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Conteúdo

I......................................................................................................................................2
II....................................................................................................................................2
III...................................................................................................................................3
IV...................................................................................................................................3
V....................................................................................................................................5
VI...................................................................................................................................5
VII..................................................................................................................................7
VIII................................................................................................................................7
IX...................................................................................................................................9
X..................................................................................................................................11
XI.................................................................................................................................13
XII................................................................................................................................13
XIII..............................................................................................................................14
XIV..............................................................................................................................15
XV...............................................................................................................................15
XVI..............................................................................................................................15
XVII.............................................................................................................................15
XVIII...........................................................................................................................16
XIX..............................................................................................................................17
XX...............................................................................................................................17
XXI..............................................................................................................................18
XXII.............................................................................................................................18
XXIII...........................................................................................................................20
XXIV...........................................................................................................................20
XXV............................................................................................................................20
XXVI...........................................................................................................................20
XXVII..........................................................................................................................20
XXVIII........................................................................................................................20
XXIX...........................................................................................................................21
XXX............................................................................................................................21
XXXI...........................................................................................................................21
XXXII..........................................................................................................................22
XXXIII........................................................................................................................22
XXXIV........................................................................................................................22
XXXV..........................................................................................................................22
XXXVI........................................................................................................................22
XXXVII.......................................................................................................................23
XXXVIII......................................................................................................................23
XXXIX........................................................................................................................24

Casos Práticos de Introdução ao Direito


I.
O Município A tinha o intuito de construir um parque de estacionamento no centro da
cidade. Para tal, compra a B um terreno pelo preço de € 100.000,00, que deveria ser
pago em duas prestações de € 50.000,00 cada, uma em 01/06/07 e outra em 01/07/07.
Tendo sido paga apenas a primeira das prestações e tendo o Município, afinal,
construído um campo de futebol, B pretende intentar uma ação judicial contra o
Município. Diga qual é o direito aplicável e qual o tribunal competente, justificando
doutrinal e legalmente a sua resposta.
II.
António casou com Vanda em 01/01/1960 sem terem estabelecido convenção
antenupcial. Na data do casamento vigorava o regime supletivo da comunhão geral de
bem. Posteriormente, em 1968, entrou em vigor uma lei que determinava que o regime
aplicável era o da comunhão de adquiridos. Em 01/07/2007, António propõe uma ação
de divórcio contra Vanda em que sustenta que, atenta a data em que é proposta a ação, o
regime aplicável é o da comunhão de adquiridos. Quid Iuris?
III.
Alberto praticou um crime em 01/01/2006. Nas três situações expostas, diga qual é a lei
aplicável, justificando a sua resposta legal e doutrinalmente. Responda a cada alínea
separadamente.
a) Uma lei posterior, que entrou em vigor antes do trânsito em julgado da decisão
de condenação de Alberto e atenuou a pena aplicável ao crime cometido
b) Uma lei posterior, que entrou em vigor depois da prática do crime, mas antes da
decisão judicial, e agravou a pena aplicável ao crime cometido
c) Uma lei posterior ao trânsito em julgado da decisão de condenação e revogou a
norma incriminatória
IV.
Em 25/01/2006, Alberto cometeu o crime de sequestro. A Lei n.º 321/2005, de 12 de
Janeiro, determinava que tal crime era punível com pena de prisão de 1 a 5 anos ou pena
de multa até 360 dias. A Lei n.º 123/2006, de 10 de Fevereiro, determinava que o
referido crime era punível com pena de prisão de 1 a 3 anos ou pena de multa até 100
dias. Sabendo-se que Alberto foi condenado por decisão proferida em 01/03/2006 e
transitada em julgado em 10/03/2006, diga, fundamentalmente, qual é a Lei que lhe
devia ter sido aplicada.
V.
A Lei n.º 789/2006, de 8 de Janeiro, determinava que os inquilinos têm o dever de
entregar ao senhorio as casas que arrendaram reparadas de todas as deteriorações
decorrentes do uso que as mesmas tiveram. Em 01/10/2001, Amâncio arrendou um
apartamento a Berto, pagando este àquela a renda mensal de € 300,00. Em 01/10/2006,
cessou contrato de arrendamento e Berto procedeu à entrega formal da casa a Amâncio
sem que estivessem feitas as devidas reparações, sustentando Berto que, na data em que
celebrou com Amâncio o contrato de arrendamento, a Lei em vigor não determinava ao
inquilino a realização de tais obras. Terá razão?
VI.
Óscar pretende constituir uma empresa de construção civil. Para o exercício desta
atividade nos moldes por aquele traçados, é exigida uma licença a emitir pelo Instituto
dos Mercados das Obras Públicas e Particulares e do Imobiliário (IMOPPI), sendo
aquela atividade regulada pela Lei n.º 456/2006 de 10 de Fevereiro. Óscar iniciou o
procedimento para obter a licença no dia 15/03/2006. Em 15/04/2006, o IMOPPI
indeferiu o pedido de Óscar com o fundamento de a referida Lei n.º 456/2006, de 10 de
Fevereiro, determinar que não pode ser titular da licença quem tiver sido declarado
falido ou insolvente no decurso dos 5 anos anteriores à data do pedido de licenciamento.
Como Óscar foi declarado falido em 10/10/2003, o pedido foi indeferido. Óscar,
estudante de Direito, considera que tal decisão, por ser retroativa, não é legalmente
admissível. Terá razão?
VII.
António celebrou um contrato com Berto em 01/01/2006 em que aquele emprestou a
este o montante de € 10.000,00 pelo prazo de dez meses. À data estava em vigor a Lei
n.º 217/99, que determinava que o negócio jurídico estava sujeito a documento
particular e que, salvo estipulação dos contraentes em contrário, o dinheiro deveria ser
restituído no domicilio do mutuante.
Em 5 de Junho de 2006 foi publicada a Lei n.º 111/06 que entrou em vigor no dia
seguinte ao da sua publicação e determinou que aquele negócio deveria ser celebrado
por escritura pública, assim como passou a estabelecer que o dinheiro teria de ser
restituído no domicilio do mutuário e criou um imposto de selo de 10%, a cargo do
mutuário, que incidia sobre os contratos celebrados desde 01/01/2006.
a) Na data de hoje, Berto propõe uma ação judicial em que pede a nulidade do
contrato por entender que o mesmo está sujeito a escritura pública. Quid Iuris?
b) Os contraentes nada estipularam acerca do local onde a prestação teria de ser
restituída. Naquela mesma ação judicial, Berto entende que, mesmo que o
contrato seja válido, o dinheiro deverá ser restituído no local do seu domicilio.
Terá razão?
c) A Autoridade Tributária notifica Berto da liquidação do imposto de selo. Quid
Iuris?

VIII.
No dia 1 de Janeiro de 2017, por documento particular, a Anabela e a Bianca
celebraram um contrato de arrendamento, pelo qual aquela deu a esta, de arrendamento,
a fração autónoma com a letra “A”. No contrato, nada estipularam quanto aos encargos
e despesas referentes à administração, conservação e fruição de partes comuns do
edifício. O estipulado no art. 1078º, nº 1 e 3 do Código Civil, na sua atual redação, era a
norma vigente à época da celebração do contrato.
Imagine que ontem entrou em vigor uma lei que altera o n.º 3 do referido artigo, o qual
passou a ter a seguinte redação: «No arrendamento de fração autónoma, os encargos e
despesas referentes à administração, conservação e fruição de partes comuns do
edifício, bem como o pagamento de serviços de interesses comum, corrente por conta
do inquilino». Quid Iuris?
IX.
Em 04/07/2016, Carlos foi condenado, por sentença transitada em julgada, pela prática
de um crime de falsificação de documento, a uma pena de cinco anos de prisão. A Lei
n.º 11/2020, de 31 de Julho, altera a moldura penal do crime de falsificação de
documento, passando a prever uma pena de prisão de 6 meses a 4 anos. Quid Iuris? E se
a moldura penal passasse a prever uma pena de prisão de 6 a 12 anos?
X.
Em 14 de Abril de 2007, o António foi condenado, por sentença transitada em julgado,
a 10 anos de pena de prisão efetiva, pela prática de um crime de incêndio. A 1 de maio
de 2015 entrou em vigor uma lei que veio modificar a moldura penal aplicável a este
tipo de crimes, prevendo uma pena máxima de sete anos de prisão. Quid Iuris?
XI.
Em 2012, o Alberto e o Bernardo celebraram, por documento particular, um contrato de
mútuo no montante de € 15.000,00. A essa data, vigorava a Lei nº X/2007 que exigia a
forma de documento particular para mútuos de valor superior a € 10.000,00. Em 2014,
entrou em vigor a Lei Y/2014, que veio alterar a forma exigida para a celebração de
contratos de mútuo de valor superior a € 10.000,00, a qual passou a ser a de documento
particular autenticado. Quid Iuris?
XII.
Américo celebrou com Bernadette, com um aperto de mão a selar uma conversa, um
contrato de aluguer de um carro de venda ambulante não motorizado, no dia 26 de
Junho de 2018, pelo prazo de 3 anos. Em 1 de Janeiro de 2020 entrou em vigor uma Lei
da AR que, pela primeira vez em Portugal, estabelecia uma disciplina legal para a
utilização deste tipo de carro ambulante não motorizado, determinando a dado passo:
“Deve ser reduzido a escrito particular o aluguer de carro ambulante não motorizado,
cujo destino seja a venda ambulante”.
Bernadette, em grave dificuldade financeira devido à crise da Covid-19, é aconselhada
pelo amigo Carlos, aluno da licenciatura em Direito, a não pagar as rendas, à luz da lei
de 1 de Janeiro. Bernadette hesita, pois teme um processo judicial. O que pode sustentar
o conselho de Carlos? Assiste-lhe razão? Quid Iuris?
XIII.
Em virtude da situação pandémica, e perante a ameaça de uma grava crise económica
no país, foi publicada em 5 de Maio de 2020 uma lei que veio determinar o pagamento
de uma taxa extraordinária adicional de 5%, designada no diploma como “taxa Covid-
19”, sobre os rendimentos prediais auferidos em 2019.
Augusto é senhorio de Bernardo desde 1990 e procura obter conselho sobre a sua
situação. Quid Iuris?
XIV.
Em 05/01/2013 foi publicada uma Lei que entrou em vigor no dia seguinte ao da
publicação que revogava a norma prevista no Código do Trabalho que faculta a
apresentação de defesa no âmbito de um procedimento disciplinar. A Lei previa
igualmente que a revogação se aplicava igualmente aos processos disciplinares que à
data estivessem em curso. Quid Iuris?
XV.
Uma das normas jurídicas da Lei nº 64/2008, de 5 de Dezembro, determinou o
agravamento da taxa de 5% para 10% sobre despesas de representação e encargos com
viaturas ligeiras de passageiros. A Lei previa igualmente que os efeitos do referido
agravamento se produziam a partir de 01/01/2008. Quid Iuris?
XVI.
No dia 03/01/2013 entrou em vigor uma Lei que regulava os pressupostos para a
concessão da licença administrativa para o exercício duma atividade comercial. Um
desses pressupostos é que o requerente não tenha sido condenado através de decisão
transitada em julgado pela prática de um crime de branqueamento de capitais nos
últimos cinco anos. António requer a licença em 05/01/2013. Porém, como foi
condenado, por decisão transitada em julgado em 10/10/2011, pela prática de um crime
de branqueamento de capitais, considera que a Lei é retroativa, e como tal não pode ser
aplicada. Terá razão?
XVII.
Aprecie as seguintes situações, diga qual é a Lei aplicável, e, sendo caso disso, explique
os diferentes graus de retroatividade que podem estar em causa:
a) António pratica um facto que só é considerado crime por uma Lei que foi
publicada após o comportamento de António, mas antes da sua entrada em vigor.
E se tal tivesse ocorrido após a entrada em vigor da Lei?
b) António é condenado pela prática de um crime, tendo a respetiva sentença
transitado em julgado. Enquanto está a cumprir a pena de prisão entra em vigor
uma Lei que revoga a norma que previa o crime pelo qual António havia sido
condenado.
c) A solução da alínea anterior seria a mesma se a nova Lei apenas tivesse reduzido
as penas mínima e máxima aplicáveis?
d) Após a prática dos factos criminosos, mas antes do julgamento, entra em vigor
uma Lei de conteúdo mais favorável a António.

XVIII.
O Decreto-Lei nº 64-A/2000, de 22 de Abril, que entrou em vigor no dia 1 de Maio de
2000, revogou o artigo 80º, nº2, alíneas 1) e m) do Código do Notariado, e passou a
prever a dispensa de escritura pública para a celebração de contrato de arrendamento
para o exercício de atividades comerciais, sendo a forma a do documento particular.
Considere que, em 01/06/1999, Alberto e Bento celebraram um contrato de
arrendamento comercial por mero documento particular.
a) Alberto considera que o contrato celebrado é nulo por não ter sido celebrado por
escritura pública. Terá razão?
b) A resposta seria a mesma se a lei em vigor na data de celebração do contrato de
arrendamento previsse que a forma aplicável era a do documento particular,
tendo a lei nova passado a prever a necessidade de escritura pública?
c) Na lei em vigor na data de celebração do contrato de arrendamento previa-se que
as obras ordinárias deveriam ser realizadas pelo senhorio. Na lei nova passou a
prever-se que tais obras deveriam ser realizadas pelo inquilino. Quid Iuris?
XIX.
Uma lei nova passou a considerar nula um cláusula contida num contrato de prestação
de serviços com a duração de 5 anos celebrado entre Ernesto e Fernanda. Na data de
celebração do contrato tal cláusula não existia. Será aplicável?
Aplica-se a lei nova (LN) pois esta versa sobre o conteúdo de uma relação jurídica e o legislador
imperativamente se abstraiu dos factos que deram origem a tal relação jurídica. Para além disso,
se a norma é nula, os efeitos decorridos também serão munidos de nulidade.
XX.
Gabriela celebra um contrato com Inácio, barbeiro, através do qual aquela vendeu uma
substância para pintar o cabelo. Após a entrega do produto, entra em vigor uma lei que
passa a considerar ser proibida a sua venda. Inácio pretende restituir o produto a
Gabriela e obter o dinheiro de volta. Quid Iuris?
Aplica-se a LA, pois a LN versa sobre uma condição de validade material da relação jurídica,
nomeadamente, a idoneidade do objeto e, portanto, nos termos do art. 12/2., aplica-se a LA,
para evitar a reapreciação do facto jurídico.

XXI.
Carlos e Daniel celebraram uma transação judicial, tendo em atenção a vigência de uma
determinada lei. Esta lei foi objeto de uma interpretação autêntica através de uma outra
lei que era claramente favorável aos interesses de Daniel. Quid Iuris?
Ver artigo 13º - ficam ressalvados, das leis interpretativas retroativas, as transações judiciais
(…)

XXII.
A prescrição do direito de exigir o pagamento pelo preço do gás de cidade consumido
estava regulada pelo Código Civil que previa um prazo de cinco anos contados desde a
prestação do serviço. A Lei nº 23/96, de 26 de Julho, que entrou em vigor 90 dias após a
sua publicação, veio prever que a prescrição do direito de exigir o pagamento do preço
devido pela prestação de serviços públicos essenciais, entre os quais o gás, era de seis
meses contados desde a data da prestação do serviço. Carlos não pagou a fatura
respeitante ao gás que consumiu em Fevereiro de 1996. Em que data se completa o
prazo de prescrição. A resposta seria a mesma se a lei nova tivesse previsto o prazo de
sete anos?
XXIII.
O André e Verta, estando a planear suas férias, depararam-se com um anuncio da NET,
da agencia X, no qual se lia: “Viaje connosco e não desperdice o seu tempo: Lisboa-
EUA em meia hora, compre já!”. Entusiamos, André e Berta celebraram um contrato
com a agencia X de acordo com o qual seriam teletransportados para os EUA em meia
hora. Quid Iuris?
XXIV.
Carlos, marido de Ana, saiu de casa para ir comprar um maço de cigarros ao quiosque,
no dia 15 de Janeiro de 2005 e nunca mais voltou a casa. Nem a Ana, nenhum dos
familiares voltou a ter noticias do Carlos. Hoje, a Ana está apaixonada pelo Bento e
gostaria de casar-se com ele, porém tem dúvidas acerca da possibilidade jurídica de
assim proceder. Que conselho poderia dar a Ana?
XXV.
O João tem um problema que desespera a sua namorada, a Maria. É viciado no jogo,
indo quase todos os dias ao casino. Há alturas em que ganha muito dinheiro, mas a
maioria das vezes perde. A maria esta muito preocupada com o João e gostaria de saber
se há alguma forma legal de o proteger de si próprio. Conhece algum instituto jurídico
adequado à pretensão da Maria?
XXVI.
Considere que uma norma refere a expressão «menores» e o intérprete chega à
conclusão de que o legislador quis significar «menores não emancipados». Qual foi o
resultado da interpretação a que chegou o intérprete?
XXVII.
Uma lei determina que «A empresa proprietária de publicação informativa que não der
tratamento igualitário às diversas candidaturas é punida com uma coima». O intérprete
concluiu que a expressão «publicação informativa» abrange os órgãos de comunicação
social, incluindo canais de rádio. Qual foi o resultado da interpretação a que chegou o
intérprete?
XXVIII.
Considere que uma norma refere a expressão “culpa” e o intérprete chega à conclusão
de que o legislador quis significar “dolo”. Qual foi o resultado da interpretação a que
chegou o intérprete?
XXIX.
Considere que hoje foi publicado um Decreto-Lei cujo artigo 8.º dispõe que: «A
obrigação prevista no artigo precedente deve ser prestada no lugar do domicílio que o
credor tiver ao tempo do cumprimento» e, no artigo 20.º do mesmo diploma, lê-se que:
«O lugar do cumprimento da obrigação prevista no artigo 7.º do presente diploma é o do
domicílio que o credor tiver ao tempo da constituição da obrigação». O intérprete não
consegue retirar qualquer significado das normas, devido à sua contradição. Quid Iuris?
XXX.
A afirmação «quem não pode onerar um bem também não o pode alienar» é um
exemplo de que argumento lógico? E a afirmação «quem pode alienar um bem também
o pode onerar»?
XXXI.
Uma lei considera que a qualificação da insolvência como culposa exige, entre outros
requisitos cumulativos, dolo do devedor. O intérprete conclui que, não se verificando
dolo do devedor, a insolvência não pode ser considerada culposa. Identifique o
argumento lógico utilizado pelo intérprete.
XXXII.
Uma lei permite a vigilância a distância por certos grupos de pessoas em determinadas
circunstâncias. O intérprete conclui que esse grupo de pessoas nas referidas
circunstâncias pode utilizar câmaras de vídeo e microfones para fazer essa vigilância.
Identifique o argumento lógico utilizado pelo intérprete.
XXXIII.
O Município de Paredes, sem qualquer deliberação ou notificação, ocupou um parte de
um terreno de que António é dono. António, inconformado, propõe uma ação judicial e
o Município, na sua contestação, invoca a falta de jurisdição do Tribunal Judicial da
Comarca de Paredes, visto entender que o tribunal competente é o Tribunal
Administrativo. Quid Iuris?
XXXIV.
Uma empresa publicitava os seus produtos com o seguinte slogan “Seja proprietário de
um raio de sol”. Comente, do ponto de vista jurídico, a possibilidade de se ser,
literalmente, proprietário de um raio de sol (ou vários).
XXXV.
João, natural de Vila Real, conseguiu um contrato de trabalho por um período de 3
meses no Porto, entre 1 de Janeiro e 31 de Março de 2016. Hospedou-se na Pensão
Estrelinha, contratando o serviço de dormida e alimentação, pelo valor de 400€ mensais.
Pagou o primeiro mês, mas não pagou os dois meses seguintes. O Sr. Estrela,
proprietário da pensão, interpelou João, em Outubro de 2016, exigindo o pagamento de
800€ relativos aos meses de Fevereiro e Março de 2016. Alberto, advogado amigo de
João, em conversa no dia 11 de Novembro de 2016, aconselha-o a não pagar, com
fundamento no artigo 316º do Código Civil. João, porém, já tinha pago no dia 2 de
Novembro. Resolve pedir a devolução do dinheiro. O Sr. Estrela recusou-se a fazê-lo,
invocando o nº1 do art. 403º do Código Civil.
Qual a finalidade do Direito subjacente às normas referidas? Explicite as respetivas
dimensões.
XXXVI.
A e B celebraram, em 2008, um contrato de prestação de serviços pelo período de 10
anos, pelo qual B se comprometeu a realizar no seu veículo o transporte de pregos
produzidos por A entre Sta. Marta de Portuzelo (Viana do Castelo) e o Porto de
Leixões.
O transporte tem sido efetuado sempre através da A28, estrada que constituía no
momento da celebração do contrato uma SCUT (sem custos para o utilizador).
Em 2012, em plena crise financeira, foram introduzidas portagens na A28. Esse factos
importou um aumento dos custos do transporte para o dobro e B pretendeu por termo ao
contrato com fundamento no artigo 437º do Código Civil. A não concordou.
Em virtude dessa discordância, em 25/03/2013, iniciaram uma discussão acalorada. No
curso dessa discussão, A, que tinha um ferro na mão esquerda, fez um gesto brusco em
direção a B, este que, receoso, aplicou a A um golpe de karate. Em virtude desse golpe,
A sofreu várias lesões, que implicaram despesas médicas diversas e que lhe provocaram
um elevado sofrimento.
a) Indique qual o ramo do Direito em que se integra o contrato entre A e B,
caraterizando-o e apontado os respetivos princípios fundamentais.
b) Classifique juridicamente os pregos
c) A, em 15/4/2016, pretende o ressarcimento dos danos sofridos em
virtude do golpe de karate. Quais as modalidades de tutela respetiva.
d) B defende-se, invocando que reagiu a um ataque de A, pelo que não pode
ser responsabilizado pelos danos sofridos por A. Quid Iuris?
e) B defende-se ainda invocando a prescrição, nos termos do artigo
498º/nº1 do Código Civil (ignore a existência do nº3). Quid Iuris?
f) A, por seu turno, alega que em 25/3/2015 entrou em vigor uma nova lei
que prolonga o prazo de prescrição referido para 5 anos, pelo que a
prescrição ainda não ocorreu. Quid Iuris?
g) A discorda que haja fundamento para aplicar o artigo 437º do Código
Civil, pois a introdução de portagens não é “uma alteração anormal de
circunstâncias, redação que apenas pode abranger modificações
anómalas”, fruto de convulsões sociais ou calamidades” Quid Iuris?
h) Qual a finalidade do Direito subjacente ao artigo 437º do CC,
caraterizando-a e indicando as respetivas dimensões?
XXXVII.
Em 14/10/2017, Y vendeu a Z, através de contrato escrito, os eucaliptos de uma sua
propriedade pelo preço de 150€/tonelada. Z adiantou parte do preço – 1000€, tendo
ficado estipulado que o corte e retirada das árvores (para o qual seriam necessários 3
dias) teria lugar no prazo máximo de 15 dias, findo o qual seria devido o resto do preço.
Sucede que a propriedade de Y foi afetada pelo terrível incêndio de 15/10/2017, data em
que não tinham ainda sido cortadas e retiradas as árvores. Z preparava o corte das
árvores quando foi mandado retirar pela proteção civil. As árvores queimaram-se. O
preço de mercado da madeira queimada é 50€/tonelada.
Z, invocando o artigo 437º do Código Civil, pretende resolver o contrato e pede a
devolução da parte do preço paga; em alternativa, admite comprar as árvores, mas ao
preço da madeira queimada, alegando ainda que a parte do preço paga corresponde ao
valor de toda a madeira (c. de 20 toneladas). Y não concorda e alega que não teve
qualquer responsabilidade no incêndio, devendo o contrato ser cumprido tal como
estipulado.
Tendo presente as finalidades do Direito, aprecie a situação.
XXXVIII.
O Diretor Clínico do Hospital da Região da Beira Baixa declarou que, “por razões de
profunda convicção humana e ética”, a referida Instituição se afirmava, com efeitos
imediatos e nos termos constitucionais e legais, como objetora de consciência
relativamente à prática de quaisquer atos respeitantes à eutanásia.
Tendo por base as relações entre o Direito e a Moral e os contornos jurídicos do direito
de objeção de consciência pronuncie-se sobre a referida declaração.
XXXIX.
No dia 15 de Maio de 2018, António e Bárbara, estudantes da EDUM, celebraram um
contrato de compra e venda, pelo qual aquele vendeu a esta um Código Civil pelo preço
de €7,5 euros. Ficou acordado que António entregaria a Barbara o referido Código Civil
no dia 18 de Maio e Bárbara pagaria o preço no dia 21, altura em que receberia a sua
mesada.
Sucede que no dia 18 António não apareceu na faculdade para o Código a Bárbara,
conforme havia ficado combinado, tendo-lhe enviado um sms a explicar que se havia
esquecido do Código Civil na casa dos seus pais, onde apenas regressaria após o exame
de Introdução ao Direito, no dia 22. Bárbara, aborrecida, nada respondeu.
Quando no dia 21, António e Bárbara se cruzaram na faculdade, António exigiu o
pagamento dos €7,5 euros devidos pela compra do Código, o que Bárbara recusou,
invocando que António também não lhe havia entregado o Código Civil, conforme se
tinha comprometido.
António rejeita a argumentação de Bárbara, invocando que nos termos do artigo 428º do
Código Civil a exceção de não cumprimento do contrato apenas se aplica “(…) se não
houver prazos diferentes para o cumprimento das prestações”, o que não se verifica no
contrato por eles celebrados.
Fazendo um interpretação metodologicamente correta do artigo 428º do Código
Civil indique quem terá razão.
Bárbara, que precisava do código para o exame de Teoria Geral do Direito Civil, ficou
emocionalmente perturbada e não conseguiu estudar para esse exame. Em virtude disso,
reprovou nesse exame. Entrou numa profunda depressão, teve de ser internada, tomar
medicação e não conseguiu fazer mais nenhuma prova nesse ano letivo. Por isso não
transitou para o 2º ano. Bárbara requer no Tribunal do Porto a responsabilidade de
António pelo sofrimento que lhe causou e pelas despesas que teve no internamento e
com a medicação.
Caraterize os tipos de tutela aqui presentes.
XXXX.
Carlos e Diana viveram em União de Facto durante 22 anos, residindo no apartamento
de Carlos, situado em Gondomar, até à data do falecimento deste, em 01 de Fevereiro de
2007.
À data do falecimento de Carlos, estava em vigor a Lei n.º 7/2001, de 11 de Maio, cujo
artigo 4.º, n.º1 dispunha que: “em caso de morte do membro da união de facto
proprietário da casa de morada comum, o membro sobrevivo tem direito real de
habitação, pelo prazo de cinco anos, sobre a mesma, e, no mesmo prazo, direito de
preferência na sua venda”.
Desde o falecimento de Carlos, Diana tem residido na casa de morada comum ao abrigo
desta norma.
Sucede que, em 2010, a Lei n.º 7/2001 foi alterada pela Lei n.º 23/2010, de 30 de
Agosto, passando a matéria em causa a ser regulada pelo artigo 5.º, nºs 1 e 2, com a
seguinte redação: “1 – Em caso de morte do membro da união de facto proprietário da
casa de morada da família e do respetivo recheio, o membro sobrevivo pode permanecer
na casa, pelo prazo de cinco anos, como titular de um direito real de habitação e de um
direito de uso do recheio. 2 – No caso de a união de facto ter começado há mais de
cinco anos antes da morte, os direitos previstos no número anterior são conferidos por
tempo igual ao da duração da união”.
Sabendo que o atual proprietário da casa de morada comum, herdeiro de Carlos,
pretende que Diana deixe de residir na habitação e que este se recusa a sair diga,
com base no artigo 12.º do Código Civil, quem terá razão. Baseado no acórdão do STJ de 28
de Novembro de 2017.

XXXXI.
Ana, proprietária de um edifício no Porto, arrendou-o, em 1 de Março de 2014, a
Benilde, para que esta aí instalasse um restaurante. O contrato nada diz quanto à
respetiva duração, mas convenciona que a senhoria não tem direito de preferência no
caso de trespasse do estabelecimento.
Quando Benilde inicia diligências para instalar o restaurante, apercebe-se que o edifício
não dispunha da devida licença de utilização da Câmara Municipal.
a) A competência da Câmara Municipal para conceder licenças de
utilização de edifícios urbanos integra que ramo de Direito?
b) Que tipo de tutela, quanto ao fim, está subjacente à exigência de
licença de utilização
c) Qualifique juridicamente a licença de utilização da Câmara
Municipal
Em Maio de 2018, Benilde decide trespassar o estabelecimento. Celebra o contrato de
trespasse com a sociedade comercial “Flying Food S.A”, que prepara e fornece
refeições servidas nas companhias aéreas que fazem escala no Aeroporto do Porto, e
que pretende fazer e preparar as refeições nesse edifício. A respetiva entidade comunica
a Ana que a posição de arrendatária se transmitiu à sociedade. Ao abrigo do artigo
1112º, nº2, alínea b) do Código Civil, Ana entende que não transmitiu a posição de
arrendatário, pois a transmissão visa o exercício de outro ramo de comércio. Ana invoca
o Código de Atividades Económicas – 3, segundo o qual a categoria de restaurantes
(56110) compreende as atividades de preparação e venda para consumo de refeições,
geralmente no próprio local. A atividade da “Flying Food S.A” insere-se na categoria
56290 (outras atividades de serviços de refeições). Benilde entende que esse argumento
não é decisivo, pois todos os utensílios, máquinas e eletrodomésticos que tinha
passaram e são utilizados pela “Flying Food S.A” cuja atividade é preparar refeições.
Aliás, essa atividade está englobada categoria genérica “restauração e similares”
(categoria 56). Quid Iuris?

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