Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
São formais
Têm o lucro como motivação
Exercem uma função social
Podem ser entendidas como um nexo (conjunto ou ainda feixe) de contratos
Operam num ambiente determinado (envolventes contextual e competitivo)
Quando olhamos para a evolução das sociedades comerciais (empresas), podemos identificar
três fases de desenvolvimento do capitalismo, a saber:
Deve dizer-se que a supremacia da sociedade anónima foi uma evolução positiva no contexto
do crescimento económico das nações e da humanidade. Porquê? Porque, entre outras coisas:
Ela permitiu uma efectiva separação entre o património individual dos accionistas e o
património da empresa: isto quer dizer que a responsabilidade de cada acionista fica
limitada à sua real participação na esfera patrimonial da empresa
A dispersão do capital permitiu reunir uma pool de recursos em escala elevada para
atender às necessidades de financiamento cada vez maiores de grandes projectos de
crescimento e desenvolvimento
Impulsionou a criação e desenvolvimento de mercados de capitais
Facilitou a dispersão de riscos ao promover a diversificação da carteira de investimentos
dos investidores.
O custo dessa evolução para a sociedade anónima (forma de organização empresarial assumida
pelas grandes corporações nascentes) teve as duas consequências apontadas acima: houve a
separação entre a propriedade e a gestão, ou seja: o controlo das empresas passou a ser
detido por profissionais contratados pelos proprietários/accionistas; e a propriedade também
se dispersou e passou a ser detida por dezenas, centenas senão milhares de accionistas.
Quando os gestores assumiram o controlo, colocou-se a seguinte questão: será que eles
decidem sempre a favor dos accionistas das sociedades que comandam? Nas decisões que
tomam, privilegiam os interesses dos accionistas ou os seus próprios interesses? Será que as
suas decisões visam sempre a eficiência e a eficácia? Esta tornou-se uma questão muito
relevante para ser esclarecida devido à importância e ao papel determinante que a empresa
moderna conquistou no desenvolvimento e progresso das nações: a sua eficiência e a sua
eficácia são decisivas para o crescimento económico dos países.
Ora, estudos empíricos realizados nos Estados Unidos da América mostraram que nem sempre
os gestores decidem a favor dos accionistas, preferindo, por vezes, privilegiar os seus próprios
interesses e maximizar a sua utilidade em prejuízo da utilidade dos donos das empresas que
dirigem. Mais tarde, em 1976, Jensen & Meckling estabeleceram a Teoria da Agência através
da qual mostraram que havia interesses conflituantes entre accionistas e gestores nas empresas
que careciam de regulação não só para a defesa dos interesses dos proprietários/donos, mas
também para a garantia do desempenho eficiente e eficaz das sociedades comerciais.
Foi com base na existência desses interesses divergentes e conflituantes que nasce o GS como
mecanismo para:
A Teoria da Agência foi, assim, a primeira teoria explicativa da problemática do GS. Segundo ela,
a relação de agência consiste num “contrato sob o qual uma ou mais pessoas (principais)
incumbem a outra(s) pessoa (s) – agente(s) a tarefa de realizar algum tipo de serviço em seu
favor, envolvendo a delegação ao agente(s) de alguma autoridade para tomar decisões”. O
agente é contratado para actuar conforme os interesses do principal, tomando decisões que
maximizam os resultados da empresa. Os gestores têm, porém, os seus próprios interesses e
buscam satisfazê-los, daí resultando o chamado conflito de interesses que o GS devia resolver.
Subjacente à Teoria de Agência está a ideia de que a empresa é um nexus (feixe) de contratos
entre os seus vários parceiros individuais (stakeholders) - fornecedores, clientes, credores, etc.
No caso concreto da relação entre proprietários (accionistas) e gestores, o contrato de agência
envolve os seguintes elementos:
Mandantes/principais – proprietários/accionistas
Mandatários/agentes – gestores
Mandato – aumentar a riqueza dos principais/accionistas
Delegação de autoridade – transferência de poderes de gestão/tomada de decisões de
afectação de recursos para a realização dos fins últimos da empresa/sociedade
Custos de agência
Conflitos de agência (conflitos de interesses)
Fundamentos da TA
Axioma de Klein de 1983 segundo o qual não existe contrato completo, pois:
Axioma de Jensen & Meckling de 1976 segundo o qual não existe agente perfeito,
porque:
Gabinetes luxuosos
Secretárias/secretários
Viagens
Fringe benefits
Salários exagerados
Embelezamento de resultados
Prática de nepotismo
Etc.
Quando retiram vantagens para si à revelia dos accionistas, diz-se que os agentes expropriam
os accionistas porque a sua atitude irá diminuir a parte dos lucros que fica para eles e a
sociedade.
Por disporem de mais informação sobre a execução do contrato e o negócio que controlam e
beneficiando-se do facto de poderem esconder as suas acções dos accionistas, os gestores
assumem comportamentos que os beneficiam – aumentam a sua utilidade em prejuízo da dos
accionistas: diz-se que assumem comportamentos oportunistas em benefício próprio.
Se assim é, se os gestores têm incentivos para agirem na procura dos seus próprios interesses
privados (em vez de actuarem in the best interest dos proprietários/accionistas que os
contrataram), o que farão estes últimos para impedirem tais comportamentos oportunistas
daqueles?
Custos de Agência
Neste quadro e segundo Jensen & Meckling, podemos identificar três tipos de custos na
execução do contrato de agência entre accionistas e gestores:
Resumindo: de acordo com Jensen & Meckling (1976), a Teoria da Agência procura teorizar a
problemática do GS, que surge para procurar atenuar/reduzir/eliminar os conflitos de
interesses entre o principal e os agentes numa relação de agência. Para que haja convergência
de interesses entre agentes e principal, ou seja, para que aqueles cumpram o mandato para o
qual foram contratados, que é o de trabalhar in the best interest of the principal, há os chamados
custos de agência: os custos de contratualização, de remuneração e outros incentivos, de
demonstração de empenho e dedicação dos gestores à causa dos accionistas e ainda perdas por
decisões não perfeitamente óptimas dos gestores. Para além, claro, dos custos de coordenação
de investidores institucionais com rosto, que vieram a ser conhecidos mais tarde.
Assimetria de Informação
Ex: uma pessoa para ter uma apólice de seguro mais barata pode esconder do seu
segurador que possui problemas de saúde.
Conflitos de Interesses
Conceito e abrangência do GS
Vimos que, na origem do GS, estão os conflitos de interesses entre dois actores principais da
vida das empresas modernas: os detentores de capital e os gestores que assumem o seu
controlo mediante delegação de poderes para decidirem sobre a afectação óptima de recursos
visando a maximização da utilidade dos mandantes dessa relação. Inicialmente, a problemática
do GS estava focada nesse conflito vertical (P-A) com o intuito de alinhar os interesses não
perfeitamente simétricos entre proprietários e accionistas.
Também já sabemos que a teoria de agência foi aplicada às empresas com capital altamente
disperso e separação entre a propriedade e a gestão, havendo, por Isso, um corpo de gestores
a agir, em nome dos donos, na gestão das mesmas.
Então, devido à variedade das questões hoje a ele subjacentes, o conceito de GS não é único
nem universal, mas parece haver um denominador comum entre todos os conceitos e definições
que encontramos: a existência de conflitos de interesses entre partes interessadas na vida das
empresas, destacando-se aqueles que são observados entre accionistas e gestores em
decorrência do divórcio entre a propriedade e a gestão.
Vejamos, de seguida, alguns conceitos de GS. O Relatório Cadbury (retomaremos este assunto
no próximo módulo do nosso curso) define GS como “sistema pelo qual as sociedades são
dirigidas e controladas”. Esta é uma perspectiva de GS centrada na eficiência económica e nas
relações entre gestores e accionistas, tendo em vista a minimização dos conflitos de interesses
entre eles.
Num registo idêntico ao da OCDE, Adrian Cadbury oferece-nos a seguinte definição de GS: “A
corporate governance preocupa-se em obter um balanço entre objectivos económicos e sociais
e entre os objectivos individuais e da sociedade. A matriz da corporate governance existe para
encorajar o uso eficiente de recursos e igualmente para exigir a responsabilização pelo modo
como esses recursos são usados. O objectivo é alinhar o mais próximo possível os interesses dos
indivíduos das corporações e da sociedade”.
Segundo o Livro Branco sobre Corporate Governance em Portugal (2006) “a expressão governo
da sociedade designa, precisamente, o conjunto de estruturas de autoridade e de fiscalização do
exercício dessa autoridade, internas e externas, tendo por objectivo assegurar que a sociedade
estabeleça e concretize, eficaz e eficientemente, actividades e relações contratuais consentâneas
com os fins privados para que foi criada e é mantida e as responsabilidades sociais que estão
subjacentes á sua existência”.
Uma tal definição implica a existência de um conjunto de mecanismos que dão corpo ao
conceito de GS, quais sejam:
Resumindo, o GS integra:
Por seu turno, Corporate Management refere-se à gestão propriamente dita, através das
clássicas funções de gestão conhecidas: planeamento, organização, direcção e controlo. Trata-
se de um conceito menos abrangente, sendo, na verdade, um dos elementos constituintes do
Corporate Governance. A equipa de gestão exerce a função de gestão, enquanto que a equipa
de administração faz o governo da sociedade.
Importância do GS
Estudos empíricos mostram que as sociedades e organizações bem governadas são mais
eficientes e eficazes, registando desempenhos acima da média nas dimensões financeira, social
e ambiental. São mais bem geridas, fornecem mais e melhores benefícios aos seus
colaboradores, são mais sensíveis ao ambiente e aos interesses das outras partes interessadas
e registam melhores perspectivas de futuro. São, numa palavra, mais resilientes, competitivas e
sustentáveis.
Exercícios de Consolidação