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Livro “Lições de Introdução ao Direito” de

Fernando Bronze
Lição Nº1
No Direito são oferecidas várias perspetivas possíveis para a sua
abordagem:
Prática/perspetiva normativa: o Direito é um princípio regulador, que
é feito á medida que vai acontecendo.
 Perspetiva normativa na perspetiva do Direito: esta
abordagem refere-se á análise e avaliação das leis e práticas
legais com base em critérios éticos e morais. Isso envolve a
consideração de como as leis deveriam ser aplicadas de acordo
com os princípios éticos subjacentes, buscando um padrão ideal
de justiça e equidade.
Perspetiva sociológica já que o Direito é um fenómeno social:
envolve a análise das leis e do sistema legal com base em fatores
sociais.
Isso inclui então o estudo de como as leis são influenciadas e
moldadas por contextos sociais, culturais, económicos e políticos.
Esta abordagem busca compreender como o Direito reflete e afeta as
dinâmicas sociais, examinando questões como a desigualdade, o
poder e as mudanças sociais.
Perspetiva filosófica: envolve a investigação das bases conceituais,
éticas e morais que fundamentam as leis e sistemas legais.
Esta perspetiva busca compreender os princípios fundamentais que
fundamentam o sistema jurídico e influenciam a tomada de decisões
legais.
Perspetiva epistemológica: está relacionada á natureza do
conhecimento jurídico.
Envolvendo a análise das fontes, métodos e fundamentos do
conhecimento jurídico, buscando compreender como adquirimos,
justificamos e aplicamos o conhecimento no campo do Direito.
A epistemologia jurídica explora questões sobre a validade, a certeza
e a natureza do conhecimento legal.
O Direito está aberto a todo o conhecimento.
Diferenças entre a Perspetiva normativa e a perspetiva filosófica,
epistemológica e sociológica:
Enquanto a perspetiva normativa está mais preocupada com o
estabelecimento de normas ideias, a filosófica, sociológica e
epistemológica examinam as bases éticas, relações sociais e a
natureza do conhecimento subjacentes ao campo jurídico.

O Direito é uma norma de dever-ser:


Porque estabelece padrões e regras que indicam como as pessoas
devem agir em determinadas situações.
Essas normas orientam o comportamento humano, definindo
Direitos, deveres e responsabilidades.
O Direito tem, portanto, uma natureza prescritiva, moldando o
comportamento de acordo com o que a sociedade considera
aceitável e justo.

Tarefa do jurista:
A Perspetiva normativa é a única que se adequa á tarefa especifica do
jurista.
O jurista assume a intenção de aprender o Direito para projetar na
realidade.
O jurista deve compreender bem o Direito.
A função do jurista é desempenhar um papel fundamental na
interpretação, aplicação e desenvolvimento do sistema jurídico.
Diferenças entre um jurista e um sociólogo:
 Sociólogo: estuda a sociedade, as suas estruturas, instituições,
padrões de comportamento humano e as interações entre os
indivíduos em grupos sociais.
Enquanto o jurista está imerso no estudo do sistema legal, das leis e
da prática jurídica, o sociólogo explora aspetos mais amplos da
sociedade, examinando como as interações sociais e as estruturas
sociais influenciam o comportamento humano.
Diferenças entre um jurista e um filósofo:
Enquanto o jurista está mais envolvido na prática e aplicação do
direito, o filósofo tende a concentrar-se em questões mais abstratas e
conceituais, questionando os fundamentos éticos que podem
informar as leis.
Diferenças entre um jurista e um epistemólogo:
Enquanto o jurista está mais envolvido na aplicação prática do direito
e na interpretação de normas legais, o epistemólogo está preocupado
com a natureza e os fundamentos do conhecimento em geral,
incluindo o conhecimento jurídico.
O jurista pode pretender resolver algum problema/situação, então
esse problema ou situação aparece como um critério de solução.
 Critério de solução: é um conjunto de condições/regras que são
usadas para determinar se um problema foi resolvido com
sucesso.
Atitudes do jurista perante o Direito:
 Atitude técnico-profissional: refere-se á postura especializada e
ética que um profissional do Direito deve adotar ao lidar com
questões legais.
Ou seja, o jurista pretendia então apenas, para poder ser um juiz,
advogado… conhecer as leis para as aplicar às controvérsias que
surgissem na sociedade.
 Atitude criticamente comprometida: esta atitude do jurista
implica em uma abordagem reflexiva e engajada diante das
normas legais.

Critérios pré-objetivados: refere-se a critérios/padrões estabelecidos


com antecedência e de forma objetiva para avaliar casos legais.
São projetados para garantir um julgamento justo e imparcial.

O Direito sempre acompanhou a variação das compreensões que o


homem foi tendo de si mesmo ao longo dos tempos.
Homem no Direito Romano:
O homem compreendia-se por referência às concretas manifestações
da sua autonomia e o Direito definia-se por cada um.
Homem/Direito no Período Medieval:
O Direito era uma ordem heterónoma que se fundamentava na
religião que era imposta ao homem.
Homem na Época Moderna:
Surgiu a lei das liberdades, e era o homem que instituía o Direito.
O Direito Hoje:
O Direito hoje não é uma ponderação das autonomias, como era no
Direito Romano, nem é uma precipitação de uma outra Ordem, como
era no Direito Medieval, nem é um quadro de realização das
liberdades, como na fase moderno-iluminista, mas não passa de um
projeto de organização eficiente da sociedade.
O Direito deriva do pensamento dialético-argumentativo, pois o que
é pedido ao jurista é que ele pondere prudencialmente e decida em
termos normativamente fundamentados controvérsias que se,
manifestem no âmbito de situações histórico-concretas.
 Pensamento dialético-argumentativo: refere-se a uma
abordagem que utiliza a dialética, um método de análise que
examina as contradições e as relações de oposição, e o
argumentativo, centrado na construção lógica de argumentos.
Compreendemos, portanto, o pensamento jurídico como
originalmente prático-normativo e, portanto, como iuris prudentia.
 Iuris prudentia: habilidade do jurista em aplicar o
conhecimento legal de maneira sábia e criteriosa, considerando
não apenas as regras escritas, mas também a justiça, equidade
e as circunstâncias especificas de cada caso.
Racionalidade: refere-se á aplicação de uma abordagem lógica,
consistente e fundamentada na interpretação e aplicação das normas
legais.
Envolve a análise cuidadosa das leis, precedentes judiciais e outros
elementos jurídicos para chegar a conclusões coerentes e
justificáveis.

A Introdução ao Direito (o que iremos estudar) tem 3 núcleos:


 No primeiro, procuraremos compreender tanto o sentido geral
como o sentido específico da normatividade jurídica
 No segundo, analisaremos o Direito (estudaremos aqui os
problemas do sistema jurídico e as fontes do Direito).
 No terceiro, falaremos de algumas questões de metodologia
jurídica.
Lição Nº2:
O direito tem a ver com a nossa inter-relação social.

O direito tem a ver com as relações intersubjetivas entre pessoas.


O direito regula as relações sociais.
Enquanto a fé religiosa, ou a amizade tem a ver com as relações que
são imediatamente estabelecidas com as pessoas.

Ordem do direito:
A ordem que o direito constitui é a ordem da juridicidade.
 Ordem de juridicidade: a ordem da juridicidade do direito
refere se á hierarquia das normas jurídicas dentro de um
sistema legal.
Em geral, a constituição é a norma superior, seguida pelas leis,
decretos e regulamentos.
Ordem jurídica:
Análise da estrutura da ordem jurídica:
A ordem jurídica apresenta três linhas estruturais que são
desenhadas como um triangulo.

Linha descendente
Linha ascendente

Linha base
Linha base:
Relação de paridade, entre sujeitos particulares.
Esta linha considera as relações das partes para com as partes
(relação de paridade).
Valores de igualdade e de liberdade-individual (centrada em cada um)
e liberdade relativa (liberdade que uma pessoa possui dentro dos
limites estabelecidos pela sociedade, leis ou circunstâncias
especificas).
Justiça comutativa ou de troca (troca de bens) e diortótica.
A sociedade não é aqui sujeita da relação, sendo os sujeitos das
relações as próprias pessoas particulares.
Nesta linha, a ordem jurídica define e limita as nossas autonomias, e
tutela a realização dos nossos interesses.
A função que o Direito aqui desempenha é, sobretudo, a de garantir a
atuação das autonomias reciprocamente delimitadas.
A sociedade não é aqui sujeita de relação.
 Direito privado comum: código civil.
O direito privado é o domínio da liberdade e da igualdade.
“Direito do meu e do teu” – afirmação retirada do livro “Lições de
Introdução ao Direito”.
 Direito comercial/especial: direito que rege o comércio
(empresas).
Linha Ascendente:
O objetivo desta linha é perceber as relações que se estabelecem
entre cada um e a sociedade tomada no seu todo.
A sociedade emerge como sujeito das relações que estabelecemos
com ela.
Relação entre os cidadãos e o Estado, abrangendo a sociedade como
um todo.
Esta linha regulamenta as relações das partes com o todo.
Liberdade pessoal e responsabilidade social.
 Liberdade pessoal: refere-se á autonomia individual e á
capacidade de agir, decidir e viver de acordo com as próprias
escolhas, desde que essas não infrinjam os Direitos ou
liberdades de outras pessoas.
 Responsabilidade social: refere-se á obrigação que
indivíduos, organizações e empresas tem de agir de maneira
ética e contribuir para o bem-estar da sociedade.
Justiça geral/legal e justiça protetiva.
 Justiça geral/legal: refere-se ao sistema de princípios e leis que
buscam garantir a equidade, imparcialidade e aplicação justa
das normas em uma sociedade.
Direito Público legal.
 Direito Público legal: área do Direito que trata das relações
entre o Estado e os cidadãos de acordo com a lei.
Os ramos do Direito que se localizam aqui nesta linha são:
 Direito constitucional: área do Direito que se dedica ao estudo
e interpretação das normas contidas numa constituição.
 Direito Penal: área do Direito que trata das infrações penais,
estabelecendo normas e princípios para definir condutas
criminosas, as penas correspondentes e os procedimentos
legais para a persecução e julgamento dos infratores.
 Direito Fiscal: área do Direito que trata das normas e princípios
relacionados á tributação.
Ele engloba as leis que regem a arrecadação de impostos, taxas e
contribuições, bem como os direitos e deveres dos contribuintes e as
competências dos órgãos fiscais.
 Direito Militar: área do Direito que trata das normas e
regulamentos aplicáveis aos membros das forças armadas.
O Direito nesta linha cumpre as importantes funções de tutela e de
garantia.
 Função de tutela: refere-se ao papel do sistema jurídico em
proteger e salvaguardar os direitos e interesses das pessoas.
 Função de garantia: refere-se á responsabilidade do sistema
jurídico em assegurar que os direitos individuais e coletivos,
estabelecidos pelas leis e pela constituição, sejam protegidos
de maneira eficaz.
Linha descendente:
A sociedade aqui é considerada como uma entidade atuante,
dinâmica, que tem um programa estratégico que quer atuar para
atingir os objetivos que se propõe.
O Estado assume uma perspetiva promocional.
Os ramos do Direito que se localizam aqui nesta linha são:
 Direito administrativo: área do Direito que se dedica ao estudo
das normas e princípios que regulam a organização e o
funcionamento da administração pública.
 Direito da previdência social: área do Direito que trata dos
direitos relacionados á seguridade social, especialmente no que
diz respeito aos benefícios previdenciários.
 Direito Público da economia: área jurídica que regulamenta as
relações económicas em que o Estado desempenha um papel
significativo.
 Direito do ambiente: conjunto de normas e princípios jurídicos
que regulamentam as relações entre o ser humano e o meio
ambiente.

Valores da liberdade pessoal comunitariamente radicada, o da
solidariedade e o da igualdade.
 Liberdade pessoal: refere-se á autonomia individual e á
capacidade de agir, decidir e viver de acordo com as
próprias escolhas, desde que essas não infrinjam os Direitos
ou liberdades de outras pessoas.
 Solidariedade: refere-se á união de esforços e apoio mútuo
entre indivíduos ou grupos em busca de um objetivo
comum.
 Igualdade: princípio de tratar todas as pessoas de maneira
justa e imparcial, sem discriminação com base em
características como género, raça, religião, origem étnica,
orientação sexual, ou outras características pessoais…
 Igualdade vertical: a igualdade vertical concentra-se na
distribuição justa de recursos, oportunidades e benefícios em
diferentes níveis ou estratos sociais.
 Igualdade horizontal: princípio de tratar todos os indivíduos de
maneira igual, sem discriminação, independentemente das
diferenças individuais.
A justiça revelada nesta linha é a justiça distributiva e a justiça
corretiva.
 Justiça distributiva: refere-se á distribuição equitativa de
recursos, benefícios e ónus na sociedade.
Esta justiça busca garantir que os recursos disponíveis sejam alocados
de maneira justa e que as oportunidades e responsabilidades sejam
distribuídas de forma equitativa entre os membros da comunidade.
 Justiça corretiva: esta justiça concentra-se na punição
proporcional, aos atos cometidos.
Este modelo de justiça é baseado na ideia de que, quando alguém
comete uma infração ou crime, deve sofrer uma penalidade
proporcional á gravidade do seu ato.
Correção de desigualdades.
Lição Nº3
Funções da Ordem Jurídica:
Função Primária ou prescritiva:
Esta função existe para disciplinar o nosso comportamento enquanto
sociedade.
Esta função aparece-nos como princípio de ação e como critério de
sanção.
 Princípio de ação: a ordem jurídica contém regras de conduta,
que operam num momento antes de realizarmos o
comportamento.
 Critérios de sanção: tudo o que a ordem jurídica aplica para
tornar eficaz os seus objetivos práticos.
EX: pena, coimas, multas administrativas…
 Sanção: todo o meio de que o Direito se serve para tornar
eficazes os seus objetivos práticos.
 Coação: ato de forçar alguém a fazer algo contra a sua vontade,
geralmente usando ameaças, pressão ou algum tipo de poder
ou autoridade.
Depois nas sanções temos 2 tipos delas:
 Sanção negativa: refere-se a uma penalidade ou consequência
desfavorável imposta em resposta a uma violação de normas,
regras ou leis.
 Sanção positiva: refere-se a uma recompensa ou incentivo
concedido em resposta a um comportamento desejado ou
conforme as normas estabelecidas.
EX: bolsas de estudo…
Função secundária ou organizatória:
Nesta função a ordem jurídica cuida de si mesma, ou seja, volta-se
para si mesma, com o fim de se auto-organizar.
A ordem jurídica assegura as suas condições de subsistência,
mudando quando é necessário mudar, e reestabelecer-se quando é
necessário se reestabelecer.
 Princípio da unidade da ordem jurídica: o sistema legal de um
país deve ser coerente e consistente, isso implica que as leis e
regulamentos devem estar todos em conformidade e, sem
contradições ou conflitos.
Esta função tem representadas 3 tipos de momentos:
Momento de unidade sistemática:
Ideia de coerência (não pode ser contraditório).
Assegurar a cireneia interna da ordem jurídica.
EX: não pode ser aceita no campo do Direito Civil e não aceite no
campo do Direito Penal, ou vice-versa.
Momento do desenvolvimento constitutivo do Direito:
Direito em movimento.
Cada caso concreto é uma novidade para a ordem jurídica.
O Direito está sempre a inovar.
Momento de realização orgânico processual:
É um momento em que a ordem jurídica vai dizer quais entidades
estão capazes de decidir determinados assuntos.
 Processo: conjunto de atos ordenados para se realizar um certo
objetivo.
O processo racionaliza a ação dos órgãos.
O processo define as posições do tribunal e das partes, determinando
quando e como o tribunal pode tomar decisões.
Pode-se prescindir de critérios pré-escritos, mas não de um processo.
A função secundária é a que mais diretamente nos toca (como
sociedade).
Historicismo: enfatiza a importância de considerar o contexto
histórico e cultural ao analisar eventos, ideias e mudanças ao longo
do tempo (“devemos de olhar para trás para resolver problemas de
agora”).

Lição Nº4
A ordem jurídica é autossubsistente.
Notas caracterizadoras da Ordem Jurídica:
 Objetividade autárquica: a ordem jurídica é auto-suficiente na
sua relação.
Goza de heteronomia (impõe regras, normas ou leis, sem essas
escolhas serem feitas por acordos internos).
 Objetividade dogmática: algo que fazemos ou assumimos sem
nos questionarmos.
Dogma: crença ou conjunto de crenças consideradas indiscutíveis,
inquestionáveis ou autoritárias em um sistema de pensamento,
ideologia ou religião.
 Ordem como ordem: busca garantir a previsibilidade, a justiça e
a eficiência nas interações legais e sociais.
Ideia de organização e estrutura centro de um sistema jurídico.
 Caráter comunitário: ao sancionar não tenciona excluir, mas
sim reintegrar na sociedade (ou comunidade jurídica).
 Dimensão da autoridade: ideia de poder.
Lição Nº5
Efeitos práticos da ordem jurídica:
Efeitos estes que se podem dizer resultados das notas
caracterizadoras.
 Racionalização: refere-se ao processo de tornar as leis e
práticas legais mais lógicas, eficientes e justas, isso envolve a
revisão e aprimoramento das leis, regulamentos e
procedimentos para garantir que sejam consistentes,
equitativos e aplicáveis.
Racionalização segundo um modelo de fundamentação: envolve o
estabelecimento de uma base lógica é justificativa na tomada de
decisões de modo a garantir que seja fundamentado em princípios
racionais e bem fundamentados.
Racionalização como unidade estratégica: processo de otimização e
eficiência.
A racionalização busca melhorar a eficácia de uma organização,
eliminando redundâncias simplificando processos, reduzindo custos e
aumentando a produtividade.
Racionalização sistemática: processo de organização e otimização
que visa tornar as atividades, operações ou sistemas mais eficientes,
lógicas e estruturadas.
Envolve a aplicação de métodos lógicos e sistemáticos.
A ordem jurídica traduz e impõe uma exigência de racionalização.
 Institucionalização: refere-se á criação e estabelecimento de
instituições legais, como leis, normas e órgãos, para regular e
organizar aspetos da sociedade.
 Instituição: refere-se a uma organização ou estrutura que
desempenha um papel importante na sociedade e na aplicação
do Direito.
Essas instituições podem incluir governos, tribunais, órgãos
reguladores, agências de aplicação da lei, organizações sem fins
lucrativos e muitas outras que tem autoridade ou influencia na
interpretação na interpretação, implementação e desenvolvimento
das leis.
Nos tempos como estes, em que se afirma uma crise das instituições,
são épocas de angústia e de desespero, gerando-se assim a anomia
(falta de norma, ausência de referentes).
Em suma, a ordem jurídica é também uma instituição.
 Liberdade: “para haver uma liberdade é preciso haver duas” –
Fernando Bronze.
 Segurança: previsibilidade.
O imprevisto representa insegurança, mas a Ordem diz-nos com o
que podemos contar, dando-nos segurança.
 Paz: a ordem jurídica promove a paz social.
Lição Nº6
Ordens opressivas: sistemas, estruturas ou práticas que exercem
opressão sobre determinados grupos na sociedade.

Nós compreendemo-nos como sujeitos com autonomia ética e o


Direito é reconhecido como uma especificidade própria, por conta do
pensamento cristão.

A Ordem jurídica manifesta uma influência objetiva, pois não basta só


por si para nos desvelar o Direito.

Direito e o Estado:
Não se pode equiparar as ordens normativas do Direito e a Ordem
política do Estado.
O Estado é uma organização de poder (o seu referente é a política),
enquanto o Direito é uma ordem normativa (remete a um sistema de
princípios, que afirmam uma validade).
O Estado visa fins, mobiliza o poder e intende a eficácia,
diferentemente, o Direito baseia-se em valores, atua uma
normatividade e procura a validade.
Racionalidade do Direito e do Estado:
A racionalidade de ambos é diversa:
A racionalidade do Estado é uma racionalidade estratégica, de meio
fim.
A racionalidade do Direito é a racionalidade axiológica implicada pelo
juízo-julgamento.
Por três razões:
 O Direito e o Estado não se identificam.
 A Ordem de Direito não é exclusivamente criada pelo Estado.
 O poder político que o Estado titula não é o fundamento da
ordem jurídica.
Distinção do Estado e do Direito:
O Estado e o Direito são conceitos distintos, mas interligados.
O Estado refere-se á entidade política organizada que possui o
monopólio do uso legitimo da força em uma determinada jurisdição.
Por outro lado, o Direito é o conjunto de normas e regras que
regulam o comportamento na sociedade, estabelecendo padrões de
conduta e proporcionando um sistema de justiça.
Principal distinção de Estado e do Direito:
A principal distinção entre o Estado e o Direito manifesta-se logo na
própria expressão “Estado-de-Direito”.
 Estado-de-Direito: é um princípio fundamental que implica que
o governo e os seus agentes estão sujeitos á lei, e não acima
dela.
Este Estado-de-direito fundamenta-se no Direito.
Só estamos diante de um Estado-de-Direito quando a validade for
autónoma ao poder político.
O Estado-de-Direito atualmente tende a ser um Estado-de-Direito
material (um Estado em que o Direito não é apenas o limitador do
poder, mas o seu verdadeiro fundamento).
Esta fórmula integra duas dimensões:
 Estadualidade: refere-se ao conceito de pertencimento a um
Estado ou entidade política.
 Juricidade: fundamental para garantir que o poder do Estado
seja exercido dentro dos limites definidos pelas leis,
proporcionando previsibilidade e proteção dos direitos dos
cidadãos.
Estas duas dimensões relacionam-se.
Estado-de-Direito de legalidade formal: refere-se a um sistema em
que o poder do governo é exercido de acordo com leis já
estabelecidas, e essas leis são aplicadas de maneira justa e
consciente.
Estado-de-Direito material, ou de justiça: o Estado-de-Direito
material vai além da legalidade formal, incorporando princípios
substantivos de justiça e direitos fundamentais.
Status: o que se impõe e perdura.
 Estado absoluto: forma de governo em que o poder do Estado
é centralizado e exercido sem restrições significativas, muitas
vezes associado a monarquias absolutas.
O Direito aqui era a vontade do príncipe.
 Estado democrático: forma de organização política em que o
poder é exercido pelo povo, geralmente por meio de
representantes eleitos.
 Estado moderno: refere-se a uma entidade política que possui
características contemporâneas, como uma estrutura
organizacional definida, um sistema legal, instituições
governamentais e uma administração que busca atender ás
necessidades e interesses da sociedade.

Normatividade material:
Sem a normatividade material, não há uma verdadeira Ordem de
Direito.
É na normatividade do Direito que podemos reconhecer o sentido do
Direito.
A normatividade tem três elementos:
 Imanência intencional da ordem jurídica.
 Intenção normativa fundamentante.
 Validade do Direito.
Intenção normativa: é uma exigência que se funda em valores e que
uma comunidade histórica-socialmente concreta pretende que se
realize na prática.
Refere-se mais especificamente á intenção por trás da criação de uma
norma ou lei.

Ordem Jurídica:
Uma ordem jurídica tem uma dimensão prescritiva.
A ordem jurídica para que seja considerada como autêntica de Direito
tem de ter uma normatividade material vigente.
Uma Ordem jurídica é uma instituição.
 Dimensão prescritiva: distingue o válido do inválido, o lícito do
ilícito.
Refere-se á capacidade do Direito de estabelecer regras, normas e
prescrições que orientam o comportamento dos indivíduos e das
instituições numa sociedade.
 Dimensão normativa: refere-se á capacidade das normas
jurídicas de prescreverem comportamentos, estabelecerem
padrões e regularem as relações na sociedade.
A ordem jurídica louva-se em 2 tipos de valores:
 Valor critico reflexivamente discernido: no momento da sua
constituição.
 Valor espontaneamente mobilizado: no momento da sua
atuação.

Critério: regra técnica.


Fundamento: o fundamento é aquilo que justifica o critério.
Manifestação cultural: refere-se às expressões e práticas que
representam a identidade cultural de um grupo ou comunidade.

Direito: o direito é um princípio normativo, um regulativo, um


conjunto de valores, com uma particular intenção, que o homem
quer projetar na sua prática.
 Princípio normativo: refere-se a uma proposição fundamental
que serve como base para a elaboração, interpretação e
aplicação das normas jurídicas.

Valores: os valores, tem um sentido universal.


Toda a gente tem dignidade ética.
 Dignidade ética: refere-se á valorização e ao respeito pelos
princípios éticos relacionados á dignidade humana.
A dignidade ética é um conceito que destaca a importância de tratar
os outros indivíduos com respeito, consideração e justiça.
É por mediação dos valores que nos compreendemos uns aos outros
como pessoas que constituem o Direito.

Filosofia: a filosofia tradicionalmente, discute o caráter subjetivo-


individual ou objetivo-geral da consciência.
Mais recentemente manifestam-se orientações destes 2 carácters:
 Teoria sistemática de Niklas Luhman: esta teoria enfatiza a
complexidade da sociedade e a autonomia dos sistemas sociais.
Luhman propôs uma abordagem que considera a sociedade como um
conjunto de sistemas interconectados e autónomos, como o sistema
jurídico, económico e político.
 Teoria da justiça proposta por John Rawls: esta teoria propõe
um modelo de justiça que ele chama de “justiça como
equidade”.
Rawls argumenta que a justiça deve ser entendida a partir de um
ponto de vista original, sobre um “véu de ignorância”, onde as
pessoas não conhecem as suas características individuais, como
classe social, habilidades ou posição na sociedade.
Modelo discursivo: refere-se a uma abordagem em que a resolução
de casos legais e a formulação de leis são alcançadas através do
diálogo e da argumentação.
Em vez de depender exclusivamente de regras rígidas ou
precedentes, o modelo discursivo valoriza o processo de debate e
troca de razões entre os participantes do sistema jurídico.

Lição Nº7
Sociedade:
Não é uma tarefa fácil de dizer o que é a sociedade, porque estamos
imersos nela.
Sociologia: a sociologia é uma ciência com menos de dois séculos,
nasceu fundamentalmente no séc.XIX, com Auguste Comte.
A sociologia ajuda a conhecer o significado da sociedade.
Sociedade por Castanheiro Neves:
Castanheiro Neves diz que a sociedade é a realidade (o meio e o
resultado) da convivência humana, enquanto esta convivência se
traduz na multiplicidade e no conjunto das interações humanamente
significativas, que se oferece aos membros participantes em termos
de uma particular e objetiva autonomia e na qual eles, quer através
de formas comuns de convivência (seja integrante ou seja
conflituante), quer através de fins ou intenções gerais (em que
comungam ou que de qualquer modo de propõem), se encontraram
conexionados mediante uma realidade unitária e que lhes é comum.
Pseudo-subjetividade: refere-se a uma aparência de subjetividade ou
subjetividade aparente, mas que, na realidade, não reflete
verdadeiramente as experiências ou perspetivas individuais.
Pode ocorrer quando algo parece subjetivo, mas é influenciado por
fatores externos, como normas sociais ou expectativas culturais.
Pseudo-objetividade: a “pseudo-objetividade” ocorre quando algo é
apresentado como objetivo ou imparcial, mas, na verdade, contém
viés ou subjetividade oculta.
É uma tentativa enganosa de parecer neutro, mas influencias
pessoais ou preconceitos ainda podem estar presentes.
É entre estas duas coordenadas que se constituirá uma sociedade, no
entanto há sociedade que não conseguem ter as duas.
Solidariedade:
Solidariedade mecânica: coesão social em sociedades tradicionais,
onde os indivíduos compartilham crenças, valores e comportamentos
semelhantes, resultando em uma forte integração social baseada na
semelhança.
Solidariedade orgânica: coesão social em sociedade modernas e
complexas.
As pessoas interconectam-se por meio da especialização e
interdependência das funções sociais, em cada individuo
desempenha um papel específico na sociedade, contribuindo para a
coletividade.
O consenso e o dissenso aparecem-nos, como incindíveis vetores
nuclearmente constitutivos de uma sociedade.
 Consenso: o consenso refere-se á aceitação geral ou acordo
comum sobre determinadas normas, valores ou princípios
legais.
 Dissenso: refere-se á falta de acordo ou discordância sobre
determinadas questões legais, normas ou políticas.
Coexistência: refere-se á capacidade de diferentes grupos, ideias ou
sistemas legais conviverem harmoniosamente dentro de um mesmo
contexto social.
Correlação: refere-se á relação ou conexão entre diferentes
elementos, leis ou eventos jurídicos.
Convivência: refere-se á interação e coexistência harmoniosa dos
membros da sociedade sob um conjunto de normas e leis.
O Direito e a sociedade:
O Direito é estruturante macroscópico, o tecido conjuntivo, o
subsistema normativo regulador das relações que se entretecem na
sociedade.
O Direito define, em termos normativos, a tessitura social, razão por
que a sociedade tem no Direito um subsistema decisivamente
importante.
O Direito é o subsistema que a sociedade mobiliza para conseguir
uma harmonia no contexto comunitário (na sociedade).
Três elementos materiais irredutíveis constitutivos da sociedade:
 Interesses: que identificam a dimensão económica da
sociedade.
O Interesse tem a ver com a nossa relação com o mundo.
Referem-se às necessidades, desejos ou benéficos que os membros
da sociedade buscam e que podem ser reconhecidos e protegidos
pelo sistema legal.
O Interesse é, portanto, aquilo que nos liga ao mundo, olhando este
como objeto de uma apetência.
 Poder: define a dimensão política da sociedade.
Refere-se á capacidade de influenciar, tomar decisões ou controlar
recursos dentro do contexto legal e social.
 Valores: são a expressão da dimensão axiológica-cultural da
sociedade.
Referem-se aos princípios fundamentais e crenças que orientam as
normas e decisões legais.
Em suma, a sociedade é, portanto, a teia integrante das nossas
interações.

Sistema social:
Um sistema social refere-se á estrutura organizacional que envolve as
interações entre os membros de uma sociedade, com as suas normas,
regras e instituições.
O Direito atua como um componente essencial deste sistema,
estabelecendo as bases legais que regulam o comportamento e as
relações entre os indivíduos na sociedade.
Duas categorias dentro do sistema social:
 Papéis: os papéis referem-se aos comportamentos,
expectativas e funções associados a uma posição especifica
dentro da sociedade.
 Estatuto: o estatuto refere-se ao status ou posição relativa de
um individuo ou grupo na hierarquia social.

Economia:
A Economia é o estudo da escolha dos instrumentos de mobilização
dos bens de que há carência para dar satisfação às necessidades, isto
é, para responder aos interesses.
Simplificando, os bens são escassos, nós queremo-los e daqui nascem
os problemas que a ciência económica estuda.
Lição Nº8
Superestrutura: aspetos mais amplos que influenciam ou são
influenciados por uma estrutura legal, como a cultura, política e a
economia.
Infraestrutura: refere-se geralmente aos elementos fundamentais e
estruturais que sustentam o funcionamento do sistema legal e da
sociedade como um todo.

Relacionar o Direito com a economia:


Estão interligados, porque a lei muitas vezes tem impacto direto nas
atividades económicas.
Regulamentações legais afetam contratos, propriedades, transações
comerciais e outros aspetos económicos.
Racionalidade económico: racionalidade da mera eficiência
pragmática.
A racionalidade económica refere-se á análise e compreensão das
decisões e comportamentos legais á luz de considerações
económicas.
Isso implica reconhecer que agentes económicos, como empresas e
indivíduos, muitas vezes tomam decisões baseadas em incentivos
económicos, maximização de lucros, eficiência e alocação de
recursos.
Por isto, este predomínio do económico é apenas circunstancial, não
está gravado na essência das coisas. Significa isto que o Direito não
tem de ser necessariamente pensado como função dependente do
económico.
Relacionar o Direito com a Política:
Estão interligados, pois o Direito muitas vezes reflete e é moldado por
decisões económicas.
A Política influencia na criação, aplicação e interpretação das leis,
enquanto o Direito estabelece as regras que regem a convivência
social e, por vezes, reflete ideologias políticas na sua elaboração.
A Política é uma estratégia, compreendida como eficiência finalística
e visa o domínio.
Neste momento, o Direito cabe no político, pois é aí que ambos
encontram o húmus em que se radicam.
 Politica na Grécia Antiga: a politica na Grécia antiga era
caracterizada por uma forma de governo (democracia),
especialmente notável na cidade de Atenas durante o séc.V a.C.
Esta democracia envolvia a participação direta dos cidadãos nas
decisões políticas (excluindo mulheres, estrangeiros e escravos).
 Política na idade média: a política na idade média foi dominada
por uma estrutura feudal descentralizada na Europa.
O sistema feudal era caracterizado pela distribuição de terras e poder
através de relações de vassalagem.
Monarcas concediam terras a nobres em troca de lealdade e serviço
militar.
Os nobres, por sua vez, tinham vassalos que faziam juramentos de
fidelidade e prestavam serviços.
 Política na idade moderna: a política remonta á idade
moderna.
Foi com a emergência do Estado iluminista que ela se autonomizou
na sua unilateralizadora significação.
O poder e a convergem, portanto, com o Direito, no político.
É, pois, no político que o poder encontra a sua legitimidade, e é
também dele que o Direito tira a fundamentação da validade que
nuclearmente o predica.
Há, efetivamente uma relação entre a política e o Direito, mas isso
não significa que o Direito se identifique, necessariamente, com a
política, só se identificaria se os homens o quiserem (ou seja, o
Direito não se reduz á política).
Racionalidades do Direito e da política:
A primeira é uma estratégia finalisticamente prosseguida, ao passo
que a normatividade, como validade que é, tem caráter universal,
perfilando-se por isso, como um fundamento dialogicamente
constituível, mobilizável e afinável, e nesta medida, adaptadamente
redimensione a primeira.
Estado:
 Estado absoluto: no Estado absoluto, o Direito era a expressão
da vontade do titular do poder político.
 Estado demoliberal: no Estado demoliberal, o titular do poder
político era a Assembleia representativa, sendo esta que definia
o Direito através da legislação.
 Estado social: no Estado social dos nossos dias, é a própria
sociedade política que se retrai (a legislação torna-se num mero
instrumento de governo, perdendo a importância a assembleia
representativa), sendo substituída pela “sociedade económica”.
Direito:
 Época pré-moderna: em toda a fase pré-moderna, o Direito era
basicamente constituído pelos costumes, pela jurisprudência e
pela doutrina.
 Estado Moderno: no Estado moderno a legislação afirmou-se
como o Direito por antonomásia.
Plano institucional: este plano refere-se á estrutura e organização das
instituições jurídicas em uma determinada sociedade ou sistema
legal.
Plano intencional: análise das intenções das partes envolvidas em um
caso, especialmente em questões de responsabilidade civil ou
criminal.
O Estado-de-Direito tenta resolver a tensão entre o poder e as
validades.
Poder:
O poder só surgiu na Época moderna-iluminista.
 Poder durante o período iluminista: entendia-se que o poder
encontrava os critérios da sua atuação concreta no direito
natural, isto é, nos valores fundamentais que o homem
moderno considerava darem sentido á sua praxis.
Praxis: usado para descrever a aplicação ou execução de teorias e
conceitos na prática.
Relação do poder e das validades:
O confronto entre o poder e as validades mostra que o poder não é o
titular das validades, o poder dialoga com as validades, isso sim, e
pode mesmo romper com elas, mas para isso tem de invocar a razão
de Estado.
A juridicidade é hoje, autenticamente o fundamento material do
poder.
O Estado-de-Direito tenta resolver a tensão entre o poder e as
validades.
O Estado-de-Direito visa resolver o problema das relações do Estado
com o Direito.
Relação entre o Direito e a cultura:
Estão interligados, porque muitas vezes as leis de uma sociedade
refletem nos valores, tradições e crenças culturais.
As normas jurídicas são moldadas pela cultura de uma comunidade, e
por sua vez, contribuem para a preservação e evolução desses
elementos culturais.
 Cultura vigente: conjunto de valores, normas e práticas
predominantes em uma sociedade em um determinado
momento.
 Cultura Inca: refere-se aos valores, normas e práticas jurídicas
que caracterizavam a civilização inca, uma sociedade pré-
Colombiana que floresceu na região dos Andes, na América do
Sul.
 Cultura Maia: refere-se aos valores, normas e práticas jurídicas
que caracterizavam a civilização maia, uma antiga civilização
mesoamericana.
Direito:
O Direito é, uma normatividade que tem de ser.
Só há Direito porque o homem é livre.
O Direito embora não seja alheio a valores (pois, é neles que afinal
radica a sua dimensão de validade), não se reduz a eles.
O Direito, para se afirmar autenticamente como tal, tem também que
ser eficaz, pois só assim será vigente.
Historicidade: refere-se á consideração do contexto histórico ao
analisar e interpretar eventos, normas e instituições jurídicas.
Historicismo: refere-se a uma abordagem que valoriza a
compreensão histórica para interpretar e aplicar o Direito.
A Historicidade não se reduz ao historicismo, traduz uma diferença
pelas mutações, uma entrega às aluviões da história, enquanto a
historicidade, para além de entre-tecer as “sucessivas camadas de
aluviões”, postula o compromisso do homem na resolução dos
problemas humanos, no tempo histórico em que cada problema
concretamente se lhe põe.
Positivismo: é uma abordagem que destaca a necessidade de separar
o direito da moral, concentrando-se apenas em normas legalmente
estabelecidas.
O positivismo identifica uma degenerescência da positividade.
Positividade: a positividade, não é antinómica da dimensão de dever-
ser do Direito, pelo que, contra o dualismo jusnaturalista.
 Jusnaturalismo: é uma corrente filosófica e jurídica que postula
a existência de princípios éticos e morais fundamentais que são
intrínsecos ao Direito, independentemente das leis positivas
criadas pela sociedade.
O Jusnaturalismo assenta num argumento antropológico, ou seja,
numa certa conceção do homem.
O jusnaturalismo repousava num argumento metafisico (para o
jusnaturalismo, ser era homólogo do homem, não traduzindo mais do
que uma autocompreensão do seu ser).
Um dos argumentos em que o jusnaturalismo se baseava era o
argumento ontológico.
Ontologia Clássica: refere-se á abordagem filosófica que estuda o ser
e a existência.
Afirma-se hoje a historicidade do ser.
 Ontologia: a ontologia refere-se ao estudo da natureza do ser
jurídico, das entidades legais e da existência das normas
jurídicas.
A positividade não deve confundir-se com o positivismo.
Racionalidade: o princípio da racionalidade de afirmou-se na Idade
média.
Antropologia Clássica: refere-se ao período inicial da disciplina,
especialmente entre o final do séc.XIX e meados do séc.XX.
Afirma-se hoje a pessoalidade do homem.
 Antropolgia: disciplina que estuda o ser humano em todas as
suas dimensões, incluindo aspetos culturais, sociais, biológicos
e históricos.
Metafisica clássica: aborda questões fundamentais sobre a natureza
da realidade, a existência, as causas e os princípios universais.
Afirma-se hoje a trans racionalidade da transcendência.
 Metafisica: ramo da filosofia que investiga questões
fundamentais relacionadas á natureza da realidade, existência,
causação, espaço, tempo, mente e matéria.

O Direito, portanto, não se reduz, ao económico, nem á política, nem


ao axiológico-cultural (cultura).
O Direito centrado na pessoa radica na intersubjetividade.
 Intersubjetividade: refere-se á ideia de que normas jurídicas e
instituições são construções compartilhadas e reconhecidas por
diferentes sujeitos.
Lição Nº9
Epimerismo: é uma dimensão constitutiva de um discurso
pedagogicamente estruturado.

Direito:
O Direito é uma validade normativa em continuo processo de
realização problemático.
O Direito é uma instância critica.
 Dizer que o Direito é uma instância critica significa que ele
desempenha um papel de avalização e analise critica em
relação às normas, instituições e práticas socias.
O Direito apresenta uma dimensão problemática.
 Dimensão problemática do Direito: refere-se á complexidade e
aos desafios inerentes ao campo do Direito.
3 condições fundamentais para a emergência do Direito:
 Condição mundanal: o problema necessário da repartição por
todos nós de um mesmo mundo.
 Condição antropológica: ligada ao modo-de-ser do homem e a
significar que a nossa natural indeterminação tem de ser
compensada com uma convergência e que a nossa natural
divergência tem de ser compensada com uma imutabilidade
exigem, respetivamente, a institucionalização de uma ordem
social, politicamente disciplinadora, que de resposta aos
problemas que elas traduzem.
As condições mundanais e antropológicas são estáveis.
 Condição ética: esta condição tem de apresentar um conteúdo
particular.
A condição ética (porque tem a ver com o modo como o homem se
compreende) é variável (porque o homem vai-se compreendendo de
modos diferentes ao longo dos tempos.
Se todos compreendermos uns aos outros como seres de autonomia
ética, então já terá sentido dizer essa ordem uma autêntica ordem de
Direito
Esta três condição tem de se verificar comutativamente para que o
Direito se possa emergir.
Basta subtrair alguma delas para que o Direito deixe de ser possível.
As funções do Direito são condicionadas pela Época e a cultura onde
se inerem.
Funções do Direito:
 Função Integrante: refere-se á capacidade do sistema jurídico
de incorporar novas normas e princípios para se adaptar às
mudanças sociais, económicas e culturais.
Esta função integrante, possibilita a nossa vida em comum.
A função integrante proíbe a transgressão dos direitos, leis ou
normas.
A função integrante, no entanto, apresenta um caráter negativo,
porque o Direito ao tutelar certos valores e interesses fundamentais,
proíbe a sua transgressão; ao fornecer critérios para a repartição dos
bens e ao resolver os conflitos de interesses que possam irromper,
impede a perturbação injustificada das posições jurídicas em que
cada um esteja validamente investido; e ao consagrar o princípio da
legalidade da incriminação, limita a legitimidade punitiva do poder.
Subfunção de tutela: refere-se á proteção e defesa de interesses,
direitos e bens jurídicos por parte do sistema legal.
Esta subfunção busca assegurar que as normas e instituições jurídicas
atuem contra possíveis violações ou ameaças aos direitos individuais
ou coletivos.
Subfunção de resolução dos conflitos de interesses: papel do sistema
jurídico em solucionar conflitos ou disputas de interesses entre
partes.
Subfunção de garantia: refere-se á capacidade do sistema jurídico de
fornecer mecanismos e dispositivos que asseguram a efetivação e
proteção dos direitos e interesses reconhecidos legalmente.
Estas três subfunções que foram incluídas na função integrante
conexionam-se, na medida em que concorrem para possibilitar a
convivência humana, não obstante a pluralidade das mundividências
que socialmente se afirmam.
Elas integram-nos porque nos dão segurança.
 Função de validade: refere-se á capacidade das normas
jurídicas de serem reconhecidas como válidas dentro de um
sistema jurídico específico.
O Direito é chamado a afirmar hoje, nomeadamente perante a
política, uma função de validade.
Sentido positivo do Direito:
O sentido positivo do Direito está, neste nosso tempo, na afirmação
que ele faz desses valores, empenhando-se em realizá-los na
comunidade.
O sentido positivo do Direito refere-se á compreensão e aplicação das
normas jurídicas existentes numa sociedade.
Este sentido positivo do Direito apresenta dois momentos:
 Momento regulativo-constitutivo: refere-se á função que as
normas jurídicas desempenham na organização e
regulamentação da sociedade.
 Momento interpretativo: envolve a aplicação e compreensão
das leis através da interpretação, considerando casos
específicos e adaptando as normas ao contexto real.
Estes momentos aludem a alguns princípios jurídicos fundamentais,
tais como: o princípio da legalidade e da culpa (no âmbito do Direito
penal); o princípio da culpa, o do risco e o da liberdade negocial (no
âmbito do Direito civil); o princípio da defesa (no âmbito do Direito
processual) …
O Direito e o Homem:
Época clássica pré-moderna:
 Direito: o Direito encontrava o seu critério na trans legalidade
da ordem natural e era, portanto, uma mera instância de
explicitação da ordem jurídica.
Época moderna:
 Homem: o homem moderno era o homem da dúvida universal
e da critica radical.
Época moderno-iluminista:
 Direito: o Direito era a lei.
O Direito era um normativo universal que se exprimia a liberdade.
O Direito constituía a universalização da liberdade.
 Homem: autonomia do homem (isto quer dizer que o homem
que instituía a sua própria ordem, que se dava a si mesmo a sua
lei, que era legislador de si mesmo).

Jurista: no início do livro, foi-se dito que o jurista, apesar de se


centrar nas controvérsias de quid iuris, não poderia ignorar a questão
do quid ius.
 Quid iuris: “O que é o Direito?”.
Geralmente, usada para expressar a questão essencial ou o ponto
central relacionado a uma situação jurídica.
 Quid ius: “O que é o Direito?”.
Aborda também, a questão fundamental sobre o Direito a as suas
implicações.

De tudo o que foi dito, acentuamos três notas:


 A primeira, é a de que o Direito não se reduz aos critérios
jurídicos pré-objetivados.
 A segunda, é a de que a constituição de um novo sistema de
Direito, na medida em que pressupõe os mencionados e
contituendos referentes de sentido, é sempre, autenticamente,
uma reconstituição.
 A terceira, identifica uma remissão:
A função regulativa, aponta o caminho para o Direito a constituir,
porque nela vão pensados os valores e princípios conformadores do
sentido último, da ideia do Direito.

Lição Nº10
Positivismo: O positivismo forjou-se basicamente ao longo de dois
séculos (XVIII e XIX).
Para compreendermos o positivismo olhemos para ele em três
perspetivas:
 Vamos primeiro tentar perceber como ele surgiu.
 Depois, vamos caracterizá-lo.
 E em seguida, referir as três razões determinantes da sua atual
superação.
Fatores determinantes do positivismo:
O primeiro factor determinante do positivismo é aquele que
poderemos designar factor filosófico-cultural geral e sob o qual
consideramos o pensamento humano-cultural moderno-iluminista.
Direito:
Época pré-positivista:
O Direito nesta época era frequentemente concebido de maneira
mais ampla, incorporando elementos éticos, morais e naturais.
Antes do positivismo, as teorias jurídicas muitas vezes incluíam ideias
sobre a conexão intrínseca entre Direito e moral.
O Direito não era considerado um dado, identificava antes uma
normatividade muito complexa, que provinha de vários fatores e que
os próprios juristas iam constituindo á medida que a realizavam.
Época clássica Romana:
Na Época clássica Romana, o Direito era marcado pela sua
organização, codificação e influencia duradoura, moldando a
compreensão e a prática do Direito.
Na Época clássica Romana o Direito radicava na prudência das
situações concretas, de que destacaremos a bona fidex, o animus, a
humanitas, a gravitas, a constantia, a bonitas, a veritas, a iustitia, a
utilitias…
Época medieval:
O Direito na Época medieval era diversificado, complexo e
frequentemente marcado por sobreposições de jurisdições e sistemas
legais.
A transição para a Idade moderna viu uma gradual racionalização e
unificação dos sistemas jurídicos, mas a herança medieval influenciou
persistentemente o desenvolvimento do Direito em muitas partes da
Europa.
Na Idade moderna, o Direito era ainda uma iuris-prudentia, mas
agora radicada numa hermenêutica de textos (corpus iuris civilis e o
corpus iuris cononici).
Estes textos eram orientados pelo método escolástico.
 Método escolástico: foi o resultado da assimilação pela cultura
medieval, da dialética aristotélica, operada na sequência da
coetânea recuperação do Organon do Estagirita.
Pensamento escolástico: é no fundo uma dialética problemática,
começa por apresentar-se a questão, toma-se depois uma posição
provisória sobre ela, discute-se a seguir esta posição provisória
invocando-se os textos das autoridades contra e a favor dela, e
através desta dialética, tenta chegar-se a uma conclusão.
Época moderna:
Até á Época moderna o Direito não se distinguia da filosofia prática.
 Homem: o homem moderno era o homem da dúvida universal
e da critica radical.
A libertação do Homem moderno, passou, pois, pela autonomização
dos seus interesses.
Pensamento moderno: este pensamento abandonou a jurisprudência
e passou a compreender o Direito como uma construção dedutiva
feita a partir de uma racionalidade axiomaticamente afirmada.
O pensamento moderno é racionalista devido á enfase significativa
colocada na razão como uma ferramenta fundamental para adquirir
conhecimento, entender o mundo e tomar decisões.
Fatores culturais:
 Secularização: refere-se ao processo pelo qual as instituições,
comportamentos e valores perdem a influencia ou significado
religioso em favor de uma orientação mais secular, não
religiosa.
Este fator é caracterizado, no plano da religião.
 Racionalismo moderno-iluminista: o racionalismo moderno-
iluminista refere-se a uma abordagem intelectual que ganhou
destaque durante o período da Ilustração, um movimento
cultural e intelectual predominante nos séculos XVII e XVIII na
Europa.
Esta perspetiva, muitas vezes associada aos pensadores iluministas,
enfatizava a primazia da razão, da ciência e do pensamento critico
como meios para compreender o mundo e melhorar a sociedade.
O Direito natural moderno-iluminista assentava, portanto, num puro
racionalismo, que nada tinha a ver com a prática, identificando assim
uma normatividade ideal e dualizada no mundo.
Modo de pensamento iluminista: decretavam-se os códigos antes e
aplicavam-se antes.
Hipertrofia da historicidade
Fatores sociais:
 Liberdade: conceito complexo que poder ser influenciado por
diversos elementos sociais.
A liberdade é então entendida como um conceito dinâmico, moldado
por diversos aspetos sociais, culturais e económicos que constituem a
estrutura da sociedade.
 Vontade: a vontade refere-se á capacidade individual e coletiva
de tomar decisões e agir dentro do contexto social e legal.
 Razão: a razão refere-se á capacidade de pensar logicamente,
compreender, justificar e tomar decisões fundamentadas,
considerando as influências sociais, culturais e institucionais
que moldam esse processo.
 Conteúdo: o conteúdo refere-se ao conjunto de normas,
princípios, valores e regras que compõem o sistema legal de
uma sociedade.
Razão moderna: esta “razão moderna” refere-se á enfase e ao papel
central atribuídos á razão na abordagem intelectual que caracterizou
a era moderna, particularmente a partir do Renascimentos até á
Ilustração.
A razão moderna está intrinsecamente ligada ao desenvolvimento do
pensamento iluminista e á busca por autonomia intelectual,
liberdade e progresso.
Contrato social: é uma teoria que procura explicar a origem e a
legitimidade do poder político, fundamentando-o em um acordo ou
contrato implícito entre os indivíduos de uma sociedade.
O contrato social identifica, com efeito, uma vinculação da liberdade,
por afirmação das próprias liberdades e com o objetivo de gerir os
interesses.
No contrato transacionam-se interesses.
Contratualismo: refere-se a uma abordagem filosófica que explora a
ideia de que a ordem política e legal resulta de um contrato ou
acordo entre os indivíduos de uma sociedade.
O contratualismo constituía o fator político-jurídico determinante do
pensamento moderno-iluminista.
Leis do contratualismo iluministas:
As leis do contratualismo iluminista constituíam desenvolvimentos
normativos autorizados pelo contrato social que as fundamentava,
tinham por única função coordenar estruturalmente as liberdades
para possibilitar a cada um a realização dos seus próprios interesses,
e eram basicamente caracterizadas pelas notas da generalidade, da
abstração e da formalidade, pois só assim se garantiam os valores da
certeza do Direito e da igualdade perante a lei.
 Nota da generalidade: lei é igual para todos.
 Nota da abstração: ao irrelevarem a individualidade e a
especificidade das situações para poderem aplicar-se lógico-
dedutivamente.
 Nota da formalidade: ao limitarem-se a definir as regras do
jogo da atuação dos interesses sem nele se envolverem.
Ou seja, o modelo adequado para se pensar a sociedade a partir do
individuo era oferecido pelo contrato, pois esta é uma figura jurídica
que assenta na vontade e que afirma a liberdade e a igualdade dos
contratantes.
Época pré-moderna:
 Homem: o homem pré-moderno só se reconhecia um sentido
por mediação da transcendência de uma ordem naturalmente
constituída ou teologicamente referida, o homem moderno
compreendia-se como um ser de autonomia, e reconhecia uma
liberdade através da razão, pretendendo criar uma ordem a
partir de si mesmo.
Época moderno-iluminista:
 Homem: na Época moderno-iluminista, o homem era
frequentemente caracterizado de maneira otimista, com enfase
na sua capacidade racional, autónoma e propensa ao
progresso.
A libertação do Homem moderno, passou, pois, pela autonomização
dos seus interesses.
 Direito: na Época moderno-iluminista, o Direito era
caracterizado por uma mudança nas conceções tradicionais e
pela busca por princípios racionais, igualitários e
fundamentados na razão.
 Leis: as leis tinham de ser abstratas, porque somente na
abstração poderia haver dedução.
As leis moderno-iluministas utilizavam conceitos como “homem”,
“maior”, “português”, “contrato”, “delito” … e eram ainda abstratas
porque referiam-se a tipos de ação pensados como categorias lógicas.
As leis moderno-iluministas eram regras formais, apenas definiam as
condições do jogo (definiam as normas que deveriam ser seguidas
pela sociedade), delimitando a esfera de cada um relativamente á dos
outros.
Liberalismo: podemos dizer que o liberalismo afirma a liberdade
preponderantemente á igualdade, e que, às avessas, a democracia
afirma a igualdade com mais enfase do que a liberdade.
O liberalismo refere-se a uma abordagem que enfatiza a proteção dos
direitos individuais e liberdades.
 Ideologia liberal: esta ideologia sobrevaloriza as garantias
individuais.
Os campeões do pensamento liberal foram, os Ingleses.
 Ideologia democrática: esta ideologia acentua a igualdade e a
vontade da maioria.
Os Franceses enquanto corifeus da democracia, são os homens do
pensamento racional, pelo que estão originariamente
comprometidos com a eclosão do racionalismo moderno-iluminista.
Estes dois referentes, quando absolutizados não são compatíveis.
Estas duas ideologias acabaram por se sintetizar e por dar origem ao
Estado representativo demo-liberal.
Notas caracterizadoras do comportamento humano:
 Intencionalidade da ação: refere-se á capacidade de um
individuo de realizar ações com um propósito consciente ou
uma finalidade especifica.
Envolve a ideia de que os seres humanos agem de maneira
intencional, direcionando as suas ações para alcançar objetivos ou
responder a estímulos de uma forma que não é meramente reflexiva.
 Validade do “telos” pressuposto pela ação: a validade do
“telos” refere-se á legitimidade ou correção do propósito ou
finalidade subjacente a uma ação.
“Telos” significa fim ou objetivo, e a sua validade implica a avaliação
ética ou moral do objetivo que motiva uma ação.

Dualismo metodológico:
 Técnica: interpretação da lei e a sua aplicação subsuntiva (o
método jurídico positivista).
 Teoria da ciência do Direito: que se ocupava das mencionadas
sistematizações dogmático-formalmente consistente e
construção lógico-conceitualmente estruturada.

Em suma:
O pensamento jurídico decisoriamente envolvido tinha o seu núcleo
no Direito (pré-)dado nas normas criadas pelo legislador.
Aos juristas cumpria apenas conhecer essas normas, pelo que a sua
tradicional tarefa prática se transformou numa (teorética)
preocupação de conhecimento de um objeto.

Lição Nº11
Coordenadas caracterizadoras do positivismo:
Vamos caracterizar estas coordenadas do positivismo jurídico, com o
objetivo de apurar a especifica normatividade que este pensamento
pretendeu afirmar.
Coordenada político-institucional: esta coordenada aponta para a
ideia de Estado de Direito de legalidade.
Esta coordenada mais propriamente refere-se á análise das relações
entre as instituições políticas e o sistema jurídico, sem
necessariamente considerar critérios éticos ou morais.
Estado de Direito:
Este tipo de Estado pretendia dar uma dimensão jurídica a um
problema político-social.
De uma outra forma, este Estado visou dominar juridicamente o
poder.
O Estado-de-Direito de legalidade formal foi a tentativa histórico-
culturalmente consonante de solucionar juridicamente o problema
do poder.
 Estado-de-Direito de legalidade formal: este tipo de Estado-de-
Direito refere-se a um princípio jurídico no qual o exercício do
poder estatal é limitado e condicionado pela lei.
Este Estado-de-Direito de legalidade formal é estruturado por três
princípios (princípios considerados da coordenada político-
institucional):
 Princípio de separação de poderes: a separação de poderes na
perspetiva do positivismo jurídico, refere-se á organização e
distribuição das funções estatais entre diferentes instituições,
como o poder legislativo, executivo e judicial.
 Princípio da legalidade: este princípio diz-nos que que a lei,
entendida como o estatuto geral, abstrato e formal da prática
política e da ação concreta, estava na base de toda a vida na
relação.
A legalidade na perspetiva do positivismo jurídico, significa que a
validade das normas jurídicas está estritamente vinculada á sua
origem em fontes reconhecidas como autorizadas, como a legislação
formalmente promulgada pelo legislador.
 Princípio da independência judicial: principalmente é uma
obediência do juiz á lei.
Na perspetiva do positivismo jurídico, a independência judicial refere-
se á autonomia e imparcialidade do sistema judicial em relação aos
outros poderes do Estado.
Coordenada especificamente jurídica: esta coordenada é uma
consequência da coordenada político-institucional.
Aqui o Direito é igual á lei.
Esta coordenada refere-se á análise e compreensão do Direito
estritamente com base em normas jurídicas positivas.
Como era a lei no seu sentido moderno:
 Comando/prescrição geral.
 Abstrata.
 Formal.
 Imutável.
Coordenada axiológica: esta coordenada refere-se á valoração ou aos
valores atribuídos às normas jurídicas.
 Axiologia: ramo da filosofia que estuda os valores.
Coordenada funcional: esta coordenada reside na separação do
momento (criação política) e o momento da sua aplicação (da sua
aplicação judicial).
Função do jurista antes:
A função do jurista era apenas a de conhecer, em termos
epistemologicamente corretos o Direito-objeto, que lhe era dado, ou
nas instituições culturais do povo, onde se deveria limitar a colhê-lo,
ou pelo poder legislativo, que o tivesse prescrito.
A intenção do jurista era puramente cognitiva, a sua função era
prática-normativamente judicativa e passou a ser teorético-
axiomaticamente aplicativa.
Coordenada epistemológica: esta coordenada tenta conhecer o
Direito.
Existe autonomamente nas leis.
Esta coordenada refere-se á abordagem metodológica e ao
entendimento do conhecimento jurídico.

Lição Nº12
Positivismo: o positivismo (mais especificamente jurídico) é uma
abordagem que considera o Direito como um fenómeno social,
desvinculando de considerações morais ou éticas.
“O positivismo apareceu-nos, justificadamente, como o imediato
referente histórico para uma lograda (re-)compreensão do sentido
específico do Direito, hoje.” – afirmação retirada do livro “Lições de
Introdução ao Direito” de Fernando Bronze.
O positivismo tinha como fundo o intelectualismo científico, que
referia as realidades culturais a um paradigma: o das ciências da
natureza, ou ciências experimentais, ou ainda ciências empirico-
analiticas.
 Intelectualismo científico: o intelectualismo científico, enfatiza
a análise objetiva e científica do Direito, desconsiderando juízos
de valor pessoais ou morais.
Segundo esta perspetiva, o trabalho do jurista consiste em identificar
e descrever as normas jurídicas existentes, sem fazer avaliações
subjetivas sobre a sua validade moral.
Ius:
O ius não é um fenómeno isolado, ou seja, reflete-se sempre sobre o
contexto histórico-cultural e político-social em que se manifesta.
Problemas práticos e problemas técnicos:
 Problemas práticos: estes problemas práticos referem-se a
desafios concretos enfrentados na aplicação e administração do
Direito.
EX: Eficácia das leis, eficiência do sistema judicial, interpretação
consistente das normas legais e á resolução prática de casos
específicos.
 Problemas técnicos: estes problemas técnicos referem-se a
desafios práticos relacionados á aplicação e interpretação das
normas legais.
Estes problemas não envolvem considerações morais ou éticas, mas
sim questões operacionais, tais como: a clareza na redação das leis, a
consistência na sua aplicação pelos tribunais e a eficácia na resolução
de disputas legais.
“A técnica consiste na mobilização-aplicação de um determinado
conhecimento para se alcançarem certos fins… - pelo que se pode
dizer que toda a técnica é… hipotética” – afirmação retida do livro
“Lições de Introdução ao Direito” de Fernando Bronze.
“É que os problemas práticos são diferentes dos problemas técnicos:
se este tem a ver com o saber fazer, aqueles preocupam-se com o
reto agir, pelo que enquanto os primeiros implicam uma relação meio
fim, visando a eficiência, os segundos pressupõem uma validade, que
se projeta numa relação de fundamento a consequência.” –
afirmação retirada do livro “Lições de Introdução ao Direito” de
Fernando Bronze.
Superação do positivismo:
A superação do positivismo envolveu dois aspetos fundamentais:
 Transformação completa no contexto histórico-cultural e
político social em que o positivismo surgiu e se desenvolveu.
 E uma outra profunda modificação que recentemente abalou o
horizonte jurídico específico pressuposto por ele.
1. Fatores histórico-culturais e político-sociais na superação do
positivismo:
O positivismo sucedeu ao jusracionalismo moderno-iluminista, que
concebia o Direito como derivado de uma natureza hipotética.
 Jusracionalismo moderno-iluminista: o jusracionalismo
moderno-iluminista refere-se a uma abordagem do Direito
influenciada pelo pensamento racionalista da Era moderna e
pelas ideias iluministas.
Este movimento jurídico busca fundamentar o Direito em princípios
racionais e universalmente aplicáveis.
O positivismo transformou essa visão, considerando o Direito como
contingente político-social, rompendo com a ideia de um Direito
absoluto e histórico.
A superação do positivismo leva-nos a analisar os atuais contornos do
Direito e do pensamento jurídico em relação a essa mudança
perspetiva.
a) Fatores Históricos culturais na superação do positivismo:
O Direito reflete o contexto histórico-cultural e político-social, sendo
ele influenciado por diferentes aspetos interconectados.
O positivismo tinha raízes no intelectualismo científico do séc.XIX,
que valorizava as ciências experimentais.
 Intelectualismo científico: o intelectualismo científico, enfatiza
a análise objetiva e científica do Direito, desconsiderando juízos
de valor pessoais ou morais.
A sociedade liberal desse período focava na definição do estatuto das
ações individuais para garantir igualdade e certeza.
 Sociedade liberal: a sociedade liberal neste século (século.XIX),
foi e é caracterizada por um grande enfase nos princípios do
liberalismo que se desenvolveram nos séculos anteriores.
leis moderno-iluministas: buscavam estruturar essas ações
individuais, destacando a importância dos interesses individuais na
dinâmica social.
As leis moderno-iluministas apenas visavam traçar a estrutura
suporte das ações individuais.
No final do séc.XIX, o cientismo enfrentou uma crise, reconhecendo-
se que a ciência não resolvia todos os problemas humanos,
especialmente os existenciais e práticos. Os problemas práticos,
ligados ao agir ético, escapavam á abordagem das ciências empirico-
analiticas, que eram eficazes para questões técnicas.
Surgiu um novo panorama epistemológico com a valorização de
ciências históricas, culturais e hermenêuticas, refletindo a
complexidade da realidade humana.
O homem deixou de ser meramente um objeto de análise para ser
considerado como uma pessoa concreta inserida na história.
Além da racionalidade lógico-abstrata, outras dimensões mais
alinhadas com a prática foram reconhecidas.
O discurso epistemológico do positivismo era limitado às ciências
naturais, operando com um empirismo-naturalista e uma lógica
analítica e empiricamente verificável. Contudo, esta abordagem
excluía o significativo no âmbito humano.
Surgiram as ciências do espírito e da cultura como uma oposição às
ciências físico-naturais, ampliando o escopo da investigação.
A recuperação do significado da prática foi crucial para superar o
positivismo. Enquanto o cientismo positivista reduziu a prática a uma
técnica operatória, o pensamento subsequente restabeleceu o seu
significado original: a prática como comunicação na história, um
diálogo de ações com troca de sentidos culturalmente densificados.
A reabilitação da prática reposicionou a reflexão no âmbito histórico-
concreto, convocando fundamentos intersubjetivamente
significantes.
A filosofia do Direito deu lugar á teoria geral do Direito.
Pensamento jurídico contemporâneo: é profundamente influenciado
pelo “logos prático”, priorizando problemas juridicamente relevantes
que envolvem as relações humanas.
 Logos prático: ideias que procuram uma compreensão mais
abrangente do Direito, além das meras normas positivas.
“O “logos prático” cuida da comunitariamente contextualizada
fundamentação do razoável e do não razoável, do aceitável e do não
aceitável, do justo e do injusto, da ação (ou da decisão) devida e da
ação (ou da decisão) indevida, pelo que compromete, de modo
irreticente, o sujeito que com ele se pré-ocupa, impondo-lhe ainda a
referencia da ação (ou da decisão) circunstancialmente em causa ao
intersubjetivamente vigente e historicamente constituendo universo
axiológico que dela permitia ajuizar e que do mesmo passo garanta a
racionalidade requerida pelo exercício.” – afirmação retirada do livro
“Lições de Introdução ao Direito” de Fernando Bronze.
 Logos teorético: o “logos teorético” ocupa-se do conhecimento
do necessário.
Pensamento jurídico: atualmente o pensamento jurídico é
fortemente influenciado por os tribunais do logos prático.
Homem do Individualismo liberal: o individualismo liberal do
positivismo jurídico considerava os homens abstratamente livres e
iguais.
 Individualismo liberal: o individualismo liberal refere-se a uma
enfase dos direitos e interesses individuais (de cada um), sendo
um componente central da filosofia liberal.
b) Fatores políticos-sociais:
O individualismo liberal do contratualismo moderno-iluminista, ao
considerar os homens abstratamente livres e iguais, adotou uma
conceção formal da legalidade, ignorando compromissos sociais.
 Individualismo liberal do contratualismo moderno-iluminista:
este tipo de individualismo na época moderno-iluminista
refere-se a uma perspetiva filosófica e política que se
desenvolveu durante o período iluminista
A igualdade formal proposta escondeu desigualdades materiais e
injustiças na realidade concreta da vida humana.
 Igualdade formal: a igualdade formal refere-se ao principio de
que todos os indivíduos devem ser tratados da mesma maneira
perante a lei, independentemente das suas características
pessoais (origem, sexo, raça, religião…).
Conscientização da dimensão social dos problemas humanos levou á
necessidade de intervenção concreta, indo além das regras abstratas
do jogo delineadas pelo liberalismo contratualista.
Surgimento do Estado social (ou Estado providencia) como resposta
a essas necessidades, buscando resolver carências e problemas
humanos. No entanto, a crise atual desse modelo decorre dos seus
efeitos perversos, como a diminuição da responsabilidade individual
e a potencial opressão política e despersonalização ética.
 Estado providencia: este Estado refere-se a um modelo de
organização política e social em que o governo assume a
responsabilidade de garantir o bem-estar e a segurança social
dos cidadãos.
O Estado providencia, ao tentar satisfazer todas as necessidades e
resolver todos os problemas, pode conduzir á dependência excessiva
das pessoas no sistema social. Isso resulta em uma lógica em que as
procuras incessantes colocam uma carga insustentável sobre o Estado
e sobre os indivíduos, levando á frustração e á busca constante por
mais. A confiança excessiva no Estado pode, portanto, contribuir para
a lógica do Estado providencia que, talvez, derive de uma
compreensão da política como a projeção da frustração individual
sobre o coletivo.
Fracasso do Estado providencia:
Alguns críticos argumentam que o modelo deste Estado enfrentou
desafios, como altos custos, burocracia excessiva e problemas de
sustentabilidade financeira.
No entanto, alguns defensores deste Estado argumentam que ele
desempenhou um papel crucial na redução da pobreza, na promoção
da igualdade social e na garantia de serviços básicos para os cidadãos.
2. Fatores económico:
Questionamento do juridicismo formal do positivismo, que
considerava o conteúdo do Direito como exclusivamente político,
definindo o Direito apenas pela sua formalidade.
 Juridicismo formal do positivismo: este tipo de juridicismo do
positivismo refere-se a uma abordagem que destaca a forma e
a estrutura das normas legais, desconsiderando as
considerações morais, éticas e/ou substanciais.
A experiência revelou que o Direito não poderia ignorar as soluções
concretas dadas aos problemas juridicamente relevantes, levando á
substituição do juridicismo formal por uma preocupação jurídica
material.
Surge a ideia de uma autêntica juricidade materialmente densificada,
rompendo com a visão positivista de que o Direito era separado do
seu conteúdo.
Exemplos dessa mudança incluem artigos específicos do código civil,
como os artigos 473º, 405º e 406º. Esses artigos refletem a evolução
em direção a uma compreensão mais substancial é material do
Direito.
Superando a visão positivista, o princípio da igualdade não é mais
compreendido como proposto pelo positivismo, que o associava á
mera aplicação abstrata da lei.
 Princípio da igualdade: o princípio da igualdade na visão
positivista, refere-se á aplicação igual das leis a todos os
cidadãos, sem discriminação arbitrária.
Atualmente, a igualdade não se limita á igualdade perante a lei de
forma abstrata. O Direito-lei, que é geral e abstrato para os casos
previstos, é criticado por dua razões: os casos podem ser
abstratamente iguais, mas concretamente diferentes, e a lei
prescreve um critério para casos selecionados por ela mesma.

Juricidade trans-legal:
Critérios indefiníveis por lei, como cláusulas gerais, desempenham
um papel crucial.
A legitimidade do exercício de direitos subjetivos é avaliada caso a
caso, considerando, por exemplo, o abuso do Direito.
 Abuso do Direito: o abuso do Direito acorre quando alguém, ao
exercer um direito legitimo, ultrapassa os limites normais ou
razoáveis, prejudicando de maneira injusta outra pessoa ou
indo contra a finalidade para qual o Direito foi concedido, o que
acontece algumas vezes.
O princípio da igualdade material controla a legalidade.
 Princípio da igualdade material: ou igualdade substantiva,
refere-se á procura da igualdade real entre as pessoas, não
apenas na lei, mas nas condições de vida e tipos de
oportunidades.
Este princípio diferencia-se do principio da igualdade formal, que
concentra-se na igualdade perante a lei.

Juricidade para alem da lei:


O Direito não se resume á lei.
Existe uma juricidade trans legal baseada em princípios normativos e
jurídicos que fundamentam e devem ser respeitados pela legalidade.
Diferentemente do positivismo, não é possível pré-escrever
abstratamente o Direito, pois os problemas concretos ultrapassam as
possibilidades lógicas do sistema pressuposto.

Amplitude da normatividade:
O campo da normatividade jurídica vai além da legalidade positiva.
As lacunas são evidentes.
Contra o positivismo, não apenas o legislador constitui o Direito.
Os julgadores também desempenham este papel.

Dupla transcendência da norma legal:


A norma legal serve como critério orientador, mas é transcendida
pelos princípios fundamentais que a embasam.
É também transcendida pelo caso concreto, no qual é adaptada,
concretizada ou corrigida.

Distinção fundamental:
Reitera que o Direito e a lei não são sinónimos, destacando a
complexidade da relação entre normatividade jurídica e realidade
jurídica.
O princípio da igualdade hoje tem um caráter material e concreto
perante a legislação vigente. Não é suficiente garantir a igualdade
perante a lei. É necessário impor á própria lei a exigência material da
igualdade.
A igualdade material exige que a lei seja apenas um meio para
alcançar a igualdade, não sendo o seu critério definitivo.
Surge aqui uma distinção entre uma igualdade prático-normativa
perante o Direito e uma igualdade teorético-lógica pré-escrita
perante a lei.
Ou seja, a igualdade teorético lógica pré-escrita perante a lei foca-se
apenas na igualdade formal nas normas legais e a igualdade prático-
normativa perante o Direito destaca a importância de alcançar
igualdade efetiva na aplicação e nos resultados do sistema jurídico.
Síntese:
A lei não engloba todo o Direito.
O Direito é resultante da sua realização concreta.
A lei é um critério mobilizável durante a aplicação concreta do
Direito.
O Direito é uma questão em evolução, não algo preestabelecido.
A superação do positivismo ocorreu não apenas ao nível normativo,
mas também no institucional, reconhecendo que os tribunais não são
menos aplicadores da lei, mas também demiurgos da normatividade
vigente.
A superação implica a transição de um Estado de legislação para um
Estado de jurisdição, onde os tribunais desempenham um papel
crucial na avaliação da validade das leis.
O Direito atual procura uma legitimidade além da prescrita pelo
poder legislativo, sendo os tribunais os responsáveis por mobilizar
esse referente de legitimação.
A metodologia jurídica não é mais apenas uma exegese aplicadora.
Agora é também uma tarefa normativamente constitutiva,
requerendo que o decidente reflita sobre o sentido do Direito para
realizar a sua aplicação concreta.
Em conclusão, o Direito contemporâneo superou o positivismo, não
sendo mais restrito ao que é pré-escrito e incorporando a
participação ativa de mediadores na constituição do Direito.
Um Estado de justiça pode, em certas situações, criticar a legalidade
em nome do Direito, sem comprometer as qualidades do Estado de
Direito.

Direito constitucional: Direitos fundamentais.


Mais precisamente, o Direito constitucional, concentra-se no estudo e
interpretação da constituição de um país.
Direito administrativo: problemática da recompressão da
discricionariedade.
Mais precisamente, o Direito administrativo, trata da organização,
funcionamento e atividades da administração pública.
Direito penal: princípio da culpa, que radica no reconhecimento da
subjetividade ética da pessoa.
Mais precisamente, o Direito penal, trata das normas e princípios
relacionados a crimes e às suas punições.
Direito privado: aqui manifestam-se a autonomia, viabilizadora da
afirmação de divergências, a paridade auto-vinculada e os interesses
individuais de cada homem.
Mais precisamente, o Direito privado, trata das relações entre
particulares, sem a participação direta do Estado.
Direito contratual: o Direito contratual, lida com a formação,
validade, execução e rescisão de contratos.
Tradicionalmente, o “Direito contratual afirmava-se numa redutiva
compreensão do “pacta sunt servanda” (“os pactos devem ser
cumpridos”), ou seja, refletindo o princípio de que as partes
envolvidas em um contrato devem cumprir as obrigações e termos
acordado.
Atualmente, o Direito contratual, mesmo tendo um contrato
concluído que seja autêntico e livre, as partes podem num outro
momento, vir a tornar esse contrato em algo injusto para alguma das
partes.
 Individualismo contratualista: o individualismo contratualista,
refere-se a uma abordagem na teoria contratual que destaca a
autonomia e a liberdade individual na formação de contratos.
Vaguidade: a vaguidade refere-se á falta de clareza ou precisão em
termos ou disposições legais.
Quando uma lei, regulamento ou contrato é vago, os seus termos são
ambíguos ou indefinidos, o que poder levar a interpretações diversas
e, por vezes, conflitantes.
 Imprecisão: a imprecisão refere-se á falta de clareza ou
especificidade em termos, linguagem ou disposições legais.
Boa-fé: a boa-fé refere-se a um princípio ético e jurídico que implica
agir com honestidade, lealdade e sinceridade nas relações legais.
“A observância da boa-fé impõe, portanto, a consideração de
operadores como a prática social, os padrões dominantes, o
comportamento honesto, etc… Pelo que se pode dizer que provém de
um compromisso (material) mais forte (do que o derivado de uma
atuação formalmente correta, e) que flui da bondade e da confiança
que modelam originariamente e enlaçam reciprocamente as criaturas
humanas” – afirmação retirada do livro “Lições de Introdução ao
Direito” de Fernando Bronze.
Relevância: a relevância refere-se á importância ou pertinência de
determinados fatos, argumentos ou evidencias em um contexto legal.
A relevância é um critério crucial em processos judiciais, porque
ajuda a determinar quais informações podem ser apresentadas e
consideradas durante um julgamento.

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