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ECONOMIA II
Regente: Fernando Araújo
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Margarida Gonçalves
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Inside trading
É uma das formas possíveis de abuso de informação privilegiada – quando os administradores
não conseguem evadir-se completamente da supervisão dos acionistas controladores, tentam
suborná-los, fornecendo-lhes informação que levará a uma significativa alteração dos valores das
ações da empresa.
• Nomear-se para administradores, podendo agir como comissários abusivos enquanto esse
controlo durar;
• Eleger administradores e permitir que eles atuem de forma divergente relativamente aos
interesses e objetivos da sociedade, desde que eles sejam cúmplices beneficiários dessa atitude
abusiva.
Qual é o objetivo deste controlo informal? À partida, eles pretendem expropriar os sócios
controladores e explorar os ganhos de uma empresa, beneficiando os gestores.
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O objetivo é retirar aquele controlo informal e substitui-lo por um controlo “normal”. Podem
existir outros fatores que não o controlo mafioso (como o aproveitamento das forças do mercado)
que resultam na adoção desta solução.
Podem resolver se:
– De uma forma amigável;
– Através de tomadas hostis (dificilmente facilitam). Normalmente interpretam aquela oferta de
uma maneira violenta/hostil.
Contudo, não devemos subestimar a diversidade de efeitos perversos que podem ocorrer na luta
pelo poder dentro das empresas. O próprio “assaltante” pode não ter a intenção real de adquirir a
empresa, mas apenas ter o intuito de realizar ganhos especulativos:
− Adquirindo ações da sociedade, anunciando a sua intenção de proceder a compras maciças
(para obter o controlo da empresa), obter a valorização dos títulos subsequentes ao anúncio
e revender com lucro as únicas ações que adquiriu.
− Greenmail – adquirindo ações significativas da empresa, ameaçando os controladores com
a possibilidade de avançar para uma aquisição de domínio, pretendendo somente revender
as ações aos controladores a um preço especulativo.
Isto pode desencadear o colapso da “canibalização” ditada pelo endividamento excessivo,
agravado pela própria degradação do valor das ações da empresa “assaltante”.
Reação dos controladores ameaçados – eles reagem mal, tomando medidas que dificultem ou
impeçam a tomada de poder. Exemplos de medidas:
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FA faz apreciações gerais sobre as questões de justiça. Não há dúvida que a justiça é uma questão
relevante até porque há ou deve haver alguma cautela com os critérios de repartição social da
riqueza.
O Estado deve ter a capacidade para corrigir determinadas assimetrias, na medida em que, se se
ferir um núcleo fundamental como a Justiça e a igualdade, este deve intervir com a capacidade de
correção dessas assimetrias. As retificações institucionais permitem, de alguma maneira, que o
Estado tenha esta capacidade de intervenção para corrigir as assimetrias associadas às diferenças
decorrentes desta remuneração: justiça e igualdade.
Contudo, é importante não cair no extremo oposto, ou seja, não deve haver uma intervenção no
sentido do igualitarismo puro. A perfeita igualdade impede uma função básica dos preços – a
de assinalarem, através do mercado, a relativa escassez ou a abundancia dos recursos –, impede a
especialização da complementaridade dos agentes, desincentivando o investimento em capital
humano. P.E: se houvesse um incentivo associado a uma nota administrativa (remuneração
igualitária). Quem tivesse capacidade para ter 16, não se iriam esforçar porque já sabia que ia
receber apenas 12. E quem não conseguisse ter 12 também não se iria esforçar porque iria receber
12.
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Para que não se caia na tentação de atribuir a uma causalidade injusta a existência de diferenciais
remuneratórios, temos que perceber que o próprio mercado causa esse processo, atribuindo
remunerações de acordo com as suas simples e habituais regras de funcionamento. Poderá
afirmar-se que este processo é injusto, mas poucos tomarão a iniciativa de o mudar.
A remuneração dos fatores
A remuneração dos fatores produtivos está dependente da oferta e da procura. Os fatores serão
tanto melhor remunerados quanto mais escassa for a respetiva oferta, ou quanto mais intensa
for a procura, e inversamente, serão tanto pior remunerados quanto mais abundantemente
forem oferecidos ou quanto mais escassamente forem procurados, visto que a remuneração dos
fatores é essencialmente um preço que lhes corresponde.
Os meios de produção sendo meramente instrumentais na produção de bens e serviços, não são
procurados por eles próprios, visto que a configuração que os torna úteis com os fatores
produtivos os inutiliza, na maior parte dos casos, para satisfazerem diretamente as necessidades
dos consumidores – são simultaneamente os últimos destinatários do processo produtivo e a
primeira fonte de remuneração, no momento em que pagam os produtos que adquirem.
Se um bem/serviço desaparecer, deixar de ser utilizado ou procurado, haverá o desaparecimento
da oferta e da procura dos fatores produtivos. Há então, uma procura derivada, uma vez que
quem vai ao mercado, não espera que determinada necessidade seja satisfeita diretamente.
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O capitalista que não disponha de poder de mercado venderá ou cederá temporariamente os seus
capitais em função do correspondente custo marginal.
A compra e venda de um bem de capital, por exemplo, uma máquina, tem de avaliar as
vantagens/desvantagens futuras da vida da máquina e das despesas. Os bens de capital, com o
passar do tempo tendem a acarretar mais custos, mais despesas. A partir de determinada altura, o
rendimento marginal dos bens de capital é decrescente.
Na maior parte dos mercados, os custos marginais dos bens de capital são crescentes, o que
justifica o rendimento marginal decrescente.
− No curto prazo, o capitalista estará disposto a ceder todos os seus capitais aos juros
correntes, se eles excederem os custos marginais. Caso não excedam, a cedência de bens de
capital ficará de fora e o capitalista estará disposto a vender os equipamentos como usados,
saindo do mercado – oferta relativamente inelástica.
− No longo prazo, o capitalista adquirirá novos equipamentos com vista à sua cedência em
função do CDO (o capitalista pretende maximizar o lucro e poderá ser mais eficiente mudar
de atividade, passando por exemplo, a exercer uma atividade que comporte melhores riscos
e tenha um maior lucro), da depreciação do bem, dos custos de transporte, da manutenção,
da reparação.
Todos estes custos totais têm de ser periodificados, devendo ser aplicada a taxa de desconto,
permitindo assim a comparação com os juros que poderiam ser recebidos em cada período. Ora,
se a empresa decide investir na aquisição de capitais próprios, ela terá que fazer os cálculos
necessários correspondentes à ponderação entre o custo marginal e o rendimento marginal
esperado dessa decisão de investimento.
A durabilidade dos bens de capital adquiridos pela empresa pode ser avaliada de acordo com
dois métodos:
1. A conversão em valores presentes dos ganhos totais que possam derivar da decisão de
compra – é conseguido através da aplicação da taxa de desconto ao valor futuro dos ganhos
esperados que equivale aos juros compostos que se obteriam numa aplicação financeira
sucedânea.
Remuneração da terra
FA diz que quando falamos de renda fundiária estamos perante um fator produtivo fixo ou
tendencialmente fixo, que resulta do encontro da procura e da oferta com a especialidade da
imobilidade desses fatores – tende para determinar alguma inelasticidade da respetiva oferta, uma
vez que o fator terra está limitado).
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Isso faz com que a sua remuneração seja especial. A remuneração deste fator depende de duas
variáveis:
Custo marginal
A decisão de empregar/despedir mais trabalhadores é essencialmente um resultado colateral do
esforço fundamental da maximização do lucro. Enquanto o valor do produto marginal for
superior ao nível de mercado dos salários, justifica-se a contratação, devendo esta procura
terminar quando o produto marginal for já inferior ao nível salarial.
Ponto maximizador de lucro – encontra-se na interseção das curvas que representam o valor
decrescente do produto marginal e o valor (constante) de mercado dos salários. Isto significa a
quantidade de trabalho que a empresa deve contratar com vista a maximizar o lucro.
A curva do rendimento marginal é a que ditará a curva da procura de mão de obra: enquanto o
nível salarial for inferior ao rendimento marginal, a admissão de mais trabalhadores contribuirá
para aumentar os lucros do empregador.
Ora, uma subida de preços de produtos significa maior nível de emprego, uma descida implicará
quebra de emprego.
Uma diminuição de trabalhadores tenderá para o aumento do nível de salários, o que provocará
um aumento proporcional do valor do produto marginal. Claro que, começa aqui a entrever-se o
interesse que os trabalhadores têm de colocar barreiras corporativas á entrada de outros, uma vez
que menos trabalhadores significa maiores salários.
Produtividade laboral
Os salários têm tendência para acompanhar a produtividade. Mais produtividade gera salários
mais elevados. Um incremento da produtividade no trabalho que explica uma subida de salários
reais, do poder de compra propiciado e uma melhoria do bem-estar dos consumidores.
A produtividade determina-se através de três tipos de dotações:
1. Capital humano
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2. Físico
3. Tecnologia
A remuneração, de fatores naturais e de capital acompanha o valor do produto marginal que cada
um determina no processo produtivo. O produto marginal de qualquer fator produtivo depende da
quantidade disponível desse fator.
O rendimento das pessoas é maioritariamente fixado em função do valor dos recursos produtivos
que fornecem ao mercado. A elasticidade da procura da mão de obra depende:
Diferenciais compensatórios
O diferencial de compensação é a designação para a disparidade salarial que resulta da
diversidade de características não monetárias de diversos empregos.
Uma coisa são os diferenciais remuneratórios – há agentes que são mais remunerados porque
têm mais apetências, habilitações, talento natural para determinadas atividades, sendo estas
diferenças ditadas por exemplo, pelo investimento no capital humano.
Contudo, quando falamos de diferenciais compensatórios, referimo-nos a acréscimos aos
salários – p.e: subsídios de risco, deslocação, de turno, que sirvam para atenuar o desprazer
causado pessoalmente pelo desempenho das correspondentes funções, atribuindo-os de acordo
com o trabalho em si.
Vencimento de transferência
O vencimento de transferência é a expressão utilizada para indicar o que é o vencimento de
equilíbrio num determinado setor de atividade.
Num mesmo ramo de atividade, dois trabalhadores com as mesas aptidões podem estar a ser
remunerados de modo muito distinto. Contudo, existe uma remuneração mínima sem a qual
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ninguém se entregaria a uma atividade, ou seja, há uma remuneração abaixo da qual as pessoas
alterariam a sua atividade.
No caso de se receber um valor superior/adicional ao valor de vencimento de transferência, devido
às capacidades do trabalhador, ou em caso em que a procura supera a oferta de trabalho, significa
que há algo que se recebe a mais – a renda económica.
Renda económica
A renda económica é tudo aquilo que o trabalhador recebe para lá do vencimento de transferência
(por força do excesso de procura do fator trabalho relativamente à oferta de trabalho disponível,
ou por fatores gerais de desequilíbrio).
A renda económica depende de três requisitos:
1. Todos os clientes quererem o bem ou serviço produzido por aquele trabalhador, cujo trabalho
fica, por isso, com elevado rendimento marginal (espelhado pela pressão da procura)
2. O bem/serviço prestado pelo trabalhador tem de ser acessível a baixo custo a todos os
interessados.
3. A prestação do bem tem de ser apropriável pelo produtor, ou seja, o trabalhador deve ter a
capacidade de poder excluir de forma eficiente aquele/s que não conseguem pagar o preço.
Podemos ter vários resultados decorrentes da procura do trabalho. Quando o trabalho não tem
qualificações ou quando o trabalho por ele mesmo não exige qualquer qualificação, a elasticidade
da oferta é quase perfeita, pelo que o trabalhador não pode exigir grande coisa. Não se pode
receber mais que o vencimento de transferência.
A segunda possibilidade é, relativamente à maioria das atividades, vamos encontrar trabalhos
qualificados, e por isso com pouca ou alguma elasticidade, pelo que o trabalhador já pode exigir
mais coisas (porque é mais difícil encontrar substitutos). A remuneração será também maior.
A terceira hipótese é a possibilidade de haver inelasticidade absoluta da oferta. P.E: quando o
trabalho é infungível. Neste caso existe um mercado especial que só tem um trabalhador. Há uma
concentração máxima do lado da procura. A sua remuneração é classificada como renda
económica porque só há um trabalhador e não da para fazer média com ninguém – renda pura.
P.E: os casos de trabalho artístico, um músico.
Há também um risco – como o trabalhador representa o mercado, se o trabalho do trabalhador
deixar de ser procurado no mercado, a remuneração desaparecia.
Capital humano
É fruto do investimento feito na formação pessoal, do qual se espera um resultado em termos de
aumento de produtividade conexa com o incremento das aptidões em cada pessoa que beneficia
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Medição da pobreza
Curva de Lorenz – forma de representar a desigualdade numa economia. Representa a correlação
entre a fração cumulativa do rendimento e a fração cumulativa da população a que esse
rendimento cabe (maior desigualdade – linha reta mais afastada).
Coeficiente de Gini – medida de desigualdade de distribuição de uma qualquer variável pelo total
da população.
0 – Perfeita igualdade
1 – Completa desigualdade
Calcula-se como o quociente entre a área situada entre a curva de Lorenz e a diagonal, e por outro
lado, a área total do triangulo abaixo da diagonal.
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Limiar da pobreza
A pobreza é um conceito relativo e variável.
Mas prende-se sempre com uma situação extrema, em que se é incapaz de adquirir a alimentação,
o vestuário, habitação, ou seja, os mínimos indispensáveis para uma integração digna no meio
social.
Fronteira de pobreza – rendimento diário inferior a 2 dólares/dia.
FA salienta alguns pontos que nos permitem perceber as dificuldades inerentes à definição de
pobreza:
• A avaliação instantânea da riqueza pode não ter em consideração a circunstância de haver uma
variação ao longo da sua vida.
• Um indivíduo pode ficar desempregado, mas isso não implica que ele seja de imediato
considerado pobre.
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• Nem todos os casos são casos irremediáveis. Muitos indivíduos têm possibilidades de saírem
de condições de pobreza. (choques transitórios)
• Há a tendência para criar uma cadeia sucessiva de pobreza (como o pai é pobre, o filho também
o é) de forma hereditária.
A pobreza é um problema direto não apenas para os pobres para a sociedade em geral, na medida
em que ela exclui os pobres tanto do mercado de produtos como do mercado de consumo.
O que interessa é o meio ser justo. A justiça não se vê pelo resultado, mas sim pelo processo que
leva ao resultado. Neste caso, se o processo não foi justo, corrige-se o processo. Mas se o processo
foi justo e o resultado foi injusto, Nozick defende que se deve dar uma segunda oportunidade ao
indivíduo.
Combate à pobreza
A repartição dos rendimentos pode seguir uma de 3 vias básicas:
− Tributação do rendimento;
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Outras soluções:
− Imposto negativo sobre o rendimento (os indivíduos mais pobres pagam, mas recebem mais
daquilo que pagaram) – a todos os indivíduos seriam formalmente tributados, não havendo
isenção de um mínimo de existência. Contudo, a todos também seria concedido um crédito de
imposto que, deduzindo ao imposto devido, materialmente corresponderia à atribuição de um
subsídio às classes de rendimento mais pobres. Esse crédito de imposto não seria mais do que
um rendimento mínimo garantido, acima do qual todo o rendimento seria tributado à mesma
taxa marginal.
Armadilha da pobreza: efeitos em que o agente incorre ao sair da situação de pobreza uma vez
que isso pode desencadear uma maior situação de pobreza. Esta armadilha perpetua-se uma vez
que os indivíduos que saem do mercado de trabalho por medo da primeira armadilha agravam
esta situação.
Transferências em espécie: são a forma mais direta e mais eficiente de proceder a redistribuições
para os mais desfavorecidos. Contudo, essas transferências a favor dos mais pobres podem gerar
problemas, como a desmotivação para trabalhar resultante do acesso a serviços gratuitos,
estigmatização e discriminação que possam acompanhar o acesso aos serviços sociais.
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É uma via que pode permitir analisar se a carga tributaria suportada por uma geração e igual face
aquela suportada por outra geração. O objetivo é de manter uma linha de igualdade. Neste cálculo
analisam-se as taxas liquidas de imposto.
Que serviços estão associados aos impostos? Há receita pública para cobrir a despesa pública.
Sem receitas públicas, existem muitas falhas de mercado que comprometem um nível mínimo
de satisfação coletiva. P.E: os bens públicos.
A tributação causa uma retração da atividade económica e uma perda de bem-estar relativa ou
absoluta, o que leva a que, por vezes, a extensão da perda absoluta ultrapasse as receitas marginais
resultantes do agravamento fiscal – isto não ocorre se estivermos perante situações de
inelasticidade.
Um mesmo nível de oneração tributária pode provocar ineficiências – um agravamento
tributário pode ajudar no crescimento económico se reduzir o endividamento público; um
desagravamento tributário constitui um incentivo a esse crescimento, resultando num
rendimento mais líquido de imposto nas mãos do produtor e do consumidor.
Problemas da aplicação/agravamento do imposto
• Injustiça da tributação dos bens essenciais – o Estado pode aplicar impostos em mercados
onde existem maiores ou menores perdas de bem-estar. O estado está a direcionar-se para os
mercados de procura e oferta inelástica (uma vez que se tratam de bens essenciais que não
podem ser substituídos), e influencia tanto indivíduos com grandes possibilidades, como
indivíduos mais pobres, que vão ter de suportar este imposto – injustiça. Quando falamos da
tributação, estas pessoas mais pobres sofrem uma grande perda de bem-estar que se traduz
num problema de justiça.
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A tributação do rendimento das pessoas coletivas demonstra que todos os impostos são
suportados, em última análise, por pessoas individuais. Esta poderá ser justificada para
simplificar os procedimentos tributários ou por razões puramente políticas, pretendendo
aliviar parcialmente os contribuintes individuais do peso dos tributos. Contudo, é necessário
desmascararmos duas ilusões de ótica:
• A ideia de que o que é pago pelas empresas parece não ser pago por ninguém em particular;
• Flypaper theory – as empresas parecem absorver essa carga fiscal sem a repercutirem sobre
os indivíduos com os quais têm relações económicas.
• Indispensáveis;
• Que correspondem às transferências em espécie a favor dos pobres;
• Cujo mérito seja tão inequívoco que a tributação abandone os propósitos da neutralidade.
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• Aligeiramento da máquina – quanto menos impostos melhor. Mas, menos impostos implica
menos arrecação (o mercado pode produzir mais riqueza).
b) Os custos de eficiência
A eficiência de um sistema fiscal mede-se pelo nível de custos que provoca nos contribuintes,
em função de um nº de receitas, e pelas distorções da atividade económica provocadas pela não-
neutralidade do imposto.
Custos da tributação
• Custo direto decorrente dos contribuintes – é o imposto que leva a perdas de bem-estar,
uma vez que este retira, parcial ou totalmente, o incentivo que as partes possam ter para
concluírem transações.
Existe aqui um problema de justiça e de corrupção. Para minimizar estes problemas, deve-
se diminuir a carga fiscal e impor um sistema fiscal menos complexo.
c) A justiça fiscal
A maior parte das formas de tributação do rendimento adotam a solução da progressividade das
taxas – discriminação das pessoas com maiores rendimentos, fazendo-as pagar um montante de
imposto que é mais do que proporcional àquilo que pagam aqueles que têm rendimentos menores.
A progressividade das taxas é tão praticada por se tratar de uma ideia apelativa para o “eleitor
mediano”, que muitas vezes está disposto a aceitar a pior das onerações tributárias com a ilusão
de quem há quem pague mais do que eles. É por causa desta ilusão de favorecimento de eleitor
mediano que se lança mão à tributação das pessoas coletivas, uma outra forma da tributação
profundamente ineficiente– uma pessoa singular estará sempre ligada ao pagamento do imposto.
Os acionistas suportam os impostos e os lucros vão ser tributados, retirando dividendos a estes.
P.E: na ótica dos trabalhadores, pode haver um cenário em que estes suportam a carga fiscal,
retirando-se-lhes regalias.
Existe ainda o problema da coexistência de uma redistribuição justa com os efeitos mais ou
menos desincentivadores e ineficientes de qualquer mecanismo redistributivo.
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Taxa média: analisa-se a tributação que uma pessoa suportou e faz-se média com o seu
rendimento. A taxa média denota o sacrifício suportado pelo contribuinte com o pagamento dos
impostos.
rendimento total
Taxa média = total imposto
>> sacrifício do contribuinte
Taxa marginal: as variações da tributação que incidiram sobre aquela pessoa consoante a
variação do seu rendimento. A taxa marginal reporta-se aos incentivos que aumentam ou
diminuem o rendimento.
variação do rendimento
Taxa marginal = variação do imposto
>> incentivos a aumentar ou a diminuir o rendimento
Como a taxa marginal afeta os incentivos, a tributação por um montante uniforma (típica dos
impostos de “capitação” – valor fixo, em que todos pagam o mesmo) é a mais eficiente:
Apesar de ser a forma mais eficiente, a taxa de marginal desencadeia bastantes injustiças,
devido à sua regressividade.
Quando se pretende distribuir o peso total da carga tributária, são apontados vários critérios
de justiça na tributação para o fazer:
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• A tributação com progressividade de taxas (as taxas vão aumentando mais do que
proporcionalmente ao aumento do rendimento – a taxa marginal > taxa média) – é utilizada
no rendimento de pessoas singulares. Dá a possibilidade de cada um aplicar a progressividade
que necessitar – os indivíduos que têm menor rendimento têm uma taxa mais baixa e vice-
versa. A introdução de escalões introduz problemas e dificuldades que não existiam na
tributação proporcional, nomeadamente a gestão do imposto.
• Regressividade – taxas mais elevadas praticadas pelos indivíduos com menor declaração de
impostos.
2. Princípio da igualdade vertical – um contribuinte que demonstre ter uma maior capacidade
contributiva do que outro, deve pagar mais impostos do que este.
Este princípio nada esclarece relativamente à adoção de uma solução concreta – isto faz com
que um contribuinte rico pague mais do que um pobre, o que pode ocorrer em sistemas
progressivos ou regressivos.
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• Externalidades negativas – o mercado falha na medida em que produz mais do que aquilo
que otimizaria o bem-estar social.
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O que impede a formação de mercados é a solução espontânea, negociada, de muitos dos aspetos
relativos às externalidades é a onerosidade dos procedimentos, que resulta da existência de
custos de transação. Esta perceção está inserida no Teorema de Coase.
Segundo Ronald Coase, os custos de transação são todos aqueles em que se incorre na troca de
utilidades e na afetação comutativa de recursos, quando se busca uma contraparte, se negoceia
com ela, se preveem e supervisionam as contingências do cumprimento, etc.
Esta ideia veio permitir a alteração dos dados em que tinham assentado a justificação
microeconómica para a intervenção do Estado nos mercados.
O Teorema de Coase implica que as afetações iniciais de recursos se tornem irrelevantes num
contexto hipotético em que não haja custos de transação. Contudo, estes custos não são
irrelevantes para o mundo real, sendo bastante significativos.
Se, hipoteticamente, estivéssemos isentos de custos de transação, a solução eficiente formar-se-
ia sempre através da negociação.
Este teorema refere-se apenas à formação espontânea de um máximo de eficiência e não
necessariamente à produção do resultado abstratamente mais justo.
A atribuição dos direitos de apropriação (property rights) garante a reação espontânea do titular
desses direitos contra as externalidades negativas e facilita a identificação dos beneficiários das
externalidades positivas.
A apropriação e a existência de baixos custos de transação evitam a formação de externalidades
negativas, ou promovem a sua rápida correção.
No mundo real, existem custos de transação que dificulta na espontânea formação de soluções
eficientes para o problema das externalidades.
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Havendo custos de transação elevados, as trocas voluntárias que iriam assegurar a maximização
do bem-estar poder dar lugar a trocas involuntárias promovidas pelo Estado (uma solução
sucedânea e com riscos), mas preferível a uma ausência de trocas.
Numa economia de mercado há lugar à intervenção do Estado, desde que esta se justifique
em termos de eficiência política e jurídica – que por sua vez, se justifica pela existência de
externalidades e pela verificação de custos de transação > custos da regulação.
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Esta opção também se justifica quando o número de externalizadores é tão vasto que se torna
impossível discriminar incidências particulares, havendo a necessidade de estabelecer limites
máximos e mínimos ao nível de externalização que seja consentido, ou quando é preciso “criar
mercado” para novas tecnologias que constituam contributos para a solução do problema (contra
tecnologias obsoletas).
i) Impostos ambientais
Impostos pigouvianos (Alfred Cecil Pigou) – são impostos que visam internalizar as
externalidades negativas.
Na medida em que esses impostos recaiam sobre os autores dessas externalidades negativas e eles
não possam repercuti-los inteiramente sobre terceiros, eles provocarão um agravamento de custos
e, portanto, um incentivo à redução dos níveis de produção e da externalização.
Talvez não devessem ser considerados impostos porque não provocam perdas de bem-estar
nem desvios do ótimo social que podem resultar da afetação de recursos através do mercado, antes
promovem uma aproximação a esse ótimo social; são impostos na medida em que, através deles
se obtém uma receita pública ao mesmo tempo que se promove a coincidência dos valores do
custo social marginal e do benefício social marginal.
Duplo benefício: pode conceber-se que a aplicação de alguns impostos ambientais permita não
apenas alguma internalização da poluição como também a diminuição do recurso a impostos mais
suscetíveis de distorcerem os incentivos económicos para a criação de riqueza.
Os impostos pigouvianos incentivam a eficiência das atividades externalizadoras – paga-se
mais imposto quanto mais se poluir e deixa de se pagar tanto importo quando nível de poluição
for compatível com a maximização do bem-estar. As empresas mais eficientes pagarão menos
imposto do que as demais, até que fiquem isoladas aquelas empresas menos eficientes que
continuarão a poluir acima do nível socialmente ótimo e a pagar por isso.
Assim, em vez de todos continuaram sujeitos à mesma oneração e custos (como sucedia na
regulação), os produtores ficarão tanto menos onerados quanto mais eficientes forem – o
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Bens públicos – são casos extremos de externalidades positivas. Eles não são passíveis de
exclusão (ninguém consegue ser eficientemente afastado da fruição direta e integral do bem) e
não são passíveis de rivalidade ou exclusividade no uso (as outras pessoas podem retirar tantas
vantagens como aqueles que desfrutaram desses bens em primeiro lugar).
P.E: um candeeiro – se disséssemos que só as pessoas com mais de 1,5m poderiam usufruir deste,
iriamos estar a limitar a sua utilização.
Bens privados – são bens que são passíveis de exclusão e sofrem exclusividade ou rivalidade na
sua utilização.
P.E: é fácil excluir alguém do uso de um par de sapatos que seja nosso.
Bens semipúblicos – bens que partilham uma das características, mas não partilham a outra.
Podem ser:
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1. Recursos comuns/bens coletivos – bens que não são suscetíveis de exclusão, mas sofrem
rivalidade/exclusividade com o seu uso.
P.E: a maioria dos recursos piscícolas.
Em absoluto rigor conceptual, um bem público puro seria aquele em relação ao qual, para além
de se verificar a impossibilidade de exclusão, o custo marginal de proporcionar o seu gozo a mais
um utente seria zero.
Uma mesma externalidade pode afetar terceiros de formas tão diversas como desigualmente
importantes.
A utilização dos bens públicos e os recursos comuns não são suscetíveis de uma exclusão
eficiente, o que, por um lado, retira o incentivo à produção de bens públicos e por outro, não
coloca um travão à degradação dos recursos comuns. Em ambos os caos, a ausência de mercado
pode gerar resultados ineficientes a reclamarem a intervenção retificadora do Estado.
O problema essencial que determina a falha de produção dos bens públicos é o efeito de
boleia – as características do bem público tornam racional, para cada um, esperar pela respetiva
produção pelos demais, para depois retirar benefícios da sua existência sem ter de suportar os
custos correspondentes. Apesar dos benefícios totais poderem exceder em muito os custos totais,
a falta de produção do bem prejudicará todos. O benefício total dilui-se pelo nº de beneficiários
potenciais, enquanto que o custo total poderá vir a recair inteiramente sobre um só.
P.E: exemplo do candeeiro – uma pessoa pode tomar a iniciativa de promover por ela mesma a
colocação de um candeeiro que alumia a via pública; o candeeiro e a sua instalação custaram 500
euros e o dispêndio de energia é de 100 euros por ano e essa pessoa propõe uma repartição das
despesas aos seus vizinhos. Aquele que tenha a perceção do que irá suceder não tem a iniciativa
de custear a instalação do candeeiro e esperará que outro o faça. Como a externalidade positiva
excede em muito o benefício privado de uma iniciativa dessas e a internalização dessa
externalidade positiva não é viável por qualquer meio óbvio, essa iniciativa deixa de ocorrer,
ficando muito aquém daquilo que poderia ser uma medida de otimização do bem-estar social.
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De certa maneira, a hipótese dessa curva inverteria a convicção comum sobre o combate à
poluição; ao contrário desta convicção (que defende que esse combate depende de uma
determinação política prévia), é a evolução tecnológica que torna evidente o custo social da
persistência nas opções mais poluentes.
A intervenção do estado junto dos mercados orienta-se para duas áreas particulares – ou para
o contexto em que um ou alguns empresários presentes no mercado resolvem seguir a captura
de renda; ou para as situações de monopólios naturais.
A captação de renda (rent-seeking) é todo o esforço de desvio, para proveito próprio, de
uma remuneração que deveria ser direcionada para a procura de produção. Os consumidores não
ganham nada; os produtores ficam com uma renda líquida. Essa captação realiza-se através da:
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Esse equilíbrio de rent-seeking tem repercussões no mercado, havendo uma perda absoluta de
bem-estar típica do monopólio e uma perda absoluta de bem-estar resultante dos custos da busca
e captação de rendas económicas.
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c) Regulação
A teoria económica da regulação – controlo da entrada ou saída dos preços do mercada, da
extensão do domínio de atividade de empresas concorrentes, de questões de qualidade produtiva
ou ambiental – pode-se considerar como um subcapítulo da teoria da escolha pública.
Assim, considera-se que existe um mercado da regulação, no qual:
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d) Preservação da concorrência
Algumas das iniciativas anti-trust são autênticas imposições de um nível mínimo de concorrência
a que politicamente se recorre quando a presença de incentivos é insuficientemente estimuladora
da concorrência e dissuasora do uso e abuso de poder de mercado por parte dos produtores.
Para saber se existe domínio de mercado, uma das dificuldades apresentadas é a de definir as
fronteiras do mercado relevante – dificuldade em estabelecer a fronteira entre a diferenciação de
produtos num mesmo mercado e, por outro lado, entre a situação de coexistência de tantos
mercados.
e) A escolha pública
Existem diversas razões pelas quais o Estado pode intervir na economia:
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Os custos de persuasão são aqueles em que é preciso incorrer para que os grupos de interesses
transijam e apoiem o programa político que pode não ser inteiramente conforme os interesses
genuínos (a compra de votos, a troca “caciquista” de favores, a chantagem política em véspera de
eleições). Estes custos serão tanto maiores quanto maior for a heterogeneidade populacional e a
independência dos grupos de interesses.
Os custos externos são aqueles em que alguns votantes incorrem por se encontrarem do lado
minoritário daas decisões que acabam por ser tomadas. Estes custos serão tanto maiores quanto
mais vitais forem os interesses sujeitos a um processo de decisão coletiva.
Maior a insatisfação de uma atividade governativa > maiores custos de persuasão e
menores custos externos.
A eficiência da escolha pública verifica-se quando os benefícios advindos da produção
pública superam o total dos custos da interdependência, pelo que, na perspetiva da escolha
pública, a produção pública deve prosseguir e apresentará vantagens sobre a privatização,
somente no caso de existir uma faixa maioritária de votantes para os quais os custos de
interdependência são menores do que os da produção privada os mesmos bens e serviços.
Por essa razão, a legitimação da produção pública deverá assentar numa base eleitoral
amplamente representativa e expressiva, sob pena de os baixos custos de persuasão serem
compensados pelos elevados custos externos.
Uma principal dificuldade inerente à atuação do Estado assenta no facto de esta resultar de
uma escolha pública e não de uma mera opção individual – o comportamento do Estado reflete
os interesses e escolhas de um grande número de pessoas, pelo que a possibilidade de formação
de uma escala de preferências fica bastante comprometida no plano coletivo.
Suponha-se uma situação democrática na qual o voto é decisivo para serem tomadas opções. Se
se tratar de decidir em que grau uma opção prevalece sobre outras, a teoria do eleitor mediano
prevê que será a posição mediana que prevalecerá numa decisão democrática.
P.E: imagine-se uma biblioteca que é dirigida por um órgão coletivo composto por 11 membros
e que se tem de decidir o orçamento para a compra de livros no próximo ano.
5 membros optam por gastar 100 mil euros ou mais; outros 5 membros opõem-se a gastos
superiores a 90 mil euros; existe 1 membro a ocupar uma posição intermédia, preferindo um nível
de gastos nos 95 mil euros. Em princípio, é esta a posição dos 95 mil euros que prevalece.
O votante mediano consegue decidir sempre a seu favor as votações em alternativa e os dois
grupos opostos não têm alternativa para vencer a votação a não ser se se aproximarem da posição
do votante mediano.
f) Votação e indecibilidade
A teoria do votante/eleitor mediano explica porque é que as democracias tendem para a
bipolarização partidária e porque é que os dois partidos que vão alternando no poder tendem a
convergir para posições centrais – quanto mais cada um desses partidos se afastar de uma posição
central, mais se arrisca a concitar contra si maiorias de oposição (Harold Hotelling).
Assim sendo, o partido democrático que assegura os melhores resultados eleitorais é aquele que
mais se aproxima do apoio de 50%, evitando a formação de intervalos de decisão que permitam
a captação pelo eleitor mediano.
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Margarida Gonçalves
Contudo, este bipartidarismo e a importância dada ao eleitor mediano poderão ser colocadas
em causa no cenário em que o equilíbrio de forças que se verifica nas opções extremas deixe de
ocorrer – se uma dessas opções for apoiada por um número significativo de eleitores.
Existem outros casos nos quais esta teoria pode ser posta em causa:
• Ela será inadequada para justificar as decisões eleitorais que tenham como finalidade os
efeitos distributivos da atuação do Estado (p.e: a tributação). O eleitor mediano, muitas vezes
tem uma maior capacidade económica do que outros agentes económicos na mesma sociedade,
pelo que poderá enfrentar uma maior carga tributária.
• Se o eleitor mediano pode influenciar as decisões e com isso aumentar o bem-estar da produção
de bens públicos, ele conseguiria captar um máximo de informação possível e com isso,
sustentar as suas decisões da melhor forma.
Mas, muitas vezes, ele não consegue captar um voto com uma informação exaustiva – mesmo
que, à partida, houvesse a possibilidade deste eleitor obter uma informação eficiente, ele
poderia não reconhecer a importância do seu voto (por falta de consciencialização, por
ignorância racional).
Paradoxo do voto – a escolha política e o processo de tomada de decisão pública muitas vezes
não assentam numa graduação clara e cristalina das diversas opções e ponderações que estão em
jogo. Estamos, portanto, perante situações complexas sobre interesses muito difusos que podem
alterar a visão política, pelo que o voto deveria ser o mais difícil para explicar esta graduação de
preferências por parte dos eleitores e dos decisores.
Ou seja, a legitimação através do voto pode impedir a formação de opções coerentes e estáveis,
uma vez que um voto maioritário pode impossibilitar a chegada a uma preferência agregada
a partir de preferências estáveis dos votantes.
Temos aqui uma indecidibilidade que permite a comparação de pares de preferências, mas não
permite o escalonamento dessas preferências num todo agregado que denote a vontade geral.
Kenneth Arrow tentou solucionar este problema, apresentando o teorema da impossibilidade,
no qual defende que, para que não se caia nesta indecidibilidade sempre que esteja envolvida mais
do que uma simples alternativa binária, é preciso haver um votante decisivo – ele acaba por ter
poderes ditatoriais, pelo que os resultados seriam perfeitamente manipuláveis, não
representando as preferências reais dos votantes.
Assim, a dificuldade de se encontrar unanimidade e de a preservar contra oportunismos
estratégicos, torna inevitável o recurso a regras maioritárias – mas estas regras estão sujeitas a
paradoxos de voto, inconsistências coletivas resultantes do agrupamento de preferências
individuais consistentes, o que pode resultar num círculo vicioso ou permitir completas
distorções sempre que haja mais do que duas escolhas.
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Margarida Gonçalves
g) Os grupos de interesses
Existe outra dificuldade inerente à atuação do Estado. A atuação política raramente se norteia por
uma ponderação objetiva e igualitária dos interesses em presença, antes se desvia para o
favorecimento de interesses particulares.
A redução do Governo a mero gestor inigualitário dos interesses particulares resulta das
atividades de captação de renda dos grupos organizados que, a troco de apoios financeiros
concedidos à classe políticos, obtêm ganhos extraordinários à custa da eficiência do mercado – é
essa a principal razão pela qual as propostas de reforma fiscal suscitam tanta agitação política;
por cada um desses grupos procura maximizar, no mercado dos fatores políticos, os ganhos
permanentes que qualquer regime de exceção tributária pode assegurar.
Mas como é que pequenos grupos de interesses conseguem ser tao eficientes em termos de
captação de renda? A resposta baseia-se no efeito de boleia – quanto menor for o grupo, maior é
a parte do benefício que acresce àqueles que tomam iniciativa de pressionar o grupo e vice-versa.
A teoria da escolha pública concebe que a atuação do Estado se assemelha ao funcionamento do
mercado político, composto por:
• Procura – composto por votantes que manifestam as suas preferências através do voto, da
pressão dos lobbies, dos contributos financeiros para os partidos, da troca de favores e da
corrupção ativa.
• Oferta – composto por:
− Políticos motivados pela maximização do seu lucro (maximização dos votos e dos ganhos
políticos);
− Burocratas que maximizam o seu lucro, tentando captar o máximo de dotações orçamentais.
h) Limitações orçamentais
Quando falamos da atuação pública, esta poderá ser conduzida ao facto de intervenção pelas
próprias limitações procedimentais que estão ao redor da tomada da decisão pública:
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