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A Quimbanda não se trata apenas de uma corrente maléfica que elegeu um culto à
perversidade como o autor descreveu. O “mal” que habita na Quimbanda é usado
como valor positivo, pois entendemos que os valores éticos e morais, estabelecidos ao
homem como “boas virtudes” são formas escravistas anti-evolutivas, causadoras de
distúrbios comportamentais irreparáveis. A maldade, sob nosso entendimento, trata-
se de uma expressão de força interior. As religiões estagnadas em códigos e regras
“caídas” efetuam uma “lavagem cerebral” e tornam humanos em apáticos corpos
desprovidos de essência. A perversidade, do latim “perversitas.atis”, é um impulso
selvagem que tende corromper estruturas sólidas. Não se trata de um conceito
simplista e sim da faculdade de usar todos os recursos e formas energéticas para
alcançar objetivos. A Quimbanda usa dessa perversidade em alguns aspectos,
entretanto, os impulsos perversos que tendem a anomalias como a mentira com-
pulsiva, dissimulação, inveja e ao alto índice de narcisismo são arduamente com-
batidas pelos Mestres da Quimbanda.
Outra visão limitada desse autor é acerca da formação da “Quimbanda”. No plano
material, a “Quimbanda” realmente nasceu através dos povos martirizados, en-
tretanto, o “esterco” não foi a perversidade e sim a revolta e o ódio. Dentre essa
formação, não foram apenas os povos martirizados que edificaram as colunas de
Maioral; espíritos de todas as etnias foram agregados aos Reinos que evoluem in-
cessantemente.
Quando falamos em “Hierarquia de Exu”, falamos sobre gerência, a capacidade de
distribuir ordenadamente. Essa graduação demonstra que a organização das fileiras de
Maioral objetiva uma otimização do sistema de embate, um máximo aproveitamento
da capacidade de cada espírito e o Direito evolutivo aos mesmos. Portanto, desde que
um espírito é conduzido às sendas de Exu, sua essência é lapidada, enriquecida e
preenchida com sabedoria e magia. Esse processo não pode ser medido pelo nosso
tempo causal, não existe uma medida certa para que os Exus e Pombagiras
permaneçam nos degraus evolutivos. Certo é que alguns despertam suas chamas
internas com tamanha força que recebem títulos. Essa graduação não faz com que
existam Exus Maiores e Exus Menores, pois a Quimbanda Brasileira classifica os
espíritos pelo grau evolutivo que os mesmos ostentam. Jamais podemos esquecer que
mesmo que existam disputas internas, existe o poder limitador e nada pode ser maior
que as emissões energéticas do Grande Dragão Negro.
No começo da jornada evolutiva, os Exus são direcionados aos Reinos e sub-reinos
donde receberão um árduo processo de decomposição e aprendizado. Quando aptos,
passam a ostentar o nome do Reino e servir nas fileiras de algum Exu com grau
evolutivo superior. Por exemplo: Se o espírito receber o título de “Exu de Encruz-
ilhada”, será direcionado para a falange/legião cuja energia seja compatível com a
essência individualizada. Se a energia compatível for da “Kalunga”, o mesmo servirá
nas “Encruzilhadas de Kalunga”. Dessa forma, a essência formadora do espírito é
respeitada e usada dentro das necessidades do Grande Reino.
O Exu, como todos os espíritos em vias evolutivas, pode evoluir absorvendo forças e
sabedorias nas correntes energéticas astrais. Isso faz com que seus poderes tornem-se
mais direcionados e suas características definidas. Nesse ponto, os Exus recebem
“nomes” que representam suas legiões. O “Exu de Encruzilhada” pode se tornar “Exu
Tranca Rua das Encruzilhadas” ou um “Tiriri das Encruzilhadas” dentre outras
classificações.
A evolução é contínua e longínqua. Após o Exu ter desempenhado sua função com
maestria e força, destacando-se pela busca e despertar, servindo a causa maior com
dinamismo e tendo alcançado a plenitude de forças, recebe o título de “Mestre”. Em
alguns casos, esse título pode ser de “Mestre Sete”. O “Mestre Sete” difere-se do título
de “Mestre” pela necessidade expansiva e organizacional do Reino. Os “Mestres Sete”
possuem maior número de legionários pela máxima necessidade de embate que existe
no Reino.
Todos os “Mestres” tem por obrigação a expansão de seus Reinos. Cada espaço do
plano astral deve ser modelado de acordo com os impulsos da Vossa Santidade
Maioral. Os “Mestres” são potencializadores e organizadores dessa expansão. En-
tendemos que expandindo os Reinos, crescem o número de passagens entre os dois
“mundos” e o despertar das chamas aprisionadas. Quando essa expansão atinge o
número construtivo “49”, ocorre a necessidade de um “Rei” zelar desse espaço. Um
dos “Mestres” é eleito pelos “Poderosos Mortos” e as características nominais são
elevadas ao nobre título de “Rei”. Seguindo o exemplo descrito, o “Exu de Encruzilhada
da Kalunga”, evolui para “Tranca Rua da Encruzilhada da Kalunga”, “Tranca Rua das
Sete Encruzilhadas da Kalunga – Mestre Sete” e “Exu Rei das Sete Encruzilhadas da
Kalunga”. Assim funciona a verdadeira hierarquia de Exu e Pombagira dentro da gnose
da Quimbanda Brasileira.