Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O texto de Martin reforça essa ideia apontando que tanto nos grupos da amostra
como nos do grupo de controle, a preocupação com a retórica da responsabilidade social
e da gestão ambiental é marcante. Para atrair investidores ou para se manter nos
negócios as empresas precisam demonstrar viabilidade econômica, mas também são
cada vez mais questionadas quanto à compatibilidade de suas ações em relação às
dimensões ambientais e sociais. A Responsabilidade Social Corporativa e a Gestão
Ambiental que, segundo Grün (2005), tornaram-se pilares da Governança Corporativa
brasileira, estão presentes nos comunicados institucionais da maioria das empresas do
espaço sucroalcooleiro, mesmo aquelas que não participam diretamente do mercado de
capitais. A “sustentabilidade” passa a ser uma forma de manter ou ampliar a
legitimidade no campo. Este aspecto estaria relacionado com o trabalho realizado pela
UNICA e demais organização de representação de interesses dos industriais, como
indicado a seguir.
A UNICA tem atuado no sentido de reverter a imagem negativa da indústria
sucroalcooleira acumulada nas décadas anteriores. Apostando nas “boas práticas”
agrícolas e de gestão ela tem ocupado uma posição de liderança, procurando mudar o
“espírito do capitalismo” das atividades sucroalcooleiras. Mas mesmo o esforço das
lideranças sucroalcooleiras em termos de demonstrar a sustentabilidade das atividades,
nenhuma dos grupos que operam na BM&FBOVESPA obteve o selo de
sustentabilidade do mercado de capitais – Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE).
E, apesar da atuação da UNICA em termos de consultoria sobre sustentabilidade para o
sucroalcooleiro, a Companhia Tecnológica de Saneamento Ambiental – CETESB –
divulgou uma relação das autuações ambientais aplicadas aos diversos setores
industriais em que o sucroalcooleiro lidera o ranking (Credendio & Balazina,
01/06/2008), explicitando a diferença entre a retórica e a prática da sustentabilidade.