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❖ IRS
❖ Elisão ou abuso fiscal, evasão e planeamento fiscal agressivo (pandora papers): cláusula
geral anti abuso e clausula específica anti abuso
Bibliografia:
Legislação que contenha a Lei Geral Tributária, o Código IRS, o Código IRC, Estatuto dos
Benefícios Fiscais, Código do Procedimento e do Processo Tributário e a CRP
06/10/2021
Matéria dos Tributos + Impostos:
Tributos: receitas criadas pelo Estado/outras entidades públicas para a satisfação de
necessidades públicas; não têm natureza sancionatória.
Art 103º/1, CRP – o sistema fiscal português visa “a satisfação das necessidades financeiras
do Estado e outras entidades públicas e uma repartição justa dos rendimentos e da riqueza”.
Art 165º/1/i), CRP – reserva relativa de competência legislativa da AR relativamente à
criação de impostos e sistema fiscal, por um lado, e o regime geral das taxas e das demais
contribuições financeiras a favor das entidades públicas, por outro.
Criados com finalidades públicas não Criados por entidades públicas de base não
sancionatórias – em regra, finalidades territorial e cujas receitas escapam ao
de arrecadação de receitas. princípio de unidade orçamental (tributos de
Assoc. Públicas, fundações, institutos
públicos, receitas do orçamento da SS),
provocando a desorçamentação das receitas
INCLUEM
Art 3º/2, LGT + 165º/1/i), CRP – classificação dos tributos: impostos (aduaneiros e
especiais), e outras espécies criadas por lei, designadamente as taxas e demais
contribuições financeiras a favor de entidades públicas.
Qualquer uma destas três categorias de tributos visa, em regra, assegurar a satisfação das
necessidades financeiras do Estado e de outras entidades públicas; mas atualmente, juntaram-
se outras finalidades tais como as da prossecução de fins ambientais (tributos sobre
empresas que desenvolvem atividades poluentes) e de alteração de comportamentos
individuais com ou sem externalidades negativas (comportamentos individuais mais
saudáveis para o próprio indivíduo (não consumir bebidas alcoólicas), para si e para 3ºs
(não fumar) ou para si e para o ambiente (sacos plástico).
Sistema Fiscal e Tipos de Normas
O sistema fiscal é complexo e prossegue múltiplas funções, concretizadas por três grupos
de normas:
Normas com finalidades sociais – trata-se de normas cujas finalidades fiscais não são
predominantes, mas prosseguem outras finalidades públicas, sejam políticas,
económicas, culturais, ambientais (normas extrafiscais).
Podem constituir benefícios fiscais ou até agravamentos fiscais se o comportamento
adotado pelo contribuinte não for o pretendido.
A reserva de lei parlamentar fiscal (165º/1/i) e 103º/2, CRP) serve para justificar a
repartição de encargos segundo a capacidade contributiva e para não serem cometidos
abusos por quaisquer entidades públicas não eleitas por sufrágio universal.
No nosso ordenamento constitucional e para efeitos de reserva de lei fiscal, os impostos
podem ser fiscais (obtenção de receitas) e extrafiscais (prossecução de finalidades sociais
ou de orientação de comportamentos), devendo exigir-se que a obtenção de receitas não
seja estranha ao tributo. Em qualquer dos casos, deve haver um controlo dos tributos
prosseguidos, através do princípio da proporcionalidade.
Classificações de Impostos
❖ Impostos sobre o Rendimento, o Consumo e o Património (objeto)
• Imposto sobre o Rendimento:
− Das pessoas singulares (IRS): princípio geral de universalidade
− Das pessoas coletivas (IRC): dada a mobilidade atual dos fatores de produção
(capital), tem sido proposta a substituição do imposto sobre o rendimento das PC
baseado na tributação do lucro por um imposto no destino dos bens ou serviços.
A mobilidade dos fatões tem colocado em crise os impostos sobre o rendimento –
avultados montantes de rendimentos de capitais têm sido colocados em territórios de
baixa ou nula tributação – “não cooperantes” ou paraísos fiscais – porque não
fornecem informações aos Estados de residência dos sujeitos que aí colocam as suas
poupanças.
ESTÁTICOS
− Imposto estático sobre o Património, imobiliário ou mobiliário (impostos gerais
sobre o património) – incidem sobre a detenção da riqueza e visam controlar a
capacidade contributiva do sujeito passivo (através do cruzamento de dados com
as declarações de IRS).
− Imposto estático sobre uma parte do património (ex: Imposto Municipal sobre
Imóveis) – incide sobre os proprietários, usufrutuários ou superficiários dos
prédios rústicos e urbanos situados no território português (ART 1º E 8º, CIMI).
Carácter pessoal do IRS é aferido pelas deduções à coleta de despesa de carácter social
(saúde, educação, etc).
❖ Impostos Proporcionais, Progressivos e Regressivos
• Impostos Proporcionais: taxa/alíquota fixa, sob a forma de uma percentagem.
*Impostos reais costumam ser proporcionais.
❖ Impostos Direitos e Indiretos – art 6º, LGT + 112º e 113º, TFUE (critério financeiro)
• Impostos Diretos: são aqueles que atingem as manifestações diretas/imediatas da
riqueza e da capacidade contributiva (Impostos sobre Rendimento e Património).
− IRS e IRC – embora sejam periódicos, as retenções a título definitivo têm carácter
de obrigação única.
165º/1/i) – regime dos impostos e o regime geral das taxas (cada taxa não está sujeita ao
crivo da AR)
13/10/2021
Taxas:
Taxas – é um tributo sinalagmático (exige consignação - os contribuintes sabem
exatamente por que razão, ou em relação a que bem é que se está a pagar uma taxa) e
bilateral (prestação pecuniária direta, que implica uma contraprestação pública imediata),
podendo prosseguir finalidades fiscais ou extrafiscais. Compreende 3 tipos de situações
– art 4º/1, LGT:
Art 165º/1/i), CRP – exige apenas a criação de um “regime geral das taxas” e não de cada
taxa » há apenas um Regime Geral das Taxas das Autarquias Locais (aprovado pela Lei nº53-
E/2006, 29 dezembro).
Art 165º/1/i), CRP – exige apenas a criação de um “regime geral de outras contribuições
financeiras”.
Quanto ao tributo em si
1) Elementos do tributo:
Taxa: exige-se uma contrapartida – a remoção de um obstáculo jurídico
(bilateralidade/sinalagma).
Imposto: o fundamento para a sua criação assenta no princípio da capacidade contributiva;
além disso, é ad valorem.
Assim, prevalecem as características dos impostos, havendo, por isso, uma reserva relativa
de lei, competindo a sua criação à AR ou ao Gov (mediante autorização) – 165º/1/i), CRP.
2) Classificação do imposto
Imposto sobre o património, real, proporcional (incidia sobre aquele montante), obrigação
única e direto.
Quanto à vertente “ponderação da média dos rendimentos sujeitos a IRS declarados” –
104º/2, CRP » imposto sobre o rendimento, periódico
Admitindo não se tratar de um imposto, se fosse uma taxa:
Princípio da proporcionalidade, concretizado no princípio da cobertura de custos –
encontramos uma manifesta desproporcionalidade deste valor.
Quanto à não entrega das quotizações dos trabalhadores para a Segurança Social
Neste caso, houve retenção na fonte a título definitivo (as quotizações estão aqui
incluídas; mas o imposto não foi entregue. Com efeito, nos termos do art 28º/1, LGT, a
entidade obrigada à retenção (substituinte) é responsável pelas importâncias retidas, mas
não entregues nos cofres do Estado, ficando o substituído (trabalhadores) desonerado de
qualquer responsabilidade no seu pagamento.
Existe a presunção de que os trabalhadores não sabem nem têm a possibilidade de saber se
o montante retido foi entregue – apenas sabem que o montante devido foi retido, ficando
liberto de quaisquer obrigações relacionadas com a retenção.
Assim sendo, o substituto (Lagoas e Mares, Lda) será o responsável pela não entrega das
quotizações.
Retenção na fonte – as quotizações estão aqui incluídas. É uma relação contributiva que
opera por lei. O tributo tem carácter definitivo, tem carácter unilateral. Têm sido
consideradas como retenção na fonte a título definitivo.
Porém, nos termos do art 24º/1/b), LGT e de acordo com o dever de prática tributária
(32º, LGT), Deolinda poderá ser responsabilizada solidariamente pelas dívidas tributárias
cujo prazo legal de pagamento ou entrega tenha terminado no período do exercício do seu
cargo – presunção de culpa » ónus de prova contra a gerente.
Averiguação de culpa – há culpa nos casos de crime ou contraordenação por abuso de
confiança fiscal (104º, RGIT) e falta de entrega da prestação tributária (114º, RGIT).
Art 23º/2/c), Código IRC – quando olhamos para a contabilidade da empresa, nem todos
os gastos devem ser abatidos aos rendimentos obtidos. Entende-se que os juros podem ser
um gasto dedutível – juros associados à gestão própria da empresa » no nosso caso, o
financiamento obtido pelo sujeito passivo era para financiar uma sucursal do grupo, pelo
que este juro não deve ser aceite fiscalmente.
Art 23º-A/1/e), Código IRC
Retenção na fonte > valor da coleta líquida – há imposto a pagar
Retenção na fonte < valor da coleta líquida – há imposto a receber
Art 28º - RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA EM CASO DE SUBSTITUIÇÃO
• 28º/1 (Ret. Fonte P/Conta ou Definitiva » Retenção do imposto, mas não há entrega)
R. originária: substituto; R. subsidiária: substituído (através da reversão).
Dívida + juros compensatórios
As obrigações tributárias não podem ser transmitidas inter vivos, mas podem ser transmitidas por
morte – art 29º/3, LGT.
A RJT e o seu objeto não podem ser alterados por vontade das partes.
03/11/2021
ART 24º, LGT
CASO Nº3 – TRIBUTOS E PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Visando aproveitar o crescente afluxo de turistas ao país, o Governo cria, através de decreto-lei
simples, uma “Taxa sobre Turismo de Luxo”, que incide sobre o preço das refeições e das
estadias, respetivamente, em restaurantes e estabelecimentos hoteleiros de luxo.
Poucos dias depois, uma Portaria:
i) define os critérios para a classificação de restaurantes e estabelecimentos hoteleiros como
“de luxo”, para efeitos da “Taxa sobre Turismo de Luxo”; e
ii) isenta da aludida taxa as refeições em restaurantes que se revistam de “manifesto interesse
para a preservação do património gastronómico português”.
Quid iuris?
Lei formal que defina os critérios – pode o governo definir a listagem desses mesmo países.
Através da LGT, o GOV define um conjunto de critérios face aos paraísos fiscais. Através de
portaria, concretiza os paraísos fiscais.
Isenção – baseada por objetivos extrafiscais.
Inconstitucionalidade formal, orgânica e material
Os benefícios fiscais são desagravamentos que excecionam a incidência tributária e que
prosseguem finalidades extrafiscais. Segundo o disposto no art 2º/1, do Estatuto dos
Benefícios Fiscais, são medidas de caráter excecional instituídas para tutela dos interesses
públicos extrafiscais relevantes, que sejam superiores aos da própria tributação que impedem.
Mesmo sendo uma exceção às normas de incidência, são admitidos em certos casos, desde
que os princípios em causa se sobreponham ao princípio da igualdade (em regra, de forma
temporária – 5 anos).
Há que perceber se estão em causa interesses públicos extrafiscais relevantes – para isso,
a situação descrita no caso prático tem de respeitar os três princípios materiais
legitimadores dos BF:
➢ Princípio do bem-estar social – a isenção para um certo conjunto de contribuintes
tem de aumentar o bem-estar da comunidade.
➢ Princípio da proporcionalidade em sentido amplo (necessidade, adequação e
proporcionalidade stricto sensu) – a isenção tem de atender à necessidade
económica das famílias, com repercussões para toda a comunidade.
➢ Princípio do ganho ou do mérito – deve haver uma recompensa fiscal de um
comportamento que serve o interesse geral (existindo uma redução da carga fiscal,
toda a comunidade deve ganhar com essa mesma isenção).
Além deste controlo material, existe também um controlo formal – isto é, nos termos do
disposto nos arts 103º/2 e 165º/1/i), CRP, os impostos são criados por uma lei que
determina a incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias do contribuinte » ou seja
os benefícios fiscais são um dos elementos essenciais do imposto.
Constituição RJT
Art 36º/1, LGT – a RJT constitui-se com o facto tributário (preenchimento fáctico dos
pressupostos legais, com subsunção do facto à lei).
Pretende-se assegurar a possibilidade de defesa do sujeito passivo contra ilegalidades
cometidas pelo Fisco – art 268º/4, CRP e 9º/2, LGT.
Alteração RJT
Art 36º/2, LGT – os elementos essenciais não podem ser alterados por vontade das partes
(princípio da indisponibilidade do imposto inter vivos – 29º).
Art 36º/3, LGT – a administração tributária não pode conceder moratórias no pagamento
das obrigações tributárias.
Art 30º/2 e 36º/2 e 3, LGT – o crédito tributário é indisponível, so podendo fixar-se
condições para a sua redução ou extinção com respeito pelo princípio da igualdade e da
legalidade.
Regimes Excecionais de Regularização das Dívidas Tributárias (3 RERT) – aprovaram
regimes de perdão fiscal (parcial) e o regime de regularização de dívidas, que constituiu um
perdão de juros e sanções » regimes excecionais de regularização tributária de elementos
patrimoniais colocados no exterior (depósitos, certificados de depósitos, partes de capital,
valores mobiliários, seguros do ramo “vida”, etc).
Os RERT são perdoes fiscais – em princípio, são inconstitucionais por violarem o princípio
da igualdade na vertente da capacidade contributiva, já que:
➢ Extinguem as obrigações tributárias exigíveis em relação aos elementos e
rendimentos identificados, em comparação com os contribuintes cumpridores;
➢ Excluem da responsabilidade quem comete infrações tributárias que resultem de
condutas ilícitas, em comparação com contribuintes já submetidos a procedimento
de inspeção ou procedimento penal/contraordenacional e que dele tenham tido
conhecimento nos termos da lei.
➢ Constituem prova bastante para os efeitos previstos no art 89º-A/3, LGT, em
comparação com os contribuintes a quem este preceito tenha sido aplicado, em
idênticas circunstâncias.
Assim, os perdões fiscais justificam-se por finalidades extrafiscais que, no caso concreto se
sobrepõem à igualdade, sendo de aplicação excecional – repatriamento de capitais para
efeitos de poupança e investimento em território nacional.
CC: No entanto, a prof Ana Paula Dourado duvida que os RERT tenham tido um objetivo de
repatriamento de capitais, dada a sua sequência temporal e tendo em conta que o último
RERT não excluiu os elementos patrimoniais situados em paraísos fiscais.
Além disso, a comparação entre contribuintes faltosos e cumpridores exige uma separação
fiscal muito além de cada ano/exercício fiscal – com efeito, a partir da aprovação de um
regime excecional de perdão fiscal, deve-se ter em conta o período de prescrição das dívidas
fiscais até eventual aprovação de novo período fiscal.
Extinção RJT
➢ COBRANÇA (40º, LGT)
O montante apurado/liquidação deve ser validamente notificado junto do sujeito
passivo no decurso do prazo de 4 anos (45º/1, LGT). Há 2 modalidades:
Princípio da Legalidade:
O princípio da legalidade fiscal é um princípio fiscal formal, com origem nas monarquias
constitucionais, assegurando que a interferência na propriedade privada resulta de
discussão e aprovação parlamentar – no taxation without representation.
A lei é, assim, o ponto de partida para garantir a segurança jurídica porque é aprovada pelos
representantes e serve a igualdade por ser geral e abstrata.
Tem de haver tripla função: conteúdo material bastante da lei de autorização (103º/2) +
linha de orientação do legislador delegado + informação genérica das inovações a introduzir
no ordenamento para os particulares.
Podemos ter uma orientação política única (AR) ou partilhada (com o GOV – caso em
que a reserva de competência deve implicar sempre um assentimento parlamentar
dessa orientação, mesmo que seja proposta pelo governo).
58º/2, LFL – as ALR podem diminuir as taxas do IVA até determinada legislação em vigor.
Art 15º, LFL – art 14º (IMI e IMT) + possibilidade de liquidação e cobrança de impostos.
Tem sido reconhecido aos municípios o poder de criarem taxas, mas não têm poder em
matéria de impostos (tanto na sua criação, como na sua adaptação).
• Fixar as taxas do IMI relativamente a prédios urbanos, embora a moldura seja fixada
na lei » art 112º/1/c) e nºs 5-9, CMI;
• Fixar a taxa da derrama até um limite máximo de 1,5% sobre o lucro tributável
sujeito e não isento de IRC.
Art 238º/4, CRP » poder tributário dos municípios, a exercer nos termos da lei, cujo alcance
ainda não está delimitado – não foi consagrado um poder tributário próprio, nem se faz
referência à adaptação de impostos nacionais.
2 – O valor tributável das prestações e despesas a que se refere o número anterior será o seu
valor nominal ou, na falta deste, o valor mais próximo das condições normais de mercado.
Nos termos do art 103º/2, CRP, um dos elementos do imposto é a incidência, que
segundo a professora Ana Paula Dourado, tem de ser interpretada em sentido amplo,
abrangendo o an (sujeito passivo e objeto) e o quantum (quantificação/taxa). Como a
legalidade tem funções garantísticas e os impostos são limites imanentes ao direito de
propriedade individual, deve-se conseguir prever o montante de imposto que se vai pagar.
Ora, ao determinar que o valor tributável será “o mais próximo das condições normais de
mercado”, este DL autorizado parece criar algumas dúvidas e incertezas quanto à taxa de
imposto que irá ser aplicada – seria necessária a concretização destes conceitos, para que
pudesse ser aplicável, sob pena de violação do princípio da legalidade.
Caberá, em última instância, aos tribunais densificarem este conceito por lei formal.
4 – Será fixada, por Portaria, a lista das prestações a que referem os nºs 1, 2 e 3, bem como
os critérios concretos para apuramento do seu valor.
Entramos na análise do conteúdo que constará da portaria. É possível fazer remissões
e concretizações de aspetos técnicos por regulamentações, mas não pode dizer respeito aos
elementos essenciais, como seria aqui o caso (incidência).
Lista das prestações -
Critérios concretos para apuramento do seu valor – referem-se ao quantum, sendo
regras que, por dizerem respeito aos elementos essenciais, não podem ser desenvolvidos
por Portaria, mas sim por DL autorizado.
O imposto passa a ser calculado de acordo com o “valor objetivo” de cada imóvel, um
valor a fixar pelos serviços de finanças atendendo à sua “localização”, “equipamentos” e
“antiguidade”, bem como a “outros fatores relevantes” que a lei em si mesma não especifica.
Por portaria do Ministro das Finanças haver-se-ia de precisar melhor estes elementos e o peso
relativo de cada um no cálculo do valor tributável.
Valor patrimonial tributável – a determinação de determinados montantes tem de ser
efetuada pelos serviços de finanças. Contudo, embora os elementos já estejam previstos
numa lei, temos um elemento extremamente amplo (outros fatores relevantes).
Arts 37º e 38º, Código IMI
Temos uma Portaria que vai precisar melhor estes elementos e o peso relativo de cada
um – o peso de cada um dos elementos constitui um aumento essencial do imposto pelo que
não pode ser definido por portaria, sem que haja qualquer orientação dada pelo legislador
» violação princípio da legalidade.
Ao valor assim determinado aplicar-se-ia uma taxa única de 2% nas grandes cidades,
podendo, fora delas, oscilar a taxa entre os 0,8% e 1%, consoante deliberação das assembleias
municipais, uma solução que a Federação dos Municípios Portugueses sustenta ser
inconstitucional por comprimir em demasia a autonomia financeira local.
Nos termos do art 103º/2, CRP, a taxa é um elemento essencial do imposto e deve ser
também fixada por ato legislativo. Contudo, o art 238º/4 reconhece às AL o direito de
dispor de poderes tributários, nos casos e termos previstos na lei – não se trata de um poder
de criar e adaptar impostos nacionais (pelo menos com a amplitude que resulta para as RA
do art 227º/1/i)).
A taxa a oscilar entre 0,8% e 1% não parece suscitar uma questão de violação de
segurança jurídica, na medida em que o diferencial fixado é razoável.
Tratando-se de IMT, não poderia haver uma alteração pelas ALocais.
A proposta da Federação era antes a de que na generalidade dos municípios a taxa pudesse
oscilar entre os 0,5% e os 5% e que por deliberação das assembleias municipais se pudessem
isentar de imposto todos os imóveis situados em “zonas degradadas”, tal como os próprios
municípios as definissem.
O diferencial proposto parece ser excessivo e violar o princípio da segurança jurídica;
A isenção, que comporta um BF – os municípios podem concedê-los relativamente a
impostos pp, como o IMT, mas para isso têm de preencher os requisitos do art 16º/3, LFL.
Nos termos do art 238º/4, CRP e 15º, LFL, estava tudo bem.
Contudo, nos termos do art 16º, era essencial a deliberação deste BF, que não ocorreu »
violação do princípio da legalidade.
17/11/2021
Princípio da não retroatividade
Porque estudamos a retroatividade em Direito Fiscal?
O direito e as leis têm uma função ordenadora na vida dos cidadãos reflete-se na vida dos
cidadãos
• um caso em que o facto tributá rio que a lei nova pre- tende regular já tenha
produzido todos os seus efeitos ao abrigo da lei antiga
• outro caso em que o facto tributá rio tenha ocorrido ao abrigo da lei antiga, mas os
seus efeitos, designadamente os relativos à liquidaçã o e pagamento, ainda nã o
estejam totalmente esgotados
• um terceiro em que o facto tributá rio que a lei nova pretende regular na sua
totalidade nã o ocorreu totalmente ao abrigo da lei antiga
Em relaçã o aos segundo e terceiro casos enunciados, há quem considere que ambas
as situaçõ es se enquadram na retroacti- vidade inautê ntica,
• Em suma, dos trabalhos preparató rios da revisã o constitucio- nal de 1997 retira-se,
por um lado, que o legislador da revisã o ape- nas pretendeu incluir, no n.o 3 do artigo 103.o
da CRP, a proibiçã o da retroactividade autê ntica, pró pria ou perfeita da lei fiscal - que nã o
se pretenderam integrar no preceito as situaçõ es em que o facto tributá rio que a lei nova
pretende regular nã o ocorreu totalmente ao abrigo da lei antiga, antes continuando a
formar-se na vigê ncia da lei nova, pelo menos, quando estã o em causa impostos directos
relativos ao rendimento (como é clara- mente o caso dos presentes autos).
o Aliá s, o pró prio Tribunal Constitucional, na sua mais recente jurisprudê ncia em
maté ria fiscal, designadamente nos acó r- dã os n.os 128/2009 e 85/2010, també m
considerou que a retroacti- vidade consagrada no artigo 103.o, n.o 3, CRP é somente a autê n-
tica. Disse-se no primeiro acó rdã o:
o “A retroactividade proibida no n.o 3 do artigo 103.o da Constituiçã o é a
retroactividade pró pria ou autê ntica. Ou seja, proíbe-se a retroactividade que se traduz na
aplicaçã o de lei nova a factos (no caso, factos tributá rios) antigos (anteriores, portanto, à
entrada em vigor da lei nova).”
• No fundo, o alcance prá tico desta tese é o de admitir que nos casos de retroacçã o
limitada ao período fiscal em que a lei entrou em vigor, que seria, como vimos, o caso dos
autos - é possível, no que diz respeito aos impostos perió dicos, a aprovaçã o de leis no
decurso do período de tributaçã o que se destinem a produzir efeitos em relaçã o a todo esse
período, ficando, no entanto, tais leis sujeitas ao teste resultante dos princípios do Estado
de Direito, como seja o teste da protecçã o da confiança.
• Se antes da revisã o constitucional de 1997, o Tribunal fundamentava o princípio da
proibiçã o da retroactividade da lei fiscal no princípio da segurança e da confiança (cfr., por
exemplo, Acó rdã o n.o 67/91), apó s 1997, embora nã o possa deixar de dar relevo à
corporizaçã o do princípio no texto constitucional, o Tribu- nal continua a considerar que,
nas situaçõ es de retroactividade impró pria, se deve ponderar a confiança que os
contribuintes depo- sitaram na norma fiscal.
• Vejamos, entã o, se as normas em apreço passam o teste da protecçã o da confiança.
o a «mobilizaçã o» do princípio da confiança em maté ria tributá ria obriga a um juízo
que nã o prescinde de pondera- çõ es: saber se a norma é ou nã o inconstitucional (por viola-
çã o da protecçã o da confiança) obriga a que se tenha em conta, e se pondere, tanto o
contexto da administraçã o tribu- tá ria quanto o contexto do particular tributado.
• De acordo com esta jurisprudê ncia sobre o princípio da segurança jurídica na
vertente material da confiança, para que esta ú ltima seja tutelada é necessá rio que se
reú nam dois pressupostos essenciais:
a) a afectaçã o de expectativas, em sentido desfavorá vel, será inadmissível, quando constitua
uma mutaçã o da ordem jurídica com que, razoavelmente, os destinatá rios das normas dela
constantes nã o possam contar; e ainda
Caso prático:
1. Ver se estamos perante uma lei oneradora /agravadora do contribuinte – nesse
caso, aplica-se p.proibição do contribuinte.
2. Identificar se a lei se está a aplicar a factos passados ou não.
3. Identificar o tipo de norma em causa – porque o p.nao retroatividade tem um
alcance diferente consoante a norma que se aplique.
19/11/2021
Começamos logo pela análise, do Governo ter feito por sua iniciativa legislativa um conjunto
de medidas que atuam em relação a impostos, aumentando-os, eliminado benefícios fiscais,
são alguns exemplos. Como sabemos pelo artigo 165º nº1 i) e 103/2, da CRP, é da exclusiva
competência da AR a i) Criação de impostos e sistema fiscal e regime geral das taxas e
demais contribuições financeiras a favor das entidades públicas;, e 2. Os impostos são
criados por lei, que determina a incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos
contribuintes. E esta só pode ser delegada ao governo mediante uma autorização da AR,
pelo artigo 165º nº2 da CRP, em nome do principio da legalidade fiscal, de modo a evitar
que esta seja um cheque em branco. Esta não parece ter sido consagrada, pela AR, por isso
estamos perante uma inconstitucionalidade orgânica.
Estamos aqui perante casos de aplicação da lei no tempo, o que nos leva a referir o princípio
da não retroatividade da lei fiscal, segundo o qual a lei nova só se aplica para o futuro, ou
seja, a aplicação da lei nova a factos passados é proibida nos termos do art. 103º/3, CRP. Se
o facto se iniciou no passado e ainda continua a decorrer, fala-se em retrospetividade, e esta
é proibida se houver uma violação do princípio da confiança.
1. Aumentar a taxa do IVA para 25% com efeitos a partir do dia 1 de maio de 2015;
Imposto sobre o consumo (104º/4 CRP): incidem sobre o consumo geral de bens e serviços
(IVA) e sobre o consumo específico de certos bens, tais como tabaco, álcool (impostos sobre
o pecado/sin taxes), produtos petrolíferos (impostos especiais sobre o consumo/IEC’s). Os
impostos gerais sobre o consumo são considerados menos justo do que os impostos sobre
o rendimento, porque incidem sobre todos os sujeitos na mesma medida,
independentemente da capacidade económica de cada um. Mas são considerados mais
neutros para o funcionamento da economia, porque implicam menos distorções nas opções
acessíveis aos contribuintes. No quadro do IVA, o sujeito passivo não coincide com o
consumidor final. Enquanto para o consumidor final o IVA é um imposto de obrigação
única, para o sujeito passivo ele é um facto tributário de formação sucessiva. Como o
IVA é suportado pelo consumidor final, a aplicação da lei nova no tempo, em matéria
de IVA, não pode colocar em causa o imposto já pago pelo consumidor final. Assim, o
aumento do IVA a meio do ano fiscal só se pode aplicar aos factos tributários
(consumo, prestação de serviços ou importação) futuros (que ocorram após a entrada em
vigor da lei nova), sob pena de se colocar em causa o montante de IVA cobrado
anteriormente em casa elo da cadeia. Portanto, não há problema em o Governo propor
esta medida legislativa tendo em conta que ela não viola o princípio da não retroatividade
da lei nova (art. 103º/3CRP), caso contrário haveria uma inconstitucionalidade material.
Não há violação da retroatividade.
2. Aumentar a taxa máxima de IRS para as duas categorias mais elevadas em 5% com
efeitos nos rendimentos pessoais de 2015;
22/11/2021
ACÓRDÃO TC Nº617/2012
Uma Sociedade Anónima impugnou um ato tributário de liquidação de IRC nº2009, relativo
ao exercício de 2008 e a respetiva demonstração de liquidação de juros de mora nº2009, na
parte respeitante à tributação autónoma incidente sobre os encargos dedutíveis
relativos a despesas de representação e a viaturas ligeiras de passageiros ou mistas,
motos ou motociclos, suportados até ao dia 30 de novembro de 2008.
➢ Invocam a inconstitucionalidade do art 5º/1, da Lei nº64/2008, de 5 de dezembro,
por violação do princípio da não retroatividade da lei fiscal.
Fundamentação
- Conhecimento do Recurso
Art 79º-D/1, LTC admite recurso para o Plenário do TC quando uma das suas secções julgue
uma questão de constitucionalidade em sentido divergente.
Ac. Nº310/2012 da 2ªsecção, proferido em junho de 2012, julgou inconstitucional o art
5º/1, Lei 64/2008, no que diz respeito à retroatividade da alteração do art 81º/3/a), Cód.
Imposto sobre Rendimento PC, a 1 janeiro 2008.
Ac. Nº18/2011 da 3ªSecção, julgou a não inconstitucionalidade da mesma norma.
- Mérito do Recurso
A decisão recorrida julgou inconstitucional o art 5º/1, Lei 64/2008, no que diz respeito à
retroatividade da alteração do art 81º/3/a), Cód. Imposto sobre Rendimento PC, a 1
janeiro 2008 – fundamentos:
• O art 81º, Cód. IRC “Taxas de tributação autónoma”, após a alteração introduzida
pelo art 1º-A, Lei 64/2008, passou a dispor diversamente nos nºs 3 e 4.
Nº3: antes, eram tributados autonomamente, à taxa de 5%, os encargos
dedutíveis relativos a despesas de representação e os relacionados com
viaturas ligeiras ou mistas, motos ou motociclos; esta alteração, veio tributar
com taxas de 5% e 10%, dependendo das características.
Nº4: antes eram tributados autonomamente, à taxa de 15%, os encargos
dedutíveis das despesas referidas anteriormente, cujo custo de aquisição
seja superior a 40.000€; esta alteração passou para 20%.
Com esta nova redação, houve um agravamento da taxa de tributação aplicável às
despesas referidas, sendo que, por força do art 5º/1, Lei 64/2008, esse
agravamento é aplicável aos encargos e despesas já realizados pelos contribuintes
no período de 1 janeiro de 2008 até à data de início de vigência da lei.
Quanto, ao disposto no art 103º/3, CRP, importa dizer que o TC tem vindo a seguir o entendimento
que esta proibição da retroatividade, no domínio da lei fiscal, apenas se dirige à retroatividade
autêntica.
1) A retroatividade autêntica abrange apenas os casos em que o facto tributário que a lei
nova pretende regular já tenha produzido todos os seus efeitos ao abrigo da lei antiga.
2) Assim, são excluídos do âmbito aplicativo da norma as situações de retrospetividade ou
retroatividade imprópria, ou seja, aquelas situações em que a lei é aplicada a factos
passados mas cujos efeitos ainda perduram no presente, como sucede quando as normas
fiscais que produziram um agravamento da posição fiscal dos contribuintes em relação a
factos tributários que não ocorreram totalmente no domínio da lei antiga e continuam a
formar-se, ainda no decurso do mesmo ano fiscal, na vigência da nova lei.
Assim, de modo a perceber se estamos perante uma situação de retroatividade autêntica e, por
consequência, perante uma violação do disposto no artigo 103º/3, CRP, o TC procura responder
a duas perguntas: que tipo de tributação está aqui em causa e, saber se a mesma consiste num
imposto periódico ou de obrigação única.
Quanto à primeira questão – tipo de tributação: estamos perante tributação autónoma em IRC,
sendo que com este tipo de tributação teve-se em vista, por um lado, incentivar os contribuintes a
ela sujeitos a reduzirem tanto quanto possível as despesas que afetem negativamente a receita
fiscal e, por outro lado, evitar que, através dessas despesas, as empresas procedam à distribuição
camuflada de lucros, sobretudo de dividendos que, assim, apenas ficariam sujeitos ao IRC
enquanto lucros da empresa, bem como combater a fraude e evasão fiscais que tais despesas
ocasionem não apenas em relação ao IRS ou IRC, mas também em relação às correspondentes
contribuições, tanto das entidades patronais como dos trabalhadores, para a segurança social.
Ou seja, o legislador procura responder à questão reconhecidamente difícil do regime fiscal de
despesas que se encontram na zona de interseção da esfera pessoal e da esfera empresarial, de
modo a evitar remunerações em espécie mais atraentes por razões exclusivamente fiscais ou a
distribuição oculta de lucros.
Assim, quanto à tributação autónoma em IRC, o TC considerou que o facto gerador do imposto é
a própria realização da despesa, não se estando perante um facto complexo, de formação sucessiva
ao longo de um ano, mas perante um facto tributário instantâneo. Ou seja, estamos perante um
imposto de obrigação única (cujo facto gerador se produz de modo instantâneo, surge isolado
no tempo, gerando sobre o contribuinte uma obrigação de pagamento com caráter avulso).
O facto tributário esgota-se no ato de realização de determinada despesa que está sujeita a
tributação (embora, o apuramento do montante de imposto, resultante da aplicação das diversas
taxas de tributação aos diversos atos de realização de despesa considerados, se venha a efetuar no
fim de um determinado período tributário).
Deste modo, conclui o TC que estamos perante a aplicação de lei nova a factos tributários de
natureza instantânea, já completamente formados, anteriores à data da sua entrada em vigor.
A aplicação da nova lei a este facto ocorrido anteriormente à sua aprovação envolve, pois, uma
retroatividade autêntica. O que releva, face aos princípios constitucionais enunciados, não é o
momento de liquidação de um imposto, mas sim o momento em que ocorre o ato que determina
o pagamento desse imposto. É esse ato que vai dar origem à constituição de uma obrigação
tributária, pelo que é nessa altura, em obediência ao princípio da legalidade, na vertente
fundamentada pelo princípio da proteção da confiança, que se exige, como medida preventiva,
que já se encontre em vigor a lei que prevê a criação ou o agravamento desse imposto, de modo
que o cidadão possa equacionar as consequências fiscais do seu comportamento.
Uma vez que a alteração efetuada ao artigo 83.º, n.º 3, do CIRC, através da Lei n.º 64/2008, de 5
de dezembro, veio aumentar a taxa de tributação autónoma aplicável a despesas de representação
e com viaturas, agravando a situação dos contribuintes abrangidos, estava-lhe vedada uma
eficácia retroativa. Assim, o TC julgou a norma inconstitucional.
Votos de Vencido:
Acrescenta que, ao fazer depender, de forma absoluta e exclusiva, do critério do facto tributário
(formalmente entendido) a distinção entre retroatividade própria e retroatividade imprópria, o
Tribunal corre o risco de, em inversão metódica, vir a interpretar a Constituição em conformidade
com a lei, em vez de interpretar a lei em conformidade com a Constituição. Se não há nenhum
critério material, de ordem constitucional, que permita separar a retroatividade intolerável da
tolerável, então, o âmbito de aplicação do princípio da proibição da retroatividade da lei fiscal
pode ficar inteiramente dependente das escolhas do legislador.
Por último, refere que estão em causa, neste caso, encargos que, por natureza, são indispensáveis
para a formação do rendimento sobre o qual incide o IRC. E que, portanto, não faria sentido a
qualificação do imposto que sobre eles recai como imposto “autónomo”, (e “autónomo” face ao
IRC), de tal forma que, ao contrário do que sucederia se a alteração legislativa incidisse sobre o
restante rendimento sujeito a IRC, se considere aqui o facto tributário como tendo produzido já
todos os seus efeitos. Aponta, assim, a adoção de uma visão excessivamente formal do princípio
da proibição da retroatividade da lei fiscal, que, justamente por ser excessivamente formal, corre
o risco de colocar a força vinculativa da Constituição à disposição do legislador ordinário.
Considera que não estamos aqui, em rigor, perante um imposto de obrigação única, mas perante
factos tributários que incidindo sobre as despesas dedutíveis estão indissociavelmente ligados ao
apuramento e liquidação do IRC, e perante uma solução legislativa cujo objetivo poderia ter sido
atingido, para a determinação da matéria coletável.
Nesse sentido, se o interessado, realizou artificiosamente despesas que não eram indispensáveis
para a realização dos proveitos ou ganhos sujeitos a imposto de IRC, e apenas pretendeu com tais
despesas afetar negativamente a receita fiscal, a sua posição jurídica não é suscetível de ser
tutelada por via do princípio da proteção da confiança (e da proibição de retroatividade fiscal que
dele é uma mera decorrência), visto que para que haja lugar à tutela jurídico -constitucional da
«confiança» é necessário, antes de mais, que as expectativas dos privados na continuidade no
regime sejam legítimas, justificadas e fundadas em boas razões.
3. Aumentar a taxa de IRC para 27% para os rendimentos das pessoas coletivas com
efeitos no lucro tributável de 2015, e agravando a tributação autónoma das despesas
com veículos automóveis para 60%;
Quando nos referimos a um facto tributário que decorreu num período já terminado.
Neste caso, estamos perante uma retroatividade autêntica (em sentido próprio ou forte)
pois a lei nova de 6% adicionais ao IRS está a ser aplicada a um facto com início no passado,
inteiramente decorrido ao abrigo de uma LA. Está a ser aplicada ao ano de 2014.
Cabe, assim, determinar o tipo de normas fiscais que não podem ser retroativas. Como a
retroatividade visa proteger a segurança jurídica e a confiança do sujeito passivo, só as
normas fiscais oneradoras do sujeito passivo é que não podem ser retroativas. Pelo
contrário, as normas desoneradas podem sê-lo porque favorecem os sujeitos passivos e a
segurança jurídica não é afetada. Como estamos perante um imposto, que é uma norma
onerada esta não pode ser retroativa.
A interpretação dominante do TC é a de que o art. 103º/3 apenas consagrou a proibição da
retroatividade autêntica ou própria (retroatividade forte). Como o TC entende que a
retroatividade autêntica é proibida pela CRP, sem ser necessário avaliar se a proteção da
confiança foi ou não violada, a análise da proteção da confiança é relegada para as situações
de retrospetividade.
No entanto, a professora regente discorda deste ponto de vista, considerando que a
proteção da confiança está sempre ínsita na análise da retroatividade proibida de uma lei
fiscal, pois é o seu princípio interpretativo. Portanto, para a regente temos sempre de fazer
o teste da proteção da confiança.
O art 103º/3, CRP, cabe determinar o tipo de normas fiscais que não podem ser
retroativas. Uma vez que a retroatividade visa proteger a segurança jurídica e a confiança
do sujeito passivo, só as normas fiscais oneradoras do sujeito passivo é que não podem ser
retroativas e pelo contrário as normas desoneradas podem sê-lo porque favorecem os
sujeitos passivos e a segurança jurídica não é afetada.
Esta é uma diferença em relação à reserva de lei fiscal e ao princípio da tipicidade fiscal, pois
a reserva de lei abrange quer as normas oneradoras quer as normas desoneradoras
relacionadas com o an, o quantum, os benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes. Ou
seja, como estamos perante um benefício fiscal, acabava por não haver esta proibição de
retroatividade.
Mas, como estamos perante uma extinção dum benefício fiscal, em que isentava estes
jovens desempregados de pagar impostos, estamos já perante normas oneradas, por isso a
LN só pode produzir efeitos para o futuro, sob pena de ser inconstitucional nos termos do
art 103º/3, CRP e 12º/1, LGT, pelo que consubstancia uma retroatividade autêntica ou em
sentido forte, o que original uma inconstitucionalidade material » quando um benefício
fiscal não tenha prazo num tempo.
Se for um benefício fiscal de 3 anos, aí é muito discutível, teremos de ver se está em
causa a segurança jurídica ou não.
BF duradouros – não se devem lesar as expetativas dos contribuintes.
Temos de distinguir se estamos perante um BF futuro (quando ainda não tenham sido
praticados os atos necessários, havendo apenas uma expetativa futura de que esse venha a
ser aplicado – nesse caso, não se tutelam expetativas) ou duradouro (certos
comportamentos são incentivados por lei – a proteção das expetativas deve ser efetuada,
dada a segurança jurídica).
6. Prever a tributação imediata em IRS de todas as mais-valias mobiliárias,
independentemente do momento da aquisição das ações e do período de detenção.
Entende que o STA faz uma distinção artificial porque não olha para o regime das mais-
valias. Ao contrário do STA, a professora sustenta que a determinação da matéria tributável
é um elemento relevante para determinar se o imposto é periódico ou de obrigação única.
Só a determinação da matéria tributável pode esclarecer se o imposto incide sobre o
acréscimo patrimonial anual ou não; isto significa que as normas de determinação da
matéria coletável têm consequências para a aplicação da lei no tempo.
Art 43º, CIRS – segundo a professora Ana Paula Dourado, temos uma verdadeira norma de
incidência (saldo apurado entre as mais e as menos valias, que só se efetua no final do ano).
O STA diz-nos que esta regra não é verdadeiramente uma norma de incidência, mas sobre a
determinação do rendimento sobre o IRS, e que estamos perante factos tributários que vão
sendo efetuados em momentos particulares ao longo do ano – assim, não se pode olhar
singularmente a cada uma destas mais-valias.
Fevereiro – 100
Segundo o STA, tributava-se o mês de janeiro. Mas o art 43º, não determina esta mesma
regra – como no final do ano, daria zero, não havia tributação.
Por entre mais uma “crise das instituições democráticas”, a Assembleia da República aprova um
novo pacote de medidas de luta contra a fraude e a evasão fiscais.
Antes do mais, todas as empresas passam a estar sujeitas a uma coleta mínima no valor anual de
mil euros, a aplicar já relativamente ao ano em curso e independentemente dos lucros que resultem
da sua atividade. Trata-se de uma medida com um propósito elementar de moralização a que se
soma a eliminação de todos os benefícios fiscais relativos a cooperativas, fundações e instituições
de utilidade pública, dados os abusos que nesta matéria têm vindo a ser constatados pela
Administração.
Depois, estabelece-se que sempre que os contribuintes singulares possuam determinados sinais
exteriores de riqueza se presuma, para efeitos de IRS, que são titulares de um determinado
rendimento, a menos que façam prova do contrário. A tabela a usar para o cálculo deste
rendimento presumido é a seguinte:
29/11/2021
Características e estrutura do IRS
• Sobre o rendimento
• De base cedular: divide-se em categorias
• Pessoal (considera as complexidades da pessoa, agregado familiar, etc)
• Periódico (o facto trib forma-se ao longo do período fiscal)
• Progressivo
• Único, mas não unitário
A consequência final desta falta de unidade do IRS é que uns rendimentos são sujeitos a
englobamento (22º) e sujeitos a IRS (68º), mas os que estão sujeitos a taxas liberatórias não estão
sujeitos a englobamento (71º e 72º).
Fase analítica:
Determina-se o rendimento líquido (rendimento bruto da categoria A – dedução específica de
montante fixo, alínea a) do nº1 do art 25º, CIRS).
Deduções à coleta não respeitam à obtenção de dado rendimento, mas estão relacionadas com a
pessoalização do imposto, () fiscais » art 78º, CIRS
INCIDÊNCIA PESSOAL
Incidência subjetiva do imposto:
Agregado familiar – composição (art 13º)
Dependentes (integram agregado familiar) – art 13º/5
Ascendentes/colaterais – não integram o agregado familiar, mas podem ser objeto de
deduções à coleta, nos termos do art 78º-A, CIRS
Tributação separada (13º/2 e 3)
Caso prático em que a empresa esteve em dificuldades financeiras – art 23º, alínea a) + 88º, CIRC
Art 23º/1 – interpretação »» business purpose test + teoria seguida pela prof Ana Paula Dourado
IRS
Começar por analisar a incidência subjetiva, tendo em conta os sujeitos passivos/agregado
familiar referido no caso prático
Analisar a incidência real, rendimento a rendimento:
Ex: rendimento categoria E, juro, onde estão previstas estas regras de rendimento, há deduções
específicas? Forma de tributação de rendimento (englobamento + taxas gerais // taxas
liberatórias); retenção na fonte.
Rendimentos não residentes – eliminar questão da dupla tributação.
INCIDÊNCIA REAL
❖ Rendimentos da Categoria A » art 2º, CIRS
Princípio da substância sobre a forma
Todo o tipo de formas de remuneração do SP, revista de que forma for, deve ser inserida na
categoria A.
Trata-se de um conceito tão amplo para que as entidades patronais não encontrem forma de não
declarar rendimentos.
Art 2º/3/b) – remunerações acessórias
Ponto 2) Subsídio de refeição – 4€
Art 2º-A: rendimentos excluídos da tributação
Art 70º - mínimo de existência: em determinados casos, quando estejam em causa rendimentos
muito baixos, o nosso CIRS prevê a não tributação desses mesmo rendimentos.
Pág. 36
i) O salário dele e os rendimentos que ela obtém enquanto advogada. Contudo, relativamente
a este último rendimento, houve que contar com variadas despesas;
ii) Juros de um depósito a prazo e dividendos de ações da ‘PT’ que compraram há alguns
anos;
iii) Uma pequena mais-valia relativamente a algumas das ações, que venderam.
Contudo, a vida não é fácil. Foram elevadas as despesas de saúde e de educação dos três filhos,
e ainda tiveram a seu cargo o pai de António, que vive com eles e recebe apenas a pensão
mínima.
Quid iuris?
O presente caso incide sobre o Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
(doravante IRS).
De acordo com o disposto no art 104º/1, CRP, o IRS é um imposto sobre o rendimento (art 4º/1,
LGT – incide sobre a capacidade contributiva das pessoas singulares revelada através do
rendimento), pessoal (já que considera alguns elementos diferenciadores relacionados com a
capacidade contributiva do sujeito – “tendo em conta as necessidades e os rendimentos do
agregado familiar”), de base cedular (tipificam-se os rendimentos tributáveis com recurso a seis
categorias de rendimento), periódico (art 1º/1, CIRS – “incide sobre o valor anual dos rendimentos
das categorias”), único, mas não unitário (procede a uma tributação de carácter global dos
rendimentos das pessoas singulares; contudo, não procede a uma tributação de todos os tipos de
rendimento do sujeito passivo em termos similares), progressivo (aumenta-se o nível de tributação
do contribuinte tendo em conta a subida do seu rendimento coletável) e direto (atingem as
manifestações imediatas da riqueza e da capacidade contributiva, verificando-se uma
coincidência entre o sujeito passivo contribuinte e a pessoa que deve suportar o encargo
económico do imposto).
Numa fase posterior, designada de fase sintética, cessa a distinção entre as diversas categorias de
rendimentos, aplicando-se um único conjunto de regras fiscais – ao rendimento coletável são
aplicadas as taxas gerais progressivas do IRS, previstas no art 68º, CIRS, apurando-se, assim, a
coleta. De seguida, efetuam-se as deduções à coleta (nos termos e com os limites fixados nos arts
78ºss., CIRS), obtendo-se, assim, o valor do imposto final.
Finalmente, considerando os valores de imposto que o sujeito passivo já tenha pago ao longo do
ano, a título de retenções na fonte, com a natureza de adiantamento por conta do imposto devido
em termos finais ou a título de pagamentos por conta, este poderá ainda ter imposto a pagar, ou
reembolso de imposto a receber (art 78º/2 e 3, CIRS).
De acordo com o disposto no art 13º/1, CIRS, António é sujeito passivo de IRS se residir em
território português ou obtiver, neste, rendimentos. Para aferirmos se este é residente em Portugal,
temos de atender ao art 16º, CIRS (não existe nenhuma informação no caso que nos permita
analisar esta questão com precisão, pelo que se presume que está cumprida uma das alíneas deste
preceito).
Observando os arts 1º/1 e 2º/2, CIRS, percebemos que os rendimentos de trabalho dependente são
todas as remunerações do nº1 do art 2º, compreendendo estas os salários – com efeito, os
rendimentos apurados por António enquadram-se na categoria A. O rendimento líquido tributável
é determinado nos termos do art 25º/1/a), CIRS – aos rendimentos brutos da categoria A
deduzem-se 4.104€ (não temos qualquer informação que nos permita aplicar as alíneas b) ou c))
–, não lhe sendo aplicável as alíquotas dos arts 71º e 72º, CIRS. Deste modo, conforme disposto
no art 22º/1 e 3/b), a contrario, CIRS, este tipo de rendimento encontra-se sujeito a englobamento
obrigatório, aplicando-se, à partida, a tabela do art 68º/1, CIRS (integra as taxas gerais
progressivas do IRS), para definirmos a coleta – a este valor, são efetuadas as deduções à coleta
(arts 78ºss., CIRS), obtendo-se, assim, o valor do imposto final. Contudo, se António e Maria
fossem sujeitos passivos casados e optassem pela tributação conjunta dos rendimentos, as taxas
aplicáveis são as correspondentes ao rendimento coletável dividido por dois (art 69º/1, CIRS).
Para se apurar a coleta do IRS, de acordo com o nº3, teria de se aplicar as taxas fixadas no art 68º
ao quociente de rendimento coletável, multiplicando-se o resultado obtido por dois.
As retenções na fonte desta categoria constam dos arts 99ºss., CIRS, sendo que António poderá
ainda ter imposto a pagar, ou reembolso de imposto a receber (art 78º/2 e 3, CIRS), dependendo
do valor de imposto que pagou ao longo do ano.
Relativamente a Maria:
De acordo com o disposto no art 13º/1, CIRS, Maria é sujeito passivo de IRS se residir em
território português ou obtiver, neste, rendimentos. Para aferirmos se esta é residente em Portugal,
temos de atender ao art 16º, CIRS (não existe nenhuma informação no caso que nos permita
analisar esta questão com precisão, pelo que se presume que está cumprida uma das alíneas deste
preceito).
Observando os arts 1º/1 e 3º/1/b), CIRS, percebemos que os rendimentos de Maria se enquadram
na categoria B, já que estamos perante uma atividade de prestação de serviços de carácter técnico
(advocacia). A determinação da matéria coletável terá de ser feita de acordo com o previsto no
art 28º, CIRS, mais concretamente, nos termos da alínea a), uma vez que Maria parece não ter
ultrapassado no período de tributação imediatamente anterior um montante anual ilíquido de
rendimentos desta categoria de 200.000€ (e também porque não optou pela determinação dos
rendimentos com base na contabilidade – nº3 e nº1/a)). No âmbito do regime simplificado, a
determinação do rendimento tributável de Maria obtém-se através da aplicação do coeficiente de
0,75 (art 31º/1/c), CIRS).
As retenções na fonte desta categoria constam dos arts 99ºss., CIRS, sendo que Maria poderá
ainda ter imposto a pagar, ou reembolso de imposto a receber (art 78º/2 e 3, CIRS), dependendo
do valor de imposto que pagou ao longo do ano.
De acordo com o disposto no art 13º/1, CIRS, o pai de António é sujeito passivo de IRS se
residir em território português ou obtiver, neste, rendimentos. Para aferirmos se este é residente
em Portugal, temos de atender ao art 16º, CIRS (não existe nenhuma informação no caso que nos
permita analisar esta questão com precisão, pelo que se presume que está cumprida uma das
alíneas deste preceito).
Importa referir que o rendimento desta pensão não pode ser englobado nos rendimentos de
António e Maria, já que, nos termos do art 13º/4, CIRS, o ascendente não faz parte do agregado
familiar.
Relativamente aos juros de depósito a prazo e aos dividendos das ações da “PT”:
Tanto os juros de depósito a prazo (arts 1º/1 e 5º, nºs 1, 2/b) e 4, CIRS), como os dividendos das
ações da “PT” (arts 1º/1 e 5º/1 e 2/h), CIRS) enquadram-se na categoria E. Estes ficam sujeitos a
tributação desde o momento em que se vencem, são colocados à disposição do seu titular, são
liquidados ou desde a data do apuramento do respetivo quantitativo (art 7º/1, CIRS). Não se
reconhecem deduções específicas para os rendimentos de capitais, pelo que o rendimento bruto
corresponde ao rendimento tributável. Neste caso, os rendimentos de capitais obtidos em território
português estão sujeitos a retenção na fonte a título definitivo, à taxa liberatória de 28% (art
71º/1/a), CIRS), podendo ser englobados (nº8). Assim, a não ser que os titulares dos rendimentos
de capitais, residentes em território português optem pelo englobamento, este não poderá existir,
conforme previsto no art 22º/3/b), CIRS. Porém, se os rendimentos de capitais não estivessem
sujeitos a retenção na fonte, seriam tributados à taxa autónoma de 28% (art 72º/1/d), CIRS).
Relativamente às mais-valias:
As mais valias (art 10º, CIRS) constituem rendimentos da categoria G (arts 1º/1 e 9º/1/a),
CIRS). Nos termos do art 10º/1/b), CIRS, constituem mais-valias os ganhos obtidos que, não
sendo considerados rendimentos empresariais e profissionais, de capitais ou prediais, resultem da
alienação onerosa de partes sociais e de outros valores mobiliários. Não se reconhecem deduções
específicas para os incrementos patrimoniais, exceto quanto às mais-valias (art 42º, CIRS).
Relativamente ao valor dos rendimentos destas, por força do art 43º/1, CIRS, corresponde ao
saldo apurado entre as mais-valias e as menos-valias realizadas no mesmo ano. Neste caso, o
saldo positivo entre as mais-valias e as menos-valias é tributado à taxa autónoma de 28% (art
73º/1/c), CIRS). Assim, não pode existir englobamento, conforme previsto no art 22º/3/b), CIRS.
Nos termos das alíneas c) e d) do nº1 do art 78º, CIRS, à coleta são efetuadas deduções relativas
às despesas de saúde e de educação, pela ordem indicada no art 78º/1, CIRS (nº3), sendo que, se
forem superiores ao imposto devido, conferem direito ao reembolso da diferença.
Ora, de acordo com o previsto no art 78º/5, CIRS, estas deduções só se aplicam aos sujeitos
passivos residentes em território português – como vimos anteriormente, a propósito dos arts
13º/1 e 16º, CIRS, tanto António, como Maria são sujeitos passivos de IRS; no entanto, a hipótese
não nos fornece informações suficientes para sabermos se residem em Portugal (mas presumimos
que sim). O nº7 do art 70º acrescenta que a soma destas duas deduções à coleta não pode exceder,
por agregado familiar, e, no caso de tributação conjunta (que também poderia ser o caso, como
suscitámos em momento anterior), após aplicação do divisor previsto no art 69º, os limites
constantes das alíneas desse preceito. Nos agregados com três ou mais dependentes a seu cargo
(o agregado familiar seria constituído por cinco pessoas: Maria, António e os três filhos – art 13º/4
e 5, CIRS), os limites do nº7 são majorados em 5% por cada dependente ou afilhado civil que não
seja sujeito passivo do IRS.
Deveriam ser ainda feitas as deduções dos arts 78º-A, 78º-B, 78º-C e 78º-D, relativamente aos
descendentes, às despesas gerais do agregado familiar, às despesas de saúde e às despesas de
formação e educação, respetivamente.
CASO Nº8 – CATEGORIAS DE RENDIMENTOS DE IRS, GASTOS EMPRESARIAIS,
SUBSTITUIÇÃO E RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
Joaquim, administrador de uma empresa de contabilidade, utilizava para uso pessoal um
carro que a sua entidade patronal, a sociedade Átila & Irmãos, lhe havia disponibilizado, bem
como recebia subsídio de almoço e subsídio de residência. A entidade patronal pagou ainda
uma viagem de férias ao Dubai a Joaquim e a toda a sua família. Contudo, e na sequência da
epidemia que se abateu sobre o País e estando a Átila & Irmãos com dificuldades financeiras,
decidiu deixar de entregar os montantes retidos aos seus funcionários aquando do pagamento dos
salários junto das Autoridades Fiscais Portuguesas.
Quid iuris?
De acordo com o disposto no art 13º/1, CIRS, Joaquim é sujeito passivo de IRS se residir
em território português ou obtiver, neste, rendimentos (tal como dispõe neste preceito, os sujeitos
passivos serão tributados no seu rendimento mundial, worldwide income). Para aferirmos se este
é residente em Portugal, temos de atender ao art 16º, CIRS (pelas circunstâncias do caso, António
parecia residir em Portugal, estando cumprida pelo menos a regra geral dos 183 dias – alínea a)
do nº1 do art 16º, CIRS).
O rendimento líquido tributável é determinado nos termos do art 25º/1/a), CIRS – aos rendimentos
brutos da categoria A deduzem-se 4.104€ (não temos qualquer informação que nos permita
aplicar as alíneas b) ou c)) –, não lhe sendo aplicável as alíquotas dos arts 71º e 72º, CIRS.
Deste modo, nos termos do art 22º/1 e 3/b), a contrario, CIRS, este tipo de rendimento encontra-
se sujeito a englobamento obrigatório, aplicando-se, à partida, a tabela do art 68º/1, CIRS (integra
as taxas gerais progressivas do IRS), para definirmos a coleta – a este valor, são efetuadas as
deduções à coleta (arts 78ºss., CIRS), obtendo-se, assim, o valor do imposto final.
As retenções na fonte desta categoria constam dos arts 99ºss., CIRS, sendo que Joaquim poderá
ainda ter imposto a pagar, ou reembolso de imposto a receber (art 78º/2 e 3, CIRS), dependendo
do valor de imposto que pagou ao longo do ano.
O gasto com a viatura automóvel, uma vez que nada se refere sobre a existência do acordo
mencionado no art 2º/3/b), ponto 9), CIRS, considerei que a mesma não seria inserida num
rendimento da Categoria A de Manuel.
Uma vez que se trata da utilização de um veículo, teríamos de analisar o regime do artigo 24º, que
diz respeito aos rendimentos em espécie. O nº5, face aos rendimentos em espécie no caso de
atribuição do uso de viatura automóvel pela entidade patronal, determina que o rendimento anual
corresponde ao produto de 0,75% do seu valor de mercado, reportado a 1 de janeiro do ano em
causa, pelo número de meses de utilização é a mesma.
Não são aplicáveis as alíquotas dos arts 71º e 72º, CIRS. Nos termos do art 22º/1 e 3/b), a
contrario, CIRS, estes tipos de rendimentos encontram-se sujeitos a englobamento obrigatório,
aplicando-se, à partida, a tabela do art 68º/1, CIRS (integra as taxas gerais progressivas do IRS),
para definirmos a coleta – a este valor, são efetuadas as deduções à coleta (arts 78ºss., CIRS),
obtendo-se, assim, o valor do imposto final.
Se forem, efetivamente, rendimentos em espécie, nos termos do art 99º/1/a), não pode haver
retenção na fonte. Assim, Joaquim terá de pagar IRS sobre os montantes relativos à viatura
automóvel.
Já no que concerne ao “subsídio de almoço”, e uma vez que nada nos é dito sobre valor específico
do mesmo, temos que apenas será́ considerado como um rendimento da Categoria A, “na parte
em que exceder o limite legal estabelecido ou em que o exceda em 60 % sempre que o respetivo
subsídio seja atribuído através de vales de refeição”, como dispõe o art 2º/3/b), ponto 2), CIRS.
Existirá, então, retenção na fonte, uma vez que o subsídio é em dinheiro, atendendo aos arts 98º/1
e 99º/1/a).
A viagem é considerada um rendimento da Categoria A, tal como dispõe o art 2º/3/b), ponto 6),
CIRS. É ainda relevante mencionar o disposto no artigo 2º/11 do CIRS, onde se considera
rendimento de trabalho do sujeito passivo as regalias e benefícios atribuídos pela entidade
patronal ao trabalhador, abrangendo qualquer outra pessoa do seu agregado familiar.
Uma vez que a viatura automóvel e a viagem se constituem como remunerações de A, considerei
que ambos os gastos são dedutíveis pela empresa, segundo o art 23º/2/d), CIRC, encontrando-
se os gastos com a viatura excluídos expressamente de tributação autónoma, no art 88º/6/b),
CIRC. Deste modo, a empresa poderá efetivamente deduzir os gastos relativos à viatura
automóvel e à viagem de férias.
Como sujeito ativo da relação jurídico tributária temos a segurança social, pelo disposto no
art 18º/1, LGT.
Os sujeitos passivos, nos termos do art 18º/3, LGT, são: a sociedade (como substituto), os
trabalhadores da sociedade (como substituídos) e os administradores (como eventuais
responsáveis tributários). Assim, havendo entrega retenção e não entrega das quotizações, quem
fica desonerado é o substituído, apenas respondendo pela respetiva dívida tributária o substituto,
tal como refere o art 28º/1 da LGT.
Assim, sendo Joaquim o administrador da empresa, recairá sobre si o ónus da prova de que não
foi por culpa sua que se incumpriu com a divida tributária, se o prazo legal de pagamento ou
entrega tenha terminado no período de exercício do seu cargo (que podemos concluir que sim),
como elencado no artigo 24º/1, alínea b) da LGT.
O TOC fez uma análise fiscal da situação e apresenta uma proposta de poupança fiscal, onde se
pode ler:
Sem qualquer intervenção, a carga fiscal global ascenderia a 46 milhões de euros em IRC (23%
x 200 milhões) e a cerca de 77 milhões de euros em IRS (aprox. 53% x [200 milhões – 50
milhões]).
Os administradores da sociedade não sabem o que pensar de tudo isto, enquanto o Revisor Oficial
de Contas (ROC) da sociedade, por seu lado, não está minimamente convencido com a análise.
Em particular, o ROC acha que a proposta não vai resultar e que vai trazer até mais encargos em
IRS e IRC do que se nada se fizesse.
Quid iuris?
Nos termos do art 1º, CIRC, o IRC incide sobre os rendimentos obtidos, mesmo quando
provenientes de atos ilícitos, no período de tributação, pelos respetivos sujeitos passivos, nos
termos deste Código. De acordo com o art 2º/1/a), são sujeitos passivos do IRC as sociedades
comerciais com sede ou direção efetiva em Portugal, portanto, presumindo que a Sociedade X
tem a sua sede em Portugal, esta seria sujeito passivo do IRC.
O art 3º, CIRC determina a base do imposto, sendo que no nº1/a), estabelece-se que incide sobre
o lucro das sociedades comerciais ou civis sob forma comercial, das cooperativas e das empresas
públicas e o das demais pessoas coletivas ou entidades referidas nas alíneas a) e b) do nº 1 do
artigo anterior que exerçam, a titulo principal, uma atividade de natureza comercial, industrial
ou agrícola”, sendo que o lucro aqui referido consiste na diferença entre os valores do património
líquido no fim e no início do período de tributação (3º/2, CIRC). O período de tributação encontra
a sua previsão no art 8º - o IRC é devido por cada período de tributação que coincide com o ano
civil. O IRC incide sobre a totalidade dos rendimentos da Sociedade X, incluindo os obtidos fora
do território português – 4º/1 CIRC.
Quanto à matéria coletável, diz o art 16º/1 que esta é, em regra, determinada com base em
declaração do sujeito passivo, sem prejuízo do seu controlo pela administração fiscal. Porém, no
presente caso, estamos perante lucro tributável, tendo de aplicar o art 17º/1 que nos diz pelo que
é constituído o lucro tributável das pessoas coletivas: “soma algébrica do resultado líquido do
período e das variações patrimoniais positivas e negativas verificadas no mesmo período e não
refletidas naquele resultado, determinados com base na contabilidade e eventualmente corrigidos
nos termos deste Código”.
A primeira questão deste caso está relacionada com a distribuição de lucros aos sócios e tributação
desses mesmos lucros. De acordo com o art. 1º/1, em conjugação com o 5º/1 e 2/h) todos do
Código do Imposto sobre Rendimento das Pessoas Singulares (CIRS), a distribuição de
dividendos aos sócios constitui rendimento da Categoria E – Rendimentos de Capitais. A lei não
reconhece deduções específicas quanto a rendimentos de capitais pelo que, estão sujeito à taxa
liberatória de 28% - 71º/1/a) CIRS - sendo que podem estes rendimentos “ser englobados para
efeitos da sua tributação” – 71º/8 CIRS.
No art 23º-A CIRC, que trata dos encargos não dedutíveis, temos, no número 1, alínea r) que as
importâncias pagas a pessoas coletivas situadas fora do estado português (que seria aqui o caso)
e submetidas a regimes fiscal a que se referem os nº 1 e 5 do art. 63º-D da Lei Geral Tributária
(LGT), que são os país com um regime fiscal mais favorável, não são dedutíveis. Temos assim
que saber se a República de Vanuatu consta da lista dos países com regime de tributação
privilegiada da Portaria 150/2004 – a República de Vanuatu consta, de facto, da lista, estando na
posição 80). Assim, o gasto não seria dedutível.
Porém há que ter em atenção a parte final da alínea r) do número1 do 23º-A do CIRC que contém
a possibilidade de a Sociedade X provar que estes encargos correspondem a operações reais e que
não são anormais nem tem um montante exagerado – a Autoridade Tributária e Aduaneira notifica
o sujeito passivo para a produção de prova, devendo, para tal, ser fixado prazo mínimo de 30 dias
– 23º-A/8 CIRC.
Caso a Sociedade X não prove o referido acima, ilidindo a presunção, aplicar-se-á uma taxa de
tributação autónoma de 35% - 88º/1 e 8.
Estamos aqui perante uma situação de abuso fiscal – 38º/2 LGT – a sociedade X realizou
construções com a finalidade principal de obter uma vantagem fiscal que frustra o objeto do
direito fiscal aplicável, temos uma simulação, o objetivo do negócio é a fuga ao fisco.
Os pressupostos para aplicação do 38º/2 são: obtenção de uma vantagem, que é contrária à lei
(tinha em vista a redução de impostos devidos); obtenção dessa vantagem é a finalidade essencial
da transação; utilização de esquemas fraudulentos (no caso, tínhamos simulação). Esta realidade
será desconsiderada para efeitos tributários, efetuando-se tributação de acordo com as normas
aplicáveis aos negócios ou atos que correspondam à substância ou realidade económica e não se
produzindo as vantagens fiscais pretendidas, ou seja, há ineficácia para efeitos fiscais, pelo que,
não se têm em conta as menos-valias geradas.
Neste caso temos de atentar no art. 63º do CIRC, pois a Sociedade X detém 55% da Sociedade Z,
e este artigo refere, no seu nº1, “nas operações efetuadas entre um sujeito passivo e qualquer outra
entidade, sujeita ou não a IRC, com a qual esteja em situação de relações especiais, devem ser
contratados, aceites e praticados termos ou condições substancialmente idênticos aos que
normalmente seriam contratados, aceites e praticados entre entidades independentes em
operações comparáveis”.
Para determinar o que serão “relações especiais” temos de atentar no nº4 do preceito em questão,
e verificamos que a sociedade X e Z se encontravam nesta situação devido ao facto de X deter
55% de Z.
Não respeitando estas regras, determina o nº9, que a Autoridade Tributária e Aduaneira pode
efetuar as correções na determinação do lucro tributável, pelo montante correspondente ao que
teria sido obtido se as operações se tivessem efetuado numa situação normal de mercado.
Compra das joias para as esposas dos administradores
Esta situação não está prevista no art. 23º-A do CIRC, nem expressamente no 23º.
O regime que decorre atualmente do artigo 23º CIRC pauta a dedutibilidade de gastos por dois
critérios: um critério de natureza formal, nos termos do qual os gastos ou perdas deverão ter um
suporte documental adequado, à luz do disposto no respetivo nº3; e um critério de natureza
material, nos termos do qual os mesmos gastos ou perdas deverão ter sido incorridos ou
suportados pelo sujeito passivo para obter ou garantir os rendimentos sujeitos a IRC (vulgarmente
designado “business purpose test”). Relativamente a este segundo critério, o entendimento
doutrinário para sua interpretação é relativamente unânime: são dedutíveis todos os gastos e
perdas que verifiquem uma relação objetiva face ao interesse da empresa, entendendo-se como
tal o próprio objeto da sua atividade. Cabe dizer, então, que a compra de joias não tem relevância
para a vida da sociedade e, como tal, não seria dedutível em sede de IRC.
No que toca à tributação dos administradores, seria em sede de IRS. Isto pode considerar-se uma
vantagem económica, benefícios não incluídos na remuneração principal, sendo rendimentos da
categoria A (1º/1, 2º/2 e 3/b) do CIRS). O facto de ser para as esposas e não para os
administradores em si não tem relevância devido ao art. 2º/11 que refere que se consideram, para
efeito do 3º/b), “rendimentos do trabalho do sujeito passivo os benefícios ou regalias atribuídos
pela respetiva entidade patronal a qualquer outra pessoa do seu agregado familiar”. Deste modo,
estando dentro dos rendimentos dos administradores e sendo bens em espécie, aplica-se as regras
do 24º do CIRS, recorrendo aos critérios do nº1 para determinar o preço a considerar.
A compra aos sócios de parte das ações que estes têm na sociedade é uma prática de elisão fiscal,
em que se situam negócios jurídicos que assumem formas jurídicas não abrangidas pelas normas
de incidência ou que evitam certas normas de determinação da matéria coletável. Ocorre elisão
porque a substância desses atos ou negócios não é conforme com o fim/espírito da lei, sendo que
no caso o negócio é claramente artificial porque é uma compra seguida da devolução aos sócios
dos montantes pagos. Resolve-se por meio da cláusula geral anti-abuso do 38º/2 LGT, estando
verificados os pressupostos já acima referidos. A consequência é a ineficácia para efeitos fiscais,
não se produzindo as vantagens fiscais visadas.
Tudo isto considerado, o Revisor Oficial de Contas, tem razão ao referir que a proposta não irá
resultar, acabando por trazer mais encargos.
Aula de dúvidas de Direito Fiscal
Em 2020 ele é não residente em PTG e não aufere salário em PTG » não há tributação em PTG em relação
aos rendimentos da categoria A.
Em 2021 – o que está no slide + as retenções na fonte constituem uma dedução à coleta (art 78º, CIRS).
No último ponto, a propósito do art 72º/10, CIRS, devemos referir a portaria sobre atividades de valor
acrescentado (Portaria nº230/2019 – pág. 429 coletânea Almedina, atualizada, com a designação de
“Portaria nº12/2010”).
Se esta entidade “Crédit Agricole” estivesse localizada num paraíso fiscal, em vez do art 72º/1/d),
aplicaríamos o 72º/17/a) (tributação agravada em 35%).
Em contraposição, se os rendimentos que são pagos pela Caixa Geral de Depósitos fossem pagos
a um não residente que se localizasse num paraíso fiscal, o art 71º/16/b) obrigaria a aplicar uma
tributação acrescida (taxa de 35%).
Esta empresa seria tributada em 60% autonomamente relativamente a encargos não dedutíveis
Desde logo, referir a não aceitação destes encargos, como encargos dedutíveis, nos termos do art
23º-A (norma anti abuso – art 23º-A/1/r), CIRC), porque estamos perante um pagamento efetuado
a uma entidade residente num paraíso fiscal (consta da Portaria nº150/2004 e dos critérios
constantes do art 63º-D, LGT).
Quando diz que os gastos tiveram um montante avultado – se este valor avultado resultar da
prática de preços que não respeitem o princípio da plena concorrência (preços praticáveis entre
entidades independentes), aplicava-se o art 63º/4/h), CIRC (entidade não residente sujeita a um
regime mais favorável).
A propósito do conceito de relações especiais entre entidades do art 63º/4, CIRC:
Estas relações resultam, desde
logo, de participações diretas ou
indiretas no capital de uma
empresa.
Relações especiais:
A dedutibilidade ou não, nos termos do art 23º, CIRC já não condiciona a questão das tributações
autónomas (podem acontecer ou não, mediante a opção do legislador relativamente à penalização
de determinadas despesas).
Regra geral, as remunerações dos membros dos órgãos de Administração, constituem, para essas
mesmas pessoas, rendimentos da categoria A (art 2º/3/a), CIRS).
Referir quem é o substituto e substituinte, recorrer às regras da LGT.
09/12/2021
Diretiva anti-elisao – combate à elisão fiscal. Foi incluída num pacote que incluiu um conjunto
de preceitos normativos.
• Limitação à dedutibilidade dos juros – art 67º, CIRC + 4º, ATAP e 4º, BEPS
• Assimetrias Híbridas (diferenciação de tratamento; qualificação divergente em ais do que
um OJ; entidades híbridas são aquelas que são tratadas de forma diferente por diferentes
países) – proposta lei nº10/XIV/1ª (GOV).
Ex: produto que num Estado é assimilado a um juro, mas noutro já é qualificado como dividendo)
• Regra Geral Antiabuso – 38º, LGT + 6º, ATAD
• Regras relativas às sociedades estrangeiras controladas – 66º, CIRC + 7º e 8º, ATAD + ação
3º
Nº2:
• Elemento mãe (construção com abuso das formas jurídicas que não sejam consideradas
genuínas)
• Elemento finalidade – apurado com base em elementos objetivos
• Vantagem fiscal
• Frustre o objeto ou a finalidade do direito fiscal aplicável – tendo em conta o elemento
sistemático, tem de se readaptar a conduta do SP de acordo com aquela que é a conduta(…)
• Elemento sancionatório (não se produzindo as vantagens fiscais pretendidas)
Nº3:
Nº6: juros compensatórios – para a elisão fiscal, o nosso ordenamento jurídico responde com ().
APD: este elemento adicional sancionatório poderá resultar numa inconstitucionalidade desta
norma.
A aceitação destes gastos de financiamento sem qualquer limite, pode facilitar práticas de
planeamento fiscal abusivo, através do recurso a capitais alheios (remunerações que não juros).
Nº9 – aplica esta regra aos estabelecimentos estáveis de entidades não residentes
• Portaria;
• Quando o imposto sobre os lucros efetivamente pago seja inferior a 50%.
Art 51º/10, CIRC
Não se vai aceitar quando estes gastos sejam dedutíveis pela entidade que os distribui para efeitos
do imposto mencionado no nº1, alínea d).