na criação da Gr:. Loj:., saindo GGr:. DDign:. IIr:. MMestr:., ipso
facto hão de receber os altos ggr:.. E suposta a moção suficientemente discutida e posta a
votos, foi aprovada a emenda e se decidiu que se procedesse da maneira indicada pelo Ir:.
1º Gr:. Vig.:. Desse modo, deram-se por terminados os trabalhos dessa sessão magna e
extraordinária, ficando, assim, instalada a Gr:. Loj. Ordenanda, porém; o Ir:. PGr:. Vig:. que
eu, Gr:. Secr:. da Gr:. Loj:., lavrasse e exarasse a presente ata, para perpétuo documento
neste livro que devera servir para as das Assembleias Gerais e igualmente da Gr:. Loj: .. "
(Seguem-se as assinaturas)

Essa é a certidão de nascimento do GRANDE ORIENTE DO BRASIL, Obediência maçônica


nacional e a primeira do território brasileiro, a qual iria, nos anos posteriores, ser participe
dos grandes acontecimentos politico-sociais da história do Brasil, comecando, ja no ana de
sua fundacao, com a furidamental participação no movimento pela emancipação politica
(os fundadores encerraram a sessão prometendo, solenemente, que o Grande Oriente teria,
como meta especifica de seus esforcos, a independencia do Brasil).

OBSERVAÇÃO NECESSÁRIA: Todos os documentos transcritos nesta obra, total ou parcialmente,


tiveram seu texto vertido para a moderna ortografia, a fim de facilitar o entendimento.

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A FUNDAÇÃO DO GRANDE ORIENTE DO BRASIL

Fonte: Livro: A MAÇONARIA NO CENTENÁRIO 1822 – 1922


Antonio Giusti 33°
Editora: Revista “A Maçonaria no Estado de São Paulo”
Páginas 20 e 21

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A Fundação do Grande Oriente do Brasil
(trascritos das pgs 19 a 21 do Livro A Maçonaria no Centenário)

No livro “A Maçonaria no Centenário 1822-1922”, na página 19 consta o seguinte registro:

“Em 24 de junho de 1815 se installou a Loja ‘Commercio e Artes’ na rua da Pedreira


da Glória (Rio de Janeiro) em casa do Dr João José Vahia, mas adormeceu logo, em virtudes
das perseguições da policia.”

“Depois do regresso do rei D. João VI para Portugal, a Loja Commercio e Artes se installou,
em 4 de junho de 1821, em casa do capitão de mar eguerra José Domingos de Athayde
Moncorvo, sita à rua do Fogo e esquinas da das Violas, e, em 5 de junho reergueu suas
columnas abatidas.”

“Como, em começo de 1822, contasse 94 obreiros, crearam-se mais duas Lojas com titulos
distinctivos de União e Tranquillidade e Esperança de Nictheroy,”

“Eram estes os quadros dessas três Lojas:”

Loja "COMMERCIO E ARTES"


Inclui os nomes históricos

Venerável: Manoel dos Santos Portugal - Brutus


1º Vigilante: Thomaz José Tinoco de Almeida - Adriano
2º Vigilante: Domingos Ribeiro Guimaraes Peixoto - Adriano
Orador: Padre Francisco de Santa Tereza de Jesus Sampaio - Pilades
Secretário: Brigadeiro Domingos Alves Branco Muniz Barreto - Solon
Mestre-de-Cerimônias: Joaquim Nunes de Carvalho - Confucio
Thesoureiro: Antonio José de Sousa - Ezio
Experto: Guilherme Cipriano Ribeiro - Vasco da Gama
Cobridor: Pedro Ursini Grimaldi - Castor

Membros: Cirurgião Francisco Mendes Ribeiro, João Mendes Viana, João Ewbanch,
Thomaz Soares de Araujo, Francisco Xavier Ferreira, Joaquim José Ribeiro de Barros,
Francisco Antonio Rosa, Manoel Joaquim Correa da Silva, José de Almeida Saldanha,
Francisco Bibiano de Castro, Manoel José de Oliveira, Joaquim Ferreira Franco, Francisco
da Silva Leite, Ignacio Joaquim de Albuquerque, João Fernandes Thomaz, Antonio Correa
Picanço, padre Januario da Cunha Barbosa, João Francisco Nunes, Luiz Pereira da Nobrega
de Sousa Cominho, João Pedro de Araujo Saldanha, Manoel Carneiro de Campos e Manoel
da Fonseca Lima e Silva e cônego Belchior Pinheiro de Oliveira.

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Loja "UNIÃO E TRANQUILIDADE"
Inclui os nomes históricos

Venerável: Major Albino dos Santos Pereira - Anibal


1º Vigilante: José Joaquim de Gouveia - Esdras
2º Vigilante: Joaquim Valerio Tavares - Adelaid
Orador: José Clemente Pereira - Camarão
Secretário: José Domingos de Athayde Moncorvo - Alcebiades
Mestre-de-Cerimônias: João José Dias Camargo - Coriolano
Thesoureiro: José Cardoso Netto - Napoleão
Experto: Major Francisco de Paula Vasconcellos - Urtubie
Cobridor: Manoel Joaquim de Menezes - Penn

Membros: João Luiz Ferreira Drummond, Domingos Alves Pinto, Luiz Manoel de Azevedo,
Jose de Souza Teixeira, Francisco Jose dos Reis Alpoim, Jose Joaquim dos Santos, João
Militar Henriques, Manoel Pinto Ribeiro Pereira de Sampaio, Samuel Wook, Joao da Costa
e Silva, Antonio dos Santos Cruz, Miguel de Macedo, José Joaquim dos Santos Lobo, Joao
Antonio Pereira, Jose Ignacio Albernaz, Eusebio Jose da Cunha, Joaquim Goncalves Ledo,
padre Manoel Telles Ferreira Pitta, Joao da Silva Feijó, Joao Bernardo de Oliveira Barcellos,
Luiz Cyriaco, Cypriano Lerico e Domingos José de Freitas.

Loja "ESPERANÇA DE NITERÓI"


Inclui os nomes históricos

Venerável: Major Marª Pedro Jose da Costa Barros - Demócrito


1º Vigilante: Ruy Germack Possollo - Curius
2º Vigilante: José Maria da Silva Bittencourt
Orador: João José Vahia - Apolonio Molon
Secretário: João Antonio Maduro - Camões
Mestre-de-Cerimônias: Francisco Julio Xavier - Celso
Thesoureiro: João da Silva Lomba - ldomeneo
Experto: Manoel lnocencio Pires Camargo - Apolonides
Cobridor: Padre João José Rodrigues de Carvalho - Licurgo

Membros: José Rodrigues Goncalves Valle, Inocencio de Accioly Vasconcellos, Herculano


Octaviano Muzi, José Bonifacio de Andrada e Silva, frei Carlos das Merces, Luiz Pereira da
Silva, Manoel Gaspar Moreira, José da Cruz Ferreira, João Ribeiro de Castro Braga, Antonio
José da Lança, Francisco das Chagas Ribeiro, Fernando José de Mello, Guilherme Thompson,
Belarmino Ricardo de Siqueira, José da Cunha Santos, Manoel José da Silva Sousa, Manoel
Joaquim de Oliveira Alves, Francisco Antonio Leite, Ricardo Alves Villela,
Ignacio Jose de Araujo e Luiz Moura Pinto Lobato.

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Grande Loja do Grande Oriente

Na página 21, consta:


“Contando três lojas, trataram os maçons de constituir o Grande Oriente do Brasil e
independente do Grande Oriente Lusitano e, com esse intuito, foi convocado o povo
maçonico para, em assemblea geral, presidida pelo ven. da Loja Commercio e Artes
João Mendes Vianna, se proceder a eleição dos membros do Grande Oriente.”

“Nessa eleição realisada em 28 de Maio de 1822, foram eleitos por maioria de


votos:

Grão-Mestre: José Bonifacio de Andrada e Silva - Pitagóras


Grão-Mestre adjuncto: Marechal Joaquim de Oliveira Alvarez
1º Grande Vigilante: Joaquim Gonçalves Ledo - Diderot
2º Grande Vigilante: Capitão João Mendes Viana - Graccho
Grande Orador: Padre-Mestre Januario da Cunha Barbosa - Kant
Grande Secretário: Capitão Manoel José de Oliveira - Bolivar
Grande Chanceller: Francisco das Chagas Ribeiro - Adamastor
Promotor Fiscal: Coronel Francisco Luiz Pereira da Nobrega - Turenne
Grande Experto: Joaquim José de Carvalho
Grande Cobridor: João da Rocha

... e outros officiaes indispensáveis aos trabalhos da grande officina.”

“As três lojas metropolitanas tiveram a seguinte classificação:


1ª Commercio e Artes: seria a loja mãe, representando a idade do ouro.
2ª União e Tranquillidade: symbolisando o dia 9 de janeiro, afim de perpetuar as palavras
do Principe Regente, quando disse: ‘Si é para bem de todos e flicidade geral da nação, diga
ao povo que fico, e recommendo união e tranquillidade’.
3ª Esperança de Nictheroy: symbolo da projectada independência do Brasil.

“A posse dos membros do Grande Oriente se deu em um espaçoso edificio que existia no
porto Meyer, Praia Grande.”
“Na vespera do dia 24 de junho de 1822, para alli partiram o major do corpo de policia
Manoel dos Santos Portugal, João da Silva Lomba, e Antonio José de Souza, com todos os
arranjos para posse e banquete; e, na manhã do dia 24, depois do almoço, foram
empossados os grande officiaes, terminando a cerimonia pela festa e banquete, que se
deu com as formalidades do rito. Convindo na cidade de um edificio para os trabalhos das
tres lojas e para as sessões do Grande Oriente, alugou-se o sobrado nº 4, na ruda do Conde,
da Cidade Nova, deois rua do conde d’Eu, onde foram admitidas as pessoas de importancia
do Rio de Janeiro.”
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