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Axiologia do Direito Filosofia do

Direito 2023-2024

INDICE

INTRODUÇÃO............................................................................................................................3

2. A AXIOLOGIA DO DIREITO ….............................................................................…..…....4

2.1 Origem etimológica e conceito de axiologia do direito ……………..….................…..…4

2.2 A compreensão da axiologia do direito como direito dos valores ……………...……....5

2.3 A importância dos valores (axiologia) para os direitos do homem.…………………....7

2.4 Principais teorias que explicam a natureza do valor (axiologia) .………...…………....8

2.5 A importância da Axiologia do direito………………………………….........................10

CONCLUSÕES………………. …………………………...…….……………………………13

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ………………. …………………………...…….……14

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Axiologia do Direito Filosofia do
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INTRODUÇÃO

O presente trabalho, subordina-se ao tema, Axiologia do direito.

Para Sérgio Alves Gomes (2008, p. 57) citado por Bento at al (2022), “o Direito é
eminentemente axiológico”, isto é, pelo ideal da adequação das normas actuais aos valores
consagrados nas regras internacionais e na constituição, é o da axiologia jurídica ou do
direito, do estudo e da aplicação dos verdadeiros padrões assumidos mundialmente, tanto na
elaboração de novas leis, quanto na interpretação e na formação jurídica, na orientação do agir
em sociedade.

Todo o processo de preparação, promulgação, interpretação das normas jurídicas,


apesar de muitos percalços historicamente e doutrinalmente reconhecidos, deve sempre estar
atenta para a teoria dos valores, para a observância dos preceitos conscientemente escolhidos
como os adequados para regular a sociedade moderna.

Ao realizarmos a presente pesquisa, debatemo-nos com varias questões, tais como:


Qual é a origem etimológica e conceito de axiologia do direito, que compreensão se tem da
axiologia do direito como direito dos valores bem como a importância dos valores (axiologia)
para os direitos do homem.

Deste modo, o trabalho tem por objectivo compreender a axiologia do direito. Para tal,
precisou-se investigar e compreender diferentes doutrinas e pontos de vistas convergentes e
divergentes sobre a temática em estudo.

Como metodologia para a elaboração deste trabalho, escolheu-se a pesquisa


bibliográfica, onde analisou-se uma série de meios a nossa disposição, desde livros, Internet
(sites) e outros.

Esta pesquisa é importante porque nos permitirá compreender a axiologia do direito


como uma das chaves para a interpretação e actualização das normas jurídicas em qualquer
contexto social em que se quer normas que respeitem os valores éticos e sociais, e no caso de
angola, é extremamente importante que haja essa conexão e valorização da axiologia do
direito no processo de construção e aplicação das normas.

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2. A AXIOLOGIA DO DIREITO

Segundo Miguel Reale (1999, p. 9) citado por Bento at al (2022), a Filosofia do


Direito é a própria Filosofia, que se importa com a realidade, que é a “realidade jurídica”,
“que se preocupa com algo que possui valor universal, a experiência histórica e social do
direito”.
As pessoas e os detentores do poder podem adoptar normas e condutas que estariam,
em tese, sustentadas por supostos “valores”, mas cujo objectivo transparente é o de aniquilar
direitos, ou de impor o autoritarismo, ou outras finalidades absolutamente questionáveis.
(ROCHA, 2013) citado por Bento at al (2022).

De acordo com o professor Hélio Capel, se o direito é essencialmente uma ciência


“normativa” e a estrutura lógica de toda proposição jurídica é um dever-ser, coloca-se
naturalmente a pergunta: qual a direcção ou o ideal visado pela norma? Qual o valor
fundamental que orienta esse dever-ser?

Além disso, a noção de “princípios gerais do direito” a que devem, a cada momento,
recorrer o juiz e os demais aplicadores da lei, corresponde fundamentalmente aos princípios
de “justiça”. Mas, o que é justiça? Quais as suas características, sua natureza, suas espécies,
seu fundamento? E os demais valores jurídicos - a segurança, o interesse social, a ordem, o
bem comum? É esse um antigo e complexo tema. Seu estudo recebe modernamente os nomes
de axiologia jurídica, teoria dos valores jurídicos, deontologia jurídica, estimativa jurídica,
etc.

2.1 Origem etimológica e conceito de axiologia do direito

A palavra axiologia vem do grego “axiós” que significa apreciação, estimativa.

A axiologia é um ramo da filosofia que se dedica a estudar os valores e que é definida


como sendo: o estudo da natureza dos valores jurídicos primordiais para a sociedade, é
também o estudo dos valores jurídicos que têm na base a justiça.

De acordo com Fermentão & Lessa (2020), o estudo sobre valores teve sua génese,
aproximadamente em 400a.C, com Sócrates, corroborando com o período áureo da Filosofia,
tornando-se um dos pais da Filosofia. A axiologia é tão antiga quanto à existência humana. Na
Antiguidade Clássica os gregos entendiam que axios poderia ser explicado por aquilo que tem

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valor, aquilo que possui dignidade para ser estimado, mas nunca mensurado. Assumindo,
pois, a importância do valor na história.

Com o intuito de entender sobre os valores humanos desde seu nascimento até o
momento onde se vê o processo sócio histórico mais desenvolvido, é necessário captar sobre a
constituição do que entendia-se sobre o homem grego, uma vez que a civilização grega era
considerada, tanto, de suma importância no que tange o meio da educação, mas também “[...]
não é só o espelho onde reflecte o mundo moderno na sua dimensão cultural e histórica ou um
símbolo da sua autoconsciência racional” (Jaeger, 2013, p. 7), citado por Fermentão & Lessa
(2020).

Os valores são percebidos para garantir direitos ao cidadão comum, como a dignidade
da pessoa humana a resolução de colisões através da proporcionalidade e a forte estruturação
social dos direitos fundamentais.

É compreensível afirmar que aquilo valorizado por determinada comunidade humana


em sua cultura e evolução histórica tornam-se importantes fundamentos, norma ou princípios
úteis para a ordenação da vida social em conjunto.

O direito não pode ser interpretado de forma única, para isso a importância da
hermenêutica jurídica, e, o mesmo precisa ser aplicado, assim, para que haja a aplicabilidade
coerente, é necessário a associação da interpretação do direito aos valores. Independente da
época em que tal ato acontecerá, é sabido que um novo valor substituirá o anterior com a
evolução social, gerando um novo direito.

Dessa forma, é possível compreender que a interpretação axiológica é utilizada pelos


juristas para entender os valores que levaram a criação e função de uma norma jurídica
baseando-se na compreensão das situações sociais e a necessidade de uma determinada
sociedade.

2.2 A compreensão da axiologia do direito como direito dos valores

Para Fermentão & Lessa (2020), desde os tempos remotos a história da evolução do
homem e da sociedade tem reflexos no desenvolvimento dos valores. Estes corroboram com a
construção da consciência humana.

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No entanto, os princípios proporcionam conceber não apenas a distinção entre o bem


e o mal, mas também um método para a construção de um ideal almejado.

Desta forma, os valores morais e sociais são basilares para o homem, tanto nos
costumes, na cultura e outros sectores da vida social, e estes nascem como resultados de crises
que elevam a consciência humana.

Fermentão & Lessa (2020), acrescenta ainda que “Os valores surgem no interior de um
grupo social, isso demonstra a importância e a relevância de compreender que o valor aceite
pelo homem está relacionado ao valor social, onde o mesmo fixou as suas raízes.

Os costumes de determinada sociedade estruturam os valores interiores do homem que


nela vive, podendo ser entendido que dos valores morais e sociais se estruturam aos direitos
personalíssimos da pessoa integrante em tal grupo social. A axiologia, também chamada de
filosofia dos valores, e o valor possui uma grande importância na seara jurídica. Fermentão &
Lessa (2020).

Em primeiro lugar, há de se atentar que o direito é um dos grandes norteadores da vida


em sociedade, associada com inúmeras outras áreas, como, a evolução da sociedade, a ética, a
cultura, e os valores.

É por meio da consciência humana valorativa que o homem entende o mundo em que
vive. A apreciação axiológica administra segundo Fermentão & Lessa (2020), a interpretação
jurídica por meio da hermenêutica, e o propósito fulcral é a análise do valor.

A conjuntura axiológica, como um dado cultural condicionador na circulação do


direito, orienta a evolução histórica.

Os valores, podem ser considerados como propriedade do tecido das representações


sociais, caracterizando-se como instituídos e instituintes da formação histórica do homem da
sociedade.

Desta forma os valores são tidos como norte das opções de escolhas interligadas aos
conhecimentos concebidos e também por meio de representações sociais, mas também
possuem força que impulsiona os conhecimentos e reorganizam aqueles saberes provindos da
experiência.

Assim, de acordo com Lucília Bastos citado por Fermentão & Lessa (2020), a filosofia
dos valores é considerado um estudo relativamente novo, mas com algumas correntes
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principais que valem ser destacadas: o psicologismo axiológico compõe a primeira, destaca
que os valores podem ser levados pelo relativismo e subjectivismo, afinal conforme a
vivência, os valores podem ser experimentados;

A segunda é composta pelo cosmologismo, onde o valor é tido como uma


determinação unicamente do ser;

Já a terceira corrente é composta pelo Neokantismo, o que possui valor ou validade é


inserido aqui, na qual a ordem real do ser distingue-se da ordem ideal, e passa a constituir
uma esfera de coisas que valem; e para finalizar, o ontologismo preenche a quarta corrente,
tido como a coisificação dos valores, ou seja, valores não determinam o modo de

2.3 A importância dos valores (axiologia) para os direitos do homem

É da essência do próprio ser humano conhecer e querer, mas também lhe é intrínseco o
acto de valorar. Valora-se tudo, e não é possível viver a vida sem proferir constantemente
juízos de valor. Para Reale (2002) citado por Fermentão & Lessa (2020), a escolha de algo e
consequentemente a existência de um sentido só é possível por conta do valor, é por meio
deste que aqueles são acarretados.

Para Fermentão & Lessa (2020), é certo dizer que apenas o homem é passível de
valores e por esta razão que a axiologia é válida, sendo que viver - em outras palavras - é
escolher seu posicionamento diante de valores, aplicando em sua vida à medida que estes vão
engrandecendo a personalidade pessoal ao dar valor ao que se tem ao redor, como aos
objectos, aos outros seres humanos e também ao seu próprio eu.

O homem considerando o mundo por meio de perspectivas valorativas incidirá no


direito, efeito da cultura humana, indubitavelmente congruente com os valores. Portanto, os
valores são fundantes para a formação do Direito e este é consequência de uma polaridade,
uma vez que se concretizando elementos axiológicos, satisfazendo ou não as propensões
humanas, logrando ou não triunfo, a intenção é de estar sendo concretizados os valores
positivos.

Em outras palavras, é importante lembrar que os valores são a essência do Direito,


contidos nos sistemas jurídicos por meio de normas. No entendimento de Norberto Bobbio “a
filosofia do direito pode, consequentemente, ser definida como o estudo do direito do ponto
de vista de um determinado valor, com base no qual se julga o direito passado e se procura
influir no direito vigente” (BOBBIO, 1995, p. 138) citado por Fermentão & Lessa (2020).
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Os valores geram o Direito, e este tem como objectivo proteger a vida em sociedade,
levando-a a uma harmonia social. Assim, é imprescindível estudar os valores, pois as normas
são a efectivação do valor.

Os valores humanos atuam na dignidade humana e na ética da pessoa e neste ínterim


são os direitos da personalidade que tutelam aquilo que se entendem sobre os valores da
essência humana: sua dignidade. O direito, além de efectivar valores, também estabelece
acerca deles, ou seja, o direito tem como um dos seus componentes o valor.

O homem sempre estará concedendo valor a tudo a seu redor, sendo que viver sempre
preiteará “ato de criação de meios que viabilizem a existência; a criatividade é selectiva,
discriminadora, pois o homem procura desvencilhar-se do que lhe parece o mal e realizar o
que lhe parece o bem” (NADER, 2019, s/p) .

a acção humana, enquanto objecto cultural gera o valor, desta forma, o direito sempre
terá um juízo de valor ao disciplinar as acções humanas e seus relacionamentos, para tal, é
necessário uma base ética.

Assim, não há dúvidas de que os valores, se tratam de fundamentos sociais e


culturais, e são flexíveis, passíveis de alteração conforme as próprias mudanças e avanços da
sociedade. As gerações são actualizadas, são transformadas, são modernizadas e com isso,
não se pode olvidar de que sempre estarão procurando alterações para adoptar melhores
métodos de vida. Os princípios se caracterizam em verdades e juízos fundantes são a base
para um emaranhado de juízos.

2.4 Principais teorias que explicam a natureza do valor (axiologia)

Actualmente, uma das principais discussões da Axiologia é acerca da natureza do


valor. O valor é objectivo ou subjectivo.

Para se saber, é necessário responder a árdua pergunta “As coisas têm valor porque as
desejamos ou as desejamos porque elas têm valor em si mesmas?” Nogueira (s/d)

Neste debate entre as teorias objectivas e subjectivista, Reale, citado por Nogueira
(s/d) adopta a posição objectivista, segundo a qual, os valores não são meras projecções das
preferências individuais, pois quando chegamos ao mundo já encontramos estabelecida uma
tábua de valores, pelo que, não criamos nossos valores, mas sim assimilamos os valores
estabelecidos por um sujeito histórico (que está perfeitamente situado no tempo e no espaço).

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Características dos valores

É importante ressaltar que não há definição de valor, assim como não se define
objecto, pois se trata de “categorias básicas, excessivamente amplas que não comportam
definição”. No entanto, embora não se possa defini-lo, é possível traçar características
fundamentais -historicidade, bipolaridade, realizabilidade, inesgotabilidade, implicação
recíproca, referibilidade, preferibilidade que muito esclarecem acerca da natureza do valor

Diga-se, ainda segundo Nogueira (s/d), que tais características foram extraídas do
pressuposto de que os valores possuem ligação especial na teoria dos valores, já que “o valor
não é nenhum dos objectos referidos ao ser, nem naturais nem ideais; é um ente que possui
suas próprias condições de cognoscibilidade, de onde surge a configuração autónoma da
axiologia”.
Assim, as características aparecem clarificadas por Nogueira (s/d) da seguinte forma:

 Historicidade, como já foi mencionado a forma complexa do valor, este tem uma
forma lógica (ideal) que recebe o conteúdo no seio na História. Isto significa, em
última análise, que as concepções éticas, estéticas ora vigentes são alteradas, pois
recebem diferentes conteúdos no decorrer da História. Para comprová-lo, basta atentar
que na Antiguidade, o justo poderia ser a formulação de Hamurábi „olho por olho,
dente por dente‟, ideia que hoje as concepções éticas não mais toleram.

 Bipolaridade, todo valor tem duas faces. A todo valor corresponde o seu desvalor, ou
seja, o Justo contrapõe-se ao Injusto, o Belo ao Feio, o Bem ao Mal, de modo que um
valor só se torna compreensível junto ao seu desvalor. Por exemplo, não é possível
compreender a beleza, sem a feiúra.

 Realizabilidade, os valores são passíveis de serem realizados, concretizados. São


entes parasitários que “não podem viver sem apoiar-se em objectos reais”, por
exemplo, o valor ético realiza-se numa conduta humana.

 Inesgotabilidade, justamente porque os valores tendem a se agregarem coisas,


realizando-se, os valores têm a característica de serem inesgotáveis, inexauríveis. Isto
implica que, por mais que uma determinada obra concretize o valor determinado, ele
jamais se esgotará.

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 Implicação Recíproca, esta característica diz que a realização de um valor interfere


na realização de outro. Desta forma, caso uma conduta realize o valor económico (útil)
em grande escala, muito provavelmente, estará afectando a realizando de outros
valores, o Justo, a Ordem, a Segurança.

 Referibilidade, „o valor implica sempre um posicionamento do homem perante algo e


para alguém‟. Por esta razão, Reale compara os valores como „entidades vectoriais‟,
de acordo com a terminologia utilizada por Wolfgang Kohler, porque „eles apontam
sempre num sentido, numa direcção reconhecida como fim‟.

Para Nogueira (s/d), devido a esta característica, transformam-se em „factores


determinantes da conduta humana‟, porque somente o espírito é entendido como vivência
perene de valores: Viver é posicionar-se perante os valores e integrá-los em nosso mundo, só
o homem é capaz de valores e somente em razão do homem é possível a realidade axiológica”.

 Preferibilidade, a preferibilidade torna possível a preferência de um valor, em


detrimento do outro, na sua realização. Isto é, claro ao observar.

 Possibilidade de graduação hierárquica, se é possível preferir valores em sua


realização, também é possível organizá-lo numa lista hierárquica que costumamos dar
o nome de tábua de valores

2.5 A importância da Axiologia do direito

A axiologia do direito assume grande importância no estudo do valor para saber que o
valor é o grande norteador das condutas, porque toda vez em que há uma escolha, o critério
definidor é sempre a realização do valor, pois, como já foi dito inúmeras vezes neste trabalho,
toda conduta humana visa à concretização de valores.

Por isso, para o Direito, o estudo do valor é imprescindível, porque a norma jurídica
(objecto material do Direito, que independe da corrente teórica que se adopte) nada mais que
a realização de valor.

A norma jurídica concretiza valor. Isso porque o nascimento da norma é marcado por
uma opção (como as pessoas devem comportar-se, esta é a finalidade do Direito) entre várias
condutas possíveis, a escolha de uma delas implica num ato de valoração, segundo o qual, o
legislar preferirá um valor em detrimento de outro.

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Portanto, há a necessidade de uma compreensão adequada dos valores, enquanto


fundamento último da realidade humana, porque são eles que, em última instância, orientam a
conduta em diferentes direcções, de cuja interacção e resultado surge o mundo histórico-
cultural, que é realidade para o homem.

2.6 Normas axiologicamente neutras e negativas

A distinta natureza axiológica das normas aqui retratadas conduz-nos à possibilidade


de fazer ressaltar certas diferenciações nas condutas praticadas pelo homem.

Desde logo, podemos afirmar que uma norma axiologicamente neutra é susceptível de
um acatamento forçado por parte dos destinatários, por se encontrarem esvaziadas de qualquer
valoração moral. Estas condutas são, assim, potencialmente actiones ex lege, reconhecendo-
se, aqui, em bom rigor, um enfraquecimento da espontaneidade volitiva no seu acatamento.

Para Afonso (2011), a valoração e a imperatividade normativas são instituídas pela


mão do legislador. A estas normas, ele pode dar o conteúdo que lhe aprouver, ainda que a
validade do preceito esteja um tanto quanto refém da efectividade da vida do povo e da
aceitabilidade mínima que este lhe reconheça.

De facto, apesar de axiologicamente neutras, estas normas não podem afastar-se, em


demasia, de determinados ideais de justiça, sob pena de nos conduzirem a leis arbitrárias, ou
até criminosas.

E mesmo que uma lei seja injusta, a violação da justiça não pode alcançar um
grau de intolerabilidade, sob pena da regra tomar-se, na verdade, em ausência de
Direito. Poderíamos dizer agora, como já o fizemos há pouco, que, ainda que
axiologicamente neutras, estas regras podem contar com a adesão espontânea dos seus
destinatários. E podemos, de facto, mas isto não faz do comportamento humano um
acto de verdadeira vontade, um imaculado querer e agir. Afonso (2011)

Como vimos, direito contenta-se com a conduta exterior, estando sempre aberto à
coacção. Ainda que a pessoa adira espontaneamente à norma, não deixa por isso de submeter
o seu comportamento à lei, por inexistir qualquer referência consciencial.

Já o comportamento moral não se obtém à força. O sentimento do dever e da


responsabilidade são elementos essenciais para que se reconheça uma conduta
incondicionada, que intimamente nasça da personalidade moral.

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Perante normas axiologicamente negativas, age-se por respeito à lei moral, por causa
da consciência e da noção de dever, ainda que se deva reconhecer que a sanção jurídica possa
desempenhar o seu papel dissuasor quando a obediência da pessoa à ordem moral falhe.

Quando todos os meios falham, entra então o poder de coacção do preceito jurídico,
umas vezes para garantia da sua imposição, outras vezes — por exemplo, quando o bem
tutelado pelo Direito seja irreparável - para, simplesmente, exercer a aplicação da sanção.

Parece-nos, portanto, de grande conveniência guarnecer uma norma jurídica com um


mínimo ético. Podemos, até, encarara moral como uma realidade capaz de conferir mais força
ao preceito jurídico, permitindo-se o cumprimento legal extremamente e satisfazendo-se a
conveniência de uma atitude de obediência interna (consciencial), de genuína vontade.

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CONCLUSÃO

No presente trabalho foi apresentada uma breve investigação e apresentação sobre a


temática Axiologia do Direito.

Começamos por compreender de uma forma generalizada a axiologia do direito,


origem etimológica e conceito de axiologia do direito, a compreensão da axiologia do direito
como direito dos valores

Ficou claramente evidenciado que A axiologia é importante para a filosofia e muito


nobre a ela, afinal, apenas por meio daquela que há possibilidades de alcançar terreno sólido
para uma renovação da cultura ou quem sabe a elaboração de uma nova cultura com
dimensões cada vez mais solidárias,

(Mondin, 1980) citado por Fermentão & Lessa (2020), assegura que o valor não é um
ser em si, muito menos um querer bom ou mau, porém é algo que vem e se institui na
subjetividade na relação do ser com as coisas ou mundo, ou consigo mesmo, ou ainda na
sociedade em que está inserido, uma vez que “o homem é a fonte de todos os valores porque é
inerente é sua essência valorar, criticar, julgar tudo aquilo que lhe é apresentado, seja no plano
da acção ou no do conhecimento.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

- AFONSO, João José Rodrigues, Proibições de Consciência: Normas


Axiologicamente Negativas. Revista de Economia e Direito, Vol. XVI, n.° 2, 2011,pp. 7-37

- BENTO, Flávio at al. Axiologia Jurídica: Necessidade de Actualização da


Legislação e da Correta interpretação Conforme os Valores Constitucionais, REVISTA
JURÍDICA EM TEMPO v. 22 n. 02 (2022)

- FERMENTÃO, Cleide A. G. Rodrigues & Lessa KARYTA, Muniz de Paiva. A


Construção Axiológica e sua Aplicabilidade para o Direito da Personalidade, REVISTA
MERITUM • v.15 • n.2 • p. 68-81 • Maio/Ago. 2020

- NOGUEIRA, Vanessa Fabiula Pancioni. (s/d), Axiologia: apontamentos sobre o


valor - PUC-Campinas

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