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♦ Cruza-se com todas, mas não se reduz a qualquer uma delas. Vamos tentar
compreender o direito como uma dimensão normativa da nossa prática (a
única adequada à tarefa do jurista), que é diferente da do sociólogo, do
filósofo, ou do epistemólogo.
♦ Porque o direito é um fundamento/critério dos nossos comportamentos diz
sobre a validade e invalidade, da licitude e ilicitude. É uma norma de
dever/ser. É um padrão constitutivo da própria ação, das relações que
estabelecemos uns com os outros. É um princípio que determina a validade
dos nossos comportamentos societários.
♦ Diferentemente não é exclusivamente um fenómeno social, mas também o é!
Não é um puro objeto de especulação, mas por outro lado, também o é. Não é
um simples dado de ser conhecido, mas também se apresenta como tal.
Porque o jurista é quem assume a intenção fundamental do direito para o
projetar na realidade social., todos os outros estão comprometidos com o
objeto que estudam.
♦ Será a esfera do Direito Civil que tem a ver com as mais situações em que se
envolvem os “homens comuns em comum”, ou seja, o Direito Privado é o
domínio da liberdade (autonomia) e da igualdade (paridade) numa intenção À
horizontal justiça comutativa.
2ª LINHA ASCEDENTE [das partes para com um todo] (ordo partium ad totum):
♦ Nós não somos indivíduos, também somo “socci”.
♦ Nesta linha, estamos perante a justiça geral, que se traduz em tudo aquilo,
que em nome de todos, se pode exigir a cada um ou tudo aquilo que cada um
pode exigir ao todo.
♦ Estamos aqui, perante a justiça protetiva, uma que o Direito é aqui chamado a
institucionalizar formalmente, a limitar e a controlar o poder e,
consequentemente a garantir a situação dos particulares que com ele se
confrontam.
♦ Estes objetivos podem ser favoráveis, mas também podem visar os benefícios
da própria sociedade (como é o caso do Direito da providência e da assistência
social, em que aparecemos como beneficiários, mas também contribuir para
determinados fundos (sociais)).
Cuida de si mesma, e como é obra humana e nós não somos perfeitos, tenta
minimizar esse facto. Auto organiza-se para que possa subsistir como um
todo.
2. Função organizatória ou secundária:
♦ Como toda a criação humana a ordem jurídica tende a desorganizar-se,
logo, tem que se autodisciplinar e estabilizar.
♦ Esta função volta-se para si própria, ou seja, para se auto-organizar e
estabilizar, podendo só assim subsistir.
♦ Esta integra uma multiplicidade de exigências e elementos onde podem
surgir incompatibilidades, até porque as normas vão se modificando,
logo os critérios podem não se mostrar coincidentes com as relações se
o comportamento, se compreender como “constituendo”, ou seja, se o
comportamento ainda não estiver vigente.
♦ A ordem jurídica será inadequada se permanecer estática, mas também
não pode ser sucessivamente aberta, caso contrário provocaria
insegurança devido à não garantia de previsibilidade que esta deve
conter.
♦ Estamos no domínio da praxis (união entre a teoria e a prática), assim
sendo, terá de haver uma relação ente a estabilidade e a evolução.
♦ Não se podemos esquecer que existem critérios que se mantém
formalmente em vigor para além do seu tempo, pois insistem em
permanecer mesmo quando já não respondem aos problemas da vida
juridicamente relevantes (normas caducas).
♦ A ordem jurídica organiza os modos da sua própria realização, criando
órgãos, quem competem em diferentes funções: tribunais, órgãos
administrativos, entidades privadas). Existem assim uma dimensão
orgânica desta função que diz como esses órgãos devem exercer tais
competências através de um processo que se repete formalizadamente
através de um processo, sendo este um conjunto de atos ordenados
para a realização de um objetivo. Racionaliza a ação, controla os
próprios órgão e controla o poder:
o Define as posições do Tribunal e das partes, determina quando e
como o tribunal deve intervir.
o Garante que o processo racionaliza a decisão, garante a
visibilidade transparente e a participação das partes.
o Pode existir uma ordem jurídica sem critérios, as partes podem
mobilizar diferentes valenças adequadas aos seus problemas.
1. Ordem: que tem como o fim coletivo de nos ordenar. por ser ordem evita
contradições, transmitindo segurança. Por exemplo: não se pode julgar hoje
um caso de um modo diferente de o de amanhã, sem que tenha por base uma
analogia que justifique essa mudança. Caso contrário, gera insegurança, sem
nos proporcionar uma previsibilidade e igualdade na nossa vida social. Esta é
um todo coerente, traduz um esforço cultural para compensar o nosso
carácter deficiente e inacabado. É uma segunda natureza para nos corrigir!
Visa asseguram uma integração comunitária como sendo uma instância de
controlo da vida comum, integrando-nos assim, a partir do momento em que
são comungados valores que são tidos como os adequados na nossa
comunidade nem determinado momento histórico.
3. Efeito de Segurança;
4. Efeito de paz;
5. Efeito de liberdade;
ORDEM DE DIREITO
♦ Nem todas as ordens são de direito, podendo ela até apresentar todas as
características, todas as notas, todos os efeitos e não ser ordens de direito
(por exemplo a ordem nazi). A circunstância da ordem jurídica ser uma ordem
não garante que se lhe deva reconhecer o sentido de direito. A compreensão
do sentido do direito não é redutível à mera soma de fatores que o
determinam historicamente. Para acedermos ao sentido de direito, temos que
passar para lá do fenómeno e ter uma intenção que se compreenda. A
compreensão terá de se processar perante a mediação de valores, podendo
estes ser de adesão ou repulsa. Assim, ou os sentidos vão sendo
responsavelmente instituídos pela determinação realizada no horizonte
cultural, tendo passado pela historicidade do mundo da vida e atenta à
problemática de compreender o sentido. Esta compreensão é estabelecida
através do diálogo entre todos nós, no sentido de compreendermo-nos a nós
mesmos no horizonte do que somos.
Não há direito sem ordem, sem a estrutura, sem as funções, as características
e os efeitos de uma qualquer ordem jurídica. Uma ordem ordenada pela
eficácia não será uma ordem de direito.
O direito tem uma carga axiológica que o homem assume, considerando-o
positivo. Tem também, um sentido que importa compreender, e um sentido
que só pode ser compreendido num universo significante (que nos faça
sentido).
♦ O que é o Direito para nós, num universo de valores pelos quais nos
compreendemos?
O Direito e o Estado têm histórias diferentes. O Estado é uma invenção
recente, por sua vez o Direito existiu antes, já no Ius Romanum.
Embora a legislação seja o direito do Estado, este não absorve todo o direito,
sendo apenas o modo de constituição da normatividade jurídica vigente.
Mesmo num sistema legislativo como o nosso, há outras fontes de direito: o
legislador não goza de qualquer monopólio, mas apenas de uma prerrogativa
na criação do direito. Existem mais direito, do que aquele apenas presente no
do Estado.
O Estado visa fins, mobiliza o poder e tende à eficácia, diferentemente o
direito baseia-se em valores, atuando numa normatividade e procurando a
verdade.
Nem todo o Direito é criado pelo Estado, por exemplo, o direito
consuetudinário resulta de uma prática social estabilizadora. A própria
expressão, “estado de direito” prova que esses dois são diferentes, pois só
sendo diferentes eles se relacionam, caso contrário, confundir-se-iam.
Assim sendo, o Estado encontra o seu fundamento no direito. Nem todos os
Estados se podem dizer de direito, só o são quando a validade for autónoma
do poder político, logo, a ordem jurídica não é uma ordem de direito apenas
por ter nota de estadualidade. Se todo o direito fosse estadual, o poder seria o
seria o seu fundamento. O poder político não é o fundamento do direito, e se
fosse, qualquer norma criada pelo estado seria de direito, não estando o
homem disposto a submeter-se.
O DIREITO E A SOCIEDADE
♦ O Direito não existe isolado, que atua na realidade social, sendo a sociedade o
“campus” em que ele opera.
♦ O ser humano é diferente, é um ser de conflito, mas que partilha de algo em
comum, então a sociedade pretende ser a resposta dos nossos conflitos. Não
estamos apenas uns ao lado dos outros, há entre nós relações interferentes. A
realidade social é mais do que um mero encontro de indivíduos.
♦ Para haver verdadeiramente uma sociedade, tem de se assimilar a existência
de um pessoal individual e de uma pessoa social (exemplo: em casa sou filha e
na universidade sou aluna). A sociedade é uma teia das nossas relações, e
dentro dela estamos também nós.
♦ Existem muitas formas de socialização que podem acabar num consenso ou
num conflito ou seja, quando os indivíduos se associam, atendendo ao que
tem em comum, falamos de solidariedade mecânica e quando falamos de
espacialização profissional, de dependências recíprocas, de interdependência,
temos solidariedade orgânica.
♦ A sociedade surge como um sistema funcional que define as relações que
temos uns com os outros, para reduzir as complexidades, tentando atenuar os
problemas da convivência, das nossas ações que trocamos entre nós. Dentro
das instituições (comunidades), cada um de nós desempenha um papel e tem
um estatuto (ex: alunos e professores).
♦ A sociedade integra-nos comunitariamente, contendo esta um sistema de
valores que não se identifica com a vontade política. Temos “direito vigente”
quando uma validade normativa se realizar sociológica e atender a uma
comunidade, um determinado momento histórico.
♦ Os valores que identificam este sistema são os fatores da coesão social, sendo
estes elementos fundamentais para a integração comunitária.
♦ A integração é fundamental para a compreensão da vida social, mas também
para o conflito (faz “abrir” a sociedade). Só existem conflito, porque há uma
comunidade. O conflito é condição de realização de justiça e é perante os
desacordos que o julgador é chamado a decidir. O direito é integrante e é ele
que regula as relações na sociedade, mas não se esgota nas relações, embora
seja um núcleo duro.