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PROPÓSITO
Compreender a importância da governança corporativa nas empresas, bem como o papel e a
atuação esperados dos principais agentes, além do conceito de compliance e sua atuação
como programa de integridade da governança.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, certifique-se de ter papel e lápis por perto para
acompanhar os exemplos e as demonstrações.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
Nós temos visto em jornais, revistas e na rede que a integração da economia dos diferentes
países alterou o dinamismo do comércio internacional ao longo do século XX.
É nesse contexto que as empresas sofreram sensíveis transformações, pois o acentuado ritmo
de crescimento das atividades delas promoveu uma readequação de sua estrutura de controle,
realidade decorrente da separação entre a propriedade e a gestão empresarial.
Nosso desafio neste tema será conhecer e entender a governança corporativa na perspectiva
das empresas que passaram por tal processo de transformação histórica. O estabelecimento
de algumas definições, por conta disso, será importante, já que trataremos de cultura, política e
relacionamentos tão importantes para a sociedade.
Lançaremos ainda um olhar atento para a dinâmica de sócios, administradores, conselheiros e
stakeholders das empresas. O ambiente de negócios evolui do setor financeiro ou do mercado
para a adição do social e ambiental. Construir e manter a sustentabilidade do negócio constitui,
portanto, o principal propósito da governança corporativa.
STAKEHOLDERS
Palavra da língua inglesa que significa grupo de interesse (partes interessadas). Trata-se de
qualquer pessoa, entidade ou sistema que afete ou seja afetado pelas atividades de uma
organização. Como regra geral, os stakeholders são acionistas, gestores da empresa,
funcionários, fornecedores, clientes, sindicatos, governos e comunidade.
MÓDULO 1
HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO DA
GOVERNANÇA CORPORATIVA,
FUNDAMENTOS E MODELOS
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Como ocorre em toda evolução, alguns eventos históricos são decisivos e geram impactos
sobre as sociedades nas quais eles estavam inseridos. A evolução da governança corporativa
nas empresas corrobora tal constatação.
Em várias oportunidades, esses eventos são alavancados por aspectos econômicos, sociais e
políticos. Houve uma grande expansão econômica, por exemplo, nos Estados Unidos ao longo
dos anos 1920. Contudo, tal período de prosperidade foi interrompido pela crise da Bolsa de
Valores em 1929.
Como bem sabemos, esse fato atingiu muitos países influentes à época. A origem dos debates
sobre a governança corporativa nos remete a tal período, pois houve conflitos inerentes à
propriedade dispersa e à divergência entre os interesses dos sócios, executivos e o melhor
interesse da empresa.
PROPRIEDADE DISPERSA
Isso tornou cada vez mais comum a existência de empresas com estrutura de capital disperso.
Nos anos 1970, dois eventos foram determinantes para a evolução histórica do que viria a ser
a governança corporativa:
Sabemos que os processos produtivos em geral ocorrem dentro de firmas, mas o que isso
significa? A teoria da firma tradicional as trata como caixas pretas: simplesmente supõe-se a
existência de uma relação mecânica, matemática, entre insumos e produtos. Mas é importante
entender o que ocorre dentro dessa caixa preta.
A teoria dos jogos foi desenvolvida a partir da década de 1950 para modelar interações
estratégicas entre diferentes agentes econômicos. Um dos principais desenvolvimentos dessa
teoria foi a criação, nos anos 1970, do modelo conhecido como principal-agente.
Focado inicialmente em relações estratégicas entre duas partes, tal modelo pode ser ilustrado
exatamente como relações dentro de uma firma, ou seja, dentro da caixa preta: um chefe e um
empregado, ou o corpo de acionistas e os executivos. Vamos nos concentrar neste último caso.
De maneira geral, o executivo terá grande vantagem informacional sobre o acionista, pois ele
observa de perto cada etapa da produção.
2
O desalinhamento de interesses
3
E a vantagem informacional do executivo sobre o acionista
É de se esperar que o executivo busque fazer uso dessa vantagem, assim como,
analogamente, se supõe que o acionista deva buscar formas de incentivá-lo a adotar as ações
corretas do ponto de vista dos acionistas (ou dos stakeholders de maneira geral).
Nasce disso a moderna teoria da firma, que busca estudar essas “formas de incentivo”, ou
seja, as relações contratuais (formais ou informais) entre os donos da empresa e os
responsáveis por administrá-la – em outras palavras, entre o principal e o agente.
Como sugestão de minimização desse problema, os autores de estudos na área sugerem que
as empresas e seus acionistas adotem uma série de medidas para alinhar os interesses dos
envolvidos, objetivando, acima de tudo, o sucesso da empresa.
Para tanto, foram propostas medidas que incluíssem práticas de monitoramento, controle e
ampla divulgação de informações. Esse conjunto de práticas é chamado de governança
corporativa.
Fonte: Wikipedia
Figura: Klaus Schwab no Fórum Econômico
Mundial em 2008.
Fonte: Wikipedia
Dessa forma, transportaram-se para o debate conceitos até então inexistentes ou ausentes da
vida das empresas. Entre eles, destacamos o da responsabilidade social e ambiental. O termo
sustentabilidade começava a trilhar seu caminho em simpósios e encontros de grandes
organizações.
Nos anos 1980, um escândalo envolvendo fraude fiscal e contábil em uma empresa listada na
Bolsa de Londres fez surgir o famoso relatório Cadbury. Com orientações e definições sobre
as responsabilidades de conselheiros e executivos das organizações, ele é considerado o
primeiro marco regulatório público de governança corporativa.
CADBURY
Em outras palavras, todo esse desenrolar representa o primeiro código de práticas para a
governança.
IBGC
VOCÊ SABIA
Seu objetivo era proteger investidores e demais stakeholders de erros e fraudes cometidos por
gestores, bem como coibir o conflito de interesses entre estes e acionistas.
Ainda podemos apontar um marco mais recente: em setembro de 2020, durante o Fórum
Econômico Mundial, foi publicado o relatório denominado Measuring stakeholder capitalism
towards common metrics and consistent reporting of sustainable value creation.
Desenvolvido por um órgão do fórum, tal documento contém métricas a serem utilizadas pelas
empresas. Seu objetivo é melhorar a forma pela qual as organizações medem e demonstram
suas contribuições para a sociedade e o planeta.
PLANETA
PESSOAS
PROSPERIDADE
SAIBA MAIS
O relatório Measuring stakeholder capitalism towards common metrics and consistent reporting
of sustainable value creation advoga que as empresas responsáveis pelos seus stakeholders
serão mais viáveis e valiosas no futuro. O entendimento do propósito das corporações está
mudando para se concentrar na criação de valor de longo prazo. Além disso, existe uma
compreensão sobre a interdependência de suas atividades com os impactos econômico,
ambiental e social que são gerados.
Apresentaremos a seguir um fluxo temporal dos principais eventos que marcaram o tema da
governança corporativa:
ANO /
EVENTO
PERÍODO
FUNDAMENTOS E CONCEITOS
O que é a governança corporativa?
Antes de definirmos seu conceito, é importante termos em mente que, na busca pela evolução
histórica do tema e pela forma como ele se desenvolveu, poderemos identificar uma
preocupação relevante.
De outro modo, podemos dizer que isso ocorre devido a atividades e mecanismos que
asseguram um comportamento dos administradores alinhado com o melhor interesse da
empresa.
Entretanto, faz-se necessária uma conceituação que descreva da melhor forma possível o que
se entende por governança. Para isso, adotaremos o conceito do IBGC:
Para desenvolvermos de forma mais clara o termo “boas práticas”, utilizaremos a seguinte
abstração feita pelo filósofo Immanuel Kant: “Todo conceito sem ação é vazio; toda ação sem
conceito é cega”.
IMMANUEL KANT
Fonte: Wikipedia
Figura: Immanuel Kant.
Fonte: Wikipedia
Observemos ainda uma colocação do IBGC acerca das boas práticas de governança:
OBJETIVOS E PRINCÍPIOS DA
GOVERNANÇA CORPORATIVA
Explanaremos neste vídeo os objetivos da governança corporativa.
MODELOS DE GOVERNANÇA
Existem variações quanto ao modelo das práticas de governança. Isso porque eles dependem
do ambiente social, econômico, corporativo e regulatório. Não há um único modelo capaz de se
adequar às peculiaridades dos diferentes países.
Este modelo é forte em mercados acionários com fonte de financiamento, como ocorre nos
Estados Unidos. Ele conta com uma pulverização de acionistas, uma estrutura de controle
dispersa, um financiamento por meio do mercado de ações e, por fim, investidores de grande
porte e acionistas ativos.
Ele é comum em países como o Brasil, onde existe mais propriedade concentrada, como, por
exemplo, as empresas familiares e as controladas pelo Estado.
No modelo insider system, os acionistas ficam no comando das operações do dia a dia,
havendo uma família ou o Estado no comando. Além disso, títulos e dívida financiam o
negócio, assim como os investidores de menor porte e sem força ativista. Especialistas
também consideram a existência de modelos híbridos.
Conforme apontam esse modelo de governança e a própria relevância das empresas familiares
no Brasil, várias pesquisas são desenvolvidas tanto no país quanto no resto do mundo com
foco na empresa familiar.
A referência a tal tipo de empresa neste módulo é necessária por conta da importância e da
presença deste modelo, bem como pelas características particulares envolvidas na composição
societária (que veremos a seguir)
As empresas familiares do mundo inteiro representam 70% do Produto Interno Bruto (PIB)
global. Elas possuem uma série de características que as diferencia das demais organizações.
PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)
Assim como outras companhias, elas estão frequentemente em busca de financiamento para
impulsionar seu crescimento
Fonte: fizkes/Shutterstock
A ausência de uma estrutura eficaz de governança corporativa pode gerar dificuldades para as
empresas familiares em busca de capital, crescimento e sobrevivência. Resultado disso: elas
podem não estar desenvolvendo seu total potencial de crescimento.
VOCÊ SABIA
Uma pesquisa KPMG feita globalmente constatou que 58% das empresas familiares estão
buscando recursos externos para financiar seus planos de investimento, mas encontrar o
parceiro estratégico certo ainda é desafiador.
Aliado a outros fatores, como a busca por sustentabilidade e perenidade, isso torna a questão
da governança corporativa imperativa em organizações familiares que almejam um
desenvolvimento efetivo. Por conta disso, essa governança passa a configurar um assunto a
ser debatido e desenvolvido em um nível estratégico pelas empresas e pelos respectivos
proprietários.
Se considerarmos que as famílias empresárias lidam com poder, status e dinheiro, veremos
que tais vínculos (familiares e empresariais) são impactados diretamente pelos
relacionamentos, pelos valores e pela confiança.
Por isso, quando a empresa e a família crescem, algumas ações se tornam necessárias:
Saber lidar com divergências, diferentes opiniões e estilos de vida dos membros da
família.
Fonte: fizkes/Shutterstock
Segundo o IBGC (2016), para obterem alinhamento, essas empresas contam com processos e
estruturas não só da governança corporativa, mas também daquela chamada de familiar
Isso inclusive confirma a teoria do professor John Ward. De acordo com esse especialista em
governança familiar, uma empresa do tipo precisa contar, para alcançar sucesso e longevidade,
com um negócio e uma família que sejam saudáveis. Cuidar de ambos, portanto, se revela algo
essencial.
Os dois processos mais importantes que uma empresa familiar pode criar são, na visão de
Ward (2011), um sistema de governança para orientar cada esfera de poder, família (conselho
de família), propriedade e negócio.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. UM DOS PRINCIPAIS DESENVOLVIMENTOS DA TEORIA DE
GOVERNANÇA CORPORATIVA FOI UM MODELO DOS ANOS 1970, QUE,
DE INÍCIO, SE VOLTAVA PARA AS RELAÇÕES ESTRATÉGICAS
BILATERAIS. ESTUDOS E PESQUISAS DE TEORIA DOS JOGOS
LEVARAM AO DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO SOBRE O
COMPORTAMENTO DE PROFISSIONAIS OU EXECUTIVOS. QUANDO
ERAM CONTRATADOS POR OUTRAS PESSOAS (SÓCIOS OU
PROPRIETÁRIOS) PARA ADMINISTRAR UMA EMPRESA, ELES TENDIAM
A AGIR DE FORMA A MAXIMIZAR OS PRÓPRIOS BENEFÍCIOS, E NÃO
SEGUNDO OS INTERESSES DE QUEM OS CONTRATOU. SOBRE ESSA
TEORIA, APONTE A ALTERNATIVA CORRETA.
B) Teoria utilizada como ferramenta para a descoberta dos grandes escândalos de corrupção
no Brasil recente.
C) Garante que as ações dos executivos estejam em linha com o interesse dos acionistas.
GABARITO
1. Um dos principais desenvolvimentos da teoria de governança corporativa foi um
modelo dos anos 1970, que, de início, se voltava para as relações estratégicas bilaterais.
Estudos e pesquisas de teoria dos jogos levaram ao desenvolvimento de um modelo
sobre o comportamento de profissionais ou executivos. Quando eram contratados por
outras pessoas (sócios ou proprietários) para administrar uma empresa, eles tendiam a
agir de forma a maximizar os próprios benefícios, e não segundo os interesses de quem
os contratou. Sobre essa teoria, aponte a alternativa correta.
MÓDULO 2
RESPOSTA
Tais circunstâncias trazem consigo a necessidade de uma visão ampliada do papel das
organizações e do impacto delas na sociedade e no meio ambiente – e vice-versa. Mas como
isso acontece?
Na prática, uma empresa, para operar, depende não apenas das licenças previstas em
dispositivos legais e regulatórios, mas também do aval de um conjunto de partes interessadas
que a afeta ou é afetado pelas suas atividades.
A aplicação das melhores práticas da governança corporativa do IBGC tem sido a principal
ferramenta no caminho trilhado pelas empresas durante tal processo. Afinal, isso lhes permite
um entendimento didático e contextualizado por meio da estrutura do sistema de
governança corporativa desenvolvida pelo IBGC (conforme indica a figura a seguir).
PRINCIPAIS AGENTES
Detalharemos agora as responsabilidades, as atribuições, o escopo de atuação e as melhores
práticas ligadas a cada agente da governança corporativa.
fizkes/shutterstock
Sócios
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Conselho de administração
fizkes/shutterstock
Diretoria
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Por meio do estatuto e do contrato social, são eles que estabelecem a forma de funcionamento
da organização, incluindo as alçadas e as atribuições dos demais agentes de governança.
Eis aqui um ponto crucial e inicial da governança: os sócios, graças a estatuto ou contrato que
complementa a legislação, contribuem para a transparência do sistema de governança da
empresa. Além disso, eles fomentam a confiança nas relações com todas as partes
interessadas relevantes.
Após uma rápida conceituação para a compreensão da importância dos sócios como agente da
governança, precisamos conhecer suas principais práticas. Para isso, as delinearemos tendo
como contexto a estrutura desse sistema.
Tenha sempre em mente que, nos casos em que houver o afastamento do poder político, será
fundamental que o estatuto ou o contrato social preveja regras e condições para a extinção de
tais assimetrias em um horizonte de tempo determinado – especialmente nas empresas de
capital aberto.
Outra dica importante: em companhias cujos acionistas avaliem ser conveniente a adoção de
estruturas em que não exista essa simetria entre direitos políticos e econômicos, é fundamental
haver uma garantia de tratamento equitativo a todos os sócios.
Por fim, podemos dizer que também é função deste princípio assegurar tanto a divulgação de
informações completas e claras quanto aos direitos políticos e econômicos associados a cada
espécie ou classe de ações ou quotas quanto a forma como o controle será exercido na
organização.
B) ESTATUTO/CONTRATO SOCIAL
Devemos salientar o que é importante contemplar no estatuto (sempre que isso for aplicável):
Mas lembre-se de que o interesse da organização não deve ser colocado em risco pelo acordo
entre os sócios. Além disso, esses acordos:
CONFLITO DE INTERESSES
De outra forma, também é possível entender que uma assembleia geral ou uma reunião de
sócios também seja uma oportunidade valiosa para eles contribuírem com a organização,
apresentando ideias e opiniões. Todas as referências à assembleia geral feitas ao longo deste
tema devem ser entendidas como uma reunião dos sócios e/ou de associados.
PRINCIPAIS RESPONSABILIDADES DA
ASSEMBLEIA
Aumentar ou reduzir o capital social e reformar o estatuto/contrato social.
E) TRANSFERÊNCIA DE CONTROLE
Esta prática diz respeito a transações que resultam na alienação ou na aquisição do controle
acionário e tendem a ser complexas.
No Brasil, a base legal dessas transações é dada pela Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de
1976 (Lei das SA), assim como por suas atualizações.
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
Você sabe o que significa um conselho de administração?
RESPOSTA
Este conselho exerce o papel de guardião de princípios, valores, objeto social e sistema de
governança da organização, sendo seu principal componente. Além da decisão acerca dos
rumos estratégicos do negócio, compete ao conselho de administração, de acordo com o
melhor interesse da organização, monitorar a diretoria, atuando como um elo entre ela e os
sócios.
Nas empresas de capital não negociado (ou seja, fechadas) em Bolsa de Valores que ainda
estejam em suas primeiras etapas de adoção das melhores práticas da governança
corporativa, recomenda-se a opção pelo conselho consultivo como alternativa transitória ao de
administração.
SAIBA MAIS
O conselho consultivo difere do de administração por não ter poder decisório nem integrar a
administração. Ele não é deliberativo: apenas aconselha e propõe recomendações que podem
(ou não) ser aceitas pelos administradores. Caso esteja previsto no estatuto ou contrato social
e/ou atue de forma deliberativa, ele o fará como um conselho de administração e assumirá os
correspondentes deveres e responsabilidades legais.
a) Composição
Mais recentemente, outras características, como aspectos culturais, faixa etária e gênero,
passaram a ser consideradas para a composição desse órgão.
NÚMERO DE CONSELHEIROS
Recomenda-se um número ímpar, entre cinco e onze;
Devem criar e preservar valor para a organização como um todo, sendo observados os
aspectos legais e éticos envolvidos;
A eventual orientação de voto no âmbito de um acordo entre os sócios não exime o conselheiro
de votar sempre no interesse da empresa;
c) Classes de conselheiros
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INTERNOS
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EXTERNOS
Aqueles sem vínculo atual comercial, empregatício ou de direção com a empresa, mas que não
são independentes, como ex-diretores e ex-empregados, advogados e consultores que
prestam serviços à empresa e gestores de fundos com participação relevante;
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INDEPENDENTES
São os externos, não possuindo relações familiares, de negócio ou de qualquer outro tipo com
os sócios cuja participação seja relevante nem com os grupos controladores. Também
compõem esse grupo executivos, prestadores de serviços ou entidades sem fins lucrativos que
influenciem ou possam influenciar, de forma significativa, julgamentos, opiniões e decisões ou
comprometer suas ações no melhor interesse da organização.
RECOMENDAÇÃO
1- O papel dos conselheiros independentes é especialmente importante em companhias com
capital disperso, sem controle definido, em que o papel predominante da diretoria deve ser
contrabalanceado.
d) Mandato do conselheiro
Um prazo de mandato propicia que, expirado esse tempo, haja uma reflexão em relação às
contribuições do conselheiro e aos perfis desejáveis para a composição do conselho.
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Os mandatos não podem ultrapassar dois anos. Quando permitida a reeleição, ela não deve
ser automática;
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e) Presidente do conselho
SUGESTÃO 01
Deve-se evitar a concentração de poder e o prejuízo de supervisão do conselho em relação à
diretoria (isso ocorre com o acúmulo das funções de presidente e diretor-presidente por uma
mesma pessoa).
SUGESTÃO 02
O diretor-presidente não deve ser membro do conselho de administração, devendo participar
das reuniões como convidado.
SUGESTÃO 03
Cabe ao presidente do conselho de administração organizar e coordenar a agenda e as
reuniões do conselho, além de estabelecer objetivos e programas, presidir as reuniões,
relacionar-se com o principal executivo, transmitir as deliberações do conselho e monitorar o
processo de avaliação dele.
A avaliação do conselho e dos conselheiros contribui para que o conselho seja efetivo. Ela
também faz parte da prestação de contas do órgão, permitindo o aperfeiçoamento da
governança da organização.
Essa avaliação pode ser realizada exclusivamente pelos conselheiros ou contar com a
participação de executivos ou de outras partes interessadas (podendo contar inclusive com a
facilitação de uma assessoria externa). Precisam estar inclusos nos critérios de avaliação do
conselho suas atribuições, sua estrutura e seus processos de funcionamento.
Cabe ao conselho divulgar as informações sobre o processo de avaliação e uma síntese dos
principais pontos identificados para a melhoria do órgão e as ações corretivas implementadas a
fim de que os sócios e as demais partes interessadas entendam adequadamente a atuação
dele.
O plano de sucessão de uma empresa tem por objetivo assegurar que, na eventual
substituição de executivos, a gestão disponha de profissionais cujas competências e
experiência profissional contribuam para a continuidade do bom desempenho da organização.
RECOMENDAÇÃO 01
O conselho de administração precisa reavaliar periodicamente o perfil dos principais cargos de
liderança.
RECOMENDAÇÃO 02
Ele deve manter atualizado um plano de sucessão do diretor-presidente.
RECOMENDAÇÃO 03
A liderança do planejamento de sucessão é de responsabilidade do presidente do conselho, o
qual, aliás, também deve se assegurar de que o diretor-presidente possua um plano de
sucessão atualizado para todas as pessoas-chave da empresa.
Fonte: davooda/Shutterstock
Fonte: davooda/Shutterstock
A remuneração por participação em reunião tem de ser evitada. Recomenda-se uma fixa
mensal com o mesmo valor para todos os conselheiros;
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A remuneração do conselho deve ser diferente (incentivos, métricas e prazos) daquela adotada
para a diretoria em função da natureza e dos papéis distintos desses órgãos na empresa.
j) Confidencialidade
Algumas deliberações do conselho – especialmente na abordagem de temas de interesse
estratégico ou que coloquem em risco um interesse legítimo da organização – requerem
confidencialidade.
Evitar que as decisões sobre assuntos que devem ser mantidos sob sigilo não sejam
registradas nas atas publicadas. Recomenda-se a elaboração de memória com a indicação das
razões para o sigilo e dos elementos disponíveis para subsidiar as decisões na ocasião em que
elas foram tomadas.
k) Regimento interno
l) Secretaria da governança
O conselho de administração pode contar com uma secretaria de governança que, reportando-
se diretamente a ele, o apoie no exercício de suas atividades.
Lavrar em livro próprio, registrando e publicando nos órgãos competentes as atas de reunião
do conselho e da assembleia geral na forma da legislação aplicável.
m) Comitês
AUDITORIA
FINANÇAS
PESSOAS
RISCOS
SUSTENTABILIDADE
De preferência, os comitês precisam ser formados apenas por conselheiros. Em situações que
demandem especialistas no tema a ser analisado, eles podem convidar pessoas de fora;
Eles são compostos por, no mínimo, três membros, os quais, aliás, têm de possuir
conhecimentos sobre o tópico em questão;
4
5
O mandato dos membros dos comitês tem de seguir o daqueles que compõem o conselho de
administração.
PONTO 1
PONTO 2
PONTO 3
PONTO 1
O conselho de administração deve se reunir periodicamente com o fiscal (quando ele for
existente) para tratar de assuntos de interesse comum e desenvolver uma agenda de trabalho.
PONTO 2
O conselho fiscal tem o direito e o dever de participar das reuniões do conselho de
administração em que sejam discutidos assuntos sobre os quais ele deva opinar.
PONTO 3
O conselho de administração deve fornecer aos membros do fiscal uma cópia integral das atas
de todas as suas reuniões.
DIRETORIA
Você certamente já ouviu falar deste órgão. Ele é responsável por colocar em prática o plano
estratégico por meio da gestão da empresa. Seu principal objetivo é fazer com que ela cumpra
seu objeto e sua função social.
Fonte: GaudiLab/Shutterstock
Este órgão é o agente da governança responsável pela elaboração e pela implementação de
todos os processos operacionais e financeiros, inclusive os relacionados à gestão de riscos e à
de comunicação com o mercado e as demais partes interessadas.
Cabe à diretoria assegurar que a organização esteja em total conformidade com os dispositivos
legais e as políticas internas a que está submetida.
A) PRÁTICAS
O diretor-presidente é líder e responsável pela diretoria. Cabe a ele atuar como um elo entre
ela e o conselho de administração. Para isso, ele deve ser orientado e supervisionado pelo
conselho de administração ou, na falta dele, diretamente pelos sócios.
As responsabilidades, autoridades e atribuições da diretoria, por sua vez, devem ser definidas
com clareza e objetividade no estatuto ou contrato social. Elas incluem as seguintes atividades:
Monitoramento;
Reporte;
A diretoria precisa garantir uma relação transparente e de longo prazo com as partes
interessadas, além de definir a estratégia de relacionamento com os diversos públicos da
organização;
É recomendado que o diretor responsável pelas relações com investidores participe das
reuniões do conselho de administração nos assuntos que geram impactos na avaliação
da organização pelo mercado.
D) AVALIAÇÃO DA DIRETORIA
Um processo sistemático e estruturado de avaliação da diretoria contribui para promover um
desempenho superior e consistente da organização. Esse processo deve ser sistemático,
estruturado e anualizado.
E) REMUNERAÇÃO DA DIRETORIA
Este tópico é interessante, já que ele se trata de uma ferramenta que proporciona o
alinhamento da diretoria com os interesses da empresa.
Ela deve estar vinculada a resultados, tendo metas de curto e longo prazo relacionadas à
geração de valor da empresa;
Esses órgãos possuem uma estreita relação com o processo de compliance. Considerando
essa associação, retomaremos a discussão sobre esses agentes da governança no módulo 3.
COMPLIANCE
A palavra compliance tem origem na língua inglesa. Ela deriva do verbo to comply, que
significa cumprir, satisfazer ou realizar.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
E) e) É todo e qualquer diretor e/ou conselheiro que não atue em órgãos de fiscalização e
controle da organização.
GABARITO
MÓDULO 3
COMPLIANCE/CONFORMIDADE
Com certeza você já deve ter percebido que as organizações têm enfrentado aceleradas
transformações nos ambientes em que estão inseridas. Tudo isso é resultado de uma evolução
tecnológica sem precedentes na história, além de inovações disruptivas e ameaças
cibernéticas.
Como se não bastasse tudo isso, escândalos de fraude e corrupção estão entre os grandes
desafios que vêm forçando-as a atuar de forma cada vez mais ativa nos processos de
avaliação e nas tomadas de decisão e deliberação ética.
Sob a ótica das melhores práticas da governança corporativa, detalharemos neste módulo os
aspectos mais relevantes de um sistema de compliance eficaz. Utilizaremos como base a
publicação do IBGC denominada Compliance à luz da governança corporativa. A adoção dessa
prática contribui para gerar e preservar valor de longo prazo.
O termo compliance é entendido, em sentido amplo, como a busca permanente da coerência
entre aquilo que se espera de uma organização — respeito a regras, propósito, valores e
princípios que constituem sua identidade — e o que ela realmente faz no dia a dia. O
compliance é igual à conformidade.
COMENTÁRIO
Devemos considerar que seu uso já estava largamente difundido no Brasil mesmo antes dos
recentes escândalos de corrupção. O termo conformidade, apesar de possuir a mesma
representação, entrega um sentido mais de atendimento a regras e procedimentos. De
qualquer forma, a escolha de um ou de outro atende aos nossos objetivos.
Apesar das deliberações éticas representarem escolhas individuais, ainda serão necessários
alguns instrumentos formais para balizá-las:
A) IDENTIDADE DA ORGANIZAÇÃO
Em nosso contexto, a abrangência do termo identidade da organização combina atributos que
compõem o seguinte sentido:
Missão;
B) CÓDIGO DE CONDUTA
Trata-se da expressão de princípios éticos e valores da organização que representa a
formalização das expectativas a respeito do comportamento e da conduta de sócios,
administradores, colaboradores, fornecedores e demais partes interessadas.
O código de conduta ainda precisa orientar e comunicar com clareza a atuação de todos,
principalmente em relação a processos críticos de negócios. Seu conteúdo deve ser focado em
aspectos essenciais, fomentando a transparência, disciplinando as relações internas e externas
da organização, administrando conflitos de interesses e protegendo o patrimônio físico e
intelectual, além de consolidar as boas práticas de governança.
Esse código não é uma lei a ser cumprida por dever, e sim por desejo e efetivo
comprometimento. A diretoria deverá propor a criação e a aprovação dele ao conselho de
administração. Esses dois agentes precisam promover, disseminar e monitorar sua adoção em
todos os níveis da organização.
C) PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E
GERENCIAMENTO DE RISCOS
No planejamento estratégico, bem como na tomada de decisão, é necessário considerar o
processo de gerenciamento de riscos. Ou seja, a administração deve trabalhar para entender:
Determinar seu apetite a riscos, ou seja, o nível de risco que está disposta a aceitar.
Assegurar que toda a organização esteja em conformidade com seus princípios e valores,
estando eles refletidos em políticas, procedimentos de controle e normas internas, além das
leis e dos dispositivos regulatórios a que esteja submetida.
ATENÇÃO
FUNÇÃO COMPLIANCE
A ligação entre a função compliance e o conselho de administração pode ser feita pelo comitê
de auditoria. Cabe à diretoria assegurar que a organização esteja em total conformidade com
seus dispositivos legais e demais políticas internas.
a) Sócios
b) Conselho de administração
c) Diretoria
ATENÇÃO
Na figura 2, identificamos a posição da função compliance na estrutura. Ela tem como principal
objetivo a coordenação da área de compliance. São considerados características essenciais
desse profissional a autonomia, a independência e o conhecimento técnico do tema do
negócio, das políticas internas, das leis e da regulação do setor.
Como pudemos ver (de forma sucinta) no módulo 2, os principais agentes da governança dos
órgãos de fiscalização e controle são:
COMITÊ DE AUDITORIA
AUDITORIA INTERNA
AUDITORIA INDEPENDENTE
CONSELHO FISCAL
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Auditoria interna: Própria ou terceirizada, ela se reporta ao conselho de administração (ou via
comitê de auditoria) para garantir que ele tenha autonomia e independência em relação à
gestão da empresa. As atividades dessa auditoria buscam aperfeiçoar os controles internos,
assim como as normas e os procedimentos estabelecidos;
fizkes/shutterstock
Conselho fiscal: Integrante do sistema de governança das empresas, ele é instalado por
decisão da assembleia geral com o objetivo de preservar o valor da organização. Trata-se de
um mecanismo de fiscalização independente dos administradores para se reportar aos sócios,
emitindo opiniões sobre demonstrações contábeis e financeiras e denunciando erros e fraudes.
SAIBA MAIS
Eles aplicam penalidades às organizações quando elas não cumprem a legislação vigente em
diversos segmentos do compliance. Tendo um caráter preventivo e corretivo, esses órgãos
estão baseados em legislações emitidas por diversos órgãos, como, por exemplo:
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade): Guia programas de compliance –
orientações sobre estruturação e benefícios de adoção dos programas de compliance
concorrencial;
e) Comitê de conduta
O comitê de conduta:
O responsável pela função compliance e os executivos em posições-chave da organização
devem ser membros deste comitê. Os externos, no entanto, também podem fazer parte da
composição;
O comitê precisa ter independência e autonomia.
f) Auditoria independente
Além das práticas contábeis, a auditoria independente trata dos principais fatores de risco
(sociais, ambientais e de compliance), além de fraudes e atos ilegais.
UMA VISÃO HOLÍSTICA — SISTEMA
COMPLIANCE
Apresentamos até aqui os conceitos e as aplicações da governança e os processos de
compliance nas organizações. Nesta seção, estabeleceremos uma ampla visão sobre esse
tópico.
Mais holística, essa visão identifica que o sistema de compliance permeia todos os níveis da
organização. Ela nos apresenta a integração entre a identidade da organização, os agentes
da governança e os demais elementos de compliance.
PREVENIR
DETECTAR
RESPONDER
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. PUBLICADO PELO IBGC, O CÓDIGO DAS MELHORES PRÁTICAS DE
GOVERNANÇA CORPORATIVA RELACIONA A IDENTIDADE DA
ORGANIZAÇÃO AO PROCESSO DE DELIBERAÇÃO ÉTICA. EM NOSSO
CONTEXTO, A “IDENTIDADE DA ORGANIZAÇÃO” É O ATRIBUTO DE UMA
ORGANIZAÇÃO. ASSINALE A OPÇÃO QUE CONTENHA EXEMPLOS DE
TAIS ATRIBUTOS..
C) Propósito (razão de ser) e valores e princípios (o que é importante e como são tomadas as
decisões).
GABARITO
1. Publicado pelo IBGC, o Código das melhores práticas de governança corporativa
relaciona a identidade da organização ao processo de deliberação ética. Em nosso
contexto, a “identidade da organização” é o atributo de uma organização. Assinale a
opção que contenha exemplos de tais atributos..
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Aprofundamos neste tema nossos estudos sobre a importância da governança corporativa e do
compliance. No módulo 1, definimos a evolução história dessa governança e seus conceitos
fundamentais. No módulo 2, identificamos seus agentes principais, assim como a atuação, a
responsabilidade e a importância dela na evolução das empresas. Já no módulo 3,
reconhecemos os conceitos e os objetivos do compliance no contexto da governança
corporativa.
Verificamos, portanto, que a maioria das organizações a adotar tais processos – também
podemos chamá-los de busca da cultura ética verdadeira – procura, na realidade, se tornar,
em um ambiente dinâmico e mutável que é a sociedade, uma constante, real e efetiva
jornada de evolução empresarial.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ALVES, F.; MENDONÇA, C. A conexão que faltava: a importância do planejamento
estratégico para o sucesso familiar. In: Pesquisa sobre Empresas Familiares 2016 da PwC.
2016.
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por ações.
SÓ FILOSOFIA. Immanuel Kant (1724 - 1804). Consultado em meio eletrônico em: 24 nov.
2020.
WARD, J.; SCHUMAN, A.; STUTZ, S. A empresa familiar como paradoxo. São Paulo:
Bookman, 2011.
EXPLORE+
Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (para conhecer mais assuntos
relacionados à governança corporativa);
CONTEUDISTA
Francisco Carlos Viegas Cásseres
CURRÍCULO LATTES