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Estamos diante da Iniciação de fato, que é puro mistério, dádiva que vem do alto e
frutifica nos terrenos livres do Espírito, por uma consciência já purificada de suas
próprias inibições, preconceitos, bloqueios, paixões, devaneios e ignorâncias. Trata-se
de uma experiência suprarracional e espontânea que celebra as núpcias alquímicas entre
o indivíduo e a Divindade, nos laços eternos do amor. Estamos diante de um
acontecimento misterioso que possui a qualidade da eternidade e rompe definitivamente
com os muros descritivos e aprisionantes da razão, fato que explica a incapacidade da
linguagem comum em descrevê-la a contento. Não pode ser fornecida por nada, nem
ninguém, além da própria Divindade.
Nos parece ser um fenômeno que mora no campo da percepção, um Iniciado Real já não
consegue perceber o mundo, a vida e tudo que dela participa, da mesma maneira, é
importante ressaltar que isso não é e nem pode ser algo artificial, já que estamos falando
de alguém que, genuinamente, já não opera no mesmo nível de consciência que a as
pessoas que não passaram por tal experiência, operam. A Iniciação Real possui vários
níveis de consecução, a depender da alma que dela participa, fato que nos leva a
entender que tais almas passaram por um longo processo de amadurecimento e
desenvolvimento, preparação esta, que ao longo do caminho, certamente proporcionou
alguns lampejos de percepção gradativos, no curso de uma ou várias encarnações, para
aqueles que vêm na reencarnação uma possibilidade.
Fica bem claro que o trabalho das ordens iniciáticas é bem importante, haja vista que a
Iniciação Real só pode ocorrer em uma alma devidamente preparada através de um
longo e árduo período de treinamento, e esse é o único e derradeiro objetivo de qualquer
Ordem, Irmandade ou Fraternidade tradicional. Quando estamos trabalhando
ritualisticamente em nossos oratórios ou em nossas Lojas e Heptadas, estamos a serviço
de algo extremamente forte e profundo, que transcende nossa capacidade de
compreensão, é importante que não nos esqueçamos disso, pois é muito fácil nos
desviarmos do caminho, tomando os graus, comendas, pompa e circunstância existentes
nas ordens, como boa comida para engordar o nosso ego, sempre sedento por sensação
de controle e poder, desvirtuando assim, aquilo que serve apenas como uma efetiva
organização de nossos estudos e trabalhos em prol da Iniciação, e transformando tais
elementos educativos e organizacionais, em palanque para saciar os nossos anseios
egóicos desvairados.
Outro perigo já citado por mim em uma oportunidade anterior, é a síndrome da erudição
vazia, que acomete a maior parte de nós, a partir do momento que começamos a nos
envaidecer com as nossas aquisições intelectuais, que ao invés de serem postas a serviço
da reintegração, passam a servir de palco para o nosso ego complexado se locupletar
com sentimentos de superioridade e pretensa realização espiritual. Como alerta Madame
Blavatsky na Voz do Silêncio,” … Aprende, contudo, a separar o conhecimento mental
da sabedoria da Alma, a doutrina do “Olho” da doutrina do “Coração”.” A razão,
quando mal colocada, exerce império sobre nós, se não a submetermos aos propósitos
da Grande Obra, ela nos engole e imperceptivelmente e nos desvia do Caminho.
Conclusão
A partir daí, vemos o nascimento de uma forma de Cavalaria Moral, colocando a prática
das virtudes e o aprimoramento individual como ideais acima de qualquer espécie de
combate físico. Dentre as representações simbólicas mais conhecidas para desenvolver
essa ideia há aquela da busca do Santo Graal.
Espera-se daquele que ingressa em uma via cavaleiresca que, simbolicamente, desenvolva
em si mesmo as condições morais e espirituais que lhe permitirão, de fato, ser um
Cavaleiro, cuja busca será o Santo Graal, misteriosamente guardado pela Milícia
Celeste.
A via sacerdotal
Mais antiga do que o próprio cristianismo, a Ordem de
Melquisedeque vem perpetuando, há milênios, uma linhagem ininterrupta de sacerdotes
dedicados à implantação e à difusão dos Mistérios da Luz Primordial.
“Nos primórdios da história humana, os Antigos vieram ter com o homem primitivo e
presentearam-no com a Centelha Divina, a Consciência de Si, a Chama Imortal que faz
dele um ente especial ante toda a criação, intermediário entre as criaturas terrenas e os
seres celestiais. Essa a raiz do mito grego de Prometeu e a chave que descortina novos
horizontes no mito da Queda.
Aos mais aptos dentre esses homens, ensinou-se o Mistério Inefável pelo qual a união
entre o Sensível e o Suprassensível pode operar-se. Por meio de uma outorga espiritual
associada a antigos e misteriosos ritos, esses primeiros sacerdotes puderam tornar o
Mundo Celestial uma realidade palpável aos seus irmãos de jornada.
Tendo atingido esse culto sacerdotal o seu esplendor na civilização egípcia, espalhou-se
ele pelo mundo ocidental por meio do povo hebreu. Nos antigos manuscritos judaicos,
uma misteriosa figura, nem homem, nem anjo, sem pai, sem mãe e sem nação, figura
como o protótipo do sacerdote e símbolo d’Aquele que conferiu ao homem o seu lugar
único no plano da Criação. Seu nome, Melquisedeque.
Assim é que, século após século, os verdadeiros Iniciados vêm empreendendo esforços
ingentes e sacrificiais, a fim de preservar a Tradição dos Filhos da Luz Primordial, na
esperança de que, um dia, ela possa brilhar no mundo exterior em todo o seu esplendor e
assim dissolver as profundas trevas que o encobrem.