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A chegada dos escravos africanos ao Brasil foi responsável pela consolidação de uma
nova experiência religiosa em nosso território Os negros escravos que aportaram em solo
brasileiro trouxeram a sua herança religiosa onde cada etnia que aqui aportava acreditava em
um enviado de Olodumaré, (Deus) tendo algumas tribos africanas que cultuavam mais de um
enviado o quais eram nomeados de Orixás.
Contudo, ao contrário do que muitos chegam a imaginar, não podemos supor que esse
movimento simplesmente instalou a mesma lógica e as mesmas divindades cultuadas no
território africano, com o advento da escravidão muitas coisas se perderam e outras tiveram que
ser adaptadas, no inicio da colonização a presença da igreja católica era atuante nas terras
descobertas, influenciando de todas as maneiras a colonização, podemos dizer que os
interesses financeiros eram mais fortes que os interesses religiosos, e os negros, mão de obra
barata, escravos, sem amparo foi um prato cheio para os religiosos praticarem a “caridade” que
era salvar as almas do purgatório.
Segundo as tradições Afro descendente todas as pessoas são filhas dos orixás, no
momento de nosso nascimento somos ligados a esta força cósmica e universal que servira de
amparo para a nossa evolução espiritual e material.
Para que seja possível determinar a qual orixás um indivíduo pertence, ele precisa
recorrer aos saberes oferecidos pelo jogo de búzios, que vem a ser a tradição dos orixás, apesar
de que hoje em dia isto esta banalizado pelos aproveitadores que teimam em fazer leituras com
outras formas de oráculos (cartas, tarô, numerologia) etc. etc.
O jogo de búzios consiste basicamente no lançamento de dezesseis conchas, também
conhecidas como cauris, em uma peneira, o pai ou mãe de santo é o único capaz de realizar o
lançamento das conchas e realizar a correta leitura da posição de cada búzio.
Quando coloco que somente o Pai ou Mãe no Santo são os únicos capazes de fazer a
leitura dos buzius cabe um adendo e deixar bem explicado desde que eles tenham tido as
devidas iniciações dentro do culto a Ifá, ou tenho aprendido dentro do barracão as devidas
quedas e forma de leitura tanto do Merindilogun como Erindinlogun além do jogo, os
praticantes das religiões de candomblé e umbanda também associam a pessoa ao seu orixá
através das características físicas e psicológicas do praticante.
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Exu
Orixá Exu é uma divindade criada e manifesta desde os tempos primordiais, ligado a
forças energéticas, e como todos os demais orixás, tem atribuições específicas.
Exu é quem estabelece a extensa rede de comunicação entre os seres humanos e a
natureza divina que nos circunda.
Está diretamente ligado e relacionado com as partículas atômicas, as
cargas eletrônicas que o sangue se encarrega de distribuir.
Portanto, Exu atua como plasma sanguíneo, bio elétrico.
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Na verdade Ele esta associado à vários tipos de radiações energéticas que formam
complexos agrupamentos, que logo se auto-
organizam como uma rede de forças uniformes, ou
seja, uma coleção de partículas (elétrons, íons,
partículas neutras) ligadas a produção de radiação e
oscilação de caracteres diversos.
Desta forma, o plasma biológico, Exu, permite
estabelecer uma co-relação entre os processos
internos do organismo e as condições externas do
ambiente.
Assim, o plasma pode ser definido como
manifestação bioelétrica natural de todo o organismo
vivo.
Ilustrando bem esta situação quanto à energia que envolve este orixá, temos uma frase
muito usada no meio espiritualista, ou seja:
Exu está frio, ou Exu está quente: Por esta frase é bem simples entender como através da
complexidade que é esta energia atuando de forma direta na vida.
Quando Exu está próximo, a esfera, a sua aura é avermelhada e sua pele, por mais frio
que esteja à temperatura ambiente, estará quente. Respondendo facilmente ao 'toque', ou seja,
ao 'sacudimento'.
O chamado popular de sangue quente.
Quando ocorre a pessoa ter o afastamento desta energia, quando esta desequilibrado
ou rompido com o ser, a sua aura, a sua esfera vibracional, fica completamente azul.
O sujeito passa a agir com absoluta emoção, acaba se perdendo e desorganizando a sua
vida, já que informações de fora não chegam corretas e completas ao cérebro, da
mesma maneira que as de dentro não atingem a consciência do todo.
A dualidade é uma realidade característica do universo. O equilíbrio é mantido sob
dois pólos.
O homem por si só caracteriza-se por ser dual: corpo e espírito.
Esta dualidade muitas vezes cria controvérsia, e, temos com Orixá Exu, talvez
a mais polêmica e controvertida energia.
Dúvidas imputadas pela distorção do conhecimento. Estímulo da imaginação visando
manipular através do medo usando má fé e principalmente a influência negativa por falta de
conhecimento, bitolando as mentes das pessoas, incutindo a maldade, o feio como oposto de
uma nova criação mandatária e interesseiro sendo o legado do bem, do belo, do divino.
Pura ignorância.
Mas por muito tempo Orixá Exu foi tido, e o é ainda por muitos, como
a personalização do demônio, do diabo.
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Mas não aceite o destruir como sinônimo de estragar, mas sim, uma necessidade
de modificação buscando manter a evolução e o movimento.
Incansável e muitas vezes com fortes
contradições.
Exu tem o privilégio de receber todas
as obrigações ou oferendas em primeiro lugar.
É o mercador que move o mercado, os
negócios, falamos que exu é o negociante de todos
os bens terrenos.
Amigo dos prazeres da vida. Adora comer,
beber, cantar, dançar, rir, fazer amor.
Não o sexo convencional, mas o charmoso,
cheio de melindres, agrados, bajulamentos.
Sempre muito alegre, animado, brincalhão,
inteligente e vivo.
Deixo aqui um alerta, pois acredito ser muito oportuno para todo aquele que deseja
entrar na estrada da vida margeando a linha dos orixás: Exu é Bom, o que não é bom é a
conduta e postura dos homens que desejam utilizar a
energia dele para situações que alterem a evolução,
principalmente utilizando sua carga negativa, saturada.
Alerto para a lei primeira: a lei do karma, que vem a
ser a causa e efeito.
Caminhante na estrada da redenção, que nossa
consciência seja completa e que nossa fé não seja cega.
É normal que cada orixá e não poderia ser diferente
com Exu, repasse a seus filhos encarnados um pouco do
seu ser.
De seus cacoetes, faniquitos e logicamente suas
virtudes.
Exu, aquele que carrega o fardo na cabeça onde se encontra uma faca que danificará ou não a
carga, dependendo do que se paga.
Como dono das chaves, dos portais, das encruzilhadas e caminhos, deve sempre ter suas
saudações, obrigações e sacrifícios, este último quando necessários feitos em primeiro lugar,
assim nós humanos garantimos a segurança de nosso ritual, assim como no ritual, é o Orixá
responsável pela boa abertura dos trabalhos, está para nossos negócios e vidas, destrancando
caminhos e abrindo portas, ou trancando e fechando, dependendo de nossos merecimentos e
cumprimento de tarefas.
ARQUÉTIPO : Aqueles que são regidos por Exu, apresentam uma personalidade muito
marcante e um comportamento cotidiano muito diverso.
São pessoas altamente fiéis aos seus princípios, aos amigos e ás suas causas.
São corajosos e dedicados.
Amáveis, não medem esforços nem sacrifícios para auxiliar aqueles que amam.
Excelentes amantes, a virilidade é uma característica básica daqueles regidos por este
orixá.
São comerciantes hábeis e espertos, profissionalmente sempre chegam ao seu objetivo,
mesmo que para isto tenham que se empenhar de corpo e alma para conseguirem seus
intentos.
Fortes, capazes, românticos, felizes, participativos, francos, espertos, inquietos, saudáveis,
sinceros, astutos, atentos, rápidos, despachados e sagazes.
Os filhos deste orixá apresentam algum sinal típico físico, problemas com circulação,
cardíacos, articulações e sistema nervoso, emotivos ao extremo, ciumentos.
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São sonhadores, gostam de liberdade, mas não as dão. Vida curta e agitada. Amigos dos
prazeres da vida adoram comer, beber, mas muitas vezes quando bebem, tudo pode mudar,
tornando-se mentirosos, briguentos, rabugentos, provocativos, insolentes, desordeiros,
indesejáveis, mal educados, atrevidos, principalmente provocadores de situações embaraçosas
ligados a infidelidade conjugal.
Maldosos. Ciumentos. Mania de vigiar, estando sempre atento em tudo e em todos. Não
gostam de estar sozinhos. Adoram ser o centro das atenções, de chamar a atenção, muitas
vezes até criando situações de embaraços.
Os negócios são feitos quase que instantaneamente, pois são volúveis e mudam com
frequência de opiniões.
Sentem atrações por lidarem com fracos e doentes. Solidários. São de estaturas
medianas, não se amedrontam com doenças, futuro e situações difíceis.
Numa conversação, dificilmente seu
pensamento estará ligado ao assunto, estão sempre
correndo na frente.
Temperamento explosivo e impulsivo.
Amoroso, radical, sonhador, adorador das
surpresas e diferenças. Apaixonado pelo sexo
oposto, infiel, mas preso a uma única pessoa.
Prestativo, amante fantástico, manhoso,
amável.
O Homem de Exu
O Orixá do sexo, da procriação e da fertilidade,
faz de seus filhos homens com enorme poder de
sedução.
Afinal, cabe a ele o papel de dar continuidade
à espécie.
Mas justamente por ser extremamente sensual e também por ser versátil, será capaz de
agir dessa forma com várias pessoas ao mesmo tempo.
O mais interessante de tudo é que ele dificilmente se afasta definitivamente das
mulheres com quem manteve vínculos amorosos e sexuais. Por esta razão, não é difícil
reconquistá-lo, principalmente se ele se deu bem sexualmente com essa parceira interessada
em tê-lo de volta.
A Mulher de Exu
Assim como o homem de Exu, a mulher é dotada de muita sensualidade, mas esta é
uma característica que ela não deixa transparecer com facilidade.
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Pelo contrário, tentará escondê-la atrás de uma imagem bastante reservada, poderá
ser mais transparente em relação ao sexo, se sentir segurança com seu companheiro.
E segurança emocional para uma filha de Exu significa encontrar um homem que
desenvolva com ela uma grande cumplicidade, que saiba compreende-la e principalmente
dominá-la.
Aí sim ela se soltará e se mostrará como realmente é: extremamente sensual, amiga,
parceira, controlada.
O fogo para ter boa utilidade tem que ter controle.
Embora muitas pessoas tragam em seus Ori a energia do Orixá Exu, dificilmente é sabido
do médium que ele é filho do Grande Senhor das Encruzilhadas. Na grande maioria das vezes
os (as) Zeladores (as), não dão como Orixá de cabeça o Senhor Exu, geralmente é dado na
cabeça dos filhos deste Orixá o Eledá (primeiro santo) de Ogum. Troca quase sempre aceita, já
que Exu e Ogum são irmãos.
São pessoas intempestivas, de certa forma nervosa, gostam de festas e brincadeiras.
Assim como seu Orixá, não aceitam certos desrespeitos e quando enfurecidos, partem para uma
vingança sem piedade. São amantes fulgorosos, e carregam em si a responsabilidade de servir
as pessoas, nunca se importando em serem pagos por isso.
Exu é sempre cultuado por qualquer iniciado das nações africanistas e mesmo por meros
simpatizantes que procuram um Babalorixá para a resolução de problemas práticos, como
relacionamentos amorosos, brigas, disputas profissionais, vendas complicadas, etc.
Cada ser humano tem seu próprio Exu, assim como tem um orixá de cabeça e um
segundo orixá, o ajuntó. Todo terreiro também tem seu Exu protetor, que zela pela segurança
da casa ou terreiro (ilê), contra males encarnados ou desencarnados.
Segundo a tradição iorubana, cada orixá tem seu próprio Exu, que funciona como seu
servo, possibilitando o contato entre as diferentes divindades.
Seu dia de culto é as segundas-feiras (certas falanges trazem a sexta-feira como dia de
culto), suas cores são o preto e vermelho (cores como amarelo, branco ou roxo, indicam a
falange e a área de atuação daquele Exu), sua saudação é Laroiê!!.
Sua comida ritualística é a farofa de dendê (farinha de mesa misturada ao azeite de
dendê), os animais mais frequentemente sacrificados a este orixá são os frangos pretos, galinhas
d’angola e bodes, seus pais são Iemanjá e Oxalá, sua função é a comunicação entre o plano
astral e material, seus domínios são as porteiras e encruzilhadas, e seu instrumento de atuação é
o ogô ou insígnia.
"Exu nunca nos prometeu caminhos fáceis, mas nos assegurou que estaria sempre
conosco em nosso caminhar..."
Assim é Exu, seu natural desprendimento nos faz confiar e seguir sempre em frente,
devemos confiar, chamá-lo para junto a nós, para que eles seguidores das tradições afro-
descendente uma das primeiras coisas que aprende-se dentro da religião é a importância de se
apaziguar com Exu, saber oferendar e firmar suas forças e energias de forma correta.
Eu aprendi e isto ensino aos filhos de Nossa Casa Nosso Terreiro, que Exu esta sempre a
frente, muitas vezes alternando com Ogum os caminhos que nós temos que conquistar, não
existe caminhos que ele não conheça, pois todos são caminhos de Exu em todos os lugares que
ele passe será sempre respeitado e louvado.
Busque conhecer a força, o poder a bondade de exu, perca o medo de reverenciá-lo,
peça ao seu chefe de congá que lhe ensine a forma correta de fazer com que exu esteja sempre
contigo, falo isto porque já vi e ouvi muitas pessoas afirmarem que nunca aprenderam a
importância de fazer com que Exu a proteja ou ao seu lar e familiares.
Para um mediador da tradição é importantíssimo saber e conhecer a força de Exu.
Mas cada pessoa carrega um conhecimento e tem uma tradição, a que sigo exu sempre
esta entre os primeiros.
Assim aprendi e assim passo aos mais novos.
Exu eu te saúdo
Exu eu te respeito
Exu eu te reverencio.
Laroiê Exu!
Aspectos Gerais de Exu
Dia: Segunda-feira.
Data: Todos os dias são de Exu.
Metal: Não tem, sua matéria é a terra em seu estado de pureza.
Cores: Preto (ou seja, a fusão das cores primárias) e vermelho.
Comidas: Farofa de azeite-de-dendê, ekó (acaçá), carne mal passada.
Símbolos: Ogó de forma fálica, falo ereto.
Elementos: Terra e fogo.
Região da África: Exu é universal.
Pedra: Rubi e Granada.
Folhas: Folha de fogo, coração-de-negro, aroeira vermelha, figueira brava, bredo,
urtiga,saião, pinhão roxo, dandâ da costa, folhas de limoeiro, casca de alho e cebola .
Domínios: Sexo, magia, união, poder e transformação.
Saudação: Laroiê Exu, Exu é Mojuba ou Emojuba!
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ibejis
Assim como todo ser tem seu exu particular, também tem seu Erê ou Ibejí, que
deve estar sempre de acordo com o seu orixá.
Na linguagem ioruba a palavra Erê significa "estátua", iré,
que significa "brincadeira, divertimento”.
Podendo significar pequenos seres em alguns dialetos.
Daí a expressão siré que significa fazer brincadeiras.
O Erê, não confundir com criança que em iorubá
é omodé, aparece instantaneamente logo após o transe do
orixá, ou seja, o Erê é o intermediário entre o iniciado e o orixá.
Durante o ritual de iniciação, o Erê é de suma importância, pois
é o Erê que muitas das vezes trará as várias mensagens do orixá
do recém-iniciado.
Os Erês se intitulam de acordo a sua origem, mostrando
assim a sua raiz tribal.
Os orixás crianças representam a força mágica tudo que é duplo como os gêmeos.
Identificado no jogo do merindilogun pelos odús Ejioko e Iká.
Dá-se o nome de Taiwo ao Primeiro gêmeo gerado e o de Kehinde ao último.
Os Iorubás acreditam que era Kehinde quem mandava Taiwo supervisionar o mundo,
donde a hipótese de ser aquele o irmão mais velho.
o ritual do orúko, ou seja, nome de iyawo segue-se um novo ritual, ou o reaprendizado das
coisas.
Erê é o Orixá-Criança, em realidade, duas divindades, gêmeas infantis, ligadas a todos os
orixás e seres humanos.
Por serem gêmeos, são associados ao
princípio da dualidade.
Por serem crianças, são ligados a tudo que
se inicia e nasce: a nascente de um rio, o
nascimento dos seres humanos, o germinar das
plantas.
Ibeji na nação Ketu, ou Vunji nas nações
Angola e Congo. O Orixá criança.
É a divindade da brincadeira, da alegria; a
sua regência está ligada à infância.
Erê está presente em todos os rituais do
Candomblé, pois assim como Exu, se não for bem
cuidado, pode atrapalhar os trabalhos com as suas
brincadeiras infantis, desvirtuando a concentração dos membros de uma Casa de Santo.
É o Orixá que rege a alegria, a inocência, a ingenuidade da criança.
A sua determinação é tomar conta do nascimento até a adolescência,
independentemente do Orixá que a criança carrega.
Cada gêmeo é representado por uma imagem.
Os iorubá colocam alimentos sobre suas imagens para invocar a benevolência de Erê.
Os pais de gêmeos costumam fazer sacrifícios a
cada oito dias em sua honra.
Recomenda-se tratar os gêmeos de maneira
sempre igual, compartilhando com muita equidade entre
os dois tudo o que lhes for oferecido.
Quando um deles morre com pouca idade o
costume exige que uma estatueta representando o defunto
seja esculpida e que a mãe a carregue sempre.
Mais tarde o gêmeo sobrevivente ao chegar à
idade adulta cuidará sempre de oferecer à efígie do irmão
uma parte daquilo que ele come e bebe.
Os gêmeos são, para os pais, uma garantia de sorte
e de continuidade.
Os alimentos são sagrados e contém axé, e cada orixá tem sua iguaria especial.
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Erês não são diferentes e também tem seus rituais de comilanças especiais, no entanto
estão vinculados ao gosto e necessidades dos mais velhos de sua linhagem.
O orixá, não come só. Para haver
verdadeiramente a harmonia é necessário que a
oferenda tenha um caráter comunitário.
A grande cerimônia dedicada a Ibeji acontece
a 27 de setembro, dia de Cosme e Damião, quando
comidas como caruru, vatapá, bolinhos, doces, balas,
associadas às crianças, portanto, são oferecidas tanto
a eles como aos frequentadores dos terreiros,
barracões e ylês.
Os Erês podem receber homenagem junto
com os orixás correspondentes.
Neste caso dos Erês, os
axés quando comunitários são alterados para suprir a
necessidade das crianças, símbolo dos Erês, nesse
caso usam-se mais balas, doces, brinquedos,
refrigerantes para ser dado as crianças encarnadas, também aos Erês, só que estes recebem
juntos as comidas votivas, de época ou de necessidade para troca de axés.
Uma determinada parte das comidas é colocado aos pés do orixá, a outra é partilhada
entre todos.
Também é bom ressaltar que alguns ebós podem sofrer alteração devido a finalidade,
produtos de época ou diferença de região.
Existem axés que são tradicionais, no caso dos Erês, por
exemplo, a utilização de balas, doces, frutas, embora não
esteja relacionada nas comidas você pode enfeitar o prato com elas
ou até mesmo fazer bandejas ao seu gosto, o fundamental que
você se identifique com a entidade.
É bom lembrar que a tradição manda sempre servir para os Erês em par, embora a
umbanda principalmente feita no sul, norte e sudeste utilizem os Beijes sincretizando com são
Cosme e Damião, adicionando Doum e outras crianças, fazendo uma mesa com sete crianças.
No candomblé enfatizamos Erês como manifestações simbólicas infantis ligadas e
intermediárias a todos os orixás, ou seja, todos os orixás têm manifestação infantil, portanto
convém servir sempre em par, e de maneira dual, ou seja: +[masculino], -[feminino].
As cores também podem alterar de nação para nação, bem como de região para região,
mas predomina o azul para o positivo, masculino e branco ou rosa para o negativo, feminino.
São cores para velas, bandejas, balões, etc.
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ARQUÉTIPOS
Seus filhos são pessoas com temperamento infantil, jovialmente inconsequente.
Nunca deixam de ter dentro de si a criança que já foram. Costumam serem brincalhonas,
sorridentes, irrequietas, tudo enfim que se possa associar ao comportamento típico infantil.
Muito dependentes nos relacionamentos amorosos e
emocionais em geral, podem então revelar-se teimosamente
obstinados e possessivos.
Ao mesmo tempo, sua leveza perante a vida se revela no
seu eterno rosto de criança e no seu modo ágil de se movimentar,
sua dificuldade em permanecer muito tempo sentado,
extravasando energia.
Podem apresentar bruscas variações de temperamento, e
certa tendência a simplificar as coisas, especialmente em
termos emocionais, reduzindo, à vezes, o comportamento
complexo das pessoas que estão em torno de si a princípios
simplistas.
Isso pode fazer com que se magoem e se decepcionem com certa facilidade. Ao mesmo
tempo, suas tristezas e sofrimentos tendem a desaparecer com facilidade, sem deixar grandes
marcas. Como as crianças em geral, gostam de estar no
meio de muita gente, das atividades esportivas, sociais e
das festas.
O homem de Ibeji
O amor para o filho de Erê, só faz sentido se for uma
experiência alegre e bonita. Principalmente alegre, porque,
como é uma pessoa de bom astral, adora fazer tudo na
brincadeira, é um ótimo companheiro, sempre disposto a
agradar e fazer surpresas.
Ela, por sua vez, para conquistá-lo terá que
estimular constantemente sua criatividade. Parceiro
certo para realizar uma mulher em todos os sentidos, o
homem de Ibeji ainda tem a qualidade de não ser
possessivo.
Só que para conquistá-lo será preciso vencer sua
enorme desconfiança, porque Morre de medo de se machucar.
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A Mulher de Ibeji
Para ela, não há a menor dificuldade de
conquistar quem quer que
seja. Primeiro porque costuma ser
fisicamente muito atraente.
Depois, porque é naturalmente
extrovertida, o que a coloca em destaque.
Nunca espere que ela aceite com
naturalidade a rotina, seja ela sentimental
social ou sexual. Não faz parte do seu
temperamento, sempre ávido por
novidades.
Volúvel, como uma menina de 16 anos descobrindo o Mundo.
Sexualmente inovadora, está sempre disposta a testar as mais variadas práticas eróticas,
mas deixa bem claro para o parceiro que o amor, para ela, é sexo, mas também integração
mental e um jogo permanente de conquista.
Espontânea e natural em assuntos do coração, não são possessivas e detesta ciúmes.
Dia da semana Domingo ou segunda feira
Cores: Azul, Rosa, Branco ou Verde Claro.
Saudação: Bejiróó! Oni Beijada! –
A saudação tem significado de: “Ele é dois!” ( a mesma dos Eres).
Os Erês são fonte de energia e renovação.
Eles despertam em nós nossa mais pura essência, vontade de progredir e de buscar a
felicidade plena.
Esses sentimentos são oriundos do nosso verdadeiro eu, que acabamos reprimindo
durante nosso crescimento, mas que Ibeji conseguem enxergar e farão o possível para que você
relembre o verdadeiro significado de viver.
Ogum
Ele tem instrumentos de ferro como alavanca, machado, pá, enxada, picareta, espada e
faca, e outros instrumentos com as quais ajuda o homem a vencer a luta contra a natureza.
Ogum é a força incontrolável e dominadora, do movimento, do choque.
É um Orixá, uma força da Natureza que se faz presente nos momentos de impacto e nos
momentos fortes.
Manifesta-se na explosão, no derramamento do ferro fundido.
Considerando como um Orixá impiedoso e cruel, ele pode até passar essa imagem, mas
sabe ser dócil e amável.
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Astúcia, inteligência e cautela são os atributos de Oxóssi, pois, como revela a sua história,
esse caçador possui uma única flecha, por tanto, não pode errar a presa, e jamais erra.
Na África, os caçadores que geralmente são os únicos na aldeia que possuem as armas,
têm a função de salvar a tribo, são chamados de Oxô, que significa guardião.
Odé também foi um Òsó, mas foi um guardião especial, pois salvou seu povo do terrível
pássaro das Iyá-Mi.
Outras histórias relacionadas com Oxóssi apontam-no como irmão de Ogum.
Juntos, eles dominaram a floresta e levaram o homem à evolução.
Além de irmão, Oxóssi é grande amigo de Ogum - dizem até que seria seu filho, e onde
está Ogum deve estar Oxóssi, as suas forças completam-se e, unidas, são ainda mais imbatíveis.
Oxóssi mantém estreita ligação com Ossaim, com quem aprendeu o segredo das folhas
e os mistérios da floresta, tornou-se um grande feiticeiro, mas teve que se sujeitar aos
encantamentos de Ossaim.
A história mostra Oxóssi como filho de Iemanjá, mas a sua verdadeira mãe, segundo os
mais antigos, é Apaoká a Jaqueira, que vem a ser uma das Iyá-Mi, por isso a intimidade
de Oxóssi com essa árvore.
A rebeldia de Oxóssi é algo latente na sua história. Foi desobedecendo às interdições
que Oxóssi se tornou orixá.
Tal como Xangô, Oxóssi é um orixá avesso à morte, porque é expressão da vida.
A Oxóssi não importa o quanto se viva, desde que se viva intensamente.
O frio de Ikú, a morte não passa perto de Odé Oxóssi, pois ele não acredita na morte.
Durante a diáspora negra, muitos escravos que cultuavam Odé não sobreviveram aos
rigores do tráfico negreiro e do cativeiro, mas, ainda assim, o culto foi preservado no Brasil e em
Cuba pelos sacerdotes sobreviventes e Odé se transformou, no Brasil, num dos orixás mais
populares, tanto no candomblé, onde se tornou o rei da nação Ketu, quanto na uMbanda, onde
é patrono da linha dos caboclos, uma das mais ativas da religião.
Conta a lenda que um pássaro maligno ameaçava a aldeia e Oxóssi era caçador, como
outros.
Ele só tinha uma flecha para matar o pássaro e não podia errar. Todos os outros já
haviam errado o alvo. Ele não errou, e salvou a aldeia.
"o caçador de uma flecha só".
ARQUÉTIPO
Os filhos de Oxóssi são reservados para si próprios e gostam da solidão.
São quietos, fechados e considerados de difícil convivência, são responsáveis e quando
assumem responsabilidade procuram sempre cumprir.
São dedicados a casa e a família.
Liberdade, companheirismo, sensibilidade, aventurismo. Inverso: irresponsabilidade e vingança.
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Obaluaiê quer dizer rei e dono da terra sua veste é palha e esconde o segredo da
vida e da morte.
Usa o aze, capacete de palha da Costa, ou
o filah, capuz de palha da Costa e carrega na
mão o xaxará, feixe de fibra de palmeira,
enfeitado com búzios.
Sua vestimenta é utilizada principalmente
em ritos ligados à morte e o sobrenatural, sua
presença indica que algo deve ficar oculto.
Compostos de duas partes o filá e o azé, a
primeira parte, a de cima que cobre a cabeça é
uma espécie de capuz trançado de palha da
costa, acrescido de palhas em toda sua volta, que
passam da cintura, o azé, seu asó-ìko roupa de
palha é uma saia de palha da costa que vai até os pés em alguns casos, em outros,
acima dos joelhos, por baixo desta saia vai um xokotô, espécie de calça, também
chamado cauçulú, em que oculta o mistério da morte e do renascimento.
MITOLOGIA
Era um guerreiro terrível que, seguido de suas
tropas, percorria o céu e os quatro cantos do mundo.
Ele massacrava sem piedade aqueles que se
opunham à sua passagem.
Seus inimigos saíam dos combates mutilados
ou morriam de peste.
Assim, chegou Obaluaiê em território Mahí, no
Daomé.
A terra dos Mahis abrangia as cidades de
Savalú e Dassa Zumê.
Quando souberam da chegada iminente de Obaluaiê, os habitantes desta região,
apavorados, consultaram um adivinho.
E assim ele falou:
Ah! O Grande Guerreiro chegou de Empê!
Aquele que se tornará o senhor do país! Aquele que tornará esta terra rica e
próspera chegou! Se o povo não o aceitar, ele o destruirá!
É necessário que supliquem a Obaluaiê que os poupe.
Façam-lhe muitas oferendas; todas as que ele goste: inhame pilado, feijão,
farinha de milho, azeite de dendê, picadinho de carne de bode e muita, muita pipoca!
Será necessário também que todos se prosternem diante dele, que o respeitem e
o sirvam. Logo que o povo o reconheça como pai, Obaluaiê não o combaterá, mas
protegerá a todos!
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Esta representação nos mostra sua ligação com a terra, o tronco e o ramo das
árvores, transporta assim o Asé (axé). Geralmente se confecciona e coloca cores pretas,
vermelhas e brancas nele em destaque.
Está relacionado com o axé preto (terra), contido no segredo do "ventre
fecundado" e com os espíritos contidos na terra.
Pedra: Turmalina Preta – Ônix Preta
Ervas principais: Folha de Omulu (canela de cachorro), Pariparoba, Mamona,
Cambará, Cravos e Crisântemos brancos ou lilás
Oferendas: pipoca feita na areia (em algumas tradições de orixá é comum fazer a
pipoca de Obaluaiê em panelas com um pouco de areia da praia no fundo da panela)
com fatias de coco regada com mel; água mineral ou vinho tinto; flores e velas brancas.
Ponto de força: cemitério "calunga pequena", mar "calunga grande" e caverna.
OMOLÚ
É o responsável pela translação da morte para o orum. Orixá da terra é através dele que
a terra recebe os corpos mortos.
Omolú é considerado como anterior à época em
que Oduduá chegou a Terra, ele existia antes da criação
do fogo na Terra.
Omolú está ligado ao interior da terra, ninù ilé e
isso denota uma íntima relação com o fogo, já que esse
elemento, domina as camadas mais profundas do
planeta.
Fogo, o elemento transformador, que também
pode ser devastador tanto quanto as epidemias, as
febres, as convulsões lançadas por Omolú.
Orixá cercado de mistérios, Omolú é um deus
de origem incerta, pois em muitas regiões da África
eram cultuados deuses com características e domínios
muito próximos aos seus.
A relação de Omolú com a morte dá-se pelo fato de ele ser a terra, que proporciona os
mecanismos indispensáveis para a manutenção da vida.
O homem nasce, cresce, desenvolve-se, torna-se forte diante do mundo, mas continua
frágil diante de Omolú, que pode devorá-lo a qualquer momento, pois Omolú é a terra, que vai
consumir o corpo do homem por ocasião da sua morte.
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Omolú, o Rei da Terra, é filho de Nanã, mas foi criado por Iemanjá que
o acolheu quando a mãe rejeitou-o por ser manco feio e coberto de feridas.
É uma divindade da terra dura, sedenta e quente.
É às vezes chamado "o velho", com todo o prestígio e poder que a idade representa
no candomblé.
Está ligado ao sol, propicia colheitas e ambivalentemente detém a doença e a cura.
Com seu sassará, cetro ritual de palha da Costa, ele expulsa a peste e o mal. Mas a
doença pode ser também a marca dos eleitos, pelos quais Omolú quer ser servido. Quem teve
varíola é frequentemente consagrado a Omolú.
Suas relações com os Orixás são marcadas pelas brigas com Xangô e Ogun e pelo
abandono que os Orixás femininos legaram-lhe. Rejeitado primeiramente pela mãe, segue
sendo abandonado por Oxum, por quem se apaixonou que, juntamente com Iansã, troca-o por
Xangô. Finalmente Obá, com quem
se casou, foi roubada por Xangô.
É um Orixá solitário.
Mitologia
Dono das lanças certeiras, quem
era atingido tornava-se cego.
Quando se sentia desrespeitado
mandava a peste.
Relaciona-se também com os
espíritos contidos na terra. O colar que
o simboliza é o ladgiba, cujas contas são feitas da semente existente dentro da fruta do Igi-
Opê ou Ogi-Opê, palmeiras pretas.
Usa também bradga, um colar grande de cauris.
Seu poder está extraordinariamente ligado a morte.
Ele lidera e detém o poder dos espíritos e dos ancestrais, os quais o seguem.
Ele é a própria terra que recebe nossos corpos para que vire pó.
Divide com Iansã a regência dos cemitérios, pois ele é o Orixá que vem como emissário
de Oxalá, princípio ativo da morte, para buscar o espírito desencarnado.
É Omolú que vai mostrar o caminho, servir de guia para aquela alma.
Senhor da Terra e das camadas de seu interior, para onde vamos todos nós. Daí a
ligação que tem com os mortos, pois ele é quem vai cuidar do corpo sem vida, e guiar o espírito
que deixou aquele corpo.
É por isso que Omolú gosta de coisas passadas, apodrecidas.
A participação de Omolú nos rituais africanistas é imprescindível, é Ele o regente da
feitiçaria e da magia.
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ARQUÉTIPO
Os filhos de Omolú são
pessoas extremamente pessimistas e teimosas que
adoram exibir os seus sofrimentos, daqueles que
procuram o caminho mais longo e difícil para atingir
algum fim.
Deprimidos e depressivos, são capazes de
desanimar o mais otimista dos seres.
Acham que nada pode dar certo, que nada está
bom.
Às vezes, são doces, mas geralmente possui
manias de velho, como a rabugice.
Gostam da ordem, gostam que as coisas saiam
da maneira que planejaram. Não são do tipo que levam desaforo para casa e se sentirem
ofendidos responde no ato. Pensam que só eles sofrem que ninguém os compreende. Não
possuem grandes ambições.
Podem apresentar doenças de pele, marcas no rosto, dores e outros problemas nas
pernas. São pessoas sem muito brilho, sem muita beleza. São perversos e adoram irritar as
pessoas.
São lentos, exigentes e reclamam de tudo.
São reprimidos, amargos e vingativos. É difícil relacionar-se com eles. Parece que os
filhos de Omolú são pessoas que possuem muitos defeitos e poucas qualidades, mas eles
têm vários, e uma qualidade pode compensar qualquer defeito: são extremamente prestativos e
trabalhadores.
São amigos de verdade.
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Está relacionado com o axé preto (terra), contido no segredo do "ventre fecundado" e
com os espíritos contidos na terra.
Pedra: Turmalina Preta – Ônix Preta
Ervas principais: Folha de Omulu (canela de cachorro), Pariparoba, Mamona, Cambará,
Cravos e Crisântemos brancos ou lilás
Oferendas: pipoca feita na areia (em algumas tradições de orixás ainda se estoura a
pipoca em uma panela com areia da praia em seu fundo) com fatias de coco regada com mel;
água mineral ou vinho tinto; flores e velas brancas.
Ponto de força: cemitério "calunga pequena", mar "calunga grande" e caverna.
Oxumarê
Oxumarê é um Orixá bastante cultuado no Brasil, apesar de existirem muitas confusões a
respeito dele, principalmente nos sincretismos e nos cultos
mais afastados do Candomblé tradicional africano como a
Umbanda.
A confusão começa a partir do próprio nome, já que
parte dele também é igual ao nome do Orixá feminino
Oxum, a senhora da água doce.
Oxumarê é uma das diferentes formas e tipos de
Oxum, mas na Umbanda e no Candomblé tradicional tal
associação é absolutamente rejeitada.
São divindades distintas, inclusive quanto aos cultos
e a origem.
Apesar de muitos Babalorixás não aceitarem, tem
seu sincretismo católico como São Bartolomeu.
É representado pelo arco-íris que, segundo algumas
lendas é a ponte que possibilita que as águas de Oxum sejam levadas ao castelo no céu de
Xangô.
Por essa lenda, é atribuído a Oxumarê o poder de regular as chuvas e as secas, já que,
enquanto o arco-íris brilha, não pode chover. Ao mesmo tempo, a própria existência do arco-íris
é a água está sendo levada para os céus em forma de vapor, onde então se aglutinará em
forma de nuvem, passará por nova transformação química recuperando o estado líquido e
voltará á terra sob essa forma, recomeçando tudo de novo: a evaporação da água, novas
nuvens, novas chuvas, etc.
Uma interpretação antropológica mais cuidadosa, porém, pode questionar a validade
dessas lendas.
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Não podemos nos esquecer de que tanto na África, como especialmente no Brasil, a
população negra, que trazia consigo todos esses mitos, foi continuamente assediada pela
colonização branca.
Uma das formas mais utilizadas por jesuítas para convencer os negros, era a repressão
física, mas para alguns, não bastava o medo de apanhar.
Eles queriam a crença verdadeira e, para isso, tentaram explicar e codificar a religião dos
Orixás segundo pontos de vista cristãos, adaptando divindades, introduzindo a noção de que os
Orixás, seriam santos como os da Igreja Católica, etc.
Essa busca objetiva do sincretismo sem dúvida foi esbarrar em Oxumarê e na cobra - e
não há animal mais peçonhento, perigoso e pecador do que ela na mitologia católica (recordar
os mitos de Adão e Eva, a maçã, a concepção de pecado original, etc.).
Por isso, não seria difícil para um jesuíta que acreditasse sinceramente nos símbolos de
sua visão teológica.
Reconhecer na cobra mais um sinal da presença dos símbolos católicos na religião dos
Orixás e nele reconhecer uma figura que só poderia trazer o mal.
Essa, pelo menos, é uma das interpretações feitas por pesquisadores que compararam
diferentes versões dos mesmos mitos que não encontraram uma divisão absoluta entre bem /
arco-íris (ou masculino) e mal / cobra (ou feminino).
Na verdade, o que se pode abstrair de contradições como as que apresentam Oxumarê
é que este é o Orixá do movimento, da ação, da eterna transformação, do contínuo oscilar entre
um caminho e outro que norteia a vida
humana.
É o Orixá da tese e da antítese.
Por isso, seu domínio se estende
a todos os movimentos regulares, que
não podem parar, como a alternância
entre chuva e bom tempo, dia e noite,
positivo e negativo.
Conta-se sobre ele que, como
cobra, pode ser bastante agressivo e
violento o que o leva a morder a própria
cauda.
Isso gera um movimento moto-
contínuo, pois, enquanto não largar o
próprio rabo, não parará de girar, sem
controle.
Esse movimento representa a rotação da Terra, seu translado em torno do Sol, sempre
repetitivo. Todos os movimentos dos planetas e astros do universo, regulados pela força da
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gravidade e por princípios que fazem esses processos parecerem imutáveis, eternos, ou pelo
menos muito duradouros se comparados com o tempo de vida médio da criatura humana
sobre a terra, não só em termos de espécie, mas principalmente em termos da existência de
uma só pessoa.
Se essa ação terminasse de repente, o universo como o entendemos deixaria de existir,
sendo substituído imediatamente pelo caos. Esse mesmo conceito justifica um preceito
tradicional, que diz que: É necessário alimentar e cuidar de Oxumarê muito bem, pois se ele
perder suas forças e morrer, a consequência será nada menos que o fim da vida no mundo.
Enquanto o arco-íris traz a boa notícia do fim da tempestade, da volta do sol, da
possibilidade de movimentação livre e confortável, a cobra é particularmente perigosa para uma
civilização das selvas, já que ela está em seu hábitat característico, podendo realizar rápidas
incertas.
Outra fonte de indefinição a respeito do Orixá vem das contradições existentes em suas
lendas no Brasil e na própria África: Oxumarê é uma divindade originária da cultura do Dhaomé,
região centro-norte da África.
Há séculos tal civilização foi dominada pelos iorubas, povo
mais primitivo no sentido de organização social e visão religiosa,
mas, em compensação, mais poderoso em termos de organização
militar.
Como aconteceu com Roma e Grécia, a dominação de
uma sociedade menos rica em produções culturais ou no terreno
da superestrutura em geral fizeram com que os mitos dos
dhaomeanos não fossem apenas reprimidos, pelo contrário, os
iorubas não tentaram impor sua cultura ao povo dominado.
Ficaram na verdade impressionados com sua cosmologia e
tentaram assimilá-la, principalmente nas figuras que não fossem formas semelhantes a
divindades que também possuíssem.
Oxumarê foi um desses casos. O princípio da dualidade dos iorubas fazia parte dos
Orixás-crianças (Ibeji) - A dualidade que eles representam, porém, é mais próxima do
comportamento contraditório e irresponsável em termos éticos das crianças, ainda não
reprimidas pela codificação social.
Já a dualidade de Oxumarê é mais abrangente e até mesmo metafísica, pois representa
os ciclos que não estão ao alcance do ser humano.
Oxumarê, Iroco, Omulu, Obaluayê e Nanã, os Orixás do Dhaomé mais conhecidos e
cultuados, castigam quando dispostos ou provocados, mas raramente se arrependem e não
possuem as falhas humanas, visíveis e humanizadas das figuras do panteão ioruba.
Filhos De Oxumarê
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Tem em comum com a cobra a facilidade em ser silencioso, armarem seus botes na vida
sem que as pessoas em torno se apercebam disso e só atacando seus inimigos quando têm
plena certeza da vitória, que a vítima está encurralada num território que não é o seu.
Nanã
Nanã é sem dúvida muito antiga, suas características são muito diversas, Orixá dos
mistérios é uma divindade de origem simultânea à criação do mundo, pois quando Oduduá
separou a água parada, que já existia, e liberou o saco de criação a terra, no ponto de contato
desses dois elementos formou-se a lama dos pântanos, local onde se encontram os maiores
fundamentos de Nanã.
Senhora de muitos búzios, Nanã sintetiza em si a morte, fecundidade e riqueza.
Seu nome designa pessoas idosas e respeitáveis e, para os povos Jêje, da região do
antigo Daomé, significa mãe. Sendo a mais antiga divindade das águas, ela representa a
memória ancestral.
É a mãe antiga, Ìyá Agbà por excelência.
É a mãe dos orixás Irokô, Obaluaiê e Oxumarê, é respeitada como mãe de todos os
outros Orixás, nesse caso pela antiguidade.
Nanã é o princípio, meio e o fim, o nascimento, a vida e a morte.
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Ela é a dona do Axé por ser o orixá que dá vida e a sobrevivência, a senhora dos
Ibás que permite o nascimento dos deuses e dos homens.
As águas paradas e lamacentas dos pântanos têm uma aparência morta a primeira vista,
mas existe a vida de plantas, micro organismos que como as plantas buscam nas profundezas
das lagoas, na lama, a vida e o sustento.
Nanã.
Senhora da morte, geradora de Iku, a morte.
Deusa dos pântanos e da Lama.
Nanã é o encantamento da própria morte.
Seus cânticos são súplicas para que leve Iku, a morte, para longe e quem permite que a
vida seja mantida.
É à força da Natureza que o homem mais teme, pois ninguém quer morrer! Ela é a
Senhora da passagem desta vida para outras, comandando o portal mágico, a passagem das
dimensões.
Em terras da África, Nanã é chamada de Iniê e seus assentamentos, objetos sagrados,
são salpicados de vermelho.
Contudo, o símbolo que melhor sintetiza o caráter de Nanã é o grão, pois ela domina
também a agricultura e todo o grão tem que morrer para germinar.
Nanã é a morte que reside no âmago da vida, que possibilita o renascimento.
Nanã não roda na cabeça de homem.
Seus adeptos dançam com a dignidade que convém a uma senhora idosa e respeitável.
Seus movimentos lembram um andar lento e penoso, apoiado num bastão imaginário.
Em certos momentos, viram para o centro da roda e colocam seus punhos fechados, um
sobre o outro, parecendo segurar um bastão.
Em determinada atribuição cuida dos mortos enquanto seus corpos se decompõem no
lodo, se preparando para formarem novos seres.
Protege contra feitiços e perigos de morte.
Nanã vive voltada para a comunidade, sempre tentando realizar as vontades e
necessidades dos outras
Nanã é a sacerdotisa que, segura de suas experiências sabe o momento de agir.
Seu mundo é a natureza viva e morta, ela é capaz de sentir quando o peso da realidade
exterior bloqueia as possibilidades de concretizar suas intenções, por isso quando a realidade
está obscura, ela se senta, recolhe suas lembranças, medita e escuta o caminho a seguir.
Considerada avó de todos os orixás.
Sua dança é lenta, andar curvado,
demonstrando sua idade madura, sua velhice.
Na síntese mitológica iorubana Nanã é
considerada a mais velha deusa da nação,
predominando com associações diretas com a
morte e com a posição reservada aos bem mais
idosos.
Segundo alguns mitos Nanã é a mãe de
Ossaim.
Nanã é um orixá bastante complexo,
representa a memória transcendental do ser
humano e o acervo das reações pré-históricas de
nossos antepassados.
É uma divindade das águas paradas e dos
pântanos, responsável pela matéria prima da
vida, barro, que deu forma ao primeiro homem,
assim da criação do mundo e dos seres.
Nanã rege fisicamente o estômago, os intestinos, a memória e os pés, temida por todos
que conhecem seus hábitos e costumes, este é o Orixá representante da continuidade da
existência humana e, portanto, da morte.
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Salubá Nanã Burúku ou Salubá Nanã Buruque, entidade que separa os vivos dos mortos.
Nanã muito temida parece manter a imagem mais ligada às antigas Iyámins.
É dada como amante mais velha de Oxalá que ao seduzi-la roubou parte de seus
poderes, mas em troca faz dela mãe de Omulu e Oxumarê.
Outros tabus conservam igualmente características ameaçadoras ainda que veladas.
Não gosta de homens, e é praticamente assexuada, possuindo grande capacidade de
trabalho, e auto-suficiente, tem hábitos austeros e intolerantes a preguiça, falta de educação,
desordem, desperdício.
Previdente, organizada e rigorosa nos princípios morais.
Zeladora dos bons costumes e princípios morais, não perdoa mentirosos, traições,
desonestidades.
MITOLOGIA
Nanã é um Orixá feminino de origem
daomeana, que foi incorporado há séculos
pela mitologia ioruba, quando o povo nagô
conquistou o povo do Daomé, atual
República do Benin, assimilando sua cultura
e incorporando alguns Orixás dos
dominados à sua mitologia já estabelecida.
Resumindo esse processo cultural,
Oxalá, mito ioruba ou nagô, continua sendo
o pai e quase todos os Orixás. Iemanjá, mito
igualmente ioruba, é a mãe de seus filhos nagô e Nanã jeje assume a figura de mãe dos filhos
daomeanos, nunca se questionando a paternidade de Oxalá sobre essa também, paternidade
essa que não é original da criação das primeiras lendas do Daomé, onde Oxalá não existia.
Os mitos daomeanos eram mais antigos que os nagôs, pois vinham de uma cultura
ancestral que se mostra anterior à descoberta do fogo.
A melhor maneira para entendimento e estudo futuro antes de se perder totalmente, foi
acertar essa cronologia com a colocação de Nanã e o nascimento de seus filhos, como fAtos
anteriores ao encontro de Oxalá e Iemanjá.
Nanã é uma velhíssima divindade das águas, vinda de muito longe e há muito tempo.
E Ogum é um poderoso chefe guerreiro que anda, sempre, à frente dos outros Imalés.
Eles vão, um dia, a uma reunião.
É a reunião dos duzentos Imalés da direita e dos quatrocentos Imalés da esquerda.
Eles discutem sobre seus poderes.
Eles falam muito sobre Obatalá, aquele que criou os seres humanos.
Eles falam sobre Orunmilá, o senhor do destino dos homens.
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O que era seu era seu mesmo. Nunca fora radical, mas exigia que todos respeitassem
suas propriedades.
ARQUÉTIPO
Pessoas muito calmas, e muito lentas.
Gostam de crianças. Sempre aparentam mais idade.
São pessoas de ímpeto boas, decididas, simpáticas, mas que quando em vez se tornam
ranzinzas e rancorosas, do tipo que guardam rancor.
Às vezes, porém, exige atenção e respeito que julga devido, mas não obtido dos que a
cercam.
É o tipo de pessoa que não consegue compreender direito as opiniões alheias, nem
aceitar que nem todos pensem da mesma forma que ela.
Suas reações bem equilibradas e a pertinência das decisões, manter sempre no caminho
da sabedoria e da justiça.
Todos esses dados indicam também serem os filhos de Nanã, um pouco mais
conservadores que o restante da sociedade, desejando a volta de situações do passado, modos
de vida que já se foram.
Querem um mundo previsível, estável ou até voltando para trás.
Reclamam dos novos costumes, da nova moralidade.
Quanto à dados físicos, são pessoas que envelhecem rapidamente, aparentando mais
idade do que realmente têm. Não tem muito senso de humor, o que a faz valorizar demais
pequenos incidentes e transformar pequenos problemas em grandes dramas.
Ao mesmo tempo, tem uma grande capacidade de compreensão do ser humano, como
se fosse muito mais velha do que sua própria existência.
Por causa desse fator, o perdão aos que erram e o consolo para quem está sofrendo é
uma habilidade natural.
Sensatez, perseverança, ordem, objetividade, ou inverso: estupidez, preguiça,
conservadorismo extremo, medo, avareza.
Aparência física pesada, truculenta, desgraciosa, fracasso na sexualidade e no amor pela
falta de habilidade no trato social e pela agressividade.
Sem beleza, sem vaidade.
Apesar da aparência, tem extraordinária resistência física.
0 tipo psicológico feminino tem um temperamento severo e austero. Rabugenta, é mais
temida do que amada.
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Pouco feminina, não tem maiores atrativos e à muito afastada da sexualidade. Por medo
de amar e de ser abandonada e sofrer, ela dedica sua vida ao trabalho, à vocação, à ambição
social.
Aspectos Gerais de Nanã
Data festiva: 26 de julho
Saudação: Saluba Nanã (dona do pote da Terra)
Sincretismo religioso: Nossa Senhora Sant'Ana
Cores: Violeta ou lilás (sabedoria)
Instrumento: Vassoura de palha ou Ibiri (cetro de palha da costa, com talos de
dendezeiro e búzios) que ela traz na mão para afastar a morte.
Pedra: Ametista
Ervas principais: assa-peixe, agapanto-lilás, alfavaca, avenca, cedrinho, erva-cidreira,
macaçá, manacá, quaresmeira, manjericão da folha roxa, folha de limão, lágrimas de Nossa
Senhora (folhas), mastruço, pariparoba, erva-de-santa-luzia, quina roxa, abóbora, vitória-régia,
açucena, suma roxa, folha da fortuna, viuvinha (trapoeraba roxa), samambaia, melão de São
Caetano, crisântemo branco ou roxo, rosa e palma branca
Oferendas: Velas brancas, roxas e rosas; flores brancas e lilases, champagne rose, calda
de ameixa ou de figo; melancia, uva, figo, ameixa e melão, mingau de sagu, milho branco e
arroz, tudo depositado à beira de um lago ou mangue, com muito respeito e amor.
Ponto de força: Pântanos e lama
Oxum
Oxum genitora por excelência, ligada particularmente à procriação.
Deusa das águas doces reina sobre os rios, também divindade do ouro e dos metais
amarelos. Vaidosa, foi a segunda esposa de Xangô, tendo
vivido anteriormente com Ogun, Orunmilá, Oxossi.
Maternal, carinhosa e muito afeita às crianças,
amante da beleza e do adorno.
Também é chamada de Iyálòóde, título conferido à
pessoa que ocupa o lugar mais importante entre todas as
mulheres da cidade.
Oxum representa a mãe da criação que toma conta
dos filhos dos outros em gestação até o décimo sexto dia
de nascimento.
Diz-se que ela é provedora, atende as
necessidades dos outros e que, portanto, merece o
reconhecimento dado a uma mãe: Rora Yeyé Gbémi! Mãe
Grandiosa Proteja-Me.
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Mitologia
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Oxum, num movimento rápido, abriu a mão e soprou o pó no rosto de Exu, deixando-o
temporariamente cego.
- Ai! Ai! Não enxergo nada, onde estão meus búzios? Gritava Exu.
Oxum, fingindo preocupação e interesse em ajudar, disse a Exu:
- Eu os procuro, quantos búzios, formam o jogo?
- Ai! Ai! São 16 búzios. Procure-os para
mim, procure-os!
- Tem certeza de que são 16, Exu ? E por
que seriam 16?
- Ora, ora, porque 16 são os Odus e cada
um deles fala 16 vezes, num total de 256.
- Ah! Sei. Olha, Exu, achei um, ele é grande!
- É Okanran! Ai! Ai! Não enxergo nada!
- Olha, achei outro, é menorzinho.
- É Eji-okô, me dê, me dê!
- Ih! Exu. Achei um compridinho!
- E Etá-Ogundá, passa para cá....
E assim foi, até chegar ao ultimo Odu.
ARQUÉTIPO
Oxum transmite a seus filhos energia, vibração
que esta relacionada com ela, portanto seus filhos
acabam por ter a personalidade influenciada e manifesta
tanto de maneira positiva como negativa.
As filhas e filhos da entidade Oxum, não se
zangam com facilidades.
Não gostam de brigas.
Não sabem recusar. Adoram crianças pequenas.
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Algumas são ambiciosas, adoram o luxo, o conforto e a riqueza, julgam que para vencer
na vida consiste em usar seus encantos para conseguir o que querem.
Feminina, sensual, ingênua, dócil e infantil, desejosa de curar, ajudar e cuidar dos fracos.
Afetividade, familiaridade, concordância, maternidade, altruísmo, tendo seu destacado
lado inverso: maledicência, seu lado intrigante, hipócrita, mentirosa, interesseira.
É bom esclarecer que o comportamento, também sofre a influência dos orixás, que faz a
dualidade com ela e claro a cultura, educação e orientação individual.
Podemos acrescentar que são meigas, sedutoras, com voz suave, olhos brilhantes,
sorriso alegre, um rosto inocente, mulheres sensuais como já disse e voluptuosas.
Os homens também sofrem o efeito desta energia quando ela faz polaridade com a
entidade principal do homem, claro que existem muitos casos em que ela é a principal, pelo
menos é a que tem a atuação mais forte, e, isto ocorre principalmente quando o homem é filho
de determinados Oxalá, Ossaim, Odé, tornando-os pessoas extremamente emotivas, instáveis,
inconstantes, podendo ser infiéis, levianos, fúteis.
Alguns filhos ou filhas são ingênuos, crédulas, infantis, preguiçosos, moles, indecisos,
precisando sempre de um sacudidão.
Não se zangam com facilidades. Não gostam de brigas. Não sabem recusar. Mas se
pegarem alguém para inimigo vão ao extremo. Tornando-se principalmente caluniadores e
mentirosos.
Muito criativos e péssimos competidores.
Trapaceiros.
As pessoas que sofrem a influência da energia Oxum, são pessoas muito apegadas à
beleza física.
Narcisistas.
Colocam a aparência em primeiro lugar.
Gostam de serem observadas, são extremamente vaidosas.
Preocupam-se com que os outros vão pensar e falar.
Quase sempre prevêem acontecimentos futuros, distinguem sinceros amigos com
simples trocas de palavras.
Muito sentimentais, ofendem-se com facilidade, mas não costumam expor suas feridas.
Gostam de trabalhos manuais onde sua adaptação é rápida e possa ser admirada pelos
outros.
Inclinadas a arquitetura, às ciências ocultas, religiões, comércio, eletricidade, publicidade,
culinária, desenho.
Meigas, mas rancorosas aos extremos.
Ciumentas em demasia.
Seu ponto fraco fisicamente são a garganta e o aparelho genito-urinário. Também neste
ponto sofrem a influência negativa do orixá de parceria.
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São de estatura mediana, corpo mais franzino que de outros orixás femininos e
masculinos.
Possuidoras de grande sensibilidade espiritual, via de regra boas espiritualistas.
Iansã ou Oyá
É a divindade dos ventos, guerreira, forte e destemida.
Orixá veloz, que nos golpeia com a rapidez de um piscar de olhos.
Está presente no tempo e no espaço, é a mãe
das nove partes do céu, o grande vendaval que faz
a limpeza do ar que respiramos.
O ar em movimento caracteriza a sua
essência, é como o fogo que nos queima, sem que
tenhamos posto a mão nele.
É O orixá que faz as coisas simultaneamente,
graças a sua agilidade de espalhar o seu axé no
mundo dos vivos e dos mortos.
Iansã ou Oyá, deusa guerreira, divindade dos
ventos, das tempestades, dos raios e dos
redemoinhos.
É dona do ylê, a casa.
Iansã em muitas ocasiões é descrita como
uma mulher masculinizada. (ver lenda dos orixás),
com uma personalidade quase andrógena, não poupando esforço para alcançar seus
objetivos.
Segundo algumas lendas, Iansã, em passado distante foi homem, e tornou-se
mulher em tempo mais recente.
Da mesma forma que a orixá Nanã, ela tem ligação direta com eguns, com
sua forma de feitiçaria bem definida e estabelecida, comandando os espíritos dos
mortos ou Egungun, o que é visto como a mais masculina de todas as tarefas possíveis,
afinal só os homens podem oficializar e ajudar nos rituais dedicados aos espíritos dos
mortos.
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CARACTERÍSTICA
Faz parte de sua indumentária a espada curva, alfanje, o erukere, que usava para
sua defesa, além de muitos braceletes e objetos de cobre.
Sua dança é muito expansiva, ocupando grande espaço e chamando muita
atenção.
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Iansã é a mulher que sai em busca do sustento, ela quer um homem para amá-la
e não para sustentá-la.
Desperta pronta para a guerra, para a sua lida do dia-a-dia, não tem medo do
batente: luta e vence. Oyá é cheia de magia, determinação, desapego, destemor,
distinção ou inverso: falsidade, ciúme exagerado, violenta, fútil, luxúria.
Dona da aliança atua em todos
os campos que envolvam o relacionamento
amoroso, por isso é muito solicitada para resolver
casos de união. Identifica-se com pessoas vaidosas
e impetuosas, cuja velocidade de pensamento,
a tagarelice e alegria são traços fortes.
MITOLOGIA
O maior e mais importante rio da Nigéria
chama-se Níger, é imponente e da
mesma maneira que o rio Amazonas na América
do Sul atravessa mais de um país, rasgando
territórios, espalhando-se pelas principais cidades
através de seus afluentes, ele recebeu o título
pomposo de Odò Oya, já que ya, em iorubá, significa rasgar, espalhar.
A mãe dos nove orum, dos nove
filhos, do rio de nove braços, a mãe do
nove, Ìyá Mésàn, Iansã (Yánsàn).
Iansã, segundo a mitologia, é um
orixá muito forte, enfrentando a tudo e
a todos por seus ideais.
Não aceita a submissão ou
qualquer tipo de prisão.
Quem pode aprisionar o vento?
Conhecida no Brasil como Yansã,
cujo nome advém de algumas formas prováveis: Oyamésàn.
Embora seja saudada como a deusa do rio Níger, está relacionada com o
elemento fogo.
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ARQUÉTIPO
Os filhos e filhas de Iansã são audaciosos, intrigantes, autoritários, vaidosos,
pessoas sensuais, volúveis, com tendência a ter diversos relacionamentos sexuais,
inclusive extraconjugais.
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Seu filho é conhecido por seu temperamento explosivo. Está sempre chamando a
atenção por ser inquieto e extrovertido.
Sempre a sua palavra é que vale e gosta
de impor aos outros a sua vontade. Não
admite ser contrariado, pouco
importando se tem ou não razão, pois
não gosta de dialogar.
Em estado normal é muito alegre
e decidido. Questionado torna-se
violento, partindo para a agressão, com
berros, gritos e choro.
Tem um prazer enorme em contrariar todo tipo de preconceito. Passa por cima
de tudo que está fazendo na vida, quando fica tentado por uma aventura.
Em seus gestos demonstra o momento que está passando, não conseguindo
disfarçar a alegria ou a tristeza.
Não tem medo de nada. Enfrenta qualquer situação de peito aberto.
É leal e objetivo. Sua grande qualidade, a garra, e seu grande defeito, a
impensada franqueza, o que lhe prejudica o convívio social
Dotados de inesgotável energia, suas filhas e filhos são dinâmicos, nervosos,
irrequietos, intensos.
Na vida sexual, as mulheres são provocantes que conquistam e dominam os
homens.
Mulher de sexualidade intensa e assumida.
São pessoas muito animadas e felizes, pois fazem festa com tudo.
Tem um forte dom para a magia e uma incrível capacidade de adaptação.
Os filhos de Iansã estão sempre apaixonados ou se apaixonando, pois este orixá
é a regente dos sentimentos fortes e audaciosos.
Atrevidas, gostam de se fazerem notar, são ciumentas e não toleram rivais, nem
serem enganadas, não hesitam em armar tremendos escândalos e pouco ligam pelo
que delas podem dizer.
São muito orgulhosas, teimosas, rebeldes e impertinentes, impacientes, coléricas,
cruéis, sempre dispostas a brigas.
Não gostam muito dos afazeres domésticos.
Quando apaixonadas são extremamente dedicadas ao seu homem.
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Talvez seja a mais polêmica das energias que influência os seres humanos, os
filhos desta energia são bastante volúveis, gostam de honras e homenagens, mas não
valorizam os méritos alheios.
São desconfiadas e vivem paralelamente um mundo de fantasias, não dão muita
importância a opiniões alheias, raramente adoecem.
Devem cuidar mais do trato digestivo e principalmente vesícula.
Adoram expor suas qualidades, gostam de semi-jóias e pinturas.
QUALIDADES
Existe uma diferença de nomes, fundamentos, entre as casas de santos para cada
orixá, seus títulos que se confundem com suas personalidades, e, isso para todas as
entidades, sendo assim, Iansã não fugirá a essa realidade.
Cada zelador administra seus orixás seguindo uma linha mestra, geral, deixada
pelos ancestrais, mas adaptando para garantir a continuidade, para que não se perca a
essência, continuando assim a mandala firme e forte.
Mas a necessidade de preservação exige alguns cuidados entre eles o
mascaramento de elementos que, se divulgados podem ser mal interpretados, mal
utilizados e por algumas facções marginalizadas.
Esconder embaixo da unha não é para quem quer, mas sim para quem pode e
deve.
Aqui estão algumas denominações mais comuns de Iansã, nomes de qualidades,
vertentes, preceitos, etc. De nações diversas, sem o aprofundamento, pois cabe a cada
zelador passar a seus filhos conforme o fundamento da casa e cada casa tem seus
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mistérios, embora seguindo uma coluna de objetivo único, ou seja: a elevação dos
mortais a um estado de imortalidade através do conhecimento e trabalho.
23.6.1 Aspectos Gerais de Iansã
Cores: amarelo-ouro, algumas nações vermelho ou terracota.
Habitat: bambuzal
Data comemorativa: 04 de dezembro
Dia da semana: quarta-feira
Ervas: Erva de Santa Bárbara, Cordão de Frade, Açucena, Folhas de Rosa Branca,
dentre outras
Cores da Guia: contas amarelas vermelhas ou marrom (terracota)
Saudação: Eparrei Oyá!
Iemanjá
Iemanjá é um orixá africano, cujo nome deriva da expressão ioruba Yèyé Omo
ejá, Mãe cujos filhos são peixes.
Iemanjá, a grande mãe, o oceano que origina tudo.
De seu ventre saíram todos os orixás, dos seus seios correm os rios que fertilizam
a terra, simbolicamente, é claro.
Como toda matriarca, é benevolente e preocupada com o bem estar de todos,
mas exerce uma autoridade mais pela astúcia que pela força.
No Brasil é a deusa do mar, da água salgada, enquanto na Nigéria, a deusa de
um rio, e orixá dos Egbá, onde existe o rio Yemonjà.
Iemanjá, também a deusa do encontro das águas do rio e do mar, dona, mas
quero frisar que tem entidade como Obá, que esta diretamente ligada principalmente a
pororoca.
No Brasil, Iemanjá é um orixá muito popular e é reverenciada no Candomblé, no
Batuque, e na umbanda.
Uma das maiores comemorações em honra à Iemanjá ocorre no último dia do
ano em várias praias do litoral brasileiro.
Antes e após a queima de fogos da passagem do ano, os devotos fazem
oferendas à Rainha do Mar, um dos títulos dos quais ela é saudada.
O ano que entra é entregue a sorte a aquela que nos recebe quando nascemos.
Iemanjá mais antiga é Iyá Sagba, que quer dizer, a Mãe que passeia sobre as
ondas.
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Se Exu fecunda e Oxum cuida da gestação, é Iemanjá quem vai receber aquela
nova vida no mundo e entregá-la ao seu regente, que inclusive pode ser até ela mesma.
Isto tem uma importância muito grande, no sentido e na visão da Cultura Africana,
sobre a fecundação e concepção da vida humana.
Daí o titulo de Iyá, mãe, melhor, Iyá – Ori, mãe da cabeça, e plasmadora de todas
as cabeças, aquela que gera o Ori, que dá o sentido da vida e nos permite pensar,
raciocinar, viver normalmente como seres pensantes e inteligentes.
Essa força da natureza também tem um papel muito importante em nossas vidas,
pois é ela que vai reger nossos lares, nossas casas, é Iemanjá que vai dar o sentido de
família a um grupo de pessoas que vivem debaixo de um mesmo teto.
Ela é a geradora e personalidade ao grupo formado por pai, mãe e filhos,
transformando-os num grupo coeso.
Iemanjá é o sentindo de educação que damos aos nossos filhos, os mesmos que
recebemos de nossos pais, que aprenderam com nossos avôs.
Iemanjá rege até o castigo, as sanções que aplicamos aos filhos.
É o sentido básico, é a base da formação de uma família, aquela que vai gerar o
amor do pai pelo filho, da mãe pelo filho, dos filhos pelos pais, transformando tais
sentimentos num só, poderoso, imbatível, que se perpetuará.
Iemanjá é a família! Rege as reuniões de família, os aniversários, as festas de
casamento, as comemorações que se fazem dentro da família.
É o sentido da união, seja ligado, por laços consanguíneos, ou não.
Dentro do culto, numa casa de santo, Iemanjá também atua organizando e
dando sentindo ao grupo, à comunidade ali reunida e transformando essa convivência
num ato familiar.
Iemanjá também está presente nas decisões, nos momentos de angústia e
preocupação pelo ente querido, pois seus sentimentos geram os nossos, a necessidade
de saber se aqueles que amamos estão bem, a dor pela preocupação, é uma regência
de Iemanjá, que não vai deixar morrer dentro de nós o sentido de amor, do amor ao
próximo, principalmente em se tratando de um filho, filha, pai, mãe, outro parente, ou
amigo muito querido.
Iemanjá é a preocupação e o desejo de ver aquilo que amamos a salvo, sem
problemas.
Iemanjá está presente nos mares e oceanos.
É a Senhora das águas salgadas e será ela que proporcionará boa pesca nos
mares, regendo os seres aquáticos e provendo o alimento vindo de seu reino. Iemanjá é
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a onda do mar, o maremoto, a praia em ressaca, a marola, Ela quem controla as marés,
é ela quem protege a vida no mar.
Mitologia
Olodumaré fez o mundo e repartiu entre os orixás vários poderes, dando a cada,
um reino para cuidar.
A Exu deu o poder da comunicação e a posse das encruzilhadas.
O Ogum o poder de forjar os
utensílios para agricultura e o domínio
de todos os caminhos.
A Oxóssi o poder sobre a caça e a
fartura.
A Obaluayê o poder de controlar
as doenças de pele.
A Oxumaré seria o arco-íris,
embelezaria a terra e comandaria a
chuva, trazendo sorte aos agricultores.
A Xangô o poder da justiça e sobre os trovões.
A Oyá reinaria sobre os mortos e teria poder sobre os raios.
A Ewá controlaria a subida dos mortos para o Orum, bem como reinaria sobre os
cemitérios.
A Oxum seria a divindade da beleza, da fertilidade das mulheres e de todas as
riquezas materiais da terra, bem como teria o poder de reinar sobre os sentimentos de
amor e ódio.
A Nanã a dádiva, por sua idade avançada, de ser a pura sabedoria dos mais
velhos, além de ser o final de todos os mortais, nas profundezas de sua terra, os corpos
dos mortos seriam recebidos.
Alem disso do seu reino sairia à lama da qual Oxalá modelaria os mortais, pois
Odudua já havia criado o mundo.
Todo o processo de criação terminou com o poder de Oxaguian que inventou a
cultura material.
Para Iemanjá, Olodumare destinou os cuidados da casa de Oxalá, assim como a
criação dos filhos e de todos os afazeres domésticos.
Iemanjá trabalhava e reclamava de sua condição de menos favorecida, afinal,
todos os outros deuses recebiam oferendas e homenagens e ela, vivia como escrava.
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Durante muito tempo Iemanjá reclamou dessa condição e tanto falou nos
ouvidos de Oxalá, que este enlouqueceu. O ori de Oxalá não suportou os reclamos de
Iemanjá.
Oxalá ficou enfermo, Iemanjá deu-se conta do mal que fizera ao marido e, em
poucos dias curou Oxalá.
Oxalá agradecido foi a Olodumarê pedir para que deixasse a Iemanjá o poder de
cuidar de todas as cabeças. Desde então Iemanjá recebe oferendas e é homenageada
quando se faz o bori e demais ritos à cabeça.
Arquétipo
Filhos de Iemanjá são voluntariosos, fortes, rigorosos, protetores, altivos e,
algumas vezes, impetuosos e
arrogantes, nesse item ganham o troféu
disparado.
Têm o sentido da hierarquia,
fazem-se respeitar e são justas, mas
formais.
Põem à prova as amizades que
lhes são devotadas, custam muito a
perdoar uma ofensa e, se a perdoam,
não a esquecem jamais.
As mulheres de Iemanjá
preocupam-se com os outros, são
maternais e sérias.
Sem possuírem a vaidade de
Oxum, gosta do luxo, das coisas
vistosas, das jóias caras, isso serve para os filhos também que gosta de exageros,
tendência à vida suntuosa mesmo se as possibilidades do cotidiano não lhes permitem.
As filhas de Iemanjá são boas donas de casa, educadoras pródigas e generosas,
criando até os filhos de outros. Não perdoam facilmente, quando ofendidas.
São possessivas e muito ciumentas.
São pessoas muito voluntariosas e que tomam os problemas dos outros como se
fossem seus.
São pessoas fortes, rigorosas e decididas.
Gostam de viver em ambientes confortáveis com certo luxo e requinte.
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Esses filhos põem a prova as suas amizades, que tratam com um carinho
maternal, mas são incapazes de guardar um segredo, por isso não merecem total
confiança.
Eles costumam exagerar em suas verdades, para dizer que não mentem e fazem
uso de chantagens emocionais e afetivas.
São pessoas que dão grande importância aos seus filhos, mantêm com eles os
conceitos de respeito e hierarquia sempre muito claros.
Sempre nas grandes famílias, há um filho de Iemanjá, pronto a se envolver com
os problemas de todos, pois gosta tanto disso que pode se revelar um excelente
psicólogo.
Fisicamente, os filhos de Iemanjá tendem a obesidade, ou a certa desarmonia no
corpo.
As mulheres, por exemplo, acabam ficando com os seios caídos e as nádegas
contidas e preferem os cabelos compridos.
São extrovertidos e sempre sabem de tudo, mesmo que não saibam.
Os filhos de Iemanjá são quase sempre sensíveis, emotivos, e podem ter dupla
personalidade.
São metódicos, aceitam com revolta seu destino, sentem fascinação por tudo que
seja oculto.
Tendência a mais de um casamento.
Sua revolta intensa é comparada as ondas do mar.
Num constante vai e vem por toda a vida.
Propensa a obesidade, câncer de mama, problemas de coluna, doença mental.
Seus filhos sentem-se donos da verdade, passam a aparência de calmos, polidos,
meigos, humildes, mas no fundo são muito arrogantes, e você não sabe o que na
realidade estão pensando.
O aspecto físico é marcado pelo corpo e a ossadura grande, ancas largas, seios
generosos.
As mulheres de Iemanjá são muito mais mãe do que esposa, bastante
independente em relação aos homens, maridos, amantes, ou pai.
Seus sentimentos maternais exprimem-se antes no zelo e no amor com que se
dedicam á educação de crianças que podem até nem ser delas do que dando a luz
inúmeros rebentos.
Não gostam de anarquias, brigas.
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Xangô
Deus do raio, do trovão, da justiça e do fogo.
Contrariamente ao Orixá Ogun que utiliza fogo artificial, Xangô manipula o fogo em
estado selvagem, o fogo que os homens não sabem utilizar.
É um orixá temido e respeitado, viril e violento, porém justiceiro.
Costuma se dizer que Xangô castiga os mentirosos, os ladrões e malfeitores.
Seu símbolo principal é o machado de dois gumes e a balança, símbolo da justiça em
melhor análise do equilíbrio.
Deus do fogo, que pune aos que lhe querem mal com febres e ervas que lhe são
atribuídas.
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Joga sobre os inimigos sua bola de fogo através dos raios, chamadas edunara, pedra de
raio que representa o corpo de Xangô, seu símbolo por
excelência, pela mitologia do elemento procriado por
um lado e que irmana Xangô a Exu por outro lado.
Xangô tem no seu ritmo de dança o Alujá, a
manifestação com toques diferentes, como a dança do
machado, a dança da guerra.
Branda orgulhosamente o seu Oxé o seu símbolo
ora cortando para o bem, ora cortando para o mal.
Na cadência, faz o gesto de que vai pegar as
pedras de raio e lançá-las sobre a terra, demonstrando
seu lado atrevido.
Em certas festas traz sobre a cabeça uma gamela
de madeira, que contém fogo que começa a engolir,
revelando a origem de seu fundamento.
Xangô antigo orixá do fogo celeste, visto pelos mortais como símbolo de justiça divina,
já que o raio atinge a cabeça de quem os deuses resolvem punir.
Sendo o grande justiceiro que governa com retidão.
Xangô, chefe do vermelho, rei de Oyó, dono do fogo é um evidente símbolo solar, com
seus 12 Obás, seus 12 pares, seus 12 cavalheiros e, portanto, um símbolo de vida, de erotismo e
sensualidade, no seu melhor sentido, presidindo inclusive o amor, e, odiando acima de tudo a
morte, a doença.
A pior quizila de Xangô é Egum.
A dor e o sofrimento.
É tanta a aversão de Xangô pela morte que ele se afasta de seu filho, mal ele caia
doente.
É chamado de leopardo dos olhos faiscantes, de fogo ou de dragão faiscante.
Em alguns mitos ele usa cabelo transado e se veste de saia vermelha e búzios.
Detesta mentirosos, adora argolas de ouro e põem fogo pela boca.
Ora na paz, ora na guerra, mas sempre resolvendo o enigma bi-polar, vez que o
caminho da iluminação para os nagôs é o caminho da doçura, da calma, da gentileza.
Xangô, ser humano deusificado, representado pelas forças violentas da natureza.
Foi associado à jakuta, divindade que luta através do raio e do trovão.
É um orixá que persegue os ladrões, mentirosos e malfeitores, para esfregar suas caras
no chão, sem piedade.
Usa seu pilão para amassar o cérebro de seu inimigo oculto.
Depois que o vence gosta de comer seu carneiro bem temperado e assado nas brasas.
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MITOLOGIA
Segundo a mitologia, Xangô teria sido o quarto rei da cidade de Oyó, que foi o mais
poderoso dos impérios iorubás.
Depois de sua morte, Xangô foi divinizado, como era
comum acontecer com os grandes reis e heróis daquele
tempo e lugar, e seu culto passou a ser o mais importante da
sua cidade, a ponto de o rei de Oyó, a partir daí, ser o seu
primeiro sacerdote.
O conhecimento do passado pode ser buscado nos
mitos, transmitidos oralmente de geração a geração e hoje
difundido através de livros e principalmente em trabalhos de
formação acadêmica.
Assim, a mitologia nos conta a história de Xangô, que
começa com o surgimento dos povos iorubás e sua primeira
capital, Ilê-Ifé, fala da fundação de Oyó e narra os momentos
cruciais da vida de Xangô...:
Num tempo muito antigo, na África, houve um guerreiro chamado Oduduá, que vinha
de uma cidade do Leste, e que invadiu com seu exército a capital de um povo então chamado
ifé.
Quando Oduduá se tornou seu governante, essa cidade foi chamada Ilê-Ifé.
Oduduá teve um filho chamado Acambi, e Acambi teve sete filhos, e seus filhos ou netos
foram reis de cidades importantes.
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A primeira filha deu-lhe um neto que governou Egbá, a segunda foi mãe do Alaqueto, o
rei de Queto, o terceiro filho foi coroado rei da cidade de Benim, o quarto foi Orungã, que veio
a ser rei de Ifé, o quinto filho foi soberano de Xabes, o sexto, rei de Popôs, e o sétimo foi Oraniã,
que foi rei da cidade Oyó, mais tarde governada por Xangô.
“Esses príncipes governavam as cidades que mais tarde foram conhecidas como os
reinos que formam a terra dos iorubás, e todos pagavam tributos e homenagens a Oduduá.
Quando Oduduá morreu, os príncipes fizeram a partilha dos seus domínios, e Acambi
ficou como regente do reino de Oduduá até sua morte, embora nunca tenha sido coroado rei.
Com a morte de Acambi, foi feito rei Oraniã, o mais jovem dos príncipes do império, que
tinha se tornado um homem rico e poderoso.
O obá Oraniã foi um grande
conquistador e consolidou o poderio de
sua cidade.
Um dia Oraniã levou seus exércitos
para combater um povo que habitava uma
região a leste do império.
Era uma guerra muito difícil, e o
oráculo o aconselhou a ficar acampado
com os seus guerreiros num determinado
sítio por um certo tempo antes de
continuar a guerra, pois ali ele haveria de
muito prosperar.
Assim foi feito e aquele
acampamento a leste de Ifé tornou-se uma
cidade poderosa.
Essa próspera povoação foi
chamada cidade de Oyó e veio a ser a
grande capital do império fundado por Oduduá.
Com a morte de Oraniã, seu filho Ajacá foi coroado terceiro Alafim de Oyó.
Ajacá, que tinha o apelido de Dadá, por ter nascido com o cabelo comprido e
encaracolado, era um homem pacato e sensível, com pouca habilidade para a guerra e nenhum
tino para governar.
Dadá-Ajacá tinha um irmão que fora criado na terra dos nupes, também chamados
tapas, um povo vizinho dos iorubás.
Era filho de Oraniã com a princesa Iamassê, embora haja quem diga que a mãe dele foi
Torossi, filha de Elempê, o rei dos nupes.
Esse filho de Oraniã tinha o nome Xangô, e era o grande guerreiro que governava
Cossô, pequena cidade localizada nas cercanias da capital Oyó.
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Ele fez sua passagem pela Terra por volta de 1450 a. C., filho de Oranian e Torossi.
Governou com mãos de ferro, sendo, ao mesmo tempo, temido e adorado pelo povo. Muitas
vezes comportou-se como tirano, na sua ânsia pelo poder.
Alguns relatos afirmam que Xangô destronou seu próprio irmão, Dadá-Ajaká, para tomar
o seu lugar, e o exilou como rei de uma pequena e distante cidade, onde usava uma pequena
coroa de búzios, chamada coroa de Baiani.
Xangô foi assim coroado o quarto Alafim de Oyó, o obá da capital de todas as grandes
cidades iorubás.
Quando não fazia a guerra, cuidava de seu povo. No palácio recebia a todos e julgava
suas pendências, resolvendo disputas, fazendo justiça.
Pois um dia mandou sua esposa Iansã ir ao reino vizinho dos baribas e de lá trazer para
ele tal poção mágica, a respeito da qual ouvira contar maravilhas.
Iansã foi e encontrou a mistura mágica, que tratou
de transportar numa cabacinha.
Xangô ficou entusiasmado com a nova descoberta.
Num desses dias, Xangô subiu a uma elevação,
levando a cabacinha mágica, e lá do alto começou a lançar
seus assombrosos jatos de fogo.
Os disparos incandescentes atingiam a terra
chamuscando árvores, incendiando pastagens, fulminando
animais.
O povo, amedrontado, chamou aquilo de raio.
Da fornalha da boca de Xangô, o fogo que jorrava provocava as mais impressionantes
explosões.
De longe, o povo escutava os ruídos assustadores, que acompanhavam as labaredas
expelidas por Xangô.
Aquele barulho intenso, aquele estrondo fenomenal, que a todos atemorizava e fazia
correr, o povo chamou de trovão.
Num daqueles exercícios com a nova arma, errou a pontaria e incendiou seu próprio
palácio, queimando todas as casas da cidade.
Os conselheiros do reino se reuniram, e enviaram o ministro Gbaca, um dos mais
valentes generais do reino, para destituir Xangô.
Gbaca chamou Xangô à luta e o venceu, humilhou Xangô e o expulsou da cidade. Para
manter-se digno, Xangô foi obrigado a cometer suicídio.
Era esse o costume antigo. Se uma desgraça se abatia sobre o reino, o rei era sempre
considerado o culpado.
Os ministros lhe tiravam a coroa e o obrigavam a tirar a própria vida.
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A maioria dos seguidores que recorrem ao Xangô são os que sofrem de injustiças,
perseguições espirituais e materiais.
Desse Orixá, emanam também o saber e a autoridade, é o protetor de todos que tem
contato com as práticas da lei.
Obà
Obá tem um caráter apaixonado, irascível e corajoso, não teme nada nem ninguém.
Gosta de brigar.
Nada mais natural que ela aprecie a cor vermelha.
Obá se veste como os demais orixás de energia negativa ativa, ou seja, feminina velha,
apreciando tecido simples encorpado, sem
brilho.
As ferramentas de Obá são sempre
feitas de cobre.
Obá senhora da guerra, amazona
destemida, uma sábia e justa feiticeira.
Xangô desdenha Obá porque ela é
idosa e sem atrativos, mas morre de medo
dela, do poder enorme que ela tem.
Obá desconhece o medo e não
existem empecilhos que a desviem de suas
finalidades.
Ela é prática, objetiva, poderosa, leal e
corretíssima.
Todo aquele que tenha uma questão
em fase de apelação, isto é, se tiver perdido e
necessitar recorrer para instância superior,
deverá pedir ajuda a Obá.
Mas existe um importante lembrete:
ELA SÓ AJUDA OS INJUSTIÇADOS.
É considerada a padroeira dos advogados.
Quem quiser incidir na ira cega de Obá, de um falso testemunho.
Ajuda a encontrar objetos perdidos, e toma sob sua proteção toda esposa que tiver sido
traída pelo marido.
Obá tem muito ciúme e raiva de Oxum, a ninfa das cascatas, e ódio mortal da relação
que Xangô mantém com a charmosa senhora dos rios, ribeirões e lagos límpido.
A esperta Oxum foi junto com Iansã a causadora do aleijão de Obá, quando ludibriada
perdeu a orelha esquerda.
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Pela tradição nos terreiros, não se pode deixar dançar perto uma da outra.
O fenômeno da pororoca, o encontro da maré com as águas do rio, que não se
misturam e formam em vagalhão de muitos metros de altura, é atribuída à contenda que Obá
mantém eternamente com Oxum.
A enorme onda provoca um barulho belicoso.
Obá gosta de receber seus axés no encontro das águas do rio com o mar.
Ela gosta de viver na pororoca, como não é fácil servir neste local, ela aceita receber as
oferendas na beira de ribeirões límpidos, que tenham bastantes seixos cujas águas emitam sons.
Obá também gosta de receber seus axés em pedreiras.
A pedreira é local predileto de Xangô e quem quiser cair nas graças de Obá, deve
também fazer oferecimento na mesma ocasião que servir ela oferecer para ele amalá.
Obá tem fortes ligações com os elementos do ar, dado a sua liderança junto ás
entidades espirituais femininas que andam nos ares.
É ligada a terra porque se esconde nas florestas e ao fogo, fortemente relacionada
com coisas de magia, especialidade de Obá.
Obá é uma feiticeira implacável, poderosíssima, de vontade férrea e determinada, uma
amazona justa e combativa, apaixonada, com ciúmes da preferência que Xangô demonstra
pela companhia de outras.
Para Obá, Oyá não tem juízo e a odiosa
Oxum é a mais frívola das rainhas.
Obá é uma iabá velha, feiticeira poderosa,
líder da confraria de mulheres guerreiras -a
sociedade elecô - Por isso domina todos os
elementos.
É com personalidade tenaz, solucionadora
e desembaraçadora das causas impossíveis.
Orixá feminino do Adô.
A mais forte destemida e dotada de um
temperamento apaixonado e irascível.
Pode-se dizer que seja a iabá de gênio mais
difícil, tem o poder de se disfarçar e, de acordo com
o humor do momento, ou assume a aparência de
uma mulher idosa ranzinza e implacável, ou o aspecto de uma amazona guerreira, destemida
e belicosa.
Obá não é nem um pouco vaidosa, não liga para a própria aparência.
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Por motivo que a lenda esclarece, não possui uma orelha, por ter oferecido como
comida especial a Xangô, que foi uma peça que Oxum lhe pregou.
Rainha guerreira e justiceira.
Das esposas de Xangô, a mais sofrida por ser rejeitada por
ele.
Seus domínios são as corredeiras, águas revoltas.
Na personalidade representa as emoções reprimidas e
insatisfeitas, o sofrimento que dá a sensibilidade para sintonizar
como as vítimas da injustiça.
Obá é a que mais traz atributos de Odudua e de Odu.
Introspectiva, gosta de solidão, não é sociável e fala pouco.
Generosa. mas não é dada a folguedos, não aceita pedido
de desculpas.
Amarga, em virtude do desprezo do marido bonito,
charmoso e egoísta.
Obá desdenha a juventude e a vaidade de Oyá, que é leve enquanto Obá é pesada e
desajeitada.
Oyá é guerreira pela causa enquanto Obá luta pela guerra.
Para ela a guerra existe como controle da natalidade, limite da vida, da própria ecologia.
Obá é a própria guerra.
Obá não é esposa de Odé conforme pensam alguns, mas companheira de aventuras do
senhor da caça, em cuja companhia costuma sair para caçar.
Obá dança em certas ocasiões como se utilizasse o arco-e-flecha.
Obá tem traços de personalidade parecidos com os de Euá, senhora das possibilidades,
do segredo.
Obá é padroeira das famílias, das viúvas, das mulheres infelizes no casamento e de toda
e qualquer esposa traída pelo marido infiel.
Amante da solidão e do silêncio.
É de difícil reconciliação.
Caçadora e protetora da caça e dos animais da floresta.
Padroeira das amazonas.
Obá adora orobôs, também falando através deles.
É a mulher desprezada e ridicularizada, muito mais poderosa que o marido em questão
de feitiçaria, mas que se deixa desprezar por paixão, para escárnio das demais iabás.
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Obá se aproxima de Nanã, pois Obá adora a guerra e Nanã a morte, e guerra e morte
andam de mãos dadas.
Obá não é boa cozinheira para comidas de sal, mas não tem igual nas iguarias doces.
Não gostava de cantar.
Não gostava de dançar.
Não gostava de cozinhar.
Não tinha vaidade e só se vestia com suas roupas de montaria e cheirava a estrebaria.
Obá era a melhor guerreira do reino.
Guerreava por puro prazer de guerrear, quando queria.
Ela era uma grande feiticeira, muito poderosa, o que fazia com que Xangô tivesse medo
dela, desdenhando ela só pelas costas, mas não se atrevia a enfrentá-la.
Obá é homenageada como padroeira das sociedades secretas das mulheres.
Obá é menos dotada fisicamente, distante da beleza.
Os filhos e filhas desta grande orixá carregam muito dos seus traços.
ARQUÉTIPO
Filhas de Obá
São pessoas valorosas; incompreendidas.
Suas tendências, um pouco viris, fazem-
na frequentemente voltar-se para o feminismo
ativo.
As suas atividades militantes e agressivas
são conseqüências de experiências infelizes ou
amargas por elas vividas.
Os seus insucessos devem-se a um
ciúme um tanto mórbido, entretanto, encontra
compensações para as frustrações e sofrimentos
em sucessos materiais.
As pessoas pertencentes a esse Orixá são
lutadoras, bravas, um tanto agressivas o que as
levam a serem pouco compreendida.
Frequentemente tendem a ter
experiências conjugais infelizes e amargas.
São ciumentas, pois são muito zelosas com tudo que lhe pertencem.
Pessoas inteligentes e destemidas, bravas, generosas, briguentas para não dizer
rabugenta, e com forte tendência ao sentimento de inferioridade, que procuram esconder á sete
chaves.
Às vezes se tornam implicantes e amargas.
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Oxaguiã
Oxaguiã, também conhecido como Ajagunã, é o conflito que antecede a paz, a própria a
revolução que do início as mudanças, as transformações visando o futuro de maneira
abrangente e não superficial necessária ao dinamismo
da vida e da sociedade e a busca do conhecimento.
Orixá do progresso e da cultura, o Orixá da vida
e também da efervescência da vida, da discussão, da
guerra e do avanço, da estratégia, da inteligência, do
branco, do claro, do positivo e do masculino!
Oxaguiã é também guerreiro, e sente prazer em
destruir para concretizar o novo se estabeleça.
É o filho de Oxalufan, considerado o Oxalá
novo, aquele que carrega a espada e o escudo.
É algumas vezes confundido com Ogun e não
perde uma oportunidade de lutar contra Omolú ou
Xangô.
Por ser um Orixá guerreiro, é o único que tem
autorização de enfeitar seus colares brancos com as
pedras azuis, e suas roupas brancas podem, às vezes,
levar uma franja vermelha.
Está ligado ao culto de Iroko e dos espíritos, assim como a fertilidade e o culto dos
inhames.
É pai de Odé Inlé, come com Ogunjá, Airà, Èsù, Oya e Onìra. Tem muito fundamento
com Oya, pois é o dono do *atori, fundamento que lhe foi dado por ela, motivo pelo qual as
pessoas de Oxaguiã devem agradar muito a Oyá.
Vem pelos caminhos de Onira.
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Tem ligação com Exu. Seus filhos devem evitar brigas, confusões e mentiras,
principalmente, não devem enganar Ogun ou aos seus filhos, pois será castigado sem dó.
Um símbolo característico é o pilão, com o qual amassa o inhame, sua comida preferida.
Existem algumas festividades que homenageiam essa qualidade de orixá, dentro do ciclo das
águas de Oxalá, com o nome de Pilão de Oxanguiã.
É o orixá da fartura, da riqueza e do raciocínio pleno.
MITOLOGIA
Este Orixá é nascido do Odù Eji-Ogè, do primeiro alento de vida de Olorùn, com ele veio
o dia primordial e consigo a vida!
À Oxaguiã Olorun confiou a vida, o dia e a criação.
Que não pôde realizar só, senão com a ajuda
de sua irmã Odudua, nascida logo a seguir pelo Odù
Oyekù e o surgimento da sombra emergida do brilho
do dia e da vida, trazendo consigo a noite, o
feminino, a morte.
Ambos terminaram sob as ordens de Olorun
a Criação dos nove mundos e do Aiê, o mundo
manifesto, e todos os seus habitantes, tendo como
dinamizador desta relação o terceiro Orixà mais
velho: Exu, aquele que faz girar o Axé destes dois
princípios e que assim cria os caminhos possíveis
para a realização do plano divino.
Um dos mitos diz que Oxaguiã nasceu apenas de
Obatalá. Não teve mãe. Nasceu dentro de uma
concha de caramujo. E quando nasceu não tinha
cabeça, por isso perambulava pelo mundo, sem sentido.
Um dia encontrou Ori numa estrada e este lhe deu uma cabeça feita de inhame pilado,
branca.
Apesar de feliz com sua cabeça. Ela esquentava muito, e quando esquentava Oxaguiã
criava mais conflitos.
E sofria muito. Foi quando um dia encontrou a
morte, iku, que lhe ofereceu uma cabeça fria.
Apesar do medo que sentia, o calor era
insuportável, e ele acabou aceitando a cabeça preta
que a morte lhe deu.
Mas essa cabeça era dolorida e fria demais.
Oxaguiã ficou triste, porque a morte com sua
frieza estava o tempo todo acompanhando o orixá.
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Foi então que Ogum apareceu e deu sua espada para Oxaguiã, que espantou Ikú.
Ogum também tentou arrancar a cabeça preta de cima da cabeça de inhame, mas tanto
apertou que as duas se fundiram e Oxaguiã ficou com a cabeça azul, agora equilibrada e sem
problemas.
A partir deste dia ele e Ogum andam juntos transformando o mundo. Oxaguiã
depositando o conflito de idéias e valores que mudam o mundo e Ogum fornecendo os meios
para a transformação seja a tecnologia ou a guerra.
ARQUÉTIPOS
Os filhos de Oxaguiã são tranqüilos, risonhos,
prestativos e estão sempre dispostos a ajudar o
próximo.
Carismáticos, inteligentes, elegantes, falantes,
com grande senso de justiça.
Fazem questão de disciplina e gostam de se
sentirem amados. Eles optam por trabalhos
relacionados a mudanças, como por exemplo,
derrubar o que está velho, para construir o novo e
moderno.
São ótimos desenhistas, arquitetos e
publicitários.
São muito fiéis e dedicados a religiosidade,
cumpridores de seus juramentos e caridosos ao
extremo.
Se houver filhos de Oxaguiã em hospitais, como médicos, optarão por clínica geral, pois
dificilmente conseguirão serem cirurgiões, eis que têm barreira em relação a sangue.
São de físico bonito, mas não exuberante.
Oxalá
É o governante da vida, esta associado á matriz cósmica, como princípio masculino e
feminino do poder cosmo-genético.
Criador do mundo inorgânico.
Preside a passagem do sobrenatural á existência física do nascimento e também da
transição, a morte, quando a pessoa perde a individualidade e volta ao pó físico e a essência
matriz espiritual.
É o pai de todos os orixás por excelência, a metade superior da cabaça-mundo.
É o patrono da sabedoria, tal qual Olodumarê é o senhor absoluto, do poder da fala, do
Orum.
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É assim nas rodas de Candomblé, nos Xirês, quando louvamos todos os orixás.
É ele que sempre atuará como mediador para acalmar discórdias em qualquer plano e
produzindo uma solução, uma definição.
Oxalá, porém, é o que traz consigo a memória de outros tempos, as soluções já
encontradas no passado para casos semelhantes, merecendo, portanto, o respeito de todos
numa sociedade que cultuava ativamente seus ancestrais.
Mitologia
Na mitologia iorubá o Deus supremo é Olorun, chamado também de Olodumarê.
Olorum criou o mundo, todas as águas e terras e todos os filhos das águas e do seio das
terras.
Criou plantas e animais de todas as cores e tamanhos. Até que ordenou que Oxalá
criasse o homem.
Oxalá tentou, mas o ser
não tomava forma definida.
Tentou o fogo, mas a criatura
se consumiu no próprio fogo.
Fez um ser de ar que depois de
pronto retornou ao que era
apenas ar.
Tentava e tentava e
nada.
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Triste pelas suas tentativas infecundas, Oxalá sentou-se à beira do rio, de onde Nanã
emergiu indagando-o sobre a sua preocupação.
Oxalá fala sobre o seu insucesso. Nanã mergulha e retorna da profundeza do rio e lhe
entrega lama. Mergulha novamente e lhe traz mais lama. Oxalá, então, cria o homem e percebe
que ele é flexível, capaz de mover os olhos, os braços, as pernas e, então, sopra-lhe a vida.
ARQUÉTIPO
Os filhos deste orixá são conselheiros natos e estão sujeitos a receber ingratidão no
decorrer da existência.
Persistentes em seus objetivos, principalmente no comércio e finanças.
Temperamentos retraídos, desconfiados, jamais se abrem plenamente com alguém são
ambiciosos, devido ao seu caráter poderão não ter muito reconhecimento.
Que é o seu maior desejo: ser reconhecido.
Têm geralmente problemas com queda de cabelos, pouca visão, estatura baixa e forte,
alguns Oxalás são esbeltos.
Seus aspectos positivos são a afetividade, familiaridade, concordância, maternidade,
altruísmo, autoridade, liberalismo, perfeccionismo, bondade, e seu lado inverso, inveja, vaidade
doentia, maledicência, autoritarismo, temperamentalidade.
Dependendo a qualidade do orixá Oxalá, poderá seu filho ter constituição frágil, e
frequentemente ser marcado por algum defeito físico, corcunda por exemplo.
São de atitudes delicadas, amáveis, qualquer excesso desregula a saúde, sua vida sexual
é caracterizada pela moderação, pela castidade, quando não pela frieza ou impotência.
Vive afastado do mundo real, dos instintos carnais, e das paixões.
Tranquilo, lentidão das suas ações e reações emocionais, dramáticos.
Odeiam barulhos, desordem, confusão, brigas, sujeiras.
Grande força moral, tranquilidade.
Consciência de sua inteligência e do seu valor.
Irrepreensíveis, inflexíveis, íntegros, incapaz de manter uma mentira, de uma traição.
Generosos, tolerantes, paternais e hospitaleiros.
Observador e embora quieto, percebe tudo, não esquece nada. Quando percebe uma
ofensa, jamais perdoa, porém, não demonstra rancor, agressividade, parecendo até indolente,
apático, indiferente a tudo.
Os filhos de Oxalá são pessoas tranquilas, com tendência à calma, até nos momentos
mais difíceis, conseguem o respeito mesmo sem que se esforcem objetivamente para consegui-
lo.
Os filhos dele não gostam de pedir ajuda aos outros.
Seus ideais são levados até o fim, mesmo que todas as pessoas sejam contrárias as suas
opiniões e projetos. Gostam de dominar e liderar as pessoas. São muito dedicados, caprichosos,
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mantendo tudo sempre bonito, limpo, com beleza e carinho. Os filhos de Oxalá são sentimental,
amoroso, carinhoso e hipersensual.
Com todas essas qualidades, é natural que as mulheres se interessem por ele, costuma
ter uma bela aparência física.
A mulher de Oxalá é ideal para qualquer homem, pois preocupa-se com ele, quer
agradar, e faz tudo para ajudá-lo a se projetar na vida.
Não tem vergonha
de dizer que ama desde
que realmente ame.
A filha de Oxalá é
rigorosamente sincera em
tudo o que faz. Só que é
tímida, o que significa que
jamais disputará um
homem com outra mulher,
e nunca demonstrará
abertamente o seu interesse por alguém.
Talvez por causa dessa sua forma retraída de ser, chama a atenção dos homens, mas se
interessa apenas por aquele que for amável, romântico e um perfeito cavalheiro.
Esse se surpreenderá com a sensualidade que ela vai revelar depois que tomar a
iniciativa e poderá ficar seguro quanto à sua fidelidade.
OXALUFÃ
Orixá muito velho, de idade avançada, aleijado, lento, movendo-se com muita
dificuldade.
Dança apoiado no opaxoró. Treme de frio e velhice. Detesta a violência, disputas e
brigas.
Não come sal e nem dendê, odeia cores fortes, principalmente o vermelho.
A ele pertencem os metais e substâncias brancas, não suporta cavalos.
Para Oxalá Oxalufã, a idéia e o verbo são sempre mais importantes que a ação, não
sendo raro encontrá-los em carreiras onde a comunicação e expressão seja o ponto
fundamental.
Oxalá Oxalufã, é a primeira forma de orixá que foi criada por Olorun, no início dos
tempos, sendo associado ao ar, que existia antes da criação da Terra, e também à água do início
da existência.
Oxalufã está ligado à cor branca, ou incolor, sendo o primeiro na hierarquia dos fun-fun,
os que vestem branco.
Detém o axé da criação de todos os seres da Terra, representando a fertilidade
masculina.
MITOLOGIA
Na mitologia africana, é
considerado o pai de todos os
orixás e de todos os seres vivos,
sendo, por esse motivo,
constantemente reverenciado
em festas públicas e diversos
rituais.
Está sempre presente
nas antigas lendas,
representando a figura
veneranda de um pai.
Sua posição é muito destacada, tendo o respeito de todos os orixás, que se curvam à sua
presença.
Oxalufã, com seu opaxoro, separou a terra e o céu, que, no início dos tempos, estavam
no mesmo nível de existência.
Os três pratos, que fazem parte do cajado, simbolizam a sua supremacia sobre os
mundos dos seres humanos, dos Eguns e dos Orixás.
O pássaro, que está pousado na ponta do opaxoro, é um mensageiro que faz a ligação
entre esses mundos.
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Com esses pratos, Oxalufã carrega e distribui os alimentos sagrados para todos os seres
humanos e encantados.
Os pingentes, que estão presos a eles, simbolizam os presentes que lhe eram ofertados
nos diferentes lugares por onde passou em suas caminhadas pelo mundo.
Esse orixá, assim como Nanã, é bem-vindo em todos os reinos.
O raciocínio é a grande contribuição desse orixá para os seres humanos, diferenciando-
o, assim, dos animais. Todos os orixás que veste branco, ou fun-funs (mesmo Ogun ou Oyá),
herdaram esse dom de Oxalá de uma forma mais intensa, e o transferiram para seus filhos na
Terra, que, por esse motivo, possuirão um pensamento engendrado e a constante reflexão
sobre todos os aspectos da sua existência.
O Alá é outro símbolo de Oxalufã, que consiste num pano branco usado para protegê-lo
do calor, bem como abrigar, sob sua proteção, todos os seres criados.
Serve também para representar a
separação entre a Terra e o céu.
Muitas vezes, esse orixá é apresentado
como um velho, todo curvado e retorcido
precisando ser amparado por ekédes e ogans,
por não poder andar.
O fato de Oxalufã ser o orixá mais antigo
não justifica essa postura, mas a idade
cronológica.
Se consultarmos a mitologia africana,
veremos que Oxalá empreendeu grandes
caminhadas pelo mundo e, como soberano que
era não se curvava a ninguém.
As pessoas que nascem com defeitos físicos e mentais, ou os adquirem antes dos nove
anos, serão protegidos por Oxalufã, pois houve algum erro na formação desses seres.
Podemos pedir a misericórdia desse orixá nos casos acima e para salvar pessoas com
doenças graves e casos terminais.
A teimosia e obstinação são a marca de Oxalufã, o que lhe traz a possibilidade de
grandes feitos ou muitos dissabores.
Os Orixás fun-fun eram em número de 154, muitos deles sobrevivem como formas de
Oxalá.
Oxalufã é o velho e fraco, que se apóia num cajado de pastor, o mais profundo
conhecedor da sabedoria.
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Oxalá ocupa entre nós o mais alto nível de grandeza. Isso aparece na própria lenda da
criação e na guerra entre ele e Oduduá que é considerada a metade feminina da criação, a
metade inferior da cabaça-mundo, o igbá-odù. Após ter perdido o direito de criar o mundo,
pois foi Olofim-Oduduá quem o fez, Oxalá desceu à Terra e convocou todos os Imalés para
lembrá-los de que ele é que era um Deus, um imortal, o segundo na Trindade. Afirmando que
Oduduá nada mais era que um simples mortal.
ARQUÉTIPOS
Seus filhos são observadores, vigilantes e compreensivos, não sabem disfarçar suas
emoções.
Sua tranquilidade, dignidade e forte moralidade o impedirão de recorrer a meios
desonestos para atingir seus objetivos.
Dotados de incrível paciência e detestam discussões, mas também são teimosos.
Nascem para a liderança, por isso espera ser respeitado e ouvido quando se manifestam.
A imaginação deles é viva, gosta de meditar em lugares tranquilos, onde sonha
romanticamente e tem idéias originais.
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No amor são ciumentos e muito zelosos, sua cólera é evidente, com manifestações
ruidosas, mas não guardam rancores, quando violentos pode ser bastante desagradáveis.
Como amigos, são fiéis, protetores, generosos e sérios, ajudando sem limites.
O tipo físico de Oxalufã é frágil, delicado, friorento, sujeito a resfriados.
Compensa sua debilidade física com grande força moral, e seu alvo à realizar a condição
humana no que tem de mais nobre.
É fiel no amor e na amizade.
Oxalufã é o poente.
Ewá
Ewá é considerada no culto como filha ou irmã gêmea de Nanã, enquanto Nanã é a
chuva transformada com terra em lama, Euá é a chuva clara que cai do céu, o lado branco do
arco-íris.
Ligada aos rios e marés, águas calmas e claras.
Rege as transformações e a alegria, semelhantes à leveza das nuvens e da chuva.
Ewá, como a lua, tem um reino cheio de imprevistos e miragens.
Senhora dos disfarces, das artes, da música e da poesia.
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Ela é o poder sobre a percepção de todos os seres, com o dom de fazer aparecer e
desaparecer coisas, quer estejam na terra aiê ou se encontrem no orum, o céu.
Ao lado de Iroko, princípio masculino que forma a ponte entre o céu e a terra, ela é
guardiã da fronteira que separa o 'aiê' do 'orum', impedindo que os dois
se fundissem novamente o que seria um caos.
Ela é a eternidade, a dona do saber dos dois mundos, aquela que liga o conhecimento
entre orum e aiê, que organiza e classifica o contato entre os dois.
Ewá também participa na escolha difícil do ori, quando solicitada. Também do formato
físico.
Ewá também esta ligada às transformações orgânicas e inorgânicas, que se sucedem no
Planeta. É a mágica da transformação. Está ligada à mutação dos animais e vegetais.
Ela é o desabrochar de um botão de rosa, é a
lagarta que se transforma em borboleta, é a água
que vira gelo e o gelo que vira água, faz e desfaz,
num verdadeiro balé da Natureza.
Senhora do belo, Ewá é aquela que vai dar cor ao
seres, torná-los bonitos, vivos, estimulando a
sensibilidade, a fragilidade das coisas, a
transformação das células, gerando o que há de
mais lindo no mundo.
É a deusa da beleza, é o sentimento de
prazer pelo que é belo, é o respeito pela maravilha
que o mundo apresenta.
A força natural Ewá é ligada também à
alegria, dividindo com Ibeji a regência daquilo que
se chama ou se tem como feliz. Está presente nas
coisas e nos momentos alegres, que têm vida.
Ewá é a dona do saber dos dois mundos por direito próprio, responsável pela passagem
perceptiva de um estado para outro, proporcionando a suavização das mensagens, cifrando-as,
impregnado-as de símbolos, quebrando muitas vezes a sequência lógica.
A Ewá foi dada o poder de comunicar-se entre os seres de vários níveis, bons, maus, e
de ser guardiã da sabedoria, a padroeira da inteligência perceptiva.
Considerada filha de Obatalá e Oduduá, as duas metades da cabaça que compõem
o orum e aiê.
Ewá é casta e tímida, vive distante da companhia dos homens.
Dona das fantasias e dos sonhos.
Ela classifica a síntese dos seus genitores, classifica e separam os dois mundos, tal qual
o opaxorô propiciando a coexistência dos opostos que se atraem e se completam.
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Os poderes de Euá ligados a transformação, aos sentidos e aos sonhos estão diretamente
relacionados com o elemento ar, o sopro vital de Obatalá.
Há mitos que atribuem a esse orixá feminino a condição de esposa de Oxumarê, o arco-
íris que brilha nos ares, mas também irmã, acolhida após a fuga dela das mãos de Xangô.
Como filha de Oduduá, entretanto Euá também pertence ao elemento terra.
Consome epô com prazer.
Em alguns mitos Ewá mora no cemitério e é bastante ligada a Obaluaê e Nanã, o senhor
da terra e a iabá da morte.
Neste mito é responsável pela transformação
de tudo que é vivo em matéria morta, em cadáver.
Também se apresenta como caçadora
solitária.
Caça com Odé, disputando com o atirador, o
manejo do arco e flecha.
Ajudou o chefe caçador com disfarces
imitando animais.
Ewá também pertence à água, na condição de
dona das águas da chuva, águas caídas do céu, o
domínio de Oxumarê.
Há mitos que dizem que ela habita nas fontes
e nascentes dos rios límpidos, seu espelho, é proibido
para os homens.
ARQUÉTIPO
Seus filhos e filhas não aceitam falsidade.
A sinceridade é regra de vida. Difícil trato social.
Dizem o que pensam sem se preocupar com a consequência.
Conservadoras na maneira de arrumar sua casa, com bom gosto e simplicidade.
Sensíveis, espirituosos, briguentos, mas não teimosos, destemidos, com bom tom de voz.
Amantes do que sejam belo, estudiosos, persistentes, extremamente exigentes, com
tendência para a vida intelectual e artística.
Ouvido excelente para o aprendizado de música e idiomas.
São carentes, necessita de sentir de volta o afeto que dão em abundância.
São de aparência geralmente magra e irrequieta. Seus filhos têm dificuldades para
expressar suas reais vontades e sentimentos.
Temperamento calmo, quase lerdo.
Não são de muito reclamar e são ótimas no serviço que requerem paciência, como as
atividades repetitivas e as tarefas domésticas.
Quando mulheres casadas, apagada e devotada, tímida, se afastam dos homens.
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Ossaim
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Ossaim é orixá masculino de origem nagô, Iorubá que, como Odé Oxóssi habita
a floresta.
É bastante cultuado no Brasil, recebendo
diversos nomes
como Ossânin, Ossonhe, Ossãe e Ossanha, uma das
formas mais populares. Por causa do som feminino é
frequentemente confundido como figura feminina.
Orixá das ervas, no candomblé Jeje é
chamado de Agué é o Vodun da caça e das florestas
e conhece os segredos das folhas.
No Candomblé Bantu é chamado de Katendê,
Senhor das insabas, folhas.
É um orixá cujos filhos são raros, bem menos
numerosos do que Ogum, Xangô ou Oxum.
É orixá da cor verde, do contato mais íntimo
com a natureza. As áreas consagradas a Ossaim não
são os jardins cultuados de maneira tradicional, mas
sim os recantos, onde só os sacerdotes
podem entrar, nos quais as plantas crescem de maneira selvagem, quase sem controle.
Orixá de grande significação, pois todos os rituais importantes utilizam o sangue-
escuro que vem dos vegetais, seja em forma de amassis, infusões ou para uso de bebida
ritualística.
É comum existir certo preconceito com dois Orixás que muitas vezes são esquecidos,
mais existem e se faz necessário o culto: Ossâim e Oxumarê.
O primeiro está presente em todos os rituais através das folhas e o segundo presente em
quase todos os rituais por ser o Orixá das mudanças.
Os curandeiros, quando vão recolher plantas para seus trabalhos, devem fazê-lo em
estado de pureza, abstendo-se em relações sexuais na noite precedendo e indo à floresta,
durante a madrugada, sem dirigir a palavra a ninguém. Além disso, devem ter cuidado em
deixar uma oferenda com dinheiro, no chão, logo
que cheguem ao local da colheita.
Ossaim está estreitamente ligado
a Orunmiláia, o senhor das adivinhações.
Estas relações, hoje cordiais e de franca
colaboração, atravessaram, no passado, períodos
de rivalidade.
As lendas refletem as lutas de precedência
e de prestígio entre adivinhos-babalaôs e
curandeiros.
Os poderes de cada planta estão em
estreita ligação com o seu nome, e as palavras de
encantamento que são obrigatoriamente
pronunciadas, no momento de seu uso, são
indicadas pelos adivinhos aos curandeiros, fato
este que dá aos primeiros uma posição de
conhecimento maior sobre as virtudes das
plantas.
O ritmo dos cantos e das danças de Ossaim é particularmente rápido, saltitante e
ofegante.
É o senhor da magia e da medicina, como Exu ele é companheiro indispensável
de Orunmiláia.
É o senhor absoluto das vegetações.
Orixá das folhas e de suas aplicações litúrgicas e toda composição mágica do
candomblé.
Nada se faz sem Ossaim, ele é o detentor da força do axé indispensável para as
divindades.
Como necessária é Oxum com sua água.
Foi Ossaim quem ensinou a Ifá a arte de curar.
É sempre evocado quando as coisas não vão bem.
Assim como os Orixás das florestas, Ossaim é cultuado as quintas-feiras, muito embora
existam qualidades que são cultuadas na segunda-feira, quarta e sexta-feira também.
Como é um orixá voltado ao culto em si e à religião como forma organizada
de comunicação entre os homens e o sobrenatural, todos os seus ritos exigem muitos detalhes
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e inúmeros cuidados para não se quebrar as regras de como se colhe uma folha de uma árvore
ou se arrumam os ingredientes para uma obrigação de Ossaim.
É vinculado a figura de Saci Pererê, figura mitológica que traduziria a função de
encantado da mata, aquele que existe e ao mesmo tempo não.
O deus das ervas, dono das matas, orixá da
medicina, da cura, da convalescença. Mestre do
poder curativo das ervas, que proporciona o Axé
das plantas, ou seja, a força vital, imprescindível à
realização de qualquer ritual nos cultos africanos.
Ossaim é a mágica das folhas, tornando
mágica, também, sua convivência com os seres
humanos.
Nos rituais do Candomblé o banho de
ervas, Abô, é vital, imprescindível.
Tudo é passado no Abô. Desde louças,
travessas de barro, moedas, pulseiras, búzios,
quartinhas, facas, colheres de pau, gamelas, até o
próprio homem, que vai se banhar e se purificar
pelas ervas.
O Abô é algo que não pode faltar nos
rituais, que vai dar o encanto, vai possibilitar a
presença da força cósmica do Orixá.
Mesmo nos sacrifícios animais, canta-se para Ossaim, mesmo que o sacrifício não seja
para ele, pois dele dependerá o encantamento daquele ato sagrado.
É Ossaim que trará a calma, a paz, o encanto, para que o ritual transcorra bem.
Ossaim é o encanto, a magia.
Quando se vai à mata buscar ervas leva-se fumo de rolo, mel e moedas, para dar o
Senhor das matas e facilitar a busca da erva desejada, pois Ossaim pode escondê-la de nós,
criar uma ilusão de ótica e não permitir que a vejamos, mesmo que esteja à nossa frente,
debaixo de nossos olhos.
Ossaim está presente nos momentos importantes da vida, é o alquimista, o químico, o
farmacêutico, o Senhor das poções mágicas e curativas.
É o feiticeiro, o bruxo, o médico dos Orixás, conhecedor profundo do segredo de todas
as ervas.
É o pai da homeopatia, aquele que gera a capacidade de cura, pela ingestão ou
aplicação de plantas medicinais.
O sangue das folhas, que traz em si o poder do que nasce, abundantemente, é um dos
axés mais poderosos, pois o primeiro ato que se faz quando deita uma pessoa para o santo è
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a sasanha, a retirada do sangue negro das folhas. E o ultimo dia de preceito dos iniciados è
o ità.
Pois sem as folhas não se faz nada...
Ossaim possui o poder ao mesmo tempo benéfico e perigoso, a depender dos vários
empregos das folhas, pois existem folhas que possui veneno e folhas benéficas.
Seu culto é mais ou menos secreto e, mesmo
que não constitua uma sociedade secreta, seus ritos
não são públicos e a maioria de seus adeptos são
homens.
Um pequeno pássaro que o representa, é o
pássaro Eye. Nos templos consagrados a Ossaim, na
África, diz-se que este pássaro habita no Igba Ossaim e
que ele fala quando Ossaim é consultado.
Este mesmo pássaro è o
que acompanha as Yamis Oxorongà.
Outro que fala por Ossaim é Aroni, pois Ossaim não fala para não contar seus segredos
a ninguém.
Aroni é um anãozinho, sem uma perna que fuma cachimbo.
Ele anda dentro de um redemoinho, seu cachimbo feito com a casca do caracol, enfiado
num taryokó, uma varinha de bambu, com suas folhas prediletas. Carrega um pássaro que voa
por toda parte e pousa em sua cabeça, lhe contado tudo que viu ou se alguém se aproxima.
É um Orixá encantado, não viveu na forma humana.
É filho direto de Olodumarê, o Deus Supremo.
Ossaim conversa com os espíritos sagrados que moram dentro das árvores, sendo eles e
os animais seus companheiros na floresta.
Assim como Odé Oxóssi, também conhece a linguagem dos animais e dos pássaros,
imitando-os com perfeição.
O seu sacerdote é o Babá Olossaim.
É o detentor do axé (força, poder, vitalidade), de que nem mesmo os Orixás podem
privar-se. Esse axé encontra-se em folhas e ervas específica. O nome dessas folhas e o seu
emprego é a parte mais secreta do ritual do culto dos Orixás, Vodun e Inkice.
Comanda as folhas medicinais e litúrgicas, muitas vezes é representado com uma única
perna. Cada Orixá tem a sua folha, mas só Ossaim detém seus segredos. E sem as folhas e seus
segredos não há axé, portanto sem ele nenhuma cerimônia é possível.
MITOLOGIA
Ossaim era o dono de todas as folhas e era necessário que os Orixás dependessem dele
para obter certas folhas e certos sumos. Como os orixás raramente se submetem a qualquer
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tipo de autoridade, a rebelião se fez e Iansã com seus ventos espalhou as folhas de Ossaim,
fazendo com que cada Orixá pegasse a sua de acordo com sua esfera de atribuições.
Mas muitas ervas e plantas ainda continuam sob o domínio de Ossaim, e mesmo as que
hoje estão sob domínio dos outros orixás, ainda necessitam de certas rezas e preceitos que só
Ossaim conhece.
O poder de Ossaim foi dividido, mas permanece paradoxalmente com ele, realçando
outra característica do Panteão Africano: a dependência dos Orixás.
Por isso um filho de Iansã deve manter boas relações espirituais com Ossaim para poder
realizar os trabalhos e obrigações devidos à própria Iansã ou a Exu, como também
deve invocar Oxum quando tiver problemas sexuais ou relativos a paternidade ou maternidade.
Se cada ser humano é
individualizado pela soma das
características e presenças
energéticas de seus próprios
Orixás, o primeiro, eledá e o
segundo ajuntó Orixá,
também trocam energias com
as outras fontes de Axé
que regularizam e ditam as
normas de seu
relacionamento com outras
áreas do conhecimento.
É a convivência dos
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diferentes, mas complementares, que viabiliza a mitologia dos orixás e a existência do ser
humano em sociedade.
Não é Orixá das lutas, do fogo, dos grandes amores e das guerras incontroláveis.
É Orixá da técnica, do uso das folhas que são empregadas quando necessárias usadas de
forma condutora da busca do equilíbrio energético, do
contato do homem com a sua divindade, que nada
mais é do que a sua essência.
Não faz parte das lendas de Ossaim um número
de relações familiares e sexuais de destaque, pois
geralmente é apresentado como um ser solitário,
vagando nebulosamente pela floresta e não habitando
lar específico.
Originário de Iraô, atualmente na Nigéria, não
fazia parte dos 16 companheiros de Odùdùwa quando
na chegada de Ifé.
Patrono da vegetação rasteira, das folhas e de
seus preparos, defensor da saúde, é a divindade das
plantas medicinais e litúrgicas.
Ossaim usa uma cabaça chamada Igbá-Osanyin.
Fuma e bebe mel e cachaça.
Ossain recebera de Olodumaré o segredo das folhas. Ele sabia que algumas delas
traziam a calma ou o vigor. Outras, a sorte, a glória, as honras ou ainda, a miséria, as doenças e
os acidentes.
Os outros Orixás não tinham poder sobre nenhuma planta. Eles dependiam
de Ossain para manter sua saúde ou para o sucesso de suas iniciativas.
As folhas de Ossaim veiculam ao axé oculto, pois o verde é uma das qualidades do
preto.
As folhas e as plantas constituem a emanação direta do poder da terra fertilizada pela
chuva.
São como as escamas e as penas, que representam o procriado. O sangue das folhas é
um dos axés mais poderosos, que traz em si o poder do que nasce e do que advém.
Lenda:
A história revela que Ossaim era escravo de Orunmilá, incumbido de limpar um terreno
cheio de plantas, e recusava-se a cortar as folhas que teriam inúmeras utilidades na manutenção
da saúde das pessoas, ervas que curam febre, as dores de cabeça e as cólicas.
Tomando conhecimento do fato, Orunmilá quis ver quais eram as ervas de tão grande
valor.
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Convencido do conhecimento de Ossaim, Orunmilá percebeu que ele poderia lhe ser útil
e o manteve para sempre ao seu lado para as consultas.
Despertou assim a irá, a inveja dos demais Orixás entre eles Xangô, cujo temperamento
é impaciente, guerreiro e impetuoso, irritado por não deter os conhecimentos secretos sobre
a utilização das folhas, usou de um ardil para tentar usurpar de Ossaim a propriedade das
folhas. Falou dos planos à sua esposa Iansã, a senhora dos ventos.
Explicou-lhe que, em certos dias, Ossaim pendurava, num galho de Iroko, uma cabaça
contendo suas folhas mais poderosas.
-Desencadeie uma tempestade bem forte num desses dias, disse-lhe Xangô.
Iansã aceitou a missão com muito gosto. O vento soprou a grandes rajadas, levando o
telhado das casas, arrancando árvores, quebrando tudo por onde passava e, o fim desejado,
soltando a cabaça do galho onde estava pendurada. A cabaça rolou para longe e todas as
folhas voaram.
Os orixás se apoderaram de todas. Cada um tornou-se dono de algumas delas, mas
Ossaim permaneceu senhor do segredo de suas virtudes e das palavras que devem ser
pronunciadas para provocar sua ação.
E, assim, continuou a reinar sobre as plantas como senhor absoluto.
Graças ao poder axé que possui sobre elas.
Na origem quem deu os nomes das folhas e finalidades a Ossaim foi Orunmilaia, como
podemos ver...
Ifá foi consultado por Orunmilaia que estava partindo da terra para o céu e que estava
indo apanhar todas as folhas.
Quando Orunmilaia chegou ao céu Olódùmaré disse, eis todas as folhas que
queria pegar o que fará com elas? Orunmilaia respondeu que iria usá-las, disse que, iria usá-las
para beneficio dos seres humanos da Terra.
Todas as folhas que Orunmilaia estava pegando, carregaria para a Terra. Quando
chegou à pedra Àgbàsaláààrin ayé lòrun, pedra que se encontra no meio do caminho entre o
céu e a terra, Aí Orunmilaia encontrou Ossaim no caminho.
Perguntou:
Ossaim aonde vai?
Ossaim disse: Vou ao céu, disse ele, vou buscar folhas e remédios.
Orunmilaia disse muito bem, disse, que já havia ido buscar folhas no céu, disse, para
benefício dos seres humanos da terra e Ossaim pode arrebatar todas as folhas. Ele poderia
fazer remédios, feitiços com elas, porém não conhecia seus nomes.
Foi Orunmilaia quem deu nome a todas as folhas.
Assim Orunmilaia nomeou todas as folhas naquele dia.
Ele disse, você Ossaim carrega todas as folhas para a terra, disse, volte, iremos para
terra juntos.
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Foi assim que Orunmilaia entregou todas as folhas para Ossaim naquele dia. Foi ele quem
ensinou a Ossaim o nome das folhas apanhadas.
ARQUÉTIPO
Os filhos de Ossaim são aqueles que não permitem que suas
simpatias e antipatias subjetivas e individuais intervenham em suas
decisões ou influenciem as suas opiniões sobre pessoas e
acontecimentos.
Ossaim é reservado, pouco intervindo em questões que não lhe
digam respeito.
Não é introvertido, mas não se faz notar pela atividade social.
Os filhos de Ossaim são individualistas no sentido de não se preocuparem com o que
acontece fora da sua esfera.
São pessoas muito ligadas à religiosidade e pelos aspectos ritualísticos.
A ordem, os costumes, as tradições e os gestos marcados e repetitivos o fascinam.
São pessoas meticulosas, nunca se deixando levar pela pressa ou pela ansiedade, pois é
caprichoso.
Por isso as profissões dos filhos de Ossaim, de maneira geral, são aquelas que não
requeiram pressa.
São pessoas que não gostam de trabalhar em conjunto, há não ser quando somente o
conjunto pode gerar o resultado esperado.
Pela necessidade de isolamento e independência, os filhos de Ossaim podem abraçar
profissões artesanais, que exijam o trabalho lento e meticuloso, como um ritual que quando não
feito de maneira correta e meticulosa pode botar tudo a perder.
Em termos físicos, são pessoas elegantes e esguias, mesmo quando tem
como ajuntó Iemanjá.
Não aparentam grande força física, mas detém uma grande energia reservada para uso
quando necessário. Uma particularidade física muito comum são os cabelos lisos e compridos.
São capazes de amar, mas não o tempo todo. O silêncio, porém, não pode ser
entendido como sinônimo de falta de carinho.
Dificilmente esconde seu ponto de vista.
São pessoas fascinadas com as regras e tradições, adoram questioná-las. Possuem um
gosto exacerbado pela religiosidade.
Os filhos de Ossaim são de natureza alegre, gostam de caminhadas.
Valentes, não medem o perigo que se apresenta, jamais recuam diante das
adversidades.
Moderados em quase tudo, sabem gozar da riqueza quando possuem.
Alegres e fanfarrões, mas sua maneira de falar fere profundamente.
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Hábeis em descobrir pontos fracos dos outros, mas zangam-se quando descobrem o
seu.
Sendo pessoas algariadas estão propensas a problemas de administração financeira,
apesar de prudentes e obstinados em nutrição.
Por serem um pouco irritadiços adquirem problemas e dor de cabeça, de vesícula, e na
idade madura tendência a obesidade.
Portador essencialmente de energias cósmicas que conferem ao ser humano o
maravilhoso poder de raciocínio bom senso, discernimento,
determinação, engenhosidade acentuada, tendência a pesquisa ou inverso: indecisão, irreflexão,
falta de clareza mental, ciúme excessivo.
Frase de impacto kétu :
Òsónyìn o jé ewé ó jé o òsónyìn o jé oógún ó jé o
Ossaim permita que a folha faça seu efeito. Ossaim permita que a medicina produza
efeito
Ewe Inon: Folhas que usada desorganizadamente pode matar, folhas do fogo.
Erô : Calmantes.
Gun : Excitantes.
Logun Edé
Sem sombra de dúvida Logun-edé é depois do orixá Exu o orixá que carrega consigo
mais preconceitos e falta de conhecimento por parte dos adeptos e iniciados no culto.
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Na África negra, dizem que Logun-edé seria na verdade Ólòlún Ode, o guerreiro
caçador, o maior entre todos os caçadores, pai de todos eles, inclusive de Oxóssi.
E se observarmos a cantiga de Odé, veremos que expressão Omo odé, ou seja, filho
do caçador, é constante, podendo interferir na lógica nas histórias contadas pelos africanos.
Omo Ode l’oní, omo Ode lúwàiyé
O filho do caçador é o senhor,
Omo Ode l’oní, omo Ode lúwàiyé.
O filho o caçador é o senhor.
Todavia, não podemos desconsiderar o processo cultural que deu origem ao
Candomblé e as diferenças fundamentais que existem entre os cultos aos orixás no Brasil e
na África.
O Candomblé atual no Brasil, é um resumo de toda a África mística.
Muitos deuses que na África mantinham a sua autonomia, no Brasil foram reunidos
em um único orixá e divididos em diversas qualidades.
Oxum Yéyé Ipondá e Odé Erinlé são, respectivamente, as qualidades de Oxum e Odé
que se consideram os pais de Logun-edé.
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Há quem diga na África que Logun-edé é, na verdade, uma altiva versão Masculina
da própria Oxum:
Lógunèdé? Òsun ni! Logun-edé? Ele é
Oxum!
Quanto a ligação dele com Odé temos:
Silêncio!
Permaneçam em silêncio,
Ele é o caçador.
Senhor orixá afogue-me, não me fira,
Afogue-me com o entendimento do
culto,
Orixá caçador das florestas.
Aquele que só usa uma flecha
E que jamais erra.
Somos filhos de Erinlé,
Somos filhos daquele que mata a caça.
Caçador das florestas
Que foi o primeiro a obter riquezas,
O primeiro a tornar-se rico,
Pai, caçador das florestas,
Seu arco e sua flecha
Originam-se da mais alta tradição.
A história revela que Odé, feliz pelo filho vindouro, declarou a Oxum o seu amor e
pediu a ela posse do menino:
-Oxum, por amor a você, quero que Logun-edé fique comigo, vou ensiná-lo a caçar.
Comigo ele aprenderá os segredo da floresta.
Mas Oxum também amava Logun-edé e por maior que fosse seu amor por Odé ela
não poderia separar-se de seu filho.
Obatalá interferiu declarando:
- Logun-edé viverá seis meses com sua mãe e seis meses com o seu pai, comerá do
peixe e da caça.
De Oxum, sua mãe, Logun-edé herdou o lado belo e vaidoso, pois Oxum lança mão
de seu dom sedutor para satisfazer a ambição de ser a mais rica e a mais reverenciada.
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De Erinlé, seu pai, herdou o dom da caça, pois Erinlé é da família dos Odé e seu
símbolo é o ofá, a lança de caça e o ogue(chifre de boi).
Mas se, em várias tradições, ele
é considerado um orixá masculino, em
algumas é confundido com a
homossexualidade ou a bissexualidade,
o que ocorre quando se interpreta ao
pé da letra o mito que afirma viver
Logun-edé seis meses como homem e
seis meses como uma mulher.
Logun-edé está encantado nos
pequenos animais, como o coelho, o
porquinho-da-índia e os pequenos
pássaros, no mato baixo, nas matas
pouco densas e principalmente nos
rios, sua morada predileta.
Está ligado às artes de pintar, esculpir, escrever, dançar, cantar como o seu pai Odé e
ligado ao banho, pois também é filho de Oxum, deusas das águas doces.
Existem templos para Logun-edé em Ilesá, seu lugar de origem, onde em alguns
itans é citado como um corajoso e poderoso caçador, que tamanha coragem é relacionada
à de um leopardo. Casado com três esposas.
ARQUÉTIPO
As características dos filhos e filhas de Logun-edé são marcadas por eles se sentirem
presos numa armadilha do destino como mostram as diversas lendas.
São extremamentes sensíveis a dor e ao sofrimento, que lhes dão a sensação de que
o mundo está de cabeça para baixo ou pernas para o ar.
Os filhos de Logun-edé embora façam amigos com facilidade, não se envolvem
profundamente com eles.
Podem ser masculinos ou femininos, eles sentem grande orgulho de sua beleza, de
seu corpo.
Tratos sociais fácil, bem humorados, calmos, educados.
Ambiciosos, dão muito valor ao conforto material.
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Tendem a paixão pelo debate, e as vezes falam e discutem sem parar, principalmente
sobre coisas que lhes agradam.
Mas não raro precisam se isolar, interiorizar-se.
Nessa fase, seu interesse pelo ocultismo e pela religião se sobressai.
Otimistas os filhos de
Logun-edé perseguem seus
objetivos com precisão e
procuram gastar energia em
coisas que gostam.
Mas são como camaleão,
costumam mudar de
personalidade e de atitudes
como quem muda de roupa.
Traços físicos
harmoniosos, estatura mediana a
alta, cabeça bem feita, rosto oval
proporcional ao corpo, olhos de
gato, que atraem e repele ao
mesmo tempo, nariz bem feito,
bons dentes, voz agradável,
tendência a engordar.
São pessoas de extremo charme e carisma, possuindo muitos amigos e admiradores.
Sentem imensa compaixão pelas pessoas que sofrem, sempre tentando ajudá-las.
A sinceridade é a maior virtude, porém irritam-se com muita facilidade.
Basta serem contrariados e sua fúria aparece, muitas vezes perdendo o controle de
suas ações, custando muito a se acalmarem.
São perfeccionistas, querendo tudo ao seu modo. Não admitem erros de outras
pessoas.
Agem por impulso, aproveitando ao máximo tudo o que a vida lhes oferece.
São muito curiosos e espertos. Geralmente, quando crianças, adoram desmontar
seus brinquedos para ver como são feitos.
Na fase adulta, têm o dom de captar o íntimo das pessoas.
Os filhos de Logun-edé têm muito interesse em aprender e viver novas experiências,
assim como o orixá, adaptam-se a todo tipo de ambiente e sabem como agir em cada
situação.
Machucam-se com facilidade as extremidades, mãos, pés e cabeça.
Desembaraçados, move-se com graça, elegância e refinamento.
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Axé a todos.
Roberley Meirelles