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Direito 2023-2024
INDICE
INTRODUÇÃO............................................................................................................................3
CONCLUSÕES………………. …………………………...…….……………………………13
INTRODUÇÃO
Para Sérgio Alves Gomes (2008, p. 57) citado por Bento at al (2022), “o Direito é
eminentemente axiológico”, isto é, pelo ideal da adequação das normas actuais aos valores
consagrados nas regras internacionais e na constituição, é o da axiologia jurídica ou do
direito, do estudo e da aplicação dos verdadeiros padrões assumidos mundialmente, tanto na
elaboração de novas leis, quanto na interpretação e na formação jurídica, na orientação do agir
em sociedade.
Deste modo, o trabalho tem por objectivo compreender a axiologia do direito. Para tal,
precisou-se investigar e compreender diferentes doutrinas e pontos de vistas convergentes e
divergentes sobre a temática em estudo.
2. A AXIOLOGIA DO DIREITO
Além disso, a noção de “princípios gerais do direito” a que devem, a cada momento,
recorrer o juiz e os demais aplicadores da lei, corresponde fundamentalmente aos princípios
de “justiça”. Mas, o que é justiça? Quais as suas características, sua natureza, suas espécies,
seu fundamento? E os demais valores jurídicos - a segurança, o interesse social, a ordem, o
bem comum? É esse um antigo e complexo tema. Seu estudo recebe modernamente os nomes
de axiologia jurídica, teoria dos valores jurídicos, deontologia jurídica, estimativa jurídica,
etc.
De acordo com Fermentão & Lessa (2020), o estudo sobre valores teve sua génese,
aproximadamente em 400a.C, com Sócrates, corroborando com o período áureo da Filosofia,
tornando-se um dos pais da Filosofia. A axiologia é tão antiga quanto à existência humana. Na
Antiguidade Clássica os gregos entendiam que axios poderia ser explicado por aquilo que tem
valor, aquilo que possui dignidade para ser estimado, mas nunca mensurado. Assumindo,
pois, a importância do valor na história.
Com o intuito de entender sobre os valores humanos desde seu nascimento até o
momento onde se vê o processo sócio histórico mais desenvolvido, é necessário captar sobre a
constituição do que entendia-se sobre o homem grego, uma vez que a civilização grega era
considerada, tanto, de suma importância no que tange o meio da educação, mas também “[...]
não é só o espelho onde reflecte o mundo moderno na sua dimensão cultural e histórica ou um
símbolo da sua autoconsciência racional” (Jaeger, 2013, p. 7), citado por Fermentão & Lessa
(2020).
Os valores são percebidos para garantir direitos ao cidadão comum, como a dignidade
da pessoa humana a resolução de colisões através da proporcionalidade e a forte estruturação
social dos direitos fundamentais.
O direito não pode ser interpretado de forma única, para isso a importância da
hermenêutica jurídica, e, o mesmo precisa ser aplicado, assim, para que haja a aplicabilidade
coerente, é necessário a associação da interpretação do direito aos valores. Independente da
época em que tal ato acontecerá, é sabido que um novo valor substituirá o anterior com a
evolução social, gerando um novo direito.
Para Fermentão & Lessa (2020), desde os tempos remotos a história da evolução do
homem e da sociedade tem reflexos no desenvolvimento dos valores. Estes corroboram com a
construção da consciência humana.
Desta forma, os valores morais e sociais são basilares para o homem, tanto nos
costumes, na cultura e outros sectores da vida social, e estes nascem como resultados de crises
que elevam a consciência humana.
Fermentão & Lessa (2020), acrescenta ainda que “Os valores surgem no interior de um
grupo social, isso demonstra a importância e a relevância de compreender que o valor aceite
pelo homem está relacionado ao valor social, onde o mesmo fixou as suas raízes.
É por meio da consciência humana valorativa que o homem entende o mundo em que
vive. A apreciação axiológica administra segundo Fermentão & Lessa (2020), a interpretação
jurídica por meio da hermenêutica, e o propósito fulcral é a análise do valor.
Desta forma os valores são tidos como norte das opções de escolhas interligadas aos
conhecimentos concebidos e também por meio de representações sociais, mas também
possuem força que impulsiona os conhecimentos e reorganizam aqueles saberes provindos da
experiência.
Assim, de acordo com Lucília Bastos citado por Fermentão & Lessa (2020), a filosofia
dos valores é considerado um estudo relativamente novo, mas com algumas correntes
UNIVERSIDADE METODSITA DE ANGOLA 6
Axiologia do Direito Filosofia do
Direito 2023-2024
principais que valem ser destacadas: o psicologismo axiológico compõe a primeira, destaca
que os valores podem ser levados pelo relativismo e subjectivismo, afinal conforme a
vivência, os valores podem ser experimentados;
É da essência do próprio ser humano conhecer e querer, mas também lhe é intrínseco o
acto de valorar. Valora-se tudo, e não é possível viver a vida sem proferir constantemente
juízos de valor. Para Reale (2002) citado por Fermentão & Lessa (2020), a escolha de algo e
consequentemente a existência de um sentido só é possível por conta do valor, é por meio
deste que aqueles são acarretados.
Para Fermentão & Lessa (2020), é certo dizer que apenas o homem é passível de
valores e por esta razão que a axiologia é válida, sendo que viver - em outras palavras - é
escolher seu posicionamento diante de valores, aplicando em sua vida à medida que estes vão
engrandecendo a personalidade pessoal ao dar valor ao que se tem ao redor, como aos
objectos, aos outros seres humanos e também ao seu próprio eu.
Os valores geram o Direito, e este tem como objectivo proteger a vida em sociedade,
levando-a a uma harmonia social. Assim, é imprescindível estudar os valores, pois as normas
são a efectivação do valor.
O homem sempre estará concedendo valor a tudo a seu redor, sendo que viver sempre
preiteará “ato de criação de meios que viabilizem a existência; a criatividade é selectiva,
discriminadora, pois o homem procura desvencilhar-se do que lhe parece o mal e realizar o
que lhe parece o bem” (NADER, 2019, s/p) .
a acção humana, enquanto objecto cultural gera o valor, desta forma, o direito sempre
terá um juízo de valor ao disciplinar as acções humanas e seus relacionamentos, para tal, é
necessário uma base ética.
Para se saber, é necessário responder a árdua pergunta “As coisas têm valor porque as
desejamos ou as desejamos porque elas têm valor em si mesmas?” Nogueira (s/d)
Neste debate entre as teorias objectivas e subjectivista, Reale, citado por Nogueira
(s/d) adopta a posição objectivista, segundo a qual, os valores não são meras projecções das
preferências individuais, pois quando chegamos ao mundo já encontramos estabelecida uma
tábua de valores, pelo que, não criamos nossos valores, mas sim assimilamos os valores
estabelecidos por um sujeito histórico (que está perfeitamente situado no tempo e no espaço).
É importante ressaltar que não há definição de valor, assim como não se define
objecto, pois se trata de “categorias básicas, excessivamente amplas que não comportam
definição”. No entanto, embora não se possa defini-lo, é possível traçar características
fundamentais -historicidade, bipolaridade, realizabilidade, inesgotabilidade, implicação
recíproca, referibilidade, preferibilidade que muito esclarecem acerca da natureza do valor
Diga-se, ainda segundo Nogueira (s/d), que tais características foram extraídas do
pressuposto de que os valores possuem ligação especial na teoria dos valores, já que “o valor
não é nenhum dos objectos referidos ao ser, nem naturais nem ideais; é um ente que possui
suas próprias condições de cognoscibilidade, de onde surge a configuração autónoma da
axiologia”.
Assim, as características aparecem clarificadas por Nogueira (s/d) da seguinte forma:
Historicidade, como já foi mencionado a forma complexa do valor, este tem uma
forma lógica (ideal) que recebe o conteúdo no seio na História. Isto significa, em
última análise, que as concepções éticas, estéticas ora vigentes são alteradas, pois
recebem diferentes conteúdos no decorrer da História. Para comprová-lo, basta atentar
que na Antiguidade, o justo poderia ser a formulação de Hamurábi „olho por olho,
dente por dente‟, ideia que hoje as concepções éticas não mais toleram.
Bipolaridade, todo valor tem duas faces. A todo valor corresponde o seu desvalor, ou
seja, o Justo contrapõe-se ao Injusto, o Belo ao Feio, o Bem ao Mal, de modo que um
valor só se torna compreensível junto ao seu desvalor. Por exemplo, não é possível
compreender a beleza, sem a feiúra.
A axiologia do direito assume grande importância no estudo do valor para saber que o
valor é o grande norteador das condutas, porque toda vez em que há uma escolha, o critério
definidor é sempre a realização do valor, pois, como já foi dito inúmeras vezes neste trabalho,
toda conduta humana visa à concretização de valores.
Por isso, para o Direito, o estudo do valor é imprescindível, porque a norma jurídica
(objecto material do Direito, que independe da corrente teórica que se adopte) nada mais que
a realização de valor.
A norma jurídica concretiza valor. Isso porque o nascimento da norma é marcado por
uma opção (como as pessoas devem comportar-se, esta é a finalidade do Direito) entre várias
condutas possíveis, a escolha de uma delas implica num ato de valoração, segundo o qual, o
legislar preferirá um valor em detrimento de outro.
Desde logo, podemos afirmar que uma norma axiologicamente neutra é susceptível de
um acatamento forçado por parte dos destinatários, por se encontrarem esvaziadas de qualquer
valoração moral. Estas condutas são, assim, potencialmente actiones ex lege, reconhecendo-
se, aqui, em bom rigor, um enfraquecimento da espontaneidade volitiva no seu acatamento.
E mesmo que uma lei seja injusta, a violação da justiça não pode alcançar um
grau de intolerabilidade, sob pena da regra tomar-se, na verdade, em ausência de
Direito. Poderíamos dizer agora, como já o fizemos há pouco, que, ainda que
axiologicamente neutras, estas regras podem contar com a adesão espontânea dos seus
destinatários. E podemos, de facto, mas isto não faz do comportamento humano um
acto de verdadeira vontade, um imaculado querer e agir. Afonso (2011)
Como vimos, direito contenta-se com a conduta exterior, estando sempre aberto à
coacção. Ainda que a pessoa adira espontaneamente à norma, não deixa por isso de submeter
o seu comportamento à lei, por inexistir qualquer referência consciencial.
Perante normas axiologicamente negativas, age-se por respeito à lei moral, por causa
da consciência e da noção de dever, ainda que se deva reconhecer que a sanção jurídica possa
desempenhar o seu papel dissuasor quando a obediência da pessoa à ordem moral falhe.
Quando todos os meios falham, entra então o poder de coacção do preceito jurídico,
umas vezes para garantia da sua imposição, outras vezes — por exemplo, quando o bem
tutelado pelo Direito seja irreparável - para, simplesmente, exercer a aplicação da sanção.
CONCLUSÃO
(Mondin, 1980) citado por Fermentão & Lessa (2020), assegura que o valor não é um
ser em si, muito menos um querer bom ou mau, porém é algo que vem e se institui na
subjetividade na relação do ser com as coisas ou mundo, ou consigo mesmo, ou ainda na
sociedade em que está inserido, uma vez que “o homem é a fonte de todos os valores porque é
inerente é sua essência valorar, criticar, julgar tudo aquilo que lhe é apresentado, seja no plano
da acção ou no do conhecimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS