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Cosmogonia – Cosmologia
De acordo com os ocidentais, “Cosmogonia e
cosmologia referem-se as narrativas de origem do cosmos
ou universo. A diferença está em que a cosmogonia tem por
base os mitos, as crenças e religiões enquanto
a cosmologia se baseia no racional e científico”.
O racional, como base do fundamento da cultura ocidental, é
“superior” aos mitos e ao que eles denominam “crença”,
mas qual a diferença entre o que são, resumidamente,
tentativa de explicar o locus que vivemos? Existem outros
modelos de ciência baseados em compreensões
cosmogônicas? SIM!
Estruturas Cosmogônicas
Politeísmo: Nas sociedades politeístas são admitidas as existências de múltiplos deuses, normalmente cada um
dedicado a uma característica particular da natureza, como: deus do trovão, deus do sol, deusa da chuva, etc. O
politeísmo era bastante comum em sociedades da antiguidade, como no Egito Antigo, na Grécia Antiga e na Roma
Antiga, por exemplo. Atualmente, continua presente em algumas religiões de origem africana e asiática. Cada
divindade, no sistema politeísta, possuía forças e poderes especiais, sendo especialistas em determinadas áreas,
como elementos da natureza, relações humanas, objetos, atividades e etc. Os gregos antigos acreditavam
que Afrodite era a deusa do amor, da beleza e da sexualidade; enquanto que Atena era tida como a deusa da
sabedoria e da civilização, e assim em diante. Não há maniqueísmo no politeísmo.
Monoteísmo: consiste na crença de apenas um único Deus. As principais religiões monoteístas são o cristianismo,
o judaísmo e o islamismo. As divindades politeístas podiam ser representadas sob formas antropomórficas (figura
humana e figura animal), enquanto que no monoteísmo “Deus” é descrito como semelhante aos seres humanos.
Animismo: é a cosmovisão em que todas as formas de existência, para além da humana, possuem dignidade em si
mesmas, os animais, os vegetais, os minerais, as águas doces e salgadas, a terra, os fenômenos da natureza, os
astros, etc. Os sistemas religiosos que incorporam o animismo são, obviamente, politeístas, como nas culturas
egípcia, grega, romana, indígena e yoruba, para citar algumas. O animismo rejeita o dualismo platônico e cartesiano
e a perspectiva animística é tão fundamental, que representa um sistema de definição de um ethos comunitário, ou
seja, os modos de sentir, pensar e agir, que vão da ética à política. Exemplos: budismo, hinduísmo, jainismo, etc. No
animismo, os rituais são realizados para manter as relações entre o ser humano e as demais forças da natureza. Os
povos indígenas, por exemplo, costumam realizar esses rituais para apaziguar os espíritos e solicitar sua ajuda
durante atividades como caça e cura. Na região do Ártico, certos rituais são comuns antes da caça como forma de
mostrar respeito pelos espíritos dos animais.
Combate ao racismo religioso se faz com informação
“Os elementos representativos da cultura iorubá não funcionam apenas
como um simples registro de eventos, mas como ferramenta que possibilita
o entendimento do dinamismo dos acontecimentos do mundo e de tudo que
nele reside. Assim, como decodificam comportamentos, revelam
conhecimentos sobre a origem das coisas, inclusive o próprio mundo,
reorganizam as memórias ao longo do tempo removendo as barreiras do
imaginário, e assim, possibilitando mais que um entretenimento cultural ou
manifestação religiosa. Essa voz ancestral gera a manutenção das
estruturas sociais, a dignidade das subjetividades dos seres humanos, e
sobretudo, a longevidade da cultura iorubá”.
“Não há como romper a interação entre o ser humano e o divino pois a
oralidade reflete não apenas as práticas de instrumentalização das forças
divinas, das lendas ou das mitologias; ela não possui dissociação ao divino.
O espiritual e o material caminham juntos para uma boa prática de vida
conectando suas relações com a natureza e entendendo o papel que
precisa ser desempenhado em conjunto para uma vida com prosperidade”.
“A interação do ser humano com a natureza não faz dele um ser primitivo, e sim
um agente biológico que desfruta em seu território as relações de coexistência,
desta forma, sua formação social de inscrição neste espaço o permite
experimentar seus estilos de vida em relação ao espaço que habitam. Espaço
este que também se recompõe na diáspora através das casas de religiões de
matriz africana, como por exemplo, no Candomblé”.
1ª) A primeira lição é de respeito. Mesmo Oxalá, o primeiro Orixá criado por Olorum, devia respeito e ter
oferendado Exu, pois nada se deve fazer sem antes oferendar o dono da encruzilhada. Exu reina na
encruzilhada entre o mundo material (Ayê) e o mundo espiritual (Orum), por isso ao fazer a passagem
entre essas duas realidades é necessário oferendá-lo, por uma questão de respeito e devoção. Por isso,
ninguém é tão importante que não deva respeito aos outros.
2ª) Podemos ver que nem mesmo o mais ilustre de todos os Orixás, Oxalá, é capaz de criar a vida
sozinho. Ele foi capaz da criação do homem, em sua forma, mas a vida só pode ser gerada por Olorum.
Por mais poderoso que seja o Orixá, a entidade, ou qualquer ser, a origem da vida é necessariamente
um dom do Senhor Supremo.
3ª) O dom do perdão. Mesmo com os erros de Oxalá, que negou a oferenda a Exu e embriagou-se em
vinho perdendo sua missão, Olorum aceitou os pedidos de desculpas do orixá e o perdoou. É uma lição
de humildade, de reconhecimento e do poder do perdão.
4ª) É também uma lição sobre as responsabilidades e os excessos. Oxalá embriagou-se mesmo
sabendo que teria uma missão importante a cumprir para Olorum. É uma lição sobre os excessos, sobre
ultrapassar os nossos próprios limites e não respeitar o nosso corpo físico, deixando que nossos atos
prejudiquem nossa missão. Hoje, Oxalá é o orixá da sobriedade.
Cosmogonia Tupi-Guarani
“Na cosmogonia Guarani, segundo os cânticos Ayvú Rapyta dos mbyá-guaranis, tudo
que existe nasce e é nomeado a partir de um som produzido no mundo superior, o
Espírito-Música, o Grande Som Primeiro, esse som desdobra-se em formas que
serão pais e mães de seus filhos, as palavras-almas. Tupã não é a divindade
suprema, mas apenas uma força da natureza, como por exemplo, entre os Sioux. O
Ayvú rapyta é composto por textos majoritariamente narrativos que relatam a aparição
do ser criador e a cosmogonia seguinte, intercalados com hinos, orações, mensagens
recebidas, receitas de medicamentos e normas sociais variadas. No conjunto,
destaca-se a cosmologia do deus criador Nhamandú (Ñande Ru) tenondé, que após
manifestar a si mesmo, manifesta em desdobramento os fundamentos da Criação;
dentre os quais figura primeiro o “Mborayu", cujo significado pode ser compreendido
entre os conceitos de "amor", "solidariedade" e "reciprocidade". Nhamandú é
considerado por Kaká Werá a essência de Tupã tenondé, que se apresenta sob o
aspecto de colibri e em sua manifestação é o "Grande Som Primeiro", em uma
analogia de que a Criação é também uma música.
Paradigma Ocidental de Mundo & Paradigma Africano de Mundo
Os europeus estabeleceram parâmetros arbitrários do que
caracterizava uma civilização “superior” de outra “inferior” e fizeram
a defesa de que o modelo patriarcal representava a superioridade:
“O primeiro estágio seria um estado de promiscuidade total e
indiscriminada, em que o único parentesco conhecido de uma
criança seria o do lado materno. No segundo estágio, no qual a
paternidade também seria conhecida por meio de normas de
convívio e conduta sexual, o casamento entre irmã e irmão seria
proibido. O terceiro seria o da família monogâmica matrilinear, em
que o parentesco é traçado pelo lado da mãe. E o último e superior
seria o da família monogâmica patriarcal”.
Percebam que os europeus estão impondo, como universal, a
cultura, a religião e a organização social ocidentais como
modelo de superioridade!!!
O sistema matriarcal é ancestral na cultura africana
“Há, nesta época, a tentativa de apresentar o Negro como um ser exótico, diferente, e por
ser muito diferente do corpo, do pensamento, da cultura e da sociedade europeias, não
pode ser um ser humano, mas pode passar por um “processo de humanização”, e ser
aceito ao se converter ao cristianismo (dominação religiosa), ao se adaptar ao modelo
econômico (dominação capitalista), e ao modelo político do Ocidente (dominação
representativa)”.
Para Gobineau, o Brasil era a própria personificação do que ele chama de “anarquia
étnica”, esse termo sintetiza a sua tese da degeneração das raças que se
corromperam, misturando a raça “primeira”, de Adão e Eva, dando origem então às
três raças secundárias; a branca, a amarela e a negra. A miscigenação entre as três
raças tem como consequência as raças terciárias, já consideradas como um
subgênero, já a miscigenação dessas resultavam nas raças quaternárias, que seria o
estágio da miscigenação brasileira”.
5ª) Supremacia e o “fardo” do homem branco: De acordo com Kant, os
“esclarecidos” deveriam tutelar os indivíduos de minoridade, justamente porque
esses não conseguiriam por si mesmos alcançar a autonomia, a liberdade e o
conhecimento.
No modelo estatal ocidental, que o Brasil copiou, o controle sobre a vida das pessoas
ficou com o Estado. A partir do fim do século XVIII essa “tecnologia de poder”, a
burocracia e as legislações, que é outra etapa da técnica disciplinar, passa a ser a
tecnologia de controle dos corpos, que “devem ser vigiados, treinados, utilizados,
eventualmente, punidos”, essa é a biopolítica. O biopoder determina quem pode viver e
quem pode morrer usando o critério biológico da raça, há raças superiores e raças
inferiores, e esse é um critério eugenista. E qual raça seria essa, condenada a morte?
Todos os países do Sul, do continente africano e da américa latina, são descartáveis.
8ª.) A colonização como base do capitalismo: “Achile Mbembe, filósofo
camaronês, indica como a história do capitalismo se estabeleceu e se
fortaleceu com a expansão da exploração da mão de obra de corpos africanos,
que saíram da África como mercadoria para produzir riquezas na Europa e no
Novo Mundo (as américas). A colonização acumulou e produziu um lucro
jamais alcançado antes na comercialização de seres humanos como
escravos”.
“Mas o epistemicídio foi muito mais vasto que o genocídio porque ocorreu
sempre que se pretendeu subalternizar, subordinar, marginalizar, ou
ilegalizar práticas e grupos sociais que podiam constituir uma ameaça à
expansão capitalista”.
SANKOFA
A reação dos africanos da diáspora e do continente africano ao epistemicídio