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Sdopeãços,
Síntese.
Sdo éw rféxív,
eféxões.
Sdo s tePora,
êPo em toã a gra.
"á mepetece
.• 'Vem ê toós qepesaram e escreYera.
. • O qe mepetence
É o êsfo êpatíar
O reázó
O enteiento
O-encantamento.
Aátonu
iraça Matos
20II
INTRODUÇÃO
E' bonito de ouvir a história da criação. Em cada sistema filosófico a orma de contar, à
primeira vista parece diferenciado, mas, se deixarmos preconceitos, medos, atitudes
discriminatórias e radicais de lado, vamos encontrar pontos de encontro e de identificação.
"OLODUMARE fez o mundo e repartiu entre os õrisás vários poderes, dando a cada
um deles um reino para cuidar. ESU deu o poder da comunicação e a posse das
encruzilhadas. A OGUN, o poder de forjar os utensílios para a agricultura e o domínio de .
todos os caminhos. A OSOSI poder sobre a caça e a fatura.
• A OBALUAIÊ, o poder de
controlar as doenças de pele. A OSUMARÉ seria o arco-íris, embelezaria a terra, comandaria
a chuva trazendo sote aos agricultores. SANGÓ recebeu o poder sobre a justiça e os
trovões. OYÁ reinava sobre os motos para o orum, bem como controlaria os cemitérios.
· OSUM seria a divindade da beleza, fetilidade das mulheres e de todas as riquezas materiais
da terra, bem como reinar sobre os sentimentos de amor e ódio. NANÃ recebeu a dádiva, por
sua idade avançada, de ser a pura sabedoria dos mais velhos, além de ser o final de todos os
motais, pois ODUDUA já havia criado o mundo. Todo o processo de criação completou-se
com o poder de ÔSÀGIYÁN que inventou a cultura material. Para YEMOJÁ, OLODUMARE a
destinou os cuidados da casa de ÔSÀLÁ, assim como a criação dos filhos e dos afazeres
domésticos. YEMOJÁ reclamava de sua condição e falou, falou tanto que o orí de ÔSÀÁ não
suportou e ele caiu enfermo. YEMOJÁ se deu conta do seu erro e tratou de curá-lo ém
poucos dias. ÔSÀÁ agradecido foi pedir a OLODUMARE que atribuísse a YEMOJÁ o poder
de cuidar de todas as cabeças. Des.de então ela é a mãe de todas as cabeças humanas."
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Capítulo-1
ESU
-------- - - 1
Capítulo - li
ÓSÀLÁ
e nos abençoemos.
Para os yorubás a moralidade é fruto da religião - um bom caráter em todos os
sentidos da vida, e que inclui o respeito aos mais velhos, lealdade para com os pais e a
tradição local, honestidade e assistência aos necessitados e um desejo irresistível ao
trabalho. Ê um processo de vida longa, onde a sociedade inteira é uma escola: moralidade
não é apenas ensinada, é vivida. Coragem não é ensinada, é demonstrada. Persistência e
devoção são exibidas.
Na logística yorubana a criança deve ser embalada e amada e o calor da maternidade
deve ser constante e os mais velhos devem ser respeitados.
Um ato de hospitalidade deve ter retribuição:
• Ôsàlúfón - mais velho, mais sábio, usa o cajado Ôpá Soro para ajudá-lo a andar,
mas é uma arma poderosa
• Ôsàgíyán - guerreiro dono do pilão e do inhame
• Odundúwà - reverenciado nas Aguas de Ôsàlá
• Ôrisà Oko - divindade da agricultura e da fetilidade alimentar
• Bàbá Lejúgbê - tem enredo com as águas
• Ôsàfuru - usa um cajado e tem o poder do sono físico
• Bàbá Àjàlé - modelador das cabeças
Pela sua essência ética Ôsàlá tem supremacia observada nas saídas de Efun, quando
o iniciado tem pate do seu corpo pintado de branco em respeito ao princípio criador que
Ôsàlá representa pois é a iyàwó um novo ser criado.
É o pai de todos, denominado Ôrisà nlá, o Grande Ôrisá, pois a êle é remetido a
mesma mitologia de Osíris que fragmentado e espalhado pela terra, foi juntado, fazendo
assim surgir todas as outras divindades.
É também o criador dos seres humanos usando OMI (águas) e AMÔ (N) (o barro
primordial) para que Olorum venha e insufle o Eli (sopro vital) que dará a vida. A
representação da criação humana é feita a cada Ôsê quando se coloca água no interior da
quartinha que sendo de barro evapora e transpira a água intena. Ôsàlá da forma às crianças
e as coloca no útero materno.
Os iniciados ou devotos da linhagem de Ôsàlá estão sujeitos ao uso de roupas
brancas ou claras - ASO Funfun - com a determinação de que sejam honrados e leais.
A moralidade é fruto da religião. A ética está em Ôsàlá e nos relatos dos Odus,
raramente exercitados. São princípios éticos do Candomblé:
lwà lésin - o caráter é a religião, o mais importante de todos os valores morais e o maior
atributo do homem.
Capítulo - Ili
YEMOJÁ
Ósàlá é pai e nos deu a vida, Yemojá é mãe e deu a cada filho uma cabeça diferente,
zelando por todos.
Asé oi ô!
Odoia!
Interessante que nós, homens e mulheres, somos todos peixe na medida em que nos
formamos dentro d'água - dentro do liquido amniótico no útero matemo - respiramos como
peixe e só vamos viver como terráqueos depois que estamos prontos para esta realidade.
Nos templos africanos ela aparece como uma mulher "larga", de seios grandes e tijela
na cabeça onde ficam os seus otás que são potadores de sua força sagrada. Ao pensar no
corpo de Yemojá, especialmente seus seios que originaram o mar e os rios e por onde brota o
leite, alimento de seus filhos e nutridor da humanidade, sabemos então a razão de serem
seios sagrados, seios primordiais da grande mãe. Yemojá preocupa-se em ser generosa
sabendo retribuir os atos generosos dos outros e respeita a hierarquia divina.
Yemojá surge nos papeis de mãe, filha e esposa representando as diferentes
maneiras como a mulher se coloca na sociedade mas, por outro lado, tem reciprocidade com
o criador responsabilizando-se pelas cabeças humanas; representando a consciência, o
equilíbrio emocional e a personalidade.
Mesmo no Brasil onde Yemojá é a Ôrisá do mar, ela continua a ser saudada no
Candomblé por Odoiyá que significa Mãe do Rio.
Yemojá tem várias qualidades. Vamos ver as oito qualidades que estruturaram a
grande família. da Mãe d'água:
YEMOJÁ IYÁSABA é a mais temível, muito ciumenta de seus filhos, perigosa,
possessiva, e por vezes traiçoeira cono as águas do mar. É a esposa de Orunmila e
sabe ler o lfá tanto que Olodumaré ordenou que todos os adivinhos deveriam fazer
reverencias a ela e que ela responderia através dos cauris, trazendo suas
mensagens aos homens.
YEMOJÁ IYÁSESU é a divindade relacionada com as águas mais profundas e frias,
habitando sítios escuros e sujos. Temível como a IYÁSABA participa dos ritos do
ásésé pois vive nas profundezas como Naná que abre a terra para receber os
motos. Ê muito ligada a Ogum, ligação umbilical, pois nos momentos de ira do órisá
da guerra, ela o acalma, o apazigua.
YEMOJÁ OGUNTÉ é a que luta ao lado de Ogum, ela é guerreira obstinada,
ambiciosa e ardilosa.
YEMOJÁ AWOYÓ é a que possui o carater mais feminino, estando voltada às causas
da família, dos filhos e do parceiro; implacável nas decisões familiares, não
permitindo inteferências de terceiros em suas atitudes.
YEMOJÁ AKURA é a mais jovem, de caráter alegre e infantil e tem um profundo
amor aos IBÊJIS.
YEMOJÁ ATARAMAGBA representa a beleza feminina madura, espírito tranquilo e
benevolente e vive nas águas doces calmas sendo muitas vezes confundida com
Oxum. Mas, é conquistadora.
• YEMOJÁ MALELEWO é velha vingativa e introspectiva; ela tem rituais nas águas e
nas florestas onde busca as evas para os banhos e os unguentos de cura.
YEMOJA KONLÁ associada às águas profundas e frias dos rios, ciumenta e
possessiva.
Yemojá é a que fabrica as cabeças humanas então, é pre�iso cuidar do ORI (cabeça)
antes da iniciação de feitura para que a área emocional seja amparada e equilibrada. Então
tem-se o ritual do BORI, atribuindo-se a Yemojá a realização simbólica e a eficácia do ato. O
culto às cabeças denota uma preocupação primeira que é a de emergir a personalidade
profunda do ser humano, ligada ao seu destino pessoal.
A água pode percorrer qualquer caminho, seu destino é algo sempre improvável.
Mesmo que a represem, sua imensidão cobrirá qualquer obstáculo, dando-nos a idéia de seu
poder real, a natureza íntima de Yemojá - percorrer o univeso com suas águas num eterno
ciclo, manifestando sua força infinita. A água sempre triunfa pelo que dela brota. A água está
sempre em movimento, preenche todos os vazios e mesmo o maremoto, revelando a irritação
com a terra e com os homens, passa e as águas voltam ao seu lugar.
Essa deusa tem no olhar um misto de orgulho e responsabilidade pelos seu filhos, ela
significa a manutenção da sanidade física pois a Yemojá é solicitado o resgate da calma e da
consciência.
Os filhos de Yemojá são voltados à ascensão social e tem temperamento imprevisível,
segundo Rita, Segato "se preocupam mais com as aparências do que com a verdade, mais
com a ordem que com a justiça" (Segato, 1995: 158), demonstram afeto mas escondem um
grande desejo de controle de toda a situação, fazem transparecer que pouco importa o que
realmente pensam, assumem ser "mãe" de todos os filhos (gerados ou não), prestam grandes
favores mas cobram devolução de forma insistente porém não querem ser cobrados mesmo
quando devem, numa traição não perdoam mas podem reatar as relações para cutirem a
vitória e a posse.
Yemojá dá as águas a Oxum, apazigua Sangô com suas águas e deixa Ogum abrir
caminho através delas. YEMOJÁ é a grande mãe africana do Brasil.
Capítulo - IV
SANGÓ
O/úkóso atóbájayé só nimú won
Oixá fote o suiciente para nos poteger na vida, poteja me dos meus
inimigos. (oiki)
Ê o àrisá do calor, do fogo e da "cobrança" das tarefas assumidas por cada um antes
de encanar. O fogo alia-se ao sentimento e à sensação do calor, e é também um fenômeno
privilegiado capaz de explicar ações do nascimento, das transformações e da mote. Ao
mesmo tempo o fogo está no céu e na terra, encarna o bem e o mal. O fogo brilha, dá a luz e
também doçura e totura. O fogo abre caminho e revela esconderijos, junto com a umidade
toma-se sangue correndo nas veias, promove a nutrição na transformação dos alimentos,
purifica as emoções, castiga sem queimar e traz as interdições tanto as pessoais quanto as
culturais.
adê coroa ➔ capacete de franja com contas que cobre o rosto do rei
ilu xi ➔ é o xerê
odô ➔ pilão
OVA
Oya é imprevisível.
Oya: uma das deusas africanas mais dinâmica e vital. Oya se manifesta no grande rio
Níger, nos vendavais e tornados, no fogo e nos relâmpagos e no búfalo africano. Oya é a
liderança feminina por seu charme persuasivo e seus poderes mágicos.
Oya é o vento que p�'de ser agradável e refrescante mas, especialmente, é o vento
fote, quase um furacão; é o fogo que tudo regenera e tudo envolve mas sobretudo é o raio
rápido e nervoso com direção ceta.
Oya tem o habito de ficar invisível só para reaparecer em lugares onde
não é esperada.
O povo yorubano foi o primeiro a cultuá-lá como Ôrisá é na Nigéria, ela deu origem ao
culto dos ancestrais no festival dos motos.
Oya está sempre presente nos funerais.
Oya tem encantamento presente e persuasivo, fala o que pensa, é o elemento
purificador nas situações tensas, ela limpa a atmosfera da fé e da mistificação distorcida.
Oya discursa objetivamente mas a maioria de suas metas permanece obscura até o
· acontecimento.
Oya é a deusa dos limites, da interação dinâmica entre as supefícies, da
transformação de um estado de ser para outro.
Oya não aceita permanecer fora dos fatos considerados apropiiados apenas aos
homens.
Oya significa: "ela rasgoun ; e como lansã a "mãe dos nove".
Por trás da cotina da morte, ela dá a luz a nove seres anômalos sendo que o último
é um Egungum, ancestral que retoma sobre a forma de um mascarado. Nove é o número de
Oya, um prodígio aritmético cuja a soma dos dígitos do produto de sua multiplicação por
qualquer outro número é sempre NOVE.
Oya aparece sob vários disfarces, usa a verdade para atemorizar a pessoa fraca,
responsável pela fronteira entre a vida e a morte e ao assumir um acordo não o rompe.
A DANU OJU BI YE
"Quando ela põe seu olho em alguma coisa, nunca muda sua intenção".
Oya, em sua forma mais temida e livre, é uma deusa do tempo atmosférico. Seu
temperamento se expressa em padrões reconhecíveis de nossos próprios turbilhões,
inundações e fevores.
Quando as mulheres foram treinadas por mães sufocadoras, em vez de superar
nossas tempestades, represar e oc�ultar nossos fogos para fornecer carvão aos nossos
maridos, elas congelaram a Oya dentro de nós tornando-nos geladas e negativamente
carregadas.
Oya como paixão, ao se refinar, ilumina; ela é o poder gerador do feminino que
. promete lealdade em troca de homenagens permanentes.
Oya limpa o ar. A varredura de Oya é rodopiar com a mão erguida representando a
revolução da sua tempestade que limpa e dispersa a poluição. Manejar o irukê de Oya com
uma série de chicotadas rápidas é livrar quem quer que seja das forças negativas pendentes,
espanando-as.
Oya é a criatura de várias cores, nove fios brilhantes adornam suas insígnias
ritualisticas pousadas no chão ao lado das oferendas dos motos locais.
Todas os õrisás femininos são além de rios, feiticeiras. Oya é um ritual de purificação
com a tarefa de trazer o Ancestral de volta à vida sob orma de mascarado.
Oya coordena o lugar dos encontros, das seduções, das trocas e, das transfusões, de
energia. O ímpeto de procurar independência para si e seus filhos, entre as mulheres, é de
Oya.
Oya dança viajando no tempo, montando um cavalo. Com a mão erguida ela sente o
vento. Seu corpo balança da esquerda para direita reagindo ao ritmo do vento soprando. Oya
é um õrisá muito intenso. Há força, maturidade e um tipo vibrante de energia.
CONCLUSÃO
a essa base, a essa raiz muitos autores e sinto que minha mente se alarga.
Mas o conhecimento por si só não nos traz benefícios, toma-se necessário traduzir o
conteúdo em compreensão e crença para, alcançando a base do corpo mental, que é o
coração, objetivar práticas de viver no mundo baseadas nessas crenças.
O que entrego nesse pequeno texto são pedaços insignificantes frente a magnitude do
conteúdo. É apenas o começo. É uma ínfima parte de um trabalho a longo prazo: Sei que se
abrirão inúmeras vetentes. Sei que me disponho a mais e me coloco em mãos da
espiritualidade para a condução desse processo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS