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UNIDADE III - Simbolismo da Iniciação e da Liturgia do Grau

TEMA: Simbologia e Significado da Cerimônia de Iniciação

1. INTRODUÇÃO

A Iniciação do Aprendiz Maçom é um dos momentos mais especiais de qualquer


membro da Ordem, pois marca a sua morte do mundo profano e o seu renascimento para o
mundo maçônico, indo ao encontro do Sagrado. É um Ritual marcado por diversas alegorias
iniciáticas que submetem o neófito a algumas provas que o transformam em um novo Ser. Este
primeiro Grau ensina a moral, explica alguns símbolos, indica a passagem da barbárie para a
civilização: é a primeira parte histórica da Iniciação que leva o aspirante à admiração e ao
reconhecimento relativo do Grande Arquiteto do Universo. É o especial momento em que o
Aprendiz faz uma primeira reflexão de si mesmo e de seus deveres para com seus
semelhantes, e quando ele conhece os princípios fundamentais da Maçonaria.

2. CERIMÔNIA DE INICIAÇÃO - SIGNIFICADO

A Iniciação Maçônica é um rito de passagem no qual o simbolismo que ali se desenvolve


tem como objetivo oferecer a quem nela se inicia uma nova perspectiva de vida. Essa é a
temática de todo rito de passagem, cuja finalidade é marcar o início de uma nova etapa na vida
da pessoa. É assim que temos, por exemplo, os ritos do batismo, casamento, trote da
faculdade, na Academia Militar, ritos funerários, etc.
Em todos os ritos de caráter religioso ou teosófico, o elemento padrão é a ideia de
admissão do neófito em um patamar de consciência superior, na qual a iniciação é um portal
de ingresso, onde ele recebe a preparação necessária para ingressar nessa outra fase da sua
vida. É por essa razão que em toda iniciação à Maçonaria se percebe uma estrutura ternária
(morte - transformação - renascimento), na qual o candidato é isolado do chamado mundo
profano e colocado em um ambiente ancorado em símbolos mortuários (simbolizando a morte
ritual), para que dali a sua consciência sofra a transformação ontológica que lhe permitirá
emergir para a luz que lhe será dada na Loja.
Não obstante o rito praticado, a iniciação maçônica apresenta em cada um seus
pormenores, embora no fundo todos operem pelo mesmo princípio: a iniciação se concretiza
pela passagem do profano por um recinto fechado, com pouca ou nenhuma luz, decorado
geralmente com objetos que simbolizam a morte, a transformação e o renascimento em outro
estado de consciência. Outro princípio comum a todos os ritos são os chamados três
elementos essenciais à operação alquímica de transmutação de metais, que são o sal, o
enxofre e o mercúrio. Por isso eles serão encontrados, invariavelmente, em todas as Câmaras
de Reflexão, para simbolizar e lembrar ao iniciando que ali se realiza a transmutação da sua
consciência de profano para um mundo de conscientização superior, no qual ele ingressará
depois de receber a Luz na presença dos Irmãos, no interior da Loja. É nesse sentido também
que a palavra “VITRIOL”,

V.I.T.R.I.O.L.: “Visita Interiora Terrae, Rectificando, Inventes Ocultum Labidem.”


Visita o interior da Terra, que purificado, encontrarás a pedra escondida.

frequentemente inscrita nas paredes da Câmara, remete o espírito do neófito à uma


experiência psíquica semelhante à que Jesus teria vivido nos seus três dias de túmulo, antes
de ressuscitar. Essa experiência é, por consequência, a mesma vivida pelos iniciados em todas
as religiões solares, desde o Deus Egípcio Osíris, o Grego Apolo, o Deus Persa Mitra, e o
próprio Sol, que simbolicamente morre todas as noites e ressuscita no dia seguinte para
iluminar toda a terra.

Simbolismo
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A simbologia é hoje um dos mais destacados campos de estudo da psicologia humana,


devendo-se principalmente a Carl Gustav Jung o pioneirismo nesses estudos. Um dos seus
mais interessantes trabalhos nessa área versa exatamente sobre a alquimia e os símbolos
cabalísticos, onde ele nos mostra como o inconsciente coletivo da humanidade está
estreitamente ligado aos mitos, símbolos e arquétipos que moldam a cultura universal. O
símbolo é sempre uma âncora que se associa a uma ideia, uma crença, uma sensibilidade que
a linguagem comum geralmente não consegue expressar. É a única forma de forjar uma
imagem visível de uma realidade que não se pode expressar pelos meios de comunicação
conhecidos pelo homem. Destarte, o método simbólico não se assenta numa resposta
codificada, mas sim num processo metafórico que oferece ao iniciado os meios de
compreensão dos fenômenos inconscientes que ocorrem em nossa mente e muitas vezes
moldam nossos comportamentos. Assim, os ritos maçônicos estão carregados de simbolismos,
especialmente a iniciação. Somente decodificando essa simbologia é possível entender os
ensinamentos mais profundos que essa prática contém. Ela se revela nas Palavras, Sinais,
Toques, Paramentos, Números, Formas Geométricas, Cores, Jóias, Mitos e Metáforas contidos
nos rituais, formando um corpo perfeitamente organizado para servir de catecismo ao iniciado.
É nesta amálgama da metáfora humana de influências culturais que a Maçonaria moderna foi
estruturar as bases do seu ritualismo iniciático. Uma mistura de verdades filosóficas produzidas
pelos autores iluministas, com apaixonadas buscas de elevação espiritual feitas por espíritos
honestos, temperada quiçá com especulações aventureiras formuladas por ocultistas, mas que
de maneira nenhuma concorrem para contaminar de vícios insanáveis a arte do maçom, antes
sim, constitui o acervo dessa arte.

3. CONCLUSÃO

Ao tornar-se um adepto da Sublime Instituição, o neófito Maçom se tornará um obreiro


do Grande Arquiteto do Universo, e como tal deve sempre dedicar-se às múltiplas tarefas de
sua competência. Desta maneira, agora como Aprendiz, terá que aprender a cumprir seus
encargos, isto é, a se dedicar e trabalhar para isso. Esse aprendizado, ao qual é usado o
eufemismo de se estar desbastando a Pedra Bruta, vai ser ministrado vagarosamente e por
etapas, aos poucos e de diferentes formas. Dentre esses diversos modos de aprendizado, o
início do mesmo quase sempre acontece através do conhecimento repassado pelas Instruções
e Trabalhos, que são entregues e lidos em Loja, cuja elaboração estará, principalmente, sob a
responsabilidade dos integrantes do Corpo Administrativo da Oficina.
Quando o Aprendiz Maçom vê a Verdadeira Luz, ainda não sabe nada, pois o método
de trabalho maçônico é bem diferente daquele que conheceu no Mundo Profano. Antes, na
condição de Não Iniciado, procurava apenas adquirir o máximo de conhecimentos dos mais
variados, enquanto que pertencendo à Maçonaria, possivelmente vislumbrará que o objetivo
maior das Instruções que são oferecidas são o aperfeiçoamento moral e intelectual ininterrupto
do homem, passando a enriquecer ainda mais suas faculdades pelo acréscimo da maior
cultura possível, para que como um verdadeiro Maçom melhor possa agir, tanto no seu dia-a-
dia, quanto nas várias situações de sua vida.
Há quem pense, enganosamente, que as ideias são resultado de sua própria
inteligência, porém, isso vem sendo demonstrado que nunca foi uma verdade absoluta!

“Os iniciados são os nascidos duas vezes.”


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Expressão Hindu

REFERÊNCIAS

1. D’ELIA Jr, R. Maçonaria: 100 Instruções de Aprendiz. 1ª ed. São Paulo: Madras, 2008.
2. GUIMARÃES, R. Revista Ciência & Maçonaria. Resignificando a Iniciação: sua jornada
arquetípica e efeitos psicológicos. Vol 8, nº 1. Brasília, 2021.
3. Iniciação na Maçonaria. Disponível em: https://www.recantodasletras.com.br/ensaios/7062204.
Acesso em 21 de março de 2023.

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