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O Sermão do Monte

1 - Visão Geral
O Sermão da Montanha é um discurso de Jesus Cristo que pode ser lido no Evangelho de
Mateus (Caps. 5-7) e no Evangelho de Lucas (Fragmentado ao longo do livro).

Nestes discursos, Jesus Cristo profere lições de:

1 - Conduta e moral;

2 - Princípios que normatizam e orientam a vida cristã.

Estes discursos podem ser considerados como um resumo dos ensinamentos de Jesus a
respeito:

1- Do Reino de Deus;
2- Do acesso ao Reino;
3- Da transformação que esse Reino produz.

John Stott, teólogo e escritor, diz: “que a essência do Sermão da Montanha foi o apelo de
Cristo aos seus seguidores para serem diferentes de todos os demais. "Não sejam iguais a eles",
disse Jesus (Mt 6.8). O reino que Cristo proclamou deve ser uma contracultura, exibindo todo
um conjunto de valores e padrões distintos. Desse modo, ele fala de justiça, influência, piedade,
confiança e ambição, e conclui com um desafio radical para que se escolha o caminho Dele.”.

No Sermão da Montanha o evangelista Mateus está a apresentar Jesus Cristo como o novo
Moisés. Entretanto, Jesus afirmou que não veio para abolir a Lei ou os Profetas, mas sim
cumprir na sua íntegra (Mt 5.17).

2 - Introdução a Narrativa

O evangelista descreve que Jesus, vendo aquelas multidões, subiu à montanha e sentou-se e
seus discípulos aproximaram-se dele, e é aí que Ele começou a pregar o seu famoso sermão ao
ar livre (Mt 5.1-2).

3 - As Bem-aventuranças

As Bem-aventuranças são o anúncio da verdadeira felicidade, porque proclamam a verdadeira


e plena libertação, e não o conformismo ou a alienação.

Elas anunciam a vinda do Reino de Deus através da palavra e ação de Jesus, que tornam a
justiça divina presente no mundo.

As Bem-aventuranças revelam também o carácter das pessoas que pertencem ao Reino de


Deus, exortando as pessoas a seguir este carácter exemplar.

Resumindo e usando as palavras do Catecismo da Igreja Católica (CIC), “as bem-aventuranças


nos ensinam o fim último ao qual Deus nos chama:

1 - o Reino de Deus,
2 - a visão de Deus,

3 - a participação na natureza divina,

4 - a vida eterna,

5 - a filiação divina,

6 - o repouso em Deus” (CIC, n. 1726).

4 - Definição das Bem aventuranças.

Bem-aventurado = (Macariói) declaração à felicidade, a satisfação.

A felicidade (bem aventurança) É apresentada por Jesus que é o resultado da excelência do


caráter.

As bem aventuranças mostra quem são as pessoas felizes aos olhos de Deus. A ideia da
felicidade no texto vai além de questão exterior, mas fala da felicidade até o campo espiritual.

A felicidade do cristão inclui o sentimento de bem-estar e a correta relação do homem para


com Deus

5 – Exposição do Texto

3 - Bem-aventurados os pobres por espirito, porque deles é o Reino de Deus;

A palavra (ptoxos) pobre, expressa a ideia de desprovido de orgulho, altivez de espirito etc..

Para herdamos o Reino de Deus precisamos ser desprovido de todo o sentimento de


arrogância.

4 - Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados;

O termo chorar não expressa a tristeza pessoal por algum infortuno que vem sobre a vida das
pessoas.

Jesus fala do choro como um exercício espiritual. A tristeza é referente ao pecado e a


necessidade de arrependimento. O consolo é o perdão oferecido por Deus.

5 - Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra;

Mansos, brando - fala da disposição do coração (ação do homem), mesmo que passando por
sofrimentos não devemos permitir a contaminação do nosso coração com sentimentos ruins.

6 - Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados;

Jesus faz uma analogia da fome por ser a condição social da maioria das pessoas na época,
para mostrar que na mesma proporção que lutamos para buscar o alimento físico devemos ter
para buscar o reino de Deus.

7 - Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.


Nós recebemos a misericórdia divina, porem temos a obrigação de praticar. Pois a recebemos
sem merecer Mt18: 23-35. Quem não pratica esse principio receberão mais severos juízos. Lc.
6:37, Mt 7:1 e2.

8 - Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus;

Catharós - puro, limpo, genuíno, inculpável, sincero e inocente.

Jesus está falando da singeleza da mente e proposito sincero e puro. Jesus mostra que Deus
está interessado pelo homem interior (coração), seu caráter, sua própria condição do ser.

Essa condição só pode acontecer por meio do Espirito Santo na vida do homem como
resultado da regeneração.

9 - Bem-aventurados os Defensores da Paz, porque serão chamados filhos de Deus;

Devemos ativamente promover a paz entre as pessoas e até mesmo aos que se colocam como
inimigos. O sentido aqui nesse texto é mais elevado do que em Rom 12:18. Pois o resultado é
ser chamado de filho de Deus.

Agostinho em Confissões fala da sua genitora – Monica, Ela mostrou ser uma pacificadora, pois
de ambos os lados ouvindo as coisas mais amargas, nunca deixou transparece algo para um ou
para outro lado, a não ser aquilo que contribuísse para a reconciliação.

10 - Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino
dos Céus!

11 - Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem


falsamente todo o mal contra vós por causa de Mim.

12 - Alegrai-vos e exaltai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim
perseguiram os profetas que vieram antes de vós.

Esses três versículos mostram a mesma temática, eles são a ultima bem aventurança, Pois
revelam as lutas e perseguições que deveremos passar, quando assumirmos a postura de
verdadeiros filhos de Deus. Pois a nossa conduta vai na contra mão do sistema social e
religioso.

Essas perseguições não ocorrem somente por pessoas que estão nas trevas do mundo, mas
principalmente pelas pessoas pressa a um sistema de tradições religiosas.

Alegrai-vos nos traz o sentido de devemos saltar de alegria e continuar saltando, porque a
perseguição é a prova de que a nossa fé e pratica religiosa são verdadeiras.

Não nos alegramos com as perseguições em si. Alegramos-nos, pois é um resultado pessoal e
indica a participação no Reino de Deus.
5:13 – Sal da Terra

O sal tem uma propriedade distinta e importante; ou seja de conservar e condimentar. A ideia
aqui não é a função do sal de condimentar ou conservar, ou qualquer outro uso que se possa
fazer com o sal. Mas o que se espera do sal.

Da mesma forma que se espera do cristão santificado: Deve possuir a realidade daquilo que
professa. Caráter distinto o interior transformando.

O sal puro não perde seu caráter distinto. Porem se misturado com elementos estranhos e
impuros pode perder sua propriedade e transforma em outra substancia.

O cristão que acolhe os ensinamentos e as bênçãos de Deus e abandona. Perde a sua


propriedade. (Hb. 6:1-6).

5:14-16 –Luz do Mundo.

Na definição dos Rabinos a luz refere-se a Deus.

A luz na semelhança do sal, deve ser útil. Jesus nessa analogia esta se referindo as atitude,
ações que devemos esperar do cristão.

Lev Tolstoi (escritor Russo) queixou-se certa vez: “que os cristão, na Rússia na sua época, o
deixava sem convicção inabalável, pois somente as ações e não suas palavras, poderiam
modificar os temores da pobreza, da enfermidade e da morte que o perseguia”.

Origines Alexandria (teólogo, filosofo neoplatônico) disse sobre os cristãos da sua época: ...
Somente por suas vidas, e não por suas palavras, eram o seu testemunho invencível.

O testemunho do cristão deve coincidir com a mensagem do Reino de Deus. De ser exemplo
diante do mundo ( I Co. 10:32).

Instrução sobre a Graça de Deus.


Jesus ensina nas bem aventuranças e na analogia do sal e da luz, Jesus mostra como deve ser a
postura das pessoas que são transformadas pelo poder do Espirito Santo.

Jesus fala da ação transformadora do Reino de Deus.

E agora Ele começa a ensinar a pratica da vida cristã em relação a Lei e a Graça.

Primeiramente ele se coloca como cumpridor da lei mosaica porem não adepto da
relisiosidade judaica:

Versos 17-20

Vamos destacar:

Verso 17- Cumpridor da Lei

Quando fala sobre a Lei ou os profetas, Jesus não esta anulando nada que esta no Antigo
Testamento:
Saduceus – rejeitavam os profetas;
Os fariseus não aceitavam a lei na sua totalidade;
Os Essênios revogavam parte da lei e parte dos profetas.

Verso 18 – Ele reforça a autoridade do Antigo Testamento.


O iota no grego e o yod no hebraico, são as menores letras do alfabeto e o til é um pequeno
sinal que distingui algumas palavras de outras no hebraico.

Verso 19 – Jesus reafirma que a palavra deve ser praticada na sua essência e não em ritos
religiosos vazios. Ex. festa do tabernáculo, lavavam os degraus do templo sinal de purificação.

Verso 20 – Jesus fala da pratica cristã.


O nosso comportamento deve ser superior as praticas religiosas vazias, que não produz frutos
para a salvação, mas que muitas vezes impedem as pessoas de entrarem no céu. (Mt.11:28-
30).
Ex. Igrejas que estabelecem princípios de usos e costumes como padrão de santidade e pré-
requisito para a salvação.

No verso 20 Jesus abre o assunto que será tratado, que é o contraste da Lei e Graça.
Homicídio e Ira (21-26),
Adultério e Concupiscência (27-30),
Divorcio (31-32),
Proibição do Juramento (33-37),
Proibição da vingança (38-42),
Amor e o ódio (43-47).
Em todos esses casos a nova lei ou a Graça de Deus é mais pura, melhor elaborada na sua
aplicação e mais exigente que a lei antiga.

Versos – 21-26

Na antiga lei é o sexto mandamento.

Irar contra seu irmão

No grego temos as palavras:


thumós que significa: ira a ferver, paixão irascível (aquele que é propenso à irritação, que se
irrita ou encoleriza; iracundo, irável, irritadiço, irritável).

No verso 22 é usada outra palavra, orguidzomenos – Ira pensada, calma firmada na vontade e
razão.

Disser Racá (palavra aramaica): ofensa com objetivo de desmoralizar uma pessoa diante de
outras, expressão carregada de sentimento de ódio: imprestável, miserável, insensato,
teimoso, insubordinável...
Sinédrio – tribunal que tinha o poder de vida e morte. Tinha o poder de escolher as punições e
o estilo da morte. O apedrejamento era o mais comum.

Disser Tolo: palavra grega Moré: tolo, néscio, insensato, louco, estulto.
Literalmente fogo do inferno.

Jesus ensina que a intenção que leva ao ato físico, é tão passível da mesma condenação que o
próprio ato.

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