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PAULO NADER – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO – 35ª EDIÇÃO

Resumo – Primeira Parte

O Estudo do Direito

Capítulo 1 – SISTEMA DE IDEIAS GERAIS DO DIREITO

1. A NECESSIDADE DE UM SISTEMA DE IDEIAS GERAIS DO DIREITO


O Direito que se apresenta atualmente, tem exigido dos estudantes renovados
métodos de aprendizado (requer adequação à modernidade), encontra-se revigorado
por princípios e normas que tutelam direitos da personalidade, impõem a ética nas
relações, dão preferência ao social e atribuem aos juízes um papel ativo na busca de
soluções equânimes. Além disso, requer dos acadêmicos a capacidade de situar o
Direito no universo das criações humanas como ordem social dotada de coerção e, ao
mesmo tempo fórmula de garantia de liberdade.
A partir da era da codificação, multiplicam-se os institutos jurídicos, daí surgem novos
conceitos. A cada dia, a árvore jurídica se torna mais densa com o surgimento de
novos ramos que, em permanente adequação às transformações sociais, especializam-
se em sub-ramos. Em decorrência desse fenômeno de crescimento do Direito Positivo,
de expansão dos códigos e leis, aumenta a dependência do ensino da Jurisprudência às
disciplinas propedêuticas (introdutórias).

2. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO


2.1. Apresentação da Disciplina. A Introdução ao Estudo do Direito é matéria de iniciação,
que fornece ao estudante as noções fundamentais para a compreensão do fenômeno
jurídico. Não é considerada uma ciência, mas, um sistema de ideias gerais estruturado
para atender a finalidades pedagógicas.
2.2. Objeto da Introdução ao Estudo do Direito. A disciplina Introdução ao Estudo do
Direito visa a fornecer ao iniciante uma visão global do Direito, que não pode ser
obtida através do estudo isolado dos diferentes ramos da árvore jurídica. Estuda
conceitos gerais como o de Direito, fato jurídico, relação jurídica, lei, justiça, segurança
jurídica. Os conceitos específicos, como o de crime, mar territorial, hipoteca,
desapropriação, aviso prévio, fogem à finalidade da disciplina, porque são particulares
de determinado ramos.
Podemos dizer que ela possui um tríplice objeto:
a) os conceitos gerais do Direito;
b) a visão de conjuntos do Direito;
c) os lineamentos da técnica jurídica.
2.3. A importância da Introdução. A importância da nossa disciplina não decorre apenas
do fato de propiciar aos estudantes a adaptação ao curso, de vez que ministra também
noções essenciais à formação de uma consciência jurídica. Além de descortinar os
horizontes do Direito pelo estudo dos conceitos jurídicos fundamentais, a introdução
lança no espírito dos estudantes, em época própria, os dados que tornarão possível,
no futuro, o desenvolvimento do raciocínio jurídico a ser aplicado nos campos
específicos do conhecimento jurídico.
3. OUTROS SISTEMAS DE IDEIAS GERAIS DO DIREITO
3.1. Filosofia do Direito. De caráter abstrato e metafísico, a Filosofia do Direito é uma
reflexão sobre o Direito e seus postulados, como objetivo de formular o conceito do
Jus e de analisar as instituições jurídicas no plano do dever ser, levando-se em
consideração a condição humana, a realidade objetiva e os valores de justiça e
segurança.
3.2. Teoria Geral do Direito. De índole positivista e adotando subsídios da Lógica, é
disciplina formal que apresenta conceitos úteis à compreensão de todos os ramos do
Direito. Seu objeto consiste na análise e conceituação dos elementos estruturais e
permanentes do Direito, como suposto e disposição da norma jurídica, coação, relação
jurídica, fato jurídico, fontes formais.
3.3. Sociologia do Direito. Estuda as relações entre a sociedade e o Direito. É um dos
temas necessários a uma disciplina introdutória, todavia a Sociologia do Direito não
oferece a visão global do Direito, não estuda os elementos estruturais e constitutivos
deste, nem cogita o problema de sua fundamentação. Além disso, o objeto da
Sociologia do Direito não está inteiramente definido e seus principais cultores
procuram formar, entre si, um consenso a este respeito.

Capítulo 2 – AS DISCIPLINAS JURÍDICAS

5. CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS
As disciplinas jurídicas dividem-se em duas classes: as fundamentais e as auxiliares.

Disciplinas Jurídicas Fundamentais Disciplinas Jurídicas Auxiliares


 Ciência do Direito  História do Direito
 Filosofia do Direito  Direito Comparado
 Sociologia do Direito

6. DISCIPLINAS JURÍDICAS FUNDAMENTAIS

6.1. Ciência do Direito (Dogmática Jurídica). Limita-se a descrever e sistematizar o


Direito vigente. Aborda o Direito vigente em determinada sociedade e as questões relativas à
sua interpretação e aplicação. ‘’O seu papel é revelar o ser do Direito, aquele que é
obrigatório, que se acha posto à coletividade e se localiza, basicamente, nas leis e nos
códigos.’’ Cumpre apenas, à Ciência do Direito, definir e sistematizar o conjunto de normas
que o Estado impõe à sociedade. Não é de natureza crítica, isto é, não penetra no plano de
discussão quanto à conveniência social das normas jurídicas. Aqui, o cientista tão somente
cogita dos juízos de constatação, a fim de apurar as determinações contidas no conjunto
normativo, mantendo-se alheio aos valores de justiça, pois a Disciplina se mantém alheia aos
valores.

6.2. Filosofia do Direito.

A Filosofia do Direito transcende o plano meramente normativo, para questionar o


critério de justiça adotado nas normas jurídicas. É a própria Filosofia Geral aplicada ao objeto
do Direito. Preocupado com o dever ser, com o melhor Direito, com o Direito justo, é
indispensável que o jusfilósofo conheça tanto a natureza humana quanto o teor das leis. A fim
de harmonizar a ordem jurídica com a ordem geral da vida e das coisas, há o chamado
conhecimento vulgar, que é elementar, fragmentário e resulta da experiência. Enquanto os
conhecimentos científico e filosófico do Direito se obtêm pela seleção e emprego de métodos
adequados de pesquisa, o vulgar é adquirido pela vivência e participação na dinâmica social.
É a noção que o leigo possui, oriunda de leitura assistemática ou de simples informações.

6.3. Sociologia do Direito.

A Sociologia do Direito busca a mútua convergência entre o Direito e a sociedade. É a


disciplina que examina o fenômeno jurídico do ponto de vista social, a fim de observar a
adequação da ordem jurídica aos fatos sociais. As relações entre sociedade e o Direito, que
formam o núcleo de seus estudos, podem ser investigadas sob os seguintes aspectos
principais:

a) Adaptação do Direito à vontade social;


b) Cumprimento pelo povo das leis vigentes e a aplicação destas pelas autoridades;
c) Correspondência entre os objetivos visados pelo legislador e os efeitos sociais
provocados pelas leis.

‘’Também em nossa época, como em todos os tempos, o fundamental no


desenvolvimento do Direito não está no ato de legislar nem na jurisprudência ou na
aplicação do Direito, mas na própria sociedade’’. (Eugen Ehrlich).

A Sociologia do Direito é, portanto, um ramo autônomo do conhecimento: ‘’Não se


confunde o objeto da Sociologia Jurídica com o de qualquer outra ciência que também
se relacione com o direito, por isso que se preocupa apenas com o direito com um fato
social concreto, integrante de uma superestrutura social’’.

‘’É evidente, porém, que, embora se tratando de uma ciência autônoma, com objeto
próprio e inconfundível, mantém a Sociologia Jurídica íntimas relações com todas as
ciências sociais, principalmente com a Ciência do Direito e Filosofia do Direito’’.
(Sergio Cavalieri Filho, Programa de Sociologia Jurídica).

7. DISCIPLINAS JURÍDICAS AUXILIARES

7.1. História do Direito.

A História do Direito é uma disciplina jurídica que tem por escopo a pesquisa e a
análise dos institutos jurídicos do passado. É necessário que a História do Direito,
paralelamente à análise da legislação antiga, proceda à investigação nos documentos
históricos da mesma época. A pesquisa histórica pode recorrer às fontes jurídicas, que
tomam por base as leis, o Direito costumeiro, sentenças judiciais e obras doutrinárias,
e às fontes não jurídicas, como livros, cartas e documentos.

7.2. Direito Comparado


A disciplina Direito Comparado tem por objeto o estudo comparativo de
ordenamentos jurídicos de diferentes Estados, no propósito de revelar as novas
conquistas alcançadas em determinado ramo da árvore jurídica e que podem orientar
legisladores. Tal estudo não deve prender-se apenas às leis e aos códigos. É imperioso,
que, paralelamente ao exame das instituições jurídicas, se analisem os fatos culturais e
políticos que serviram de suporte ao ordenamento jurídico.

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