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Ricardo Batista

TARÔ

Brasília
22 de Abril de 2007
2

Sumário

Índice de figuras ..........................................................................................03


Introdução ....................................................................................................04
O Tarô ...........................................................................................................05
Os Arcanos Maiores ....................................................................................12
Os Arcanos Menores ...................................................................................26
Jogos ............................................................................................................43
Apêndice .......................................................................................................46
Bibliografia ....................................................................................................50
3

Índice de Figuras

Árvore Sefirótica ...........................................................................................49


4

Introdução

O presente trabalho constitui-se de um breve estudo sobre o Tarô. Mais


especificamente está centrado nas idéias proferidas por Papus, em O Tarô dos
Boêmios, e G. O. Mebes, em Os Arcanos Menores do Tarô.
O Tarô é um sistema de autoconhecimento e de estudos esotéricos, sem ao
certo poder ser datado seu aparecimento. Diz-se que é a síntese da linguagem
universal e muitos acreditam ter surgido entre os egípcios. Sem querer entrar nesses
méritos, pretendemos aqui, uma breve introdução, buscando demonstrar a
matemática de seu sistema e as relações dos números com a simbologia
empregada na construção das cartas.
Ao final, incluímos um apêndice com alguns trechos extraídos de sites da
internet, dando explicações acerca de alguns mitos do panteão egípcio, dada a sua
estreita ligação com os símbolos do Tarô.
Bem sabemos que o Tarô é um estudo para toda vida e, a cada debruçada
sobre as cartas e a leitura de outras obras, maior conhecimento deve advir ao
estudante.
5

O Tarô

Segundo G. O. Mebes (1990, p. 11), quando os sacerdotes egípcios previram


que a humanidade seria vítima de uma decadência espiritual e passaria, então, a
perseguir aos ensinamentos sagrados, convocou todos os sábios do Egito para que
pudessem evitar a destruição de tais ensinamentos. Um deles, o mais sábio, sugeriu
que por meio do vício do jogo se faria o modo mais adequado, uma vez que se
encaixaria bem ao declínio moral humano.
Desta feita, segundo nos diz, foi criado o Tarô, como um grande “sistema
simbólico de Sabedoria Esotérica [...] sob a forma de um baralho de 78 cartas”
(MEBES, 1990, p. 11). Serviria então, tanto à curiosidade acerca do futuro, quanto à
distração humana.
Papus nos conta que foram três os métodos empregados para a propagação
dos ensinamentos esotéricos: as sociedades secretas (como continuação direta dos
mistérios), os cultos (transmissão simbólica dos altos ensinamentos ao vulgo) e o
povo (como portador inconsciente das altas ciências antigas). Para este autor, o
povo boêmio é que foi escolhido para ser o portador destes mistérios. Assim,
considera que a Bíblia deste povo é o Tarô, o qual, além de permitir-lhes ganhar a
vida por intermédio da adivinhação, constitui-se em perpétua fonte de distração.
“Sim, esse jogo de cartas chamado Tarô, que possuem os boêmios, é a Bíblia das
Bíblias. É o livro de Thot Hermes Trismegisto, é o livro de Adão, é o livro da
revelação primitiva das antigas civilizações” (PAPUS, 2003, p. 23).
As 78 caras do Tarô estão divididas em Arcanos Maiores (22 cartas) e Arcanos
Menores (56 cartas). Nelas,
os sábios egípcios encerraram toda a sabedoria que tinham herdado, todos
os conhecimentos que possuíam, toda a Verdade que lhes era acessível a
respeito de Deus, do Universo e do Homem. A estrutura fixa do sistema
impediu qualquer deturpação e o Tarô, ainda hoje em dia permanece uma
fonte de sabedoria para quem possui olhos para ver e ouvidos para escutar
sua linguagem silenciosa (MEBES, 1990, p. 11).
Papus (2003) revela-nos que o Tarô está todo construído sobre uma palavra
hebraica
que dá, ao mortal que descobrir sua verdadeira pronúncia, a chave de todas
as ciências divinas e humanas. Esta palavra que os israelistas nunca
pronunciam e que o sumo sacerdote dizia uma vez por ano em meio ao
clamor do povo profano, é a que se encontra no limiar de todas as
iniciações, a que irradia no centro do triângulo chamejante no 33º grau
franco-massônico escocês, o que se destaca nas portas das velhas
6

catedrais, formada de quatro letras, e que se lê iod-hê-vô-hê ( ‫)הוהי‬


(PAPUS, 2003, p. 29).
Ainda, Papus nos dá conta de que esta palavra serve de chave para o
entendimento de toda a ciência antiga. É formada por quatro letras: iod (‫)י‬, hê (‫)ה‬, vô
(‫ )ו‬e hê (‫)ה‬, esta aparecendo duas vezes na palavra. Atribui-se, desta maneira, um
valor a cada uma destas letras: iod (10), hê (5) e vô (6). A soma destas letras dará
22.
“O iod [...] representa o princípio das coisas. Esta lei, base da analogia,
colocava a unidade-princípio na origem das coisas e só as considerava como
reflexos em diversos graus, desta unidade princípio” (PAPUS, 2003, p.30-31). Desta
letra derivam todas as outras letras do alfabeto hebraico, assim como todas as suas
palavras e frases. Remete-nos, pois, a uma analogia com a criação do Universo,
onde ambos  o hebraico e o Universo  surgiram abaixo de uma mesma lei.
Assim, conhecer os significados da língua, dar-nos-ia, implicitamente, a chave do
outro.
“A unidade-princípio [iod], segundo a doutrina dos cabalistas, é também a
unidade-fim dos seres e das coisas e a eternidade, por este ponto de vista, é apenas
um eterno presente” (PAPUS, 2003, p. 31). De modo que a unidade, ao que nos
informa Papus (2003), pode ser considerada como uma soma de tudo que a
constitui: o Universo (constituído pelos seres criados); o homem (por milhões de
células). O iod é, então, a representação do Eu-Unidade na origem de tudo,
afirmando-se a si mesmo, simbolicamente representado pelo número 10, junção
entre o número 1 (Princípio-Todo) e o 0 (Nada-Aniquilação).
Contudo, para a afirmação do Eu, faz-se necessária uma oposição a ele (Não-
EU), de forma a que possa conceber uma noção de si mesmo. É a sua contraparte,
o outro, que o conscientiza de si. O que se dá através de uma divisão de sua
Unidade. “Tal é a origem da dualidade, da oposição, do Binário, imagem da
feminilidade como a unidade é imagem da masculinidade. Dez dividindo-se para se
opor a si mesmo, igual, pois a 10 / 2 = 5, cinco, número exato da letra Hê, segunda
letra do grande nome sagrado” (PAPUS, 2003, p. 32). Esta letra, a quinta do alfabeto
hebraico, representará, então, o princípio passivo, feminino, em contraposição ao
ativo e masculino do Iod.
Mas a oposição do Eu e do Não-Eu dá imediatamente nascimento a um
outro fator, é a relação existente entre este Eu e o Não-Eu.
Ora, o Vô, sexta letra do alfabeto hebraico, produzida pelo 10 (iod) + 5 (hê)
= 15 = 6 (ou 1 + 5), significa gancho, ou relação. É o gancho que une os
7

antagonistas por toda a natureza, constituindo o terceiro termo desta


misteriosa trindade (PAPUS, 2003, p. 32).
Papus (2003), assim, considera que a Trindade apresentada sintetiza em si
todas as ciências e nos foi introjetada, inconscientemente, através dos mistérios
encerrados em todas as religiões, ainda que desvinculados de seu valor científico. A
palavra sagrada iod-hê-vô-hê estaria composta por apenas três letras e a repetição
da letra Hê, representaria uma transição entre mundos (metafísico e físico; ou entre
um mundo qualquer e o seu imediato seguinte). “O conhecimento dessa propriedade
do segundo Hê é a chave de todo o nome divino, em todas as aplicações das quais
é suscetível” (PAPUS, 2003, p. 33).
Demonstra então três possíveis representações do nome sagrado, segundo a
compreensão de que o “segundo Hê representa o Ser completo encerrando numa
Unidade absoluta os três termos que constituem Eu – Não Eu – Relação” (PAPUS,
2003, p. 34). A primeira representar-se-ia em círculo, como se segue:

(PAPUS, 2003, p. 34).


Considerando o segundo Hê como a entidade ativa da manifestação seguinte,
tal como o grão que encerra em si, tanto a forma que lhe deu origem, como a forma
vindoura a qual dará nascimento, poder-se-ia, também, colocá-lo sob o iod, assim:
10 5 6
iod 1° hê vô
2° hê
5
Ainda, uma terceira representação com o segundo Hê englobando a trindade,
constituindo o seu “termo tonalizador” (PAPUS, 2003, p. 35).
2º Hê

Iod

2º Hê 2º Hê

2º Hê
8

No capítulo III do seu Tarô dos Boêmios, Papus (2003, p. 37) apresenta alguns
estudos acerca dos números, basicamente por meio de duas operações
desconhecidas por nossos cientistas: a redução e a adição teosóficas. Assim, as
considera como indispensáveis para entendermos a antiguidade, uma vez que
oferecem um meio de penetrar a essência da Natureza, além de formarem a base
do ensinamento esotérico.
A primeira delas, a redução teosófica, consiste tão somente em reduzir os
números formados por mais de um algarismo a apenas um, somando-se os seus
valores, individualmente (Ex: 10 = 1 + 0 = 1; 127 = 1 + 2 + 7 = 10 = 1 + 0 = 1). Todos
os números, por esta operação, reduzir-se-iam aos nove primeiros algarismos.
“A adição teosófica consiste, para conhecer o valor teosófico de um número,
em somar aritmeticamente todos os algarismos, da unidade até o próprio número”
(PAPUS, 2003, p. 38). Assim, por exemplo: 7 = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 = 28 = 2 + 8
= 10 = 1. Por esta operação, poderemos notar que os números 1, 4, 7 e 10 são
iguais a 1.
“Resulta desta consideração: Primeiro, que todos os números reproduzem, em
sua evolução, os quatro primeiros; Segundo: que o último destes quatro primeiros, o
número 4, representa a unidade, numa oitava diferente” (PAPUS, 203, p. 39). Assim,
em séries de três números, retornando sempre à unidade, obteríamos:
1, 2, 3
4, 5, 6
7, 8, 9
10, 11, 12 etc.
Ainda, o valor dos doze primeiros números remeteria ao número 78, número
total das cartas do tarô:
1 = 1
2 = 1+2=3
3 = 1+2+3=6
4 = 1 + 2 + 3 + 4 = 10
5 = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 = 15
6 = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 = 21
7 = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 = 28
8 = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 = 36
9 = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9 = 45
10 = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9 + 10 = 55
11 = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9 + 10 + 11 = 66
12 = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9 + 10 + 11 + 12 = 78 (PAPUS, 2003, p.
40).
9

Os números, segundo as ciências antigas, são atribuídos de significados.


Assim, como em Papus houve uma redução de todos os números aos quatro
primeiros, a nós basta o conhecimento do significado desses quatro; os significados
dos outros derivariam destes.
A unidade representa o princípio criador dos números, pois é dela que tudo
emana, é o princípio ativo por natureza.
Mas a unidade por si só nada pode produzir, senão opondo-se a si mesma,
assim: 1/1, de onde nasce a dualidade, princípio da oposição representado
pelo dois, princípio passivo por excelência.
Da união da Unidade e da Dualidade, nasce o terceiro princípio que une os
dois opostos em uma neutralidade comum: 1+2=3. Três é o princípio neutro
por excelência.
Mas estes três princípios se reduzem todos ao quarto, que só representa
uma nova aceitação da unidade como princípio ativo (PAPUS, 2003, p. 41).
De modo que se atribui às letras do nome sagrado iod-hê-vô-hê, estes
significados expressos na precedente passagem do Tarô dos Boêmios (PAPUS,
2003). Iod (1; termo positivo e gerador), hê (2; termo negativo e gerante), vô (3;
termo neutro ou gerado) e 2º hê (4; termo de transição individualizando-se na série
seguinte).
“Partindo de um princípio fixo e imutável: a constituição do tetragrama sagrado,
iod-hê-vô-hê, o Tarô desenvolve as combinações as mais diversas sem nunca se
afastar de sua base” (PAPUS, 2003, p. 52). Aplicando a lei universal das analogias,
Papus considera que o Tarô é a chave das ciências antigas e ocultas, de modo que
os valores das letras do tetragrama sagrado podem ser empregados nos estudos,
tanto dos arcanos menores, quanto dos maiores.
O que difere os arcanos maiores dos menores é que nos maiores, além dos
números a eles associados, há figuras que ilustram o simbolismo neles contidos.
São em número de 22, sendo que a uma das cartas é atribuído o número 0. Cada
carta é constituída por: um número, um símbolo (letra hebraica e uma figura) e uma
idéia (que resulta da ação do símbolo sobre o número).
Segundo Papus, o número é o elemento mais fácil de ser assimilado em suas
evoluções e o guia mais seguro para a interpretação das cartas. Deles (os números)
derivarão as explicações dos outros elementos. Assim, segundo os valores
atribuídos às letras do tetragrama sagrado, os números são agrupados em ternários
segundo se segue:
1 4 7 10

2 4 3 5 7 6 8 9 11 12 etc.
10 13
10

Podemos em cada um desses ternários empregar a lei das analogias. Assim,


frente ao 5 e ao 6, o 4 (2º he), como iod da série seguinte, irá agir como o 1 frente ao
2 e ao 3, e assim sucessivamente até completar toda a série de arcanos.
Do mesmo modo em que agrupou os números em ternários, Papus ainda
agrupa-os em setenários, ao considerar “os ternários tomados em bloco. O primeiro
ternário é ativo e corresponde a iod, o segundo ternário é passivo, e corresponde a
hê; a reação de um ternário sobre o outro dá nascimento ao terceiro ternário ou vô”
(PAPUS, 2003, p. 70). Da junção de dois ternários surge um setenário.
Então,
Ternário positivo Ternário negativo
1 5 6
7
4
2 3 1 4
5 6

2 3
4
Donde se conclui que o sete irá formar o elemento de transição entre um
setenário e o outro. Além do mais, o 4, 5 e 6 são os números 1, 2 e 3 considerados
negativamente (PAPUS, 2003, p. 71). A mesma relação sucede aos números
seguintes, do 7 ao 13, formando um segundo setenário, e do 13 ao 19, formando um
terceiro setenário. O primeiro setenário corresponde ao iod (positivo), o seguinte ao
hê (negativo) e o outro, ao vô (neutro).
Como cada um dos setenários apresenta um termo que é comum ao próximo
setenário (7 e 13), restam ainda três termos a classificar (19, 20 e 21), os quais irão
formar um ternário, correspondente ao 2º he, e, portanto, transição e relação entre
arcanos maiores e menores. A 22ª carta é representada por uma figura que fecha o
Tarô constituindo toda uma síntese das que a precedem.
Segundo Papus (2003) cada um dos setenários têm a sua correspondência.
Assim, “o primeiro setenário corresponde ao mundo divino, a Deus. O segundo, ao
Homem. O terceiro, à natureza. Enfim, o último ternário indica a passagem do
mundo criador, e providencial ao mundo criado e fatal” (PAPUS, 2003, p. 75).
11

“Ouros de um lado, o ternário de transição do outro, estabelecem a relação


entre os arcanos maiores e os menores. Esta relação se resume nas relações gerais
das quatro letras do tetragrama” (PAPUS, 2003, p.77). Assim, ao primeiro setenário
(iod) corresponderão todos os arcanos menores governados por iod: Reis, Ases,
Quatros e Setes. Contudo, cada um dos elementos governará termos diferentes: os
arcanos 1 (+) e 4 (-) (Rei, 1, 4 e 7 de Paus); os arcanos 2 (+) e 5 (-), as mesmas
cartas, só que de Copas; 3 (+) e 6 (-), as cartas de Espadas; o arcano 7 (infinito), as
cartas de Ouros.
Esta mesma relação se estabelecerá acerca dos outros setenários. O segundo
(de 7 a 13) irá englobar as Rainhas, os Dois, os Cincos, e os Oitos. O Terceiro
Setenário, por sua vez: os Cavaleiros, os três, os seis e os noves. Por último, o
Ternário de transição domina os Valetes e os Dez.
Acerca do simbolismo do Tarô, Papus (2003) afirma que há quatro termos
primitivos que constituem a lei que se aplicará em todo o sistema aqui estudado,
termos que são representados pelas primeiras quatro cartas: 1 (Positivo, Criador ou
Divino); 2 (Negativo, Reflexo da Primeira, Conservador, ou astral); 3 (Neutro, relação
das precedentes, Transformador, ou físico e difusor); e 4 (Gerador, ou transicional,
tornando-se criador). Ademais, cada carta é constituída de três sentidos: “Um
sentido superlativo, ou divino; um sentido comparativo, ou mágico-astral; um sentido
positivo ou físico, e correspondendo a uma transição” (PAPUS, 2003, p. 92).
Dos quatro primeiros Arcanos Maiores derivam os significados de todos os
outros e, ainda mais: do Primeiro Arcano deriva o Segundo, da relação entre eles é
gerado o Terceiro. Assim, diz o autor, basta conhecer bem o significado da primeira
carta para conhecer matematicamente todas as outras.
“Para obter a origem e a derivação de uma carta qualquer do Tarô, basta tomar
a terceira carta anterior e a terceira carta posterior. Assim, o arcano 8 deriva do
arcano 5 e dá origem ao arcano 11” (PAPUS, 2003, p. 97). Outra relação que se
estabelece, diz respeito à carta complementar, como sendo aquela cuja soma dá 22
no total. Por exemplo, a complementar de 1 é 21, pois 1+21=22. Também, quando a
soma de duas cartas é par, basta somar estes dois números e dividir por dois para
obter a ligação entre elas. Assim, no último exemplo (1 e 21), a carta de ligação
entre elas será o 11.
Diversos pensadores afirmam que o alfabeto primitivo encontrava-se
constituído por dezesseis sinais. Destes sinais, derivaram os sinais alfabéticos
12

hebreus, sânscritos, gregos, dentre outros. De modo que qualquer um destes


forneceria pistas suficientes para o entendimento das ciências antigas. Contudo,
adotou-se, preferivelmente, o alfabeto Hebreu composto por 22 letras, devido ao
valor da letra hebraica como símbolo, capaz de indicar não só as conseqüências,
como também as origens (PAPUS, 2003, p. 112-113).
São três as letras-mãe, correspondendo à trindade; sete letras duplas,
associadas aos planetas e doze letras simples remetendo aos signos do zodíaco.

Os Arcanos Maiores
1‫א‬
O Pelotiqueiro
O 1º Arcano Maior é representado pelo Alef (‫ )א‬que “exprime hieroglificamente
o homem, como unidade coletiva, princípio-mestre e dominador da Terra” (PAPUS,
2003, p. 125).
É o primeiro símbolo do Tarô e caracteriza a unidade e o microcosmo. Nesta
carta estão reunidos os quatro elementos, simbolizados pelas figuras dos quatro
naipes. Ademais, remetem, também ao tetragrama sagrado. “Deus, o Homem e o
Universo são os três sentidos de nossa primeira carta” (PAPAUS, 2003, p. 128).
Exprime Osíris nos três mundos.
Relações:
Hieróglifo primitivo: o Homem
Cabala: Quether
Astronomia: sem relação

Significados:
Divino:
Chave da Carta: iod-iod
O criador divino, ou
DEUS
o Pai
OSÍRIS
Iod de iod
Iod-iod

Humano:
O Conservador divino
O HOMEM
ADÃO
He de iod
Iod-iod
13

Natural:
O Transformador divino
O UNIVERSO ATIVO
A NATUREZA NATURANTE
Vô de iod
Iod-iod

2‫ב‬
A Papisa
O segundo Arcano Maior é representado pelo Beth (‫)ב‬, que “exprime
hieroglificamente a boca do homem como órgão da palavra. A palavra é uma
produção saída do mais íntimo do ser” (PAPUS, 2003, p. 131). Significa tudo que é
interior. Corresponde ao número 2 e à Lua.
“Deus mesmo, ou Deus Pai vai se refletir e dá nascimento ao Deus homem, ou
Deus Filho, negativo em relação ao seu criador” (PAPUS, 2003, p. 131). Representa
a imagem de Ísis (Natureza), esposa de Osíris.
“Em Deus, é o reflexo de Osíris, o reflexo de Deus Pai; Ísis, ou Deus Filho. No
Homem, é o reflexo de Adão, do homem absoluto; Eva, a mulher, a vida. No
Universo, é o reflexo da Natureza naturante: é a Natureza naturada”.
Relações:
Hieróglifo primitivo: a Boca do Homem
Cabala: Hochmah
Astronomia: A Lua
Dia da Semana; Segunda-feira
Letra hebraica: Beth (dupla)

Significados:
Divino:
Reflexo de Deus Pai, ou Osíris
DEUS
Filho
ÍSIS
Iod de hê
Hê-hê

Humano:
Reflexo de Adão
EVA
A mulher
He de he
He-he

Natural:
14

Reflexo da Natureza naturante

A NATUREZA NATURADA
Vô de hê
He he

3‫ג‬
A Imperatriz

O 3º Arcano Maior está representado pela letra Ghimel “que exprime


hieroglificamente a garganta, a mão do homem semicerrada e na ação de pegar. Daí
tudo o que fecha, tudo o que é oco, um canal, um cercado” (PAPUS, 2003, p. 135).
É onde o homem se forma e se corporifica. Simboliza o envoltório material das
formas espirituais. “A geração é o mistério pelo qual o espírito se une à matéria, pelo
que o Divino se torna Humano” (PAPUS, 2003, p. 135).
Esta carta é o resultado da ação recíproca das duas antecessoras, uma sobre
a outra. Está ligada à idéia de neutralidade. “A força criadora absoluta ou Osíris, e a
força conservadora absoluta, ou Ísis, neutralizam-se na força equilibrante que
resume em si as propriedades tão diferentes das duas primeiras formas”.
Em Deus, será equilíbrio do Pai e do Filho, ou Deus Espírito Santo (Hórus; a
força animadora universal). No Homem será o equilíbrio de Adão-Eva, ou a
Humanidade. No Universo será o equilíbrio da Natureza naturante e da Natureza
naturada, o Mundo, concebido como um ser.
Relações:
Hieróglifo primitivo: A mão na ação de pegar
Cabala: Binah
Astronomia: Vênus
Dia da Semana; Sexta-feira
Letra hebraica: Ghimel (dupla)

Significados:
Divino:
Deus Espírito Santo Hórus
A FORÇA ANIMADORA UNIVERSAL
Iod de vô
Vô vô

Humano:
Adão-Eva
A HUMANIDADE
He de vô
Vô vô
15

Natural:
O MUNDO
Vô de vô
Vô vô

4‫ד‬
O Imperador

“O Daleth exprime hieroglificamente o seio. Daqui a idéia de um objeto que dá


com abundância um alimento forte, fonte de um crescimento futuro. A criança é a
união viva que reúne em sua neutralidade o antagonismo dos sexos, e também o
Daleth marca a abundância que nasce da divisão” (PAPUS, 2003, p. 139).
A figura deste Arcano reproduz o símbolo de Júpiter, representando o domínio
do espírito sobre a matéria. É um termo de transição da primeira série com a
seguinte, significando a passagem de um mundo a outro. É a influência ativa da
primeira série na segunda.
Relações:
Hieróglifo primitivo: O Seio
Cabala: Hesed
Astronomia: Júpiter
Dia da Semana; Sexta-feira
Letra hebraica: Daleth (dupla)

Significados:
Divino:
Reflexo de Deus Pai
A VONTADE
Humano:
Reflexo de Adão
O PODER

Natural:
Reflexo da Natureza naturante
O fluido universal criador
A ALMA DO UNIVERSO

5‫ה‬
O Papa

“O he exprime hieroglificamente a aspiração, o fôlego. É pela aspiração que se


entretém e se cria incessantemente a vida. Daí a idéia de tudo o que anima,
16

atribuída ao he. Mas a vida especializa o ser diferenciando-o de todos os outros; daí
a idéia do próprio ser, associada a essa letra” (PAPUS, 2003, p. 144). Também é o
princípio mediano que liga o material ao espírito.
Relações:
Hieróglifo primitivo: O fôlego
Cabala: Pehad
Astronomia: Carneiro (Áries)
Mês; MArço
Letra hebraica: Hê (simples)

Significados:
Divino:
Reflexo da vontade
A INTELIGÊNCIA
Humano:
Reflexo do poder
A AUTORIDADE
A RELIGIÃO – A FÉ

Natural:
Reflexo da alma do mundo
A VIDA UNIVERSAL

6‫ו‬
O Namorado
“Vô representa hieroglificamente o olho, tudo o que se relaciona com a luz e
com o brilho. O olho estabelece a ligação entre o mundo exterior e nós; é por ele
que a luz e as formas se revelam à nossa consciência. A idéia exprimida por esta
letra será de uma relação, de uma ligação entre os antagonistas” (PAPUS, 2003, p.
148).
Exprime a luta entre os antagônicos paixão e consciência, sendo o motivador
para as ações no mundo
Relações:
Hieróglifo primitivo: O olho e o ouvido
Cabala: Tiferet
Astronomia: Touro
Mês: Abril
Letra hebraica: Vô (simples)

Significados:
Divino:
Equilíbrio da vontade e da inteligência
A BELEZA
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Humano:
Equilíbrio do poder e da autoridade
O AMOR
A CARIDADE

Natural:
Equilíbrio da alma universal e da vida universal
A ATRAÇÃO UNIVERSAL
Ou O AMOR UNIVERSAL

7‫ז‬
O Carro
“O Zain exprime hieroglificamente uma flecha. Daí toda idéia de arma, de
instrumento que o homem emprega para dominar e vencer e para realizar seu
objetivo. O Zain exprime a vitória em todos os mundos. Ele corresponde
astronomicamente como letra simples, ao signo zodiacal de Gêmeos” (PAPUS,
2003, p. 156).
Relações:
Hieróglifo primitivo: Flecha
Cabala: Hod
Astronomia: Gêmeos
Mês: Maio
Letra hebraica: Zain(simples)

Significados:
Divino:
O homem fazendo a função de Deus criador
O PAI
O realizador
Humano:
Lei
A REALIZAÇÃO

Natural:
A natureza fazendo a função de Adão
A LUZ ASTRAL

8‫ח‬
A justiça
18

“O Heth exprime, hieroglificamente, um campo. Daqui a idéia de tudo o que


exige um trabalho, uma pena, um esforço. O esforço contínuo tem por resultado
estabelecer um equilíbrio entre a destruição das obras do homem pela natureza
entregue a si mesma, e a conservação dessas obras. Daqui a idéia do poder
equilibrante e por conseguinte, de justiça dada a esta letra” (PAPUS, 2003, p. 162).
Relações:
Hieróglifo primitivo: Um campo
Cabala: Nizah
Astronomia: Câncer
Mês: Junho
Letra hebraica: Heth (simples)

Significados:
Divino:
A mulher fazendo a função de Deus Filho
A MÃE
Humano:
Lei
A JUSTIÇA

Natural:
A natureza fazendo a função de Eva
A EXISTÊNCIA ELEMENTAR

9‫ט‬
O Eremita
“O Teth representa hieroglificamente um teto. Daqui a idéia de um lugar de
segurança, de proteção.Todas as idéias geradas por essa letra derivam da aliança
da segurança e proteção dadas pela sabedoria. Corresponde astronomicamente ao
signo zodiacal de Leão” (PAPUS, 2003, p. 165).
Relações:
Hieróglifo primitivo: Um teto
Cabala: Iesod
Astronomia: Leão
Mês: Julho
Letra hebraica: Teth(simples)

Significados:
Divino:
A humanidade na função de Deus
Espírito Santo
O AMOR HUMANO
19

Humano:
A PRUDÊNCIA
Calar-se

Natural:
A força conservadora natural
O FLUIDO ASTRAL

10 ‫י‬
A Roda da Fortuna
“O Iod representa hieroglificamente o dedo do homem, o indicador estendido
em sinal de comando. Daí esta letra tornar-se imagem da manifestação potencial, da
duração espiritual, enfim, da eternidade do tempo e de todas as idéias a ele
relacionadas” (PAPUS, 2003, p. 168).
Relações:
Hieróglifo primitivo: O dedo indicador
Cabala: Malkhut
Astronomia: Virgem
Mês: Agosto
Letra hebraica: Iod (simples)

Significados:
Divino:
A NECESSIDADE
O Karma dos hindus
Humano:
O PODER MÁGICO
A Fortuna
Querer

Natural:
Reflexo da alma universal
A FORÇA EM SEU PODER DE MANIFESTAÇÃO

11 ‫כ‬
A Força
“O Caf exprime hieroglificamente a mão semicerrada na ação de tomar; como o
Ghimel. Mas o Caf é um reforço do Ghimel, o que faz que se possa dizer que
designa a mão na ação de segurar firmemente. Daqui, todas as idéias de força
aplicadas a esta letra. O número 11, primeiro depois da década, dá todo um outro
20

valor ao Caf, que designa uma vida refletida e passageira, uma espécie de molde
que recebe e dá todas as formas” (PAPUS, 2003, p. 172).
Relações:
Hieróglifo primitivo: A mão na ação de fechar
Astronomia: Marte
Dia: Terça-feira
Letra hebraica: Caf (dupla)

Significados:
Divino:
Reflexo da inteligência
A LIBERDADE
Humano:
Reflexo da Autoridade, da Fé
A CORAGEM
(ousar)

Natural:
Reflexo da vida universal
A vida refletida e passageira

12 ‫ל‬
O Enforcado
“O Lamed designa hieroglificamente, o braço. Daqui a idéia de toda coisa que
se estende, se ergue, desdobra-se como o braço; também esta letra tornou-se
símbolo do movimento expansivo. Este símbolo aplica-se a todas as idéias de
extensão, ocupação, de possessão. Como símbolo final, a imagem de poder que
deriva da elevação” (PAPUS, 2003, p. 176).
Relações:
Hieróglifo primitivo: O braço desdobrando-se
Astronomia: Balança (Libra)
Mês: Setembro
Letra hebraica: Lamed (simples)

Significados:
Divino:
A CARIDADE
Agraça
Humano:
EXPERIÊNCIA ADQUIRIDA
(Saber)

Natural:
21

A FORÇA EQUILIBRANTE
2º SETENÁRIO

13 ‫ם‬
A Morte, ou o Esqueleto Ceifeiro
“O mem designa hieroglificamente a mulher, companheira do homem. Daí a
idéia de tudo o que é fecundo e formador. É o signo maternal feminino por
excelência, o signo local e plástico, imagem da ação exterior e passiva. [...] A
criação necessitando de uma destruição igual e contrária, o Mem designou todas as
regenerações nascidas de destruições anteriores, todas as transformações e por
conseguinte, a morte como passagem de um mundo a outro” (PAPUS, 2003, p.
182).
Relações:
Hieróglifo primitivo: A mulher
Letra hebraica: Mem (uma das três mães)

Significados:
Divino:
O PRINCÍPIO TRANSFORMADOR UNIVERSAL
Destruidor e criador
Humano:
A MORTE

Natural:
A FORÇA PLÁSTICA UNIVERSAL

14 ‫נ‬
A Temperança
“O Nun exprime hieroglificamente a produção da mulher, um filho, um fruto
qualquer, todo ser produzido. Também, essa letra tornou-se a imagem do ser
produzido ou refletido, o símbolo da existência individual e corporal” (PAPUS, 2003,
p. 186).
Relações:
Hieróglifo primitivo: um fruto
Astronomia: Escorpião
Mês: Outubro
Letra hebraica: Nun(simples)

Significados:
Divino:
22

A INVOLUÇÃO
(O espírito desce para a matéria)
Humano:
A TEMPERANÇA

Natural:
A VIDA INDIIDUAL E CORPORAL

15 ‫ס‬
O Diabo
“O Samekh exprime hieroglificamente a mesma idéia que o Zain, quer dizer,
uma flecha, uma arma qualquer; mas a esta idéia acrescenta-se aqui a da flecha
fazendo um movimento circular, de todo círculo delimitando uma circunstância e
fixando sus limites” (PAPUS, 2003, p. 190). Representa também o destino, a
fatalidade, onde age livremente a vontade humana.
Relações:
Hieróglifo primitivo: serpente
Astronomia: Sagitário
Mês: Novembro
Letra hebraica: Samekh (simples)

Significados:
Divino:
O DESTINO
O acaso
Humano:
A FATALIDADE
Resultado a queda de Adão e Eva

Natural:
NAHASH
O dragão do umbral

16 ‫ע‬
A Casa de Deus
“A décima sexta carta representa a queda de Adão na matéria, que vai se
materializar cada vez mais até o arcano 18, onde atingirá o máximo da
materialização” (PAPUS, 2003, P. 194).
Relações:
Hieróglifo primitivo: ligação (Vô) materializada
23

Astronomia: Capricórnio
Mês: Dezembro
Letra hebraica: Gnain (simples)

Significados:
Divino:
DESTRUIÇÃO DIVINA
Agraça
Humano:
A QUEDA

Natural:
O MUNDO VISÍVEL

17 ‫פ‬
A Estrela
“O Fé exprime as mesmas idéias que o Beth, mas num sentido mais expansivo.
Também o Beth, significando mais particularmente a boca do homem como órgão da
palavra, o Fé representa a própria produção do órgão: a palavra. É o símbolo da
palavra e de tudo que se relaciona com ela. É o verbo em ação na Natureza, com
todas as suas conseqüências” (PAPUS, 2003, p.197).
Relações:
Hieróglifo primitivo: a palavra ( a boca e a língua)
Astronomia: mercúrio
Dia: Quarta-feira
Letra hebraica: Fê (dupla)

Significados:
Divino:
A IMORTALIDADE
Agraça
Humano:
A ESPERANÇA

Natural:
A FORÇA DISPENSADORA DOS FLUIDOS

18 ‫צ‬
A Lua
24

“O Tzadê exprime a mesma idéia que o Teth, mas sobretudo, a idéia de termo,
de objetivo, de fim. Destarte, é um símbolo final e de término relacionando-se com
todas as idéias de termo, cisão, solução, objetivo” (PAPUS, 2003, p. 201).
Relações:
Hieróglifo primitivo: teto
Astronomia: Aquário
Mês: Janeiro
Letra hebraica: Tzadê (simples)

Significados:
Divino:
O CAOS
Agraça
Humano:
O CORPO MATERIAL
E SUAS PAIXÕES

Natural:
A MATÉRIA

19 ‫ק‬
O Sol
“O Cof exprime uma arma cortante, tudo que serve ao homem, defende-o; faz
um esforço por ele. Também é o símbolo eminentemente compreensivo,
adstringente e cortante, é a imagem da forma aglomerante e repressora, donde a
idéia de existência material” (PAPUS, 2003, p. 207).
Relações:
Hieróglifo primitivo: Acha – arma cortante
Astronomia: Peixes
Mês: Fevereiro
Letra hebraica: Cof (simples)

Significados:
Divino:
OS ELEMENTOS
Humano:
A NUTRIÇÃO
A digestão

Natural:
O REINO MINERAL
25

20 ‫ר‬
O Julgamento
“O Resch exprime a cabeça do homem. Daqui a idéia de tudo o que possui em
si um movimento próprio e determinante. É o símbolo do movimento próprio, bom ou
mau; exprime a renovação das coisas quanto a seu movimento.” (PAPUS, 2003, P.
211).
Relações:
Hieróglifo primitivo: a cabeça do homem
Astronomia: Saturno
Dia: Sábado
Letra hebraica: Resch (dupla)

Significados:
Divino:
MOVIMENTO PRÓPRIO E DETERMINANTE
Agraça
Humano:
A RESPIRAÇÃO
A vida vegetativa

Natural:
O REINO VEGETAL

0‫ש‬
O Louco
O chin exprime uma flecha, nas tendendo a um objetivo. Aqui, “toma a forma
do equilíbrio de um pólo a outro com um ponto de equilíbrio instável no meio. É
também o símbolo da duração relativa e do movimento que com ele se relaciona”
(PAPUS, 2003, p. 214).
Relações:
Hieróglifo primitivo: flecha
Letra hebraica: Chin (uma das três letras mães)

Significados:
Divino:
O MOVIMENTO
De duração relativa
Humano:
O instinto
A INERVAÇÃO
26

Natural:
O REINO ANIMAL

22 ‫ת‬
O Mundo
“A letra tô exprime o seio, assim como o Daleth; mas é sobretudo o símbolo da
reciprocidade, a imagem de tudo o que é mútuo e recíproco. É o símbolo dos
símbolos, pois à abundância do caráter Daleth e à força de resistência e de proteção
do caráter, une a idéia de perfeição, da qual ele é o próprio símbolo” (PAPUS, 203p.
218). È uma letra dupla que simboliza o Sol.
Representa tanto o macrocosmo quanto o microcosmo. É a síntese de todo o
sistema do Tarô, uma vez que, simbolizado pelos quatro animais constituintes da
Esfinge, representa os quatro símbolos do tarô, dispostos nos quatro cantos da sua
lâmina.

Os Arcanos Menores

Os Arcanos Menores estão constituídos por 56 cartas, divididas em quatro


naipes (Ouros, Espadas, Copas e Paus). Por sua vez, cada naipe possui 14 cartas,
sendo 4 figuras (Rei, Dama, Cavalheiro e Valete) e 10 cartas numéricas (de 1 a 10).
Segundo G. O. Mebes (1990), cada um dos naipes corresponde a um estágio de
desenvolvimento humano. Assim,
Ouros  ao estágio de aquisições externas e internas da personalidade na
vida terrestre;
Espadas  à desvalorização dessas aquisições, à luta interna, à negação
do mundo e da própria personalidade;
Copas  à unificação com a Vontade Divina;
Paus  ao poder e à realização (MEBES, 1990, p. 13).
Estas características expressadas pelos naipes, de acordo com Mebes (1990),
poderão ser encontradas também nas quatro figuras de cada um dos naipes. Estes
sistemas numéricos, o quaternário e o decimal, além do mais, estão intimamente
relacionados à Cabala, à Árvore Sefirótica e ao tetragrama sagrado. “Pode-se dizer
que a Árvore Sefirótica, com sua divisão em 4 mundos, através dos quais passa
tudo que existe, é um arranjo profundamente simbólico do sistema dos Arcanos”
(MEBES, 1990, p. 13).
27

Aos quatro mundos do sistema sefirótico correspondem os quatro naipes e as


quatro figuras. Às dez Sefiras, correspondem as cartas numeradas, além de
encontrarem, também, correspondência com os Arcanos Maiores através de seus
números. Ainda, “a divisão quaternária indica os estágios que cada alma em busca
de luz deve atravessar, a divisão decimal [...] indica como deve atravessá-los”
(MEBES, 1990, p. 14). A Árvore Sefirótica possui, ainda, 22 canais que ligam as
Sefiras umas às outras. Estes canais estariam associados aos Arcanos Maiores e
seriam, portanto, chaves para compreender os Arcanos Menores.
“A relação entre os elementos Iod-He-Vau-He, a divisão dos Arcanos Menores,
os mundos sefiróticos e as realizações espirituais humanas, podem ser tabeladas do
modo seguinte” (MEBES, 1990, p. 14):
IHVH NAIPES FIGURAS MUNDOS INICIAÇÕES
SEFIRÓTICOS CORRESPONDENTES
Iod Paus Rei Mundo da 3ª e 4ª Iniciações
Emanação
He Copas Dama Mundo da
Criação
Vau Espadas Cavalheiro Mundo da 2ª iniciação
Formação
Segundo Ouros Valete Mundo da 1ª Iniciação
He Manifestação
Fonte: MEBES, 1990, p. 14
O caminho da iniciação segue, então, o rumo inverso ao tetragrama sagrado,
pois se trata da Reintegração do Espírito, da sublimação do aspecto denso, do
retorno da alma à Unidade, à Fonte primordial. É chamado de sentido anabático, em
contraposição ao diabático (descida, que conduz do sutil ao denso e, portanto,
representa a criação). O diabático “corresponde à Filosofia Hermética, [...] ao
desvelar das Leis do Universo; [o anabático]  ao Hermetismo Ético, isto é, ao
elevar-se na escala evolutiva por meio da sublimação da natureza inferior” (MEBES,
1990, p. 15). A direção apropriada ao iniciante irá variar de acordo com o caso e a
individualidade humana.
As figuras dos Arcanos Menores são, antes de tudo, símbolos dos 4 naipes.
Cada uma das 4 figuras de cada naipe concentra em si as características de
um dos 4 naipes, além de possuir as do naipe ao qual pertence. Assim, os
Reis correspondem ao naipe de Paus, as Damas ao naipe de Copas, os
Cavalheiros ao de Espadas, e os Valetes, aos de Ouros. Sendo assim, o
Rei de Paus, por exemplo, representará uma dupla influência de Paus e
será freqüentemente chamado “Pau dos Paus”; a Dama de Copas: "Copa
28

das Copas", etc. Cada uma dessas cartas, junto com a totalidade das cartas
numéricas do seu próprio naipe, representa a pura essência do
determinado naipe (MEBES, 1990, p. 15).
Ainda, há uma infinidade de outras influências compostas que interferirão na
individualidade humana, única e irrepetível. As figuras representam também os
quatro níveis iniciáticos, onde se desenvolverão as experiências de determinado
naipe.

Ouros

Este naipe representa a personalidade humana, calcada na organização


interna, na purificação e desenvolvimento desta personalidade, levando à expansão
da consciência, ao poder realizador e à constituição da individualidade. “As
finalidades de um aluno de Ouros visam às realizações pessoais, tanto internas,
como externas, incluindo o plano material” (MEBES, 1990, p. 22).
O Ás de Ouros corresponde à Sefira Keter e aos Arcanos Maiores 1º, 10º e
19º. Simbolizado pelo número 1, expressa a idéia de totalidade, constituindo o ponto
de partida da criação, bem como o retorno à unicidade. É, não só o início de seu
naipe, como também de todo o sistema de Arcanos Menores, potencialmente
contendo-o em si, já que “representa a IDÉIA que permeia as aquisições de Ouros, a
luta e os sofrimentos das Espadas, a bem-aventurança de Copas e a realização de
Paus” (MEBES, 1990, p. 24). No caminho iniciático, corresponde à conscientização
da existência de uma “Divina Essência” unindo a todos os elementos que compõem
os seres. Tal como o 1º Arcano Maior, simboliza o domínio sobre os quatro
elementos. O 19º Arcano Maior é aqui simbolizado pelo machado abrindo caminho à
iniciação espiritual. O 10º Arcano Maior, através da esfinge, representa a essência
desta iniciação, ou Ísis. “Na alquimia, [...] corresponde à compreensão de que existe
uma só Substância Primordial, a partir da qual toda transmutação é possível”
(MEBES, 1990, p. 28).
O 2 de Ouros corresponde à Sefira Hokmah (Sefira da Sabedoria) e aos
Arcanos Maiores 2º, 11º e 20º. Simboliza a conscientização e harmonização da
bipolaridade interna, ou o trabalho dos elementos masculino-ativos e feminino-
passivos. Os conceitos de ativo e passivo representam dois modos de agir: ativo,
manifestação aberta e externa; passivo, manifestação velada e interna (o 2º Arcano
Maior é representado pela figura de Ísis com um véu cobrindo seu rosto). No
29

caminho iniciático, consiste em se descobrir as características masculinas e


femininas, superar seus aspectos negativos, desenvolver os aspectos positivos, bem
como sublimá-los. “A bipolaridade M-F é uma analogia, nos planos inferiores, da
divisão primordial do Uno em dois aspectos” (MEBES, 1990, p. 30). O Arcano 11º
Maior representa o poder da força feminina espiritualizada. O 20º Arcano Maior, à
sublimação da bipolaridade e “primeiro passo para a realização do futuro
androginato espiritual. [...] Na alquimia, dois de Ouros corresponde à purificação e
magnetização dos elementos ativos e passivos que serão utilizados no processo
alquímico” (MEBES, 1990, p. 31).
O 3 de Ouros corresponde à Sefira Binah e aos Arcanos Maiores 3º, 12º e 21º.
Simboliza a harmonia proveniente da união dos opostos, donde constitui a trindade,
base de todos os ensinamentos esotéricos e das grandes religiões humanas. Aqui, o
trabalho do discípulo é unir os aspectos masculino e feminino (devendo adotar uma
posição claramente definida), criando o androginato dentro de si, ou preparando-se
para a fusão das duas almas gêmeas (ou metades da Mônada). A característica
herdada do Arcano Maior 21º é a coragem que permite que a etapa iniciática da
Reintegração seja alcançada. A Sefira Binah conclui o primeiro ternário e está
relacionada à Razão, ao campo cognoscível, aos meios indicados para alcançar o
alvo superior apontado pela Sefira Hokmah. “Na alquimia, [...] corresponde à
formação da mistura ‘Rebis’, [...] síntese andrógina e harmoniosa” (MEBES, 1990, p.
34).
O 4 de Ouros corresponde à Sefira Hesed ou Gedulah (Sefira da Misericórdia e
da Finalidade organizada) e aos Arcanos Maiores 4º, 13º e 22º. Sua tarefa é realizar
o tetragrama sagrado na vida interna e na atividade externa. Simboliza os quatro
animais herméticos através dos quatro elementos do quaternário que representam,
pois, “os quatro planos básicos do Universo, refletidos na constituição do ser
humano” (MEBES, 1990, p. 35). Seu símbolo gráfico é a cruz do Hierofante. No
caminho iniciático, o discípulo deve tornar-se consciente e harmonizar seus animais
(Plano Mental, Plano Astral, Plano Físico e Plano Espiritual). Os Arcanos Maiores
correspondentes a este arcano remetem à idéia de realização. “O Imperador aplica
sua força e sua vontade abertamente e baseando-se na razão” (MEBES, 1990, p.
38). O 13º Arcano Maior, A Morte, transmite a idéia de que as realizações operam
mudanças internas e externas. Com relação ao 22º Arcano Maior, “indica que no
caminho espiritual não se pode parar, mas é preciso passar de uma a outra vitória
30

hermética. [...] Na alquimia, corresponde à conclusão da fase preparatória e à


colocação do ‘Rebis’ dentro do ‘ovo hermético’ para ser submetido à ação do fogo”
(MEBES, 1990, p. 39).
O 5 de Ouros corresponde à Sefira Pechad ou Geburah (Sefira da Severidade)
e aos Arcanos Maiores 5º e 14º. Introduz um quinto e novo elemento aos quatro
abordados anteriormente; é a “quintessência”, simbolizada pelo elemento Shin
(Logos). Acrescentando-o ao tetragrama sagrado, este se transforma em Jehoshua
ou Jesus, representando o meio de manifestação da Vontade Divina, a Involução do
Espírito na matéria. No caminho iniciático, deve-se harmonizar os invólucros (ou
corpos), a fim de que a Vontade Divina possa manifestar-se convenientemente,
levando em consideração as reais necessidades pessoais (relacionamento esotérico
entre o Carma e a Vontade Divina). O 5º Arcano Maior remete à consciência do
aspecto ético de cada ação e impulso e “corresponde à compreensão de que o
‘Sopro Divino’ penetra em todos os planos da criação” (MEBES, 1990, p. 43). O 14º
Arcano Maior representa a síntese harmoniosa da personalidade, bem como a
transmutação da energia inferior (Kundalini, também representada pelo Caduceu de
Hermes) em superior. “Na alquimia, corresponde à ação que exerce a energia
psíquica do alquimista-operador sobre a mistura ‘Rebis’ [que será transmutada] em
‘Pedra Filosofal’” (MEBES, 1990, p. 46).
Ao 6 de Ouros, correspondem a Sefira Tiferet (Sefira da Harmonia) e os
Arcanos Maiores 6º e 15º. Através do 6º Arcano Maior, simboliza a escolha entre o
progresso pessoal e o trabalho no ambiente, devendo ser realizado de coração.
Remete, ainda, à questão do livre arbítrio ao refletir a Vontade Superior, ou vontade
evolutiva. No caminho iniciático, o discípulo deve neutralizar o binário
isolamento/relações com o ambiente, evitando o dogmatismo e o proselitismo e
estando disposto a dar algo a seu ambiente. O Arcano Maior 15º alude ao
androginato espiritual, à busca da alma gêmea. Contudo, pode também representar
os androginatos natural e artificial conforme o estágio do discípulo. Também, alude
às realizações dos Arcanos Menores anteriores a este, como uma preparação
necessária à criação do androginato externo. “Na alquimia, [...] corresponde À
ligação harmoniosa entre o princípio espiritual ou quintessência e a matéria ‘Rebis’.
O operador deve permanecer em contato constante com essa matéria (que
corresponde ao ambiente), exercendo sobre ela sua influência mental, psíquica e
31

fluídica, permeando-a com seus pensamentos-forma, sua vontade e magnetismo”


(MEBES, 1990, p. 55).
O 7 de Ouros corresponde à Sefira Netzah (Sefira da Vitória) e aos Arcanos
Maiores 7º e 16º. Simboliza as “7 Causas Secundárias” (7 planetas ou “7 Raios”) e
conclui o setenário das experiências internas e realizações iniciáticas (MEBES,
1990, p. 61). No caminho iniciático, representa a compreensão de que o complexo
astral do indivíduo é uma conseqüência cármica das vidas anteriores. Além do mais,
o discípulo deve realizar a purificação de seus planetas, procurando integrar-se aos
aspectos positivos de cada um deles. Também, é necessário descobrir o caráter de
sua individualidade, analisando-a e enriquecendo-a o mais possível, como luta para
a imortalidade. O 7º Arcano Maior Arcano da Vitória, aqui, representa a vitória do
indivíduo sobre seu condicionamento planetário. O 16º Arcano Maior “simboliza o
desmoronamento dos elementos pessoais, inferiores, sob a ação da vontade
superior. Na alquimia, o operador, sintetizando todos os esforços volitivos, psico-
mentais e fluídicos, procura impregnar com os mesmos a matéria alquímica”
(MEBES, 1990, p. 61).
O 8 de Ouros corresponde à Sefira Hod (Sefira da Paz) e aos Arcanos Maiores
8º e 17º. Simboliza “os elementos ativos [Tatwas] do processo criador que, no ser
humano, agem tanto de fora para dentro [involução], como de dentro para fora
[evolução]” (MEBES, 1990, p. 62). No caminho iniciático, representa a necessidade
do discípulo despertar a consciência para a existência da involução e evolução e a
compreensão de que se tratam de processos interdependentes. Também,
conscientizar-se quanto ao grau de desenvolvimento de seus tatwas, a fim de elevar
suas vibrações. Remete ao desenvolvimento simultâneo entre o mental e o astral. É
a conclusão do ensinamento esotérico sobre a individualidade (Eu verdadeiro), e a
identificação do tipo de alma do discípulo. A tarefa primordial é aprender a reger seu
carma externo, enfrentando positivamente todos os acontecimentos de sua vida. O
8º Arcano Maior remete aos trabalhos internos e externos do processo criativo, além
de simbolizar o equilíbrio entre o carma e a vontade. Ademais, pela soma dos
números correspondentes às letras do tetragrama sagrado chegamos ao número 8.
“Este nome, em relação ao 8 de Ouros, corresponde ao trabalho criativo dos quatro
tatwas inferiores, realizando-se de cima para baixo (4) de baixo para cima (4), ou
seja, em oito aspectos” (MEBES, 1990, p. 68). Quanto ao 17º Arcano Maior,
representa a força tátwica renovando a vida, como influência superior; remete ao
32

condicionamento astrológico regulando a ação do indivíduo. “Na alquimia, [...]


corresponde ao estágio mais espiritual do processo alquímico. [...] Agora, o
alquimista concentra todas as suas forças mentais e volitivas para atuar sobre esta
mistura desde dentro e para que nela nasça a ‘Pedra Filosofal’” (MEBES, 1990, p.
69).
O 9 de Ouros corresponde à Sefira Yesod (Nova Forma) e aos Arcanos
Maiores 9º e 18º. O símbolo gráfico que o representa é constituído por um triângulo
ascendente, um hexagrama e um quadrado sobre a cruz dos elementos e dentro de
um círculo. É chamado, pois, de “Grande Arcano da Iniciação” (MEBES, 1990, p.
70). Representa a iniciação nos três planos (espiritual, astral e físico). No caminho
iniciático, significa a “Iniciação no caminho do Hermetismo Ético, correspondendo a
um desabrochar interno e ao desenvolvimento de um determinado poder realizador”
(MEBES, 1990, p. 70). O 9º Arcano Maior simboliza a vida do iniciado, com seu
conseqüente isolamento, escuridão, qualidades e luz interna. Quanto ao 18º Arcano
Maior, representa a tarefa de transmitir à humanidade a “Luz Solar”, sem, contudo,
deixar que a personalidade do discípulo ofusque as verdades transmitidas. Também
pode assinalar os inimigos ocultos e os falsos amigos que, por ventura, possa o
iniciado se deparar em seu caminho. “Na alquimia, [...] corresponde ao nascimento
da ‘Pedra Filosofal’ ou ‘Pedra Vermelha’. [...] Representa, no Plano da Natureza, a
força interna do alquimista [que] pode passar a multiplicar a ‘Pedra’ e realizar o ouro”
(MEBES, 1990, p. 76).
O 10 de Ouros corresponde à Sefira Malkut (Reino) e aos Arcanos Maiores 10º
e 19º. Agora, o iniciado pode passar ao trabalho externo, elevando o nível evolutivo
de seu ambiente. O iniciado, aqui, deverá trabalhar o horizonte mental e os
princípios éticos, devendo agir externamente. “O alvo da iniciação de Ouros é que o
ser humano realize a harmonia entre as aspirações espirituais e sua vida terrestre,
trabalhando para a evolução da Terra” (MEBES, 1990, p. 83). O 10º Arcano Maior
remete ao trabalho do iniciado no mundo, sendo harmonizado pela figura da Esfinge
(quatro animais herméticos) que simboliza a Lei Iod-He-Vau-He regendo o trabalho
realizador. “É a fecundação espiritual do ambiente pelo trabalho do iniciado. [...] O
19º Arcano Maior sublinha o caráter frutífero do trabalho do iniciado” (MEBES, 1990,
p. 82). A representação simbólica do 10º Arcano de Ouro é a disposição de moedas
em um triângulo ascendente apresentando uma correlação, aí também, com o
33

tetragrama sagrado. Na alquimia, representa a criação do ouro como conclusão do


trabalho alquímico.

Espadas

Este é o naipe da psique (astral e mental) e remete ao desenvolvimento de


seus aspectos. No aspecto filosófico há a predominância da razão sobre os
sentimentos e o coração. O iniciado alcançou o desenvolvimento máximo de sua
personalidade e agora começa a perceber o caráter ilusório do mundo, rejeitando as
formas que ele já domina, mas, contudo, não conhece ainda a sua essência.
Representa, pois, um estágio de profunda crise espiritual que deve ser ultrapassada
para que se alcance os estágios superiores de Copas e Paus. Nesse estágio, o
aspecto mental é o mais poderoso, pois através do intelecto o homem tenta
compreender os mistérios que se escondem por trás do mundo das formas. Dois
movimentos caracterizam este naipe: a revolta e a busca. Na Árvore Sefirótica,
representa o caminho da subida com a progressiva sublimação da consciência.
O Ás de Espadas corresponde à Sefira Malkut (O Reino). A imagem simbólica
desta carta revela a essência de todo o naipe, indicando a travessia a ser realizada.
É a primeira etapa de um novo caminho iniciático e “corresponde ao rompimento do
iniciado de Ouros com o ‘Reino’ que ele mesmo edificou no plano físico” (MEBES,
1990, p. 89). É a luta pela realização espiritual em oposição à realização material de
ouros. Assinala uma extrema solidão, um estado interno de intensa aspiração, com
os esforços dirigidos ao alto, em busca do Absoluto. “A experiência de Espadas é
exclusivamente interna e profundamente individual” (MEBES, 1990, p. 91).
O 2 de Espadas corresponde à Sefira Yesod (Forma). Duas espadas
apontadas para o alto se cruzam. Simboliza o binário não resolvido, opondo o
discípulo ao Logos. Neste arcano, o discípulo nega a realidade do mundo astral, e a
participação em qualquer trabalho construtivo. A sua ação é a de criar um mundo
ideal por meio de pensamentos-forma, de modo a vibrar ativamente no plano astral,
opondo-se à passividade com que se volta ao plano físico. Contudo, constata que o
mundo astral também depende de uma série de fatores que escapam a seu poder
de interferir. O discípulo ainda “não está capacitado nem para perceber a fonte
profunda e comum de diversos mundos, nem para fazer a síntese superior”
34

(MEBES, 1990, p. 93). Deve então resolver os binários aqui colocados


neutralizando-os, o que resolverá no seguinte arcano.
O 3 de Espadas corresponde à Sefira Hod (Paz). Sua imagem é a de duas
espadas cruzadas com suas pontas voltadas para baixo cruzadas por uma outra
apontada para cima. Aqui, dá início à “compreensão de que a Força Criadora do
mundo, contra a qual se está lutando, é a expressão do Algo ainda Superior assim
como ele também o é; que tanto o Logos como ele, o discípulo, são, ambos, reflexos
de um Princípio mais alto” (MEBES, 1990, p. 95). É em sua própria consciência que
nasce o caráter relativo dos mundos físico e astral, por interferência de seu próprio
mental. Compreende então, que a fonte de seu sofrimento é seu próprio intelecto.
Assim, liberta-se progressivamente de suas ilusões internas, podendo seguir adiante
em sua jornada espiritual.
O 4 de Espadas corresponde à Sefira Netzah (Vitória). É representado pela
figura de quatro espadas dispostas em um quadrado, suas pontas em sentido
involutivo. Simboliza o campo da criação das ilusões. Aqui o discípulo ainda não
percebeu a harmonia superior que penetra os mundos, uma vez que ainda se
encontra preso à “teia de aranha do Logos”. Necessita, assim, atravessa-la
vitoriosamente, pois se constitui num campo de provação para sua evolução. Para
tanto, faz necessária uma autodeterminação, como prova ética de seu caráter. É
preciso escolher entre o espírito dominar a forma, ou a forma dominar o espírito. A
força interna constitui-se, então, em eixo simbólico a esta realização.
O 5 de Espadas corresponde à Sefira Tiferet (Harmonia). Sua imagem é
composta por quatro espadas partindo dos quatro cantos da carta e uma outra, do
alto, todas apontadas para o centro. Simboliza o momento em que o discípulo passa
a discernir a Verdade. Representa a influência dos Iniciados de Copas e Paus, por
meio do sacrifício, criando de si próprios a harmonia do mundo, propiciando aos
outros seres encontrar sua direção ascendente e individual. Ainda não é possível
realizar a Sefira Tiferet, mas ao aproximar-se dela opera grandes mudanças
internas. Ao conscientizar-se da Luz e Harmonia superiores a ele, adentra ainda
mais em sua solidão e imperfeição. Desvanece toda e qualquer esperança ainda
alimentada de qualquer ajuda capaz de salva-lo. Só pode contar consigo mesmo.
O 6 de Espadas corresponde à Sefira Geburah (Severidade). Sua imagem é a
de seis espadas apontadas para o centro vazio. Constitui-se numa das etapas mais
penosas do naipe, pois o vazio criado pelo discípulo pode gerar um total marasmo e
35

conseqüente falta de movimento, mesmo involutivo, devido à falta de vontade


pessoal para tanto. “Essa etapa corresponde à rejeição da Sefira Geburah, Sefira da
Severidade dos processos vitais indispensáveis e justamente estabelecidos”
(MEBES, 1990, p. 102). Não enxergando a sabedoria da severidade, enxerga
apenas os conflitos gerados. Tendo já rejeitado todos os pontos de apoio nos planos
físico e astral e de ajuda superior, encontra-se cercado de um completo vazio.
Somente a sua força interna pode auxiliá-lo a superar esta provação.
O 7 de Espadas corresponde à Sefira Gedulah (Misericórdia). Sua imagem
apresenta as seis espadas da carta anterior, apontadas ao centro onde figura,
agora, um sol. Também, uma sétima espada, da direita, aponta ao centro.
Representa as Sete Causas Secundárias (7 planetas ou 7 Raios). Novamente o
discípulo sente as influências planetárias e da bipolaridade (divisão entre planetas
lunares e solares), constatando em si a presença dos elementos da personalidade
que pensava ter superado. Deve, então realizar a unificação com o Logos (Sol), para
eliminar a afirmação de seu “eu” inferior, caso contrário, desagregar-se-á sua
personalidade, emaranhando-se num caos planetário interno. Conscientizando-se de
que seu “Eu” não é separado do Logos, passa a viver dentro de si as interações
planetárias, percebendo que “tudo é reflexo de uma realidade inacessível [...], que
tudo tem sua existência no Logos, que todos os planetas são unos com Ele, assim
como ele, o discípulo, o é também” (MEBES, 1990, p. 105).
O 8 de Espadas corresponde à Sefira Binah (Razão). Sua imagem é formada
por dois quadrados, um dentro do outro, ambos formados por quatro espadas.
Representa a estabilidade externa e a instabilidade interna. Deve-se proceder à
positivação dos tatwas, para encaminhamento da força destruidora para dentro,
contra suas próprias imperfeições, a fim de abrir caminho para algo superior que ele
pressente. Aqui, “o discípulo repudia não apenas as ilusões de seu psiquismo e da
sua consciência, mas também toda a sua personalidade, não pelo fato de a
considerar ilusória, mas por ser ela uma das manifestações da criatividade do
Logos” (MEBES, 1990, p. 108). A tendência é a sublimação interna do indivíduo,
como preparação para uma nova vida superior da alma. “O homem e o Logos se
libertam mutuamente” (MEBES, 1990, p. 109).
O 9 de Espadas corresponde à Sefira Hokmah (sabedoria). Sua imagem é a do
mesmo pantáculo do 9 de Ouros, só que adaptado a Espadas, sublinhando a
natureza esotérica deste naipe. Do ponto de vista negativo (filosófico), o caráter
36

binário do naipe expressa-se através da destruição e sublimação. Simboliza a


destruição e construção dos tatwas, os meios para alcançar o progresso, bem como
o movimento e as mudanças dos elementos mentais. A consciência do individual
eleva-se aos planos de Haia, tornando-se superpessoal, sentida como uma
aniquilação de si mesmo. A realidade da personalidade se apaga. Tem-se, então, a
compreensão de que a única realidade é o Espírito. É o encontro das forças
superiores às inferiores.
O 10 de Ouros corresponde à Sefira Keter (coroa, Radiação). Sua imagem é
constituída por uma pirâmide formada de 10 espadas cujas pontas estão voltadas
para cima. Representa todo o processo de iniciação de Espadas, agora todo
polarizado para o Alto. As quatro espadas da base simbolizam os tatwas
harmonizados e sublimados; as três seguintes representam a sublimação dos
ternários (passado, presente e futuro, por exemplo); as duas espadas seguintes,
remetem à união dos binários numa síntese voltada para o Alto; por fim, a ultima
espada é o próprio discípulo com sua vida agora voltada para o Alto. Como 10º
Arcano do naipe, representa o resultado final de todo o seu processo iniciático.
Assim, expressará as realizações internas do indivíduo, apresentando um novo
estado de composição de sua personalidade. Aqui, o discípulo já se vê transformado
numa taça capaz de receber os ensinamentos que caracterizam Copas.

Copas

O naipe de Copas representa a maturidade espiritual e as dádivas recebidas do


Alto. “A etapa de Copas [...] é uma progressiva sublimação de sua receptividade, um
‘alargar’ e ‘aprofundar’ de sua ‘taça’, para que esta possa receber o mais possível de
Luz e, assim, dar também mais aos que necessitam” (MEBES, 1990, p. 119).
O Ás de Copas corresponde à Sefira Keter (Coroa, Radiação) e recebe o título
tradicional de “Existência”. Sua imagem é representada por uma taça que se deve
imaginar como estando cheia. “A lei de Copas é a lei da Vida Transcendental, lei da
Luz Primordial permeando o Universo, do Espírito Santo, da Mãe do Mundo”
(MEBES, 1990, p. 120). O mundo e o discípulo então se apresentam como uma taça
pronta a receber a Luz Divina proveniente do Alto. Há a devida conscientização de
que tudo tem uma finalidade superior, nada podendo ser destruído, já que tudo é
sagrado. Ao discípulo é proporcionada uma grande harmonia, transbordando de Paz
37

e Luz, ansiando por transmiti-las a todos os seres. Corresponde, em seu aspecto


superior, ao “estado de santidade” religiosa. Pode manifestar-se através do êxtase
(exaltação acompanhada por gestos ou exclamações), bem como pelo êntase
(estado de retraimento profundo de si mesmo). Este estágio só pode ser atingido
após a passagem pelos sofrimentos purificadores e provações de Espadas. Do
contrário, o transbordamento da taça “pode causar grandes danos, espalhando
falsos ensinamentos, criando falsos instrutores e falsos profetas, como
conseqüência da ‘falsa santidade’” (MEBES, 1990, p. 121).
O 2 de Copas corresponde à Sefira Hokmah (Sabedoria) sendo conhecido
tradicionalmente como “Unicidade”. Sua imagem é a de duas taças, acima delas um
Caduceu. Representa a comunhão entre duas unidades (a taça do mestre e a do
aluno aspirando ao mesmo alvo). “A taça do Mestre era a primeira a abrir-se para a
Luz e ele A recebe diretamente; o aluno A recebe por intermédio do Mestre, mas a
Fonte da Luz é a mesma” (MEBES, 1990, p. 122). Contudo, há também um
momento em que o discípulo pode receber, estando junto ao Mestre, a Luz
diretamente do Alto. A taça do Mestre permanece sempre cheia, recebendo dos
alunos o retorno do que lhes dá, além de receber a Luz também de Cima. Remete à
igualdade dos seres humanos frente aos outros, como também uma igualdade
esotérica diante do Espírito, já que o Raio que recebem (Mestre e aluno) emana de
um mesmo Raio de Luz.
O 3 de Copas corresponde à Sefira Binah (Razão) e recebe o título tradicional
de “Infinitude”. Sua imagem é constituída por uma taça sobre outras duas formando
um triângulo ascendente. Representa a neutralidade (Vau) da nova taça
caracterizando a própria Fonte, a Água Viva da Bem-aventurança que compõem as
ondas de vida que, por sua vez, formam todos os mundos. Representa a fusão entre
o Bem e o Mal, como manifestações da Vida Uma. A Infinitude diz respeito a
incomensurabilidade da Bem-aventurança e Transcendente. O importante para o
indivíduo neste estágio “é que a taça da alma humana esteja em condições de
poder receber um fragmento da Luz, por menor que seja” (MEBES, 1990, p. 126).
O 4 de Copas corresponde à Sefira Hesed ou Gedulah (Compaixão). Seu título
tradicional é a “Humildade”. Sua imagem é caracterizada por duas taças voltadas
para cima e duas voltadas para baixo. “É o símbolo do processo realizacional Iod-
He-Vau-He, no naipe de Copas. [...] É o esquema da eterna sucessão da descida e
da subida das ondas da Vida Transcendental” (MEBES, 1990, p. 127). Corresponde
38

aos quatro elementos e aos quatro animais herméticos presentes na iniciação de


Copas, agindo de acordo com a influência do Mestre em seu ambiente. “É a
compaixão que faz com que o Mestre de Copas volte ao mundo para transmitir esta
Luz e a Força benéfica que recebeu, para espiritualizar a matéria e sutilizar a
substância astral” (MEBES, 1990, p. 129). Da consciência do Mestre da unidade de
todas as coisas nasce a sua humildade, geralmente acompanhada pelo desprezo de
sua pessoa.
O 5 de Copas corresponde à Sefira Geburah, ou Pechad (Legalidade,
severidade). Seu título tradicional é “Redenção”. Sua imagem é caracterizada pelas
quatro taças anteriores, com a adição de uma outra entre elas, voltada para cima. “A
quinta taça é a do amor do Mestre de Copas, que o leva a se sacrificar pelo seu
ambiente e, talvez, pelo mundo inteiro” (MEBES, 1990, p. 130). O amor do Mestre,
aqui, unido ao Logos, expressa a Severidade e a Legalidade superiores. A quinta
taça é também uma síntese das outras quatro, no tocante à transmissão da Luz no
mundo. Aceitando o mundo tal com é, o Mestre sacrifica-se ao assumir seu carma.
Relaciona-se, também, ao princípio da individualidade e ao quinto elemento que aqui
está representado pela quinta taça, correspondendo à Vida Transcendental
transmitida ao mundo pelo Mestre.
O 6 de Copas corresponde à Sefira Tiferet (Harmonia) e recebe os títulos
tradicionais de “Paciência” e “Esperança”. A imagem deste arcano apresenta quatro
taças, umas voltadas para as outras, e mais duas taças, cada uma voltada para uma
das extremidades da carta, uma simbolizando o Filho de Deus (a que recebe a Luz
Divina) e o Filho do Homem (a que recolhe o sofrimento da Terra). “A Paciência é a
característica deste Arcano. [...] Mas seria inimaginável sem a esperança de
alcançar um alvo final” (MEBES, 1990, p. 132). Simboliza os Fluxos descendentes e
ascendentes da Vida Transcendental que são unidos pelo Mestre de Copas em si
mesmo. Este Arcano representa “a harmonia entre o Divino e o Humano, entre a
felicidade espiritual e o sofrimento terrestre, através da Paciência e da Esperança”
(MEBES, 1990, p. 133).
O 7 de Copas corresponde à Sefira Netzah (Vitória). Recebe o título tradicional
de “Ressurreição”. Sua imagem apresenta seis taças formando dois triângulos
(ascendente e descendente) e uma taça ao centro, representando um plano
superior. Representa o contínuo anseio do Mestre pela Luz Divina e seu retorno ao
mundo, a fim de elevá-lo. “É uma transformação interna do ser humano, causada
39

pela profunda penetração do espírito na matéria e a transubstanciação dessa


matéria em espírito” (MEBES, 1990, p. 134). O que o Iniciado faz, não com intuitos
de desenvolver seus poderes, mas para espiritualizar a matéria do mundo. Através
da abertura dos centros psíquicos, o Mestre realiza a subtilização dos corpos físico e
etérico. “O 7º Arcano fecha um ciclo. O Mestre de Copas realizou uma completa
harmonia interna e a Vitória definitiva do espiritual sobre o material. Por isso o nome
dado a este Arcano é ‘Vitória’” (MEBES, 1990, p. 135). Pelos dons do Mestre
Espiritual se revelam as influências planetárias neste Arcano.
O 8 de Copas corresponde à Sefira Hod (Glória, Paz) e recebe o título
tradicional de “Fraternidade”. Sua imagem é composta por uma corrente de oito
taças formando um círculo girando no sentido evolutivo. “É o símbolo da grande
fraternidade de almas que se estabelece após a ressurreição das mesmas, isto é,
após a vitória, nelas, do Espírito sobre a matéria” (MEBES, 1990, p. 137).
Representa também a fraternidade universal humana para o Mestre de Copas. Este
é também o Arcano da formação da egrégora que, naturalmente surge ao redor do
Mestre. A união apresentada por esta carta “é a Glória da vitória sobre si e a Paz de
uma criação egregórica, internamente sólida” (MEBES, 1990, p. 138).
O 9 de Copas corresponde à Sefira Yesod (Forma, Trono) e recebe os títulos
tradicionais de “Fé” e “Alegria”. Sua imagem é constituída em três grupos: em cima,
um triângulo ascendente; no meio, duas taças de pé; em baixo, quatro taças,
voltadas para as extremidades formam uma cruz. É a síntese do naipe de Copas,
simbolizando: a essência espiritual do Iniciado (Existência, Conhecimento e Bem-
aventurança); sua dupla receptividade (Espírito e Matéria); e a sutilização de sua
personalidade (quatro tatwas e Akasha). Correspondendo à Sefira Yesod, assinala a
volta à Forma, como necessária à evolução da humanidade e, mesmo a alma
humana pode ser considerada como uma forma ou trono de Deus. Aqui, a fé alcança
a sua máxima expressão ao tornar-se conhecimento interno que, por sua vez,
confirma a fé. O Iniciado atinge um estado de alegria superior às antes
experimentadas, posto que já conhece a Vida Real.
O 10 de Copas corresponde à Sefira Malkut (Reino) e recebe o título tradicional
de “Amor”. Sua imagem é constituída por dez taças formando uma pirâmide,
correspondendo aos valores numéricos: 1, 2, 3 e 4. A missão de Copas aqui se
realiza através do Amor. Simboliza o Amor Divino vivido pelo Iniciado, este estando
sempre receptivo a este Amor, como também o retornando a Deus. Também,
40

remete à Trindade Divina inseparáveis pelo Amor. Acena ainda para a lei Iod-He-
Vau-He, como Lei do Amor no Mundo. Considera-se que tanto o 9º quanto o 10º
Arcanos já fazem parte das características do naipe de Paus. “O 10º Arcano é o do
Amor do Iniciado para com tudo o que existe. Sem este Amor superior, a missão de
Paus seria impossível, pois, ela exige um sacrifício total até da própria vida, para o
bem espiritual de todos” (MEBES, 1990, p. 145).

Paus

A característica específica de Paus é que, neste naipe, as direções


“diabática” e “anabática” estão sendo seguidas simultaneamente e
correspondem, respectivamente, ao aspecto objetivo e subjetivo do naipe. O
objetivo é a realização da missão de serviço do Iniciado no mundo e
corresponde, portanto, à descida. Ao mesmo tempo, o Iniciado segue
subjetivamente a direção “anabática”, da mais sublime ”dissolução”, levando
à Reintegração final (MEBES, 1990, p. 146).
Ambos os sentidos encontram-se estreitamente ligados ao outro: quanto
melhor cumprida sua missão na Terra, mais se aproxima de Deus; quanto mais alto
se eleva, melhor cumpre sua missão. Neste estágio, se vivido em maior intensidade,
termina a escalada espiritual do ser humano na Terra. Este naipe corresponde ao
Iod e representa o Amor Transcendental.
O Ás de Paus corresponde às Sefiras Keter e Malkut e recebe o título
tradicional de “Criatividade”. Sua imagem apresenta um bastão virado para baixo
com o vestígio de quatro galhos cortados. Simboliza a força não manifestada ainda
além de indicar as Alturas como fonte dessa força. “Inclui em si os dois momentos
iniciais do estágio de Paus: a conscientização pelo Iniciado de sua força interna,
levando-o a começar a sua missão, e o poderoso impulso da vontade para alcançar
a fusão com a Luz Primordial” (MEBES, 1990, p. 149-150). O Iniciado realiza aqui a
modificação das formas existentes de vida, atribuindo-lhes nova essência,
destruindo o que nelas tornou-se obsoleto.
O 2 de Paus corresponde às Sefiras Hokmah e Yesod e recebe o título
tradicional de “Salvação”. Sua imagem está representada por dois paus colocados
um ao lado do outro, cada um voltado para uma das extremidades superior e
inferior. Acima e abaixo, aparece o símbolo do infinito. Simboliza o trabalho do
Logos (criação e sublimação). Aqui o Amor Divino reveste-se de Sabedoria para a
realização de sua missão. Tal sabedoria consiste em distinguir que elemento deve
41

ser introduzido e qual deve ser eliminado da vida espiritual. Corresponde à


superação do carma pessoal libertando o Iniciado de todas as formas de
consciência. Remete à salvação do Iniciado pela fusão do Eu Divino ao Atman.
Também, está ligado ao Iod-He-Shin-Vau-He, também chamado de “descida do
Cristo”. “O Paus, sendo o naipe das missões, corresponde sempre à descida do
Iniciado. Somente e simultaneamente com sua descida, é que se processa sua
própria ascensão e o retorno à Casa do Pai” (MEBES, 1990, p. 153).
O 3 de Paus está relacionado às Sefiras Binah e Hod e recebe o título
tradicional de “Sacrifício”. Sua imagem apresenta três bastões verticais voltados
para baixo formando um triângulo descendente. Representa a limitação do Influxo
Divino do Amor, através da Razão. Significa que o Iniciado deve adaptar o
conhecimento espiritual a ser transmitido à receptividade humana e às condições de
sua época. Também, remete ao sacrifício espontâneo do Iniciado em abandonar a
sua paz interior a fim de voltar à atividade aos planos inferiores. Complementa o 3º
Arcano de Copas, harmonizando-se com ele, formando um hexagrama que
simboliza os planos mais elevados.
O 4 de Paus está representado pelas Sefiras Gedulah e Netzah e recebe o
título tradicional de “Missão”. Apresenta quatro bastões voltados para o centro
formando uma cruz. Simboliza os quatro tipos de missões dos Iniciados,
manifestando a Misericórdia Divina (rasgar a rede cármica do mundo; influência pela
presença; trabalho consciente e criador de incutir no homem novas verdades;
realização, adaptação e introdução do ensinamento adquirido). Representa também
a Lei do Iod-He-Vau-He, e aos quatro animais da Esfinge, relacionados a essas
missões. “A consciência de pertencer à Grande Egrégora da Luz não somente dá
uma base esotérica inabalável a cada missão de Paus, sem a qual sua realização
seria impensável, mas influi também na subida individual do Iniciado, subida
condicionada todavia pela descida simultânea ao mundo” (MEBES, 1990, p. 158).
O 5 de Paus corresponde às Sefiras Geburah e Tiferet e recebe os títulos
tradicionais de “Grande Balança” e “Equilíbrio”. Sua imagem é formada por quaro
Paus apontando dos cantos para os centros e um que desce de um plano superior,
também apontando para o centro. Representam as quatro missões dos Iniciados
adicionadas do Impulso do Não-Manifestado. Este impulso é aqui expresso sob a
forma de Vontade Divina. O Iniciado, então, “domina completamente o mistério do
Shin, isto é, possui o poder de formar sua personalidade ‘de cima’, de manifestar
42

através dela o Não-Manifestado, de concentrar nela o princípio da Vontade Divina,


renunciando à sua própria, mesmo quando esta é totalmente harmoniosa” (MEBES,
1990, p. 160).
O 6 de Paus corresponde às Sefiras Tiferet e Geburah e recebe o título
tradicional de “Renascimento”. Sua imagem é constituída por dois triângulos
(ascendente e descendente) formando um hexagrama. Representa o Influxo Divino
recebido pelo Iniciado, bem como aquilo que ele dá ao mundo em sua missão.
Simboliza a alta espiritualidade característica deste naipe, bem como a Paz Ativa. “É
o Arcano do relacionamento entre o Iniciado e o ambiente” (MEBES, 1990, p. 161).
A descida caracteriza-se pela demanda do ambiente pela Luz Divina. A subida
representa o começo da Reintegração do Iniciado e a libertação total de qualquer
limitação pelo conhecimento da Verdade.
O 7 de Paus corresponde às Sefiras Netzah e Hesed e recebe o título
tradicional de “Grande Obra”. Sua imagem é formada pelas figuras de um triângulo
ascendente na parte de cima e uma cruz na parte de baixo, ambos constituídos por
bastões. “A Grande Obra de Paus na realidade não é uma obra, mas o resultado da
influência do Iniciado sobre o ambiente e de seu poder de manifestar o Não-
Manifestado” (MEBES, 1990, p. 163). Este Arcano se relaciona com os modos de
realizar as missões de Paus, através dos vínculos estreitos entre o Iniciado e sua
missão, aqui compreendidos como inseparáveis e matizadas por sua
individualidade. “O 7º Arcano de Paus é uma espécie de soma da Grande Obra do
Iniciado no mundo do Não-Eu; ao mesmo tempo, este Arcano corresponde à etapa
final de sua Grande Obra interna, no caminho do Eu, antes da Reintegração final”
(MEBES, 1990, p. 167).
O 8 de Paus corresponde às Sefiras Hod e Binah e recebe o título tradicional
de “Bem-Aventurança”. Possui ainda, como planeta correspondente, Netuno. “A
imagem do Arcano apresenta oito paus, formando uma estrela de oito raios. [...] É o
Arcano da grande paz que vive o Iniciado, pois seu espírito está em comunhão com
o divino” (MEBES, 1990, p. 168). A bem-aventurança caracteriza-se como uma
manifestação de um estado místico muito elevado, uma Graça Divina, um Dom do
Alto. É considerado como um dos portais para a Reintegração ou Paranirvana.
O 9 de Paus corresponde às Sefiras Yesod e Hokmah e recebe o título
tradicional de “Pureza”. Está ligado ao planeta Urano. Sua Imagem é formada por:
uma cruz em baixo; acima dela dois bastões se cruzam; mais acima três outros
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bastões dirigem-se a um ponto comum formando um triângulo ascendente. “A


Reintegração final é precedida de uma libertação total de qualquer forma, seja como
manifestação objetiva, [...] seja subjetivamente” (MEBES, 1990, p. 171). O Iniciado
aqui percebe A essência intrínseca a toda forma, resultando na sua plena libertação
da necessidade da forma, ao mesmo tempo em que o capacita a encontrar formas
adequadas àqueles que delas necessitam. “A libertação total da forma corresponde
à PUREZA METAFÍSICA que nenhum véu distorce” (MEBES, 1990, p. 172).
Corresponde, assim, ao segundo portal Para a Reintegração ou Paranirvana.
O 10 de Paus corresponde às Sefiras Malkut e Keter e recebe o título
tradicional de “Silêncio”. Está relacionado ao planeta Hades. Sua imagem é
constituída de dez paus formando uma pirâmide em quatro níveis, correspondentes
aos números 1, 2, 3 e 4. Sintetiza todo o naipe: nos quatro tipos de missão, nos três
portais de Reintegração, nos dois modos de atravessar o naipe e a fusão com o
Logos. Representa o terceiro Portal para a Reintegração. O Silêncio, por sua vez,
metafísico, é a representação da ausência de outras vibrações mais sutis que os
ruídos, pertencendo aos planos suprafísicos, inacessíveis aos nossos sentidos.
Simboliza a Existência Real (vida imortal do Espírito), e o Iniciado, aqui, ultrapassa o
princípio do movimento do tempo e do espaço, libertando-se das leis que governam
a vida biológica.

Jogos
Leitura de Quatro Cartas
Esta é uma leitura de cartas apropriada a leituras rápidas e diretas segundo
Barrett (1995). Escolhe-se quatro cartas, dispondo-as da esquerda para a direita,
uma ao lado da outra, assim:

1 2 3 4

A primeira carta descreve o tema geral. A situação no momento, as


circunstâncias do consulente.
A segunda carta mostra as influências, tanto das pessoas como das idéias,
que afetam o consulente.
44

A terceira carta indica a postura do consulente, de que maneira ele (ou ela)
interage ou influencia a situação.
A quarta carta aponta para uma solução, ação que irá superar o problema
ou a dificuldade, caso exista alguma. Uma carta negativa nesta posição
poderia sugerir a passagem de uma situação negativa ou de um modo
negativo de pensar. (BARRETT, 1995, p. 137).

A Leitura Astrológica

1 2 3 4 5 6

7 8 9 10 11 12

Cada uma das cartas será considerada como uma das casas astrológicas e,
para tanto, deverá ser interpretada em relação ao significado da casa em que se
encontra. Poderiam ser dispostas em círculo, no formato de uma carta astrológica, o
que demanda mais espaço para a disposição das cartas. Assim, o formato sugerido
por Barrett (1995) pode ser considerado mais prático.
1ª casa – O consulente, suas características físicas e sua personalidade,
perspectivas, interesses e passatempos. As cartas da Corte indicam auto-
afirmação pó pessoas que podem influenciar a leitura
2ª casa – As finanças, os assuntos monetários, todo tipo de posses ou as
propriedades e a atitude do indivíduo com relação a elas, os recursos
materiais.
3ª casa – Os irmãos, as irmãs, os primos e laços familiares em geral, os
segredos, a formação escolar e os estudos, a comunicação, os vizinhos, as
pequenas viagens, os meios de transporte.
4ª casa – O lar e os locais freqüentados, a terra, o ambiente do consulente,
a figura materna.
5ª casa – Os filhos, os divertimentos, os amores, o jogo, os prazeres e o
entretenimento, as férias, a criatividade, os casos de amor.
6ª casa – O trabalho e a saúde, hospitais, o ambiente e os colegas de
trabalho, os animais domésticos.
7ª casa – Os relacionamentos íntimos, as parcerias, o casamento, os
inimigos, os concorrentes, os assuntos legais.
8ª casa – As finalizações, os empréstimos e as dívidas, presentes recebidos
e as heranças, os investimentos em seguros ou hipotecas, dinheiro de
outras pessoas, crime.
9ª casa – A lei, a religião, o misticismo, a auto-realização, a formação
acadêmica, a atividade intelectual, lecionar, publicidade, viagens longas ou
viagens ao exterior e línguas estrangeiras, estrangeiros, o moralismo, a
consciência, os sonhos.
45

10ª casa – Os superiores, a reputação, o status, os negócios e a carreira, as


aspirações, as ambições, as responsabilidades, a aparência do consulente,
a figura paterna.
11ª casa – Os amigos, as sociedades, os desejos e esperanças, os desfios
intelectuais e os prazeres.
12ª casa – O eu interior, a psique, a necessidade de reclusão, o escapismo,
o auto-sacrifício, as instituições e caridades, as restrições e as decepções
(BARRETT, 1995, p. 138-139).

Leitura Cabalística

A leitura cabalística oferece uma visão da personalidade e de várias áreas da


vida do consulente. As cartas são dispostas segundo a ordem das esferas da árvore
sefirótica, começando pela posição da Sefira Keter (ver ilustração ao final deste
trabalho), e a leitura é realizada na ordem indicada:

3 2

5 4

8 7

10
46

1. Keter – Espiritualidade e desenvolvimento espiritual, o self superior, a


concepção das idéias, os inícios.
2. Hokhmah – A personalidade, a conscientização das idéias, a figura
paterna, os interesses e atividades essencialmente masculinos.
3. Binah – O sofrimento, a figura materna, as atividades femininas e
influências.
4. Hesed – A lei, a justiça, as finanças, os ideais, o planejamento, a
compaixão.
5. Gevurah – A ação, a força, os inimigos e as lutas.
6. Tiferet – O sucesso e a fama, o equilíbrio e a harmonia.
7. Nezah – O amor e o romantismo, as emoções, o potencial artístico.
8. Hod – Os negócios e as comunicações, as línguas, o discurso e a lógica.
9. Yesod – A saúde física e mental, a imaginação, as necessidades e os
impulsos de ordem sexual.
10. Malkhut – O lar e o ambiente familiar, o presente, os bens materiais e o
dinheiro (BARRETT, 1995, p.141).

Apêndice

Osíris - Primeiro filho de Nut e Geb, tem uma pele escura e grande
estatura. Rá deixa o seu trono suntuoso do Egito para Osíris, que desposa a
sua irmã Ísis. E deste palácio em Tebas, eles governam os egípcios. Em
suas mãos, Osíris, leva o cetro e o enxota-moscas, insígnias da realeza. Ele
é considerado o deus do mundo vegetal, e suas cores são a preta, que
representa o renascimento, e o verde, que representa a fecundidade e a
vegetação. O trigo, a vinha, a cevada, foram uma dádiva de Osíris para a
população, pois, ele indicou aos homens, as plantas que serviam para a sua
subsistência.
Osíris organiza a religião, regulamenta o culto e edifica numerosos templos
no Egito. Percorre o mundo, numa conquista pacífica e proveitosa,
acompanhado de Thot e de Anúbis. É denominado Unenefer, "a boa
entidade". Osíris é morto e esquartejado em 14 pedaços, por seu invejoso
irmão Set. Depois de muito tempo e um longo trabalho de Ísis, ajudada por
Néftis, Thot e Anúbis, o deus assassinado, desperta para uma nova vida,
porém jamais voltará à vida terrestre, segue as ordens de Rá, que ele se
tornará o senhor do reino dos mortos. Depois de morrer, Osíris vai morar no
Sol.
Em cada cidade onde é venerado, supera um deus já existente ou assume
as funções desse deus. Assim, em Mênfis é associado a Socáris, deus local
dos mundos subterrâneos, e torna-se deus dos mortos. O culto a Osíris
chega a ofuscar o culto ao Sol, a partir do final da V Dinastia, passa-se a
acreditar que o faraó morto transforma-se em Osíris. No Médio Império,
essa crença estende-se a todos os defuntos, qualquer que seja a sua
origem (SAKALL, 2006).
Ísis - É uma grande maga, tem sabedoria tanto quanto o avô Rá, é
ambiciosa e astuta. O único conhecimento que lhe falta é o verdadeiro nome
de Rá. Ela planejou um esquema contra Rá, onde uma serpente com seu
poderoso veneno causou um mal que atormentava o seu corpo. Ninguém
conseguia curar o poderoso deus, até que Ísis diz que saberia como livrar-
lhe do mal, mas para isso, ela precisaria saber o seu verdadeiro nome.
Conseguiu salvá-lo desse encantamento com palavras mágicas, e
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conseguiu descobrir o que queria, adquirindo assim poderes, onde


transformou-se mais tarde, numa das maiores divindades.
Para os egípcios, o nome próprio não é apenas um rótulo associado ao
indivíduo, tem um significado muitas vezes religioso e chega mesmo a
possuir um poder mágico. Ao saber o nome de uma pessoa, tem-se poder
sobre ela. Essa crença no valor do nome encontra-se no código penal
egípcio. Assim, é possível castigar um delinqüente reduzindo seu nome, ou
até mesmo, para imprimir maior severidade, suprimindo-o. Nesse caso, o
criminoso perde junto com seu nome, toda esperança de vida após a morte.
A deusa Ísis foi objeto de uma admiração fervorosa pelas multidões. Mostra-
se mãe dedicada e compassiva, uma maga protetora das crianças, esposa
fiel (mesmo depois da morte do marido), e também sensível às tristezas
humanas, sendo capaz de compartilhá-las. Segundo a mitologia egípcia, a
história de Ísis começa quando ela e seu irmão e marido Osíris, vivem entre
os homens, reinando sobre todo o Egito, com grande sabedoria. O irmão
Set, mata e esquarteja Osíris. Pouco depois da morte de Osíris, Ísis tem um
filho, Hórus, destinado a proteger o Egito Antigo como deus supremo, o
grande deus do Sol nascente.
Ísis sai então pelo Egito, juntando os pedaços do irmão morto, até que
reconstitui seu corpo. A deusa faz muitos encantamentos, pronuncia
palavras sagradas, dispõe amuletos sobre a múmia, e finalmente Ísis e
Néftis agitam suas grandes asas sobre o corpo inanimado, onde os olhos de
Osíris abrem-se. O deus assassinado desperta para uma nova vida, porém,
jamais voltará à vida terrestre, segue as ordens de Rá. Depois de morrer,
Osíris vai morar no Sol, e Ísis na Lua, dai adivindo a crença de que as
chuvas torrenciais, que caem por influência lunar, são na realidade o pranto
de Ísis por seu irmão e amante. Ísis é a deusa egípcia da natureza, que traz
as cheias do rio Nilo, após as quais a terra se torna mais fértil. (O Templo de
Ísis, fica na ilha de Agilka) (SAKALL, 2006).
Hórus - (ou Heru-sa-Aset ou Her'ur ou Hrw ou Hr ou Hor-Hekenu) era o
deus egípcio do céu, filho de Osíris e Ísis. Tinha cabeça de falcão e seus
olhos representavam o sol e a lua. Matou Seth e tornou-se o rei dos vivos
no Egito. Perdeu um olho lutando com Seth, considerado o famoso olho de
Hórus,originalmente connhecido como o Olho de Rá, que foi um dos
amuletos mais usados no Egito em todas as épocas. Segundo a lenda de
Osíris, na sua vingança, Seth arrancou o olho esquerdo de Hórus que foi
substituído por este amuleto. Depois da sua recuperação, Hórus pôde
organizar novos combates que o levaram à vitória decisiva sobre Seth. O
Olho de Hórus simbolizava poder real. Os antigos acreditavam que este
símbolo de indestrutibilidade poderia auxiliar no renascimento, em virtude de
suas crenças sobre a alma (WIKIPEDIA, s.d.).
Toth, Tot, Tôt ou Thoth - é o nome em grego de Djehuty, um deus
pertencente ao panteão egípcio, deus da sabedoria um deus cordato, sábio,
assistente e secretário-arquivista dos deuses. É uma divindade lunar (o
deus da Lua) que tem a seu cargo a sabedoria, a escrita, a aprendizagem, a
magia, a medição do tempo, entre outros atributos. Era freqüentemente
representado como um escriba com cabeça de íbis (a ave que lhe estava
consagrada). Também era representado por um babuíno. A importância
desta divindade era notória, até porque o ciclo lunar era determinante em
vários aspectos da atividade civil e religiosa da sociedade egípcia. É, por
vezes, identificado com Hermes Trismegisto. Sua filiação ora é atribuída a
Rá, ora a Seth. Refere-se também que seria conselheiro de Rá. Sua
companheira íntima, Astennu, é por vezes identificada com o próprio Toth .
Tinha uma filha: Seshat (WIKIPEDIA, s.d.).
Hermes Trismegistus - é a expressão em latim para "Hermes o Três-
Vezes-Grande" derivado do grego Ερμης ο Τρισμεγιστος. Ele foi um
personagem histórico ou mítico do antigo Egito. Em seu aspecto mítico ele
foi uma deidade sincrética que combinava aspectos do deus grego Hermes
e do deus egípcio Thoth.
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Hermes foi considerado, no Egito Helenístico, o Mensageiro dos Deuses,


por ter transmitido os seus ensinamentos a este grande povo da antigüidade
e ter implantado a tradição sagrada, os rituais sagrados, e os ensinamentos
das artes e ciências em suas escolas da sabedoria.
Thot, por seu lado, simbolizava a lógica organizada do universo, estando
relacionado aos ciclos lunares a qual em suas fases expressa a harmonia
do universo. Também era considerado como deus do verbo e da sabedoria
e foi naturalmente identificado com Hermes.
A Hermes Trismegistus foi atribuída a escrita de 42 livros sobre medicina, a
astronomia, a astrologia, a botânica, a agricultura, a geologia, as
matemáticas, a música, a arquitetura, a ciência política. Entre eles se
encontra "O Livro dos Mortos" que é também chamado de "O Livro da Saída
da Luz", a coleção literárica conhecida como Corpus Hermeticum, e é-lhe
também atribuído o mais famoso texto alquímico, a "Tábua de Esmeralda"
(WIKIPEDIA, s.d.).

Árvore Sefirótica
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Bibliografia

MEBES, G. O. Os arcanos menores do Tarô: seu simbolismo, suas iniciações e


seus passos para a realização espiritual. Tradução Marta Pecher. São Paulo:
Pensamento, 1990.
PAPUS Tarô dos Boêmios. Tradução Norberto de Paula Lima. 3. ed. São Paulo:
Ícone, 2003.
SAKALL, S. Mitologia egípcia. [S.l.: s.n], 2006. Disponível
em:<http://www.sergiosakall.com.br/africano/materia_egitomitologia.html>. Acesso em 23 Abril
2007.
WIKIPEDIA Mitologia Egípcia. [S.l.: s.n], s.d. Disponível
em:<http://pt.wikipedia.org/wiki/H%C3%B3rus>. Acesso em 23 Abril 2007.
WIKIPEDIA Hermes Trismegistus. [S.l.: s.n], s.d. Disponível
em:<http://pt.wikipedia.org/wiki/Hermes_Trismegistos>. Acesso em 23 Abril 2007.

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